terça-feira, 4 de março de 2025

Heroína ou Ironia ? Capítulo Vl.

Capítulo Vl. Na manhã seguinte a mãe do meu primo, levou café da manhã para ele na cama, o leite com achocolatado batido, que ele tanto adorava, uma xícara de café[e um misto quente e ovos mexidos, o cheiro do quarto se misturava com o cheiro de café e essências de candomblé. Toma meu Nenezão, a mamãe trouxe o seu café da manhã. O apelido do meu primo era Nenê, porque a minha tia o chamava assim,mesmo ele já adulto e a minha prima o chamava do mesmo jeito, na rua, na escola e assim levando esse apelido para a vida. A minha tia se senta na cama ao seu lado e pergunta. Como você está? mas antes que ele respondesse, se ouve um grito da cozinha. Cadê o meu dinheiro ? Eu não estou achando, eu não o acho, aposto que foi o Nenê que pegou. gritava a Avó por parte de pai. A mãe dele ainda no quarto olhou nos olhos dele, bem dentro dos olhos com uma fúria vontade de dar uns tapas nele, mas ele não teve coragem de encarar a mãe, assim ela entendeu tudo e a sua cara de decepção foi instantânea, da alegria de mimar o filho a decepção de ser enganada mais uma vez. A avó entrou no quarto questionando sobre o dinheiro, mas ele negava de pé junto que não tinha pego dinheiro nenhum, mas neste momento a mãe dele se tornou cúmplice, no mesmo momento que a tia por parte de pai chegava para visitá-lo cheia de idéias e boas intenções. O que está acontecendo? perguntou ela sem entender o que estava acontecendo, mas já suspeitando dos velhos e atuais hábitos de desaparecer as coisas. O dinheiro que eu havia guardado para a ceia de Natal, sumiu. Não Sogra a senhora deve de ter colocado em e outro lugar, o Nenê não foi, ele não saiu desse quarto, eu vou ajudá-la a encontrar, quanto que tinha, qual era o valor? Acho que eram Cr$100,00. Deixa ver se eu acho. no desespero a minha tia sai do quarto deixando a avó e a tia por parte de pai, no quarto, sai discretamente pela porto dos fundos, abrindo a porta de tela com proteção para mosquito com cuidado para não fazer barulho, mas a mola da porta dá uma rangida, ela encolhe os ombros e fecha os olhos ficando estática e espera alguns segundos, para ver se ninguém aparência, ela observa que ninguém percebeu e vai até a sua casa, dá um pulo superando os três degraus da escada para chegar mais rápido na porta da sua casa que ficava na edícula dos fundos, quase porta com porta, abre a porta da sua casa bruscamente, pega a bolsa virando ela de ponta cabeça jogando tudo que havia dentro dela em cima da mesa e pega o dinheiro que cai na mesa, volta correndo para acasa da frente, abrindo a porta de tela bruscamente que range e demora para fechar, ela se assusta porque esqueceu que não podia fazer barulho e finge que estava procurando pelo dinheiro, abrindo as portas do armário. Quanto que era mesmo? CR$100,00, grita a Sogra. A minha tia conta o dinheiro rapidamente, separa uma nota de cinquenta e cinco notas de dez e grita. Achei!! Está aqui. grita ela fechando a porta do armário e assusta com a cunhada que já estava ao seu lado. Onde você achou? pergunta a Sogra atrás da cunhada. Aqui no armário. responde a minha tia. Sim, mas que lugar ? pergunta a Sogra. Aqui embaixo dos pratos, responde a minha tia. Mas eu olhei tudo aí e não achei, mas eu acho que não achei porque estava procurando um volume maior, pensei que eram dez notas de dez e não uma de cinquenta e cinco de dez. A minha tia titubeia por alguns segundos, procurando por uma desculpa, olha para a mesa onde haviam rabanadas em uma forma e diz. Nossa eu adoro a Rabanada da senhora. ela enfia uma inteira na boca e fala de boca cheia, que sai um som abafado que quase não deu para entender.. A senhora deve ter se enganado, por isso não encontrava, nossa! A senhora precisa me dar a receita dessa Rabanada, hum que delícia! A cunhada, vendo o que estava acontecendo e observando tudo, entendeu o que tinha acontecido, no mesmo momento que a porta da cozinha de tela verde contra mosquitos, estalou, e assim terminando de se fechar, devido a pressão da mola da porta. Eu vim aqui hoje porque tive uma idéia, estava pensando que podíamos fazer a cabeça do Nenê Fazer a cabeça? perguntou a avó tentando entender. Hum, hum, hum, hum. A minha tia, ainda de boca cheia, estava tentando emitir um som querendo entender o que era. Sim, fazer a cabeça no candomblé é: prepará-lo para ser um cavalo e estar preparado para receber entidades. Mas dá para ensinar isso? Não tem que ter um dom? perguntou a minha tia terminando de engolir a rabanada em uma engolida seca, tentando limpar a garganta. Sim e não. respondeu a Cunhada. Sim é possível ensinar, mas pode dar algo errado se a pessoa não tiver realmente o dom . Mas isso não é perigoso? perguntou a minha tia. Perigoso porque, o que pode acontecer é ele receber um santo do mal, com más intenções, que queira se aproveitar da situação e do cavalo, para prazeres carnais, como sexuais, vícios em jogos, cigarro, bebidas e drogas, etc. assim que ela terminou de falar e mal acabou a frase, começou a gritar e rodar colocando a mão direita na testa e a esquerda na costa, de repente parou e disse: Eu mulher de sete maridos e comigo ninguém pode. A minha tia ficou encarando ela e a Sogra disse. Laroyê. saudou a Sogra e disse. É a Pombajira, vou buscar o champanhe e o charuto. A Pombajira ficou parada, se balançando para frente e para trás com as duas mãos nas costa, e de vez em quando batia no peito com a mão fechada, a sogra retornou com uma taça de Champanhe e o charuto e entregou para ela, colocou colares e uma saia rodada nela, passou batom e colocou um brinco enorme, a Pombajira deu uma tragada e o cheiro do charuto dominou o quarto, se misturando com o cheiro das essências de candomblé e do café, a Pombajira deu uma tragada no charuto e um gole no Champanhe deu gritou bateu no peito, deu mais uma tragada forte e falou. Donde está o rapaz que precisa da ajuda da Pombajira, mulher de sete maridos? falou ela com um sotaque Cigano afriacano. A mãe do meu primo apontou para a cama, enquanto a avó corria para sair do quarto e deixá-los à vontade, ela vai na direção da cama faz sinal para que o meu primo se levantasse, comprimenta ele batendo o ombro direito no esquerdo dele e depois o esquerdo no direito dele várias vezes soltando gritos que pareciam indígenas, quando iam caçar, dá uma baforada no charuto e solta a fumaça pelo corpo do meu primo, dos pés a cabeça, ela se curva bate no peito se levanta e diz: - Ocê que tá precisando largar este vício de fumar droga? diz ela olhando para ele e depois olhando para a mãe e avó. O meu primo só balançou a cabeça dizendo que sim. Então tá bom, Pombajira vai te ajudar, primeiro você coloca este colar com as minhas cores em torno do corpo para sempre ter a minha proteção. falou ela o ajudando a colocar o colar preto, dourado e vermelho pelo pescoço e por baixo do braço, cruzando o corpo e forma de proteção fechando o seu corpo. Pronto agora vamos começar a senhora pode se retirar e nos deixar sozinhos para trabalhar. a minha tia se retira do quarto e avó estava do lado de fora do quarto curiosa, e fez sinal como se perguntando o que estava acontecendo, a minha tia só balançou a cabeça como que não sabia o que dizer. A cunhada, ou melhor agora representada pela Pombajira ficou sozinha com o sobrinho, do lado de fora só se escutava a pomba gira falar e falar sem parar, as vezes subia um cheiro mais forte da fumaça do charuto e outras vezes se ouviam gritos de igual que os indígenas fazem quando estão se preparando para a guerra, a voz da Cunhada havia mudado, agora era a voz de um homem. É o Sete flechas. disse a sogra para a minha tia para ela com o ouvido colado na porta, ela abriu a porta e já sabia o que fazer, colocou vários colares coloridos no pescoço da filha agora incorporado pelo Sete Flechas, retirou a saia e os brincos se não a entidade ficava brava, colocou um cocar nele e acendeu várias velas coloridas, preparou uma poção com a bebida e o charuto, mais umas ervas e entregou para a entidade, que deu um gole e assoprou pelo quarto e pelo corpo do meu primo, da cabeça aos pés, de cima a baixo, no peito ,na barriga, nas pernas, deu uma tragada no charuto e várias baforadas na rosto do meu primo, que fechou os olhos e franziu a cara para se proteger da baforada do charuto, o Sete flechas preferia cachaça em vez de Champanhe, a Avó entregou para ele um copo de cachaça, ele ou ela deu um gole fez bochecho e cuspiu no meu primo fazendo um spray de cachaça no corpo dele e gritou em uma língua incompreensível. E novamente a voz mudou, agora era uma voz calma de um senhor que falava baixinho. É o Preto Veio. afirmou a Sogra olhando para a minha tia que assistia todo aquele ritual do lado de fora do quarto pela porta aberta agora. A Sogra tirou os colares coloridos e colocou um preto e branco, colocou um chapéu na cabeça da filha, deu uma bengala, acendeu um cachimbo e colocou uma cadeira perto do neto, para que o pretoVeio pudesse se sentar. Não se conseguia escutar o que ele dizia, ele falava muito baixinho, mas dava para perceber que eram conselhos, porque o meu primo só balançava a cabeça, de repente o preto veio parar de falar, se levantou e deu grito. Eu sou mulher de sete maridos e comigo ninguém pode, ela pegou a taça de champanhe e a Mãe lhe deu o charuto, deu uma golada e uma tragada se virou para o sobrinho e disse. Vós suncê vai preparar este cavalo, ele vai galopar e se armar desse vícios. falou ela girando e cantando uma canção que parecia Cigana ou Africana. dito isso ela parou na porta do quarto e ficou balançando para frente e para trás, com os olhos fechados, ficou parada em frente a minha tia, balançando para frente e para trás, de um lado para o outro e de repente abriu os olhos e perguntou. O que aconteceu? A minha tia ia começar a falar, mas a sogra lhe tomou a frente e explicou o que tinha acontecido, que haviam se manifestado as entidades Pombagira, Sete flechas e o Preto Veio e o que eles fizeram. A Cunhada olhando a mãe explicar o que tinha acontecido,aparentava estavar muito cançada e sonza pela bebida que as entidades consumiram Mas deu certo? perguntou a cunhada para a mãe. Não sabemos vamos ter que esperar. disse a Avó no momento que a porta da cozinha se abriu, era o pai do meu primo que entrou deu um beijo na mãe, na esposa e na irmã e falou. Eu consegui um lugar para internar o Nenê, um amigo do serviço que conseguiu na verdade, é uma casa de recuperação para dependentes químicos, que fica no Riacho Grande, no meio da mata e no meio do nada, bem longe da cidade. Todos ficaram em silêncio só ouvindo o que o pai dizia e explicando como funcionava.

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