Mão Vermelha
Livro 01. O orfanato.
Donizete esconde o
dinheiro dentro do vazo, atrás do sofá e fica ali quieto, assistindo o desenho
que passava na televisão.
Dê repente se ouve gritos.
— Cadê o
dinheiro que estava na minha bolsa? (Grita a mãe do Donizete a senhora
Zulmira).
— Aquele
pinguço vagabundo, pegou o dinheiro para gastar em cachaça!
Neste exato momento “O
pinguço Vagabundo” que a senhora Zulmira se referia, adentra pela porta (era o
Sr. Valter, pai de Donizete e consequentemente esposo da dona Zulmira).
— Quem é
que você que você está chamando de pinguço? Quem éeé esse pinguço que você está
se referindo? — Por acaso ele se chama
Valtiiii? — O único que conheço sou
euu shshshshsh.
— É você
mesmo, seu ladrão!
— Ladrão
eu? Porque? Eu não roubei nada de ninnnguém shhhshsh.
— Você
pegou todo o dinheiro da minha bolsa, eu não aguento mais essa vida de escrava
e mal remunerada, trabalho como uma condenada nesta casa, na bilheteria daquele
Cinema, enquanto você, fica o dia inteiro bebendo no boteco, jogando Sinuca ou
apostando quem acerta o número de palitinhos tem na mão do outro vagabundo. E
ainda por cima, rouba todo o dinheiro da minha bolsa.
— Mulher, eu estou falando a verdade: Eu não
peguei nada, não peguei merda de dinheiro nenhum da maldita da sua bolsa sua
desgraçada, maldita.
— Se não foi você? — Quem foi que pegou então? Me fala, me diz, seu
pingaiado mal acabado! — Foi
o Donizete? Este menino de seis anos. — Ou melhor; a Puta da sua irmã ou a caduca da
sua mãe?
— Minha
mãe não, não fala assim da minha mãe não, exijo respeito quando você citar o
nome dela, você não tem moral para falar uma virgulaaaa, sshshshs, que seja da
minha mãe, sua maldita arrombada, que me traí com o primeiro macho que tem a
coragem de encarar, seu tribufu, olha o que que você se tornou, é por isso que
bebo, para esquecer os chifres que você me colocou, sua maldita vagabunda.
— Maldita hora que viemos morar aqui nesta casa
caindo aos pedaços, onde a nossa vida só foi para traz, mas é lógico, se você
não tivesse, perdido tanto dinheiro no jogo e queimado o dinheiro que você
ganhou que de pirraça de tão bêbado que você estava, porque nem lembrava que
havia ateado fogo no dinheiro e ainda por cima ficava me acusando, que tinha
sido eu que peguei o seu dinheiro e havia escondido. — Quem
me dera se isso tivesse acontecido, hoje eu não estaria morando aqui nesse
antro de serpentes e escorpião.
— O que
você fez eu te provei, te mostrei o resto do dinheiro queimado que tentei
apagar, mas infelizmente foi em vão, apesar que o inferno seria o mesmo, aqui
ou na nossa casa, você ainda estaria fazendo as mesmas presepadas, como você
ainda continua fazendo, perdendo o restante do nosso dinheiro que era para
pagar o nosso aluguel, você quis provar que você era o sabe tudo e iria
recuperar aquele dinheiro, mas o que você fez, foi perder o resto de tudo, os
aparelhos eletrônicos, moveis e até o amor que sentia por você, quando você me
apostou, você apostou a sua mulher no jogo e perdeu, você fala que bebe para
esquecer as minhas traições, mas quem me traiu primeiro foi você, me colocando
como um troféu em um jogo e ainda por cima, perdeuuuu!!
— Você
pensa que é fácil relembrar aquele dia: Aqueles homens entrando na nossa casa
onde já não havia mais nada para ser levado a não ser a nossa cama e o berço do
nosso filho e aqueles homens vindo na minha direção maliciosos, eu tentava me
defender, gritava o seu nome por ajuda. Até que um deles falou assim: — “O seu
marido perdeu você como aposta no jogo e agora nós viemos buscar o nosso
prêmio, caso contrário nós vamos matar ele”.
— Eu
falei inalando a fumaça do cigarro que aquele homem baforava no meu rosto,
aquele homem sujo e fedido de cachaça, cheirando muito cigarro de última
categoria, com as pontas dos seus dedos amarelos, de tanto que devia fumar,
devia fumar até o filtro do cigarro,
machucando e segurando as minhas bochechas
— Que
através dos seus dedos mal cheirosos eu ainda consegui gritar: “Mata” mata ele
mas me deixe em paz eu não tenho nada a ver com isso, mata esse maldito,
resolve os problemas de vocês entre vocês e deixe eu e meu filho fora disso.
— Foi
nesse momento que aquele maldito sussurrou por entre aqueles dentes podres. — Você não está entendendo.
— E o
homem apontou para você junto de outro homem em pé na porta da cozinha, onde
esse homem estava com uma arma apontada para a sua barriga e ele sussurrou mais
uma vez, com aquele bafo de dente podre bem perto do meu nariz, que me deu
ânsia de vomito, mas a minha ânsia foi contida pelo o que ele apontou e falou.
— Se
você não se importa que matemos o seu marido, tudo bem, ele não serve para nada
mesmo, agora o meu amigo aqui gosta muito de criança, mostra o brinquedo que
você trouxe para o filho dela.
— Foi
quando a minha ânsia voltou, eu olhei para aquele homem forte musculoso e
grande, que vestia uma camisete regata e uma calça jeans desbotada de onde ele
sacou uma arma da costa e retirou cinco balas do tambor, deixando apenas uma
bala no revolver, ele rodou o tambor e fechou e disse assim para o nosso
filho... (Zulmira grita com Valter Chorando)
— Seu
desgraçado, como eu te odeio por aquela noite.
Ela soluçava muito e
continua relembrando os motivos pelos quais a vida deles estava daquele jeito. — Pegue
criança olha o presentinho que o titio trouxe para você. O homem falou isso
engatilhando o revolver apontado para a criança, mostrando onde a criança tinha
que apertar.
— Pega
bebe, aperta aqui com esse dedinho pequenininho o gatilho Zinho, toma brinca
com o presentinho que o titio trousse para você.
— E eu vendo aquela cena as minhas pernas amoleceram
eu senti o meu mundo rodar e concordaria com qualquer coisa para aquele homem,
sair dali de perto do meu filho e tirando uma força lá do fundo da minha alma
eu gritei.
— “Tá eu
faço o que vocês quiserem”, mas deixa o meu filho em paz.
— E um homem
Afro dessedente que estava a minha direita sorriu e disse:
— Qualquer coisa é?
— Disse
ele gargalhando mais uma vez.
— Foi
então que eu baixei a minha guarda e o homem do dente podre me beijou, o afro
descendente beijou o meu pescoço e o homem forte cheirou o outro lado do meu
pescoço por trás, eles rasgaram a minha blusa deixando o meu sutiã a mostra, o
homem forte soltou o meu sutiã, liberando assim os meus seios para aqueles
homens, que ao perceberem os meus seios nus, eles sussurraram (HUUMM) enquanto
o homem de dente podre desabotoava a minha calça, o homem forte a abaixou até o
chão a minha roupa, estourou o elástico da minha calcinha e começou a me chupar
me lubrificando e me preparando para o que ele tinha em mente, eu inocente até
então só conhecia a posição papai e mamãe, porque só havia tido um homem na vida, você seu
desgraçado!! Zulmira grita um pouco mais alto que o som da televisão, chamando
a atenção de Donizete que assistia o seu desenho sem se incomodar com o que
estava acontecendo.
Valter que escutava
tudo aquilo de golpes baixos e meio sonolento por causa do efeito da bebida não
se manifestava só observava. Você é mesmo um corno eu estou aqui falando tudo
isso e você está ai como um morto vivo, mas eu me vinguei de você naquele mesmo
dia, quando aquele homem forte me levantou por trás segurando as minha coxas,
ele me levantou e quando ele me abaixou me penetrou sem dó, ele bombeou um
pouco depois me levantou de novo para o dente podre me penetrar e o dente podre me penetrou em pé, enquanto o
fortão segurava as minhas coxas, as lagrimas escorriam pelo meu rostos , eu
olhava para o meu filho no berço e chorava, mas foi ai que eu senti um ódio e é
nessas horas, que você entende que o amor vira ódio, eu olhei para você
sentindo as lagrimas escorrerem pelo meu rosto até pingarem nos meus seios e eu
transformei as minhas lagrimas em sorriso, eu olhei para você com tanta raiva,
que o homem forte estava abrindo a minha bunda e me penetrando por trás, ele
deu uma estocada tão forte que eu senti me rasgando por dentro e o meu sangue
escorrer pelas minhas coxas, é por isso que que eu digo que transformei a minha
dor em sorriso, a dor foi tanta que tive vontade de gritar bem alto, mas como
eu estava olhando nos seus olhos eu aguentei aquela dor e sorri , sorri eu
gargalhei e cavalguei pedindo mais, puxei o afro descendente e o beijei
enquanto os outros dois me fodia.
— Sabe
porque eu fiz isso?
— Por
que eu percebi que você estava excitado, como você está agora seu maldito, seu
corno, você me culpa, mas você gosta de imaginar eu dando para outros homens, a
partir daquele dia eu virei uma puta mesmo, porque o homem que eu amava e
suportava qualquer coisa por ele, me vendeu, aliás, vendeu não, me perdeu
mesmo, a partir daí nós viemos morar aqui e o inferno só aumentou, você fica
todo dia bêbado.
— Eu só
concordei em vir morar aqui porque além de não termos dinheiro, o nosso filho
quase morreu duas vezes naquela casa, era muita perigosa para ele, por pouco
ele não morreu quando, tivemos que ir falar com o dono da casa no deposito de
materiais que ficava no mesmo quintal, só separado por um muro de acesso a
nossa casa e deixamos o Donizete no lado do nosso quintal brincando com o seu
triciclo e o caminhão do deposito bateu no muro e esmagou o seu triciclo, foi
pura sorte ele ter saído do triciclo para fazer sabe— se lá o que, foi Deus e o seus anjos que o
protegeram de ser esmagado pelo muro.
— Você lembra como ficou o triciclo? Ou então no
dia seguinte que ele sentiu falta do seu triciclo e resolveu brincar com aquele
carrinho de pedal que estava velho e enferrujado porque ficava na chuva em cima
da laje, eu subi para entender a roupa no varal, levando ele comigo para que
nada perigoso acontecesse com ele, porque você não nunca me ajudou a olhar o
menino a não ser aquela vez que eu deixei ele com você e você o deixou dentro
do carro do seu irmão, com mais duas crianças praticamente da mesma idade. E o
que aconteceu?
— Eles
soltaram o freio de mão do carro, que desceu aquela ladeira com tudo, a sorte
foi que não bateu em nada e o seu irmão conseguiu entrar no carro pela janela e
puxar o freio de mão rapidamente, mas quase que ele morreu esmagado, e eu não
posso deixar ele com você porque você está sempre bêbado, e o que aconteceu
aquele dia na laje?
— Você lembra?
— Ele
pulou da laje, pulou não, ele saltou, voou longe com o embalo que ele deu no
carrinho de pedal, eu quase tive um treco, quando eu avistei aquele carrinho do
exército voando para fora da laje, as minhas pernas ficaram bambas, e por Deus,
é só ele mesmo para não deixar nada de mal acontecer a essa criança, porque o
seu carrinho aterrissou no monte de areia do deposito, foi o que amorteceu a
queda. E você acha que eu tinha paz naquela casa, onde era uma roleta russa
para o nosso filho, aliás roleta russa na vida dessa criança parece doce né?
— Mas
uma coisa eu sei, eu nunca vou te perdoar, por ter deixado acontecer o que
aconteceu com o nosso filho, espero que isso nunca afete a sua vida, que mundo
é esse que vivemos?
— Onde
as pessoas só pensam nisso e não perdoam nem uma criança inocente, que nojo,
isso me dá náuseas, eu espero que ele um dia possa nos perdoar por tamanha
negligência, eu e você vamos ter que sobreviver com isso, pelo resto das nossas
vidas, coitado tão inocente e já é vítima da podridão desse mundo cruel.
— Deixamos
o menino brincar com o irmão mais novo do Rodolfo e o Rodolfo que já é quase um
adolescente se aproveitou do nosso filho dizendo para ele sentar no colo dele e
do amigo dele que estava com ele e ficava fazendo nosso filho pegar no pinto
deles e depois sentar no colo deles sem roupa, eu tive que levar o nosso filho
no médico depois disso, sem ter dinheiro para pagar, mas consegui fazer um
favor para o médico você sabe muito bem o que uma mãe é capaz de fazer para
cuidar do seu filho e depois que o médico examinou o nosso filho e disse que
ele não teve nenhuma lesão anal, eu fiquei mais tranquila, mas ai eu tive pagar
a consulta com favores sexuais e enquanto eu pagava a consulta para o médico,
atrás da cortina o nosso anjinho se pendurou na janela e gritava: "Olha
mamãe como é alto daqui de cima", e quando eu puxei a cortina sobre
estocada do médico, eu vi o nosso filho debruçado na janela do décimo segundo
andar, eu dei um grito que o médico até se assustou eu me desvencilhei dele e
corre para agarrar o nosso filho que estava preste a cair daquela altura,
agarrei o nosso filho e o médico ficou com dó de mim e não quis mais nada
comigo porque havia acabado o clima e ainda me deu alguns supositórios para
aplicar no nosso filho, agora imagina se o nosso filho cai daquela janela, eu
nunca iria me perdoar, me perdoar não, eu nunca iria perdoar você, porque você
não presta nem para me acompanhar com o seu próprio filho ao médico, se você
estivesse comigo, talvez o médico até me comia para pagar a consulta e você não
iria falar nada, mas pelo menos o nosso filho não tinha o risco de cair do
décimo segundo andar, pelos assim eu acho que você não iria deixar o menino
cair, vai lá saber, vai saber se você não iria ir querer espiar o médico me
fodendo enquanto você se masturbava e
podia deixar o nosso filho cair assim mesmo, eu tive que ir no médico e passar
pelo que passei, por que eu deixei você cuidando do menino por um minuto e já
deixou o menino ir na casa de estranhos onde abusaram de um menino de cinco
anos de idade, que mundo é esse que vivemos, essas pessoas são doentes, só
pensão em sexo o tempo todo, menos o meu marido que prefere ver outras pessoas
me foder, porque bebe tanta cachaça que a sua coisa não funciona mais. — Agora me devolve o dinheiro que você pegou da
minha bolsa, me devolve que eu preciso pagar a condução com este dinheiro, eu
preciso chegar no meu serviço para poder dar para alguém e ganhar um dinheiro.
— Eu já
te disse eu não peguei nada.
— Não? Como que você me explica essa bebedeira,
você vai me dizer que pagaram toda essa pinga que você bebeu, ou você está
dando o cú para o dono do bar, há, há, há há, está dando o cú para o dono do
bar.
— Eu não
peguei merda nenhuma. Agora você vai ser mentiroso também, já um pinguço, virou
veado e mentiroso também, você vai continuar afirmando que não foi você, então
se não foi você, foi a caduca da sua mãe ou a biscate da sua irmã.
Neste exato momento a
Cátia irmã do Valter, que saia do banho escuta o nome dela na confusão e desce
as escadas para tirar satisfação e logo atrás dela desce a Dona Rosa, Cátia
quer tirar satisfação e gruda no cabelo da Zulmira, partindo literalmente para
a briga, as duas se pegam e o Valter e a Senhora Rosa, tentam separar as duas,
mas a briga fica séria e de repente elas se enroscam e caem sobre o Donizete
que estava assustado e se escondendo no cantinho atrás do sofá ao lado do vaso,
com a queda da mãe e da tia, o vaso tomba e quebra em pedaços e entre os cacos
lá estava o dinheiro que foi o motivo da briga.
— O
dinheiro! (Grita Zulmira) — Donizete foi
você quem pegou esse dinheiro e colocou dentro do vaso?
— Não,
não, fui eu.
— Você
está aprendendo a roubar e mentir? Só pode estar puxando esse lado podre da família
do seu pai. Ela diz isso, pegando uma cinta que estava em cima do sofá e defere
diversas cintadas na criança a avó tenta defender a criança, para que a mãe não
machuque a criança, mas a Mae empurra a avó e continua dando lapadas na
criança, Valter pula para amortecer a queda da mãe, que já era uma senhora.
Cátia vendo a mãe sendo empurrada, parte para agressão mais uma vez e defere
diversas pauladas com o cabo da vassoura na Zulmira, com isso Donizete se
esquiva e escapa, ele corre para a porta da rua, mas ante de sair ele vira para
a usa mãe e grita — Agora eu sei porque
os meninos me chamam de “filho da puta”.
Ele corre para a rua
sem nem sequer olhar para trás, ele estava com as suas sandálias novinhas do
Pégaso e ele imaginava que poderia correr tão rápido quanto o cavalo, ele desse
a rua correndo em disparada sem olhar para os lados até o final da rua, onde
haviam alguns meninos maiores que estavam fazendo uma fogueira e esses meninos
gostavam de judiar ou aborrecer dele, os meninos ofendem ele
— Olha
lá o filho da putinha.
Donizete ignora mas
fica sem saber o que fazer e titubeia um pouco e pensa em voz alta
— E
agora a capa do Guardião Trovão ficou lá em casa como vou me defender desses
meninos. Mais uma vez os meninos ofendem ele
— A lá o
Filho da Puta e retardado também, fica falando sozinho, é louquinho. E todos
riem dele em um grande coral, Donizete fixa o seu olhar em um menino que
segurava um cachorro pela coleira, ele se abaixa apanha uma pedra e atira no
menino, acertando— o bem no meio da
testa. Com a pedrada o menino solta a coleira e o cachorro parte para cima de
Donizete que tenta correr o mais rápido que pode pensando.
— Eu estou usando a minha As minhas Sandálias do
Pégaso, este cachorro nunca vai me alcançar. Pequeno inocente, o cachorro não
só o alcançou como também o mordeu na costa, com a mordida, Donizete dá um
grito de dor e cai no chão, o cachorro também se desequilibra o que fez com o
que os meninos que vinham logo atrás do cachorro, segure o cachorro para que
não o morde mais, mas como aquele velho ditado diz: “ saiu da panela para cair
no fogo” os meninos agarram Donizete pelos braços sem se importarem se a
mordida estava doendo e o levam até onde o menino dono cachorro estava.
— Olha o que você me fez “Filho da Puta”. E
agora o que eu faço com você? Os meninos colocam Donizete sentado no chão, ele
passa a mão na costa para tentar amenizar a dor da mordida do cachorro e
percebe que o seu sangue está escorrendo pela sua perna até o seu pé, sujando
as suas sandálias de sangue, ele tenta limpar o sangue da sandália e isso chama
atenção do dono do cachorro que exclama:
— Sandálias novas?
— Já sei o que vou fazer com você. Tirem as
sandálias dele, dois menino seguram os seus braços, mais dois seguram as suas
pernas e mais dois retiram as sandálias, Donizete tenta impedir de que os
meninos retirem as suas Sandálias e se debate, mas em vão o menino dono do
cachorro pega as Sandálias e as jogam na fogueira, Donizete tenta escapar para
impedir, e acerta um dos meninos com um chute
o que torna as coisa mais complicadas para ele, os meninos ficam mais
bravos e rasgam a roupa dele, deixando o short dele igual a uma saia e viram
ele de bruços abrem a bundinha dele e cospem dentro da bunda dele e dão
risadas, depois disso eles o soltam e deixam ele ir embora, Donizete corre em
direção a sua casa, mas ele lembra que não pode entrar em casa a sua mãe está
muito brava com ele, então ele vai até a casa de uns amiguinhos que ele
costumava brincar, ele chega no portão da casa desses amiguinhos e fica olhando
eles brincarem de carrinho do lado de fora e pergunta.— Posso
brincar com vocês ?
E um dos meninos dono
da casa onde eles brincavam responde.
— Não, você não tem carrinho e está usando saia,
meninos não usam saia.
E todas crianças riem
dele.
Você não tem carrinho
para brincar e também, você não nos ajudou a cavar estes túneis, que ficamos a
manhã inteira cavando, para que pudéssemos brincar agora.
E os outros meninos
também falam.
— É isso mesmo, você não nos ajudou.
Donizete abaixa a
cabeça e se senta do lado de fora e fica observando os meninos brincarem.
Os meninos brincam com
os seus caminhozinhos basculantes, tratores e outros carrinhos, pelos buracos
cavados por eles na terra.
Donizete fica ali por
horas só observando as crianças brincarem, ele passa a mão na mordida do
cachorro e faz uma cara de dor, o que fez com que o dono da casa o chamasse
para se lavar na mangueira.
— O que
foi isso? pergunta o dono da casa.
— Foi
mordida de cachorro. Responde Donizete.
— isso
deve de estar doendo eu morro de medo de cachorro. Responde o menino que tinha
o apelido de cabeção. Donizete faz que sim com a cabeça.
O dono da casa liga a
mangueira e molha bem onde a estava a mordida do cachorro, o que faz com que
Donizete, faça uma careta de dor.
— Pronto
tá melhor, mas tá feio essa mordida, vai ficar uma cicatriz feia, agora você
pode ficar aqui, mas não mexa nos nossos brinquedos.
As outras crianças
repetem o mesmo.
— No meu
também.
— Nem no
meu.
— E
muito menos no meu.
— Muito menos
no meu.
Donizete se senta no
degrau da escada e fica só olhando as crianças brincarem, mas isso só dura
alguns minutos, até que de repente um dos carrinhos de uma das crianças, foi
para bem próximo de Donizete, após uma das crianças impulsiona— lo com força.
Donizete fica todo
contente e sorridente e pega o carrinho na mão para devolver ao dono.
Subitamente o dono do carrinho, chega perto de Donizete e toma o carrinho da
sua mão com toda brutalidade e dizendo: —
Eu não falei para você não nos
nossos brinquedos. Donizete fecha o sorriso e abaixa a cabeça e se vira para
onde estava a torneira com a mangueira, ele liga a mangueira como não quer nada
e liga a torneira no máximo e vira o jato de água para onde os meninos
brincavam e molha todos eles, os meninos xingam ele e vão se afastando para o
fundo quintal, para fugir do jato de água, com os meninos longe dos túneis,
Donizete corre para cima dos túneis e pula e chuta destruindo tudo, todo o
trabalho deles da manhã toda e sai correndo, os meninos correm atrás dele.
Donizete corre pela rua
com os seus pés descalços evira na esquina a direita sentido a sua casa e se
depara com um caminhão estacionada na porta da sua casa, ele olha para o
caminhão e rapidamente se esconde embaixo do eixo, atrás da roda.
Os meninos que corriam
atrás dele passam desapercebidos e não o enxergam embaixo do caminhão, os
meninos correm adiante e percebem que o perdeu de vista e desistem de pega— lo e vão embora.
Donizete sai debaixo do
caminhão e se depara com dois homens carregando a geladeira da sua mãe, para
cima do caminhão e quando ele olha para cima da carroceria do caminhão, ele
avista seu pai ajudando os dois homens a carregar a geladeira para cima da
carroceria e lá já estavam quase todos os pertences da sua mãe: a penteadeira,
o armário azul de ferro, uma parte o guarda-roupa e uma porção de caixas
abarrotadas de utensílios.
Ele entra na casa e vê
sua mãe arrumando algumas malas com as suas roupas e atrás dela havia mais
algumas caixas com louças, como ele ainda estava com medo que sua mãe fosse lhe
bater ele passa rapidamente para a cozinha e encontra sua avó chorando, que se
vira ao velo e o abraça e lhe dá um monte de beijos, como se nunca mais fosse
velo novamente. Ele não entende nada e fica ali até que os homens terminassem
de carregar o caminhão.
De repente sua mãe lhe
chama.
— Vamos
Donizete, não temos mais o que fazer aqui, vamos sair desse inferno, vamos para
a casa da sua tia Olga, que qualquer lugar no mundo é melhor que aqui.
Sua avó o abraça mais
uma vez, desta vez bem mais forte sua mãe o arranca dos braços dela e levando
ele direto para a boleia do caminhão, seu pai desse do caminhão e dá a mão para
ele pela janela, sua mãe acelera o motorista.
— Vamos moço, vamos logo quero sair daqui o mais
rápido possível.
O motorista liga o
motor e acelera o caminhão. Donizete questiona a mãe dele sobre o seu cachorro
de estimação.
— E o
Maguila mãe ele não vai com a gente? Sua mãe responde ríspida
— Não, ele não vai,
deixa esse vira— lata ai, ele está no
lugar certo junto com os outros da raça dele.
O caminhão parti e ele
olha através da janela e vê o seu pai parado ali, sem camisa no portão da casa
e ao seu lado Maguila sentando, conforme o caminhão se movia mais aquela imagem
se distanciava, até sumir de vista.
Ele olha para sua mãe,
que quando um pouco mais aliviada, olha para ele e repara as condições como ele
se encontrava.
— O que é isso menino?
Oque aconteceu com as suas roupas?
— E as
suas sandálias? E que sangue é esse?
Donizete tenta
explicar, mas a sua mãe estava tão nervosa, que não consegue entende— lo.
— Tá bom quando a gente chegar na sua tia , você
me explica essa história melhor e o pior é que agora nem dá para pegar uma muda
roupa para você, você vai ter que esperar, a casa da sua tia não fica muito
longe, mas o pior vai ser ouvir ela falar, que ela estava certa a respeito do
seu pai e coisa e tal e ainda por cima chegar com você lá desse jeito, ela vai
falar que eu não sei cuidar de você direito, e que a melhor coisa e colocar
você em um internato de Padre e vai falar por dias isso.
Enquanto o caminhão
percorria algumas ruas, sua mãe já estava arrependida do que estava fazendo,
sabendo que a sua irmã iria julgá— la e
falar até dizer chega.
Chegando na casa da sua
tia Olga, o caminhão teve dificuldades para manobrar e entrar na viela que ela
morava, depois de algumas manobras, finalmente o motorista conseguiu colocar o
caminhão de ré na viela, para facilitar a decida da mudança da carroceria. Ao
escutar o barulho do ar do freio do caminhão acionar, eles dessem da boleia e
passam espremidos pela lateral que ficou entre a parede e a carroceria do
caminhão, e vão andando de lado igual caranguejo até a traseira do caminhão,
que estava bem no portão de entrada da casa da sua tia Olga, que já o esperavam
no portão.
A sua tia Olga Usava um
lenço na cabeça, para cobrir os bobs que ela estava usando, ela era bem
magrinha e estava segurando um cachorro Pequinês velhinho no colo e a primeira
coisa que ela disse foi:
— O que
aconteceu com esse menino, olha o estado dele, esse short virou uma saia, e
tudo rasgado, descalço e deixa eu ver, o que é isso?
Uma mordida de
cachorro!!
— Zurmildirss (Zurmildirss essa palavra
inscritível era a maneira como ela chamava a mãe de Donizete, Como eles eram do
interior de São Paulo, ela tinha um sotaque muito carregado e alguns “Ls” se
tornavam “Rs” bem carregado).
Você não está cuidando
desse menino direito, eu já te falei para colocar ele em um convento.
— Mas Convento não é só para meninas? Pergunta
Zulmira.
— Sei lá. (Responde Olga).
O importante é ser
educado por Padres, só assim vai ser gente nessa vida.
Eles carregam a mudança
e já vão ajeitando tudo o que dá, pôr que a casa da Tia Olga era simples, mas
era muito organizada e limpa, ela era muito chata com isso, ela colocava capa
em tudo, no sofá, no botijão de gás, no liquidificador, na máquina de lavar, no
relógio de mesa, em cima da televisão, até o cachorro usava, uma capinha de
croché.
Depois de tudo guardado
Olga vira para Zulmira e diz:
— Precisamos ter uma conversinha. Donizete
ouvindo aquilo, olha para as duas que juntamente viram para ele e dizem e com
você também rapazinho, as se aproximam mais de Donizete e falam:
Precisamos que você
coopere conosco, porque agora não temos mais para onde ir, você precisa se
comportar e cooperar com a sua tia, quando a mamãe for trabalhar.
— Trabalhar uf! (Ironiza Olga).
— Trabalhar sim Olga, então como a mamãe estava
dizendo, quando a mamãe for “trabalhar” você precisa se comportar, hoje a mamãe
já perdeu o dia de serviço, mas amanhã você vai ficar com ela.
— Já te
falei Zurmildirss, você tem que fazer igual o que eu fiz, com as minhas duas
filhas, tem que internar este menino em um Convento
— Colégio interno. (Corrige Zulmira).
— Que seja, um colégio de Freira, só assim ele
vai se uma criança educada e comportada, por mim eu já tinha matriculado ele lá
e falo mais, na primeira que ele aprontar aqui, se você não interna— o eu mesmo interno, logo para a minha amiga
que trabalha em um Desse Colégios Internos e peço para ela arrumar uma vaga
para ele.
Zulmira olha para sua
irmã, que não parava de falar coisas não muito agradáveis para ela naquele
momento e olha para Donizete que não dizia uma palavra se quer e que só ficava
observando tudo aquilo com aqueles olhinhos castanhos brilhantes e diz.
— Tá
escutando a sua tia falar, eu não quero ficar longe de você, mas se você não se
comportar eu vou ter que concordar com ela e te colocar nesses conventos.
— Mae convento não é para meninas? (Pergunta
Donizete)
— Há, Há, Há, eu já estou igual a sua tia,
convento não, Internato.
Donizete morria de medo
da casa da sua tia Olga, porque ela morava nos fundos de um Cemitério, a parede
do Cemitério era o muro que separava a casa do Cemitério e o Donizete tinha
calafrios só de pensar nesse assunto, ele evitava de olhar para o lado do Muro
onde ficava o Cemitério quando escurecia.
— Vamos
mamãe, vamos entrar, está escurecendo.
— Do que
esse menino tem medo? Pergunta Olga.
— Do
Cemitério Olga. Olga pisca de volta para a sua mãe diz
— Vamos jantar a janta está quase pronta.
Donizete pisa na
varanda e escorrega; o chão da casa da tia Olga era todo de vermelhão e ela o
mantinha impecável, encerava quase que todo dia aquele chão.
Eles passam pela
varanda e entram na casa pela cozinha, porque a mudança estava broqueando a entrada
da sala, Donizete observa o telhado que não havia forro, porque era uma casa
simples, bem parecida com as casas do interior, onde até o banheiro ficava para
fora da casa. Ele olha para uma das suas primas, que havia acabado de prepara a
janta, cumprimenta ela e entra na sala, onde estava a outra prima, elas eram
bem mais velhas que ele, já eram quase adultas, a outra prima estava sentada no
sofá assistindo novela e fazendo a sua unha ao mesmo tempo, ao seu lado, haviam
mais dois cachorros da raça Pequinês, ele tenta chegar perto da sua prima, mas
os cachorros rosnam e latem para ele e sua a prima avisa. — Não chega muito perto eles mordem.
Donizete balança a
cabeça, para cima e para baixo, como sinal de positivo e vai para o quarto onde
sua mãe se encontrava, ela estava arrumando as roupas que estavam nas malas,
ele se senta na cama e fica observando a sua mãe arrumar todas as roupas, na
cama onde ele estava sentado havia uma boneca, muito estranha, era uma boneca
de uma das suas primas, essa boneca era muito antiga, ela havia pertencido a
avó da sua prima, porem está boneca parecia muito real, realmente parecia um
bebê, ela era toda envolta com um tecido azul, que deixava os olhos mais azuis
e brilhantes e quando você a girava ou tirava da sua posição, a boneca mexia os
olhos, se você meia para cima os olhos se fechavam, se você mexia para baixo
eles se abriam, se mexia para os lados, parecia que estava te acompanhando,
igual gente e se você batesse nela com força ela chorava.
— Deixa
isso ai menino, não mexe nas coisas da sua prima, ela não gosta ainda mais
dessa boneca, se você me quebra ela, nunca mais vamos encontrar outra igual.
Donizete solta a boneca na cama de uma altura que fez com que a boneca soltasse
um chorinho, EEE.
Donizete fica imóvel e
permanece quieto sem mencionar nenhuma palavra, de repente a sua mãe se senta
ao seu lado e coloca as mãos na cabeça e se abaixa até a altura dos joelhos e
permanece assim, como quem queria que sua vida acabasse ali naquele momento.
O silencio do quarto foi
de uma maneira assustadora, que dava para ouvir o tic— tac do relógio, despertador, que estava em
cima de uma penteadeira, aquele tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac,
permaneceu por minutos, até o que o Tic, tac, foi interrompido pelo ranger da
porta, Reeerrrrr, se abrindo, sua mãe levantou a cabeça rapidamente enxugando
as lagrimas e pergunta.
— O
jantar está pronto? Estou morrendo de fome.
E a silhueta da tia
Olga que nem chegou adentrar no quarto, responde. — Sim, está, mas vocês não vão tomar banho
primeiro?
— É
mesmo, tinha até me esquecido, vamos Donizete, você toma banho, eu tomo banho e
depois você, que ai dá tempo de eu separar uma roupa para você, nós nem tiramos
esse trapo de você ainda e você ainda precisa se limpar desse sangue.
— Lá para fora agora? Pergunta Donizete. — Sim. Responde a sua mãe.
— Mas está escuro. Retruca Donizete.
— Para de Bobagem menino, nós temos que tomar
banho e o banheiro fica lá fora.
Donizete não gosta
muito da ideia, mas vai assim mesmo, ele passa pela sala e pela cozinha e sai
pela porta da cozinha, o banheiro ficava a direita da porta da cozinha em
direção do muro do Cemitério, logo depois do tanque, que tinha que tomar muito
cuidado para não bater nele naquela escuridão, realmente estava escuro e pelo
fato da casa ficar ao lado do Cemitério, estava um silêncio ensurdecedor, o
silêncio só era rompido pelo canto dos Grilos.
Donizete corre para o
banheiro evitando olhar para o lado do Cemitério e se tranca no banheiro ele
olha para o chuveiro, que era aquelas duchas de plástico, que tinha um
chuveirinho que descia pela parede, havia uma Bucha pendurada no registro do
Chuveiro e um sabonete em um suporte ao lado, um tubo de Neutrox no chão e um
tubo de pasta de dente Amarelo de Alumínio da marca Kolynos ao lado de uma
escova de dente no suporte da parede.
O banheiro estava
gelado o chão era do mesmo vermelhão da varanda e as telhas eram a vista
também, como os da casa toda. Rapidamente ele liga o chuveiro tira o resto daquela
roupa, a sua mãe bate na porta do lado de fora e diz.
— Não demora é só um banho rápido. Ele se
ensaboa e a mordida do cachorro arde, ele dá um gemido e fica um tempinho
imóvel, ele passa um pouco do Neutrox no cabelo e deixa a espuma descer pela
ferida para aliviar um pouco e fica aquele cheiro de creme de cabelo no ar.
Quando ele termina ele
se troca dentro do banheiro molhado mesmo, só tomando cuidado para não molhar
as barras da cueca e do pijama, ele abre a porta e a sua mãe que o esperava do
lado de fora, sente aquele cheiro de creme de cabelo no ar.
— Eu não falei para você não mexer nas coisas da
sua prima, vai sai logo!
Deixa eu tomar banho
agora. A sua mãe entra para tomar banho e fecha a porta, a luz que havia no
quintal fica praticamente zero, ele sente um frio na espinha que sobe até a
nuca, ele olha para a porta da cozinha que estava fechada, o que deixou o
quintal mais escuro ainda e essa porta ficava uns cincos metros do banheiro,
ele olha para o caminho e lembra que tinha um tanque no caminho e para não
tropicar no tanque ele vai tateando pela parede devagar para não bater no
tanque até a porta da cozinha, mas sem olhar para o lado do cemitério, ele
sente alguma coisa gosmenta na parede, tira a mão rapidamente, porque ele não
sabia o que era e continua até chegar na porta da cozinha sem pôr a mão na
parede. Quando ele chega na porta da cozinha e tenta abrir a porta, ele não
consegue, e tenta mais uma vez, mas a porta estava trancada e ele empurra
novamente e nada, ele escuta risos vindo de dentro da cozinha, ele se desespera
e volta correndo para o banheiro, onde a sua mãe estava e bate na porta. Mae
deixa eu entrar a porta da cozinha está trancada.
— Que isso menino, espera eu terminar agora. — Não mãe estou com medo.
— O que você quer, que eu saia pelada e cheia
de espuma de sabão, espera!
Ele se desespera,
estava morrendo de medo, o vento parecia assobiar e soprava mais frio que o
comum e o silencio ficou mais assustador, nem os grilos se ouvia mais e ele
tinha medo de olhar para o muro do Cemitério, porque tinha a impressão que
havia alguém o observando, mas ele não resiste e perde o medo e olha e vê, um
vulto em cima do muro, mas o vulto não se mexia e ele gela e tenta chegar mais
perto para ver , mas a escuridão era tamanha que ele não consegue enxergar o
era aquele vulto, ele observa uns traços luminosos no muro, que brilhavam e ele
acompanha aqueles rastros passando a mão na parede e percebe que alguma coisa
se mexia ali, parecia que a parede estava viva e ele tenta tocar o que se mexia
e percebe que era a mesma coisa que havia tocado alguns minutos atrás na parede
do tanque e sente aquela coisa fria e gosmenta e pensa.
— O que
será isso?
Quando a sua mãe abre a
porta do banheiro e a luz ilumina o muro ele dá um berro. — Lesmas!! Ahahh!
Eram lesmas gigantes
maiores que as comuns que se vê por ai e eram montes que andavam pela parede,
Lesmas que pareciam cobras de tão grandes e elas eram vermelhas um pouco
roxeadas.
Ele dá mais um grito e
corre, para encontro da sua mãe.
— O que foi
menino? — Que nojo mãe, aqueles bichos
na parede, são Lesmas.
— Aqui
tem muito desse ser, por causa do Cemitério, vem vamos lavar a sua mão e vamos
jantar.
E eles caminham até a
porta da cozinha, que agora estava destrancada, eles entram e se sentam para
jantar.
Naquela noite Donizete
não conseguia dormir, sua mãe havia arrumada a sua cama no chão ao lado dela,
ele não entendia muito bem o que estava acontecendo e estava estranhando tudo e
sentindo falta da sua cama e dos seus desenhos de foguetes colados na parede ao
lado da sua cama e as horas passam e nada dele dormir, parecia que o barulho de
tudo lá fora e dentro do quarto só aumentava, o barulho do despertador era
ensurdecedor, Tic, Tac, tic, tac, tic, tac e quando ele se acostumava com o barulho
do despertador, parecia que os grilos cantavam mais alto, Cri, Cri, CRI ,CRI,
os cachorros latiam e uivavam, uuuuuuuuu, os gatos brigavam nos telhados, mas o
mais assustador era o vento que soprava, aquele zumbido, parecia querer dizer
alguma coisa, Donizete levanta a cabeça e vê um monte sombra de lesmas nas
janelas, de repente a sombra das Lesmas se transformam em uma silhueta de um
homem de capuz igual o vulto do muro, ele segura o grito e se levanta o tronco
é dá um grito. — AAAAAAA.
Todos acordam xingando.
— O que foi menino?
Pergunta a mãe dele.
— O que esse menino
tem? Pergunta a tia.
Ele não Parou de se
mexer a noite toda. Fala a prima mais velha.
— Tinha
alguma coisa aqui do seu lado prima, com uns olhos brilhantes me encarando.
A prima verifica o que
estava ao seu lado e levanta a boneca.
— Era isso, por acaso?
— Acho
que sim, no escuro, não dava para ver direito.
— Vai
vamos dormir, apaga a luz! Pede a tia.
Sua mãe abraça ele e
ele se aconchega em sua mãe e aquele calorzinho gostoso faz com que ele relaxa
e durma.
Na manhã seguinte, ele
abre os olhos e procura pela sua mãe, tateia a cama ao lado e estranha o local
e fica pensando onde estou?
Que lugar é esse? Ele
olha para aquele telhado sem estuque, que permitia ver os raios solares, o que
mostrava que já era dia, ele olha para um lado olha para outro lado e se apoia
na cama a sua direita para se levantar, quando ele levanta a cabeça se depara
com um focinho de um cachorro, que sempre subia na cama todas as manhas para
acorda— la.
E o cachorro morde o
seu nariz.
— Aiiiiiiii, esse cachorro me mordeu, ai, ai,
ai. A sua prima acorda e olha para o seu nariz que sangrava.
— O que
foi que você fez para o meu cachorro te morder moleque? Pergunta a prima.
— Eu não
fiz nada só estava levantando e este cachorro com cara de japonês me mordeu.
— Meu
cachorro não tem cara de japonês e sai logo daqui, deixa eu dormir mais um
pouco.
Donizete vai para o
banheiro lavar o rosto e o sangue do nariz e pensa cachorro maldito, segunda
mordida de cachorro que levo em menos de um dia. Quando ele sai pela porta da
cozinha o sol brilhava e a paisagem era bem diferente da noite passada o céu
estava azul anil e ele olha para o quintal e olha para o lado do cemitério, era
um lugar lindo, todo arborizado, com grandes Pinheiros e haviam grandes
esculturas que passavam a altura do muro e uma dessas estatuas de Anjos, que
era de um Mausoléu de uma pessoa muito famosa e importante que estava enterrada
ali e pensa.
— então era isso, era a silhueta dessa estatua,
que parecia estar me olhando ontem, ufa ainda bem que não era nada demais.
Ele lava o rosto e os
dentes com o dedo mesmo, colocando a pasta do tubo amarelo de alumínio nos
dedos e esfrega os dentes com as pontas dos dedos, ao terminar a sua higiene
ele volta para cozinha e pergunta pela sua mãe.
— Tia cadê a minha mãe?
Sua tia que estava fumando um cigarro de palha, tira o cigarro da boca, fita
ele com aquela aparência de bruxa, não tinha como não olhar para aquela verruga
enorme preta do lado direito da boca e aqueles olhos fundos, com aquele lenço
na cabeça cheio de bobs no cabelo. Ele pensa.
— Putz será que ela dormiu com esses bobs no
cabelo? — Ela foi trabalhar, acabou de
siar. Responde a sua tia.
Ele corre no portão e
ainda avista a mãe dele no finalzinho do beco e grita.
— Mãe,
me espera, quero ir com a senhora.
A mãe para no final do
beco e espera por ele que vinha correndo em sua direção.
— Mãe, mãe, deixa eu ir com a senhora, não quero
ficar aqui, só hoje.
— Você está fazendo igual o seu primeiro dia de
aula, eu deixava você na sala de aula e quando eu estava quase saindo pelo
portão, lá vinha você correndo atrás com a professora atrás de você e eu tinha
que volta e ficar com você até a hora do lanche, depois você se distraia com as
crianças e eu ia embora, eu imaginei isso agora por isso sai devagarzinho,
porque sabia que você iria vir atrás e a sua tia atrás de você igual na escola,
deixa Olga, eu vou leva— lo comigo hoje,
eu acho que consigo deixar ele com a zeladora do cinema ela tem um filha da
idade dele e talvez os dois possam brincarem juntos.
— Você que sabe, eu acho que você vai arrumar
para sua cabeça e se aparecer algum cliente o que você vai fazer? Pergunta a
tia.
— Não
vai aparecer cliente nenhum, vamos Donizete eu tenho que compensar o dia de
ontem e tenho que fazer dois turnos hoje.
Eles entram no ônibus
sentido centro da cidade, Donizete senta na janela e observa o cenário que o
ônibus percorre.
— Olha mãe o ônibus vai subir a ponte, olha tem
um Rio, olha lá na frente tem uma Roda gigante é aquele parquinho que a senhora
me levou uma vez junto com aquele homem aquele dia né, a senhora me leva de
novo, lá?
Leva mamãe?
— Vou pensar aquele dia você me fez passar muita
vergonha, saiu correndo para entrar em um brinquedo que não era para sua idade,
quase morreu, se você me cai naqueles trilhos, só Deus sabe, depois ainda ficou
mais nervoso e não queria esperar a sua vez na fila entrava na frente das outras
crianças, as outras mães ficavam me xingando e falando se eu não dava educação
para o meu filho, ai andava naqueles brinquedos que gira e passava mal e
vomitava, o coitado do homem que estava comigo, tentava me ajudar e você
chutava a canela dele, dava soco nele.
— É lógico mamãe aquele homem queria roubar você
do papai e eu não gostei dele, ficava querendo ficar te beijando e você era
muito linda para ele, você é linda mamãe, meu pai falou que a senhora é feia,
porque ele estava bêbado e não estava enxergando direito, a senhora é linda
parece um anjo, só que de cabelo preto. — De cabelo preto porque, não existe anjos
morenos? Pergunta a mãe. — Ah eles são
sempre loirinhos de cabelos escarolados. A mãe ri, como não fazia a dias.
— Mae.
— O que foi meu filho?
— Não estou me sentindo
muito bem.
— Chi você não pode
andar de ônibus que você vomita, vou pedir para o motorista parar.
— Não dá tempo mãe.
— Rápido põe a cabeça
para fora do ônibus, rápido.
— UUGGOOOOOOOO.
Donizete vomita para fora da janela, mas expira tudo nas pessoas que passavam
na rua, que xingam e gesticulam e dentro do ônibus sobe aquele cheiro de
vômito, que dava para ouvir algumas pessoas com anciã.
— ainda bem que o
motorista não parou o ônibus, aquelas pessoas ficaram bravas mamãe.
— Está melhor meu
filho?
—sim mamãe.
— Aguenta mais um pouco
já estamos chegando já é no próximo ponto depois do farol. Eles se levantam
para descer e o Donizete pede para a mãe dele deixar ele dar o sinal na
cordinha da campainha.
— Você não alcança,
como você vai fazer isso?
— Vou fazer igual eu vi em um gibi de histórias
em quadrinhos, quer vê.
— É mais vai logo o sinal vai abrir.
— Moço me empresta o seu guarda-chuva?
O homem olha para ele
sem entender muito o que ele queria com o guarda-chuva, mas empresta um pouco
desconfiado, Donizete pega o guarda-chuva pela ponta e encaixa a curva do cabo
na cordinha da campainha e aciona a sina leta, todos no ônibus riem, Donizete
devolve o guarda— chuva para o homem e a
sua mãe olha para o homem agradecendo também e fazendo uma cara de vê se pode
uma coisa dessa, o ônibus para na Avenida Rio Branco no centro de São Paulo,
eles descem e a sua mãe dá uma olhada onde o menino vomitou a lateral do ônibus
que era azul estava toda suja e chuviscada de Vómito. O ônibus deixou eles bem
em frente o cinema onde a sua mãe trabalhava, eles atravessam a rua, sua mãe
cumprimenta a moça que estava na bilheteria, ela aponta para Donizete como
querendo dizer “’ e o seu filho?” a mãe faz que sim com a cabeça e entra para
colocar o seu uniforme no vestiário, Donizete a acompanha e faz uma pergunta.
— Mãe porque as fotos daquelas moças têm aquela
coisa preta?
— É porque não pode ser mostrado explicitamente.
— E o que é Ex, ex, ex .. Donizete tenta falar a
palavra complicada para a idade dele.
— Explicito, a palavra vem de explicito. Diz a
mãe dele.
— E o que quer dizer mamãe?
— Que não é para a sua idade, entendeu?
— Você não pode entrar em nenhuma dessas salas
hoje, principalmente aquela sala que tem aquele homem usando cartola, aquela
sala é de filme de terror, para maiores de 18 anos, se você entrar lá, depois
não vai conseguir dormir à noite e as outras salas também não são para o seu
bico, você me entendeu?
— Sim mamãe.
— Então tá, vamos vou te deixar no apartamento
da zeladora.
Chegando no apartamento
da zeladora, a mãe dele explica a sua situação e pergunta se ela poderia deixar
o seu filho lá com ela, a Zeladora toda simpática, diz que sim.
— Vai ótimo a Aninha ter alguém para brincar,
Aninha tem um amiguinho para você brincar. Ana aparece no corredor e vem toda
sorridente de encontro a Donizete, eles já se conheciam, mas fazia tempo que
não se encontravam.
Ana era um ano mais
velha que Donizete, ela era magra e um pouco mais alta que ele também, ela
estava usando o cabelo bem curtinho, o que deixou o Donizete um pouco confuso.
— O que aconteceu com o seu cabelão, era tão
bonito.
— Piolho. Gritou a mãe dela.
— Para mãe. Ana estava com vergonha.
— Vêm vamos brincar. A mãe de Donizete desse
para trabalhar e a Zeladora fecha a porta.
— Que cheiro é esse?
— Ah, eu passei mal no ônibus e vomitei.
— Eca a, há, há, há, vem lavar a boca. Donizete
lava a boca e escuta uns barulhos de vozes gemendo.
— O que é isso?
É dos filmes que passam
agora.
— Minha mãe falou para eu não entrar nas salas
dessa vez, você lembra, quando nos conhecemos?
— Estava
passando Branca de Neve e os setes Anões. Exclama Ana.
— Foi tão legal e agora a gente não pode nem
entrar nas salas. Responde Donizete.
— Mas eu conheço uma entrada secreta, mas eu não
gosto de assistir esses filmes não, eles fazem umas coisas esquisitas, as
mulheres ficam gritando de dor e os homens continuam machucando elas e só fica
nisso é muito chato.
— E o outro filme como é? Pergunta Donizete.
— Esse
dá medo é assustador, tem uns mortos que saem dos seus túmulos, ai só de
lembrar dá medo.
— A gente
pode dar uma olhada depois pelo seu caminho secreto?
— sim mas tem que esperar a minha mãe ir fazer
alguma coisa no prédio.
— Não vejo a hora.
Eles brincam de um
montão de coisa, já haviam almoçado, comido um monte de doces do estoque do
cinema e quando se passavam um pouco mais das 17:00 horas, a mãe de Ana avisa.
— Eu vou ter que dar uma saidinha, vê se vocês
se comportam e não aprontam nenhuma arte.
— Está bom mamãe.
— E você também Donizete eu conheço a sua fama.
— Donizete só balança a cabeça concordando.
A zeladora desse as
escadas e Ana dá uma verificada se ela realmente havia saído.
— Vem
Donizete, podemos ir, nós vamos ter que abrir esse portão com a chave da mamãe
e colocar de volta sem que ela perceba e depois subir essa escada que dá no
telhado, ai agente sobe na laje em cima do retroprojetor e levanta uma das
chapas do assoalho, que de lá dá para ver todo o cinema.
— Então
vamos. Fala Donizete.
Ana pega a chave da
mãe, abre o portão e volta para colocar no mesmo lugar e avisa Donizete:
— Segura
o portão não deixa ele fechar. Ana guarda a chave e volta.
— Vamos encosta o portão bem devagarzinho para
parecer que está fechado, mas não deixa bater, vem eu vou n frente para te
mostrar. Eles sobem e chegam na laje.
— É aqui onde o
Retroprojetor fica, ah, que você falou?
Ana ri e confirma.
— Sim, vem nós temos que levantar o isopor com
cuidado para não cair na cabeça dos clientes.
Ana levanta o isopor e
a luz do Cinema invade a laje e o som do filme, fica mais alto, Donizete olha
para a tela e Ana comenta.
— Não falei que era esquisito.
— Ele é um bebezão e está com fome, ele está
mamando no peito dela, ele já não é muito grandinho para mamar no peito, iiii,
olha agora ela está pondo o pipi dele na boca, eca que nojo. Fala Donizete.
— Deve de ter gosto de xixi.
Comenta Ana e os dois
dão risadas. Olha agora ele vai começar a machucar ela, fica vendo.
— Vixii ele vai matar ela, ele furou ela, mas
não saiu nenhum sangue.
Agora eles vão começar
a lutar até sair uma gosma ai eles param, fica vendo, todos os filmes são
sempre iguais, eu gostava mais quando passava os desenhos animados, eu não
precisava fazer todo esse esforço para assistir.
— É verdade Ana, é muito besta e a outra sala,
dá para ir lá também?
— O outro filme é assustador, você quer mesmo
ver?
— Depois do susto que tomei ontem na casa da
minha tia, eu acho que nada mais me assusta.
— Então está bom vem vamos, nós temos que
contornar essa laje é na próxima laje. Eles andam pelo telhado com cuidado até
a próxima cabine de retroprojetor. — Vamos com cuidado de novo. Ana levanta o
isopor e Donizete fica de olhos vidrados, as cenas que estava passando era de
um Zumbi comendo o cérebro do outro e um monte de Lesmas, iguaizinhas a que ele
viu no cemitério saindo pelo corpo do Zumbi, aquela cena deu uma certa repulsa
em Donizete, porque ele pensou:
— Credo
eu toquei em uma coisa que come morto.
E no filme havia também
uma grande bola de carne humana que
vinha rodando e juntava os restos mortais, deixados para trás pelo
Zumbis e aquela bola ia crescendo conforme ia juntando mais restos e os
policiais tentavam matá— la e atiravam
nela, mas nada acontecia e os policiais morriam também e quando amanhecia todos eles voltavam para os seus túmulos, e
quando eles pensaram que estava tudo calmo, que os Zumbis tinham ido embora ,
uma cena daquelas de susto forte, que te pega desprevenido, aconteceu no filme
e Donizete e Ana se assustam e deixam a tampa cair dentro do cinema, A chapa de
isopor atravessou a projeção do filme e uma grande escuridão tomou conta do
cinema e os clientes começaram a reclamar, assobiar e gritar.
Os dois rapidamente
corem dali e voltam pelo mesmo caminho, mas quando eles chegam no portão, o
portão havia se fechado.
— E agora Ana?
— Nós vamos ter que voltar e sair por dentro da
sala de cinema.
— Mas
qual sala, eu não quero ir na sala dos Zumbis.
— Não, a saída é na outra sala, a da moça do
xixi.
— Menos
mal, então vamos logo, antes que alguém venha atrás da gente.
Eles fazem o caminho de
volta para a primeira sala e dessem por uma escada que havia na lateral da sala
de retroprojetor e entram na sala de sexo explícito, as cenas agora eram
diferentes e Donizete fica olhando e vai descendo as escadas, até que um homem
o puxa pelo braço e fala para ele assim:
— Segura
aqui.
O homem mostra o seu
membro para Donizete e ele tenta se debater e o homem puxa ele de volta,
forçando ele a segurar o membro dele, o homem solta ele e fala.
— O que
é isso subindo pelas minhas pernas?
Ele se abaixa e pega
uma coisa vermelha e roxeada na mão.
— Lesma! Grita o homem e outras pessoas dentro
do cinema também começam a gritar.
Havia lesmas saindo da
tela e caindo do teto e as pessoas correriam para saída da sala do cinema,
estavam todos em pânico.
Ana puxa Donizete pelo
braço.
— Vem vamos sair daqui.
Eles correm para a
saída e Donizete dá de frente com a sua mãe.
— Eu sabia que você estava por de traz disso,
quando eu escutei as pessoas falando em Lesmas eu imaginei, isso está me
parecendo familiar, eu não acredito que você pegou as lesmas que você estava
falando ontem e trouxe as para cá, como você fez isso?
— Eu não fiz nada mamãe, eu não trouxe lesma
nenhuma.
— E o que você estava fazendo lá dentro, eu não
falei para você não entrar lá!
— Falou mas nós entramos por engano, estávamos
brincando de esconde esconde e o portão fechou lá de cima e nós tivemos que
sair por aqui.
— Tá eu acredito, e eu sou a Mulher Maravilha
agora, tá bom, vamos sair daqui logo, que devido a denúncia das Lesmas, todas
as sessões foram canceladas e eu fui dispensada, ainda bem eu tenho que passar
no mercado e comprar algumas coisas para a dispensa da Tia Olga, antes que ela
jogue na nossa cara que estamos comendo toda as coisas dela. — Mãe você compra Sucrilhos?
— Vamos ver, se você merece, se não me aprontar
mais nenhuma.
— Essa
caixa está pesada filho, como nos faz falta um carro agora.
Nesse exato momento um
carro para ao lado deles e buzina e diz:
— A
Rainha está precisando de ajuda?
— Vai oferecer ajuda para a sua avó bocó. Grita
Donizete.
— Fica quieto menino. Fala a mãe dele, mas o
motorista desiste de ajudar.
— É você
não está me ajudando muito, vamos ter que ir de ônibus com essa caixa pesada
cheia de mercadorias.
O ônibus chega e eles
entram, Donizete tenta ajudar a mãe a carregar a caixa para dentro do ônibus,
eles colocam a caixa nos pés deles e se sentam, colocando os pés sobre a caixa.
— Pronto mãe conseguimos.
— Agora só vamos precisar descarregar lá na casa
da tia.
Os dois ficam calado
por um tempo, porque ambos estavam cansados e com o balanço do ônibus eles
pegam no sono até que Donizete chama a mãe dele.
— Mae eu não estou me sentindo bem.
— Ah o que?
Só não vomita nas
nossas, tarde demais, você vomitou nas nossas compras.
— Desculpa mãe.
— Que droga menino!
E aquele cheiro de
vomito toma conta do ônibus, e os sons de anciã viram uma orquestra.
— Pronto
chegamos.
— Nossa Zulmira que cheiro é esse?
— O santo do meu filho vomitou em cima de toda
compra que eu fiz, agora tenho que verificar o que dá para salvar ainda, que
nojo, o que esse menino comeu?
Depois de um dia
Alucinante e cansativo Donizete senta no sofá e adormece.
Ele acorda no sofá na
manhã seguinte e fica confuso mais uma vez.
— Caramba onde eu estou agora, cadê a minha mãe?
Ele sai para o lado de
fora da casa e se depara com a sua tia na mesma cena do dia anterior: fumando
cigarro de palha, com a sua verruga preta no canta da boca, os bobs na cabeça,
uma cena nada motivadora para uma bela manhã.
Tia você viu a minha
mãe.
— Ela foi trabalhar. Donizete pensa em correr
atrás dela, mas a tia já adianta.
— Nem adianta tentar encontra-la ela já foi
cedo.
— Ela já foi, parece que o que você aprontou
ontem, teve consequência hoje e você não deixou ninguém dormir, teve pesadelo a
noite inteira, gritava que um Zumbi iria te pegar, que a bola de carne humana
iria devorar os seus restos, que iriamos todos morrer, ai gritava, as Lesmas
elas são minhas amigas e vão me salvar. Donizete abaixa a cabeça e vai voltando
para dentro da casa e se senta na cadeira e se ajeita na mesa de formica azul,
a sua tia serve café com leite em uma caneca de ferro branca e um pedaço de pão
com manteiga.
Ele comia
tranquilamente ele escuta uma voz cochichar alguma coisa.
— O que você falou tia? A sua tia tira o cigarro
de palha da boca e diz.
— Eu não falei nada você está doido? Ele dá de
ombros e continua a terminar o seu café da manhã, ele estava tentando fazer as
coisas certas e seguir as regras da casa da tia e por isso ele coloca a caneca
e o prato na pia, e vai direção a geladeira guardar a manteiga e o leite e é
quando ele escuta a voz mais uma vez e se assusta e derruba o leite, fazendo
muito barulho e sujeira, sujando todo o chão com leite.
Sua tia dessa vez grita
sem tirar o cigarro da boca.
— Está com a mão furado ou é retardado?
— Só faz bagunça, sai daqui.
— Tia você ouviu uma voz também?
— Que mané voz o que, está ficando louco é, eu
vou falar para sua mãe te interna em um Hospício e não um Internato e sai daqui
antes que eu te dou uma canecada. Donizete sai pulando pela porta da cozinha e
saia para ficar no quintal e decide ficar na varanda, assim que ele põe os pés
na varanda os Pequinês rosnam para ele, que dá meia volta e fica sem saber para
onde ir, ele fica procurando o que fazer e novamente ele escuta aquela voz, ele
procura de onde vem e nada, olha para os lados, olha para cima e avista uma
linha de pipa, ele corre tira o bambu que segurava o varal com as roupas da sua
tia, onde as barras das calças e a ponta
dos lenções e toalhas caem no chão, ele apanha a linha com o Bambu e abaixa até
ele a linha do pipa e começa a puxar, vai puxando, puxando até que aparece o
pipa, ele pega o pipa para ele e fica brincando com a pipa no alto.
Um menino aparece no
portão dizendo que a pipa era dele e que era para ele devolver a pipa dele.
— Você pegou a minha pipa, me devolve ou eu vou
pular aí e te dar uma surra e ainda pego de volta a minha pipa, quer ver?
O menino ameaça pular o
portão e com o barulho, os cachorros latem e avançam no menino no portão, que
desiste de tentar entrar no quintal, com esse barulho todo a tia Olga sai para
ver o que estava acontecendo.
— O que você aprontou agora?
— Eu nada, só apanhei essa pipa aqui no quintal
e esse menino está dizendo que eu peguei a pipa é dele.
— Pegou mesmo essa pipa é minha, ele puxou a
minha linha com esse bambu de varal.
— Varal?
— O pau do meu varal, as minhas roupas estão
sujando tudo no chão.
Donizete olha para as
roupas raspando no chão e a tia grita.
— Seu Capeta!!
Você não é um menino é
um capetinha, me dá essa merda aqui. A tia arrebenta a linha e solta a pipa que
vai embora e grita com o menino do portão.
— E você some daqui antes que eu te dou umas
pauladas ou solto os cachorros em cima de você ou vou chamar a sua mãe.
O menino sai correndo.
— Donizete se você me aprontar mais uma hoje eu
juro que eu mesma te coloco e m um colégio interno, onde já se viu, eu não
passei isso com as minhas filhas para ficar passando nervoso com o filho dos
outros que desaforo.
Donizete fica só fitando
a sua tia e esperando ela entrar, porque Donizete acompanhou onde a pipa ficou
enroscada e ele vai tentar pegar de volta, ele caminha até o muro do cemitério,
mede a altura do muro, procura por algo que o ajude subir no muro e avista uma
cadeira, ele tenta mas ainda não dá a altura, ele avista um balde da sua tia e
coloca em cima da cadeira, dessa vez dá a altura do muro, ele sobe no muro e verifica que do outro lado era bem alto ele verifica que a linha enroscou bem na
estátua de anjo que ele se assustou a noite passada, mas que vai precisar o pau
do varal da tia novamente, ele volta para o quintal retira o pua do varal
novamente, deixando as roupas rasparem no chão novamente e sobe no muro mais
vez, ele mede a distância do muro para a Lage de um Mausoléu e pula para cima
no mausoléu, pula para laje de outro mausoléu até chegar na estátua, que
parecia estar brincando com a linha do pipa, porque a linha estava presa na mão
da estátua e ele não iria conseguir subir na estátua para apanhar naquela altura,
ele apanha o bambu e tenta apanhar o pipa na estátua e se estica todo, quase se
desiquilibrando, mas se equilibra e tenta de novo, e quando ele estava na
pontinha do pé concentrado em baixar a linha.
— O menino o que você está fazendo ai? Grita o
guarda do cemitério.
Donizete se assusta e
cai do muro em cima da tampa de um tumulo, que com a queda se rompe deixando o
Donizete cair dentro do tumulo, era uma altura considerada alta, mas parecia
que alguma coisa havia amortecido a queda de Donizete e ele dentro do tumulo se
depara com aquela escuridão.
Ele ouve aquela voz
novamente e naquela escuridão ele não vê ninguém a única luz que existia ali
era a luz do sol que vinha da parte quebrada da campa, ele olha pra cima e
avista o segurança que grita.
— Menino você está bem?
Donizete não responde
nada com medo e fica calado.
— Menino?
— Menino?
O segurança sai para
buscar ajuda.
Os raios solares
iluminam mais forte dentro do tumulo e Donizete tem a impressão de que as
paredes estavam vivas como na noite retrasada no muro da divisa com o quintal
da sua tia, os seus olhos se acostumam com a escuridão e ele percebe que as
paredes estavam repletas de Lesmas.
Ele dá um grito e se
joga no chão, quando ele cai no chão e sai totalmente de uma fonte de luz,
alguma coisa parece que transpassa por ele e sente um vento balançar os seus
cabelos e de repente tudo fica mais frio e gelado fazendo com ele trema e bata
os dentes de frio ele percebe uma luz bem fraquinha no fim de um túnel que era
da largura do seu corpo e talvez ele conseguiria se arrastar por ali até alguma
saída, ele se arrasta pelo túnel que estava todo úmido e cheiro não era
insuportável de carne podre, o que faz com Donizete vomitar e ele continua se
arrastando passando pelo seu vomito, mas alguma coisa começa se mexer em baixo
dele e carregá— lo em direção a luz ele
olha para baixo em direção a sua barriga e enxerga um exército de lesmas, todas
enfileiradas uma a uma do lado da outra
e elas carregam Donizete que dessa vez não se assusta e percebe que elas
não queria lhe fazer mal algum e que pelo contrário estavam ajudando— o e elas levam ele até a saída do bueiro, até
onde não batia sol e vão embora, Donizete grita por socorro.
Aparece o Segurança e
alguns homens e eles retiram a tampa de concreto e ajudam Donizete sair do
bueiro.
— Menino
que sorte você ainda estar vivo, cair de altura daquela e não se machucar
gravemente é um milagre, ou é a lenda que contam da Tumba do Coronel Zuquim,
vocês conhecem? O segurança pergunta para os homens e para o menino. Um dos
homens já havia ouvido falar os outros não e o menino fala que não. — Onde você mora menino? — Do lado da parede do Cemitério de onde eu cai.
— Ok vamos andando até lá e eu vou te contando a
Lenda do coronel Zuquim, Dizem que este Cemitério pertencia à fazendo do Doutor
Zuquim.
— Mas ele não era Coronel? Interrompe o menino.
—Doutor, Coronel era
tudo a mesma coisa naquela época, era como eles chamavam uma pessoa importante
dono de terras, esse título, não era porque ele era médico ou que tinha servido
a força armada, era por questão de respeito das pessoas humildes e ignorantes
daquela época, isso aconteceu mais ou menos no ano de 1845 a 1850.
— O Coronel Zuquim era
um homem muito bom, ele era Um Homem poderoso diferente, ele era muito humilde,
mas muito inteligente e amava a sua família, os seus filhos eram tudo para ele,
ele adorava aquelas crianças e isso foi a desgraça dele, algumas pessoas
perseguiam ele, porque ele tratava os seus escravos bem diferentes dos outros
fazendeiros e isso causava prejuízos aos outros fazendeiros, mas era justamente
isso que fazia a fazenda do DR. Opa Coronel Zuquim prosperar, em sua fazenda
não existia Senzala, os negros moravam em casas como todo mundo, ele não usava
chicote ou qualquer outro tipo de violência com o seus escravos, ele usava o
amor ao próximo e o carrinho e isso fazia com que os seus escravos fossem
sempre muito fiéis a ele o que também foi a sua desgraça, sabe porquê?
— Em umas das
escavações para plantação de algodão, os escravos encontraram pepitas de ouro e
levaram até ele, como ele era muito rico e humilde não entendia nada de como
garimpar ouro e não precisa daquele dinheiro ele autorizou que quem encontrasse
ouro nas terras dele entre os seus escravos, poderiam ficar com eles, desde que
continuassem trabalhando para ele.
— Ele não entendia de
Garimpar ouro, mas entendia de pessoas e como motiva-las e isso realmente
motivou muito os seus escravos, eles escavavam fileiras e fileiras e onde não
era encontrado ouro era plantado cana de açúcar, era assim que ele aproveitava
a motivação e o terreno, porque a plantação de cana de açúcar prejudicava muito
o solo e só poderia se plantar poucas vezes, devido ao método de queimadas que
eles usavam na época e assim tudo isso funcionou por um bom tempo, até como
sempre dentro de um cesto de fruta, tem
sempre tem uma fruta podre, e um dos seus escravos que se destacou e
encontrou mais ouro que os outros, quis ser dono de si e isso naquela época era
muito complexo, tinha que ter dinheiro ou poder.
— Esse escravo tinha
dinheiro, mas não tinha sabedoria, e nem malícia da vida, fora da fazenda do
Coronel Zuquim e o que aconteceu?
Ele achou que fora da
fazenda eram todos felizes, todos “Honestos” e assim ele foi ingênuo?
— Esse escravo bateu na
porta errada, ele foi até um cartório que existia na cidade para saber como ele
deveria proceder para conseguir a sua carta de Alforria.
— O que é isso? Pergunta Donizete.
Era o seu documento de
libertação, quem tinha a sua carta de alforria era considerado um homem livre,
mais ou menos assim quando a gente chegar na sua casa agora e eu não contar
para a sua mãe, que você quebrou a tampa do Tumulo da Família Zuquim, porque eu
sei que o cemitério tem funcionário para consertar isso, você não vai ficar de
castigo e vai ser um homem livre.
— Mãe não, é a minha tia e eu vou estar ferrado
de qualquer jeito nem essa carta poderia me salvar agora, mas o que aconteceu
com o Escravo?
— Onde
eu estava mesmo?
Ah tá, o cartório que o
escravo procurou para pedir informação era de um fazendeiro rival do Doutor
Zuquim e estava querendo roubar as terras dele, para garimpar o ouro existente
ali e quando o escravo se pronunciou, o Coronel Garcia como era conhecido,
acusou o escravo de fujão, dizendo que ele era um escravo fugitivo e que ele
iria ficar preso e que agora ele pertencia a fazenda do Coronel Garcia por
encontra-lo e assim esse escravo foi parar na fazendo do Coronel Garcia onde
levou muita chicotada e sofreu muito até que o coronel Garcia lhe fez uma
proposta, de que se ele fizesse tudo o que ele mandasse, ele devolveria o ouro
dele e o documento de libertação.
Mas que prontamente o
escravo concordou e com isso o Coronel Garcia lançou um boato que este escravo
que pertencia à fazendo do Coronel Zuquim estava na fazenda dele, ele sabia que
o coronel Zuquim era uma pessoa muito boa e que veria atrás do seu escravo e
dito e feito.
Um dia o Coronel Zuquim
apareceu na fazendo do Doutor Garcia reclamando pelo escravo.
O coronel Garcia para
não deixar o Coronel Zuquim perceber que estava sendo vítima de uma traição,
pediu uma quantia em troca do escravo, Coronel Zuquim pagou sem titubear e
assim.
Coronel Garcia colocou
o seu plano em ação e a traição foi assim com uma data marcada para que o
Coronel Zuquim caísse na armadilha sem perceber:
Eles marcaram um
assembleia onde todos os fazendeiros participassem, mas só os homens e assim as
esposas teriam que ficarem em casa sozinhas e assim o Coronel Zuquim, foi até a
assembleia e a reunião foi atrasada para que escurecesse para que o plano do
Coronel Garcia funcionasse e assim o plano foi continuado e o que aconteceu foi
seguinte:
O escravo que retornou
teria que esconder os filhos do Coronel Zuquim e dizer que eles foram
sequestrados, o escravo enganou as crianças e as trancou em uma cabana e foi fingir que alguns homens
haviam sequestrado as crianças e que deixaram um pedido de resgate para
devolverem as crianças, mas o coitado do escravo estava sendo enganado mais uma
vez e assim que ele entrou na casa da Patroa, ele levou um golpe forte na
cabeça e quando ele acordou o Coronel Zuquim sacudia ele pelo braço, pedindo
esclarecimentos do que tinha acontecido na casa dele, o escravo estava nu e a
esposa do Coronel estava nua também morta em cima da cama do casal.
Ele ia tentar explicar
que não tinha sido ele, e que ele era inocente e que as crianças estavam salvas
na cabana, mas antes que ele terminasse a frase um tiro de espingarda
atravessou a sua cabeça e o Coronel Zuquim, ainda tentou salva-lo em vão, o
tiro tinha vindo de fora da casa, mas na escuridão ninguém conseguiu
identificar ou pegar o assassino e assim
tentaram incriminar o Coronel Zuquim de assassinato, dizendo que ele havia pego
a sua esposa com um escravo na cama o traindo e assim ele teria matado os dois
e as suas terras seriam leiloadas, porque não haveria mais herdeiros, sendo que
as crianças estava desaparecidas e também eram as únicas que poderiam
identificar ou dizer algo sobre o ocorrido.
Mas todos sabiam que o
Coronel Zuquim era inocente e assim, ele procurou pelo seus filhos, mas ninguém
sabia onde eles estavam, sendo que o único que sabia havia morrido na sua
frente no seu quarto e até que a inocência do Coronel Zuquim fosse provada,
ninguém conseguia encontrar as crianças e o Coronel oferecia recompensas
altíssimas para quem as encontrasse , mas quando as encontraram já era tarde
demais elas haviam morrido de frio e fome e estavam amarradas em um
cadeira e dos seus corpos brotavam
lesmas quando as encontraram em uma cabana afastada da fazenda.
Isso para o Coronel Zuquim
foi praticamente a morte ele não durou muito depois disso, dizem que ele morreu
de tristeza, mas que antes de morrer ele deu uma lição de Humanidade no Coronel
Garcia e dou o terreno deste cemitério onde ele foi enterrado com honras na
campa, sendo a mais bonita do cemitério, onde ele comprou a estátua daquele
anjo de um artista renomado e mandou construir covas para ele, para a sua
esposa e para os seus filhos e a grande surpresa uma cova para o escravo
causador disso tudo, porque ele sabia que no fundo ele era um inocente, essa
cova é justamente a que você caiu e diz a lenda que ele sempre ajuda os
injustiçados e protege os desprotegidos.
Donizete pensa Lesma
brotavam dos corpos.
Eles chegam na casa da
sua tia.
Quando a sua tia avista
ele do lado de fora do portão, todo sujo e sendo acompanhado por aquele
segurança, ela olha para o muro do cemitério e vê a cadeira com o balde em cima
e as suas roupas arrastando no chão mais uma vez ela grita.
— Eu não acredito.
Ela corre para o portão
para bater no Donizete o segurança a impede e conta para ela tudo o que
Donizete acabara de passar, ela escuta atentamente as palavras do segurança e
quando e quando ele termina de falar.
— Você não é uma criança, você é um Demônio, eu
não quero nem saber de você aqui, amanhã mesmo eu vou com a sua mãe te
matricular no Colégio interno. Ela agarra nos braços dele e o puxa para dentro
vem antes que você apronte outra e vamos tomar Banho você está fedendo e vai
ficar trancado dentro de casa até a sua mãe chegar.
A noite quando a sua
mãe chega do serviço carregando uma caixa pesada de compra, a tia Olga nem
espera ela entrar direito e já vai contando tudo o que aconteceu e afirma no
final.
— Aqui ele não fica.
No dia seguinte.
Donizete carrega a sua
mala vermelha por uma rua de paralelepípedo que dá acesso ao Colégio Interno,
ao seu lado iam a sua mãe e a sua tia Olga, na entrada do Colégio Havia uma
placa onde se lia “Orfanato Cristóvão Colombo”, na recepção do Colégio Interno
eles são recepcionados por uma Freira.
— Bom
dia, Jesus te ama em que posso ajuda-los?
Diz a Freira.
E a tia Olga toma a
dianteira.
— Eu já
havia ligado e falado com a Madre superior e ela reservou uma vaga para esse
Capetinha aqui.
— Não se
diz essa palavra aqui minha senhora, se a senhora não percebeu aqui é uma
igreja também, ou seja, aqui é tudo casa de Deus e aqui quando se referimos a
crianças peralta, costumamos dizer Santinhos e não o que a senhora acabou de
dizer.
Donizete mostra a
língua para a tia. E a Freira chama a atenção de Donizete.
— Que isso menino, respeita os mais velhos, ela
é sua tia.
Agora quem mostra a
Língua é a tia Olga.
A Freira olha para tia
Olga e dá de ombros.
A freira começa
explicar os procedimentos e fala sobre o dia de visita.
— A visita aqui só é de duas em duas semanas no
Domingo.
— Só duas vezes por mês? Pergunta a mãe de
Donizete.
— Sim e vocês tem que estarem aqui as 08:00
horas para seguir a missa dos alunos e só depois os alunos são liberados para a
suas mães, os alunos ficam no lado direito da Igreja, para não haver fugas.
— Haver fuga? Pergunta a mãe de Donizete.
— Sim
eles costuma querer fugir por diversas razoes, vocês querem conhecer as
dependências, nós podemos dar uma olhada rápida os alunos estão em aula, aqui
eles estudam de manhã e de tarde, eles acordam as 06:00 horas, tomam café da
manhã as 06:30 horas porque as 07:00 horas eles já estão na sala de aula, tem
um intervalo as 09:30 horas retornam as 10:00 horas e param para o almoço as
12:00 horas e voltam para sala de aula as 14:00 horas, alguns dias da semana a
sala de aula e substituída por educação física, com atividades na piscina.
— Piscina? Pergunta Donizete.
— Sim, piscina ou atividades com bolas nas duas
quadras que possuímos, eles jantam as 18:00 horas, porque as 20:00 horas eles já
estão na cama, para a rotina do dia seguinte, alguma pergunta?
— Não,
aqui é um convento ou o exército, quero dizer escola período integral?
Né, podemos conhecer a
igreja?
A Freira mostra para
eles onde o que era o que e chegam na Igreja.
Era uma igreja Românica
com alguns detalhes Rococó, com vitrais lindos, e um grande órgão, atrás do
altar, o altar tinha um púlpito em mármore e um deposito em ouro, o teto havia
alguns afrescos com querubins nas pontas e Donizete faz uma comparação.
— Olha tia o seu cabelo está igual a desses
anjinhos, igualzinho. Sua o olha com reprovação e a freira solta uma risadinha,
mas logo toma a postura séria.
A igreja não tinha
muitos bancos e do lado direito não havia bancos, porque era onde deveria ficar
os alunos como a Freira dizia, era uma bonita igreja que ainda mantinha alguns
objetos de valores a mostra, com a segurança de hoje em dia isso era raro,
porque a qualquer momento um ladrão poderia entrar ali e levar aqueles objetos
de ouro.
— Bom
chegamos ao fim do nosso tour, vocês podem se despedir do aluno, por favor seja
breve, que ele ainda vai frequentar a aula da parte da tarde depois de acomodar
as suas coisas e se familiarizar— se com
o ambiente e realizar mais alguns procedimentos.
A mãe de Donizete se
ajoelha aos pés dele e olha nos seus olhos e diz:
— É para
o seu bem meu amor, eu sinto muito, mas está doendo mais em muito mais em mim
do que em você, eu prometo que vai ser por um curto período.
Ela se levanta dá um
beijo na testa dele, a sua tia também se despede.
— Tchau Pestinha, vou sentir a sua falta, mas
não muito e ri. A Freira o leva embora pelos corredores em direção ao quarto,
Donizete dá uma última olhada para traz e vê sua mãe abraçando a sua tia e
chorando muito até a freira virar em outro corredor e entrou em uma porta que
dava acesso ao pátio que eles tinham que atravessar para chegar no quarto, onde
ele iria ficar.
Ele vê as outras
crianças com as suas cabeças raspadas e fica olhando para eles enquanto era
puxado pela mão pela freira.
Eles sobem as escadas
que dava acesso aos quartos, eles chegam em um corredor comprido que dava
acesso a três quartos.
A Freira leva ele até
ao último quarto do corredor, que era maior quarto de todos de cor cinza.
— como a sua tia informou que você não é santo,
esse quarto deve de ser o deu perfil, porque aqui nós temos três quartos de
três cores: o cinza que é esse onde fica os problemáticos, depois nós temos o
de cor branca com mais 100 camas que é onde fica os meios termos e por último e
nosso orgulho o de cor de rosa, com 200 alunos, que é onde ficam os nossos
exemplos de educação dos nossos alunos. No quarto cinza haviam cem camas
divididas em cinco fileiras de vinte era um quarto gigante, que parecia um
grande alojamento, a Freira leva ele até a cama de número quarenta e quatro e
coloca os seus pertences em cima dela, abre um pequeno armário que ficava a
esquerda da cama, como se fosse um criado mudo e coloca as roupas da sua mala
ali dentro.
— Agora vamos cortar o seu cabelo. A Freira o
leva a até o Barbeiro, e algumas crianças correm para ver o barbeiro raspar o
cabelo de Donizete pelas janelas, fazendo um alvoroço. Aquele barulho da
máquina de raspar cabelo, era ensurdecedor e as crianças das crianças do lado
de fora era abafado por aquele barulho, EEEEEEEEEEEE.
E o Barbeiro usa a
máquina sem nenhum tipo de pente, deixando a no zero o que faz machucar pela
brutalidade com que o Barbeiro fazia e Donizete reclama.
— Vai com calma ai!
E o Barbeiro continua
passando na cabeça dele fazendo cair os fios de cabelo castanhos brilhantes no
chão, algumas crianças dão risadas através da janela e quando o barbeiro
termina, Donizete passa a mão na cabeça e constata que não havia mais nenhum
cabelo e algumas partes da cabeça ardia, porque a máquina havia machucado e deixado alguns caminhos de ratos, como as
crianças costumavam falar, eram falhas ou cicatrizes, antigas e um menino
grita.
— Ficou um caminho de rato. E as crianças caiem
na gargalhada.
Donizete vai saindo e
dá um soco no nariz do menino que sangra muito.
A Freira briga com
Donizete e leva ele e o menino até um
bebedouro de azulejos, onde haviam muitas torneiras e faz Donizete lavar o
sangue do nariz do menino, feito isso ela diz:
— Aqui é
assim, sujou você limpa, machucou alguém tem castigo e você não vai tomar o seu
castigo agora porque temos que ir para o banho, mas você já tem um castigo de
crédito comigo.
— Vamos crianças é hora do banho. Gritam as
Freiras.
As crianças correm para
formar uma fila, na entrada do prédio dos dormitórios e conforme as crianças
iam chegando na entrada do prédio onde havia duas Freiras entregando sabonetes
toalhas e roupas, para cada criança especifica, existia um número para ela, na
vez do Donizete a Freira que o acompanhou informa.
— Quarenta e quatro.
E a outra freira
fornece os seus pertences, Donizete estranha e verifica que em todas as suas
roupas existia um número em vermelho “quarenta e quatro” estava na cueca, na
camisa, no short e na toalha.
As crianças tinham o
costume que de que assim que pegasse a cueca limpa, elas a colocavam na cabeça
como se estivesse usando uma toca e o que se via era uma grande fila de meninos
com cuecas na cabeças de todas as corres e formatos, bege e branca eram as
cores que mais tinha, mas tinha azul, vermelho, xadrez, listrada, de bichinho,
o pior que quem tinha de bichinho era tirado sarro deles pelos outros meninos.
— "Olha a cuequinha dele é de
patinho". Há, há, há, há.
— "Olha a cuequinha dele é de
ursinho", há, há, há.
Mas coitados, eles não
tinham como trocar, porque uma vez que a sua mãe tivesse feito a sua mala com
elas , era para um ano inteiro e toda vez que no dia do banho aparecia uma
cueca de algum desenho na mão da Freira, o menino já sabia que iria ser motivo
de chacota e eles iam assim com as cuecas nas cabeças até o chuveiro, cada
criança imaginava uma fantasia, um dizia que era um marciano:
Pelo jeito de colocar a
cueca na cabeça com os buracos para frente, deixando parecido com dois olhos de
marcianos, outra criança dizia que era uma formiga, deixando a cueca em formato
de uma cabeça de formiga usando os dedos como antena, algumas iam mais além e
diziam.
— Eu sou o Cueca mascarado.
— Eu sou o Homem cueca.
E as crianças riam,
eles seguiam uma fila indiana de 400 crianças, por dois lances de escadas até
chegar no banheiro onde 10 Freiras davam banho nos meninos em 10 chuveiros,
dividido em duas fileiras de cinco chuveiros, cinco de um lado e cinco do outro
lado. Chega a vez do Donizete tomar banho, a Freira coloca ele debaixo daquela
ducha de água gelada, o que saia daquilo não era água era cubos de gelo, aquilo
que eles chamavam de chuveiro.
As Freiras tinham
prática e como de costume, a primeira coisa que a Freira esfrega são as
orelhas, depois o pescoço usando uma bucha com força e o Donizete reclama. — Ai! Está machucando!
— Fica quieto menino! Isso não doí. E continua a
esfregar, atrás do joelho e no calcanhar ela usa os dedos, para tirar o cascão
que fica na curva do calcanhar para os pés. E assim cada menino que ia
terminando o seu banho, continuava na fila, se trocava na próxima sala e já
descia uma escada que dava acesso ao refeitório, para almoçar, e de grupo de
dez eles iam se sentando na mesa do refeitório, um do lado do outro, as Freiras
traziam a comida já colocadas em pratos de plásticos sobre em um carrinho, e
assim elas distribuíam as refeições.
Naquele dia foi servido
arroz, feijão, carne com batata e salada de agrião e um suco de uva (Ki suco)
desses artificiais de pó.
Donizete pega a colher
que era oferecida para comer e come a sua comida, mas ele não gostava de salada
e agrião e deixa a salda de lado, o menino ao seu lado o avisa: — Se
você não comer tudo eles não te deixam sair, enquanto você não comer o último
grão ou a última folha.
Donizete encha a mão
com a salada e enfia na barra da blusa e coloca dentro dos shorts e vai saindo,
mas quando ele vai saindo e chega na porta de saída do refeitório onde havia um
padre que pergunta para ele.
— O que você tem ai dentro?
E puxa a blusa fazendo
com que toda a salada escondida caísse no chão.
— É o seu primeiro dia aqui né? Donizete faz que
sim com a cabeça e o Padre pega ele pela orelha e o leva de volta para dentro
do refeitório e o coloca na parede de castigo, vai até a cozinha e volta com
uma bacia cheia de agrião sem tempero e disse:
— Enquanto você não comer toda essa bacia até a
última folha, você não sai daqui hoje.
Junto com Donizete
haviam mais outras crianças que também não gostavam de agrião estavam todas com
uma bacia na mão e comiam as suas folhas fazendo careta e empurravam as folhas
garganta abaixo e assim Donizete começa engolir as suas folhas a seco, o que
lhe dava ânsia de vômito.
As outras crianças iam
deixando o refeitório e saiam rindo do Donizete imitando— o que iria vomitar também. Donizete é o
último a sair do refeitório ele come a última folha da bacia e ele mostra para
o Padre, que o deixa sair e o acompanha até a sala de aula onde já estavam
todas as outras crianças e o apresenta para a professora informado que ele era
um novato e que não havia comido a sua verdura e por isso o atraso dele. A
professora que era uma freira o encaminha para o seu lugar e pergunta o seu
Nome?
— Donizete.
— Bom,
crianças esse é o nosso novo aluno Donizete, falem para ele “Vamos dar as boas— vindas para ele?”.
E todos falam
— “Bem-vindo”.
— Bem,
vamos começar a aula peguem as suas cartilhas e vamos começar hoje pela letra
“B” de baleia ou “B” de bola e assim foi a tarde de Donizete que não estava
entendo nada e também não estava prestando atenção em nada, porque a sua mente
estava muito longe dali e tudo aquilo
para ele era novidade ou ele ainda estava assimilando o que estava acontecendo
com a sua vida e ele estava em uma sala de aula sem a sua mãe para acompanha— lo pelas primeiras horas, mas aquelas horas
passaram rápido para ele e a professora informa:
— Meninos amanhã nos vamos começar pela letra
“I” de igreja.
Quando a professora
terminava de falar, uma sirene muito alta soou e as crianças saíram correndo da
sala de aula já formando uma fila na entrada do refeitório para o jantar as
18:00 horas, foi servido cachorro quente, Donizete adorava cachorro quente e
devorou o seu jantar e um outro menino que não gostava muito de salsicha,
estava deixando uma salsicha no prato, Donizete pega a salsicha do prato do menino que agradece e começa roer a pele da salsicha, saboreando e
deixando só o recheio por último e vai saindo pela porta, chegando perto do
padre que olha para a sua mão, ele enfia o resto na boca, lambe os dedos, como
quem quer dizer estava uma delícia, o padre balança a cabeça e dá de ombros.
Ele caminha em direção
do playground, onde algumas crianças brincavam no Gira-gira, ele se enturma e
começa a brincar com as crianças e ajuda a rodar bem rápido o gira- gira e eles
rodam bem rápido, mas muito rápido até ao ponto de uma das crianças não ter
força para se segurar e sair voando do gira-gira e se estatelando no chão e se
machuca, e um dos meninos mais velhos fala para ele.
— Vai levanta sem chora, porque se você chorar e
Freira vir aqui você vai apanhar.
O menino se levanta
rapidamente, mesmo com muita dor e todo ralado e vai se sentar na marquise dos
corredores das salas de aulas, onde alguns meninos assistiam o desenho do Vira- lata na televisão que ficava no final da
marquise e chora baixinha no meio dos meninos para que ninguém perceba que ele
estava chorando. Enquanto a televisão anunciava: “Todo problema
acabou o Vira-Lata chegou”.
Os meninos maiores
acompanham o menino com os olhos e dão de ombro e um deles vira para Donizete e
diz.
— Você é bastante forte para sua idade, nos
ajudou a empurrar muito forte, vem vamos mais uma vez e quem não conseguir se
segurar forte é melhor sair porque agora vamos empurrar mais forte ainda e não
vamos parar se alguém cair.
Eles começam a empurrar
o gira-gira forte e mais forte, cada vez mais forte até o ponto de não
conseguirem empurrar mais e todos se penduram no ferro mais alto e soltam as
suas pernas no ar gritando muito e ficam curtindo o corpo rodando com a ação da
força da gravidade, até que a velocidade diminuísse, eles riam muito, um dos
meninos dá uma ideia.
— Vamos lá na gaiola?
Todas as crianças se
calam e olham para a criança que disse aquilo.
— Você é louco? Diz um menino que tinha as
orelhas de abano.
— Uma
hora dessas, já está escuro e vocês sabem o que pode acontecer.
— Eu é que não vou lá a noite, nem ferrando. Diz
um menino gordinho que usava blusa listrada, que o deixava mais gorda do que já
era e assim mais algumas crianças retrucam.
— Nem eu.
— Muito menos eu.
Até que um dos meninos
da quarta série que era um dos maiores, fala:
— Vocês são uns Bunda moles, eu vou e vou
mostrar para vocês que não tenho medo de nada do que dizem que tem lá e você
vem comigo José e você também novato, você tem cara de que é corajoso, como é o
seu nome?
— Donizete.
— Coincidência o meu também é Donizete, aposto
que nós vamos nos dar muito bem chara, vem vamos e quem não for com a gente vai
ser chamado de medroso para sempre.
Donizete dá de ombros,
mas José que era um menino mirradinho estava morrendo de medo e mesmo assim ele
vai, e lá vão os três na frente com o restante atrás já querendo voltar ou
correr no primeiro barulho.
— A gaiola fica lá embaixo no pátio de baixo no
final dos degraus, perto da piscina onde deve de estar bem escuro.
— Porque os meninos estão com medo de ir nessa
gaiola, o que tem de mais lá?
— Eu vou te contar. Fala José morrendo de medo.
— Onde
fica essa gaiola é perto das piscinas, mas também é perto do fundo da cozinha,
onde as freiras matam os bichos, é um matadouro e é de onde elas levam as
carnes para preparar a nossa comida, lá elas matam galinha, porco e uma vez
elas mataram uma vaca e essa vaca foi a que deu origem a toda essa história,
que todo mundo tem medo.
— Mas porquê? Pergunta Donizete.
— Dizem que quando um dos Padres deu o golpe de
foice na vaca para cortar o seu pescoço, espirrou muito sangue, e um desse
espirrou de sangue atingiu a parede e o sangue que espirrou na parede, formou a
forma de uma mão, perfeita com todos os cincos dedos, tem até a forma certinha
do dedão com unha e tudo.
— Mas e
daí?
O que tem isso?
— Dizem que as vezes a noite eles escutam o
mugido dessa vaca e é quando essa mão sai da parede para se vingar, daqueles
que comeram dá sua carne e daqueles que profanam o lugar sagrado, que ela
considera que é onde a vaca morreu.
Donizete olha para José
e diz.
— Você não acredita nisso né?
Eles dessem os degraus
que dava acesso ao play ground inferior, anda na escuridão até a gaiola e se
penduram e brincam até que um dos meninos que trazia uma lanterna diz.
— Olha o que eu trouxe! E ele mostra uma
lanterna e acende e brinca com os flashes de luz e aponta para cima da gaiola e
grita.
— O que é aquilo?
— A Mao
Vermelha!!!! Grita José.
— É a Mao Vermelha mesmo.
— Onde? Pergunta Donizete.
— Ali, olha em cima da gaiola.
Donizete olha e agora
também vê e se assusta, começando a acreditar no que estava acontecendo e José
se agarra a ele. O Menino mais velho grita.
— Correm! Mas puxa o pé de Donizete que cai
porque José estava agarrado nele e bate com a cabeça e cai por cima do José que
fica gritando e chorando.
— Me solta, me solta!
E Donizete começa a
delirar e lembrar de quando havia caído no tumulo e como se estivessem sentindo
as lesmas andando por ele, ele desmaia.
As freiras escutando a
gritaria correm até onde eles estavam para ver o que estava acontecendo e o
socorrem levando os até a enfermaria.
Já na enfermaria,
Donizete desperta e se assusta e vai agarrando a freira que estava perto dele
dizendo:
— As Lesmas! — Calma menino, calma menino, foi só uma
brincadeira de mau gosto dos meninos mais velhos, não existe Mão Vermelha
nenhuma, era só uma “Luva Vermelha” que os meninos colocaram em cima da gaiola.
Donizete olha para a
Freira e suspira.
— Ufá! Que susto.
Donizete olha para a
cama ao lado e avista José deitado na cama ao seu lado e pergunta.
— E ele
o que aconteceu?
E a Freira responde.
— Ele estava mais em pânico do que você e
gritava que tinha Lesmas no corpo dele, que era castigo da mão vermelha e que
havia enviado todas aquelas lesmas que estavam por toda parte, tivemos que dar
um sedativo para ele relaxar e acredito que ele só vai acordar amanhã de manhã,
parece que o susto que os meninos pregaram em vocês foi bastante forte. Você
pode ir embora, se quiser, mas se sentir dor de cabeça ou tontura você procura
uma freira rapidamente. Donizete sai da Enfermaria e vai até a sala de
televisão e se senta em um quanto, estava passando Ultra Sevem na televisão,
era um dos seus programas prediletos e quando acabou o Ultra Sevem, começou a
passar Speed Racer. — Oba!! Speed Racer.
Speed Racer era o seu desenho predileto, mas assim que acaba a música de
abertura do desenho uma sirene soa, a mesma do intervalo das aulas e os meninos
começam a se levantarem e sair, Donizete ainda fica mais um pouco com outro
menino, que ficam vidrados na televisão até uma freira chegar e acabar com a
diversão deles desligando a televisão e dizendo. — Vamos, andam, vamos para a fila, está na hora
de ir para a cama, já se passaram cinco minutos das oito horas. Os meninos
formavam três filas e os meninos do quarto rosa sempre entravam primeiro, todos
comportados um atrás do outro depois os meninos do quarto branco, também
entravam comportados um ou outro fazendo uma gracinha e por último os do quarto
cinza, que pareciam um bando de loucos, gritando e fazendo muita zoeira,
parecia uma torcida de time de futebol, Donizete os acompanha, achando tudo
aquilo novo para ele e chega na sua cama de número quarenta e quatro e que
aquela cama seria a sua cama por um bom tempo, ele tira a sua toalha que estava
na cama e vê o número quarenta e quatro escrito bordado nela. — Quarenta e quatro em tudo. Tudo que pertencia
a ele estava com o número quarenta e quatro, tudo que pertencia a ele até o
saquinho de doces que a mãe dele havia deixado estava com o número quarenta e
quatro. A freira grita.
— vamos apagar as luzes em cinco minutos. E um
dos monitores do quarto que era um dos alunos mais velho, grita.
— Quem deitar por
último vai dormir no corredor junto com a mão vermelha. E todos riem, porque
todos já sabiam o que tinha acontecido com Donizete. Donizete se deita e as
luzes são apagadas.
Ele não tem um pingo de
sono e fica olhando para o teto, que tinha o pé direito bem alto, tinha mais ou
menos uns sete metros do teto ao chão, as janelas no fundo do quarto eram grande
e tinham um estilo românicas, (Arcos) e na parede de trás da cama do Donizete
havia uma saída para os banheiros. Donizete sente falta da sua mãe e quando ele
estava quase chorando ele escuta um chiado e de repente uma mão cutuca ele, ele
se assusta e procura pela mão que o cutucou, era Alfredo o mesmo menino que
ficou com ele na sala de Televisão até a freira desligar a tv, que pergunta
para ele. — Quer jogar xadrez? — Jogar Xadrez? Pergunta Donizete sem entender
nada. — Sim. Responde Alfredo. — Mas como? Eu não sei jogar Xadrez? Pergunta
Donizete. — Isso não tem importância a
gente pode jogar Dama e eu vou te ensinando as funções das peças de Xadrez, o
meu jogo de Xadrez é de imãs elas não caem fácil e as peças são redondas com os desenhos de
cada peça, o rei tem o desenho de uma coroa de rei, a rainha uma coroa de
rainha, o cavalo o desenho de um cavalo, o bispo desenho de um chapéu de bispo,
a torre um desenho de uma torre de castelo e os piões são as bolinhas, o
tabuleiro é vermelho em acrílico iluminado
por luzes internas e vai uma bateria embaixo e em cima das peças
ela refletem no escuro os seus desenhos
e dessa maneira a gente consegue visualizar no escuro e não precisamos das
luzes, eu sou o azul e você fica com o vermelho. — Mas
está muito escuro aqui eu acho que gente não vai conseguir. — Você não entendeu eu vou te mostrar. Alfredo
liga uma chave na lateral do tabuleiro que media mais ou menos uns dezoitos
centímetros e o tabuleiro fica todo iluminado. — Que legal! Exclama Donizete. — Isso é a coisa mais legal que vi até agora. Outras
crianças também conversavam e brincavam fazendo algazarra no quarto e o monitor
do quarto dá um grito. — Quietos, vão
dormir ou amanhã eu vou entregar vocês para a Madre superior. Todos tinham medo
da Madre superior e rapidamente se calam. — Espera um pouco agora, deixa ele dormir. Eles
esperam um pouco e Donizete fica observando o teto os seus olhos se adaptam com
o escuro e o quarto parece mais claro agora e o Alfredo aparece abaixado ao
lado da sua cama agora e diz. — Pronto
acho que agora nós podemos jogar, mas precisamos falar bem baixinho, para ele
não nos escutar, então funciona assim: O cavalo anda em “L”. — como assim em “L”. Pergunta Donizete. — Simples, você sempre anda quatro casas, mas
nunca pode ser reto, você tem sempre que virar para um dos lados, assim: você
conta a casa onde você está e conta mais a segunda casa, conta a terceira e a
quarta casa você tem que virar ou então você pode fazer ao contrário, contar a
primeira casa e virar o “L” e contar o restante das casas, o Bispo anda nas
linha inclinadas, o casa do rei nas linhas inclinadas das casado Rei que é a parte clara da pintura do xadrez do
tabuleiro e o Bispo da Rainha nas linhas inclinadas escura, as torres andam em
linhas retas tanto para frente como para os lados, a Rainha faz todos os
movimentos das outras peças, menos os movimentos do cavalo e o Rei anda para
todos os lados também , mas só que de casa em casa, ele só pode andar uma casa de
cada vez, mas não esqueça o rei é a principal peça do jogo, você tem sempre que
defender ele porque se você perder ele acaba o jogo e o que você tem que fazer
é atacar o rei do seu adversário, tentando dar um Xeque Mate nele. — Xeque Mate? Mas eu nem tenho conta no banco
para ter cheque e onde é que eu vou arrumar mate essas horas da noite? Até que
seria bom um chazinho de mate. Brinca Donizete. — Que piada mais besta Donizete e não se
preocupa, que você vai tomar o seu chá de mate amanhã cedo, as freiras sempre
servem mate no café da manhã, deixa eu continuar os peões são a linha de
frente, eles podem saírem de duas casas, mas depois só pode andar uma de cada
vez e você só pode comer a peça do adversário que estiver inclinado uma casa
próxima do seu peão na sua direito ou esquerda e caso você consiga chegar do
outro lado do tabuleiro do seu adversário você pode trocar o peão por qualquer
peça ou pegar uma peça sua de volta que o seu adversário tenha comido. Donizete
fica olhando para a cara do Alfredo que diz. — Você não entendeu nada né? Donizete faz que sim com a cabeça. — Você sabe jogar Dama? Donizete faz que
sim com a cabeça, então tá bom, vamos jogar Dama e eu vou te ensinado ao poucos
xadrez até você se familiarizar. — Ah só
mais uma coisa Donizete, com a sua piadinha eu esqueci de dizer: quando você
cerca o rei do seu adversário, você tem que dizer “Xeque Mate”. — Porque eu tenho que dizer isso? — É o que se
diz quando se cerca o seu adversário e ele não tem mais saída, é assim que você
se torna o vencedor do jogo.
— Vamos acordar! Gritavam e batiam na porta do
quarto as Freiras as 06:00 horas em ponto, era uma correria para o banheiro,
para escovar os dentes e lavarem o rosto, feito isso eles corriam para o
corredor para formarem a fila, para o refeitório para o café da manhã. E como sempre os meninos do quarto rosa saem
primeiro todos muito bem comportados, depois era a vez do quarto branco e por
último o quarto cinza dos bagunceiros e eles atravessam o corredor se agarrando
uns nos outros, empurrando um ao outro na escada as vezes chegando a machucar
um ao outro. Donizete levava com ele um carrinho de bate e bate de polícia, que
havia uma cabeça que ficava em cima do carrinho e girava quando o carrinho
andava e acendia luzes e uma sirene tocava. Um dos meninos toma o carrinho da
mão dele e o solta no corrimão da escada, o carrinho desliza pela pedra lisa e
se espatifa na parede. Donizete bate no menino que fez isso com o seu carrinho
e uma das freiras pega ele pela orelha e leva ele para o castigo. Que era ficar
de castigo ajoelhado no milho de cara para a parede, até que todos terminassem
de tomar o seu café da manhã e só depois que todos fossem embora para as salas
de aula ele poderia tomar o seu café da manhã e a freira o libera para se sentar
e tomar o seu café de manhã o mais rápido possível, porque ele também tinha que
ir para a sala de aula. Ele pica o pão no prato e joga o café com leite por
cima fazendo uma sopa de pão. Na porta da sala de aula a freira o apresenta a
professora e ele entra na sala de aula, era o seu primeiro dia de aula na parte
da manhã e o seu segundo dia de aula na vida. A professora pergunta a Donizete.
— Você sabe ler alguma coisa? Não eu só
conheço algumas letras do meu nome e que a letra ‘L’ que é como o cavalo anda
no jogo de xadrez. Algumas crianças dão risadas, pelo o que ele tinha falado,
que: O cavalo anda em forma de “L” e algumas delas não sabiam ao que ele estava
se referindo e que era do jogo de Xadrez e não um cavalo de verdade.
— Tá, tá bom chega meninos!
Peguem as suas
cartilhas.
E assim foi a rotina de
Donizete no colégio, estudava o dia inteiro, parava para uma pausa as dez,
depois voltava e ficava na sala de aula até meio dia, depois parava para o
almoço e retornava as 13:30 horas, para sala de aula, parava as 15:30 horas
para o lanche da tarde e retornava para a sala de aula e ficava até as 17:00
horas, ia para o banho, jantava e brincavam, assim foi a semana toda, porque
aos sábados e domingos eram livres para brincarem, mas no domingo só depois da
missa e um domingo sim e outro não a sua mãe vinha visita-lo e ela sempre trazia doces para ele comer, mas
ele tinha que comer antes da sua mãe ir embora, porque depois que a sua mãe ia
embora as freiras tomavam os doces de todas crianças, para dividir com as
outras crianças. Muitas vezes ele chegava a ficar doente porque a sua mãe ia
embora e ele queria ir com ela, não queria ficar ali sozinho e chorava e pedia.
— Por favor não me deixa aqui sozinho,
me leva com a senhora, eu prometo ser bonzinho. Mas isso não fazia diferença e
a sua mãe ia sempre embora sem olhar para trás até que ele se acostumou com
aquilo e com a solidão, uma solidão materna e paterna.
Nos sábados e domingos
que não era dia de visita as crianças brincavam na piscina do Internato, onde
haviam duas piscinas, uma eram bem grandes, ela começava rasa e terminava fundo
com aproximadamente cinco metros de profundidade, onde só as crianças que
sabiam nadar iam até lá, a outra piscina era uma piscina olímpica e tinha um
trampolim de cinco metros de altura, essa piscina era reservada para os padres
e professores. Com o passar do tempo, Donizete ia se adaptando e acostumando-se
com aquela rotina, ele fazia bastante amiguinhos, mas nem todos eram tão amigos
assim e muitas vezes se faziam de amigos para aprontar alguma com ele,
principalmente os mais velhos, que gostavam de judiar dos mais novos. Teve uma
vez que em uma dessas brincadeiras de mal gosto na piscina, um dos meninos mais
velho, fingiu que estava se afogando e gritava por socorro, Donizete
inocentemente pulou na água mesmo não sabendo nadar direito, para ajudar o
menino acreditando no pedido de socorro, assim que ele pulou, o menino se
agarrou nele e o arrastou para o fundo da piscina, outros meninos que estavam
mancomunados o seguraram no fundo da piscina deixando ele praticamente sem
folego, ele se debate e escapa por uns segundo e respira desesperado, mas os
meninos o puxam para baixo novamente segurando a sua cabeça não deixando ele
escapar dessa vez, Donizete já estava sem folego e o ar que ele tentou
recuperar foi muito pouco, o que faz com ele beba muita água e o faz perder os
sentidos, mas antes dele desmaiar, os flashes das lesmas do túmulo vem na sua
lembrança e rapidamente os meninos o soltam e tentam sair da piscina, Donizete
desmaia e uma mão o retira rapidamente do fundo da piscina, era o Padre
Domingos, que o coloca de costa no chão na lateral da piscina e faz massagem
peitoral para retirar a agua dos seus pulmões. Donizete despertar tossindo água
e vê o outro padre fazendo respiração boca a boca em um dos meninos mais velho
caído no chão, o padre tenta por diversas vezes e nada o garoto não respondia,
rapidamente os padres correm com o menino no colo para o ambulatório, o médico
rapidamente faz massagem em conjunto com o Padre que fazia a respiração boca a
boca e o menino despertar tossindo água e gritando.
— Lesmas!! E um dos padres fala.
— Lesmas?
— É as outras crianças disseram a mesma coisa de
que a piscina ficou toda cheia de lesmas, mas eu não vi nada quando resgatei os
dois meninos na piscina.
— E o outro menino está tudo bem com ele?
Pergunta o médico. — Sim ele se
recuperou rapidamente. Responde o padre Domingos. Donizete ainda tossia um
pouco por causa da água e ainda estava com o corpo mole e não conseguia se
levantar e sair da área da piscina, isso faz ele lembrar dos seus pesadelos que
ele tinha quando bebia muita água antes de dormir e vomitava na cama, toda a
água que ele bebia e essa lembrança o faz vomitar a água que ele bebeu da
piscina.
As crianças ainda
comentavam que tinham visto a piscina toda cheia de lesma, e depois sumiu, mas
não foram todas as crianças que viram só as que estavam tocando no Donizete,
tentando afoga-lo.
Os padres perguntavam
se todos tinham visto, mas só os meninos envolvidos no incidente tinham visto.
O padre pergunta para
Donizete.
— Você também viu as Lesmas? Donizete faz que
não balançando a cabeça em sinal de não. O padre pergunta.
— Você está bem?
— Quer ir para enfermaria?
Donizete faz que não
com a cabeça. É meu rapaz vai aprendendo existem crianças muito ruins. Donizete
percebe que realmente algumas crianças eram muito ruins e ele foi aprendendo a
se defender até mesmo dos garotos maiores, porque ele já havia apanhando tanto
de outros meninos maiores, que já não tinham mais medo.
Depois deste acontecido
na piscina ele estava brincando com o seu amigo Alfredo de bolinha de gude e um
dos menino maiores chegou e chutou as bolinhas, ele se levantou e deu um soco
certeiro no nariz deste menino, que fez com que o sangue jorrasse, que parecia
uma torneira de sangue e que para a falta de sorte do Donizete, o monitor Leão
viu ele batendo no menino, e do monitor Leão, Donizete tinha medo, aliás todos
os meninos tinham medo do Inspetor Leão, as crianças o chamavam assim porque
ele era muito bravo que ninguém tinha coragem de perguntar o seu verdadeiro
nome, ele era um homem grande gordo loiro e cabeludo o que fazia lembrar também
um juba de leão, ele sempre usava um chapéu atolado na cabeça, o que fazia os
seus cabelos levantarem como uma juba e ele também usava uma barba branca igual
a de um papai Noel, mas de papai Noel ele não tinha nada, pelo contrário ele
não parecia que falava, ele literalmente rosnava e em uma dessas rosnadas, ele pegou o Donizete pelo braço e deu-lhe um
beliscão no braço ,beliscão que parecia
que tinha sido feito por um alicate e no local onde o padre beliscava crescia
um carroço vermelho dolorido e além do beliscão ele pegou o Donizete pela
orelha e o outro menino que estava com o nariz sangrando, pela orelha também e
os levou até o lavabo do banheiro as crianças, outras crinaças vinham atraz
gritando, só para ver o que iria acontecer. O senhor Leão para em frente ao
bebedouro e o obriga o Donizete a lavar o sangue do nariz do menino com a mão.
E Donizete com nojo limpa o sangue do nariz menino, como ele já havia feito
algumas vezes, o bebedouro fica todo
vermelho com o sange do menino, e eles ficam ali até o nariz ser limpo por
completo, depois de limpo, o senhor Leão coloca os dois de castigo em pé no
meio do pátio embaixo do sol por um longo período e quando eles pensavam que o
castigo já estava bom, o senhor Leão chegava perto deles e dava mais um
beliscão, que parecia que doía na alma, chegava doer os ossos.
No colégio haviam duas
Araras azuis e uma vez Donizete estava admirando as por um longo período,
distraído e só olhando as s araras azuis , quando um grupo de meninos se
aproximou por traz dele e colocaram uma bola no chão e se afastaram
rapidamente, Donizete distraído não percebe nada e um dos meninos grita. — Ei !! Chuta a bola aí para a gente! Donizete
se vira e sem malícia, vai com toda vontade para chutar a bola; Ele dá um chute tão forte na bola e logo em
seguida se joga no chão dando um grito de dor. — Aii, meu pé!!! As crianças dão gargalhadas e
apontam para Donizete gritando. — Trouxa !!!!
Aquela bola não era uma
bola comum, era uma bola feita de concreto e pintada como se fosse uma bola
comum, alguém havia pintado os pentágonos pretos em uma bola de concreto, que a
deixou igualzinha a uma bola de verdade.
Donizete foi levado
para a enfermaria e teve o seu pé enfaixado e ficou com o pé assim por um longo
período. Quando o seu pé sarou a primeira coisa que ele fez, foi ir atrás do
menino que fez aquela brincadeira com ele, pega um pedaço de pau da cerca do
jardim e acerta um monte de pauladas no menino que gritava para parar, mas para
o azar do Donizete, a Freira chefe escuta os gritos do menino e corre ao
encontro do Donizete, que continuava dando pauladas no menino, ela o agarra e
toma o pau da sua mão e o arrasta pela orelha até a sala dela, ela tranca a
porta e apanha um pedaço de pau pendurado na parede, ela desencaixa o barbante
do prego e diz: — Estende a mão ! Donizete estende a mão e a
freira, lhe dá uma palmada, a madeira estrala. E a freira acrescenta. — Você
gosta de der pauladas nos outros ?
E o Donizete dá uma
gargalhada e diz.
— Não doí nada ! E dá mais gargalhadas. Ele já
havia tomado tantas palmatórias, que a sua mão já estava calejada e não sentia
mais dor. Aquilo irrita a Freira que defere vários golpes, que o barulho da
palmatória dava para ouvir lá de fora, estralava tão alto que chegava a fazer
eco.
Ele ria como se tivesse
possuído e dizia: Não dói nada. Aquilo deixa a Freira com muita raiva que bate
com mais força e bate de novo com mais força até a madeira quebrar, ela joga o
resto da madeira no chão e pega outra madeira na gaveta e dessa vez bate por
todo o corpo do Donizete, mas ela concentrava os golpes na bunda e na cabeça
dele, ele se agacha para se proteger dos golpes, até que ele percebe que a Freira,
estava parada olhando fixamente para a parede e começa a se debater e a gritar
.
— Tira
isso de mim!
— Tira!!Ai meu Deus !!A freira se debatia e
tentava sair, mas ela havia trancado a porta e tirado a chave, o que fez com
que ela entrasse ainda mais em pânico e cada vez mais gritava:
— Tira
essas Lemas de mim !!!!!a Freira se debatia tanto, que bate na parede e um
crucifixo pesado e grande que estava na parede, se solta e acerta a freira na
cabeça, que cai já sem vida, e todo o chão fica tomado de vermelho, tomado pelo
sangue da Freira que escorre por debaixo da porta, onde estavam um aglomerado
de pessoas que assistiam pelo vidro tudo o que acontecia, alguns padres
tentavam arrombar a porta e gritavam para o Donizete abrir a mesma, mas o
Donizete estava assustado e em uma espécie de Transe ou choque, ele não se mexia.
Na Pascoa a mãe do
Donizete veio lhe visitar e lhe trouxe um grande ovo de Pascoa, como ele sabia
que não iria conseguir comer todo aquele chocolate, então ele já estava
planejando onde ele iria esconder todo aquele chocolate, depois que a mãe dele
fosse embora, porque todas as guloseimas que as mães traziam para os seus filho
eram recolhidos pelas freiras depois que as mães iam embora, para serem
divididas entre todas as outras crianças.
Donizete não concordava
com aquilo e assim que a sua mãe saiu pelo portão e a Freira veio pegar o seu
doce, ele saiu correndo driblando as Freiras que tiveram que pedir ajuda para
as outras crianças, para ajuda-las a pega-lo, assim que conseguiram pega-lo a
nova Madre Superior veio na sua direção e pegou ele pela orelha, mas
rapidamente soltou e segurou no braço dele,
e o levou até a sua sala a mesma onde outrora havia acontecido o
acidente com a antiga Madre superior, o crucifixo havia sido retirado e no seu
lugar só havia a marca do crucifixo deixada pelo tempo na parede, a Freira mexe
em uma gaveta, Donizete já estava imaginado que ela iria retirar de lá um pedaço de madeira, mas
ao invés disso ela retira um grande pacote pesado e embrulhado e começa e
desembrulha-lo e fala com Donizete, que observava o que a Freira desembrulhava
e ele arregala os olhos ao perceber que se tratava de um grande ovo de pascoa,
dez vezes maior do que o dele, era um ovo de pascoa de cinco kg, e a freira que
terminava de desembrulhar vira para o Donizete e diz:
— Se
você me der o seu Ovo para eu poder dividir com as outras crianças e assim não
vamos arrumar confusão, e eu te dou um pedaço do meu, e ninguém precisa saber
que eu te dei, olha a grossura do meu ovo, um pedaço desse, (diz a freira
quebrando a grossa casca de chocolate) equivale a dois ovos do seu. Donizete
olha a para aquele pedaço de chocolate que mais parecia um pedaço de casca de
arvore , de tão grossa que era, e rapidamente concordando com a cabeça ele
entrega o seu ovo para a Freira e apanha o outro pedaço da mão dela.
A freira ri e fala:
— Eu te
quero bem , não se esqueça.
Na verdade a freira
estava cabreira e com um pouco de medo dele.
Depois que ele saiu da
sala parecia que ele tinha ganho na
loteria , com um sorriso no rosto, ele se senta no primeiro degrau da escadaria
que dava acesso as piscinas e saboreia aquele pedaço imenso de chocolate e ele
ri sozinho lembrando que, a Freira havia tentado puxar o seu cabelo e não havia
conseguido, porque ele não tinha cabelo para puxar, porque estava recém raspado
e por isso ela pegou na orelha dele e soltou rapidamente com medo. Ele desfaz o
sorriso e corre para o dormitório e esconde o resto do chocolate no seu armário
ao lado da sua cama.
Ele volta para o pátio
para brincar e vai até a quadra onde os meninos do terceiro jogavam bola, a
bola vem para o seu lado e um dos meninos grita.
— Joga a
bola ai!
Donizete reconhece o
menino, era um dos que o enganou, fazendo ele chutar a bola de concreto.
Donizete chuta a bola com muita força em direção ao menino do terceiro, a bola
de futebol de salão acerta o rosto do menino com tanta força, que o derruba no
chão, o menino do terceiro fica no chão um pouco com a mão no rosto, mas se
recupera rapidamente. Donizete percebe que o menino estava se levantando
rapidamente e corre dali, o menino corre atrás dele, Donizete corre o mais
rápido que pode para tentar escapar e sobe as escadas do corredor que dava
acesso aos dormitórios e no fundo da igreja, e se esconde debaixo da igreja. Os
meninos sobem a escada pensando que ele havia subido para os dormitórios.
Donizete fica ali quietinho e percebe dois homens carregando alguma coisa,
saindo pelo fundo da igreja, mas ele não consegue ver exatamente o que era, mas
ele consegue reconhecer o homens, um era o marceneiro e o outro era o professor
de estudo religiosos. Donizete acha aquilo muito suspeito e resolve seguir os
homens, para ver para onde eles estavam levando aquele volume que parecia ser
muito pesado. E com muito esforço e eles tentam colocar o volume no porta malas
do carro e o pano que cobria o volume, o descobre e aparece um brilho dourado
como de ouro e o pano cai por completo revelando o objeto. — É o
cofre do altar da igreja.
Sussurro um pouco alto
o Donizete, o que faz com que os homens reparem nele e pergunta para ele.
— O que
você quer aqui menino?
— Não tem nada para você aqui não , sai daqui!
O o professor cochicha
algo na orelha do marceneiro e olhando para o Donizete ele fala.
— Esse menino é aquele encrenqueiro, eu tive uma
ideia para despistarmos os seguranças e assim conseguimos sair sem que ninguém
perceba, está vendo aquela caminhonete velha, que não anda a anos.
— sim o que tem. Responde o marceneiro.
— Então
nos ateamos fogo nela e colocamos a culpa no menino.
— Boa
ideia!
Eles caminham até a caminhoneta velha e atea fogo, que se espalha rapidamente.
Donizete corre para
chamar alguém e ele encontra o padre Domingos.
— Padre,
padre, tem dois homens colocando fogo na camioneta abandonada.
— Onde
isso menino?
— No fundo da igreja, vamos logo. O padre o
acompanha até o local onde o fogo e a fumaça, já haviam tomado todo o local, os
corredores e tudo ao redor não se enxergava mais nada. Com isso os bandidos já
haviam se mandado e o fogo vai se alastrando, todos correm com baldes e
mangueiras de incêndio e tentam apagar o fogo, que já havia destruído toda a
camionete que queimou até o fim, eles molham tudo ao redor, as paredes retiram
coisas que poderiam alimentar ainda mais o fogo, coisas que poderiam ser
inflamável e assim evitam que o fogo se alastre.
A Caminhoneta fica ali
queimando por horas
Depois de um tempo os
bandidos retornam para o prédio e com uma cara de pau perguntando o que tinha
acontecido.
— Nossa
o que aconteceu aqui? E o Padre responde .
— Isso
que vocês estão vendo , essa caminhoneta pegando fogo até o fim ?
— Mas como ? faz de dissimulado o Professor.
— Só
Deus sabe. Responde o Padre.
— Eu vi
esse menino aqui antes de sair . aponta o professor para o Donizete.
— Donizete moleque atentado foi você? Pergunta o
Padre.
— Não
fui eu não padre, foram eles, eles estava roubando alguma coisa da igreja
levando para o carro e eu os vi, por isso eles fizeram isso, pode olhar o porta
mala do carro dele.
— Que
história absurda menino atentado, você acha o professor iria fazer uma coisa
dessa. Fala o Padre.
— Esse
menino tá maluco, primeiro põe fogo no carro e agora inventa essa história. Diz
o professor caminhando até o carro e abre mostrando o porta malas.
— Olha
aqui! Não tem nada, viu . O Padre olha só para conferir e confirma balançando a
cabeça.
— Você
já descarregaram o carro em outro lugar. Grita o Donizete.
— Menino
não inventa história e não fica querendo colocar a culpa em outras pessoas,
pela sua maluquice que você fez.
— Mas
não fui eu padre.
O padre olha bravo para
ele e diz. Você vai pagar pelos seus atos , para aprender a assumir
responsabilidade, vai ficar de castigo por vários dias. Até assumir o seu erro
e contar a verdade.
O Padre pede para outro
menino ir buscar milho na cozinha.
— Você
vai ficar de joelho no milho, vai ser uma de suas penitências, porque depois
que o fogo esfriar, você também vai limpar toda essa bagunça.
O outro menino volta
com o milho.
O Padre espalha o milho
em um canto e manda o Donizete se ajoelhar no milho e diz.
— Você
vai ficar ai até contar a verdade.
Ele fica ali ajoelhado
por um tempo sem falar nada, passado um tempo o Padre manda um dos coroinhas ir
buscar ele.
— Então resolveu contar a verdade?
— Eu juro padre que não fui eu, estou falando a
verdade.
— Não jure em falso,
não use o nome de Deus em vão, isso é
pecado.
Donizete ainda tenta
argumentar e lembra do cofre, mas quando ele aponta para o altar onde estava o
cofre, o cofre estava lá, ele fica sem entender coça a cabeça e vira para o
padre que o observava com um olhar de decepção e indignação.
— O que
tem o cofre? O cofre ainda está aqui, você ainda vai querer insistir nessa
história, você vai ficar de joelho no milho aqui dentro da igreja e só vai sair
depois de rezar em voz alta cem Pai nosso, Cem Ave Maria, para aliviar um pouco
o seu pecado.
O Padre sai e deixa ele
ali rezando, ele fica ali rezando até tarde da noite. O padre retorna e
pergunta. — Terminou ? — Terminei. — Muito bem, agora vai direto para o seu
dormitório. Ele se levanta com o joelho todo marcado do milho, reclama um pouco
da dor, estica o corpo para trás e antes de sair ele olha novamente para o
altar , não acreditando que cofre ainda estava lá e sai sem entender o que
havia acontecido, como o cofre ainda
estava lá, depois de ter visto os bandidos carregando-o.
Ele entra no
dormitório e todos já estavam dormindo,
estava tudo escuro, ele anda no escuro até a sua cama e se deita, der repente
um monte de garotos aparecem na sua cama fazendo perguntas.
— Foi
você que colocou fogo na caminhoneta? Todos riem.
— Não,
não fui eu não.
— Tudo
bem , pode falar a verdade para nós, graças a você e essa loucura, nós não
tivemos aula hoje e depois da educação física, todas as aulas foram suspensas. —
Valeu!!
Donizete tenta dizer
mais uma vez, que não foi ele, para o menino no escuro , que ele não sabia bem
quem era, porque não conseguia ver o rosto dele.
Mas ele deixa pra lá e
se vira para tentar dormir. Os garotos voltam para as suas camas.
— Só o
Alfredo que se aproxima e pergunta .
— Você
está bem ? — Posso fazer alguma coisa
por você ? — Quer jogar Xadrez?
E o Donizete responde.
— Não hoje não amigo, eu só quero dormir, os
meus joelhos estão doendo muito, parece que tem alfinetes enfiados neles.
Alfredo balança a
cabeça no escuro e volta para a sua cama.
Capitulo 9.
Donizete desperta com os gritos das Freiras.
— Vamos levantar! — Vamos levanta!
A mesma correria de
sempre, como se nada tivesse acontecido.
Donizete sai do
dormitório após escovar os dentes entra na fila para o refeitório e todos
estava olhando para ele como se ele fosse um extraterrestre e foi assim por
toda manhã.
O menino do terceiro
que havia levado uma bolada na cara do Donizete vai até ele.
Donizete se assusta e o
menino fala.
— Calma
não vou te bater não, só quero te agradecer pelo o que você fez ontem, tó toma
esse guaraná como gratidão.
— Donizete sem desconfiar de nada pega o guaraná
da mão do menino e dá uma golada e logo em seguida ele cospe. — Ah! — O
que é isso?
Aquilo não era guaraná
era urina os meninos haviam mijado dentro da latinha de guaraná e enganavam os
meninos dizendo que era guaraná.
O menino do terceiro e
seus amigos, dão risadas que gargalhavam
e diz.
— Pronto
agora estamos quites.
Donizete corre para o
bebedouro para lavar a boca, ele enxagua a boca diversas vezes, mas parecia que
aquele gosto amargo não saia da boca dele. Ele vai até uma das Freiras e conta
o que tinha acontecido, mas a Freira o ignora, então ele se isola e fica quieto
em um canto até a hora da janta e depois vai para a cama.
— Vamos
jogar Xadrez hoje Donizete?
— Hoje
não, não estou me sentindo muito bem Alfredo, acho que vou tentar dormir.
No dia seguinte as
Freiras vão até ao quarto como de costume e acordam as crianças, mas Donizete
não se levanta. A Freira caminha até a cama dele e grita e bate com a régua nele. —
— Levanta vagabundo
preguiçosos, anda levanta!
A Freira o chacoalha e
manda ele se levantar, quando a Freira coloca a mão nele, ela constata que ele
estava quente e queimando em febre.
— Ele está queimando em febre, vamos ter que
levar ele para a enfermaria, elas o pegam no colo e o levam até a enfermaria,
na enfermaria o médico examina ele e dá o diagnostico.
— Esta
criança está com Sarampo, ele precisa ficar isolado das outras crianças, tem
que ficar isolado se possível ele tem que ficar em casa, não pode ficar no
colégio por uns tempos é contagioso.
— Chamem
a mãe dele e avisa ela que ela tem que vir buscar ele! Fala a Madre superior.
Depois de algumas horas
a mãe do Donizete aparece na enfermaria junto com um homem grande e forte que o
pega no colo e o leva para um carro
parado na saída do colégio.
Chegando na casa da sua
tia Olga, que não estava gostando nada da ideia dele voltar para a casa dela,
ela abre a porta e diz.
— Coloca
ele na cama. Ela coloca a mão nele.
— Nosso
esse menino está queimando em febre, eu nunca vi Sarampo dar febre desse jeito,
esse está muito doente, deve de estar com outra doença.
— O
médico disse que ele está medicado, por mais algumas horas , depois pode dar
mais algumas gotas de novalgina para ele.
Aquela noite Donizete
Suou a noite inteira com febre, tinha alucinações e dizia que as paredes
estavam cheias de lesmas, e que havia um homem e duas crianças ao sue lado
chamando ele para sair e brincar, ele gemeu a noite inteira até pegar no sono
profundamente.
O Barão dono das terras
ajuda ele a subir no cavalo e depois ajuda a sua filha, o menino já estava
montado em um cavalo branco, os observava enquanto esperava. — vamos cavalgar pelos campos floridos, hoje o
dia está muito bonito para cavalgar . dizia o menino para o Donizete. Ele não
sabia cavalgar direito e estava com medo. — Esse cavalo é mansinho, ele é muito bonzinho
ele não vai te derrubar. Dizia a menina para ele. O Barão sai em disparada e o
seu filho o acompanha, Donizete e a menina ficam para trás só observando eles
se distanciarem, o Barão ganha a corrido e do alto da colina ele empina o
cavalo, como em um filme do zorro e acena para eles.
— Meu
pai é exibido. Diz a menina para o Donizete, que responde para ela .
— É bem
legal , eu achei muito legal, parecia o zorro. Ele olha para o lado e o menino
voltava, agora ele estava usando um chapéu que era um guaxinim igual do filme
Daniel Boom, o menino voltava todo sorridente e dá um pulo do cavalo fazendo
golpes de Kung Fu, agora ele parecia o personagem do seriado Kung fu, o Barão
do alto da colina dá um grito igual do Tarzan e ele estava vestindo um sunga
igual a do Tarzan e depois de soltar o grito do Tarzan ele corre e pula da
colina que tinha se transformado em uma arvore alta e o chão havia se
transformado em um lago, o barão atravessa o lago a nado até ele, e quando ele
sai do lago um chimpanzé estava ao seu lado, a menina que estava ao seu lado,
fala alguma coisa, ele se vira para ela .—
O que você falou? — Essa música que parece um relógio está muito
alto e não consigo te ouvir, esse tic — tac— tic— tac.
— Experimenta
a menina estava vestida de Ultraseven.
— Experimentar o que ?
— Que
personagem você gosta?
— Eu
gosto de vários, gosto do vira— lata. E
der repente ele se transforma no vira— lata, ele se assusta e acha engraçado.— Eu
gosto do Gato Félix. Ele se transforma no gato Félix. — Viu
você pode ser o que você quiser. Diz a
menina.
— Eu
quero ser o speed Racer . E ele se transforma no Speed Racer e o
cavalo se transforma no carro Match cinco, ele entra no carro de corrido e
corre como Speed Racer, a menina se
transforma no irmão caçula do Speed Racer e entra no carro com ele, o Irmão
dela se transforma em outro corredor e o Barão se transforma no Corredor — x , eles apostam corrida e
música do relógio fica mais rápida, tic—
tac— tic— tac— tic— tac— tic— tac até cruzar linha de chegada onde Barão se transforma no Fantomas e vira um
esqueleto com capa, Donizete se transforma no Rintitin a menina na Lasie e o
menino no Benge, os três se transforma nos cachorros das series e perseguem o
Barão, Donizete alcança ele e morde o osso da canela dele, der repente os seus
ossos caem no chão e a menina também vira esqueleto e o menino também, Donizete
está com um osso humano na boca, dentro de uma cabana, onde haviam dois esqueletos
e agora do lado de fora o Barão estava na forma de um esqueleto e montava um
cavalo de esqueleto também, o chão da cabana estava forrado de lesmas
amontoadas. Ele acorda assustado .
— Acordou a Margarida? Diz a sua tia Olga.
— Onde
estou ?
— Você
está na minha casa, você dormiu por dois dias direto, deixou todo mundo
preocupado, você quer alguma coisa? — Está com fome?
— Está
tudo escuro.
— É
porque ainda são 04:00 horas da madrugada, você quer alguma coisa? Se não vou
voltar a dormir .
Donizete faz que não
com a cabeça e se deita, o silêncio tomava conta do quarto é quebrado pelo
barulho do relógio. Tic, tac, tic, tac, tic, tac.
Uma voz sussurra no seu
ouvido, ele se assusta e procura de onde
veio aquela voz, verifica se a sua tia já estava dormindo. — É não
foi ela, ela já está até roncando.
A voz sussurra
novamente e agora ele entende o que a voz dizia: “Muro, Muro” ele se levanta e
sai pela porta da cozinha, caminha até o muro do quintal que fazia divisa com o
cemitério. O muro estava tomado pelas lesmas , que estavam muito agitadas, ele
coloca a mão nelas e elas o carregam até o topo do muro onde a voz ficou mais
auditiva, ele não estava com medo, sentia que podia confiar naquela voz,
bruscamente ele sente um tranco no corpo que o arremessa longe do muro, jogando
— o no jardim do quintal desmaiado. A
dona Zulmira sai na porta da cozinha procurando pelo Donizete, como ela não
havia encontrado ele na cama e encontra a porta da cozinha aberta e o encontra inconsciente no meio do jardin.
A sua mãe grita pela irmã, para que ela a ajude carregar ele para dentro da
casa, elas o carregam para dentro da casa e quando ela o deita na cama, percebe
que na sua testa havia uma mancha, como se alguma coisa o havia queimado, ela
passa a mão para limpar. — Ah não é nada
é só sujeira. Ufá que susto , eu não vou trabalhar hoje de novo e vou ficar
aqui com ele, cuidando dele o dia inteiro, mas porque ele estava no quintal.
A irmã balança a cabeça
não sabendo uma resposta para a pergunta da sua irmã, mas comenta.
— hoje de madrugada ele despertou por volta das
04:00 horas , eu perguntei se ele queria alguma coisa ele disse que não, então
voltei dormir e só acordei agora com os seus gritos.
— Estranho, será que ele saiu e desmaiou no
jardim , só pode ter sido isso.
Dona Zulmira falta no
serviço, para não ficar com peso na consciência e faz todas as vontades dele, o
paparica e é muito carinhosa com ele durante todo o dia.
Anoitece e sobre a
música do relógio, todos tem uma noite tranquila .
Capítulo X
Na manhã seguinte.
Sua mãe o beija e
abraça ele e diz:
— Se
comporta e obedece a sua tia, que hoje eu tenho que ir trabalhar sem falta, se
eu faltar mais um dia, ele vão me mandar embora.
Donizete faz que sim
com a cabeça e acompanha a sua mãe até o portão, ela o beija novamente e daí
para a rua. Ele fica olhando até ela sair da viela.
Quando ele olha para
trás a sua tia o observava, ela estava usando um lenço, que encobria os bobs
enrolados no seu cabelo, presos com grampos. Ela dá uma tragada no cigarro de
palha e a luz da brasa do cigarro ilumina o seu rosto, destacando a verruga
preta em cima da sua boca.
— Vem cá
menino!
— vamos conversar, senta aqui na varanda com a
tia. Ela se senta em uma cadeira de balanço e os cachorros se deitam ao seu
lado, Donizete se aproxima e senta no degrau da varanda e a sua tia pergunta
para ele.
— você
gosta da casa da tia.
— Antes
eu tinha medo daqui, tinha medo, da boneca que a senhora coloca em cima da
cama, tinha medo do barulho do relógio despertador, medo dos cachorros e
principalmente, tinha medo por ser do lado do cemitério, mas agora eu gosto
daqui, tem alguma coisa que me faz muito bem.
— Você
tinha medo porque fica ao lado do cemitério?
você tem que ter medo dos vivos e não dos mortos.
— Não é
só por isso não, eu não sei se a senhora lembra? Mas quando eu era criança eu
vi um fantasma aqui , a senhora não se lembra disso?
— Para
de besteira menino, lá vem você de novo com essa história, você estava
sonhando.
— Não
era sonho não, a senhora mesma disse que o antigo dono dessa casa, se matou
enforcado lá na lavanderia.
— Isso
realmente aconteceu, porém não tem nada a ver com o que você acha que viu?
— A
senhora fala isso porque não foi com a senhora, eu me lembro como se fosse
ontem e eu tinha dois anos de idade, quase três. Eu estava no meu berço
brincando e o meu pai e a minha mãe, dormiam na cama ao lado, der repente
surgiu um homem ao lado do meu berço, ele era todo colorido e se aproximou de
mim, ficou me olhando por um tempo e der repente ele abriu a boca bem grande e
me atacou, mas eu dei um soco nele e a minha mão entrou pela boca dele e ele
sumiu e foi ai , que eu me assustei, pulei do meu berço e acabei caindo de cara
no chão e me machuquei e ficou essa cicatriz em cima do meu nariz, o resto a
senhora já sabe.
— Onde
já se viu, até parece que você iria se lembrar disso tudo, assim com tantos
detalhes daquele dia.
— O que
você teve foi um pesadelo e achou que aquilo fosse real.
Donizete coça a cabe e
olha para a sua tia que o chama para entrar.
— Vem eu
tenho que preparar o almoço e para não perder você de vista, fica aqui no sofá
assistindo desenho. A sua tia liga a televisão que demora um pouco para
aparecer a imagem, porque a televisão era de válvulas e tinha que esquentar um
pouco para aparecer a imagem.
Capítulo XI
A Imagem aparece e a
sua tia coloca no desenho do Pica Pau.
— Isso
deixa ai tia, obrigado.
Ela o deixa ali
assistindo o desenho e vai para a cozinha preparar o almoço.
Donizete assistia o
desenho vidrado e começa a escutar uma voz sussurrar, ele imagina que aquela
voz vinha do chiado da televisão e ignora, mas a voz sussurra novamente e ele
começa procurar de onde vinha aquela voz, vai até a cozinha olha para a sua tia
que estava ouvindo música no seu radinho e imagina.
— Acho que é o rádio dela. mas assim que ele se
vira a voz sussurra mais forte, e ele percebe que a voz vinha do lado de fora
da casa, ele sai pela porta da cozinha e assim que ele chega no quintal e
avista um alinha de pipa caída no quintal, ele pega a linha e começa a puxar e
sente que tinha alguma coisa na linha, a linha estava passando por cima da rede
elétrica, pelo fio de alta tensão que passava em frente a saída da viela da
casa da sua tia, ele vai acompanhando a linha até o portão, ele abre o portão e
vai chegando, cada vez mais perto do fio de alta tensão da rua.
Quando ele fica bem
perto do fio, o mesmo menino da outra vez, aparece e toma a linha da mão dele.
— Me dá
aqui essa linha, agora esse pipa vai ser meu, vai ficar no lugar daquele que
você pegou. O menino começa a puxar a
linha e nada do pipa sair e os fios começam a balançar, cada vez que o menino
puxava a linha para o pipa sair, os fios balançavam .
— É eu acho que não vai sair não, vou ter que
laçar com laça gato com uma pedra amarrada em outra linha, vou usar essa linha
de pesca que é mais forte e puxar com força. O menino amarra um pedra na ponta
da linha de pesca, que era mais forte, e arremessa a pedra em direção do pipa
enrolado no fio e começa a puxar, até quase arrebentar o fio de alta tensão,
ele balança o fio com tanta força que encosta um fio no outro que dá um estouro
na rua deixando algumas casa sem força. A Tia do Donizete escuta o barulho e o
seu radio parou de funcionar, ela procura pelo Donizete na sala e percebe que
ele não estava lá , ela sai para o quintal e vê o portão aberto e corre atrás
dele, ela o avista na calçada.
— Menino!
— O que você está fazendo na rua, entra já!
Donizete dá de ombros
para ela.
— Ah !!
— Espera só que você vai ver uma coisa. Ela arranca
três folhas do vaso de Espada de São Jorge e vai na direção dele.
Quando a tia dele se
aproxima, ele corre e se esquiva da tentativa dela de acertar ele com a folha
de espada de são Jorge. Os cachorros saem do quintal também e avançam no
Donizete, que tentava chutar eles. A sua
tia vira para o outro menino que estava puxando o fio e diz:
— Você
de novo? Me dá essa linha aqui e some daqui!
O menino não solta a
linha e a tia Olga puxa a linha com força para arrebentar a linha mas o que
arrebenta é o fio de alta tensão, que se solta do poste e desce chicoteando,
soltando faísca para todo , eram faíscas
de 2000 volts , e a sua Tia tenta correr, mas quando ela se vira o chão a sua
frente está tomado por lesmas, ela se assusta e dá um passo para trás e uma das
chicoteadas acerta ela e paralelamente acerta o menino também que estava
encostado nela e ainda segurando a linha junto com ela e os dois são
eletrocutados, os corpos dos dois vibravam com a força da energia, os cachorros
vendo o fio balançando avançam no fio e ficam grudados também, a força do
choque era tão forte, que os bobs da cabeça da tia Olga, começam a ser lançados como fogos de artifícios, um por um
e o cabelo dela ficou todo em pé e um cheiro de queimado ficou no ar e os corpos começaram a pegar fogo. Neste
exato momento o segurança do cemitério que passava na rua do outro lado da
calçada, vê aquela cena e avista o Donizete muito perto do perigo, ele corre em
direção dela para salva-lo, quando o segurança dá dois passos na rua uma moto que
descia em alta velocidade o atropela, o corpo do segurança sai voando alto e o
motoqueiro cai e sai arrastando pelo asfalta e atrás dele vinha a moto rodando
pela rua e quando o corpo do motoqueiro parou, mas a moto que vinha atrás o
acertou com força. Donizete acompanhava com os olhos aquela cena do
atropelamento, volta a colocar os olhos na sua tia, que agora estava escura
como carvão, o corpo dela estava carbonizado colado com o corpo do menino e os
cachorros também já estavam todos queimados, estavam pretos, der repente o
transformador do poste explode abando assim de vez com a energia elétrica, e o
corpo da tia e do menino caem carbonizados no chão. As pessoas correm para
tentar socorrer ainda , mas não tinha mais o que fazer, outras pessoas corriam
para tentar socorrer o segurança e o motoqueiro, as pessoas levantam o
motoqueiro, que pelo fato de estar bem equipado, teve só algumas escoriações,
mas quando as pessoas se aproximam do segurança, constatam que também não tinha
mais o que fazer, ele estava morto, o para lama da moto havia feito um corte
muito profundo na sua cabeça, que dava para ver o cérebro , através do corte, o
estranho é que não saía nenhum sangue pela ferida branca.
Capitulo XII
No enterro da sua tia
Olga, todos choravam e naquele mesmo cemitério, três corpos eram enterrados,
Tia Olga, O menino e o segurança.
Mas de tudo aquilo, o
estranho era que todos estavam sendo enterrados na região onde eles viviam., a
Tia Olga o cemitério era praticamente no quintal dela, porque o muro do cemitério
fazia divisa com a casa dela, o menino tinha o cemitério como o quintal da sua casa também, estava o tempo
todo no cemitério, ora brincando de esconde- esconde, polícia e ladrão ou
empinando pipa e o segurança, o
cemitério era a sua segunda casa ele mais vivia ali do que na sua própria casa,
porque era o seu trabalho e todos se conheciam, o segurança sempre deseja bom
dia para a tia Olga, as vezes bom dia e boa tarde, na ida e na volta do
trabalho, o menino e o segurança eram
velhos conhecidos, aquele menino estava o tempo todo aprontando no cemitério,
hora pegando resto de vela para fazer tocha de balão ou pegando crânios, para
vender para roqueiros, que curtiam esses tipos de coisas e o segurança vivia
pegando ele no flagrante e o levando para os seus pais, para resolver aquela
situação, teve uma ocasião, que a família estava desenterrando o seu ente
querido, e o menino estava no meio como se fosse da família, o coveiro retirava
os restos mortais e os ossos do caixão todo podre enquanto eles conversavam
como ele havia morrido e no comentário feito pela mãe do defunto, que havia
morrido por traumatismo Craniano, o coveira retira a cabeça do caixão e mostra para a família,
eles pediram para ele virar a cabeça e atrás tinha uma rachadura e a mãe do defunto
comenta: “Foi por aqui que ele morreu, ele caiu com essa parte da cabeça para
trás e rachou o crânio bem aqui atrás” o menino viu aquela rachadura e achou
interessante para vender para os roqueiros e ficou ali no meio da família e até
fez uma pergunta, como se não quisesse nada: “E depois do senhor fazer esse
serviço, o senhor consegue comer normalmente” e o coveiro respondeu para ele
“Sim como normalmente , se tivesse uma maionese aqui agora eu a comeria”
respondeu o coveiro retirando uma costela e colocando no saco de ossos.
O menino esperou a
família ir embora e tentou pegar aquele Crânio, mas para o azar dele o coveiro
havia avisado o segurança que o menino estava lá e o segurança ficou só de
longe observando e esperando ele tentar fazer alguma coisa e dito e feito,
quando o menino tentou sair do cemitério com o crânio em uma sacola o segurança
pegou ele pelo braço e o levou até os seus pais, que ficaram horrorizados com
aquela situação. O menino e o coveira eram velhos conhecidos devido a essas peraltices
dele.
As primas do Donizete
choravam muito no velório da mãe, na sala do velório ao lado escutava
— se os gritos da mãe do menino, na sala do
velório do segurança, haviam poucas pessoas, eram mais os funcionários do
cemitério que estava velando o corpo do amigo de trabalho, porque ele não tinha
família.
O caixão da tia Olga
estava lacrada, por causa das condições que o corpo se encontrava, e o caixão
usado para o enterro dela, foi um caixão de criança, porque o corpo dela estava
pequeno por ter sido eletrocutado, o que facilitou o serviço dos coveiros, que
não precisaram de corda para descer o corpo na cova, porque estava muito leve e
assim o enterro foi rápido. Donizete estava agarrada na mão da sua mãe, que
chorava muito e eles observavam os coveiros terminarem o serviço colocando
cimento nos tijolos lacrando a sepultura, assim que os coveiros terminam, as
pessoas vão saindo uma por uma, dona Zulmira se vira e vai saindo também de mão
dada com o Donizete, eles caminham vagarosamente até que o Donizete escuta
aquela voz sussurrar no seu ouvido, ele olha para a mãe, para ver se ela também
havia escutado, a sua mãe o olha com lagrimas nos olhos sem entender nada e dá
de ombros, um vento forte arranca o lenço da cabeça dela e leva para longe.
— Eu pego
para a senhora mamãe. Ele solta da mão da mãe e a sua mãe grita.
— Donizete! Querendo segurar ele.
Ele corre pelos espaços
entre os túmulos até pegar o lenço, quando ele levanta o lenço toma um susto,
haviam várias lesmas embaixo do lenço e ele reconhece a cova que estava a sua
frente, era a mesma cova que ele havia caída dentro dela, a tampa já estava
consertada, e nas fotos do tumulo, lá estavam a família do barão em pequenas
fotos separadas, A foto do barão, da sua
esposa, do seu filho, da filha e também tinha ali a foto de outros parentes,
que foram enterrados na mesma cova, as lesmas entram na cova, Donizete as
observa entrarem na cova até que a sua mãe o chama.
Capitulo XIII
Dona Zulmira avisa
Donizete na recepção do Colégio interno.
— Agora eu
preciso que você se comporte, porque eu não tenho mais com quem te deixar.
Donizete confirma
balançando a cabeça, a sua mãe lhe dá um beijo na testa e o entrega para
freira, que o leva para o corredor.
Ele chega no pátio do
colégio e é abordado por um monte de crianças que perceberam que ele chegou
carregando uma sacola cheia de doces e ele tenta fugir indo de um lado para o
outro, mas a molecada continuava indo atrás dele até que a Freira superior
interfere e pega a sacola dele .
— Deixa
a sacola comigo que eu vou dividir com as outras crianças .
A Freira pega a sacola
da mão do Donizete e acaba com a festa, ela o leva para sua sala e fecha a
porta.
Donizete olha a porta
fechada e dá de ombros, as crianças se dispersam e a freira começa o seu
sermão.
— Espero
que você esteja melhor de saúde e de comportamento, não quero ver você
envolvido em confusão, o Padre Domingos, quer que eu vigie você de perto, não
quer que eu te perca de vista por nenhum minuto, então o que eu te peso é que
não faça nada errado que eu vou estar no seu encalce, ou você prefere o Sr.
Leão?
Donizete passa a mão no
braço, só lembrando dos beliscões, e balança a cabeça em sinal de reprovação.
A Freira abe a porta e
ele caminha até o seu quarto para deixar a sua mala no armário ele se deita um
pouco para relaxar e adormece, ele
acorda já está tudo escuro, as crianças a sua volta já dormiam, ele sente uma
sede muito forte e vai no banheiro beber água da torneira do banheiro, ele
estava com muita cede e bebe muita água, mas parecia que a sua cede não passava
e assim ele bebe mais água e fica com a barriga bem cheia e volta para a cama,
ele tenta dormir, mas se sente enjoado e dá ânsia de vomito, ele corre para o
banheiro e vomita só água.
Ele pensa: — Puxa
vida será que vou ficar doente de novo, o pior foi o que aminha mãe me avisou,
ela não tem mais com quem me deixar, vou ter que fingir que estou bem, não
posso deixar que ninguém perceba e assim ele fica num vai vem do banheiro a
noite toda, sem deixar que alguém perceba.
Na manhã seguinte ele
acorda com um dor de cabeça e estava uma falação no quarto as crianças estavam
excitadas, era o dia que antecedia o dia das crianças e nesse dia a comunidade
e as empresas e instituições se uniam e faziam uma grande festa no Colégio, as
crianças adoravam, eles levavam brinquedos, pacotes de doces. A festa acontecia
no período da manhã até a hora do almoço, como o feriado era só no dia
seguinte, eles tinham que ter aula no período da tarde. Donizete fica encantado
com tantos doce e brinquedos que até melhora, ele se encanta com tantas pessoas
e faz amizade com uma menina chamada Ana, ela era linda Loirinha de olhos
azuis, parecia uma anjinha, ele fica encantado com ela, eles brincam muito, se
divertem dão muitas risadas. A Ana era filha de um dos coordenadores da festa e
por esse motivo ela estava lá, mas o tempo passa rápido e logo depois do
almoço eles tiveram que se separar e o
Donizete vai para sala de aula.
Ele se despede dela com
muito pesar. — Agora tenho que ir para
aula, a minha sala é aquela de numero quatro, antes de você ir embora passa na
porta para me dar um tchau.
— Tá bom
eu vou e ainda vou pedir para a professora deixar eu falar com você, quem sabe
ela deixa né.
— Legal
, faz isso!
Ele entra na sala todo
esperançoso comendo os últimos docinhos que estava dentro de um saquinho de
papel, ele se senta na carteira de costa para a porta e não a vê a professora
chegando, ele limpa a mão suja de açúcar enche o saco de papel com ar como se
fosse uma bexiga e o estoura, batendo com a outra mão. Boom!! A professora se
assusta.
— O que
é isso menino? — nem bem voltou e já
está aprontando, já pro castigo, anda fica de cara para a parede atrás da
porta. E a professora pega ele pela orelha e o coloca atrás da porta, que
estava entre aberta e deixava assim um fresta entre a porta e parede e por essa
fresta ele avista a Ana se aproximar da sala de aula.
— Psiu!!
Ana , aqui !
— O que
você está fazendo ai?
— Estou
de castigo.
A professora escuta a
conversa deles.
— Com
quem você está conversando ai?
A professora abre a
porta totalmente e se depara com a Ana, que estava junta com uma outra menina.
— O que
você quer menina?
— Eu
posso me despedir do Donizete professora?
— Ou posso falar com ele.
— Não,
não pode, ele está de castigo e você não
fica ai cochichando com ele, porque está atrapalhando a minha aula, ou vou
pedir para ir chamar o teu pai .
A professora fecha
totalmente a porta, fechando a fresta do canto da parede, mas fica uma pequena
fissura entre a porta e a parede e por essa abertura, Donizete ainda conseguia
ver um olho azul olhando para ele e ela fala baixinho para ele.
— Tchau
amiguinho, espero um dia te encontrar novamente, um beijo.
Donizete pisca e manda
um beijo que estrala e a professora escuta e o puxa para colocar ele do outro
lado da sala, mas antes da professora puxar ele, ele ainda conseguiu ver a Ana
mandando um beijo para ele assoprando. A professora coloca ele do lado oposto
da sala e ele fica ali com a imagem da Ana te mandando um beijo.
A aula acaba e a
professora o dispensa do castigo e quando ele se vira, havia uma das freiras na
porta da sala, e em todas salas havia uma freira na porta e elas pedem que
saíssem todos em fila e que entregasse os sacos de doces ou o que sobrou, para
que elas guardassem.
Quando chega a vez do
Donizete a freira pergunta.
— Cadê o
seu saco de doce?
— Eu
comi tudo.
Ele olha para a
professora que levanta o saco estourado da mesa dela.
A freira balança a
cabeça e o deixa sair.
Ele sai rápido na
esperança de encontrar a Ana e corre até o portão principal, mas já era tarde,
e ela já havia ido embora, ele volta para junto das outras crianças, que
caminhavam em fila para o refeitório, para o chá da tarde. Ele caminhava como se estivesse nas nuvens,
ele achava que ela era um anjo e ficava recordando o beijo soprado.
Capitulo XIV
Quando der repente ele
é subitamente empurrado por um menino negro, que estava junto de mais quatro
meninos.
— Por
causa de você nós não conseguimos fugir no dia do incêndio, os Padres e as
freiras ficaram nos vigiando o tempo todo, é só dava para fugir aquele dia, já
estava tudo planejado, estava tudo certo para fugirmos pela floresta da Mão
Vermelha.
Os meninos chamavam
assim uma pequena reserva de arvores que tinha atrás do colégio, porque para
chegar nela, tinha que passar pela parede sagrada, onde havia a mancha de
sangue que parecia com uma mão.
— Pela
floresta da mão vermelha? Pergunta o Donizete.
— É pela
floresta da mão vermelha. Responde o menino.
— Mas
vocês não tem medo? Pergunta o Donizete.
— Medo? —
Não me faça rir, essa história da mão
vermelha é só para os otários como você.
E o Menino dá um soco
no Donizete, dois meninos seguram o Donizete e o menino negro que era mais
velho que ele, ele era da terceira série e o Donizete ainda era da primeira
série.
Agora para recompensar
essa mancada, você vai ter que fazer troca a troca comigo. Diz o menino.
— Troca
- troca, mas eu não quero trocar nada com você. Diz o Donizete.
Os meninos dão risada.
— Muito
engraçado, hoje à noite você vai me encontrar no final das escadas, depois que
todo mundo estiver dormindo.
Os meninos soltam ele e
ele passa a mão no nariz, para limpar o sangue e usa a gola da camisa para
limpar o resto. Donizete entra no refeitório procurando pelo Alfredo, que
estava no segundo ano e sabia mais das coisas do que ele, ele o encontra
sentado em um canto do refeitório, se aproxima dele e diz.
— Preciso falar com você.
Alfredo olha para
ele e diz .
— Pode
falar.
— O que
é troca-troca? Pergunta ele sem malícia.
Os meninos que estavam
sentados na mesma mesa que eles dão risada e o Alfredo ri também e diz.
— Porque
você está perguntando isso?
Donizete percebendo que
todos ouviam a conversa e riram quando ele falou troca-troca.
— Deixa
depois a gente conversa.
Ele pega a sua caneca
plástica cheia de chá e meia dúzia de bolachas
e volta para a mesa do Alfredo, que agora só estava ele e mais um
menino, que já estava saindo.
Donizete se senta
ajeita o seu chá e as suas bolachas .
O Alfredo estava
olhando para ele dando risada, quando o outro menino já estava bem longe.
— Então
Alfredo o que é fazer troca-troca?
Alfredo dá risada de
novo e pergunta.
— Mas
porque você quer saber?
Donizete conta toda a
história para ele e o sorriso do rosto
do Alfredo desaparece.
— Aquele
menino da terceira série ?
Donizete confirma
balançando a cabeça.
— Tinha
que ser ele. Afirma o Alfredo e explica
par ao Donizete o que era troca- troca.
— Troca -troca
é quando dois meninos se beijam.
— Faz o
que? — Que nojo!!
— Mas
não é só beijo, eles também faz igual o que o seu pai faz com a sua mãe.
— Como
assim ?
Você não sabe, o que os
seus país fazem quando ficam sem roupa e
começam a se esfregar um no outro.
Vem na lembrança do
Donizete, uma vez que ele escutou um barulho no quarto dos seus pais e
parecia que a sua mãe estava chorando, mas não era choro era mais para um
gemido, e ele espiou pelo buraco da fechadura e viu a sua mãe de bruços e o pai dele se esfregando nela e cada vez que o pai dele se esfregava mais
forte nela, mais ela chorava mais alto, fazendo aquele barulho estranho,
parecia uma gata miando.
— Ah
então é isso? — Credo que nojo!!
Alfredo fica olhando
para o Donizete rindo muito e lembra de mais um detalhe.
— Ah tive
uma ideia, no troca— troca começa
primeiro quem ganha no par ou impar, ou..
— Ou o
que?
— Ou no
cara e coroa.
— E daí?
— E daí
que eu tenho uma moeda no meu kit de mágico que funciona da seguinte maneira,
elas são de ima com os polos negativo e positivo.
— Ah?
— Ou
seja, quando elas estão separadas são moedas comuns, com cara e coroa, mas
quando juntadas a moeda pode ficar com duas caras ou duas coroas.
— E daí?
— Como e
daí ? É simples tudo o que você tem que fazer e ganhar no cara e coroa,
juntando as moedas sem que o menino do terceiro veja e escolha o lado que você
deixar para fora, assim você começa primeiro na posição do papai e podemos ganhar tempo para dar um susto nele
ou avisar o inspetor Leão, que tem alguns meninos fora da cama e você sai
ileso, vocês tem que ficar bem debaixo da escada, na ponta, quando você avistar
a lanterna do seu Leão, como você vai estar por cima, você consegue fugir
fácil, porque até o outro menino levantar e vestir a roupa dele o Leão já o
pegou , como você vai estar na saída do corredor da parede da mão vermelha.
— No
corredor da mão vermelha de madrugada, não inventa, nem a pau Juvenal.
— É
coisa rápida, fecha os olhos e sobe as escadas que dá acesso aos quartos
correndo, tá bom medroso?
Donizete balança a
cabeça dizendo que sim, mas foi um sim meio que dizendo não.
Os dois saem do
refeitório e sobem em direção da sala de televisão, quando eles passam pelo
Gira— gira, o menino do terceiro aponta
para o Donizete e para o relógio do pulso, sinalizando para que ele não esqueça
da hora e diz.
— Não
esquece hoje você tem um compromisso comigo.
— Alfredo como você sabia que era esse menino?
— ele
vive fazendo isso, ele já tentou comigo também e eu escapei, por isso tive essa
ideia para te ajudar, eu também estava na primeira série na época e ele na
segunda, ele me abordou e disse que me daria uma surra se eu não fizesse isso
com ele, então nos marcamos de se encontrar atrás da escada da quadra , e foi
nesse dia que eu fiquei sabendo o que era fazer troca— troca, e havia um menino que não sabia também
o que era fazer troca— troca e este
menino queria um brinquedo meu, eu disse para ele, você vai no meu lugar e eu te dou o meu brinquedo que você
quer, se a troca que ele quiser fazer, for melhor, você pode trocar com o
brinquedo que eu vou te dar. E como o menino queria muito aquele carrinho e não
sabia o que era ele foi no meu lugar, na manhã seguinte esse menino apareceu
sangrando na bunda, tiveram que levar ele para enfermaria, e o menino do
terceiro, que na época era do segundo ficou um mês sem visita, foi só ai que eu
entendi o que era isso e que não era nada bom, eu achei estranho ter que fazer
um troca escondido de madrugada e eu tinha muito medo de sair de madrugada pelo
colégio e isso me salvou, era para ser eu naquele dia e descobri que isso não
era nada bom dessa maneira.
Donizete fica pensativo
e depois de assistirem alguns desenhos, já estava na hora da janta e eles retornam para o refeitório e depois de
jantar eles subiram para o quarto para pegar a moeda.
— Eu vou
te ensinar como funciona a moeda e te
ensinar para não fazer errado esse lado que tem o relevo é a cara, e parte lisa
é a coroa, tudo o que você tem que fazer e disfarçar a atenção dele para a mão
que você vai jogar a moeda, enquanto ele se distrai, você prepara a outra com a
outra mão tateando, e depois para a moeda desgrudar caso ele queira ver o outro
lado é só empurrar esse pequeno pino no meio da cara, está vendo bem discreto,
você também sente com o tato, entendeu?
— Entendi .
— Então
treina.
Donizete treina, várias
vezes e enquanto isso eles ficam ali conversando, até que as crianças começam a
chegar no quarto para dormirem.
— Está
chegando a hora. Diz o Alfredo.
Eles se deitam como de
costume e esperam o horário.
De Madrugada no horário
combinado Donizete se levanta e vai até a cama do Alfredo.
— Vamos
Alfredo!
— É
vamos lá Donizete.
Donizete espia pela
porta o corredor para ver se o inspetor Leão estava por ali, fazendo o turno
dele, ele verifica.
— Tudo
limpo vamos !
Alfredo vai logo atrás
dele até a ponta da escada para esperar a hora certa de avisar o inspetor Leão.
Donizete Desce as
escadas até o final e toma um susto com um vulto que estava no escuro.
— Aqui,
estou aqui.
Pelo fato do menino ser
negro, só se enxergava os dentes e o branco dos olhos dele no escuro, parecia
que estava camuflado.
O menino vem para a luz
da escada na direção dele e diz.
— Perfeito, agora nós temos que tirar par ou
ímpar para ver quem começa.
— Não
vamos no cara e coroa, eu tenho uma moeda.
— Mas ai
está muito escuro não dá para ver nada.
— Vem
mais para cima, sobe mais um degrau aqui vem aqui na luz da escada, aqui tem um
pouco mais de luz e dá para ver a moeda.
O menino sobe no degrau onde estava mais claro.
Donizete pega moeda e
mostra para o menino e pergunta para ele.
— O que
você quer?
— Cara ou Coroa?
— Quero
coroa. Diz o menino
— Ok.
Donizete estende o
braço esquerdo se preparando para jogar a moeda, ele coloca a mão direita atrás
da costa, tateando para sentir o relevo da moeda, se o relevo mais alto estava
dos dois lados, ficando assim cara de ambos os lados da moeda, conferido que
estava tudo certo, Donizete joga a moeda para o alto rodando a pega e a bate no
antebraço esquerdo.
— Cara!
— Eu ganhei, eu começo.
Donizete puxa a moeda
do braço já apertando o pino no meio da cara da moeda e as separa,
segurando uma com a mão direita e a
outra com a mão esquerda separando-as.
— Deixa
eu ver essa moeda. Fala o menino.
Donizete mostra a dá
mão esquerda e coloca a da mão direita no bolso, o menino confere a moeda e
constata que a moeda tinha coroa e cara e concordando com a cabeça ele fala.
— Tá
certo você ganhou.
Donizete dando um
sorriso amarelo, levanta a sobrancelha e diz uma palavra monossilábica.
— É.
— Então
vamos, vem aqui embaixo dessa escada, você
começa.
— Essa
não, vamos na outra, lá ninguém vai nos escutar.
Eles caminham até a
outra escada e o Donizete dá uma verificada entre os vãos da escada para
conferir se o Alfredo estava lá e sinaliza a para ele, que era a hora de chamar
o Inspetor Leão.
O Alfredo bate no
quarto do inspetor Leão, que abre a porta na primeira batida.
— O que
você quer?
— Eu
acho que alguns meninos saíram do quarto.
— como ?
— Eu fui
no banheiro e vi dois vultos descer pela escada da Cozinha, tomei um susto
achando que era
fantasma.
— Que
fantasma o que menino, isso não existe, deixa eu ir verificar isso, na escada
da cozinha né?
Alfredo balança a
cabeça dizendo que sim.
O menino entra debaixo
da escada e o Donizete logo atrás.
— Aqui
está bom.
— Não
vem mais para a ponta, que daqui eu consigo vigiar.
Diz ele planejando a
sua fuga.
O menino abaixa a calça
do pijama e se deita de bruços no chão.
Donizete fica olhando
até que o menino replica.
— Você
vai, ou não vai?
Donizete abaixa a calça
e se deita em cima do menino sem fazer nada, não fazia nada só ficava ali
parado enconchando a bunda do menino, só esperando o aviso do Alfredo .
O menino retruca .
— Chega
agora é a minha vez.
— Ainda
não, fiquei pouco tempo, quero mais tempo.
Donizete enrola o
menino até a hora que aparece a luz da lanterna do inspetor Leão no final da
outra escada, ele se levanta já puxando a calça rápido, mas sem deixar o menino
perceber.
O menino diz.
— Pronto
agora é a minha vez.
Quando o menino vai se
levantar o inspetor dá um grito .
— Quem
está ai?
Donizete rapidamente
sobe a escada correndo deixando o menino lá despreparado, que tenta correr com
as calças arreadas e cai ele tenta se levantar e vestir a calça, mas o Inspetor entra no corredor e
coloca o facho de luz da lanterna no menino que tentava se levantar, e sai
correndo tentando levantar a calça.
O Inspetor Leão
focaliza a o flash de luz na bunda do menino e identifica que se tratava de um
menino negro, que correu para a escuridão.
Donizete sobe correndo
todos os lances de escadas até chegar no corredor que dava acesso aos quartos,
ele tenta ser o mais rápido possível e não fazer barulho, porque no quarto
branco e rosa, sempre ficava um freira para cuidar deles, mas na verdade eles
ficavam ali para proteger esses meninos dos meninos do quarto cinza, que era
vigiado pelo Inspetor Leão, mas eles revezavam e quando isso acontecia, elas
ficavam responsável pelo quarto cinza também e naquela noite antes do Inspetor
Leão descer para verificar quem estava fora da cama, deixou as Freiras em
alerta e o Donizete percebe uma das Freiras na porta do quarto rosa, ele estava
de costa, então ele vai pelo canto da parede até a porta do quarto cinza e
tenta abrir a porta sem fazer barulho, ele a abre sem fazer barulho mas na hora
de fechar a porta bate, ele pensa rápido e em vez de ir para a cama dele ele
vai para o banheiro para disfarçar espera um pouco e aperta a válvula da
descarga para disfarçar que estava usando o banheiro, lava as mãos o rosto e
sai do banheiro, ele dá de frente com a Freira, que estava na porta do quarto
rosa .
— O que
você está fazendo fora da cama?
— Nada,
eu só vim no banheiro.
— Então
volta para a sua cama, que parece que tem alguns garotos estão fora da cama.
Ele caminha até a sua
cama se deita e faz sinal de OK para o Alfredo, que também já estava na sua
cama.
A Freira sai do quarto
e os dois dão risadas, mas não se levantam para conversar.
Capitulo XV
Na manhã seguinte,
todos dormem um pouco além do horário de costume, como era feriado, eles não
iriam ter aula, por causa do feriado do dia das crianças e da Nossa Senhora de
Aparecida.
Todas as crianças
formavam a fila na saída dos quartos para o refeitório e o inspetores
procuravam pelo menino negro, que não havia voltado para a sua cama e até
aquele momento ninguém havia conseguido encontra-lo.
O Inspetor Leão havia
flagrado ele fora da cama na noite passada e sabia que era ele, porque ele era
o único menino negro do quarto cinza e quem
ele havia visto embaixo das escadas era um menino negro.
O Inspetor Leão estava
nervoso querendo encontrar ele.
Todas as crianças
descem para o refeitório, para tomarem o café da manhã .
O Inspetor Leão e as
Freiras procuravam pelo menino que até aquele momento não havia parecido.
Todos estava acomodados
nas mesas tomando os seus desjejum, uma Freira entra gritando e chorando.
— Ele
está morto, o menino morto está morto.
As Freiras a abraçam e
algumas crianças saem correndo para ver o que estava acontecendo, quando elas
chegam na arquibancada de onde dava para ver a piscina, eles avistam o corpo do
menino negro pelado boiando na piscina.
As crianças começam a
se agrupar ali na arquibancada, até que as Freiras os tiram dali para que não
vejam aquela cena. Os padres tiram o corpo do menino da piscina e quando eles o
colocam no chão lateral da piscina, do seu corpo começa a sair lemas da sua
boca e do seu anus dele. As crianças são
dispensadas para o outro lado do colégio e a polícia é chamada para investigar
o que estava acontecendo. A polícia chega investiga tudo anota tudo, tiram
fotos e o IML é chamado para levar o corpo do menino, conforme eles iam
transportando o corpo até uma gaveta de zinco, lesmas iam caindo pelo chão,
eles colocam o corpo do menino na gaveta, onde já havia algumas lesmas se
debatendo para sair da gaveta.
A polícia leva o corpo
do menino embora e as crianças estavam todos agitados, as Freiras tentavam
distraí-los, para que não ficassem traumatizados com aquela cena e levam todos
para a igreja, para rezarem, eles rezam até a hora do almoço.
Np almoço foi servido
espaguete com salsicha, o preferido do Donizete que estava muito tranquilo; ele
se senta junto do Alfredo para tentar conversar, sobre o que poderia ter
acontecido com o menino, mas eles não conseguem conversar porque a mesa estava cheia
de outras crianças e eles iriam demorar para saírem da mesa.
Donizete come a
macarronada dele e deixa a salsicha por último, para ele comer do ela do jeito
que ele gostava de comer, comia primeiro a casca deixando o recheio por último.
Aquele dia como era dia
das crianças e da Nossa Senhora de aparecida, as Freiras haviam preparados uma
sobremesa especial para eles, haviam feito saquinhos com doces que eles haviam
apreendidos e separado igualmente, os doces eram colocados nas mesas em
potinhos.
Quando a Freira coloca
o doce do Donizete na sua frente ela percebe que no pote de doces do Alfredo
havia mais doce que no dele e era os doces que a Freira havia aprendido dele
outro dia e pede para que o Alfredo não comesse aqueles doces e que trocasse com ele de potinho, Alfredo
vendo que o pote do Donizete tinha um doce que ele gostava, troca com ele.
Donizete pega o seu pote se levanta e vai na direção do menino que havia dado
urina para ele beber. Quando ele chega perto do menino ele finge que a tropeça
e derruba todos os seus doces no pote do menino que tinha dado urina para ele,
o menino o empurra e diz.
— sai
fora que agora esses doces são todos meus, quem mandou você derrubar aqui na
minha mesa, vai sai fora. Donizete pega o seu pote vazio e o coloca para lavar
e sai do refeitório, Alfredo vinha logo atrás enchendo a mão com o s doces e o
deixa para levar também.
Já fora do refeitório
no pátio, Donizete e o Alfredo conversam .
— O que
será que aconteceu com o menino ontem? — Quem será que fez aquilo com ele? Diz o
Alfredo.
— Eu não
sei, eu fiz como nós combinamos, no momento que o Inspetor Leão apareceu corri
pelas escadas e fui direto para o quarto e fiquei esperando para ver o que iria
acontecer e fiquei esperando o menino aparecer, para dar a desculpa que nós
combinamos, mas ele não aparecia, então eu pensei que o Inspetor Leão tinha
colocado ele de castigo em outro lugar .
— É mas
o castigo dele foi bem ruim, você viu que coisa horrível? ´
É foi horrível mesmo.
Capitulo XVI
A conversa dos dois é
interrompida, porque as freiras estava gritando pedindo ajuda, porque tinha
alguma crianças passando mal, as crianças gritavam de dor na barriga, e
gritavam e cada vez mais crianças reclamavam de dor na barriga , algumas
vomitavam e as Freiras corriam com eles para o ambulatório, algumas andando
outras sendo carregadas pelas freiras, depois alguns foram encaminhados para o hospital enquanto alguns
conforme vomitavam melhoravam, outro ficaram em um estado crítico, no hospital
as Freiras descobrem que as crianças foram envenenadas com naftalina.
— Mas como essas crianças enjeriram naftalina?
Pergunta a Freira chefe para uma noviça, enquanto outra freira trazia na mão
pedaços de algumas bolinhas coloridas que as crianças haviam vomitado e outras
ainda inteiras e entrega para a Freira
superior.
A Freira pega a bolinha
ainda inteira na mão e a examina e ela
conclui.
— Isto e uma bolinha de naftalina envolvida com
uma camada de açúcar colorido, onde vocês encontraram isso?
— Encontramos no refeitório, uma das crianças
cuspiu isso reclamando que tinha um gosto horrível, depois que ela mordeu,
dizendo que tinha um gosto de comida de rato e cuspiu no chão do refeitório, a
Freira Maria ainda brigou com ele, porque ele tinha cuspido no chão, ainda bem
que ele cuspiu a tempo, se não tivesse cuspido, poderia ter mais uma criança
passando mal.
A Freira olha novamente
aquelas bolinhas e pensa com os seus fios de cabelos.
— HUNN,
eu acho que sei quem foi quem trouxe isso, mas antes que algo mais aconteça,
pede para esvaziarem as piscinas, já tivemos muitos acidentes aqui hoje e não
quero mais nenhuma surpresa, assim espero e todo cuidado é pouco.
Nesse exato momento
outra Freira entra correndo na sala da Freira Superior dizendo que alguém havia
colocado fogo na fenda da grande árvore do pátio.
— Meus
Deus o que falta acontecer aqui hoje? Diz a Madre superior.
Elas correm para o
pátio onde o inspetor Leão tentava apagar o fogo, com extintor e as crianças
ajudando ele com baldes de água e assim eles conseguiram apagar o fogo, mas o
fogo já havia feito um grande estrago no tronco da árvore, na fenda onde as
crianças sempre colocavam bolas de papéis e foi justamente por onde o fogo se
propagou afetando a estrutura daquela árvore de quase 100 anos e vinte metros
de altura e quase dois metros de largura.
O Seu João examina a
árvore e conclui.
— Não
tem jeito, vamos ter que derrubar esta árvore, ela está perigosa e pode cair a
qualquer momento.
— Mas
como vamos fazer isso, sem que ela caia por cima das salas de aula ou para o
lado da recepção. Pergunta a Madre superior.
— O que
temos que fazer, é amarrar uma corda bem forte nela, na parte alta e a puxamos
para o outro lado enquanto uma pessoa
especializada usa uma serra elétrica cortando do lado que ela tem que cair, fazendo
um “V” deitado, a corda serve para garantir que ela caia para o lado certo.
— Manda
chamar o Marceneiro e peça para que ele traga a Serra elétrica e providenciem
uma corda forte e grande . Ordena a Madre superior.
O Marceneiro aparece
com a serra elétrica e as Freiras chegam com alguns homens carregando uma
grande corda, dois homens sobem na árvore e amarram o mais alto que podem.
Depois que os homens descem o Marceneiro começa a cortar a árvore tirando
pedaços em forma de “V”, e os Homens começas a puxar a árvore, mas a árvore nem
se mexe, então a Madre superior pede para que as crianças ajudassem os homens a
puxarem, quase 100 crianças se juntam com os homens e começam a puxar, eles
puxam com tanta força que a corda se arrebenta e as crianças e cinco adultos,
caem uns por cima dos outros, todos se levantam rindo, eles medem as cordas,
que ainda dava três vezes o tamanho da
árvore e amarram novamente a corda, agora em duas cordas e mais crianças vem para ajudar a puxar .
Donizete entra no meio
dos meninos da segunda turma para ajudar, mas ele vem bagunçando e o Inspetor
Leão dá um beliscão nele , Donizete grita de dor e fica olhando para o
inspetor, que organizava as crianças, para que eles não se machucassem.
Donizete entra na fila
da corda para puxar com uma cara brava.
O Marceneiro corta mais
um pedaço da árvore e a Madre superior estava ao lado da árvore gritando para
que puxassem.
— Puxem
!!
— Puxem !!!
O Marceneiro forçava
mais um pouco a serra que atinge a parte afetada, a árvore estala e começa a
cair no momento que o Donizete olha para o inspetor Leão que olha no olho dele
e começa gritar.
— Tira
isso de mim, tira isso de mim!! Tira essas lesmas de mim .
Ele começa a se debater
e vai em direção onde a árvore estava caindo, a árvore vinha caindo rapidamente
para um lado, mas ela muda um pouco a sua direção, a madre superior Vê o
Inspetor Leão na direção onde a árvore estava caindo e gritava e corre na
direção dele. Os galhos da árvore já começavam a tocar o chão e a Madre
superior coloca a mão na cabeça para se proteger e der repente ela sente um
tranco que a jogou fora do raio de onde a árvore estava caindo, a irmã Maria
havia empurrado ela, mas ela mesmo não consegue escapar, a árvore cai com tanta
força no chão, que estremece tudo e esmaga o inspetor Leão e a Freira Maria
como se fossem papéis, as pessoas tentavam ver o que tinha acontecido , mas os
galhos cobriam todo o pátio e ninguém sabia o que tinha acontecido.
A Madre superior grita
por socorro e o Marceneiro e alguns homens correm para socorre-la, eles a
socorrem e procuram pela Freira Maria e pelo inspetor e percebem que eles não
tiveram a mesma sorte era tarde demais.
Um dos professores
alerta.
— Precisamos chamar os bombeiros e a polícia.
O professor da primeira
serie se prontifica em ir chamar a polícia e os bombeiros, porque com a queda
da árvore, na queda rompeu todos os cabos de telefone e alguns de energia que
passavam por ali. Eu vou pegar a minha moto e vou até o orelhão mais próximo,
ele caminha até o estacionamento, monta na sua moto, coloca o capacete e
acelera a moto em direção do portão de saída, mas ele não percebe um linha de
pipa que estava esticada ali, a linha tinha cortante (Mistura de vidro e cola
passado na linha) der repente o seu capacete escurece, com lesmas aparecem na
sua viseira e sem enxergar nada ele vai em direção da linha que que esta na altura do seu pescoço acelerando
a moto na direção da linha e quando ele
consegue limpar a viseira e vê a linha, já era tarde a linha corre pelo
seu capacete em direção ao seu pescoço
cortando a sua jugular, a moto se desgoverna
e bate na coluna do portão da saída da igreja do colégio e o sangue da
veia do pescoço do professor expirava como um chafariz de jardim, o seu sangue
expirava, igual o sangue da vaca que as freira matavam no corredor da mão
vermelha, algumas pessoas escutam o barulho da moto batendo e correm para ver o
que tinha acontecido e encontram o
professor agonizando e o sangue jorrando já perdia força diminuindo, por
coincidência ou não, na parede tinha uma mancha de sangue que parecia uma mão.
Capitulo XVII
O Padre Domingos
rapidamente corre para o seu Landau, estaciona o carro ao lado do corpo do
Professor e com a ajuda das Freiras, colocam o professor no banco de traz na
esperança de conseguir salva-lo, duas freiras vão atrás com o professor e o
outra Freira no banco da frente junto com o Padre Domingos que acelera o carro
em direção a saída, mas o carro engasga e para
entre as duas colunas do portão da saída, o motor do carro apaga e
desesperado o Padre tentava dar a partida no carro, por diversas vezes, e
aquele barulho do motor de arranque tentando girar o motor, nhã, nhã, nhã e isso se repete diversas vezes , der repente
a Freira que estava no banco da frente comenta.
— Para
de afogar o carro, que já está cheirando gasolina, está um cheiro muito forte.
As Freiras do banco de
trás olham pelo vidro e percebem que algo estava escorrendo pelo chão e estava saindo do carro e elas gritam.
— É
gasolina! Gritam as Freiras em couro.
— Vamos
saem do carro! Diz o Padre, mas as portas não se abriam, não tinha espaço
suficiente entre as colunas, a parede e o carro suficiente para a porta abrir,
o Carro era muito largo e estava entre as duas colunas a parede e o do portão
da saída, que estava aberto para dentro.
— Não
consigo sair, a porta não abre. Grita o Padre já nervoso.
— Fogo!!
Gritam as Freiras em coro novamente do Banco de trás.
— Está
vindo pelo rastro da gasolina. Agora grita só uma delas em pânico.
— Eu não
quero morrer!! Grita a outra, mas antes dela terminar a frase, o fogo alcança o
tanque daquele carro que tinha capacidade para mais de 100 litros de gasolina,
mas já estava quase na reserva e o que
tinha mais no tanque, era gás de gasolina, transformando assim o carro em uma
bomba e quando o fogo atinge o tanque, o carro explode tão forte que a laje da
saída e as colunas, caem em cima do carro, a explosão foi tão forte, que o
Padre, as Freiras não sentiram nem dor, foi muito rápido.
O colégio ficava em uma
estrada um pouco afastado da comunidade e ninguém percebe a explosão ou a
fumaça, o carro pega fogo até o fim , queimando o padre e a chave do portão
central da saída da secretária do colégio, que derrete com o calor e deixando assim todos presos dentro do
colégio, as duas saídas estava lacradas, uma pelo carro em chamas e a outra uma
porta de aço trancada e sem chave e a única cópia uma estava com o Padre
domingos e a outra no pescoço da Freira do banco da frente.
E o Pânico foi
inevitável, as crianças choravam, dizendo que não queria morrer, os homens que
estava ali ajudando não sabiam o que fazer, e as Freiras tentavam acalmar as
pessoas.
Capítulo XVIII
Depois de horas as
Freiras conseguem controlar a situação já estava escurecendo, as crianças
estava mais calam e jantavam e em seguida eram encaminhadas para as suas camas.
Alfredo cutuca o
Donizete e diz.
— Estou
com medo.
— calma
meu amigo, nada vai te acontecer.
Donizete acalma o amigo
e pede para ele se deitar e descansar.
Passados algumas horas,
alguns meninos tentavam fugir pela floresta da Mão Vermelha, usavam um pau
apoiado na parede da piscina para pular o muro para o outro lado da floresta,
assim achavam as crianças, que aquela mata era uma floresta, mas na verdade era
um sítio particular do Sr. Maneco, onde haviam
várias plantações e um imenso galinheiro onde alguns anos atrás andaram
roubando ovos e algumas galinhas e depois disso ele colocou alguns cães de
guarda, para proteger as suas galinhas, os cães de guarda eram quatro
Dobermann, que ao perceberem o barulho que vinha do muro do lado do colégio,
correram para lá e atacaram os meninos que haviam pulado, pegando os de
surpresa, um dos Dobermann ataca um dos meninos que vinha na frente no pescoço
dando um bote certeiro e os outros cachorros mordem pelo corpo do menino e logo
em seguida atacam o resto dos outros meninos, que tentavam fugir pulando o muro
de volta, um dos meninos não consegue subir no muro tenta fugir correndo para o
outro lado, para o muro que dava acesso para a rua, mas o muro era muito alto
para pular, ele tenta alcançar um poste de luz para tentar descer por ele e
tenta alcança-lo, mas ele é surpreendido por um dos cachorros que o ataca e o
derruba do muro, caindo ele e o
cachorro, sobre o fio de alta tensão, eletrocutando o menino e o cachorro e a energia da região é derrubada pela
explosão do transformador, deixando toda a região no escuro e deixando a
situação dentro do colégio mais complicada.
Os garotos que tentaram
fugir voltam para o Colégio e ficam sem saber o que fazer, procurando alguém
que os ajudasse ou para avisar o que
tinha acontecido com os outros meninos que ficaram no sítio, mas as Freiras
estavam incapacitadas de fazer alguma coisa, trancadas dentro do colégio, sem
chave e agora sem luz, então eles ficaram ali ao redor da piscina vazia,
tentando decidir o que fazer.
Para as outras crianças
a madrugada estava silenciosa e elas dormiam tranquilamente como se nada
estivesse acontecendo, mas logo cedo os meninos que não conseguiram fugir entra
no quarto procurando uma das Freiras gritando e dizendo que mais duas crianças
haviam morrido, tentando fugir pela floresta da mão vermelha, as Freiras o
cercam e pede para que eles se acalmassem e conta-se para elas a história, dês
do começo e pedindo para que eles se
sentarem em uma das camas que estava vazia.
Nós estávamos tentando
sair pela floresta da mão vermelha e o muro do outro lado é muito alto, nos
improvisamos uma madeira e conseguimos pular para o outro lado do muro nós e
mais dois meninos da terceira série, só que para subir de volta um tinha que
segurar a madeira em baixo para ela não escorregar, para os primeiros foi fácil
haviam dois segurando, mas quando o quarto terminou de subir no muro a madeira
escorregou e eu não consegui mais subir porque não tinha ninguém para segurar a
madeira para mim, então eu fiquei do lado de cá e foi quando eu dei graças a
Deus por ter ficado do lado de cá, porque do outro lado do muro cachorros
começaram a latir e as crianças que tinham pulado a gritar, eles dois pularam
de volta e os outros dois não voltaram porque os cachorros pegaram eles e der repente ficou um silêncio, nós ficamos
ali quietos sem saber o que fazer com muito medo eu praticamente estava em
choque, e enquanto estávamos ali quietos decidindo o que fazer porque estávamos
com medo de passar pelo corredor da mão vermelha e nós nos sentamos no canto do
muro no fim da piscina olímpica que tem o trampolim e ficamos ali por horas
esperando o dia amanhecer para poder voltar para cá e foi um pouco antes de
amanhecer, que a Madre superior apareceu de roupão com os machucados da árvore
enfaixados na entrada da piscina, nós ficamos com medo porque achamos que ela
iria brigar com a gente se nos pegasse ali, e pensamos estamos ferrados.
Mas ela parecia que
estava em algum tipo de transe, porque ela nos viu e foi quando eu percebi que
ela estava usando um maio por baixo do roupão e estava colocando uma touca de
natação e um óculos de natação também, ela tirou o roupão e subiu no trampolim
da piscina olímpica que estava vazia, ela subiu no trampolim mais alto, nós
ficamos olhando sem entender o que ela pretendia fazer, porque a piscina estava
vazia e foi aí que eu me toquei e tentei impedi-la, nós começamos a gritar, mas
parecia que ela não nos ouvia e pulou de cabeça do trampolim na piscina vazia,
ela pulou com vontade, chegou a fazer pouse no alto, deu um mergulho clássico e
se esborrachou no fundo da piscina vazia e foi essa hora que saímos correndo
parando só aqui.
— Vamos
lá ver se o que eles estão falando é verdade! Comenta uma das Freiras.
E duas freiras vão até
a piscina onde encontram o corpo da Madre superior, em uma poça de sangue, o
fundo da piscina, que tinha sete metros profundidade e o trampolim tinha mais
cinco metros de altura, o que totalizava doze metros de altura , e a queda
dentro daquela piscina vazia de azulejo azul estava vermelha de sangue e haviam
muitas lesmas andando em volta do corpo dela e outras espalhadas pela piscina.
Capítulo XIX
As Freiras estavam
horrorizadas e apavoradas e correm em direção aos quartos pelo corredor da mão
vermelha que era o acesso mais rápido, a primeira freira passa, mas a segunda é
arremessada por um vento forte que bate no peito dela e a joga a uma altura de
dez metros de altura, jogando o seu corpo de encontro a uma pilha de entulho
e o seu corpo é atravessado por uma viga
de aço que estava no meio dos entulhos, matando a freira na hora e o corpo dela
fica ali com o seu habito cinza e branco e agora também vermelho e o seu
crucifixo balançando na ponta da viga , a outra freira entra em pânico e corre
desesperada daquele local porque o corpo da sua amiga estava sendo tomado por
um enxame de lesmas, lesma não é abelha, mas era um enxame de lesmas, porque
lesmas não tem coletivo, esses moluscos pegajosos de lugares úmidos .
A freira gritava ao
chegar no pátio.
— Nós
vamos morrer!
— Todos nós vamos morrer.
Algumas freiras tentava
aclama-la, até que a freira mais experiente que sobrou dá uma ordem.
— vamos
todos para a igreja, lá estaremos protegidos.
— Vamos todos, formem filas e vamos nos agrupar
na igreja, as freiras restantes organizavam as crianças que estava apavoradas e
as levavam até a igreja, onde todos iam
se acomodando e sentando nos
bancos da igreja, onde um padre novinho tentava organizar aquela situação.
— Vamos
orar, vamos rezar, fazer as nossas preces, só assim estaremos realmente
protegidos.
E eles começam a rezar,
até que der repente a igreja se escurece, os vitrais estava tomados por lesmas
e as paredes da igreja também estavam tomadas por lesmas, que não se conseguia
mais enxergava as pinturas da paredes.
As crianças gritavam e
as Freiras tentavam impedir que as lesmas entrassem pelas fendas , porém uma
das freiras exagera na força da vassourada e acerta uma das velas da
celebração, a vela cai nos tecidos que envolvia o púlpito no altar e o fogo se
propaga rapidamente, a fumaça toma conta de toda igreja, as crianças gritavam
em pânico e o fogo já estava alcançando os bancos de madeiras, forçando com que
eles saíssem da igreja, algumas crianças são pisoteadas e outras ficam entre o
fogo e a saída, algumas já caiam asfixiadas.
Capitulo XX
Donizete e o Alfredo
conseguem acesso a uma janela e escapam por ela saindo na marquise do Colégio.
— Conseguimos mas e agora como vamos descer daqui? Pergunta o
Alfredo.
— Podemos escorregar pelos pilares até o chão,
mas o difícil será alcançarmos as colunas porque não dá para ver, nós temos que
se pendurar e balançar as pernas para sentir onde as colunas estão. Fala o
Donizete.
— Eu vou
tentar. fala o Alfredo.
Ele se debruça na
beirada da marquise, que estava mais ou menos cinco metros de altura do chão e
com as pernas sem conseguir enxergar procura pela coluna, ele sente a coluna
abraça ela com as pernas, se pendura por um braço, agarrando a coluna com uma
mão e solta a mão da marquise escorregando até o chão. Alfredo grita pode vir deu certo. Donizete
tenta, mas o fogo estava muito próximo e ele não consegue descer devido ao
calor que estava aumentando.
— Eu vou
encontrar outra saída talvez eu consiga entrar pela varanda dos quartos e de
lá, para o outro lado. Donizete corre pela marquise até a varanda dos quartos e
tenta alcançar o beiral da sacada, mas não consegue o beiral era muito alto
para ele, ele avista um cabo de para— raios
e o usa como corda descendo até o andar de baixo e estica a perna na mureta da
varanda e pula para dentro da varanda,
ele pula para dentro da varando ele é surpreendido por dois homens que estava
escondidos. Era o Marceneiro e o Professor que haviam roubado o cofre e
colocado fogo na camionete e botado a culpa no Donizete.
— Ora,
ora, olha quem apareceu para nos visitar uma hora dessas. Fala o professor
empurrando uma sacola cheia de objetos que pareciam valiosos.
— Mas
dessa vez você não vai me escapar, vamos jogar você da escadaria daqui de cima, aqui desta ponta que é mais
alto, deve de ter uns vinte metros de altura, vai ser difícil sobreviver a uma
queda dessa altura, pega ele!
O Marceneiro corre ao
encontro dele e o agarra por trás, o professor vai na direção dele, mas uma
força o joga contra a parede, o marceneiro vendo aquilo acontecer fica sem
entender , mas saca uma arma, de repente
ele começa a se debater gritando .
— Tira
isso de mim!! Tira essas lemas de mim!! E ele começa a atirar e acerta o
professor que estava se levantando bem na cabeça, o Marceneiro descarrega a
arma e nenhuma bala acerta o Donizete.
Donizete caminha em
direção do Marceneiro que se afastava dele gritando.
— Fica
longe de mim, seu Demônio , fica longe de mim.
Donizete chegava mais
perto dele a cada passo, até o marceneiro pular da varanda em direção as
escadas, a mesma que ele queria jogar o Donizete e se estatela nas escadas.
Donizete pula a janela para dentro do quarto e percebe que o fogo já estava nos
quartos, que estava todo tomado pela fumaça, o colégio inteiro já estava em
chamas, ele corre no meio da fumaça em direção das escadas, que também já
estava toda tomada pela fumaça, ele usa a camisete para proteger a sua respiração
e desce correndo até atingir a porta da saída onde ele desmaia.
Ele é socorrido por uma
freira que o arrasta até o meio do pátio de onde os sobreviventes observavam o
fogo destruir todo o colégio de onde subia uma fumaça densa que dava para ver
de longe e assim os bombeiros foram acionados.
Capítulo XXI
Donizete desperta no
hospital e a primeira pessoa que ele avista é a sua mãe, que estava sentada em
uma poltrona a sua direita.
— Mãe !!
— Onde estou ?
— Você
está em um hospital agora, está são e salvo, mas o colégio não existe mais ,
foi riscado do mapa virou cinzas.
A conversa dos dois é
interrompida por um enfermeiro que entra no quarto e avisa que o incêndio do
colégio estava passando no noticiário e liga a televisão, para eles
acompanharem. Na imagem da televisão mostrava o Colégio em chamas e logo em
seguido um delegado de polícia estava informando que os culpados por tudo
aquilo e todas aquelas mortes, tinham sido causado por um dos professores,
ajudado pelo marceneiro do colégio, que estavam cometendo furtos de objetos
valiosos da igreja e do colégio, eles já estavam sendo investigados eles
estavam usando nomes falsos, porque eles já eram procurados pela polícia, porém
tiveram um fim trágico um matando o outro, o marceneiro matou o professor com
um tiro na cabeça e depois se suicidou, pulando de uma sacada que tinha vinte
metros de altura e morrendo na queda e assim dou por encerrado este caso.
A mãe do Donizete olha
para ele chorando e diz.
— Nossa
que perigo, a gente pensando que está deixando nossos filhos em um lugar seguro
e olha isso, que perigo que você estava correndo meu filho.
— É
mamãe, está vendo, por isso eu não gostava de lá, eu até vi esses homens
roubando, mas na época ninguém acreditou em mim e ainda eu que fiquei de
castigo, ficando até doente, lembra que tive que ir para casa?
Donizete fica olhando
para a mãe dele que estava assustada olhando para ele e pensa.
— Se ela
soubesse a verdade, ela iria ficar muito mais assustada.
Capítulo XXII
Filho eu aluguei um
quartinho para nós dois em uma pensão no centro da cidade, não é muito grande,
é um quarto sem cozinha e com o banheiro coletivo do lado de fora no corredor
da pensão, nesse quarto tem que ser, nosso quarto de dormir, sala e cozinha e a
lavanderia é coletiva também como o banheiro para os vinte quartos.
— O que
é coletivo mamãe?
— como
vou te explicar isso, deixa eu ver , é quando uma coisa ou um lugar é usado por
várias pessoas, como lugares públicos, praças, parques, hospitais, entendeu?
— Entendi mamãe.
— Os
médicos já o liberaram, já podemos ir embora para o nosso quartinho.
Eles deixam o hospital
e pegam um ônibus para o centro da cidade, Donizete passa mal dentro do ônibus
como sempre que andava de coletivo e vomita.
— Como
sempre né meu filho, você ainda fica enjoado quando anda de ônibus.
Uma senhora se oferece
para ajudar, emprestando um lenço para ele se limpar, a dona Zulmira agradece,
algumas pessoas reclamam do cheiro de vômito e a dona Zulmira fica com
vergonha, mas retruca.
— É uma
criança gente, ele não tem culpa, o pior seria se ele fosse um marmanjo e
vomitasse por bebedeira, ai sim vocês poderiam reclamar e queria ver se fosse
com o filho de vocês, o que iriam fazer.
A senhora que emprestou
o lenço acalma a dona Zulmira.
— Calma
deixe que falem, a criança não tem culpa.
Dona Zulmira olha para
ela e não diz nada.
— Vocês
estão vindo do hospital? Pergunta a senhora do lenço.
— Sim,
como a senhora sabe?
— Porque
vocês subiram no ponto perto do hospital e o menino está com esparadrapo no
braço, ele deve de ter tomado soro, dá para ver também que ele vomitou muita
água, agora eu só não entendi, porque a roupa dele está cheirando fumaça.
— É
porque ele estava naquele colégio que pegou fogo, que passou no noticiário, a senhora viu?
— Ah!!
Vi sim , nossa!!
Que perigo, que coisa
horrível, as vezes nos pensamos que estamos fazendo a coisa certa para os
nossos filhos e no fim o entregamos ao Diabo.
Donizete arregala o
olho para a senhora e a dona Zulmira exclama.
— Entregar para o Diabo?
— Credo!!
— Desculpa, eu quis dizer, que não sabemos se
estamos fazendo a coisa certa ou a coisa errada, para cuidar e educar os nossos
filhos , porque esse mundo é grande e pode ser muito perigoso, existe pessoas
boas, mas são poucas, a maior parte das pessoas são más, por isso que quando
colocamos uma semente, um filho ou filha nesse mundo, nos preocupamos em fazer
o nosso melhor, mas não depende de nós, uma amizade ou algum detalhe pode
influenciar e pôr tudo a perder.
Donizete a Dona Zulmira
e o restante do pessoal que estavam no ônibus, até o motorista pelo retrovisor
do ônibus, prestavam atenção no que a senhora falava.
— Levanta Donizete!
— O
próximo ponto é o nosso, foi um prazer falar com a senhora, gostaria de ter
mais tempo, para podermos conversar mais, porque acredito que a senhora faça
parte dessa pequena porcentagem das pessoas que são boas nesse mundo.
— E você
pequeno espero que seja bom com as pessoas também, mas seja bom e não bobo, se
alguém te fizer mal se defenda e revida, agora se alguém te fizer o bem
retribua com a mesma moeda.
Orienta a Senhora do
lenço falando para o Donizete, que concorda balançando a cabeça.
Dona Zulmira Puxa a
corda da campainha e se despede da senhora e na porta do ônibus pede desculpa
para o cobrador e para o motorista pela bagunça.
— Não se
preocupa no ponto final eu bato uma água. Responde o cobrador.
Acho que a senhora do
lenço contaminou todos dentro do ônibus estavam todos benevolente.
Donizete entra na
pensão, achando tudo muito feio, havia
na entrada algumas crianças, Donizete fica observando-as, quando ele entra no
quarto juntamente com a sua mãe, havia um homem sentado na cama.
— Ih!
Mamãe, estamos no quarto errado, esse aqui já tem gente.
— Não
meu filho é esse quarto mesmo, esse é o João amigo da mamãe.
Donizete encara o homem
dos pés a cabeça, era um homem forte grande e usava um relógio no pulso
esquerdo, o que chamou a atenção do Donizete.
— O que
é isso ?
— É um
relógio digital. Responde o Homem apertando um botão do relógio, que tinha o
vidro todo preto e no meio do vidro apareceu
as horas em vermelho, marcavam 16:58 horas no relógio.
Donizete fica encantado
com o relógio e pede para o homem deixar ele apertar o botão do relógio e
aperta várias vezes até ser interrompido pela sua mãe.
— Você
vai acabar quebrando o relógio do homem. E puxa ele para trás, ele fica
intrigado e sai do quarto para o corredor da pensão. Já no corredor ele se
depara com algumas crianças, algumas eram mais velhas que ele e outras eram
mais novas, ele se enturma com as crianças.
— Quer
brincar com a gente ?
Donizete faz que sim
balançando a cabeça.
— Estamos brincando de Polícia e ladrão.
— Legal!
Exclama o Donizete abrindo um sorriso.
— Então
vamos lá na rua. Diz o menino mais velho .
— Mas
não é perigoso? Questiona o Donizete.
Os meninos mais velhos
dão risada da pergunta dele.
— Perigoso? E dão risadas.
— É
nada, é só você não sair na rua, tem que ficar só na calçada, porque se você
atravessar a rua um carro pode te pegar e aqui passa muitos ônibus que vem da
rodoviária.
— Sendo
assim então vamos. Responde Donizete.
Eles andam até a saída
da pensão e ficam na calçada.
Já na calçada um dos
meninos mais velho explica a brincadeira para o Donizete e assim eles vão
andando alguns quarteirões até avistarem um homem .
— Pronto
Tronquinho.
— Tronquinho ? Pergunta Donizete achando graça.
O menino apelida o
Donizete de Tronquinho, devido a sua estatura e que para uma criança ele já era
bem forte, já tinha músculos.
— Está
vendo aquele Homem ?
— Sim !
— Ele é
nosso amigo e está na brincadeira também, nós não podemos deixar ele nos ver ou
deixa— lo nos pegar, o que você tem que
fazer é pegar a carteira dele ou o relógio e correr o máximo que você poder,
porque se ele te pegar você está fora da brincadeira e perde a sua vez, ai é
você que tem que pegar ele.
Donizete empolgado com
a brincadeira e com inocência corre em direção ao homem, dá um bote no bolso do
homem e pega a carteira dele e corre.
— Pega
ladrão!!!
pega esse punguista!!!
— Pega!!
Com isso outras pessoas
tentavam pegar ele e tentavam segura— lo,
ele se desvencilha das outras pessoas também e corre para o meio da avenida,
atravessando no meio dos carros em movimento, em uma avenida perigosíssima do
centro da cidade e corre, corre até perceber que não havia mais ninguém atrás
dele, mas ele também percebe que estava perdido e que não conhecia nada daquele
lugar e pensa.
— Onde
estou ? ele se pergunta olhando para aqueles prédios altos, onde uma grande
multidão andavam com pressa de um lado para o outro, estava começando a sentir
medo e andava pelas ruas da cidade até chegar em uma praça onde havia um
chafariz, ele fica ali parado olhando aquela água subir e cair e acha tudo
muito bonito, fica em transe até ser interrompido por um solavanco, era um dos
meninos mais velhos.
— Nossa
você está bem ?
— Nós
ganhamos a brincadeira ? Pergunta o Donizete.
— Sim ,
cadê a carteira ?
— Me dá ela aqui . o menino abre a carteira e
constata que estava cheia de dinheiro.
— Legal!! Exclama o menino.
— Vamos
para o parquinho !
— Parquinho ? pergunta o Donizete.
— Sim,
vamos gastar o nosso prêmio da brincadeira que ganhamos.
Chegando no parquinho,
eles compram várias entradas para os brinquedos, e também compram vários doces.
Eles brinca no carrinho bate-bate, andam de roda gigante, no carrossel.
— Pronto
agora vamos no Trem Fantasma!
— Trem
fantasma não, eu tenho medo.
— Ah
para de ser medroso, vamos lá , é tudo de mentira, não precisa ficar com medo,
pode confiar em mim, é tudo mentira o que tem lá dentro.
— Mas só
o nome dá medo.
— É Só o
nome, vamos !! Você vai ver que é bem legal.
Donizete entra no
carrinho do trem fantasma depois de entregar o ticket para a bilheteira e se
senta no lado esquerdo do carrinho, ao seu lado se senta o menino mais velho e
no carrinho de trás entram os outros dois meninos, o carrinho começa a andar e
fica tudo escuro, Donizete fica com medo e na primeira curva uma caveira salta
na sua frente ele dá um grito e logo em seguida um Morcego passa na sua cabeça
e vira um vampiro, Donizete estava ficando apavorado e quando eles passam por
uma cela onde um médico vira um Lobisomem e dá um susto muito grande nele, ele
agarra no menino que grita.
— Lesmas!!
Nossa tem lesma para
todo lado, no chão no teto, até dentro carrinho, que legal !!
Isso é novo, não tinha
antes, credo elas parecem muito real, que nojo.
O carrinho termina o
percurso depois de uma aranha gigante e sai no fim do Túnel da saída.
— E ai
gostou Tronquinho ?
— Não,
você falou que não dava medo, foi horrível.
— Eu
adorei.
Os outros dois menino
saem do carrinho e caminha até eles e o menino mais velho pergunta para eles.
— E ai
vocês gostaram da nova parte?
— Que
nova parte? Pergunta um deles .
— A
parte que as paredes ficam cheias de lesmas, e cai lesma do teto dentro do
carrinho, vocês não viram essa nova parte?
— Não.
Respondem os meninos.
— Como
não, eu não estou ficando louco. Vocês estavam de olhos fechados, seu medrosos,
por isso que não viram, é muito legal, parece muito real, as paredes parecem
que estão vivas.
Donizete percebendo do
que ele estava falando fica quieto.
— Ah !
Deixa pra lá e vamos no pula, pula . diz o menino mais velho.
Eles vão no pula-pula e
assim que o Donizete sai do pula-pula, depois de comer tanto doce, ele sente a
sua barriga doer e começa a vomitar .
Enquanto ele vomitava,
um dos meninos começam a gritar.
— Morre
!! e dava risada.
— Morre
desgraçado!!
Donizete vomita tudo o
que ele comeu, limpa a boca e olha para os meninos que riam dele vomitar.
Donizete lembra da sua
mãe .
— Quero
ir para Casa.
— Ah
Tronquinho, vai amarelar agora que a brincadeira está ficando legal.
— Quero
ver a minha mãe .
— Quer
ir embora, então vai sozinho.
— Mas eu
não sei voltar .
— Vai
por aquela rua, que você vai sair na pensão.
Ele sai do parque
atravessa a rua e vai na direção que o menino falou, olha mas não reconhece o
caminho.
Ele dá uma volta no
quarteirão e percebe que saiu no mesmo lugar e quando ele ia atravessar a rua
um dos meninos que era um dos mais novos, vem atrás dele e para ajudá—lo.
— Não é
por ai não, o bobão do Zoio está te zoando ele é muito ruim, vem comigo eu te
levo até a pensão.
— Como
você se chama, Tronquinho ?
— Eu me
chamo Donizete e você ?
— Eu me
chamo Alexandre, mas eles me chamam de Testa, porque o zoio, fala que eu sou
testudo.
Eles vão andando até a
mãe do Donizete aparecer gritando com ele.
— Onde
você estava? Descuidei um minuto de você e você sumiu, eu estava desesperada,
já não sabia mais o que fazer, já estava quase indo na policia, desse jeito
você me mata, olha o meu estado estou muito nervosa, vem vamos voltar para a
pensão eu ainda tenho que te dar banho e o pior que temos que esperar o
banheiro ficar vazio, nós temos que pegar
a fila e esperar e não podemos demorar.
— E quem
é esse menino ?
— É o
Testa.
— Testa?
— Testa
é o apelido dele, o nome dele é Alexandre e eles me deram um apelido também, o
meu é Tronquinho.
— Tronquinho?
— Sim
porque sou fortinho.
O menino ri e dá tchau
para eles e entra na primeira pensão, eles andam mais um pouco pela calçada e
entram na terceira pensão.
— Achou
o menino? Pergunta o amigo da dona Zulmira
— Eles
estava lá no outro quarteirão, junto com outro menino.
— É
você não vai poder descuidar dele, se
não ele some.
— Eu
sei, porque você acha que eu fiquei desesperada.
Pega a sua toalha e
vamos para a fila.
Na fila do banheiro
haviam duas pessoas esperando a vez, o home que era o próximo bate na porta
pedindo para a pessoa que estava lá dentro saísse rápido, uma mulher que estava
lá dentro, mandou ele a merda.
O homem esmurrou a
porta até a mulher sair com uma toalha enrolada na cabeça gritando.
— Você
não tem educação não?
— Quem
não tem educação é você, que não tem consideração com as outras pessoas,
achando que só tem você no mundo e demorando desse jeito para tomar banho
esquecendo que existem outras pessoas querendo usar o banheiro.
— Ah
cala a boca seu veado.
— Veado,
entra comigo aqui no banheiro que eu te mostro o viadão.
A mulher dá as costas
para o homem e sobe pelo corredor para o quarto dela.
O Homem entra no
banheiro e liga o chuveiro.
— Mãe
veado é palavrão?
— Não é
um bicho da selva.
O Homem que aguardava e
que era o próximo da vez, olha para o Donizete e olha para a mãe dele e dá um
sorriso, o homem não tinha toalha, sabonete ou shampoo com ele, e estava
ansioso, ficava se contorcendo, batendo a ponta do pé no chão, o outro homem
não demora muito e sai do banheiro dizendo.
— Pronto, tá vendo, assim quem tem que ser,
lavei o que tinha que lavar e sai, agora aquela puta, entra no banheiro e
esquece da vida.
O Outro homem entra
rapidamente no banheiro e lá de fora dava para escutar os peidos e a merda
caindo na privada, nesse momento entra na fila atrás da mãe do Donizete um
homem e uma mulher que trajava uma roupa curtinha e ela usava muita maquiagem e
mascava chiclete com a boca aberta e nesse momento o Donizete pergunta para a
mãe.
— Mãe o
que é puta?
A moça que mascava
chiclete como uma vaca mascando capim, olha para a mãe do Donizete parecia
interessada na resposta dela.
— Puta
meu filho?
— É, foi
do que o homem chamou a mulher, isso não é palavrão?
A mulher estica o
pescoço, esperando uma resposta.
— Se é
palavrão? — Não, é uma palavra pequena é
uma palavrinha.
— Mas o
que é?
— Puta
é.
A mulher estica mais
ainda o pescoço e mascava o chiclete com a boca, aberta, que dava para sentir o
cheiro de hortelã.
— Ah,
puta é uma mulher que trabalha muito, geralmente a noite.
— Ah,
então é por isso que os meninos, chamam os outros de filha da puta, quer dizer
que a mãe dele trabalha muito.
— A
senhora trabalha bastante, então eu sou um filho da puta?
— Não!!
Olha a boca menino, que isso?
A vaca mascadora da
risada
O Homem sai do banheiro
e eles entram.
— Nosso
que fedor mãe, aquele homem está podre, ah! Dá anciã de vômito.
— Vai
abre o chuveiro logo, para o cheiro de sabonete tentar amenizar esse cheiro.
Dona Zulmira tira a
roupa e a do Donizete e entra no chuveiro, dá banho nele e toma banho junto.
— Mãe
porque a senhora tem cabelo na xoxota?
— Porque
sou adulta e todos adultos tem pelos na região da genitália.
— O que
é genitália?
— É onde
fica a xoxota e o pipi e chega de tantas perguntas, vamos tomar banho logo
antes que alguém bata na porta reclamando dizendo que estamos demorando.
Eles terminam o banho
ela tenta enxugar ele, mas ele diz.
— Deixa
que eu me enxugo sozinho, eu fazia isso no colégio.
Assim eles ganham tempo
ela se enxuga e se troca e saem rapidamente do banheiro.
Quando eles saem do
banheiro, só havia a mascadora de chiclete e o home que estava com ela
esperando, assim que eles começam a subir Donizete olha para trás e vê o homem
se esfregando na mulher e entrando no banheiro.
— Olha
para a frente menino para você não tropeçar!
— Pronto
agora você já está de banho tomado vou te dar a janta e deixar você assistindo
desenho, vamos ver o que está passando a essa hora eu acho que só passa desenho
no canal sete, pronto falei, está passando Pica-Pau.
— Isso
deixa aí mamãe, eu adoro o Pica-Pau.
— Ok
agora eu vou tomar banho com o João e você fica quietinho aí assistindo o seu
desenho.
— Ué vai
tomar banho de novo.
— Não só
vou fazer companhia para ele não ficar sozinho na fila.
— Ah tá!
Donizete fica sozinho
no quartinho assistindo desenho, a sua mãe demora e quando volta ele já estava
dormindo, ela o ajeita na cama, deita do lado dele e o João do outro lado
deixando o Donizete no meio.
Na manhã seguinte a sua
mãe o acorda e diz.
— Eu
tenho que ir trabalhar filho e vou ter que levar você comigo, porque não tenho
com quem te deixar, o João já foi trabalhar também, por favor se comporte no
serviço da mamãe, para que eles não proíbam eu de te levar lá.
Eles vão andando até
serviço da dona Zulmira que era em um cinema próximo da pensão, chegando no
cinema ela vai até o vestiário onde a sua amiga de serviço e zeladora do prédio
e do cinema estava se trocando também.
— Trouxe
o seu filho, eu trouxe minha filha também, que bom assim eles podem brincar
juntos e passar um tempo juntos.
Vamos deixa-los aqui no
andar de cima, porque lá embaixo os filmes são para maiores de 18 anos.
— Donizete se comporta que eu vou trabalhar.
— Ok
mamãe.
A mãe dele nem acabou
de dizer para ele se comportar, ele já estava procurando arte para fazer.
— Vamos
brincar de pega a pega Ana?
— Vamos,
está com você!
Ela bate a mão nele e
corre e ele corre atrás dela, como ele corria muito rápido, ele consegue pegar
ela muito rápido.
— Ah não
tem graça, você corre muito rápido, não deu nem graça, não dá para brincar com
você, vamos fazer outra coisa.
— Vamos
ver o que está passando na sala de cima, a minha mãe falou que nessa sala a gente
pode entrar.
— Está
passando a branca e neve, que legal, vamos assistir. Fala a Ana.
Eles assistem o filme
duas vezes e enjoam.
Vamos ver na outra
sala.
— É
filme de bang— bang.
— Legal!
Donizete vibra.
O homem no filme sacava
a sua arma muito rápido e matava todos no seu caminho.
Donizete estava vidrado
na tela de cinema, quando o filme acaba ele vira para a Ana e fala.
— Estou
com fome, vamos lá falar com as nossas mães e ver o que tem para comer.
— Vamos
elas estão lá embaixo.
Eles descem as escadas
de carpete correndo.
A mãe do Donizete
estava sentada em banquinho, pegando os ingressos das pessoas e colocando
dentro de uma caixa de vidr.
— Mãe
estou com fome.
— Está bom só me dá um minuto, deixa só eu
acabar de atender essa fila.
Ela acaba de atender a
fila e fala para ele?
— Quer
comer um sanduiche?
— Não
quero pipoca.
— Pipoca
não vai te sustentar.
— Depois
a gente come outra coisa.
— Está
bom.
Eles vão até a
lanchonete do cinema onde ela o apresenta para o atendente.
— Este é
o meu filho.
— Ah!!
Você que é o filho da Mira?
— Mira?
— É,
aqui a gente a chama de Mira e que menino forte, aposto que gosta de Bang-bang.
— Sim,
eu gosto.
— Então
eu tenho um presente aqui para você.
O atendente vira para
trás do balcão se abaixa e pega um saquinho e dá para o Donizete.
— Toma é
um presente promocional do filme que está passando.
— É uma
cartucheira igualzinha a que o herói usa no filme.
— Isso
mesmo.
— Que
legal, Donizete rasga o saquinho e coloca na cintura a cartucheira.
— Me dá
um saco de pipoca para ele também. Fala a Dona Zulmira para o atendente, que
pega um dos maiores sacos de pipoca enche e entrega para ela.
— Toma
Donizete dividi com a Ana, que eu tenho que voltar para o serviço.
Donizete e a Ana voltam
para a sala de cinema do bang- bang e comem a pipoca juntos.
Um menino que estava na
cadeira ao lado puxa assunto com Donizete porque ele estava com uma cartucheira
igual.
— Vamos
brincar de Cowboy e índio?
— Vamos,
mas eu prefiro Xerife e Bandido.
A mãe do menino pede
para ele ficar quieto ou ir brincar fora da sala de cinema.
E eles vão brincar fora
da sala de cinema.
— Eu sou
o Xerife e você é o bandido diz o menino.
— Tudo
bem, você tem que me pegar.
Eles correm pelos
corredores do cinema fingindo que um atirava no outro a Ana ficava só olhando e
eles diziam que ela era a donzela que tinha que ser protegida ou raptada.
— Agora
eu vou me esconder e você tem que me achar.
Donizete corre pelos
corredores desce por uma escada interna do cinema e sai na sala de cinema do
andar de baixo que estava passando filme para maiores de dezoito anos.
Ele olha para a tela, o
homem e a mulher estavam pelados, e o home estava machucando a mulher, porque
ela não parava de gemer e ele pensa.
— Eles
estão fazendo troca-troca.
A lanterninha do cinema
percebe a presença dele ali e chama a atenção dele mandando ele sair dali, ele corre
e sem que ninguém veja e entra na sala ao lado.
Onde estava passando um
filme de terror, quando ele entra na outra sala, ele vê na tela uma bola
gigante de carne que rolava e engolia as pessoas, as pessoas corriam, mas a
bola de carne humana, sempre as alcançava, enquanto a bola seguia e matava as
pessoas tocava uma música sinistra que estava deixando ele com medo, mas quando a bola começou a destroçar uma
mulher expirando sangue e tripa para todo lado dentro da tela do cinema,
Donizete fica com muito medo e nas paredes do cinema começam a aparecer lesmas,
que parecia que as paredes estavam se mexendo, as lesmas se espalham pelo chão
do cinema e as pessoas começam a gritar e sair correndo de dentro da sala, as
pessoas entram em pânico e pisoteiam as que estavam na frente tentando sair
daquela sala.
A mãe do Donizete
perceba o tumulto e corre para ajudar assim que as pessoas são retiradas da
sala ela entra e vê o Donizete em pé olhando para a tela imóvel, rapidamente
ela o agarra e o tira dali e o leva para o vestiário.
Devido a confusão o
cinema foi fechado naquele dia para investigar o que as pessoas estavam dizendo
sobre lesmas, mas nada foi encontrado.
Dona Zulmira volta mais
cedo para casa e no caminho ela vai brigando com o Donizete.
— Eu não
falei para você se comportar e se alguém te machuca naquela confusão, o que eu
iria dizer se pegam ali dentro, poderia até perder o emprego, porque se chega o
juizado de menores e te pega ali dentro, eles multam o cinema, ai o dono do
cinema ia querer saber quem era a mãe da peste que estava dentro da sala
proibido para menores de dezoito anos, ai pronto estava demitida, amanhã eu
tenho que te deixar trancado no quartinho e vir trabalhar sem você .
Chegando na pensão,
Donizete avista o Testa.
— Mãe
posso brincar um pouco com o Testa?
— Pode,
mas cuidado, não vai atravessar a rua ou ir muito longe.
— Está
bom.
— Oi
Testa, vamos brincar?
— Vamos,
mas vamos lá no parquinho em frente a igreja, lá tem balanço e outros
brinquedos.
— Vamos,
tem gira— gira, eu sou muito bom em
empurrar no gira— gira.
Já contrariando o que a
mãe havia dito, eles atravessam a rua e andam até o parquinho, chegando no
parquinho eles encontram outros meninos de outras pensões.
— Esse é
o Minhoca e o irmão dele é o Lagartixa.
O menino não gostou
muito do jeito que o Testa o chamou e xinga o Testa.
— Vai o
Testa de amolar facão.
Eles vão até os
balanços e se balançam bem alto, eles competiam para ver quem balançava mais
alto e pulavam no alto do balanço caindo na areia.
Alguns meninos que
estavam ao lado de uma estatua de um anjo, os chamam.
— Vocês
querem mel? Aqui dentro dessa placa da estátua tem uma colmeias de abelha e
está cheia de mel.
Donizete faz que sim
com a cabeça.
— Você
quer diz o menino? é só você colocar o canudinho aqui dentro dessa placa e
chupar.
O menino mostra como e
dá o canudinho para o Donizete.
Donizete coloca o
canudinho dentro da placa e chupa, vem um gosto horrível e amargo, um gosto que
era familiar.
Os meninos dão risada.
— Ah!!
Bebeu Xixi, chupou xixi achando que era mel.
Donizete cospe e corre
para uma torneira que havia ali, o Testa o acompanha.
— Esses
caras são uns trouxas, depois a gente se vinga deles.
Donizete olha para os
meninos, que ainda estavam rindo, ele balança a cabeça e vai em direção ao
balanço.
É vamos balançar, deixa
esses otários para lá.
Eles começam a balançar
e competem para ver quem balançava mais alto até a corrente começar a dar
tranco e quando ele já estava quase parando uma menina de três anos de idade
passa correndo atrás do balanço do Donizete que acerta com o balanço na cabeça
da menina, que começa a sangra na hora e amenina gritava de dor.
Donizete fica assustado
com o sangue que saia do corte da cabeça da menina e a mãe da menina começa a
xingar ele, mas ele não teve culpa a menina passou atrás do balanço, ainda bem
que ele já estava quase parando.
Donizete vai até a
menina e coloca a mão nela, a menina para de chorar e olha para ele com dois
olhos lindos, que eram azuis da cor do céu, a menina se acalma como se a dor
tivesse passado.
Mas a mãe da menina não
queria saber e queria bater no Donizete, que corre para a pensão.
Quando ele estava quase
chegando na pensão a mãe dele aparece no portão procurando ele.
— Vem
entra, vem assistir o Pica- pau já começou, porque você está com essa cara de
assustado?
— O que você aprontou agora?
— Nada,
eu só fui no parquinho.
— Eu não
falei para você não atravessar a rua, vem entra logo, que ainda vamos ter que
pegar a fila para tomar banho.
Eles entram no
quartinho, João estava sentado na cama assistindo o desenho do Pica— pau, Donizete senta ao lado dele.
Donizete fica ai
assistindo o desenho que eu vou tomar banho com o João.
Donizete estava
concentrado no desenho que não responde para a mãe, que sai juntamente com o
João levando duas toalhas, sabonete e shampoo.
No desenho do Pic-Pau o
episódio se passava no velho oeste, O Pica-Pau e o seu cavalo Pé de pano,
lutavam contra um assaltante de banco. Donizete pega a sua cartucheira e coloca
na cintura, mas ele não tinha nenhum revolver para colocar na cartucheira, ele
olha em cima da pia e vê o martelo de amaciar carne da sua mãe, ele o coloca na
cartucheira, usando o martelo como revolver e brinca sozinho, sacando o martelo
e fingindo que estava tirando, fazendo o barulho de tiro com a boca, começa outro
episódio do Pica-Pau ele senta e presta atenção no novo episódio onde agora o
Pica-pau era um motorista maluco e termina esse e começa outro e mais outro e
asua mãe não voltava do banho, depois de quase uma hora a sua mãe aparece de
cabelo molhado na porta do quarto e o João atrás dela que diz .
— Pronto
agora vamos assistir outra coisa, deixa eu ver o que está passando nos outros
canais. Ele muda o seletor e no próximo canal aestava passando um filme de Bang bang.
— Deixa
ai João! Pede o Donizete.
Ele assistia ao filme e
se empolga, e ficava imitando o filme usando o martelo da mãe dele como
revólver, sacando da cartucheiro igual no do filme.
A sua mãe que estava
preparando o jantar, pede o martelo para ele, dizendo que estava precisando do
martelo, ele a ignora e continua brincando com o martelo, ela pede mais uma vez
e e vai na direção dele toma o martelo da mão dele e bate com ele na cabeça
dele .
Donizete grita de dor
leva as mãos na cabeça, onde a sua mãe havia lhe dado uma martelada e se joga na
cama em baixo dos cobertores.
Até que o João puxa o
cobertor para ver se havia machucado mesmo e vê o lençol cheio de sangue e
exclama!
— Você
machucou ele de verdade!
A sua mãe olha e diz.
— Mentira, eu bati sem força, bati com o martelo
devagarzinho na cabeça dele.
— Então
olha aqui!
João levanta o Donizete
e o rosto dele estava cheio de sangue.
A sua mãe se desespera
e o leva para fora do quarto até o tanque de lavar roupa, naquele momento havia
uma senhora lavando roupa e o banheiro estava ocupado. A senhora se assusta com o sangue no rosto
dele e rapidamente ela ajuda a limpar o sangue da cabeças dele.
Depois de limpo a sua
mãe verifica, onde ela havia ferido ele e estanca o sangue com um algodão,
depois de limpo eles voltam para o quarto, Donizete fica segurando o algodão na
cabeça no canto da cama e lembra da menina de hoje a tarde, que ele tinha
batido o balanço na cabeça dela e como o rosto dele também havia ficado cheio
de sangue e ele pensa.
— Foi
castigo por eu ter machucado a menininha hoje à tarde.
Como a sua mãe queria
agrada-lo, como um pedido de desculpa ela prepara milho para ele comer, que era
um dos seus pratos prediletos.
A mãe dele dá um milho
no parto para ele e na primeira mordida que ele dá no milho, ele sente gosto de
sangue e passa a língua no dente que estava mole e grita.
— Engoli, engoli.
— Engoliu o que menino?
Engoli o meu dente que
estava mole e agora?
— Agora
tem que esperar sair. Diz a mãe dele.
— O cocô
vai sair sorrindo. Brinca o João.
E todos dão risada.
— Por
falar em cocô, me deu vontade de ir no banheiro.
E a sua mãe o lembra.
— E você
não tomou banho ainda também , aproveita e toma banho, ainda bem que você que
não tinha tomado banho aproveita e lava a cabeça para tirar o sangue, você
consegue tomar banho sozinho, que eu preciso terminar aqui.
— Sim
consigo mamãe.
Ele pega a toalha o
sabonete e desce pelo corredor até o banheiro, ele chega no banheiro não havia
fila, mas a porta estava fechada e lá dentro não se ouvia barulho do chuveiro,
só se ouvia um gemido igual ao do filme que ele tinha assistido hoje de tarde e
pensa.
— Tem
alguém fazendo troca-troca ai dentro. Ele se aproxima da porta e coloca o
ouvido, mas a porta não estava trancada e ele cai dentro do banheiro e vê a
mulher com a mão na pia, a mesma mulher, a mascadora de chiclete, só que o
homem que estava atrás dela, não era o mesmo, agora era um senhor e os dois
gritam para ele.
— Sai
daqui moleque!!
Ele sai e a mulher
empurra a porta com o pé batendo com força.
Donizete fica do lado
de fora sem saber o que fazer e a sua dor de barriga aumenta, então ele fica
ali esperando até que os dois saiam.
O barulho dentro do
banheiro aumenta fica intenso no momento que a senhora que estava no lavando
roupa entra atrás do Donizete, para esperar a vez dela de usar o banheiro.
A senhora pergunta para
o Donizete o que estava acontecendo, quem estava dentro do banheiro.
— É a
mascadora de chiclete, que está com outro homem.
— Mascadora de chiclete ?
Ele ia responder e
nesse momento ele percebe que na porta da pensão haviam outras mascadoras de
chicletes, algumas estavam quase nuas e ele responde para a senhora.
— É
igual aquelas moças ali na saída.
— Ah
espera só uma coisa.
A senhora empurra
aporta e expulsa a mascadora de chiclete
e homem xingando.
— Suas
vagabundas, vão dar a buceta em outro lugar, aqui é uma pensão familiar , não
para vocês ficarem usando o nosso banheiro para os seus fins. A mascadora de
Chiclete passa pelo Donizete e o chama de cagueta e dá um tapa na cabeça dele
bem no machucado da martelada.
Ele sente uma fisgada
de dor e olha para ela, que pisca para ele e manda um beijo e dá uma mascada no
chiclete e diz.
— Depois
eu te pego moleque.
A senhora defende ele.
— Deixa
o menino em paz, sua vagabunda.
As outras mascadoras de
Chiclete xingam a senhora e davam risadas altas gesticulando e dizendo para a
senhora.
— A
senhora está precisando de rola e de alguém que te coma.
A senhora vira para o
Donizete e diz.
— Não
escuta o que elas estão dizendo, vai entra no banheiro e toma o seu banho!
Ele entra no banheiro e
como estava com dor de barriga, senta na privada e demora um pouco a senhora
percebendo que e ele não ligava o chuveiro, bate na porta.
— Anda
menino, anda logo.
Ele olha o cocô para
ver se o seu dente havia saído, verifica que não e dá descarga e entra no
chuveiro e assim que a água cai na ferida da cabeça , começa a arder, e o
sangue que estava grudado no cabelo dele escorre para o ralo, a senhora bate
mais uma vez na porta e ele desliga o chuveiro e sai.
As Dama da noite que
estavam na entrada da pensão, mexe com ele assobiando .
Na manhã seguinte a sua
mãe avisa para ele.
— Hoje
eu não vou poder te levar comigo, porque eu não sei como estão as coisas lá no
meu serviço por isso, você vai ter que ficar aqui no quartinho, eu vou fechar a
porta e deixar você aqui dentro trancado assistindo desenho.
Ele olha para a mãe que
fecha a porta e o barulho da chave trancando a porta invade o quarto, ele liga
a televisão e começa assistir um desenho chato que estava passando se
desinteressa e muda de canal e não acha nada legal para assistir , ele mexe nas
coisa da mãe dele, procurando alguma coisa para fazer ele olha para a janela e
tenta abrir e consegue, ele olha altura e percebe que é muito alto para ele pular,
mas ao lado da janela, tinha um cano de água de ferro que vinha da caixa
d´agua, ele sobe na janela estica o braço e se pendura no ferro escorregando
até o tanque, de onde ele pula para o chão.
Ele anda até o
parquinho, onde ele encontra o Testa.
— E ai
Tronquinho!
— OI
Testa, você lembra aquele Chafariz que vocês me encontraram outro dia?
— Sim,
era dentro do Parque da Luz.
— O que
tem Parque da Luz?
Pergunta o Zoião, que
estava chegando no parquinho junto com o Minhoca e o Lagartixa e mais três
meninos, eles estavam com um saquinho cheio de cola na mão, ele dá uma baforada
no saquinho e pergunta novamente.
— O que
tem o Parque da Luz?
— Nada o
Tronquinho estava perguntando onde era o Chafariz que ele viu aquele dia.
Responde o Testa.
— Você
que ir em um chafariz mais legal Tronquinho?
— Sim.
— Nós
vamos hoje em um bem maior, lá na praça da Sé, que ir com a gente?
— Sim
quero .
Testa olha para o
Donizete em reprovação, mas ele não entende.
— Então
vamos, vamos que está calor e vai ser legar nadar no Chafariz.
— Nadar?
pergunta o Donizete.
— Sim
nadar responde o Zoio.
— Legal.
Eles vão andando até a
praça da Sé e entram no Chafariz de roupa e tudo.
Donizete fica
maravilhado com o tamanho do Chafariz e fica embaixo de uma cascata de água,
eles se divertem até aparecer os seguranças do Metrô.
— Corre
Tronquinho, que vem vindo os seguranças .
Eles saem pelo outro
lado todos juntos despistando os seguranças que ficam do outro lado com os
cassetetes na mão.
O Zoio fica xingando os
seguranças de longe, pega o saquinho de cola que estava dentro dos shorts e dá
uma baforada.
Os seguranças tentam
dar a volta e enquanto isso eles se mandam .
— Vamos
lá para o Chafariz da Luz, que aqui sujou. Diz o Zoio.
Ninguém fala nada, Só o
Donizete se empolga com a ideia.
— Mas no
caminho vamos brincar de polícia e ladrão de novo Tronquinho, igual aquele dia?
— Sim ,
mas aquele dia nós ganhamos, hoje tem que ser outro, eu quero ser polícia hoje.
— Tronquinho está certo, hoje vai você minhoca,
ou você ou o seu irmão.
Minhoca não gosta
muito, mas faz que sim com a cabeça.
— É
minhoca hoje vai você. Diz o Donizete.
— Minhoca é a minha rola, você é menor do que eu
e não vou deixar você me chamar assim.
Ele vai para cima do
Donizete e dá um soco nele, mas o que ele não esperava era que o Donizete iria
revidar mesmo sendo menor que ele, e o acerta com outro soco, eles trocam
socos, até o irmão do Minhoca vendo que o irmão estava apanhando de um menino
menor que ele , então o Lagartixa entra na briga e segura o Tronquinho e o
Minhoca dá um monte de soco nele enquanto o lagartixa o segurava, ele dá um
soco forte no estomago do Donizete que se curva com o soco e o Zoio manda eles
pararem .
— Deixa o moleque Minhoca e vamos fazer o que
nós temos que fazer, vamos procurar um vacilão.
Donizete fica um pouco
no chão tentando recuperar da dor e recuperar o fôlego e se levanta com raiva e
olha dentro do olho do Minhoca, que sozinho fica com medo, mas não faz nada.
— Ali
minhoca, tem um cara com a carteira embaixo do braço, é perfeito, a gente passa
correndo e esbarra nele do lado direito e você pega a carteira do lado
esquerdo.
Eles correm em direção
ao homem, todos correm na frente e a minhoca por último, eles fazem como o
planejado e o Minhoca pega a carteira do Homem e corre, o homem corre atrás
deles. Donizete para na ponta da saída da ponte e olha para trás para o
Minhoca, que estava na entrada da ponte ele também para a ponte estava toda
coberta por Lesmas e o Minhoca começa, começa a se debater gritando.
— Tira
isso de mim, tira, tira essas lesmas.
O homem dono da
carteira, chega nele e o agarra, ele continuava a se debater e o homem tentando
segurar, atrás do homem vinha correndo também alguns policiais que viram a
correria e prendem o Minhoca.
O Lagartixa assistia a
tudo de longe e se lamentava.
— O meu
irmão e agora, o que vou falar para a minha mãe .
Enquanto o Lagartixa se
lamentava, os policiais vinham na direção deles.
Eles correm e despistam
a os policiais.
Eles vão até o Parque
da Luz e o Lagartixa fala.
— Eu vou
embora para casa avisara a minha mãe, antes que a polícia leve ele para a
Febem.
— Vai lá
Lagartixa, que a gente vai ficar aqui nadando e cheirando cola.
O Lagartixa vai embora
e eles entram no Chafariz.
— Pronto
Tronquinho aqui a gente pode ficar de boa, que ninguém enche o saco, nós
podemos ficar nadando o dia inteiro aqui, antigamente aqui nesse chafariz tinha
um jacaré, mas eles retiraram ele daqui e levaram para o Zoológico.
— Tinha
Jacaré aqui ?
— É mas
relaxa que não tem mais.
Eles brincavam nadavam
até aparecer outros amigos do Zoio entram na água também.
Um dos meninos começa a
zoar o Donizete porque ele era um dos menores que estava ali e jogava ele para
o alto até que o menino afunda a cabeça do Donizete brincado de afogar e assim
que ele afunda a cabeça do Donizete ele solta gritando.
— Credo
o que é isso ?
O Chafariz todo na
cabeça do menino estava cheio de lesmas.
— Socorro me tira daqui, me tira daqui, tira
essas lesmas de mim !
O Zoio e os outros meninos
que estavam na grama deitados cheirando cola, olham apara o menino se debatendo
no chafariz e dão risada e comenta.
— Alá o
Caca cheirou muita cola, tá doidão gritando. Comenta o Zoio e dá risada.
Nesse momento o menino
sai gritando do Chafariz e corre sem parar, o resto dos meninos dão risada sem
parar.
— Tá
doidão.
Donizete se senta perto
do Zoio e pergunta.
— O que
é ficar doidão?
Zoio dá risada e
oferece o saquinho de cola para ele.
— Ficar
doidão é você inalar isso aqui, você coloca a boca e o nariz e respira dentro
do saquinho.
— Nossa
mas tem um cheiro forte.
— Justamente é isso que te deixa doidão.
Donizete fica inalando
o saquinho até perceber que parecia que ele estava sonhando, tudo estava
girando e em câmera lenta e ele dava risada atoa.
Até olhar para o
chafariz e perceber que estava cheio de lemas, o chão que ele pisava estava
cheio de lesmas, nas árvores e o Zoio rindo, estava deitado em cima das lesmas,
ele fica meio confuso e anda pelo parque meio desorientado até chegar em um
bebedouro onde ele bebe água e passa água na cara e tudo volta ao normal, ele
volta para junto do Zoio, que estavam combinando de irem brincar no antigo
moinho.
— Vamos
Tronquinho brincar no Moinho Abandonado, lá na linha do trem?
Donizete ouvi “linha do
Trem” e fica empolgado.
— Vamos,
Vamos!!
Eles estavam em sete
meninos, sendo quatro já mais velho e três menores incluindo o Donizete, e os
menores precisavam da ajuda dos meninos mais velhos para pularem o muro, e
assim que eles pulam o muro da companhia de trem que dava acesso ao Moinho
Abandonado, naquele momento passava um
trem, Donizete fica olhando detalhe por detalhe do trem, admirando aquela
máquina imensa, e assim que o tem termina de passar, os sete meninos que haviam
pulado o muro e o trem acabou de passar por completo, eles atravessam os
trilhos e entram no Moinho abandonado.
Dentro do Moinho havia
muito lixo e entulho, entre os lixos haviam muitas seringas descartáveis, dos
usuários de drogas que frequentavam aquele lugar, eles sobem as escadas e
brincam de pega a pega e esconde e esconde, até o momento que os quatro meninos
maiores agarra um dos meninos menores e tira a sua roupa e o deita no chão de
bruços, Donizete lembra que já tinha visto essa cena e um por um dos
meninos maiores vão deitando em cima
dele, enconchando— o, parecia que o
menino já estava acostumado com aquilo, mas ele chorava e gritava de dor cada
vez que trocava de menino e o encouchava, Donizete estava assustado não
consegui para de olhar e os meninos devolvem a roupa dele e pegam o outro, que
esperneava e eles diziam.
— Se você não fizer por bem, vai fazer por mal,
a gente vai usar o cabo de vassoura em você, se não cooperar, Nessa hora
Donizete pensou em fugir, mas ele lembra que não iria conseguir pular o muro de
volta sem a ajuda dos meninos mais velhos. Os meninos fazem o mesmo com o outro
menino, um por um, encouchava o menino que também chorava e gritava, depois de
todos terem abusado do menino, eles o dispensam
e vão na direção do Donizete, ele se agarra ao seu shortinho que ainda estava
molhado do parque, para que eles não o abaixem, mas os meninos puxam com força
rasgando o cavalo do shorts, transformando o shorts dele em uma saia, os
meninos tentavam joga-lo no chão, mas como ele era forte para o tamanho dele,
ele resistia se debatia, até que quando só um menino estava tocando nele,
começa gritar.
— O que
é isso, tira isso de mim, elas estão por todos os lados, vocês não estão vendo?
— Tem lesmas por todo lado!! Socorro.
Donizete aproveita o
vacilo deles e foge, mas foge para o andar de cima do moinho. Os outros três
meninos dão risada vendo ele subir e dão risada do amigo dizendo.
— Ele
está doidão ainda, dês dá hora do Chafariz não dá mais cola para ele cheirar
hoje mais não. Diz o Zoio
— E
Deixa o Tronquinho aí e os amiguinhos dele também, já, já 'vai escurecer e eles
não vão conseguir pular o muro de volta mesmo, vai ter que ficar aqui com os
viciados, com as prostitutas e com os fantasmas do Moinho, vamos embora deixa
eles aí.
Os meninos vão embora e
o Donizete fica olhando pela janela, os outros dois meninos estava chorando no
andar de baixo, Donizete fica com medo de ficar sozinho e desce as escadas no
escuro, assim que ele desce os meninos que fingiram que haviam ido embora
voltam e tentam agarrar ele e pega um pedaço de pau e ameaça os meninos que se
afastam, Donizete pede para que os outros dois meninos venham com ele, eles
descem e um dos meninos mais velhos pensa em correr atrás deles e o Zoio diz.
— Relaxa
eles não vão conseguir pular o muro de volta, deixa eles pensarem que vão
conseguir sair, aí a gente os pega desprevenidos.
Donizete chega com os
outros dois meninos no muro e lembra de como os meninos do colégio faziam para
subir no muro alto.
— Nós
precisamos de um pau.
— Você
está com uma na sua mão.
— Esse
não tem que ser maior e mais forte, ali tem um me ajuda a pegar.
Os três carregam a
madeira até o muro, os meninos mais velho percebem o que eles iriam fazer e
correm para impedi-los , mas para a sorte dos meninos menores vem passando um
trem naquele momento no trilho oposto, mais próximo do Moinho e impede que os
meninos mais velhos consigam atravessar, assim os três menores sobe a instrução
do Donizete encosta a madeira no muro.
— Vai
sobe um de vocês dois primeiros que eu seguro, Diz o Donizete, e o primeiro
sobe usando a madeira como apoio se agarra no muro e pula para o outro lado.
— Vai
agora é você eu seguro, vai logo que o trem está quase acabando. O menino sobe
e quando ele dá impulso para agarrar o muro ele agarra no muro e derruba a
madeira.
Donizete levanta a
madeira sozinho e a encosta no muro rapidamente e começa a subir na madeira com
cuidado e o menino que ainda estava no muro dá a mão para ele e o ajuda a
agarrar no muro, o trem acaba de passar e um dos meninos correm e agarra o pé
do Donizete, que se debate, apoiando o outro pé na madeira que estava escorada
no muro e que não tinha caído ainda; de repente o menino que estava segurando o
pé dele, solta e começa a se debater gritando.
— Tira
isso de mim, tira, tira!
— De
novo isso. Fala o Zoio.
— O que
ele está fazendo, ele vai deixar eles escaparem. Diz o outro menino que estavam
um pouco distantes acreditando que o que estava se debatendo iria conseguir
agarrar o Donizete no momento que vinha vindo um trem.
— Sai do
trilho maluco você vai morrer!
Donizete pula rápido o
muro, no momento que o trem arranca e arremessa longe a madeira que estava
apoiada no muro e ao mesmo tempo atropelando um dos meninos mais velhos que
estava no meio do trilho se debatendo.
Donizete só escuta o
barulho do trem passando pertinho e o barulho das rodas passando nas emendas
dos trilhos, mas no pulo para o outro lado ele cai de joelho e machuca o
joelho, ele se levanta rapidamente
chamando os outros meninos.
— Vamos
sair daqui!
Eles sobem a rua em
direção a pensão, chegando próximo a pensão havia um carro de polícia parado na
segunda pensão e uma mulher chorando, o lagartixa estava ao lado dela e o Donizete deduz que ela deveria de ser a
mãe do Minhoca, ele entra na pensão e vai em direção ao tanque, onde havia uma
mulher lavando roupa, ele espera um pouco e assim que a mulher se vira para
carregar as roupas até o varal ele consegue subir pelo cano e entra novamente
no quarto, ele pega uma toalha a molha na pia e limpa o sangue do joelho para
que a sua mãe não visse, ele se limpa liga a televisão que estava passando
Ultrman e deita na cama, que ainda
rodava um pouquinho por causa do efeito da cola e pega no sono.
Ele acorda com a
conversa da sua mãe com o João, que estava comentando que um menino da segunda
pensão havia ido parar na Febem hoje e um outro menino havia sido atropelado
por um trem e as duas mães estavam desesperadas.
— Acordou bela adormecida?
— Não
quer jantar? A comida já deve de estar fria da hora que fiz.
— Sim
quero comer.
— Você
tomou banho?
— Não.
— Então
aproveita que essa hora não deve ter mais ninguém no banheiro e vai tomar banho
enquanto eu requento a comida para você.
A mãe dele não percebe
o machucado no joelho dele, mas vê a toalha suja de sangue.
— Que
sangue é esse na toalha?
— Deve
de ser de ontem ainda.
Dona Zulmira, concorda.
— É
Verdade.
Donizete deixa uma
parte da toalha na altura do joelho para que a sua mãe na veja a ferida, pega o
sabonete e sai para tomar banho.
Chegando no banheiro
ele tenta empurrar a porta, mas percebe que tinha gente, ele fica ali parado
esperando e começa a escutar gemidos dentro do banheiro e pensa.
— Deve
de ser a mascadora de chiclete de novo.
Ele bate na porta e uma
voz lá de dentro grita.
— Já
estou terminado.
Passa mais um tempinho
e a porta se abre e de dentro do banheiro sai um homem e atrás dele a mascadora
de chiclete, que olha para o Donizete e diz.
— Hora,
hora, olha quem é, cadê a sua protetora para te ajudar agora.
— Não
vai machucar a criança, deixa ela em paz. diz o homem,
Ela olha para ele se
vira para o Donizete e diz.
— Pronto
pode usar o banheiro agora.
Ele entra no banheiro e
fecha a porta, o banheiro estava com um cheiro esquisito e no chão perto da pia
tinha pequenas poças de uma gosma branca que o Donizete pisou e deixou o seu pé
melado, ele liga o chuveiro e se limpa e quando a água cai no machucado do
Joelho e dá um gemido de dor, o que faz
com que ele não demorasse no banho, ele se enxuga e assim que ele destranca a
porta para sair a porta é empurrada na sua direção e a mascadora de chiclete
entra no banheiro dizendo para ele.
— Agora
eu te peguei, só estamos nos dois, agora você vai aprender a não atrapalhar o
esquema dos outros e me fazer perder cliente.
A Mascadora de chiclete
saca um estilete e aponta na direção dele e o encurrala, na parede, mas assim
que ela pega no pescoço dele a expressão dela muda e começa a se debater e
começa a gritar.
— O que
é isso, tira isso de mim, tira me ajuda.
Ela começa a se debater
com o estilete na sua mão e onde ela
batia a mão ela se cortava e acaba cortando a veia horto do pescoço, Donizete
sai rapidamente dali e a deixa dentro do banheiro sangrando, ele volta para o
quaro com uma cara de assustado e a sua mãe pergunta.
— Que
cara de assustada é essa?
— Nada,
é só medo do corredor escuro.
— Você
tem medinho do escuro é, tá bom o seu prato já está pronto aqui janta.
Na manhã seguinte eles
acordam com barulhos de passos e um falatório na pensão logo cedo.
Dona Zulmira sai para
ver o que estava acontecendo e pergunta para a senhora que a ajudou a limpar o
sangue da cabeça do Donizete.
— O que
está acontecendo?
— Encontraram uma prostituta morta no nosso
banheiro, até que isso demorou para acontecer.
— Mas
como ela foi morta?
— Uma
coisa horrível, parece que ela foi cortada toda com um estilete e colocaram
lesmas na boca dela, na vagina e no anus dela.
— Credo,
creem Deus pai, quem faria uma coisa dessas.
— Quem
que sabe.
Ela agradece a senhora
e volta para o quarto e comenta o que aconteceu com o João que fica horrorizado
e comenta.
— Você
não pode mais deixar o seu filho sozinho aqui nesse hospício, precisa
matricular ele na escola rápido.
— Vou
fazer isso agora tem uma escola lá perto da Rodoviária, vou ver se consigo matricular
ele lá já.
Ela consegue fazer a
matricula dele na escola e como as aulas já haviam começado sendo assim a
diretora já pede para ele frequentar a aula para se enturmar e não perder mais
nenhum dia de aula, ela o deixa na escola e vai para o serviço, avisando que
voltaria na hora do almoço dela para buscar ele.
Naquele dia um político
estava visitando a escola e passa pelo Donizete e faz um chamego na cabeça dele
pegando bem na ferida da martelada, ele puxa a cabeça para o lado, mas o
político insisti em querer pegar nele, para fazer uma média para a mídia, o
político sente uma sensação estranha e tem a impressão de ter visto alguma
coisa, formam alguns flashes rápidos ele tira a mão da cabeça do Donizete, fica
pensativo e continua a entrevista.
Donizete entra na sala
de aula e procura um lugar para ele se sentar, acha um ligar quase no fundo da
sala, as crianças estavam curiosas olhando para ele, logo em seguida a
professora entra e se ajeita a mesa dela, abre o livro de chamada e diz: — Bom
dia turma, hoje temos um menino novo na sala, vocês repararam?
E sala em couro diz: — Sim.
— E como
diz para ele?
— Seja
bem— vindo!!
A professora começa a
aula e pergunta para o Donizete:
— Qual
tabuada você já aprendeu?
— O que
é isso
A sala toda ri.
A professora pede que
parem e comenta.
— Pelo
jeito nenhuma, né?
Um menino que estava um
pouco mais para trás diz:
— Burro!
Donizete vira e encara
o menino que diz:
— Que
foi, gostou?
Donizete dá de ombro e
aula prossegue, mas o Donizete não estava entendendo nada.
E alguém jogou uma bola
de papel nele, ele se vira e avança no menino que estava mexendo com ele e soca
o menino, a professora separa os dois e os leva para a diretoria.
A diretora explica para
ele que no próximo dia ele só poderá entrar na escola acompanhado da sua mãe e
diz o mesmo para o menino.
Depois que eles saíram
da sala da diretora o menino ameaça ele dizendo:
— Eu e a
minha turma vamos te pegar lá fora.
Donizete dá de ombros,
ele volta para a sala pegar o seu material, que como era o seu primeiro dia ele
só tinha levado um caderno uma caneta e um lápis e uma borracha e vai saindo, o
político ainda estava na escola, fazendo a sua propaganda e quando o Donizete
passa por ele fica olhando para ele.
N a saída da escola o
menino estava esperando por ele.
— E ai
Burro!! Agora você vai apanhar.
E o menino mais outros
quatros partem para cima dele, Donizete se defende, tomava soco e dava soco até
que um menino o derruba por trás e outros dois montam em cima dele um segurando
as pernas e o outro a parte superior e um terceiro começa a soca— lo, no momento que o político estava saindo
da escola que grita:
— Parem
com isso!!
E corre para separar
agarrando um dos meninos que estava segurando a sua perna e como um choque
todos que estavam tocando no Donizete incluindo o político através do menino.
Ficaram parados e não
se mexiam.
— O
político vira para os meninos e pergunta:
— Você
também está vendo o que eu estou vendo?
Os meninos balançam a
cabeça dizendo que sim com medo de se mexerem e um deles diz:
— Estamos cercados por lesmas, a rua toda virou
um rio de lesmas e nós estamos ilhados, é isso?
Agora quem balança a
cabeça é o político.
Donizete se levanta
pega o seu caderno no chão que ainda estava com a caneta e o lápis dentro do
espiral e sai daquele círculo de lesmas, que abrem caminho para ele passar e
fechando logo em seguida deixando os meninos e o político ilhados, uma repórter
de um canal de televisão que estava acompanhando o político , acha estranho o
comportamento do político ali parado no meio da rua, mais quatro crianças sem
se mexer e as vezes mexendo as mão como se quisesse espantar alguma coisa e
pede para o seu câmera filmar aquela cena.
Donizete volta para
casa sozinho porque havia saído mais cedo do que o horário combinado com a mãe
dele, ele reconhece o caminho que era o mesmo do que fizera na tarde anterior
para ir no parque, mas ele volta pelo caminho que dava no moinho na região que
estava sendo demolida e no momento que ele passava por uma dessas demolições,
alguém o agarra e o arrasta para dentro de um resto de sala e o sola no canto
da parede.
Era o Zoio que dando
risada, fala para o Donizete.
— Você
conseguiu escapar ontem Tronquinho, e o meu amigo até morreu por sua causa, mas
hoje você não me escapa. Assim que ele termina a frase ele tenta arrancar a
roupa do Donizete que já estava nervoso por causa da briga na saída da escola,
começa a gritar de raiva e as lesmas começam a sair de todos os lados e subiam
na parede chegando até o teto e caindo no Zoio, que fica em pânico e corre para
a direção da rua gritando:
— Lesmas, lesmas!!
E sem olhar para os
lados ele atravessa a rua no momento que passava um ônibus de viagem que
acabara de sair da Rodoviária que o atropela.
Donizete sai da
construção devagar para que ninguém o notasse, porque se formava uma grande
aglomeração em volta do menino atropelado, os passageiros desceram para tentar
socorre— lo e a equipe de televisão que
estava na escola estava passando bem na hora do acidente, também parou para ver
o que estava acontecendo.
Ele sai de fininha e
caminha em direção a pensão, chegando no cortiço ele entra pelo corredor e vai
até o seu quarto e a porta estava fechada, ele escuta um barulho lá dentro e
pensa a minha mãe, já voltou ou veio almoçar, ele bate na porta e escuta:”
— Espera um pouco” ele espera, mas estava
demorando muito então ele resolve olhar pelo buraco da fechadura e vê a sua mãe
pelada se vestindo às pressas que diz novamente “— Espera mais um pouco”, ele fica ali em frente
a porta do quarto aguardando, até que a porta se abre e a sua mãe pergunta:
— Não
era para você sair as 13:00 hrs da escola, nós não combinamos que eu ia te
buscar, eu até pedi para a minha chefe me liberar um horário maior hoje no meu
almoço para eu te buscar e estava aqui com o João esperando dar o horário,
porque você saiu mais cedo, o que eu você aprontou agora?
— Eu
briguei com um menino que me chamou de burro e amanhã eu só entro na escola
acompanhado da senhora.
O João Ri e pergunta;
— Pelo
menos você ganhou a briga?
— Eu
sabia que nesse angu tinha carroço, agora amanhã eu tenho que ir na escola de
novo, já arrumou confusão no primeiro dia.
Agora entra e almoça
com a gente que depois do almoço eu e o João nós temos que voltar para o
serviço, já que não vou precisar mais ir te buscar, vou voltar a trabalhar eu
havia contado para a minha chefe que tinha tem dado uma martelada sem querer e
ela ficou com dó de você, por isso ela havia me liberado para ir te buscar,
agora o João vai ter que voltar rápido para o serviço ele só tem uma hora e
almoço.
Eles almoçam e logo em
seguida o João e a sua mãe saem e tranca a porta.
Donizete espera um
pouco dentro do quartinho, abre a janela se certifica que a sua mãe foi embora
e desce pelo cano da água e sai para a rua e vai até a pracinha onde ele
encontra o Testa.
— Ficou
sabendo Tronquinho um ônibus atropelou o Zoio.
Donizete faz cara de
surpresa e diz:
— É onde
e quando
— Foi
hoje porque ontem eu fiquei sabendo que ele queria te comer e comeu o sabiá e o
bochecha, mas você conseguiu escapar e o Sobrancelha morreu atropelado por um
trem na hora que tentou te pegar.
Donizete Balança a
cabeça confirmando a história.
— Que
loucura ontem o Sobrancelha morreu e hoje o Zoio.
— Mas
quem te contou de ontem?
— Foi o
bochecha eu encontrei ele chorando muito e no seu shorts atrás havia sangue, o
Zoio machucou ele ontem , tirou sangue da bunda do menino magrinho que só tem
bochecha, por isso eu acho que o que aconteceu com ele hoje , foi bem feito,
ele era muito ruim e fazia muitas maldades para as pessoas, agora o sobrancelha
ele era legal, era louco mas era legal ele ia muito no embalo do Zoio, por isso
que as vezes ele fazia umas merdas também.
Os meninos que disseram
para o Donizete que tinha mel na estátua e mijaram nela e deixaram ele beber
outro dia, aparecem no parque e zoam o Donizete.
— Olhem
o bebedor de xixi!!
E dão risada.
Donizete já estava
nervoso, não aceita desaforo e vai em direção do menino que diz:
— O que
você quer tampinha, você acha que pode comigo, então vem.
Donizete parte para
cima dele, mas o menino era muito mais velho e mais e forte que ele e dá uma
rasteira nele, o derruba no chão e depois pisa no pescoço dele rindo, mas ele
se engasga e começa a tossir e em uma das tosses ele tosse uma lesma e depois
mais uma até que ele fica roxo, porque não conseguia respirar e se debatia
tentando respirar e desmaia e cai próximo da estátua e não se mexe mais.
Os outros meninos
chegam perto e um deles diz:
— Será
que ele morreu?
O Testa se abaixa para
ajudar o Donizete e quando ele toca nele, ele se assusta perguntando:
— De
onde saiu isso, o que é isso, o que são essas coisas e vai andando de costa
para a rua se afastando indo para trás.
Donizete se levanta
rapidamente e grita:
— Para
Testa, não precisa ficar com medo, cuidado!!
Mas já era tarde e só
se escuta um freada muito forte de um dos ônibus da rodoviária e a testa do
Testa se espatifar no chão com tudo matando—
o na hora.
Donizete se lamenta
muito pelo seu amigo ter morrido daquele jeito e fica inconsolado, dizendo para
ele mesmo.
— Foi minha culpa!
— Ele
morreu porque me tocou na hora errada, mas eu também não tenho culpa eu não
controlo essas coisas, elas acontecem querendo me proteger e eu nunca sei o que
vai acontecer, não depende de mim, agora o meu único amigo confiável está
morto, como eu paro isso, ele volta para a pensão e pensa:
— Eu não vou mais sair do quarto.
E sobe pelo cano e a
senhora que ajudou a limpar o sangue dele outro dia o vê subindo e grita.
— Cuidado menino você vai se machucar eu vou
contar para a sua mãe.
Ele entra no quarto
liga a televisão e fica esperando a sua mãe chegar, mas quando a sua mãe estava
quase para chegar ele sente uma dor de barriga e não iria aguentar esperar a
sua mãe chegar então ele resolve ir no banheiro e sai pelo cano no momento que
a sua mãe estava chegando e o pega no fraga.
Bonito né!
Parabéns agora você se
superou.
— Estou
com dor de barriga, preciso ir ao banheiro e a senhora me deixou trancado não
tinha o que fazer, só me restou sair assim.
— Então
vai logo no banheiro.
Ele se vira e vê mulher
do tanque atrás dele que estava escutando o que a sua mãe falava, mas ela não
fala nada e ele passa por ela e corre para o banheiro.
Ele faz a suas
necessidades se levanta e olha nas fezes para ver se o seu dente estava lá e dessa vez estava, do
jeito que o João havia imaginado, parecia que o cocô tinha um dente de coelho,
um só bem no meio, ele sai do banheiro e volta correndo para contar para a sua
mãe que estava assistindo o noticiário que estava mostrando a imagem do
Político e mais quatro crianças
paradas em frente à escola dele,
como um idiota e depois o próprio político dando entrevista comentando que
talvez ele estivesse imaginando e vendo coisas, porque ele e os meninos haviam
visto um monte de lesmas pela rua, mas só eles que viam nas imagens da televisão
não aparecia nada.
A repórter termina essa
reportagem e emenda outra:
— Hoje
dois meninos foram atropelados por dois ônibus diferentes nas mediações da
Rodoviária, testemunhas de um dos atropelamentos, disseram que viram o menino
gritando “lesmas, lesmas”, muita coincidência com a história do político, acho
que estamos sendo atacados por Lesmas.
A mãe do Donizete acha
muito estranho aquela história e se recorda de tudo o que ela já havia visto o
Donizete sonhar com lesmas, o medo que ele tinha da casa da irmã dela e que ele
tinha visto o muro cheio de lesmas e por coincidência, os acidentes estavam
acontecendo sempre onde o filho dela estava e ela pensa:
— Será?
João olha para a mãe do
Donizete e comenta.
— Vou distrair o Donizete um pouco, eu trouxe
algumas varetas e vou fazer um pipa para ele, para que depois possamos
conversar com mais calma, porque você está me parecendo muito nervosa, eu acho
que sei porque.
— Você
sabe? E ela pensa será que ele descobriu o mesmo que eu.
— Vem
Donizete vou te fazer uma pipa de plástico com as varetas que trouxe, vem me
ajudar!
Donizete fica todo
empolgado com a ideia do pipa e fica rodeando o João, querendo ajuda— lo, João faz a armação do pipa com a linha de
costura da Mãe do Donizete que não gosta muita da ideia, mas como ela estava
querendo distrair o Donizete para poder conversar com o João, achando que ele
achava o mesmo que ela, ela só fica observando eles a construírem uma pipa. o
João passa cola de arroz nas varetas e finaliza com fita adesiva para não
soltar, depois ele enrola outro saco plástico e cortar pequenas fitas para a
rabiola, ele pega o tubinho de linha de costura e tira mais um pedaço.
— Donizete eu vou fazendo os nós para colocar a
fita da rabiola e você me ajuda enfiando
a fita no nó, ok?
Donizete faz que sim
com a cabeça.
E uma por uma, fita por
fita eles constroem um rabiola para a pipa.
— Pronto
agora você já pode brincar com ela, é só correr para que ela suba.
— Vai lá
na calçada filho , mas na calçada nada de sair para a rua, cuidado para não
correr para a rua e um desses ônibus de viagem te atropele também, igual o seu
amiguinho.
Donizete olha para a
mãe e sai arrastando a pipa pela porta saindo pelo correndo da pensão .
— Pronto
ele saiu o que você tinha para me contar?
— Eu
estou vendo um casa para nós maior que essa com quarto, cozinha e banheiro, sem
precisar dividir com ninguém , porque eu acho que o ambiente daqui não está
sendo muito bom para o seu filho e daqui a pouco ele pode acabar se machucando
ou até coisa pior.
— Ah tá,
achei que fosse outra coisa mais séria.
— Outra
coisa mais séria, o que pode ser outra coisa mais séria que a vida do seu
filho.
— Não,
não foi isso que eu quis dizer, sabe o que eu estou achando?
— Não,
não sei.
— Para
de ser bobo, eu estou achando que o meu filho tem alguma coisa haver com esses
acidentes que tem acontecido.
— Para
de ser boba, ele é uma criança inocente, porque você acha isso?
— Todas
as coisas que aconteceram, o incêndio no Orfanato, a morte da minha irmã, agora
todos esses meninos morrendo, e ele sempre está perto, o agravante que me
deixou com a pulga atrás da orelha.
— Que
agravante?
— Lesmas!
— O que
tem Lesmas?
— Em todos os acidentes as pessoas mencionaram
que as pessoas gritavam lesmas, eu me lembro que uma vez ele me falou sobre
lesmas no quintal da minha irmã, não sei acho que tem alguma coisa haver.
— Para
de besteira, como lesmas iriam fazer mal para alguém?
— Não
sei.
Enquanto isso Donizete
corria com a sua pipa de plástico pela calçada do quarteirão tentando fazer ele
subir e corria de um lado para o outro .
Quando ele chega na
esquina do quarteirão, no limite para a rua ele para e enrola a linha que ele
havia descarregado para poder correr para o outro lado, der repente um barulho
faz ao seu lado, ele se assusta e verifica o que havia caído ao seu lado , ele
constata que era um caminhãozinho de plástico, que com a queda as suas rodas
havia sido arrancadas, ele se abaixa pega o caminhãozinho e recolhe as rodinhas
uma por uma, uma das rodas havia ido parar no meio da avenida, ele coloca o
pipa no chão e coloca o caminhãozinho em cima do pipa, ele olha para os lados e
corre até o meio da avenida para pegar a rodinha que havia ficado ali e volta
correndo.
Quando ele volta correndo
um senhor de pele escura com uma barba branca estava segurando o carrinho no
colo e deixando a pipa dele voar, ele corre em direção do homem e grita.
— Solta
que é meu! Eu achei primeiro.
— Não é nada seu, eu sei de quem é esse
brinquedo e vou devolver para o dono.
— É mentira sua , você que rele para você me
devolve!
Donizete agarra no
carrinho e tenta puxar do homem que segura com força e não solta, até ele dar
um grito.
— Lesmas!!
— A Caçamba do caminhãozinho está cheio de
lesmas.
O homem solta o
carrinho no chão.
Donizete olha para o
homem sorrindo e pega o seu carrinho e a sua pipa e sai andando.
O homem vira para o
lado para as pessoas que estava no bar e
pergunta
— Vocês
também viram as lemas?
Ninguém se manifesta.
O Homem olha para todo
mundo a sua volta e diz.
— Eu não estou ficando louco, tenho certeza do
que eu vi.
Ele corre atrás do
Donizete, Donizete deixa a sua pipa cair e ele volta para pegar, se abaixa
rapidamente pega a pipa e corre o homem segura na rabiola do pipa.
— Vou
arrebentar a rabiola da sua pipa se você não me entregar o carrinho.
Donizete olha para trás
com cara de bravo para o home que estava puxando a rabiola do seu pipa.
E O Homem grita.
— Lesmas. as fitas da rabiola haviam se
transformado cada uma em uma lesma pendurada e se mexiam.
O Homem solta a rabiola
e o Donizete entra correndo na pensão e se tranca no banheiro.
O Homem vai até a entrada da pensão e começa a gritar.
— Esse
menino é o Demônio, eu vi com os meus próprios olhos, ele é o Demônio, ele transformou
a rabiola do pipa em um monte de lesmas, eu vi com os meus próprios olhos,
vocês não viram.
O homem estava
dirigindo a palavra para as garotas de programas que estavam na entrada da
pensão que respondem para o homem.
— A
única lesma mole que eu sei que está aqui agora, é essa coisa mole que você tem
dentro da calça.
As outras garotas dão
risadas.
— Deixa
a criança em paz, você não acha que está muito velho para querer ficar roubando
pipa de uma criança.
— Ele
não é criança ele é o demônio, estou falando para vocês.
O Homem gritava tanto
que a Mãe do Donizete escuta aquela gritaria e ela e o João saem para ver o que
estava acontecendo.
O Homem continuava a
gritar na entrada da pensão sendo impedido de entrar pelas garotas que estava protegendo
o Donizete e o o homem Gritava transtornado, com os olhos arregalados como se
realmente havia visto o Demônio.
O João vai até o homem
e pergunta.
— De que
criança o senhor está falando?
Ele está ai dentro do
banheiro trancado.
João olha para banheiro
e vê o restinho da rabiola do pipa que ele havia feito para o Donizete e olha
para a mãe dele que a olhava com os olhos arregalados.
— Eu vi
com os meus próprios olhos, o caminhãozinho ficou cheio de lesmas e depois a
rabiola da pipa se transformou em lesmas também.
O João vendo o homem
dizer aquelas palavras, olha para a mãe do Donizete assustado e tenta
tranquilizar o homem dizendo.
— Pode
deixar ele é meu filho, não e 'Demônio nenhum, o senhor que está cheirando a
álcool deve de estar imaginando coisas.
— É isso
mesmo seu bêbado deixa a criança em paz e vai embora daqui que você está
atrapalhando o nosso negócio. Diz uma das garotas.
O Homem xinga ela e
xinga o João e vai embora, gesticulando.
João olha para o homem
e depois olha para a garota que xingou o homem, que pisca para ele e estoura um
bola de chiclete.
João bate na porta do
banheiro e diz.
— Pronto
Donizete pode sair o homem já foi embora.
Donizete destranca a
porta, sai e abraça o João que olha para a mãe do menino e diz.
— É nós
precisamos nos mudar urgente.
Assim no dia seguinte,
João contrata um serviço mudança.
Livro 2 — O Padrasto.
Eles carregavam as poucas coisas no pequeno caminhão, que
ainda chegava a sobrar espaço na carroceria do caminhão.
— Mãe eu posso ir na
carroceria do caminhão? Diz Donizete.
— Não filho é perigoso.
— É senhora, eu acho
que ele ou o marido da senhora vai ter que ir lá trás, porque não vai caber
todo mundo na cabine do caminhão.
— Deixa a criança ir lá
atrás Zulmira. Diz o João
— Não, isso é perigoso
ele pode cair.
— Vem cá Zulmira, dá
licença moço. João pega a Zulmira pelo braço e se distância do motorista do
caminhão e diz.
— Eu não vou deixar
você ir no meio daqueles homens, do motorista e do ajudante dele, olha a cara
de safados deles, você não sai do meu lado.
— Então vamos na
carroceria.
— Também não, não vou
me sujeitar a andar na carroceria e muito menos, te expor assim, vou falar para
o ajudante ir junto com o Donizete na carroceria e nos dois vamos na cabine do
caminhão.
— Está bem, tendo um
adulto com o Donizete, eu fico um pouco mais tranquila.
Assim eles terminam a
mudança, o rapaz coloca o Donizete na carroceria e entrega a pipa para ele
também.
O Caminhão parte e
Donizete brinca com a sua pipa com o vento que se formava com a velocidade do
caminhão a pipa vai subindo e passa da altura dos fios de alta tensão no
momento que o caminhão cruzava o quarteirão onde o Donizete havia achado o
brinquedo e o bêbado quis lhe tomar , onde o mesmo estava naquele momento na
esquina do bar como no dia anterior e quando ele avista o Donizete do caminhão
ele grita.
— Demônio!
Donizete olha para o
homem e a sua pipa enrosca no fio de energia e como a linha de nylon de costura
não se arrebentava fácil e o com o caminhão em movimento o fio de alta tensão
se solta do poste e cai em siam do bêbado, matando o homem eletrocutado.
O rapaz que estava na
carroceria junto com o Donizete olha para ele preocupado e se assusta o e
menino estava com o rosto deformado e que os poucos foi voltando ao normal, o
rapaz esfrega os olhos e olha novamente, mas o rosto do menino estava normal e
que diz para ele.
— Perdi a minha pipa.
Fala o Donizete como se fosse uma
criança inocente que chora quando o seu sorvete cai no chão.
O rapaz olha para ele e
olha para a pipa que ficou enroscado no fio onde na outra ponta o homem pegava
fogo.
— Credo menino, você
viu o que você fez, a sua pipa matou aquele homem.
— Quem aquele ladrão de
brinquedo? Bem feito para ele. Diz o Donizete.
— O rapaz não sabe o
que dizer e se afasta do Donizete, ficando do outro lado da carroceria.
O Caminhão anda pelo
trânsito da cidade e o Donizete estava sentadinho no seu canto observando o
caminho até eles chegaram no bairro da Vila Mazzei, onde o caminhão para em
ladeira de frente de um portão verde onde havia um correndo que dava em uma
escada que subia para uma casa amarela no alto.
A mãe do Donizete é a
primeira a descer e entrar no portão e pede para o João pegar o Donizete.
João vai até a
carroceria do caminhão e pede para o rapaz ajudar ele a descer o Donizete, o
rapaz se recusa e se afasta do menino pulando da carroceria.
João acha aquilo
estranho, mas entende rapidamente o que tinha acontecido, na mínima o menino
tinha aprontado alguma coisa que assustou rapaz.
— Vem Donizete pula que
eu te seguro!
Donizete pula e o João
o agarra no alto e o coloca no chão, ele entra pelo portão atrás da mãe dele e
vai na direção da escada onde a sua mãe já abria a porta no final da escada,
Donizete chega no início da escada e se depara com algumas meninas no corredor
lateral que olhavam para ele e riam, haviam cinco meninas três pareciam mais
velhas e duas pareceriam ter a mesma idade do Donizete, ele olha para as
meninas e ri também e sobe a escada correndo.
Ele entra na casa e a
sua mãe o chama.
— Vem ver Donizete,
olha que casa legal, agora nós temos uma sala onde você vai poder dormir
sozinho, nós temos uma cozinha, onde eu vou poder cozinhar, eu o João, nós
temos um quarto para nós dois e olha aqui um banheiro, só nosso, sem ter que
dividir com ninguém ou esperar na fila para usar, que maravilha e olha aqui
também, saindo por essa porta nós temos um varanda onde é a minha área de
serviço, onde eu vou poder lavar a minha roupa e estende— la sem nenhum medo que alguém nos roube.
Donizete entra na
varanda e olha a paisagem que havia ali, então ele olha para baixou onde as
meninas que estavam no corredor quando ele entrou, agora estavam no quintal da
última casa que devia de ser de uma delas.
As meninas mexem com
ele e ele olha para eles que manda um beijo para ele, ele dá risada e retribui
o beijo, beijando a palma da mão e assoprando na direção delas, que dão risada,
ele ri e volta para a sala onde o motorista e o ajudante descarregavam algumas
caixas, o ajudante olha para ele assustado e sai rapidamente pela escada para
ir buscar mais coisas no caminhão, João acha estranho mas não pergunta e nem
diz nada.
— Vamos Donizete, vem
me ajudar a carregar as coisas pequenas que você conseguir carregar.
Eles descem as escadas
e o ajudante já vinha voltando com mais uma caixa, ele passa longe do Donizete
como se estivesse com medo, e o João como achar aquilo estranho, mas foi assim
até descarregarem toda a mudança.
— Nossa Luizinho você
nunca fez uma mudança tão rápido, o que você comeu hoje? Brinca o Motorista com
o ajudante.
O ajudante olha para o
Donizete e olha para o João que estava olhando para ele e diz.
— Não comi nada não, só
estou querendo acabar logo, para ir embora daqui.
— Embora daqui porque?
— Nada, foi só uma
expressão, eu quis dizer que quero acabar logo.
— A tá.
João percebe que o
Donizete havia aprontado alguma coisa que havia deixado aquele homem com medo
dele, ele paga o motorista pelo carreto e o ajudante já estava esperando pelo
motorista no caminhão.
O motorista volta para
o caminhão e antes de sair ele pergunta para o ajudante.
— O que você tem
Luizinho, você está estranho?
— É porque você não viu
o que eu vi, aquele menino é um demônio, eu o vi matar um homem quando nós
saímos lá da rua do centro.
— Viu como, que eu não vi.
Quando o caminhão começou
a andar eu o ajudei a brincar com a pipa dele no vento que se formava por causa
da velocidade do caminhão, e nó andamos um quarteirão assim com a pipa
baixinha, abaixo dá altura do fio, mas quando chegamos na esquina e deixou a
pipa subir um pouco mais alto e um homem começo a chamar ele de Demônio ele
olhou para o homem e a sua pipa arrancou o fio que caiu em cima desse pobre
homem que foi eletrocutado, eu estava olhando apara aquele homem que começou a
queimar com o fio de força e quando eu olhei para esse menino ele tinha fogo
nos olhos e estava com a sua fisionomia alterada e depois que nós nos
distanciamos ele voltou ao normal, ao primeiro momento achei que eu estava
vendo coisas, mas tenho certeza do que eu vi.
Você bebeu hoje antes
de vir me ajudar, você deve de estar imaginando coisas.
Não estou imaginando
nada, eu sei o que eu vi.
Ah, vamos embora antes
que o menino resolva vir aqui e roubar a sua alma.
O motorista brinca
tirando um sarro do ajudante, que só balança a cabeça, o motorista liga o
caminhão e vai embora.
João ficou observando o
motorista e o ajudante conversando, já imaginando que eles deviam de estar
falando do Donizete. Ele se vira e vai na direção da mãe do menino e diz.
— Eu
acho que o seu filho aprontou alguma coisa no caminho que deixou o ajudante do
caminhão com muito medo.
O que será que ele fez?
Os dois olham para o
Donizete que estava olhando para eles e o Donizete pergunta para a mãe dele.
Mãe aquelas meninas
estão me chamando para ir brincar com elas eu posso ir brincar com elas?
Não, você precisa me
ajudar a arrumar aqui.
João olha para ele como
que querendo dizer deixa ele ir e pisca para ela e diz baixinho no ouvida dela.
Deixa ele ir, vamos
estreitar o nosso quarto novo.
Tá bom pode ir, mas não
é para sair para a rua.
Ele desce as escadas
correndo e vira a direita na escada indo em direção ao fundo da viela de casas
e vai ao encontro das meninas que vem na direção dele dizendo.
— Você que vai morar agora aí?
— Sim.
— Que legal pelo menos agora nós vamos ter
outro menino para brincar com a gente de novo, porque o Alexandre que morava aí
foi embora e nós ficamos sem um menino para poder participar da nossa
brincadeira, como é o seu nome?
— Donizete.
— Eu me chamo Regina.
Essa é a minha irmã Cátia e nós que moramos aqui na casa do fundo da viela,
essa é a Bete e as outras duas são as irmãs dela. A menorzinha é a Cacilda e a
maior é a Suelen.
Donizete olha para a
Cacilda achando ela bonita e que devia ter a mesma idade que ele.
— Quantos anos você tem?
— Eu tenho oito, na verdade vou fazer oito.
— Eu tenho doze anos eu e a Suelen, a Bete tem
onze e a Cacilda tem nove e a Cátia tem oito como você, você e ela são os mais
novinhos aqui, então podemos mandar em vocês.
Donizete se assusta.
— Calma eu estou brincando, ninguém vai judiar
de você não, não precisa ficar com medo.
— Eu não estou com
medo.
— Você sabe brincar de beijo abraço e aperto de
mão?
— Não, não sei.
— Agente te ensina. Diz a Bete rindo.
A Cacilda o pega pela
mão.
— Vem vamos lá no canto, que dá para a gente
brincar melhor sem ninguém nós ver.
— A brincadeira funciona assim, uma das meninas
fecho o seu olho e as outras meninas ficam em pé na sua frente, aí ela aponta
para uma e diz: beijo, abraço ou aperto de mão? E você escolhe uma dessa opções
e responde o que você quer, entendeu.
— Acho que sim.
— Então vamos começar,
a eu estava me esquecendo, se repetir o desejo, tem castigo, agora senta aqui
que eu vou tampar os seus olhos e vamos começar a brincadeira. Diz a Regina.
— Pronto? — É esse?
— Não.
— É esse.
— É.
— Beijo, abraço ou aperto de mão?
— Humm, aperto de mão.
— Ok, você tirou a
Cátia, vai lá e dá um aperto de mão nela.
— Pronto agora é a vez da Cátia sentar e
escolher. Diz a Regina.
— Pronta?
— Sim.
— É esse?
— Sim.
— Beijo, abraço ou aperto de mão?
— Vou querer um abraço.
— Pronto pode dar um abraço na Cacilda.
— Está pronta Cacilda?
— Sim.
— E esse?
— Não.
— É esse? Regina dá uma apertada nos olhos da
Cacilda para avisa— la que era o
Donizete.
— Sim.
— Beijo, abraço ou aperto de mão?
— Um beijo.
— É o Donizete dá um beijo nele.
— A Cacilda dá um beijo na bochecha do
Donizete.
— Agora é a sua vez de ficar aqui Donizete e eu
vou para lá agora e a Cacilda tampa os seus olhos, para você escolher no
escuro.
— Pronto?
— Sim.
— É essa?
— Não.
— É essa?
— Não.
— É essa?
— Sim.
— Beijo abraço ou aperto de mão?
— Beijo.
— Castigo! Castigo! Castigo.
— Agora você vai ter que dar um selinho na boca
da Regina.
Ele dá um selinho na
boca da Regina e ela se senta para escolher, a Cacilda tampa os olhos da Regina
e o Donizete fica em segundo na sequência.
— Está pronta Regina? Pergunta a Cacilda.
— Sim.
— É essa?
— Não.
— É essa? Cacilda aperta o olho da Regina
avisando que era o Donizete.
— Sim.
— Castigo! Castigo! Castigo.
— Agora é beijo na boca de língua.
Donizete olha, para as
meninas que riam e gritavam.
— Beija, beija.
A Regina como era
experiente por ser quatro anos mais velha que o Donizete vai na direção dele e
o beija na boca.
— Você não sabe beijar?
— Não, é a minha primeira vez que beijo de
língua.
— Eu vou te ensinar, você tem que enroscar a
sua língua na minha enquanto a gente mexe os lábios quase fechando a boca e
abrindo se esfregando, assim.
A Regina beija o
Donizete que faz o que ela ensinou e aprende de primeira.
— Isso, assim mesmo, nossa você aprende rápido.
— Vamos continuar a brincadeira, agora muda
quem não foi ainda, agora troca.
Então a Bete se senta e
a Regina tampa o olho dela.
— É esse?
— Não.
— É esse?
— Não.
— É esse? Regina aperte o olho da Bete para
dizer que era o Donizete.
— Sim.
— Você vai querer, um beijão, um apertinho de
mão ou um pequeno abraço.
— Vou querer um beijão.
— Castigo! Castigo!
Castigo!
— Outro beijo de língua no Donizete.
A Bete se levanta e dá
um beijo de língua no Donizete o arrastando para a parede e o deixando sem
fôlego.
— Uau, e agora quem
falta.
— A Suelen.
— Eu não preciso mais da brincadeira já sei
quem eu quero e o que quero.
Então ela dá um beijo
de língua no Donizete já aproveitando que ele estava na parede no canto escuro
e a Regina diz para ela:
— Deixa eu um pouco agora. E elas trocam e a
Regina o beija e a Bete diz:
— Agora sou eu. E ela troca com a Regina e as
três ficam se revezando beijando o menino.
— Olha ele está com o pinto duro. Diz a Regina.
— Deixa a gente ver o seu pinto, mostra para a
gente, você já tem pelinho?
Donizete fica meio
encabulado e diz.
— Não ainda não tenho.
— Não precisa ter
vergonha, me deixa eu pegar então.
E a Regina pega no
pinto dele e diz:
— Nossa!! Que duro, parece uma pedra.
— Eu tive uma outra ideia, vamos brincar de
dança agora e a gente faz uma roda e você fica no meio, a gente conta até de e
quem estiver na hora que contar até dez na sua frente tem que rebolar no seu
pinto, ok.
Donizete faz que sim
com a cabeça.
— Então vamos começar, todo mundo de mãos dadas
e de costa para o Donizete contando até dez.
Todas contam até dez
girando de mãos dados de costa para o Donizete.
— Um, dois, três,
quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez, parou!!
— Cacilda!!
— Você vai ter que rebolar no pinto dele.
Cacilda estava com as
bochechas vermelhas, ela olha para o Donizete e meio que sem graça ela dá uma
rebolada rápida e diz:
— Pronto tá bom.
Elas começam de novo e
contam até dez e dessa vez é a Regina que para na frente dele.
Ela começa a rebolar no
pinto dele com vontade, ela se esfrega, levanta e abaixa a bunda, vai para um
lado para o outro e diz:
— Nossa o pinto dele ficou mais duro, mas essa
posição cansa, vamos colocar ele sentado na cadeira e a gente senta no pinto
dele, pega essa cadeira aí bete¹
A Bete traz a cadeira e
dá para o Donizete se sentar e diz.
— Nós vamos ter que sentar de frente assim. Ela
senta no colo dele de frente para ele e dá uma esfregada com a xoxota no pinto
dele e depois diz.
— Ou vamos ter que sentar de costa assim. E ela
senta com a bunda no pinto dele e se esfrega indo para a frente e para atrás.
— Não deixa eu te mostrar como a gente vai ter
que fazer. Diz a Regina Sentando no colo do menino com a bunda e colocando a
mão no chão empinando a bunda e esfregando no pinto do Menino.
A Suelen interrompe ela
e diz.
— Agora é a minha vez, sai daí eu acho melhor
assim.
Ela senta no colo dele
de frente e se esfrega nele enquanto o beijava.
— Gostei dessa deixa eu mais um pouquinho dessa
maneira, estou molhadinha. Diz a Regina.
— Não, agora é a minha vez. Diz a Bete.
Enquanto isso a Cátia e
a Cacilda só ficavam olhando as irmãs mais velha brincar com o Donizete.
— Você já bate punheta Donizete?
— Ainda não.
— Bate para a gente ver.
— Enquanto nós tocamos uma siririca.
— Mas como, que faz?
— A gente ensina você, a gente até dá uma
chupadinha no seu pinto para lubrificar e tudo que você tem que fazer é segurar
ele com a mão fechada e flexionar para cima e para baixo, assim. Diz a Regina
pegando no pinto dele e mostrando para ele como se faz
A as três se abaixam ao
lado dele e cada uma dá uma chupadinha no pinto dele e depois, as três se
sentam no canto da parede e começam a tocar uma siririca, cada uma dela e
dizendo para o Donizete.
— Faz também, faz mais rápido se não, não
funciona, faz assim que nem a gente bem rápida, ai que gostoso que é isso.
Donizete começa a fazer
como ela mandou.
— Vai mais rápido, passa mais saliva.
Ele passa mais saliva e
continua bem rápido e der repente e sente todo seu corpo estremecer e a sua
cara parecendo que ia explodir e para.
As meninas também
estavam tremendo e dizendo.
— Aí gozei gostoso olha a minha mão. A Regina
mostra a sua mão para a Bete, que a empurra de volta.
— Você ainda não goza né menino, mas é gostoso
a sensação, não é?
— É estranho parece que o corpo vai explodir,
sensação estranha e gostosa, mas o que é gozar?
— Gozar é quando saí um liquido branco, quando
dá essa sensação de entortar o corpo todo, quando você for mais velho e já
tiver pelinho no saco, você vai gozar assim ejaculando, você vai ver.
— Donizete!!
— É a minha mãe, preciso ir.
— Não conta nada para ela, tá bom!
— Não vou contar, amanhã a gente pode brincar
mais?
— Amanhã eu acho que a minha mãe não vai
trabalhar, mas quando ela sair a gente te chama.
— Tá bom, tchau!
Donizete sai e a sua
mãe o esperava no portão, que ficava de lado do muro sem visão para dentro do
quintal e da casa.
— Menino acabamos de mudar e você já está
enfiado na casa dos outros, não tem vergonha não?
— Porque você está tão vermelho?
— Nós estávamos brincando.
As meninas vão até o
portão.
— Tchau Donizete!! Gritam quase todas menos a
Cátia que diz para a irmã.
— Eu vou contar tudo para a mamãe quando ela
chegar.
— Se você contar eu conto para ela que foi você
que estragou batom dela e que não quer lavar a louça, e também não te levo para
a escola.
— Tá bom eu não conto nada, mas não conta do
batom para ela não.
Donizete e a sua mãe
entram na casa e o João olha para ele e diz.
— Estava brincando com as meninas, mas elas
nãos são muito grande para você?
Donizete não diz nada e
só olha para ele.
— É isso aí, te que brincar com as meninas
mesmo, toca aqui.
Donizete toca a mão
dele e a mãe dele diz para ele.
— Vai tomar banho, aproveita que não tem fila.
Ele olha para ela sem
entender nada.
— É brincadeira bobo, é só para não perder o
costume, agora vai entra nesse chuveiro.
Ele entra tranca a
porta e vê como aquele banheiro era limpinho, diferente do outro da pensão e diferente
do Colégio interno, ele estava sozinho ali no banheiro, só para ele, ele liga o
chuveiro e começa a se ensaboar e quando ele chega no seu pinto ele percebe que
ele ainda estava meio durinho e começa a fazer de novo o que q menina havia
acabado de lhe ensinar e sente novamente aquela sensação que parecia que coçava
o corpo todo e pensa , nosso isso é muito gostoso, mas é estranho.
A sua mãe bate na porta
do banheiro e diz:
— Agora chega, sai desse chuveiro logo para a
gente jantar.
Ele se sente um pouco
culpado, se sentindo como se estivesse fazendo algo errado, se enxuga e se
troca e sai.
— Já senta na mesa, depois de jantar eu vou
improvisar uma cama para você na sala até a gente comprar uma cama nova para
você.
Donizete acorda e
estranha o lugar, mas logo se situa e a primeira coisa que ele faz é ir na
varanda, porque ele escuta o portão da casa da Regina se abrindo, ele olha da
varanda para baixo e vê a Regina levando a sua irmã para escola, ela olha para
ele e manda um beijo e ele corresponde, a Cátia estava de cara emburrada e
usava um uniforme escolar nem olha para o Donizete.
— Você gostou dessas meninas né?
Pergunta a sua mãe que
estava atrás dele e havia escutado ele abrir a porta da varanda.
— Elas são legais.
— Eu preciso ir na
escola te matricular também, com essa correria toda eu não tive tempo, assim
que o João sair para trabalhar eu vou lá e você fica aqui quietinho, ok?
O João sai para
trabalhar depois de tomar café e a sua mãe sai junto com ele para ir na escola
matricular ele.
— Se comporta em!
— Pode deixar.
A sua mãe sai e ele
fica olhando para aquela casa vazia sem saber o que fazer, der repente ele
escuta um barulho de alguma coisa caindo sacada ele abre a porta da sacada e
vai verificar o que era e se depara com a Regina.
— Eu vi a sua mãe
saindo a minha também saiu, estou sozinha em casa, desce aqui.
— A minha mãe levou a
chave da porta da frente.
— Desce pelo cano da
caixa d'água.
— Ele olha aquele cano
e acha aquilo familiar e desce por ele.
— Pronto vamos lá para
casa, que não tem ninguém lá.
— Eles entram na casa
da Regina, pronto estamos sós, gostou da brincadeira ontem?
— Gostei, até brinquei
sozinho no banheiro depois.
— Brincou? Diz ela
rindo.
Ele fica com vergonha.
— Calma estou
brincando, quer brincar mais, agora só eu e você?
— Sim.
— Hoje vou te ensinar
uma coisa que eu e o meu namorado já fizemos, ele já tirou a minha virgindade,
então nós podemos fazer outras coisas.
— Que coisas?
— Como está o seu
pinto, não está dolorido?
— Não, só está molinho.
— Isso a gente dá um
jeito.
Ela chega bem pertinho
dele e dá um beijo nele e se esfrega nele deixando ele de pinto duro.
— Nossa que rápido viu.
Ele olha para o pinto
dele.
— Vem, vem comigo para
o meu quarto, vamos na minha cama.
Ela tira a roupa e se
deita com as pernas abertas e diz.
— Tira a roupa esse
deita aqui comigo.
Ele tira a roupa esse
deita entre as pernas dela.
— Isso agora coloca o
seu pinto na minha xoxota e empurra.
—Assim?
—Isso, agora vai e
volta.
— Assim.
— Isso, assim não para,
faz mais rápido, o seu pinto é menorzinho que o do meu namorado porque você é
bem mais novo que ele, mas faz uma cocega gostosa que acho que consigo gozar
assim, continua assim, vai mais rápido. Assim.!
— Isso, ai!! Que
gostoso, gozei, aí.
— Eu também estou
sentindo aquela sensação que dá coceira no corpo todo.
— Coceira? Ela ri.
— Isso.
— O bom que você ainda
não goza e não tem perigo e não amolece a gente pode continuar, vai não para
continua, não tira, continua indo e voltando, isso, mais rápido, assim isso.
Vai! Assim, Vai não para que vou gozar de novo.
— Aí que gostoso.
— Eu não sinto mais a
coceira.
— Então continua, está
gostoso uma coceirinha gostosa, deixa o seu pintinho aí e fica indo e voltando,
espera deixa eu ficar de cachorrinho para você.
— Agora vem por trás e
coloca vem! Isso, assim, vai e volta, aí, assim entrou mais deu para sentir,
que gostoso, agora vai continua.
— Está me dando
coceira, só que dessa vez está muito forte.
— Não para agora
continua que eu também estou quase sentindo a coceira de novo. Vai! Só mais um
pouquinho! Assim, gozei, aí que delícia.
— Eu sou uma boa
professora, fiz você me fazer gozar três vezes, mas ainda quero mais, deixa eu
te chupar, deita na cama.
— Nossa tá duro de
novo, vou sentar em você e cavalgar, acho que agora não vou gozar mais, mas
quero ficar assim com você e te beijando está gostoso.
— A sua mãe vai
demorar?
— Não sei, acho que
não, ela foi fazer a minha matrícula na escola.
— Se ela foi na escola
onde a minha irmã estuda, ela já deve estar para chegar, que pena a gente vai
ter que parar.
— Ela sai de cima dele
e se troca.
— Anda se troca eu vou
te ajudar a subir de volta pelo cano.
Ele se troca e eles
saem e ela o ajuda subir pelo cano de volta para a casa dele, ele entra na sua
casa e fica ali sentado na cadeira, a sua mãe demora a voltar então ele vai na
sacada e avista a Regina no portão que olhava para ele e mandava beijo e ele
mandava de volta, e dois ficam ali se olhando, até a porta da frente se abrir.
— Donizete!
— Estou aqui mãe.
— Pronto já matriculei
você na escola, você já começar na segunda feira.
— Está bom.
— Não quis assistir
desenho, não ligo a televisão, estranho.
Ele liga a televisão só
para disfarçar e fica ali assistindo um desenho e o tempo passa ele escuta um
barulho de portão se abrindo era Regina indo buscar a sua irmã e agora era ela
estava de uniforme escolar, ele sai na sacada.
— Você vai para escola?
— Depois que buscar a
minha irmã e deixar ela aqui
— A tá.
— Eu volto no finzinho
da tarde agora, e a gente se vê depois.
— Tá bom.
Ele entra e a sua mãe
fala para ele.
— Essa menina não é muito
velha para ficar brincando com você?
— Não, ela é bem legal, a gente brinca bastante, ela
me ensina muitas coisas.
— Que coisas?
— Brincadeiras novas.
— Que tipo de
brincadeira?
— Umas brincadeiras de
meninas.
— Brinca com boneca?
— Não, elas não brincam
mais de bonecas.
— Não sei não, essas
brincadeiras não está me cheirando bem.
— Hoje o que eu vou
fazer para te distrair, não vou mais trabalhar o João que vai pagar todas as
contas da casa, então eu vou querer fazer coisas para a gente se distrair, o
que a gente pode fazer?
— Empinar pipa olha
quantos pipas no alto mamãe aqui, que diferente de onde a gente morava.
— Mas eu não sei fazer
pipa.
— Então eu posso ir lá
fora, só ficar olhando as pipas no alto.
— Pode, mas não sai
para a rua.
— Está bom.
Ele fica na escada só
solhando as pipas no alto até der repente, uma linha passa na sua cabeça e
corre para o telhado do lado, ele corre e sobe no telhado e puxa a linha e pega
uma pipa muito bonita e grita.
— Mamãe, mamãe, me
ajuda, olha a pipona que eu peguei, me ajuda.
A sua mãe sai na escada
procura ele, e não acha.
— Aqui mãe, estou aqui,
puxa a linha para mim.
— Menino sai daí agora,
sai do telhado dos outros, saí agora daí.
No mesmo momento o
portão da vila enche de meninos, gritando e dizendo que a pipa era deles.
— Donizete os meninos
estão dizendo que a pipa é deles.
— Não é não mamãe, eles
estão mentindo.
— Vamos devolver para
eles, vai.
A mãe dele puxa a pipa
e a entrega para os meninos.
Donizete fica bravo e
briga com a mãe dele, ela entra e ele fica na escada sentado emburrado e vai
atrás dos meninos na rua que pegaram a sua pipa, mas os meninos já haviam ido
embora, então ele fica só olhando para o céu e vem outra pipa boiada, a pipa
cai em cima de uma fábrica ele sobe na fábrica para pegar a pipa e quando ele
estava chegando na pipa a telha se quebra e ele ai mas fica pendurado pela sua
camisa para a sorte dele porque embaixo haviam maquinas em funcionamento, a
pipa cai nas maquinas que as destrói instantaneamente, ele se assusto mas não
entra em pânico e se agarra a um coluna de ferro do telhado, os homens que
estava dentro da fábrica começam a gritar para ele, xingando e dizendo, que ele
iria morrer.
— Moleque o que você está fazendo aí, saí daí.
Ele sai pelo mesmo
buraco do telhado e tenta descer pelo mesmo lugar que subiu, mas lá embaixo os
homens já o esperavam, ele pensa.
— E agora o que eu vou
fazer? Ele olha adiante e enxerga a sua casa a alguns telhados dali, então ele
decide ir pelo telhado e pula do telhado da fábrica para o da casa quebrando
algumas telhas e dono da casa parece xingando ele, lê corre para o outro
telhado onde havia um cachorro no quintal que latia sem parar, ele passa para o
outro quintal e chega no telhado do Fundo da vila onde ele morava, no telhado
da casa da Regina, ele passa para o muro e percebe que a janela do quarto dela
estava aberta, e ele pensa, ué ela não tinha ido para a escola, então ele olha
dentro do quarto e vê ela transando com o namorado dela, ele tenta se esconder
e cai no quintal do lado onde havia um pé de goiaba, ele cai de mal jeito em
cima de uma galho e se machuca, um
pedaço do galho enfia na sua perna, ele puxa e retira o pedaço de galho, e pelo
buraco que o galho fez na sua perna, começa a sangrar no momento que um
cachorro vinha na sua direção, ele sobe rapidamente pelo galho da árvore e o
cachorro ainda pula e tenta morde-lo, mas não consegue a dona da casa grita
para o cachorro pegar, mas no tronco da arvore abaixo dele se enche de lemas e
o cachorro, começa a gritar de dor.
— Cain,
Cain.
Assim ele sobe rápido e
sobe no muro e pulando de volta para a vila, ele sobe a escada da sua casa e a
sal mãe abre a porta, gritando.
— Onde que você estava menino?
— Fui atrás de uma pipa.
— Que é isso na sua perna? É sangue?
— O que você fez? o que aconteceu?
— Cai em cima de um galho, mas já tirei o
pedaço que me furou.
— Meu Deus, me deixa ver isso?
— Vamos limpar primeiro e depois a gente coloca
um curativo e depois disso você fica quieto, para não aprontar mais nada.
Ele fica quieto mas não
por muito tempo, ele escuta o portão da Regina se abrindo e ele vai até a
varanda para olhar quem era, e vê a Regina saindo com o seu namorado , que
aparentava ser bem mais velho que ele, ela olha para cima rapidamente e vê ele
olhando para ela, mas não faz nada e passa por ele como se ele não estivesse
ali.
Ele entra de novo e
fica quieto assistido televisão, o dia passa e escurece e o João chega do
serviço.
— E aí o
que você aprontou hoje? Pergunta o João para o Donizete.
— Nada.
— Nada, e o que é esse curativo no tornozelo?
— Me machuquei.
— Machucou é, como?
— Correndo atrás de uma pipa.
— Você essas pipas, mas não foi nada sério né,
não precisa ir no médico, tomar injeção?
— Não! Não precisa não, estou bem.
— João dá risada e dá um beijo na mãe dele.
— Você viu a arte dele aí.
— Vi, mas não
aconteceu, mais nada, aconteceu?
— Do que você está falando?
— Você sabe, do que eu estou falando.
— Ah, tá, não, pelo menos não apareceu ninguém
brigando aqui, por enquanto.
— Que bom, então vou tomar um banho para a
gente jantar e depois a gente fica no o quarto.
Eles jantam e a sua mãe
o João vão para o quarto assistirem televisão lá.
Donizete escuta uns
barulhos no quintal e ele abre a janelinha da porta para ver que era, era as
meninas que vê ele na janelinha e sobem a escada para falar com ele.
Ele faz um sinal com o
dedo, para elas não fazerem barulho.
Elas sobem sem fazer
barulho e uma por uma dá um beijo de língua nele, menos a Cátia e a última a dar
um beijo nele é a Regina que olha para ele e pede desculpa e explica para ele.
— Me
desculpe por aquela hora, o meu namorado é muito ciumento.
— Eu pensei que você tinha ido para a escola, e
quando eu escutei o barulho fui ver e vi que era você.
— É ele estava me esperando na entrada do
colégio e não me deixou assistir aula, me fez cabular aula para ficar com ele,
por isso estava àquela hora aqui.
— Donizete está falando com quem?
— Com a Regina.
— Eu já falei essa menina é muito velha para
você, para ficar de converse com ela.
— Eu vou ter que entrar amanhã a gente se fala.
— Amanhã é sábado eu não vou para a escola, me
dá mais um beijo.
— Ela o beija, a Bete o beijo novamente e a
Suelen e por último a Cacilda,
A Cátia nem olha para a
cara dele, ele fecha a janela e entra.
— Mãe já estou melhor posso ir brincar lá fora?
— Onde você vai?
— Aqui na vila, mesmo.
— Com aquela menina?
— Deixa o menino Zulmira, deixa o menino
brincar.
— Eu não sei não, eu acho que aquelas meninas
são muito velhas para brincar com ele.
— É nada deixa ele se dar bem, ele é homem.
— Você fala isso porque não teve de ir com ele
no médico quando ele tinha cinco anos, depois que abusaram dele.
— Agora é diferente são meninas, como elas
poderiam machucar ele?
— Se alguma coisa acontecer com ele você não vai
se responsabilizar, porque não é o seu filho.
— Deixa o menino ser feliz e para se preocupar
tanto e vem aqui que eu que vou abusar de você agora.
— Cachorro!
Donizete vai direto
para a casa da Regina, onde todas as meninas já estavam, lá.
Ele chama no portão e a
Bete que o atende.
— Oi, entra vem, nós estamos jogando um jogo na
cozinha.
Ele entra e as meninas
uma por uma dá um beijo na boca dele e como sempre a Cátia nem olha na cara
dele.
— Nós íamos começar agora e o castigo era tomar
um copinho de pinga, para quem perdesse, mas agora que você chegou acho que
vamos mudar o castigo.
— Não a primeira rodada ainda vai ser um
copinho de pinga, só para nós três. Diz a Suelen e para eles que são menores a gente
inventa outro castigo.
— E elas começam a brincadeira, jogam os dados
uma por uma e quem tirasse o número menor iria ter que tomar a pinga.
— Bete você perdeu, bebe, fecha o nariz e bebe.
— Me dá aqui esse copo. E ela bebe de uma só
golada.
— Vamos outra.
Elas jogam os dados
novamente e novamente a Bete tira o menor número, ela bebe mais um copo de
pinga e já começa a falar mole.
— Vamos de novo, dessa vez eu não perco.
Elas jogam os dados, e
quem perdeu dessa vez, foi a Cátia.
— Cátia você perdeu e
como eu não vou te dar pinga, você vai ter que dar um beijo de língua no
Donizete.
— Não quero.
— Então vai ter que
lamber a privada, o que você prefere?
— Está bom eu o beijo,
fazer o que né.
A Cátia beija o
Donizete e o beijo demora um pouquinho a mais e as meninas começam a gritar e
rir.
— Nossa imagina se ela
quisesse então, quanto tempo não iria durar este beijo? Diz a Bete com uma fala
mole.
— Não zoa não bete,
esse foi o primeiro beijo de língua dela. Diz a Regina abraçando a irmã.
— E aí gostou do beijo
maninha?
— Sim é gostoso, quero
mais. Diz ela beijando novamente o Donizete.
— Chega de pinga, quem
perder agora vai ter que esfregar a xoxota no Donizete.
Elas jogam os dados e a
primeira é a Cacilda.
— A Cacilda é café com
leite, ela pode ficar só no beijo. Diz a Suelen.
E ela dá um beijão
demorado nele também.
— Desse jeito eu não
quero mais brincar, também quero dar um beijão desses demorados. Fala a Bete,
beijando e se esfregando no menino.
— Nosso o pinto dele já
está bem duro.
— Ainda não está tão
duro, tem que esfregar mais. Fala o Donizete rindo com cara de safado.
A Bete se esfrega mais
nele, a Suelen também e a Regina vai em direção do quarto.
— Criamos um monstro,
safadinho, e agora como está, mostra para a gente.
Ele abaixa a calça e
mostra o pinto duro para elas.
A Bete agarra o pinto
do menino e começa a masturba-lo e ele grita.
— Aí você está me
machucando.
— Sai bete, que você
está machucando o menino, deixa eu cuidar dele um pouquinho.
A Suelen vem bem mais
carinhosa e o beija e se esfrega até a Bete dizer.
— A Regina está lá no
quarto, te esperando, se ela der para você, você não conta para ninguém?
Ele olha para ela e
pensa com ele. — Ué e o que nós fizemos ontem eu acho que ela
não contou para elas, melhor não dizer nada, e dizer que não conto para ninguém.
— Não, não conto.
— Então vai lá, que ela
está te esperando.
Ele entra no quarto e a
Regina estava pelada esperando por ele.
— Vem, você não contou
para ela de ontem né?
— Eu achei estranho,
mas não falei nada.
— Vem meu querido, só
vai devagarzinho que o meu namorado me machucou ontem à tarde.
Ele se deita por cima
dela, que diz.
— Nossa como você é
gostosinho, como é gostoso, bem melhor que o bruto do meu namorado, que só me
machuca.
— Está bom assim?
— Sim, se quiser ir um
pouquinho mais rápido, poder ir, você me deixa excitada, mas você ainda é uma
criança e eu acho que estou me apaixonando por você, isso não pode, você é
muito criança ainda, eu já sou uma adolescente, mas eu ficaria assim com você a
tarde inteira, como é gostoso, ficar com você assim, a gente só se conhece a
três dias e parece que eu já te conheço pela vida inteira.
Ela o puxa para mais
junto dela e o beija enquanto eles faziam amor, mas foi interrompido pela Bete,
que entra no quarto gritando.
— Deixa eu um
pouquinho, agora é a minha vez, sai daí.
A Bete o joga na cama e
a Regina e se levanta olhando para ele, não querendo sair dali, mas ela deixa o
quarto.
Enquanto isso a bete
monta no menino e cavalga com força, que chegava a estalar e ele reclama.
— Aí você está me
machucando de novo.
— Cala a boca menino.
Ela o manda calar a boca e dá um tapa.
— Aí está machucando.
Reclama o Donizete que de repente fica quieto.
— Cala a boca moleque
estou quase gozando.
A Bete continuava, mas
ela estava com os olhos fechados e quando ela começou a gozar e abriu os olhos
ela dá um grito gozando.
— Lesmas!
Na visão dela a cama
estava toda forrada de lesmas, se trançavam umas nas outras, ela sai do quarto
gritando pelada e corre para a cozinha.
Donizete se levanta
veste a sua roupa e as outras meninas entram no quarto, e acendem a luz,
conferindo se havia alguma coisa ali.
— Bete você bebeu pinga
e está imaginando coisas, não tem nada aqui, pode vir pegar a sua roupa sua
bêbada.
A Bete volta para o
quarto e olha em cima da cama que estava normal e diz.
— Eu juro a cama estava
toda forrada de lesmas, escorregadias, umas por cima das outras.
— A única lesma
escorregadia é o pinto do Donizete, que te fez gozar e quando você gozou
misturado com a pinga que você tomou, começo a ver coisas. Diz a Regina
— Nosso esse menino é
bom mesmo eim, eu também quero. Diz a Suelen.
— Hoje não Suelen a
Bete me machucou, está doendo. Diz o Donizete.
— Essa Bete é uma bruta
estraga prazer mesmo, ela já estava machucando ele lá na cozinha e ainda fica
imaginando coisas, quando goza, devia de estar delirando imaginando um monte de
pinto em volta dela, sua maníaca. Diz a Suelen.
— Eu juro que o que vi
parecia tão real, será que eu estava imaginando coisas, porque realmente esse menino
é muito gostoso, que pinto duro e curvado, não é grande, mas pega certinho
alguma coisa por dentro, imagina quando ele crescer um pouco mais, menino você
vai dar trabalho eim, não me fez ver estrelas, mas lesmas.
As meninas todas dão
risadas.
— O que a gente vai
comer a minha mãe não deixou comida pronta, nós vamos ter que ir lá no
mercadinho da avenida comprar alguma cosia, quem tem dinheiro. Diz a Regina
— Eu tenho alguns
trocados. Diz a Bete.
— Eu também. Diz a
Suelen.
— Então nós podemos
comprar alguns pães e alguns frios e fazemos alguns sanduiche e se sobrar
dinheiro a gente compra sorvete de palito, um para cada, vamos com a gente
Donizete.
— Vamos eu só tenho que
avisar a minha mãe.
— Vamos eu vou com você
avisa-la.
— Mãe eu posso ir no mercado
com as meninas?
— Onde fica?
— Fica na avenida
senhora, pode deixar que eu cuido bem dele sogra, seu filho é muito lindo, vou
esperar ele crescer para namorar com ele. Diz a Regina rindo.
— É tá bom viu,
namorar, sei.. ele é uma criança ainda, mas está tudo bem então, mas toma
cuidado.
Eles descem as escadas.
— Você viu João que
menina desaforada, me chamou de sogra.
João só ri e não diz
nada.
— Você é muito cara de
pau em Regina.
— Sou nada estava
brincando com ela, mas que você é lindo e que eu te esperava para ser o meu
namorado é verdade.
Ela diz isso saindo do
portão já atrás do muro e dá um beijo de língua nele.
— Eu adoro te beijar,
estou viciada na sua boca.
— Eu também estou na
sua, mas a Bete me machucou, você é tão carinhosa comigo e ela foi tão bruta
machucou a minha barriga e o meu pinto, pensei que ela iria quebrar meu pinto.
— Ela é bruta mesmo,
ainda bêbada ficou pior ainda, que até ficou
imaginando coisas, mas deixa eu vou falar com ela, não quero mais que
ela chegue perto de você e posso te falar uma coisa?
— Pode.
— Eu senti ciúmes dela
e quando a minha irmã te beijou também, senti muito ciúmes, foi uma coisa
estranha, você dando o primeiro beijo nela, como se tirasse a virgindade dela,
como eu tirei a sua, por isso que eu fui
para o quarto, eu não queria ficar perto de você e delas, e quando você entrou
me deu um alívio no coração de te ver, mas quando a Bete nós separou eu senti
um aperto no coração, parecia que o meu coração estava sangrando.
Donizete só olha para
ela e ela complementa.
— O que será que está
acontecendo comigo, estou me apaixonando por uma criança, é que você é tão
lindo, tão bonitinho, parece um anjinho.
— Toda vez que a minha
mãe escuta alguém me chamando de anjinho, ela diz: "Às vezes o demônio se
disfarça de Anjo", ela sempre diz isso, o que será que ela quer dizer com
isso?
— Quer dizer que você
só tem cara de anjo, mas é um Capetinha.
Eles riram e ela diz.
— Eu quero você só para
mim, mas agora vamos correr se não aquelas doidas vão deixar a agente para trás.
— Ei esperem a gente
aí, você está com presa. Grita Regina correndo atrás das outras meninas
arrastando o Donizete pela mão.
Eles chegam no mercado.
— Bete vem aqui um pouquinho preciso falar com
você.
— O que foi amiga.
— É sobre o bonitinho.
— Ele é uma coisa de
louco mesmo né, imagina quando ele crescer um pouco mais, as meninas vão fazer
fila.
— É, pois, é, é isso
que preciso te falar com você, você foi bruta com ele e machucou ele, e eu não
quero mais que você fique com ele.
— Porque você quer ele
só para você?
— Sim, eu quero e acho
que estou me apaixonando por ele.
— Você o que?
— Fala baixo.
— Como assim amiga, ele
é uma criança.
— Eu sei, mas quando
estou do lado dele o meu mundo gira devagar e ele me faz gozar tão fácil, não
sei como pode isso, enquanto o meu namorado que já é praticamente um homem, só
me machuca e não me dá prazer, não consigo gozar com facilidade com ele porque
sinto dor, agora com o menino, é muito estranho, ele me toca e o meu corpo todo
se estremece, como se ele tivesse algum tipo de poder, ontem ele me fez gozar
cinco vezes muito fácil, nunca o meu namorado fez isso comigo, no máximo foram
duas vezes, mas com ele não foi algo mágico.
— Eu sei do que você
está falando amiga, comigo foi a mesma coisa, e olha que eu sou difícil de
gozar o meu namorado custa para a me fazer gozar, mas aquele menino, foi algo
realmente diferente, parecia que algo nele tocava a minha alma, que cheguei até
imaginar coisas, gozei gritando lesmas, isso foi muito hilário se não tivesse
sido assustador na hora.
— Você sentiu isso
também, mas está se apaixonando também?
— Apaixonando, não,
para com isso é só uma criança que nós estávamos brincando com ele e te digo
que estou com um pouco de medo dele e vou até pedir desculpa se o machuquei
àquela hora.
— É, mas para mim essa
brincadeira está ficando séria, eu não tiro ele dá cabeça nenhum minuto, dês do
primeiro beijo que dei para ele, sonho com ele a noite inteira, cada sonho um
mais louco que o outro, sonho que nós estamos andando em um cemitério que ao
mesmo tempo é uma fazenda, é um lugar tão lindo, e agente está andando de cavalo e eu estou na
garupa do seu cavalo e depois aparece um homem vestido de Coronel em um cavalo
branco e ao seu lado duas crianças um menino e uma menina, também montados em
cavalos e nós apostamos corridas até uma cachoeira, onde a gente nada pelado,
mas ai o homem e as crianças desaparecem e só fica eu e o Donizete.
— Nossa amiga que
romântico, quem te viu e quem te vê em o negócio tá sério mesmo.
— É por isso que estou
te contando, e quando acordo eu tenho uma vontade louca de ir chamar ele na
casa dela fico ansiosa, outro dia eu cabulei aula e voltei correndo para
encontrar ele, mas no caminho o meu namorado me encontrou e estragou o meu dia,
porque ele me pegou voltando da escola e quis me acompanhar e você sabe como
ele é.
— Se sei, sujeito
possessivo.
— Então ele quis ir até
a minha casa e transou comigo, mas ele não me excitava e ele só me machucava,
eu não gozei e fingi que gozei para ele parar porque estava doendo e estava me
dando nojo dele, eu só pensava no menino, queria que o menino estivesse no
lugar dele.
— Nossa amiga, mas como
pode isso acontecer em três dias.
— Eu também não sei,
isso é alucinante é uma paixão muito forte, das que acontecem poucas vezes na
vida e tenho que aproveitar.
— Amiga eu vou ficar
longe dele, mas você vai ter que falar com a Suelen, porque ela está louca para
dá para ele também e sem dá, ela já está louquinha, se ela experimentar, você
vai ter concorrente.
— Você me ajuda a falar
com ela depois.
— Peguei o presunto e o
queijo suas duas cochicheiras, quem cochicha o rabo espicha. Diz a Suelem
— Então vamos pegar o
sorvete e pagar e ir embora logo, vêm Donizete, vamos Cátia!
— Que sabor que você
prefere Donizete?
— Eu gosto de doce de
leite.
— Doce de leite não
tem, pode ser de chocolate?
— Pode.
— Eu pego para você,
aliás eu faço qualquer coisa por você.
As outras meninas acham
estranho o que a Regina falou, só a Bete que entende porque ela falou aquilo.
— Donizete eu queria te
pedir desculpa se te machuquei àquela hora, tá bom?
— Tudo bem bete, não
foi nada, eu até que gostei um pouquinho, mas quando você me machucou, aí parei
de curtir.
A Regina ouve aquilo e
olha para a Bete e diz.
— Vamos Doni, tá aí
gostei “Doni”, só vou te chamar assim “Doni”, achei um apelido carinhoso, agora
segura na minha mão
— Regina olha quem vem
vindo lá.
— Quem? Ah não!
— OI gatinha!
— Que isso, porque você
está segurando na mão desse pivete?
— A mãe dele pediu para
eu cuidar dele.
— Cuidar dele uma ova,
saí daqui pivete.
O namorado dela diz
isso e dá um tapa no sorvete do Donizete jogando o sorvete no chão e empurra o
Donizete o mandando sair dali.
As meninas todas
avançam no namorado dela, defendendo o Donizete, principalmente a Bete que dá
varinha unhadas nele, mas ele era mais forte e a empurra também e diz.
— Você me arranhou sua
maluca.
— Olha aqui Regina o
que a maluca da sua amiga me fez.
— Você mereceu. Quem
mandou você derrubar e empurraR o Doni.
— Doni, o pivete chama “Doni”
e já te falei que não quero ver você andando com essas meninas da favela, você
está assim porque fica andando com esse tipo de gente
— já te falei que essas
suas amigas não prestam, só te levam para o mal caminho.
— Eu acho que quem me
levou para o mal caminho foi você que tirou a minha virgindade e agora acha que
meu dono.
— E sou.
— É uma ova, que você é
meu dono, quer saber para mim chega, eu não quero mais nada com você.
— Como assim, calma vamos
conversar.
— Não quero mais saber
eu não gosto mais de você e não quero mais ficar com você.
— Calma espera vamos
conversar, me desculpa, vamos conversar.
— Bete faz um favor
para mim atravessa o Doni e me espera lá na esquina, que eu vou terminar com
esse otário aqui.
— Está bem vou estar te
esperando, qualquer coisa você grita que a gente corre para te ajudar.
Fala a Bete olhando nos
olhos do namorado da Regina e vai para esquina esperar por ela.
Donizete vê outros dois
meninos empinando pipa e vai falar com eles.
— OI, tudo bem?
Os meninos olham para
ele achando estranho a pergunta.
— Sim tudo bem, porque?
— Nada, posso empinar
pipa com vocês?
— Pode.
— Como você se chama?
Pergunta Donizete para um dos meninos.
— Eduardo e você?
Donizete.
E você? Pergunta
Donizete para o outro menino?
— Michel.
— Bonita a sua pipa.
— Olha uma pipa
mandada, vamos pegar.
Os dois meninos correm
atrás da pipa que estava caindo e o Donizete vai atrás deles.
A pipa cai em cima de
uma garagem de uma casa.
— E
agora como vamos pegar? Pergunta o Michel.
— Eu
não consigo subir lá. Diz o Eduardo.
— Eu consigo.
Diz Donizete e começa a
subir no muro e depois anda pelo muro se equilibrando até o meio do muro onde
ele se levanta e se pendura na telha da garagem, que era uma telha comprida mas
estava solta, não estava parafusada, assim que o Donizete se pendura a telha se
solta e vira para cima dele, bate na cabeça dele e ele e a telha caem em cima
do carro da garagem debaixo.
Os meninos correm e o
dono da casa e do carro aparecem e veem o Donizete em cima do carro e gritam
com ele, mas quando o dono do carro pega na perna do Donizete para tirar ele de
cima do carro começa a cair Lemas, do telhado, era uma chuva de lesmas, o dono
do carro corre para dentro da casa e dono da casa de onde se soltou a telha
também foge para dentro da casa dele,
Donizete aproveita mesmo todo machucado e com dor, ele pula o portão e corre também, mas não
consegue ir muito longe porque os ferimentos estavam doendo muito ele para e
olha onde ele havia se machucado, ela havia ralado o joelho, o cotovelo,
raspado uma parte da sobrancelha e cortado atrás da orelha, ele se levanta e
vai andando mancando e no caminho ele encontra o namorado da sua mãe que estava
indo comprar cigarro, ele pega o Donizete pela orelha machucada e pergunta para
ele.
— O que você está
fazendo na avenida, a sua mãe não falou para você não se separar das meninas e
o que você aprontou que está todo machucado?
— Eu fui pegar uma pipa
ali em uma casa e a telha caiu em cima de mim.
— A sua mãe vai ficar
louca quando ele te ver assim todo machucado, vamos embora para casa.
— Ele vai levando o
Donizete uma boa parte do caminho pela orelha
— Olha aqui o que eu
encontrei lá na avenida.
— Meu deus, o que
aconteceu, ele foi atropelado?
— Não, parece que caiu
de um telhado.
— Não quebrou nada?
— Aparentemente não,
perdeu uma parte da sobrancelha, ralou os joelhos, os cotovelos e machucou até
o sovaco, olha esse corte, mas o que fez isso.
— Acho que foi a antena
do carro que cai em cima. Diz o Donizete com uma cara de dor.
— Carro, você caiu em
cima de um carro? Diz a mãe
— E não amaçou o carro?
Pergunta o João.
— Não sei, sai
correndo.
— Daqui a pouco vai
aparecer alguém reclamando, pedindo para pagar o prejuízo. Diz o João.
— Eu sabia que não
podia confiar naquela menina, não sei porque, mas algo estava me dizendo isso.
— A menina não tem culpa não, você não lembra
quando estávamos morando lá no centro e ele andava pelo centro sozinho, junto
com aquelas trombadinhas, e o estranho que nunca aconteceu nada, agora aqui.
— Pois é, vamos cuidar
desses machucados, vai tomar banho e lava bem com sabão e depois do banho, nós
vamos passa mertiolate.
Ele toma banho.
— Vem vamos a sessão de
tortura, vamos passar o mertiolate.
— A senhora assopra.
— É lógico.
Ela passa e ele grita.
— Assopra, assopra.
— Pronto bem feito, eu
devia era de dar umas cintadas por cima, para ver se você aprende.
— Esse hematoma aqui,
no pescoço não é de hoje, isso é um chupão, quem andou te chupando.
— Ninguém, isso foi da
pancada mesmo.
— Não sei não, isso não
está me cheirando bem.
Nesse exato momento
alguém bate na porta.
A Dona Zulmira vai
atender a porta e exclama.
— Ah! Você.
— Desculpa dona, eu
pedi para a minha amiga cuidar dele um minutinho enquanto eu resolvia uma
coisa, como ele está?
— Muito machucado.
— Eu posso ver ele,
posso falar com ele?
—O que você quer tanto
com ele menina?
— Eu gosto muito dele,
como amigo é lógico.
— Ainda bem, porque ele
é só uma criança, você viu que um minuto que se descuida o que pode acontecer.
— Eu sei, me desculpa
por favor eu preciso ver ele muito.
— Eu em menina que
aflição é essa, que desespero é esse para ver ele.
— Deixa a menina vê-lo,
ela não tem culpa, foi como eu falei, lá no centro ele fazia coisa pior com
aqueles marginais e ela nem existia ainda.
— Tá bom, mas entra
aqui.
Ela olha para o
Donizete e diz.
— O meu amor, você está
todo ralado e perdeu um pedaço da sobrancelha, está doendo?
— Um pouquinho.
A mãe dele olha para o
João que olha para ela de volta e faz um sinal com a cabeça querendo dizer:
"Deixa os dois juntos", os dois vão para o quarto e deixa os dois ali
sozinhos.
— Me dá um abraço, pelo
amor de Deus eu preciso te abraçar muito, nossa quando eu fiquei sabendo que
você tinha se machucado, pensei que o meu coração iria sair pela boca.
— Me abraça devagarzinho
que estou todo ralado, caiu uma telha daquelas de garagem na minha cabeça, não
sei como não me matou foi por pouco, porque aquela telha era muito pesada e
graças ao carro que amorteceu a minha queda, mas ganhei uma cicatriz no sobaco.
Ela ri e diz.
— Não diz uma coisa
dessa: "Se você tivesse morrido" eu não sei o que seria da minha
vida, depois que te conheci eu só penso em você e só quero estar com você vinte
quatro horas por dia, na minha pouca existência eu nunca senti isso por ninguém
e estou morrendo de vontade de te beijar que chega a encher a minha boca de
água.
— Pode me beijar.
Ele não precisa falar
duas vezes e ela pula nele e o beija muito, com muita vontade parecendo que
queria sugar ele, até ele soltar um gemido.
— Aí cuidado com os meus machucados.
— Desculpa, te
machuquei?
—Não só encostou no meu
machucado.
— Aí eu quero você
muito, que te amar muito, não estou me aguentando, a minha xoxota está molhando
a minha calcinha, está parecendo que fiz xixi na calcinha, preciso de você.
— Aqui não dá, vamos
ficar ali na escada, só me deixa avisar a minha mãe.
— Mãe eu vou ficar aqui
na escada sentado ok?
— Na escada e nada de
sair daí.
— Tá bom, onde eu iria
já está a noite.
— É, mas lá no centro
você sumiu independente do horário.
— Tá, tá bom.
Os dois saem pela porta
e se sentam na escada.
— Menino o que você fez
comigo, estou caidinha por você, a cada minuto parece que o meu amor por
cresce, em três dias eu já estou assim, imagina daqui um tempo, eu não vou
existir mais, vou respirar você dia e noite.
— O que vocês
resolveram da conversa de vocês?
— Que conversa?
— Com o seu namorado?
— Você quer dizer meu
ex. Né.
— Você terminou mesmo
com ele?
—Terminei, não sinto
mais nada por ele.
— Ele parecia bem mais
velho do que você falou.
— Na verdade, ele tem
dezesseis anos de idade.
— A mesma diferença de
nós dois.
— Sim, mas o que tem
isso?
— Tudo o que ele tem
ensinou, você vai me ensinar?
— Tudo o que ele me
ensinou, não serve de nada para nós, o que eu sinto por você ninguém ensina, é
uma coisa inexplicável, mas o que for útil para nós eu te ensino sim.
— Só mais uma pergunta.
— O que?
— Nós estamos
namorando? Você é minha namorada?
— Você me quer como sua
namorada?
— É lógico, mas como
nós vamos andar na rua, o que vamos dizer para os outros?
— Que se dane os
outros, por mim a gente fica o trancado em um quarto o tempo todo só nós dois.
— Eu te quero agora não
estou aguentado mais, vem vamos entrar aqui embaixo da escada, eu preciso te
sentir um pouquinho dentro de mim.
— Vamos lá então que eu
também já estou excitado.
— Vamos eu fico de
cachorrinho em pé e você coloca em mim um pouquinho. Eles entram embaixo da
escada, ela coloca a calcinha de lado e levanta a saia, ele a agarra por trás e
começam a fazer amor.
— Isso
mais rápido, assim aí já vou gozar, aiii, que gostoso, continua, que já vem
vindo outro, isso de novo, aí a minha perna ficou bamba.
— Donizete!
— Era a mãe dele o
chamando, ele tira rapidamente de dentro dela e solta a calcinha como se não
estivesse fazendo nada e diz.
— Estamos aqui mãe.
— O que você está
fazendo aí?
— Conversando.
— Tá, mas conversa aqui
no degrau onde eu posso te ver.
Eles voltam a sentar no
degrau.
A Regina agarra o braço
dele e diz.
— Menino você me deixa
louca, agora eu estou melhor, eu estava te querendo tanto, que não estava me
aguentando, mas agora já estou bem melhor agora e só quero ficar aqui do seu
lado assim, só olhando as estrelas.
— Eu também gosto de
ficar assim com você.
— O Namorado da sua
mãe, falou que você fazia coisa pior lá no centro?
— Eu tinha uns amigos
maloqueiros lá, que só faziam coisas erradas, e tinha umas amiguinhas
diferentes também.
— Amiguinhas diferentes
como?
— Eram putas.
— Putas?
—Sim.
— Eu achando que você
era inocente.
—Calma elas nunca
fizeram nada comigo, era só amizade mesmo, justamente por isso, eu era inocente
e não sabia o que elas ficavam fazendo ali na porta da pensão, e usavam o
banheiro da pensão para atenderem os seus clientes.
— Sério que era assim.
— Sim, mas eu tive
problema com uma delas, que pegava muito no meu pé e queria me machucar.
— O que aconteceu com
ela.
— Vamos mudar de
assunto, eu não quero falar sobre isso.
Regina acha estranho e
percebe que a fisionomia dele havia mudado.
— Você quer falar do
que então.
— De nada só quero
ficar quietinho com você.
— Nossa você só tem
oito anos.
— Quase nove.
— Que seja, não faz
diferença do que eu ia te falar, que você é tão novo, mas já parece tão
experiente.
— Regina a mãe está
pedindo para você entrar.
— Já estou indo.
— Ela sabia que você
iria dizer isso, e disse assim: "fala para ela que é agora", foi o
que ela mandou te dizer.
— É não vai ter jeito,
eu vou ter que entrar Doni, amanhã eu te vejo assim que acordar, espero que
consiga dormir e não sonhe a noite inteira com o você e com aquele homem no cavalo.
— Que homem no cavalo?
— É um homme e duas
crianças, eu sempre sonho que estou cavalgando na garupa do seu cavalo junto
com ele e nós sempre vamos até uma cachoeira.
— Porque você não me
falou isso antes?
— Por que só tive
oportunidade agora.
— Vamos Regina, a mãe
vai brigar comigo se eu voltar sem você.
— Espera Cátia, deixa
ela terminar.
— E o que mais?
— O sonho é sempre o
mesmo, nós cavalgamos por campo lindo, só que no começo nós estamos em um
cemitério e da cova sai um monte de lesmas.
— Regina eu vou ter que
ir aí te buscar?
— Amanhã eu te conto o
resto, deixa eu ir, beijo pena que não posso te beijar agora, tchau.
— Tchau Doni, diz a
Cátia sendo carinhosa pela primeira vez com ele.
— Tchau!
Ele sobe as escadas e
vai direto para a varanda e ainda consegue ver a Regina entrando na casa dela,
que olha para trás e o vê na varanda e manda um beijo para ele.
Ele fica pensativo
sobre o sonho que ela havia lhe contado e fica pensando, como podia estar
acontecendo, o sonho dela ira igualzinho o dele, a única diferença é que ela
estava na garupa do cavalo dele.
Eu preciso saber o que
mais ela sonhou, preciso de mais detalhes, agora não temos muito assunto para
falar, mas vou ter que esperar até amanhã, mas não vou mesmo, vou esperar todos
dormirem e vou descer pelo cano do tanque e vou até a janela dela.
Ele pensa isso e
parecendo uma transição de pensamento a Regina aparece na janela do quarto dela
fazendo sinal para ele, ele olha para ela tentando entender o sinal, e ela faz
sinal para ele dizendo que vai deixar a janela aberta.
— Nossa ela leu a minha
mente.
E assim como planejado,
ele espera a sua mãe dormir e o namorado dela, e na calada da noite ele sai
pela varanda e desce pelo cano, pula no tanque e pula no chão ele pula o portão
da casa da Regina e vai até a janela dela, olha dentro do quarto e se assusta
com o vulto que vai na direção dele.
— Que susto!
— Ficou com saudade meu
amor?
Ela diz isso e beija
ele.
— Você já estava
dormindo?
— Não, não consegui
pegar no sono, não consigo parar de pensar em você.
— Eu preciso saber que
mais você viu no sonho?
— Deixa eu pular aí
para fora, para não acordar a minha mãe.
— Ele a ajuda a pular e
se afastam da janela ficando na lavanderia.
— O que você queria
saber mais.
— Me conta tudo.
— Deixa eu ver se me
lembro, começa assim: Nó estamos em um cemitério olhando uma campa onde tem
varia fotos de uma família e de repente começa a sair um monte de lesmas, mas
essas lesmas nos transportam para um outro lugar onde eu apareço montado na
garupa do seu cavalo, e ao nossa lado estão uma menina e um menino e depois um
homem em um cavalo branco se junta com a gente.
—Esse homem usa um
uniforme de militar, tipo o que o Napoleão Bonaparte usava.
— Isso mesmo, como você
sabe?
— É porque eu tenho o
mesmo sonho, só que no meu eu estou sozinho, cavalgando ao lado deles, algumas
vezes o sonho muda um pouco, no final, como você falou da cachoeira, as vezes
muda para uma mata ou um lugar específico.
— Nossa amor, nós
estamos dividindo até os nossos sonhos, o que está acontecendo com a gente?
— Não sei te explicar,
mas é algo muito grande muito poderoso.
—Que o nosso amor é
poderoso, eu já sabia.
— Nossa ficou muito
sério depois que te contei o meu sonho.
— Desculpa é que
realmente isso mexeu comigo, achei muito curioso, como pode nós termos o mesmo
sonho, igualzinho, você não ficou curiosa também.
— Você tem oito anos,
mas é quase do meu tamanho, quando estou descalça, olha as nossas bocas ficam
da mesma altura.
— Ela aproveita e beija
ele, ele corresponde, a história do sonho deixou ele mais interessado nela.
Ela senta no tanque e o
puxa entre as suas pernas e o beija, ela puxa os shorts do pijama de lado e
puxa ele novamente com as pernas.
— Adorei isso que
gostoso, vai bomba, do jeito que só você sabe fazer, assim.
Ela sussurra no ouvido
dele e beija a orelha dele, enquanto ele a penetrava e aquilo o deixa ele
louco.
— Aí está me dando
aquela coceira, mas dessa vez está mais forte, olha eu gozei saiu um pouquinho
de liquido.
— Nossa essa deve de
ter sido muito forte mesmo, porque eu gozei juntinho com você bem devagarzinho,
que delícia, mas eu preciso voltar para o quarto, eu não queria, mas eu tenho
que ir antes que a minha mãe perceba, ah eu não quero.
— Eu também tenho que
subir de volta, pelo cano do tanque, só me dá mais um beijo, ela volta para o
quarto.
— Vai que eu vou ficar
olhando daqui.
Ele consegue subir pelo
cano, chega na varanda e olha para ela, que manda um beijo e um tchau para ele.
Donizete Está andando
em um grande campo descampado e uma luz muito forte ofusca a sua visão e no
meio da luz e avista três silhuetas que estão vindo na sua direção e
rapidamente estão ao seu lado, ele as reconhece, era o Coronel e os seus
filhos, que rapidamente já estavam ao lado dele.
— Oi você não trouxe a
sua amiga? Diz o Coronel.
— Ela é muito legal.
Diz o menino
— Eu também gostei
dela, ela é muito bonita. Diz a menina.
— Olha lá, lá vem vindo
ela. Diz o Coronel.
— Olha como ela é
linda. Diz a menina
— Donizete olha para a
Regina ela estava toda de branco, estava mais linda do que de costume.
— Oi meu amor, já
estava com saudade.
— OI, nossa você está
linda demais, assim eu me apaixono, está parecendo um anjo.
Quando ele diz a
palavra anjo, acontece uma interferência.
E o coronel vai na sua
direção e faz um sinal que não, ele fica sem entender.
— Vamos nos divertir.
Diz o coronel.
E como um passe de
mágica eles estavam montados em cavalos que cavalgavam, nas nuvens.
Donizete tenta se
aproximar do Coronel para perguntar algo para ele, mas ele se distanciava e o
cenário muda de repente eles estavam em um lugar muito lindo e a Regina estava
abraçada com a cabeça encostada na costa dele, o lugar era tão lindo que tirava o folego, havia
cachoeiras e o céu estava cor de rosa e refletia no lago de onde o vapor das
águas formavam um arco— íris, eles
haviam parado os cavalos ao lado de um jardim muito florido e colorido.
— Coronel posso te
perguntar uma coisa?
— Sim, meu filho, o que
você quer saber?
— Porque eu e ela
estamos no mesmo sonho?
— O Coronel olha para
ele e olha para ela e diz.
— Por causa do amor.
—Como assim?
— Todas pessoas que te
amarem de verdade, estarão protegidas de alguma maneira por nós ao inverso de
quem tentar te fazer o mal, onde te defenderemos, e sempre que alguém te amar
de verdade as suas almas estarão ligadas para sempre aqui, as suas almas
estarão ligadas para sempre aqui, vocês até podem se separar os seus corpos,
mas os seus espíritos estarão aqui para sempre, uma vez que o amor esteve
presente dentro de vocês, como Adão e EVA.
— Aqui é o Paraiso?
Pergunta a Regina.
— Aos seus olhos sim,
se é assim que você imagina o paraíso, é o seu Paraiso.
— Quer dizer então que
as nossas almas estão condenadas a viverem no paraíso para sempre?
— Depende as pessoas
que vocês odiarem, não terão sonhos tão agráveis como este, serão pesadelos
terríveis.
— E o que tem além das
cachoeiras? Pergunta Donizete.
— Vocês nunca vão
saber, porque lá é o oposto daqui, para onde são mandadas as almas dos seus
inimigos.
— E o que vocês são?
— Nós somos meios anjos
e meios demônios.
— Como assim? Pergunta
a Regina.
— Porque nós estamos no
meio entre o purgatório e a vida, entre o bem e o mal.
— Mas porquê?
— Porque os meus filhos
foram vítimas em vida, e eu aclamei por vingança e nunca perdoei quem fez isso
com eles, então o amor que eu sinto pelos meus filhos me dá esse equilíbrio,
porque eles são o meu lado bom, mas como eu não perdoei quem fez a maldade com
eles, me deixou preso e esse lado é o meu lado negro, que não consigo esquecer
e me liga com a vida terrestre e é de onde eu abasteço o lado negro com a alma
de quem tenta fazer mal para alguém que protejo como se fosse um filho meu.
— Eu sou como um filho
para o senhor.
— Sim, a primeira vez
que te vi na minha cova, eu te protegi e ali criamos um elo que não pode mais
ser quebrado e agora estamos conectados e eu preciso de você, para poder fazer
o bem através de você, mas consequentemente o mal, quando eu precinto que uma
pessoa que quer lê fazer o mal e agora eu não sei como resolver isso.
— Aqui onde estamos
agora é o purgatório ou o paraíso? Pergunta a Regina
— Aqui é uma parte da
minha fazenda no passado onde eu criei um elo com esse menino no tempo dele, só
está um pouco mais bonito por causa do seu amor por ele, o seu amor por que
deixa tudo assim mais bonito, diferente do outro lado onde o ódio das pessoas
por ele deixa tudo mais triste.
— Então esse é o nosso
lar espiritual, a partir de agora?
— Sim, mas agora chega
de perguntas e vamos aproveitar o Paraiso.
Eles entram na água,
Doni e Regina estavam pelados com os corpos nus, as suas roupas haviam sumido,
Doni estava tão hipnotizado pela beleza do corpo da Regina que não percebeu que
o coronel e os meninos haviam sumido, agora só estavam os dois se beijando no
centro daquelas águas cristalinas.
— Acorda Donizete, seu
dorminhoco, você já dormiu praticamente a manhã inteira e eu preciso arrumar a
sala.
Ele levanta com a sua
mãe puxando a coberta, ainda desnorteado com o sonho ele vai até o banheiro,
lava o rosto escova os dentes e olha no espelho.
Preciso falar com a
Regina.
— Mãe posso sair?
— Não.
— Porque não?
— Porque hoje é domingo
e o João comprou um leitão para a gente fazer no almoço e quero que você almoce
com a gente, não suma e nem me apareça estrupidado aqui, e tem mais, você está de castigo por ontem.
— Ah não.
— Ah sim, pode sossegar
o seu facho aí.
Ele vai até a varanda e
fica olhando para a casa da Regina que aparece no portão e dá um oi e manda um
beijo, beijando a mão e assoprando para ele.
Ela vai saindo e chama
ele.
— Vem desce eu vou lá
na casa da Bete, que ir comigo?
Ele faz sinal que não
pode, sinalizando que a sua mãe não iria deixar.
Ela não entende.
— Estou de castigo,
minha mãe não quer deixar eu sair, ela escondeu a chave da porta. Fala ele
baixinho.
— Que pena, eu
precisava falar tanto com você.
— Espera, me espera lá
no portão que eu já te encontro lá.
Ele entra tira a roupa
de dormir e coloca uma roupa melhor e espera que a sua mãe se distraia e desce
pelo cano de água até o tanque, pula no quintal e corre para o portão.
— Vamos Regina, antes que ela perceba.
Eles saem pelo portão e
assim que eles saem ela diz.
— Me dá um beijo, estou
precisando muito do seu beijo, eu sonhei a noite toda com você de novo, mas
essa noite eu senti você mais presente comigo, como se eu estivesse acordada.
— E conversando com o
Coronel.
— Sim ele explicou
porque estamos conectados agora.
— Que é pelo o amor que
você sente por mim.
— Isso mesmo, o seu
sonho foi igual.
— Acredito que
estivemos no mesmo sonho
— Que loucura que é
essa, o que está acontecendo?
— Eu não sei te explicar
também demorei um pouco para entender, a minha ligação com tudo isso, eu até
sei quando começou, agora como eu envolvi você nisso eu não sei.
— Mas no que exatamente
você me envolveu?
— u acho que vou ter
que esperar para ver até onde as coisas são reveladas para você, aí eu acho que
só aí eu vou poder te explicar melhor, senão você não vai entender e vai ficar
com medo e aí eu não sei o que pode acontecer.
Ela fica pensativa.
— Está bem, a casa da
Bete é lá embaixo na estrada de terra, vamos logo.
Eles vão de mãos dadas
até a casa da Bete.
Chegando lá, estavam
toda a família dela, os irmãos dela mais novos e o mais velho também e mais
alguns amigos deles.
— Oi para todo mundo.
Tudo mundo responde,
mas ficam olhando para o Donizete querendo saber quem era ele.
A Bete o apresenta para
todo mundo.
— O que vocês estão
fazendo? Pergunta a Regina,
— Estamos aqui
conversando e esperando a nossa mãe terminar o almoço, ela está fazendo frango
e uma macarronada gigante, ela está lá na cozinha.
— E
vocês, o que vieram fazer aqui, eu ia me esquecendo menino, estava preocupada
com você pôr ontem, você nos deixou doida, como você desaparece assim e depois
me aparece todo machucado.
— Eu conheci dois
meninos e fui pegar uma pipa cm eles e acabei me machucando.
— Estou vendo você
perdeu até um pedaço da sobrancelha.
— É e por causa disso a
mãe dele não queria deixar ele sair e ele saiu escondido agora, se ela souber
que estou com ele vai ficar muito brava, porque ontem ela falou que fui eu que
deixei ele se machucar, mas foi aí que descobri, que essa pestinha não é tão
inocente assim não, segundo a mãe dele, ele vivia com uma galera da pesada lá
no centro da cidade e já fez coisas e viu coisas que a gente nem imagina, ele é
muito do rodado.
— Mas como assim amiga,
ele é muito novo para isso,
— Pois é, é difícil de
acreditar, mas pelo o que a mãe dele falou o negócio era barra pesada, que ela
nem sabe como ele está vivo, e foi por isso que eles se mudaram para cá.
— Caramba, quem podia
imaginar, mas bem que eu senti, que quando nós brincamos com ele a primeira
vez, percebi que nada daquilo era surpresa para ele, achei até estranho a
naturalidade como ele agiu, agiu como uma pessoa mais experiente, que não se
assustou com as nossas sacanagens.
— Agora eu também
entendi, como ele aprendeu tão rápido, mas é por isso que a mãe dele não quer
que ele saia por aí, para não aprontar.
— Amiga essa semana não
vamos ter aula é Carnaval o que vamos fazer?
— Viu Donizete a sua
mãe falou que as suas aulas começavam na segunda, mas ela esqueceu que é
Carnaval, as suas aulas só vão começar na quinta— feira. Fala a Regina.
— Vamos na Pedreira
nadar, você falou que quando a Regina chegasse, nós poderíamos ir lá. Cobra o
irmão da Bete.
— Nadar. Pergunta Doni.
— Não é perigoso e eu
não quero me queimar novamente com a mãe do Doni.
— Para de besteira,
Regina, não é só porque morreram alguns meninos que não sabiam nadar que vai
acontecer alguma coisa com a gente. Fala a Bete
— É mas e o homem que
cuida de lá que vive dando tiro de Sal na molecada que invade. Retruca a
Regina.
— Vai para de besteira
vamos logo, antes que a minha mãe perceba que vamos sair e se fomos rápidos a
gente volta antes do almoço. Sugere a Bete.
— Vamos Regina, eu
quero conhecer lá. Fala o Doni.
— Está bem, mas se
acontecer mais alguma coisa com você, eu estou ferrada.
— Todos comemoram e
assim partem para a pedreira onde havia um lago muito perigoso.
Alguns minutos depois.
— Vai Doni sobe, enquanto eu e a Bete fazemos
cadeirinha para você conseguir subir.
Ele se agarra na pedra
do muro e consegue subir e assim as meninas que eram as mais velhas e mais
altas, sobem por último.
— Pronto agora nós
temos que ir abaixados, para que o velho da espingarda de sal, não nós pegar.
E assim eles vão
abaixados até passar o alcance da vista da cabana do dono das terras onde
ficava a Pedreira.
— Pronto agora corre,
que já passou o pior. Grita a Bete.
E todos correm até o
lago.
— Que legal. Exclama
Donizete.
— É mocinho, mas nada
de ir para o fundo, aqui é muito perigoso, já morreu muita gente aqui, por
causa do poço que tem no fundo e te puxa para baixo, fica só até onde te dá pé.
— Tudo bem, mas como
nós vamos nadar, tem um pessoal diferente já nadando.
— Vamos com roupa e
tudo, depois a roupa seca no corpo no caminho de casa.
— Então vamos logo. Grita o Irmão mais velho.
Assim eles se
divertiam, e jogavam água uns nos outros até aparecer três pessoas mal
encaradas, dois homens e uma mulher, ele carregavam caixas de sorvete.
— Se divertindo
molecada? Pergunta a mulher.
— Sim. Responde Doni.
— Que bonitinho esse
menino, olhem gente que gracinha.
— Você quer sorvete nós
acabamos de assaltar uma padaria e roubamos esses sorvetes também, você quer?
— Donizete faz que sim
com a cabeça.
— Escolhe aqui, que
sabor você quer, pega para as suas amigas também.
Donizete pega os
sorvetes sobre o olhar de todos que estavam ali, a mulher passa a mão na cabeça
dele e diz, para o resto do pessoal que estava ali nadando.
— O menininho e as
amigas deles ganharam de sorvete de graça, mas agora se um de vocês marmanjos
que quiser sorvete é só vir chupar a minha buceta que ganha.
A mulher diz isso
rindo, com um cigarro de maconha no canto da boca e empunhando um revólver, ela
senta na grama abrindo as pernas e diz mais uma vez.
— Quem vai ser o
primeiro a me chupar, quero ser chupada, vocês querem chupar sorvete? Então vão
ter que me chupar primeiro ou deixo derreter todo esse sorvete e não dou nada
para ninguém.
Donizete e as meninas
chupavam os seus sorvetes e dividiam com os irmãos da Bete.
Depois disso ficou um
silencio e todos voltaram a brincar na água.
Donizete brincava
tranquilo e de repente um dos homens que estava com a mulher entra na água e
começa a brincar com Donizete, mas ele começa a levar o Donizete para o fundo
onde não dava mais pé para ele e o solta
Donizete se desespera e
se debatia tentando nadar, mas o homem o afunda dava e afunda a sua cabeça e o
segura no fundo, Donizete se debate e rapidamente o homem o solta gritando que
todo o lago estava cheio de lesmas.
— De onde veio todas
essas lesmas? Gritava o homem.
O homem puxa o Donizete
e o joga para o raso, pega a arma e atira várias vezes no lago, derrepente o
corpo do homem e puxado para o fundo, para o fundo do poço.
Ninguém tenta socorre-lo,
porque todos sabiam que poderiam se afogar junto com o homem e assim o corpo do
homem some.
A mulher que estava com
ele olha para o outro homem e diz.
— Será que morreu, se
morreu é bem feito, quem mandou ir judiar do menino, e além do mais, agora nós
vamos poder dividir o dinheiro assalto para dois, vai sobrar mais para nos
dois.
— Vamos sair daqui que
vai sujar, alguém vai ligar para os bombeiros para vir retirar o corpo e deve
de vir polícia junto. aconselha o outro assaltante.
— Ele estava drogado,
acho que essa maconha é dás boas, porque foi impressão minha ou ele gritou
"Lesmas", que haviam lemas por todo lago?
O homem dá de ombros.
— Vem Donizete vamos
sair daqui, vamos embora, sai da água logo!
Donizete sai da água, a
Regina pega na mão dele e chama o resto do pessoal.
— Vamos galera, vamos
sair daqui.
A patota estava saindo
e devido ao que tinha acontecido se esqueceram do velho dono das terras e se
descuidaram.
— O que vocês estão
fazendo aqui?
As meninas se assustam
e não conseguem correr porque o homem estava bem no meio do caminho por onde
eles tinham que passar e segura uma espingarda de Chumbinho, que devia de estar
carregada com sal.
— Calma moço nós já
estamos indo embora. Diz o Donizete.
— Calma uma ova! Eu vou
encher vocês de sal, para vocês aprenderem a não ficar entrando nas propriedades
dos outros.
Mas antes que o homem
atira-se neles ele é surpreendido pela ladra.
— O que você está
fazendo com o meu bonitinho, velho louco? Diz a Ladra apontando a arma para a
cabeça dele.
— Calma moça, não
precisa atirar. Diz o senhor.
— Calma o caralho, você
não gosta de assustar a molecada com essa espingarda velha cheia de sal, agora
você vai ver como é, uma arma de verdade.
— Me dá essa espingarda
aqui!
O senhor entrega a
espingarda para ela.
— Agora abaixa a calça
e vira essa bunda branca e velha pra mim.
— Calma moça.
— Anda, caralho!
— Faça logo o que eu
estou mandando, ou eu vou estourar os seus miolos, o que você prefere?
— Tá bom, mas não
atira.
O homem abaixa as
calças e vira a bunda para a mulher.
— Bonitinho, segura
aqui a minha arma.
O Donizete segura o
revolver para a mulher, que pega a espingarda e dá um tiro de sal na bunda do
velho, que grita de dor.
— É gostoso? — Gostou velho filho da puta? — Viu
como doí, espero que tenha aprendido a lição, senão eu volto aqui e agora some
daqui, antes que te dou um tiro de verdade.
O homem sai correndo
com as calças arreadas tropeçando e entra para dentro do barraco.
— Devolve a minha arma
bonitinho.
Donizete devolve a arma
para ela que diz para ele.
— Pronto bonitinho
agora você pode sair tranquilo que ninguém vai mais atirar sal em vocês. Ela
fala isso e dá um beijo na bochecha dele.
A patota pula o muro
para a rua e voltam para a casa da Bete.
Mas antes de entrar na
casa dela ela pede.
— Não falem nada para a
mamãe sobre o que aconteceu, ninguém fala nada, entenderam?
Todos fazem que sim com
a cabeça.
A mãe da Bete estava na
porta da casa.
— Onde vocês estavam? — Vocês
suiram.
— Estávamos andando por
aí mamãe.
— Andando por aí é e
quem é esse menino lindo?
— É Bonitinho. Diz a
Bete piscando.
Todos riem.
— É o meu namorado Dona
Rita. Diz a Regina
— Seu namorado, nada
boba você, mas ele não é muito jovem para você e para namorar também, quantos
ele tem?
— Estou brincando, ele
é meu vizinho ele tem quase nove anos só, ainda é uma criança.
— A bom, ele é muito
lindo, até eu queria esperar ele crescer para namorar com ele, que coisa fofa.
Diz a mãe.
Todos riem.
— Eu preciso que vocês
vão buscar algumas coisas na venda, acho que a vendinha daqui já deve de estar
fechada por isso vocês vão ter que ir na venda lá em cima na perto da avenida.
Ninguém se manifesta.
— Ninguém quer ir, tá
bom, eu ia falar para comprar uns doces, mas já que ninguém quer ir, vou poupar
o meu dinheiro.
— Eu vou mãe. Fala o
irmão mais velho.
— Eu vou também. Fala o
irmão mais novo. Que estava aprontando alguma e carregava uma sacola cheia de
ovos.
— Vocês podem até ir,
mas eu quero que a sua irmã vai junta para comprar e dividir os doces, se não
vocês comem tudo e não deixa nada para ninguém e para não aprontarem nada na rua,
porque hoje é carnaval e vocês sabem a bagunça que é e é perigoso.
— Eu vou sim mãe e
aproveito para comprar o shampoo.
A mãe dela dá o
dinheiro na mão dela e ela sai e atrás dela sai aquela turma e eles vão fazendo
bagunça pelo caminho apertando as campainhas, mexendo com as pessoas na rua.
— Que bom que não
entramos em casa ainda estamos úmidos e mamãe iria perceber que fomos nadar.
Diz a Bete.
— Olhem lá é o Carniça,
vamos zoar ele, vamos atacar ovo nele? Diz o irmão mais velho.
Carniça era um bêbado
morador de rua, que pelo fato dele não tomar banho ele fedia, a criançada o
havia apelidado de Carniça por causa do seu fedor.
— Vamos concorda o
irmão mais novo, toma pega uns ovos aqui.
Eles passam por ele e começam a xingar.
— Carniça fedido que
não toma banho, carniceiro fedido.
O morador de rua se
levanta e eles atacam ovos nele e correm, o Carniça corre atrás deles e todos
correm rindo até conseguir despista-lo.
— Pronto despistamos o
Carniça, agora vamos jogar ovo nos ônibus. Diz o irmão mais novo.
— Vamos, mas tem poucos
ovos, vamos jogar barro, pega essa lata ai desse lixo e vamos enche-la de
barro.
Eles enchem uma lata de
ferro de barro e ficam esperando na esquina até que um ônibus passe, eles
dividem os ovos dando alguns para o Donizete jogar também.
Assim que o ônibus
passa por eles, eles bombardeiam o ônibus atacando ovos e o barro sujando todo
o ônibus e as pessoas que estavam com a janela aberta.
Eles correm dando
risadas e entram no mercado para disfarçar.
— Pronto agora se
comportem e vamos comprar o que a mamãe mandou o refrigerante, shampoo e os
nossos doces. Coordena a Bete.
— O
dinheiro não vai dar para comprar doces para todos nós. Diz a Bete
Donizete concorda e
diz.
— Tudo bem, não precisa
pode ir lá pagando que a gente já te encontra lá fora, Regina vem comigo!
Ele pega na mão dela e
vai até a sessão de doces e coloca alguns chocolates dentro da calção e vai
saindo, mas na saída a segurança segura eles e os levam para o depósito.
— Cadê o chocolate que
você roubou? Se você não entregar agora eu vou dar uma surra em vocês dois.
A Regina começa a
chorar e o Donizete olha para ela e quando o Segurança dá o primeiro tapa nele,
a janela do depósito se escurece e o chão e todo do deposito é tomado por
lesmas, os seguranças se assustam e se afastam ficando encurralados em um canto
do depósito, as lesmas rodeiam o Donizete e a Regina protegendo os dois e
abrindo um caminho para a porta deixando os seguranças encurralados em um canto
morrendo de medo e sem entender o que estava acontecendo.
O Donizete e a Regina
saem andando normalmente do mercado e vão de encontro a Bete e dos seus irmãos
que o esperavam um pouco mais adiante.
A Regina estava um
pouco confusa.
O Donizete tira os
chocolates do calção e divide com todo mundo e a Bete diz.
— Malandrinho, você em,
então era esse tipo de coisa que você fazia lá no centro, era disso que a sua
mãe estava falando para a Regina?
Ele dá de ombros para
ela e enfia um pedação de chocolate na boca e tira um outro pacotinho de
chiclete, divide com todo mundo menos com a Regina, ele engole o Chocolate e
finge que colocou todo o restante do chiclete na boca.
— Eu queria um
chiclete, estou precisando de mais doce para assimilar o que aconteceu. Diz a
Regina.
— O que aconteceu
amiga? Porque realmente você está branca, está passando bem? Diz a Bete.
— Se eu te contar, você
não vai acreditar não amiga.
Donizete interrompe ela
e diz.
— Se você quer
chiclete, vai ter que pegar da minha boca.
— Isso é fácil.
Ela dá um beijo nele e
rouba o chiclete da boca dele.
A Regina fica querendo
falar alguma coisa para a Bete, ela estava querendo entender o que estava
acontecendo, e queria dividir com a amiga, o Donizete faz com a cabeça que não.
A Bete fica confusa.
— Olhem o Carniça de
novo. Grita o irmão mais velho.
O que desvia a tenção
da conversa mudando de assunto.
E as crianças passam
pelo morador de rua e começam a xinga-lo novamente, só que dessa vez ele corre
atrás das crianças mais rapidamente, elas correm dando risada e se distanciam
dele, no caminho eles avistam um pé de manga, próximo da estrada onde havia uma
cerca de madeira de mais ou menos uns três metros de altura por onde poderia
subir, pelas ripas pregadas que formavam pequenos quadrados, que serviam de
degraus e assim poderiam apanhar as mangas no alto da árvore.
E a Bete dá uma ideia.
— Meninos peguem
algumas mangas verdes para nós comermos depois com sal!
E assim sobem na cerca
o Donizete e os irmão da Bete, o Donizete sobe bem mais no alto da cerca para
pegar as mangas maiores e os irmãos da Bete ficam no meio da cerca.
O Donizete apanha
algumas mangas e joga para a Bete e para a Regina segurarem e se equilibrava na
pontinha da cerca enquanto a Regina gritava.
— Cuidado para não
cair, não quero ser culpada de novo se você se machucar.
Assim que ela acaba de
gritar o Carniça que não havia desistido de pegar eles, e chega próximo deles,
a Bete e a Regina correm. O Carniça começa a balançar a cerca de madeira
querendo derrubar eles os irmãos da Bete como estava mais baixo eles pulam e
correm sem olhar para trás deixando o Donizete na cerca sozinho no alto.
Só a Regina estava
olhando preocupada com ele e o Carniça balançava a Cerca, querendo derruba-lo
até que cerca dá um estalo de quebrando, mas antes da cerca cair, a cerca toda
se transforma em lesmas, umas cruzadas nas outras.
O Carniça olha aquilo e
fica confuso e estático e diz:
— Oxi! Que diabo é
isso? Que nojo acho que preciso parar de beber.
Como o Carniça havia
balançado a cerca com força um pouco antes, a verdadeira cerca se quebra e o Donizete
cai por cima dele e depois a cerca cai por cima deles, o Carniça amortece a
queda do Donizete, mas mesmo assim ele se machuca, mas se levanta rapidamente
deixando o Carniça embaixo da cerca, junto com as lesmas e corre.
— Tira essas coisas
gosmenta de mim, eu prometo que paro de beber e volto a frequentar a igreja,
mas tiro isso de mim, aí está me mordendo, socorro! Gritava o Carniça.
Já lá na frente quase
chegando na casa da Bete, a Regina pede para o Donizete deixar ela ver os seus
machucados.
— Meu Deus ontem você
havia ralado o joelho esquerdo, o cotovelo sovaco e a sobrancelha, agora você
machucou igualzinho do lado direito, até a sobrancelha ficou igualzinha, sem
uma parte e machucou também atrás da orelha.
— E sem falar que ele
está fedendo e sujo de ovo também, o Carniça passou o cheiro para ele. Diz a
Bete.
— Você não pode voltar
assim para sua casa a sua mãe vai surtar e me culpar de novo, o que a gente
faz? Diz a Regina.
— Toma um banho lá em
casa e a gente cuida dos machucados dele. Diz a Bete
Eles chegam na casa da
Bete.
— A minha mãe não pode ver ele assim também se
não ela vai se preocupar e querer levar ele na casa dele, nossa mas ele está
fedido, deixa eu entrar e distrair a minha mãe depois você entram e vão direto
para o banheiro e você entra com ele Regina e ajuda ele com os machucados e
depois a gente vai para o meu quarto que eu levo os curativos lá, vou pedir
para os meninos me ajudarem.
Ela entra e entrega as
comprar para mãe na cozinha e pede para os irmãos dela avisarem a Regina e o
Donizete a entrarem.
Eles entram e vão
direto para o banheiro, já dentro do banheiro, ele tira a roupa e entra no
chuveiro fazendo cara de dor dizendo que estava ardendo.
A Regina o ajudava
passando o sabonete bem de levinho nas feridas e ela resolve também tirar a
roupa para não molhar e entra no chuveiro com ele.
Ela vai passando o
sabonete nele lavando e beijando os machucados, ela passa sabão por todo o
corpo dele e ele retribui passando no dela, os dois ficam embaixo do chuveiro
deixando a água cair e tirar o sabonete e os seus corpos se entrelaçam e fazem
amor embaixo do chuveiro.
A Bete bate na porta do
banheiro e diz baixinho.
— Sai logo!
Eles se trocam.
— Não coloca essa
camiseta não, ainda está fedida, vamos lavar ela e deixa-la no sol para secar,
depois a gente a pega, vamos primeiro dar uma disfarçada nesses machucados.
Eles entram no quarto
da Bete e elas passam mertiolate e limpam as feridas e disfarçam com maquiagem.
— Pronto agora só falta
lavar a camiseta dele que ficou lá no banheiro.
— Eu pego e lavo, mas
só uma coisa, porque você também está com o cabelo molhado? Por acaso vocês não
transaram no meu banheiro né?
Donizete olha para a
Regina que olha para a Bete, e ri.
— Não acredito, vocês
dois estão parecendo cachorro no cio, não pode um tocar no outro.
A Bete sai reclamando e
pega a camisetea lava e a deixa secando no sol.
A Regina Abraça o Doni
e dá vários beijinhos nele e diz.
— Eu te amo de mais,
mas não estou entendo o que está acontecendo, eu acho que estou vendo coisas, primeiro
lá no mercado, eu vi mesmo o deposito todo se encher de lesmas e nos tirar de
lá, depois eu vi a cerca se transformar em lesmas trançadas, aquilo aconteceu
mesmo?
Donizete se ajeita e
chega mais perto dela e diz.
— Você lembra do seu sonho?
— Sim, lembro.
— Então lembra como começa?
— Com as lemas na entrada da cova.
— Pois é
por isso eu falei que seria difícil te explicar, que só depois você iria
entende.
— Mas não estou
entendendo, o que tem isso a ver com o sonho?
— Esse é o elo que eu
tenho com eles.
— Como assim, você está
me dizendo que o sonho é real, é isso?
— As Lesmas que você
viu não eram reais.
— Sim eram, quer dizer
eu acho que era, mas como pode isso?
— Você lembra no sonho
quando ele diz que me protege, sempre que alguém tenta me fazer mal?
— Sim, então foi por
isso que a Bete, disse que viu lesmas aquele outro dia, ela não estava vendo
coisas, ela estava judiando de você e as lesmas ou o Coronel entendeu que ela
estava querendo te fazer mal.
— Isso mesmo.
— Mas como ele sabe, onde
ele fica.
— Eu acho que está
dentro de mim.
— Mas como?
— A uns meses atrás, eu
cai dentro de uma cova de um cemitério, aquela que aparece nos sonhos, e fiquei
desacordado dentro dessa cova por um tempo e as lesma me ajudaram a sair e
acredito que ali foi onde tudo começou, porque depois disso começou a acontecer
essas coisas e o segurança do cemitério
me contou toda a história do Coronel e dos seus filhos que haviam sido
sequestrados e esquecidos ou deixados para morrer dentro de um barracão na
própria fazendo do coronel e os seus corpos estavam cobertos por lesmas.
— Poxa, que história
triste, eu vi tudo isso, mas ainda não sei se acredito estou confusa e esse
desejo por você que parece que aumenta a cada dia mais que já nem sei mais quem
sou, eu só quero você o tempo todo, o que está acontecendo?
— O Coronel explicou
para nós no sonho, quando eu perguntei, porque estávamos tão apaixonados, e eu
sou tão novo para isso, ele disse em charada, assim: "Vocês são novos, mas
o espirito não, o amor de vocês dois não é de hoje, já é caso antigo, vocês
estão reparando um erro".
— O que ele quis dizer
com isso? Que nós já fomos amantes em
vidas passadas, porque para mim é o que eu entendi, será que é por isso que
quando eu te vi pela primeira vez, eu senti o meu coração bater mais rápido e
não tirei você nenhum minuto a mais dos meus pensamentos, ou isso é um castigo
por algo que te fiz no passado?
— Não sei nós vamos ter
que descobrir juntos, porque eu também quando te vi senti uma coisa estranha
também.
— O que será agora
estou curiosa, como vamos descobrir?
— Nós vamos ter que ter
paciência, e nos nossos sonhos tentar perguntar para o Coronel.
A Bete retorna.
— Vem
vamos descer e ficar lá embaixo, para a gente almoçar, toma Doni usa uma
camisete do meu irmão até a sua secar.
Eles almoçam a mãe da
Bete fica olhando para o Doni, percebendo que ele estava diferente da hora que
chegou, mas não diz nada.
Eles acabam de almoçar
e ficam no quintal.
— Agora a sobremesa,
Geladinho e depois manga com sal, essas mangas deram muito trabalho, por isso
não vamos desperdiça-las.
— O geladinho vermelho
é meu. Diz a Bete separando ele da forma onde estavam todos os geladinhos.
— Eu fico com esse
branquinho. Diz a Regina.
Os irmãos dela pegam na frente do Donizete,
deixando um bem mal acabado para ele, mas ele não se importa, mas quando ele
fura o saquinho.
— Umm, que delícia é de
goiaba.
— Deixa eu experimentar
o seu. diz a Regina.
— Agora deixa eu
experimentar o seu! Diz o Doni.
— Vai ter que pegara de
dentro da minha boca.
Ela coloca um pedaço
grande sobre a língua e dá a boca para ele pegar.
Ele encaixa a boca dele
com a boca dela e se beijam e no finalzinho ele puxa o pedaço de gelo da boca
dela e limpa a boca com o braço.
— Que delícia é de Coco
sabor Regina.
Todos riem.
— Nós vamos ter que ir
embora Doni, mas não podemos chegar juntos, por isso eu vou na frente e você
espera um pouco e entra depois.
Regina entra na vila e
dito e feito a mãe do Doni abre a porta para ver se era ele e pergunta para
ela.
— Você viu o Donizete?
— Eu o vi empinando
pipa com umas crianças aqui na rua de baixo.
— Obrigado, eu vou
atrás dele.
Donizete esperava um
pouco na rua de onde ele avista o Michel e o Eduardo, ele vai até eles.
— O Menino você está
bem? Aquele dia você caiu por cima do carro com telha e tudo, nós pensamos que
você tinha morrido. Fala o Eduardo.
— Nossa, mas você se
machucou bastante. Diz o Michel.
— Um pouco, mas esses
machucados são de hoje. Diz o Donizete.
— Posso empinar com
vocês?
— Sim pode, nós ficamos
preocupados com você. Diz o Eduardo.
— Eles brincam com as
pipas, Donizete pega algumas pipas e vai guardando— as no cantinho do muro da vila e corre para
voltar para junto dos meninos.
— Nós vamos lá na
avenida Cabuçu , ou na antiga linha de trem , você quer ir com a gente, empinar
pipa de lá. Fala o Eduardo.
—Vamos, é legal lá?
— Sim, lá tem uma
galera que faz as pipas na hora. responde o Michel.
Eles vão andando até a
avenida e os meninos alertam o Donizete.
—Você tem que tomar
cuidado, aqui nessa avenida ela é perigosa. Dia o Eduardo.
— Uma vez um menino foi
atropelado de bicicleta aqui e a bicicleta e o seu corpo foram parar em cima do
telhado de uma casa, demoraram dias para achar o corpo do menino. Conta Michel;
— Nossa, foi tão alto
assim! Exclama Donizete.
— Sim, foi uma pancada
muito forte, porque o pessoal tira racha aqui nessa avenida e eles costumam
perder o controle do carro na curva da morte, que é aquela curva ali. Aponta
Michel.
— Por isso as vezes nos
preferimos ir lá da linha velha do trem. Diz Eduardo.
— Vamos ficar um pouco
aqui, se estiver muito perigoso a gente vai de lá. Fala O Michel.
Donizete só acompanhava
eles.
Eles começam a empinar,
de repente uma pipa bonita vem caindo e o Donizete corre para pega- la, ele pega a pipa e um home com um fusca
verde para do seu lado e diz.
— Me dá essa pipa ai
menino, eu vou levar para o meu filho. Diz o Homem.
— Não, é minha fui eu
quem a pegou, não vou te dar não.
— Vai menino a
temporada de pipa já está acabando, e essa pipa é muito grande para você, vai
me dá ela aqui ou eu vou te bater.
Donizete tenta correr, mas
o homem dá uma rasteira nele e ele cai com tudo na terra, o Homem pega a pipa e
dá um chute nele, Donizete fica com dor no chão o homem coloca a pipa no banco
de trás do fusca verde espera o trânsito parar para ele dar a volta e entrar no
banco do motorista.
Donizete levanta e olha
bravo para o homem.
O Homem arranca com o
carro e quando ele estava a alguns metros da curva da morte, o seu carro começa
se encher de lesmas, dificultando a sua visão e o controle do carro, o Homem
entra em pânico e o seu carro passa reto na curva batendo de frente com um
caminhão que vinha na mão contrária, foi ouvido um barulho muito alto e a
pancada também foi tão forte que arremessa o homem com banco e tudo fora do
carro, a uma altura exorbitante e destruindo o carro por completo, o corpo do
homem já cai morto no chão muito machucado a cabeça dele estava rachada no
meio.
As pessoas se aglomeram
em volta do corpo alguns vão verificar se estava tudo bem com o motorista do
caminhão e o Donizete simplesmente vai andando até o resto do fusca olha no
banco de trás onde ainda estava a sua pipa, um pouco rasgada e apega de volta e
sai andando na direção dos meninos, que estava chocados com o que tinha
acontecido.
— Você está bem?
Pergunta o Eduardo.
— Sim estou, está
doendo um pouco. Responde o Donizete.
— Você viu o que
aconteceu com o cara que tentou te roubar a sua pipa, Deus me livre, mas bem
feito para ele, quem mandou ele te bater, Deus castiga, se ele não tivesse
parado para te tomar a pipa nada disso teria acontecido. Comenta o Michel.
— Vamos sair daqui,
vamos lá de onde vocês falaram, acho que vai ser melhor. Diiz Donizete.
— Vamos, mas você com
tudo que aconteceu foi lá e pegou a pipa de volta, não ficou com medo? Diz
Eduardo olhando para o Michel.
Donizete dá de ombros e
atravessa a avenida para o outro lado e diz.
— Vamos logo, onde
vocês falaram.
— Que menino estranho.
Comenta o Michel para o Eduardo.
Eles atravessam a
Avenida e entram na rua de terra que dava acesso no a antiga linha de trem, no
meio do caminho eles encontram uns amigos e comentam.
— Vocês viram o que
aconteceu, agora aí na avenida?
— Nos escutamos o Barulho. Fala o menino mais
velho que terminava de fazer uma pipa, os meninos o chamavam de Caca.
Os outros meninos
correm para a avenida para ver o que tinha acontecido e o Donizete senta do
lado do Caca e fica observando ele preparar a pipa, que pergunta para ele.
— Quem é você?
— Eu sou o Doni.
— Doni, legal. Você é
novo por aqui?
— Sim, eu morava lá no
centro da cidade. Diz o Donizete.
— E lá não tinha muitas
pipas por lá?
— Não, quase nenhuma.
Diz o Donizete
— É, mas esse é o
último final de semana, já começou as aulas e já estamos no carnaval, semana
que vem, você quase não vai ver mais pipas no alto, talvez meias Dúzia de gatos
pingados.
— Você gosta muito de
pipa?
— Sim eu gosto
bastante.
— Legal, eu também, já
estou um pouquinho velho para isso, porque tenho mais de dezoito anos, mas isso
é um vício eu adoro a liberdade das pipas no ar e gosto de sentir o vento no
rosto.
Donizete só concorda com
a cabeça.
— Você quer empinar
comigo, quer me ajudar.
— Sim.
— Então me ajuda a
fazer a rabiola e passara cortante que depois nós vamos empinar lá de cima do
morro da antiga linha de trem.
Donizete ajuda o Caca a
terminar a pipa, e os dois sobem para o morro onde o Eduardo e o Michel já
estavam lá.
— Você sumiu, nós pensamos que você tinha ido
com os outros caras ver o acidente.
— Não fiquei ajudando o
Caca a fazer a pipa dele.
Os meninos olham para o
Caca, que estava com uma pipa bonita com uma rabiola muito grande que diz para
o Donizete.
— Vem Doni me ajuda
aqui vem empinar comigo e deixa esses manés aí, que depois que a minha pipa
subir eu vou cortar eles para irem embora logo.
Donizete segura a pipa
para o Caca que puxa levantando ela, a rabiola era tão grande que o Donizete
vai guiando a rabiola para ele, Caca vai deixando a pipa bem longe enquanto
passava cortante na linha, quando a pipa estava bem longe o Caca, chama o
Donizete para segurar a pipa dele para ele lavar a mão do cortante. Donizete segura
a pipa e diz.
— Nossa que força, parasse que vai arrebentar a
linha.
— A linha é nova não vai arrebentar, mas não
faz nada fica parado que eu já volto.
Donizete balança a
cabeça dizendo que sim e fica admirando a pipa bem longe, quase perdendo a de vista.
Caca volta pega a lata
de linha da mão do Donizete, e faz algumas manobras com a pipa a fazendo descer
reto e cortando uma outra pipa bem longe.
— O cortante ficou bom,
vem Doni vamos lá de trás para a gente cortar esses manés.
Eles vão para trás do morro,
onde o Caca manobra a pipa a direção das pipas do Eduardo e do Michel e dá a
linha na mão do Donizete dizendo:
— Toma Doni, agora é só
você deixara a pipa subir e quando pegar na linha deles, você só descarrega um
pouquinho de linha.
Donizete segue as
ordens do Caca e corta as pipas do Michel e do Eduardo.
— Parabéns Doni é isso
aí garoto, vão embora, vai seus patos, somem daqui.
Donizete vibra com a
façanha, mas fica chateado com os amigos que perderam as suas pipas que vão
embora sem falar tchau para ele.
— Deixa esses manés aí,
vamos para o outro lado cortar aquelas pipas lá longe, vem me ajuda aqui.
E assim eles limpam o
céu e já começava a escurecer, Caca recolhe a sua pipa e pergunta para o
Donizete.
— Você quer umas pipas eu tenho algumas pipas
lá em casa e como vai acabar o tempo e eu não perdi essa e você me ajudou eu
vou te dar elas.
Donizete acompanha ele
até a casa dele, mas quando eles chegam, alguns amigos do Caca perguntam para
eles se eles não queriam ir no parquinho de diversão novo que estava abrindo
naquela noite.
— Sim é lógico.
responde o Caca
— Quer vir com a gente
Doni, você pode?
Donizete balança a
cabeça dizendo que sim, mas na verdade ele não podia e deveria voltar para a
casa, mas ele vai com assim mesmo com os meninos até o parque.
De longe eles avistam
as luzes do novo parque, Donizete se encanta e se empolga, mas ele não tinha
dinheiro.
— Galera pode brincar,
o pessoal da escola de Samba está pagando para gente, mas depois nós vamos ter
que ir com eles na avenida Tiradentes para ajudar a empurrar os carros
alegóricos, combinado? Diz o Amigo do Caca.
— Legal eu já iria para
lá mesmo e você Doni, se não quiser eu pego os ingressos para você, mas não
precisa ir com a gente não, se não poder ir.
Donizete olha para ele
e dá de ombros, como dizendo tanto faz.
Caca pega alguns
ingressos e dá alguns para o Doni.
Eles brincam no
carrinho de batida, na montanha russa, na Roda gigante, mas o Doni estava
evitando de ir no trem fantasma.
— Vamos no trem
fantasma Doni?
— Não, não quero não.
— Ih ! — Está com medo?
— Não é isso não.
— Ah fala a verdade
você está com medo?
— Está bem então vamos,
mas depois, não vai se arrepender.
Diz o Doni.
Eles entram na fila e
logo já é a vez deles, eles entram no carrinho e no começo estava tudo tranquilo,
pequenos sustos, até o carrinho começa a subir para o segundo andar, que os
sustos eram mais fortes, já na subida o Doni se assusta com as mãos que o
tocavam na subida como se quisessem pega-lo, na sequencia um lobisomem e um
morto vivo passa a mão pela sua cabeça, a parte de cima era pessoas maquiadas e
assustavam as pessoas com mais precisão e em um desses sustos Doni se assusta
muito forte o carrinho e as paredes se enchem de lesmas, o carrinho passa pela
parte aberta no piso superior e todo mundo vê o carrinho cheio de lesmas e o
Caca gritando de medo, que chamou a atenção para eles e faz todo mundo
olhar para trem Fantasma, o carrinho
volta para a parte fechada e desce com tudo na rampa que dá um frio na barriga,
o carrinho chego no final.
Caca sai correndo do
carrinho assustado, mas dando risada.
— Nosso esse trem
fantasma é muito real, dava para sentir os toques das lesmas na pele, que nojo,
era muito real. Fala ele rindo.
Donizete estava olhando
para ele e não diz nada, só escuta.
— Olha lá a fila que
está formando no trem fantasma depois que nós fomos, acho que gritei demais,
fiz propaganda gratuita para eles. Fala
o Caca dando risada.
— Vamos de novo no
carrinho de batida porque a fila do trem fantasma está gigante agora e a do
carrinho de batida está vazia. Fala o Donizete não querendo ir de novo no trem
fantasma.
Eles entram direto no
carrinho de bate-bate e se divertem, quando eles saem do carrinho o amigo do
Caca o chama para irem para os ônibus que iriam levar a Escola de Samba para a
Avenida Tiradentes.
— O que você vai fazer
Doni? — Você vai com a gente ou vai embora? — Porque nós vamos voltar muito
tarde de lá.
— Eu quero ir, mas
estou com fome.
— Isso não é problemas
lá na quadra tem uns quitutes para comer antes de partir para a avenida. Diz o
amigo do Caca.
— O que é quitutes?
Eles dão risada.
— Quitutes são comidas,
sempre tem cachorro quente, refrigerante e cerveja, as vezes tem até churrasco.
— Cachorro quente?
Pergunta o Donizete.
— Sim, tem. Responde o
amigo.
— Eu adoro cachorro
quente. Diz o Donizete.
Eles vão até a quadra,
que estava lotada de gente, e na frente da quadra haviam vários ônibus que
faziam fila na porta.
Donizete acha tudo
aquilo divertido, as pessoas estavam fantasiadas e a batateira da escola
ensaiava, era tudo uma grande festa, no quanto da quadra embaixo da marquise
haviam várias mesas com muita comida e o Donizete e o Caca, vão direto na mesa,
Donizete vai direto no cachorro quente e na primeira mordida se lambuza de
molho.
O Caca olha para ele e
dá risada.
Os dois estavam
famintos e devoram vários cachorros quentes.
As pessoas começavam a
entrar nos ônibus e o Caca e o Donizete entram no ônibus com uma parte dos
integrantes da Bateria, que foram fazendo batucada pelo caminho até a Avenida.
— Vem fica comigo Doni,
para você não se perder.
— Não se preocupa eu
conheço bem aqui. Diz o Doni.
Caca olha para ele e
acha estranho, mas não pergunta porquê.
— Nós vamos empurrar o
carro alegórico que é um Dragão, disse o meu amigo.
Eles entram na
concentração da escola que seria a terceira a desfilar.
— Achei, é esse aqui.
Diz o Caca.
— Vocês que vão ajudar
a empurrar o carro alegórico. Pergunta um homem que estava organizando.
— Sim. responde o Caca.
— E esse moleque aí,
vai dar conta, não vamos ter problemas não? Pergunta o homem
— Eu sou forte, dou
conta sim.
O Homem olha para ele e
anota na prancheta alguma coisa.
Eles esperam algumas
por três horas e a escola começa a entrar na Avenida, eles começam a empurrar o
carro alegórico.
Donizete estava
encantado com todo aquele colorido e fica admirando tudo, olhava para as
pessoas na arquibancada, às vezes, quando o carro tinha que parar ele pegava
uma serpentina que estava caída inteira e jogava para o alto ou jogava os
confetes do chão no Caca, que jogava de volta nele e os dois se divertiam.
Chegando no final do
desfile, Doni e o Caca continuavam jogando coisas um no outro e quando eles vão
entrar no ônibus de volta, dois homens do juizado de menores, pergunta para o
Doni:
— Menino onde estão os
seus pais?
— Eles estão em casa
porque? Diz o Donizete.
— Porque você é uma
criança e não poderia estar aqui sozinho uma hora dessa, por favor nos
acompanhe.
— O que está acontecendo? Pergunta o Caca.
— O que você é desse
menino? Pergunta um dos homens.
— Ele é meu amigo ele
veio comigo. Responde o Caca.
— Quantos anos você
tem. Pergunta o homem
— Eu tenho dezoito anos. Responde o Caca.
Você tem documento?
— Sim. Caca mostra o
seu documento.
O policial olha o
documento e diz.
— Tudo bem, mas esse
menino não poderia estar aqui, no meio de toda essa bagunça, pessoal bebendo
usando droga e fazendo até outras coisas, nós vamos ter que leva-lo para a
delegacia e de lá para o juizado de menores, caso a mãe dele demore para busca-lo.
— Mas para que
delegacia vocês vão levar ele? Pergunta Caca.
— Para a primeira
delegacia no centro, na rua Robert Simonsen. Diz o policial.
Eles colocam o Doni
dentro do carro e vão embora com ele.
Caca fica sem saber o
que fazer, ele não sabia onde o Doni Morava, mas ele pensa rápido.
— Os Mané das pipas que estava com ele hoje à
tarde, eles devem saber onde ele mora.
Ele entra no ônibus e
chegando no seu bairro, ainda não podia fazer nada porque ainda estava muito
cedo para encontrar os meninos das pipas, ele só sabia onde era a rua deles,
mas não sabia onde era a casa, então ele decidiu dormir um pouco e mais tarde
tentar achar os meninos.
— Caca acorda e a
primeira coisa que lhe vem à cabeça e o Doni.
— Preciso ir tentar
descobrir onde o Doni mora e avisar a mãe dele.
Ele levanta, lava o
rosto, como um pedaço de pão, porque já estava quase na hora do almoço e sai
rapidamente.
Chegando na rua onde
ele achava que os meninos moravam, ele vê alguns meninos e vai até ele e
pergunta.
— Ei vocês sabem onde
que mora dois manés que sempre estão juntos empinando pipas, um alemãozinho
magrinho e o outro com um cabelo tigelinha
— Acho que você está
falando do Michel e do Edu. Diz o menino.
— Eu não sei o nome
deles, mas eu acho que são esses manés mesmo. Diz o Caca.
— O Edu mora nessa
Viela, vai ter uma perua branca Escolar parada em frente à casa dele.
Caca entra na viela e
vai andando até uma casa onde havia uma perua branca estacionada na porta, ele
aperta a campainha e uma mulher atende a porta.
— Bom dia moça eu posso
falar com o Edu.
— O que você quer com
ele, você não acha que é muito velho para brincar com ele. Diz a mulher que
deveria de ser a mãe do Edu.
— Não, não é nada disso
senhora, eu só preciso saber se ele sabe onde mora uma pessoa?
— Meu filho virou posto
de informações agora, ele não está saiu com o pai dele e tenha um bom dia.
A mulher fecha a porta
na cara do Caca.
Caca fica ali com cara
de dúvida e pensa.
— Mulher grossa, acho que vou ter que perguntar
para os moleques onde que mora o outro.
E molecada onde morar o
outro menino que vocês falaram?
— Ele mora lá naquela
casa Marrom. Aponta um menino na direção da casa.
Caca vai até a casa
procura pela campainha e não acha, então ele decide bater palmas.
É o próprio Michel que
atende a porta.
— O que você quer?
Pergunta o Michel
— Lembra aquele moleque
que estava com vocês ontem lá na linha do trem.
— O Donizete?
— Isso.
— O que tem?
— Você sabe onde ele
mora?
— Eu sei que é aí para
baixo, porque ele sempre vem de lá, mas não sei qual é exatamente a casa.
— Putz e agora, mas
valeu vou tentar descobrir, valeu!
Caca desce a rua e
pergunta pra uma senhora, que vinha subindo, que informa que não, que não
conhecia, ele desce mais um pouco e para a sorte dele a Cátia vinha subindo.
— Ei menina por acaso
você sabe onde mora o Donizete?
— O Donizete que
conheço é um menino. Diz a Cátia.
— É esse mesmo, onde é
a casa dele.
— A casa dele é aqui, e
a proposito a mãe está louca atrás dele dêsde ontem. Diz a Cátia.
— Pois é eu sei onde
ele está.
— Você sabe, vem eu te
levo até a casa dele.
A Cátia o acompanha até
a casa do Doni, que sobe as escadas e bate na port.
A Regina que estava
aflita, olhando do portão dela e vê a irmã entrando com o rapaz que vai na
direção dela.
— Quem é ele?
— Ele disse que sabe
onde o Doni está.
— Que bom!
A mãe do Doni abre a porta
e se depara com aquele rapaz mal-encarado.
— Pois não?
— A senhora que é a mãe
do Doni?
— Sim, sou eu, você
sabe onde ele está?
— Sei sim, ele está na
primeira delegacia lá no centro.
— Delegacia, lá no
centro?
— Sim na rua Robert
alguma coisa.
— Aí meu Deus, como ele
foi parar lá?
— Isso é um alonga
história, ele estava com a gente no Carnaval ajudando a empurrar os Carros
alegóricos e o Juizado de menores pegou ele.
— Mas como ele foi para
lá no Carnaval? Pergunta a mãe.
— Ele entrou no ônibus
da escola aqui do bairro e foi parar lá.
— Mas quem levou ele?
— Na verdade, fui eu,
ele falou que queria ir junto e acabei levando ele, acho que um pouco é a minha
culpa, me desculpa.
— Não, a culpa é dele
mesmo, ele fugiu daqui de casa pelo cano de água.
— É ele é muito esperto
mesmo, mas a senhora tem que ir logo buscar ele, se não eles vão leva-lo para a
Febem.
— Acho que vou pegar um
Taxi, ele deve saber onde fica essa delegacia, muito obrigado pela ajuda eu já
estava ficando louco, não dormi a noite inteira preocupada com ele, imaginando
que alguma coisa pior poderia ter acontecido com ele.
Caca desce as escadas
onde na ponta da escada estavam as meninas, tentando entender o que estava
acontecendo e em seguida, saí a mãe do Donizete correndo, ela vai até a avenida
onde ela pega um taxi.
O Taxista a deixa na
porta da delegacia.
— Por favor moço, meu filho foi trazido para cá
e eu vim busca-lo. Diz ela para o policial que estava ali de plantão.
— A senhora trouxe Advogado, porque se o seu
filho cometeu alguns crime, só com advogado. Diz o policial.
— Crime, não ele não
cometeu crime nenhum, porque ele é uma criança.
— AH!!! — A senhora
está falando do menino estranho.
— Menino estranho
porque?
— Os policias da noite
quiseram dar um susto nele para ele tomar juízo e colocaram ele na cela dos
presos, os presos foram assustar ele, mas foram eles que acabaram assustados,
eles estão gritando até agora, escuta o barulho.
A mãe faz silêncio e
aponto o ouvido na direção da parede e consegue ouvir os presos gritando.
— Mas eles estão
gritando porquê? — O que aconteceu?
— Não sei, o pessoal
falou que eles ficavam gritando: "Lesmas, tira isso de mim socorro, esse
moleque é o demônio" e estão gritando até agora, pediram até para chamar
um padre, tudo isso causou um tumulto na delegacia essa madrugada, e tiraram
ele rapidamente da cela dos presos que estão todos nos cantos das paredes com
medo de alguma coisa, que só eles estão vendo.
— Eles gritaram lesmas?
A mãe dele fica preocupada, mas não demonstra.
— É, eles ficam gritando
isso e chamando o seu filho de demônio, alguém deve de ter dado alguma droga
muito forte para eles
— Onde está o meu filho
agora? Pergunta ela.
— Ele está dormindo em
uma sala separada, a senhora deu sorte que por causa do Carnaval, hoje é ponto
facultativo, se não já teriam levado ele para a Febem e não estaria mais aqui.
— E qual é a diferença?
Pergunta ela.
O policial fica sem
resposta.
— Com quem eu tenho que
falar para liberar ele.
— A senhora tem que
falar com o Delegado, que fica naquela sala.
— Eu levo a senhora até
ele.
— Doutor essa é a mãe
do demônio, digo do garoto.
A Dona Zulmira fulmina
o policial com um olhar, ela já não estava boa.
— Pois não senhora,
então é a senhora a mãe do menino?
— Sim sou eu.
— Senta aqui que eu
preciso ter uma conversa com a senhora.
Ela se senta e o
delegado diz para ela.
— A senhora sabia que
poderia ser presa por abandono de incapaz, deixar uma criança até tarde assim
na rua e ainda mais em um local como o que ele estava, onde rolava de tudo.
— Eu não deixei doutor,
ele estava de castigo em casa, com a porta trancada e a chave estava comigo,
porque ele já havia aprontado no dia anterior, mas foi só eu dar a costa ele
fugiu descendo da minha casa que fica no alto por um cano de ferro que desce
pela caixa d'água e acaba no tanque na casa de baixo e fugiu, eu estou que nem
doida atrás dele deste de ontem, estou sem dormir.
— É onde está o pai
dele, não sei senhor eu larguei dele e não quero nunca mais ver ele na minha
vida.
— É, criar filho é
complicado, se fosse o meu filho eu lhe daria umas boas cintadas.
— Eu acabei de arranjar
um novo parceiro que está sendo bastante compreensivo, mas não sei até quando.
— Entendo a senhora,
dessa vez passa vou ser compreensivo com a situação da senhora e não vou atua-la,
vamos lá buscar o filho da senhora.
Obrigado. Diz a Dona
Zulmira
— E tem mais, esse
menino tem alguma coisa de diferente com ele mesmo, a senhora precisa levar ele
para a igreja, os policias que foram suspensos por tentarem dar um susto nele
colocando junto com os outros presos, e aconteceu alguma coisa lá dentro que
ainda não conseguimos reverter, quase aconteceu uma rebelião aqui por causa
disso, quando foram retirar o seu filho de lá os presos empurraram a porta da
cela, eles estavam em pânico e mesmo abaixo de borracha das alguns conseguiram
sair da cela e não quiseram voltar para aquela cela, os que ficaram estão nos
cantos das paredes e não param de gritar e ninguém consegue tirar eles de lá.
Dona Zulmira estava
aflita e já imaginava que realmente tudo aquilo tinha a ver com a presença do
filho dela, como na época do colégio.
— Chegamos.
— Eu posso conversar
com ele um pouquinho sozinha Doutor?
— Tudo bem eu vou
deixar a senhora, conversar com ele sim um pouquinho, sim acho que seria até
bom dar umas broncas nele.
Ela entra na sala e
fecha a porta, Donizete estava sentado em um poltrona e grita quando a vê.
— Mamãe!!
— Mamãe é, agora você
vai ver com quantos paus se faz uma canoa.
Ela diz isso já tirando
a cinta dos passantes da calça e vai para cima dele que grita.
— Não mamãe, não me bate!
Ela defere diversas
cintadas neles, que se protege com os braços, mas ela estava com tanta raiva
que não parava de bater nele e de repente a cinta que ela estava usando para
bater nele, se transforma em uma lesma, a sala fica escura e lesmas brotam do
teto, do chão e das paredes.
Dona Zulmira olha
aquilo e fica assustada e o Donizete vai na direção dela e diz:
— Me abraça mamãe, me abraça, rápido.
Ela o abraça, mas
continua a aparecer mais lesmas.
Abraça mais forte e me dá
um beijo. Diz Donizete.
Ela fecha o olho o
abraça e dá um beijo nele.
Quando ela abre os
olhos estava tudo normal.
— Então
é isso que acontece, é muito assustador, que susto.
— Desculpa mamãe.
— Tá bom, vamos sair daqui.
Ela abre a porta e o Delegado
e algumas pessoas estavam do lado de fora, curiosos.
— Está tudo bem com a
senhora? Eles perguntam como se soubessem o que tinha acontecido lá dentro
— Sim, está tudo bem,
posso ir e levar o meu filho comigo agora ?
— Sim a senhora pode
levar esse De..., esse menino.
Ela sai da Delegacia e
faz sinal para um Taxi que passava.
O Delegado e outros
funcionários da delgacia, fazem o sinal da Cruz.
— Menino, porque você
fez isso comigo, me deixou quase louca, o que você tem na cabeça?
— Não foi por querer
mamãe, eu só queria sair um pouco e acabei vindo parar lá naquele lugar.
— E o que era aquilo que
aconteceu naquela sala? — Como acontece aquilo? —De onde vem, aquelas les.....
Ela olha no retrovisor
e percebe que o motorista estava prestando atenção na conversa dela.
— Em casa a gente
conversa.
O Taxi os deixa na
porta da casa deles.
Assim que o Donizete
entra no portão a Regina vem correndo na direção dele e as outras meninas
também.
— Ela o abraça e diz:
— Que susto que você me
deu, pensei que tinha acontecido alguma coisa com você.
— Estou bem.
— Onde você estava?
— Estava por aí.
— Vamos Donizete! Chama
a mãe dele brava.
— Vai lá depois a gente
conversa. Fala a Regina.
Ele vai indo embora
sendo puxado pela sua mãe.
Quando eles entram na
casa.
O João diz.
— Achou essa peste?
— Não fala assim João.
— Eu falo do jeito que
eu quiser, eu estou na minha casa. grita o João com sinais de embriagueis.
— A casa é nossa. Diz Zulmira.
— Nossa uma ova, e tem
muito mais, se não for do meu jeito, pode ir embora, a partir de hoje eu vou
colocar esse moleque na linha.
— Nele você não encosta
um dedo. Diz Zulmira e vai para o quarto levando o Donizete para tomar banho
ignorando o que o João falava.
— E não dá as costas
para mim não. Ele a pega pelo braço.
— Me solta que você
está me machucando!
Ele a solta e volta
para a sala.
Zulmira dá de ombros e
pensa.
— Será que vai começar
tudo de novo?
Passado um tempo ela
abre a porta do quarto e grita:
— Pode dormir aí na
sala na cama do Donizete, comigo hoje você não dorme.
O João já estava
dormindo de bêbado.
— Ainda bem que já está
desmaiado, eu nunca tinha visto ele assim antes, o que será que está
acontecendo com ele?
— Vem filho deita aqui
com a mamãe!
Donizete deita do lado
dela na cama e ela olha para ele e pensa.
— O que será que está
acontecendo com o meu filho, o que foi aquilo que aconteceu àquela hora, o que
era aquilo? E só parou quando eu o abracei, coisa assustadora, como pode
aquilo?
No dia seguinte,
Donizete acorda estranhando o lugar e olha para o lado e vê a sua mãe olhando
para ele.
— Bom dia! Diz a mãe.
— Bom dia. Responde
ele.
— O que será que você
vai aprontar hoje? Pergunta ela.
— Nada ué! Responde
ele.
— Quero só ver? Vem vamos tomar café.
Eles tomam café e o
João estava deitado na cama improvisada na sala estava com uma cara de quem
comeu e não gostou.
— Mamãe, vamos ficar
sentado na escada um pouco lá fora, não quero ficar aqui dentro, não dá pra
assistir desenho.
— Vamos eu também estou
precisando tomar um pouquinho de sol.
Eles abrem a porta,
saem e a fecha atrás deles e se sentam, mãe no último degrau e o filho no
degrau debaixo, na frente dela de costa para ela, no meio das pernas dela.
A mãe acariciava os
cabelos do filho, que estava grande precisando cortar, o deixava ele quase parecido
com uma menina, por causa do formato do seu rosto angelical.
— Porque
não pode ser sempre assim em paz, nessa calma nesse amor, porque sempre tem que
acontecer alguma coisa porque não podemos viver em paz, sem bebida, sem briga,
a vida é tão simples, mas procuramos sarna para se coçar.
— Eu não procuro sarna para me coçar, eu não
sou cachorro.
A mãe dá risada.
— É só uma expressão.
Ela diz isso e se cala deixando o silêncio predominar que era possível ouvir o
canto dos passarinhos.
Ele deita a cabeça no
colo da mãe e fica olhando o céu e brinca de ficar imaginando formas nas
nuvens.
— Olha mãe aquela nuvem
parece um dragão.
— Aquela outra parece
uma rosa. Diz a mãe.
— Aquela parece um
elefante. Diz ele.
— Agora eu não estou
conseguindo imaginar mais nada só vejo um monte de fumaça. Diz ela
— Essa que é um monte
de fumaça me parece algo familiar, espera já sei: Um monte de lesmas. Diz ele.
— Lesmas!! Porque você
disse isso, não parece não, espera, sim parece mesmo que estranho se formou
agora, porque antes não tinha forma de nada.
— Olha uma pipa caindo
vindo do meio dela, deixa eu ir pegar?
— Não você vai sumir.
— Não vou não, se eu
conseguir pegar a pipa, eu volto logo para casa.
— Está bem, mas
cuidado, eu vou ficar esperando aqui, não demora, mas você está de chinelo.
Donizete tira o chinelo
para correr mais rápido e sai pelo portão rapidamente porque a pipa já estava
caindo, ele corre rua a cima e a pipa caiu na segunda casa virando a esquina na
avenida, onde já haviam algumas crianças querendo pegar a pipa e no meio delas
estava o Edu e o Michel, mas eles estavam com medo do cachorro da casa.
— Donizete sobe na
grade e o cachorro vem na sua direção, mas assim que ele olha para os olhos do
Donizete, sai chorando e corre para a sua casinha.
As outras crianças
acham aquilo estranho, mas ninguém diz nada.
Donizete pula a cerca
entra na casa e pega a pipa, ele enrola a linha e a rabiola, quando ele olha
para o lado da escada ele vê uma piscina rasa, que não era uma piscina era um
aquário de chão e estava cheio de peixes e na parede havia uma imagem de uma
santa, vestida de azul claro.
Donizete fica encantado
com a beleza daqueles peixes vermelhos e dourados e fica ali admirando-os, mas
a vontade de só ver passa e ele quer pegar um peixe para ele, ele avista uma
lata no canto do jardim ao lado do aquário, ele a apanha e entra dentro do
aquário, tenta pegar um dos peixes e vai cercado os peixes até conseguir
encurralar um em um canto do aquário e colocá-lo dentro da lata.
— Peguei um bonitão.
O barulho das crianças
na frente da casa, chama a atenção do dono da casa que sai para ver o que
estava acontecendo e se depara com o Donizete dentro do aquário e grita.
— Saí daí menino, você
vai matar os meus peixes e o homem joga um pau no Donizete, que o acerta e o
deixa com raiva e o aquário fica repleto de lesmas se debatendo como peixes.
O homem não acredita
naquilo, se assusta, mas grita:
— Crê Deus pai, Deus tem poder.
As Lesmas desaparecem.
Donizete aproveita e
corre largando a pipa para trás, mas levando o peixe dentro da lata; ele corre
até a sua casa e avista a sua mãe no alto da escada ainda.
— Olha mamãe que lindo, olha que bonito.
— Onde
você pegou isso menino?
— No
aquário da casa onde caiu a pipa.
— Isso não está certo,
você precisa devolver, ele não vai sobreviver nessa lata, ele precisa de mais
oxigênio.
Assim que ela acaba de
dizer isso aparece o dono da casa do aquário no portão, seguido pelos meninos.
— Moça eu posso entrar.
— Sim moço, o que você
deseja?
— Eu só quero o meu
peixe de volta, que o filho da senhora pegou.
— Está vendo Donizete,
o menino, um minuto que sai já arruma confusão.
João escuta a conversa
e sai na porta.
— O que está
acontecendo?
— Nada não senhor, só o
menino que pegou o peixe do meu aquário, mas já estamos resolvendo.
— Esse moleque já está
aprontando logo cedo.
— Calma senhor, não
precisa ficar bravo com a criança, eu posso conversar com vocês.
— Sim, claro. Diz o
João.
— Esse peixe é do
aquário da minha santa Iemanjá, por isso eu preciso levar ele de volta, eu até
trouxe a pipa do menino para ele não ficar triste, mas aconteceu alguma coisa
muita estranha lá agora.
— O que que aconteceu?
Pergunta a mãe do Donizete.
— Na hora que ele
estava no aquário eu me assustei e pensei que fosse um menino maior e joguei um
pedaço de pau nele, mas depois eu percebi que era uma criança eu me arrependi.
— Mas o que foi que
aconteceu de estranho? Pergunta o João já imgainado o que o home iria falar.
— O aquário se encheu
de bicho, pareciam lesmas e quando eu roguei pelo meu Deus, eles sumiram e
acredito eu, que isso aconteceu por que o menino estava dentro dele, o que me
leva a crer, que tem alguma coisa de ruim com este menino.
— A Zulmira olha para o
João que olha para o Donizete que olha para o homem, que diz:
— É pelo olhar de
vocês, vocês já sabem, eu sou um médium e queria ajudar vocês, vocês me
deixariam ajuda-los, se vocês quiserem, nós podemos ir lá na minha casa onde eu
tenho o local sagrado onde podemos estar verificando isso, para melhor entender
e ajudar o menino, não se preocupem, não vou cobrar nada é de graça, só quero
ajudar.
— O que você acha João?
— Por mim tudo bem.
— Então vamos, só me
devolve o meu peixe, que eu preciso colocar ele rápido no aquário antes que ele
morra, ele é de uma espécie muito rara, por isso o menino ficou encantado com
eles.
Donizete entrega a lata
com o peixe para o homem, que lhe devolve a pipa.
— Só vou fechar a
porta. Diz João
— Me dá a pipa que já
aproveito e guardo para você Donizete.
Ele sobe coloca a pipa
na sala, fecha a porta e todos vão com o homem até a casa dele.
Chegando na casa do
Homem, ele rapidamente devolve o peixe para o aquário.
— Venham
me sigam, a mim desculpe eu não me apresentei, eu me chamo Wagner, o Senhor se
chama João como eu escutei e senhora?
— Zulmira. Diz ela.
— Dona Zulmira, eu
tinha uma tia que se chamava Zulmira, e menino aqui, como se chama?
— Donizete, mas pode me
chamar de Doni, a minha namorada me chama assim.
— O Doni tem uma
namorada? Mas você, não é muito jovem para já namorar?
— Eu sou jovem e ela
também, mas o Coronel disse que o nosso amor já antigo.
— Interessante, venham
entrem e se sintam à vontade, o meu local sagrado fica lá atrás, venham me
sigam.
Eles entram em
quartinho uma edícula usada como um santuário, haviam muitos santos ali e diversas
velas acesas e um espaço vazio no meio do quarto.
— Vamos nos sentar aqui
no centro e nós concentrar, ele acende algumas ervas misturadas em um vaso, de
onde ele retirar um liquido e oferece a bebida para todos e pede para o
Donizete dar um pequeno gole, agora eu preciso de total silêncio de vocês.
Eles ficam em silêncio
e entram em transe.
O Wagner está sentado
em frente a uma represa e tem uma vara de pescar na sua mão, ao seu lado está o
Donizete também pescando o do seu lado direito tem um homem vestindo uma farda
de Coronel e ao seu lado tem duas crianças e ao fundo deles estão alguns
cavalos, ao lado do Donizete também tem uma menina e o Homem vestido com a
farda fala.
— Você é bemvindo,
podemos ficar pescando o dia inteiro, se você for amigável, mas caso contrário
podemos te afogar neste lago, o que você quer aqui?
— Estou querendo ajudar
está criança e me desculpe, se fui grosseiro entrando aqui sem pedir licença.
Diz Wagner
— Gostei do senhor, é
educado e está querendo ajudar o nosso filho adotivo, e como você pretende
ajuda-lo? Pergunta o Coronel.
— Eu estou querendo
entender o que está acontecendo?
— Você quer entender o
que está acontecendo? Pois bem, o senhor sabe onde o senhor está?
— Acredito que seja uma
espécie de purgatório.
— É um pouco mais
complicado que isso, o senhor está no meio do nada e ao mesmo tempo no meio de
tudo, o senhor só chegou aqui, porque é convidado do meu filho adotivo, que tem
acesso aqui e permitiu que você o seguisse.
— Mas como isso é
possível? Pergunta Wagner.
— Não é possível, nós
só estamos permitindo que você se junte a nós, porque precisamos de soldados,
que lutem contra a injustiça e já que você quer ajudar o nosso melhor guerreiro
o nosso filho adotivo, agora você é um de nós e ganhara um presente ou uma
maldição, tudo vai depender dá fome de alma ou dá vdia que o senhor vai levar.
— Mas do que realmente
fazemos parte agora?
— Nós somos os
injustiçados e fomos muito machucados na vida terrestre, onde nós causamos
muita dor e por isso, nós não somos nem anjos e nem demônios, por que nós temos
um lado bom, mas também temos o nosso lado mal, foi como eu lhe falei a vós
misse, neste momento estamos desfrutando do lado bom das coisas, podemos
aproveitar e ajudar, mas também podemos ser meros ajudantes de escravizadores
de almas.
— A vara do Coronel
fisga e ele tira um peixe imenso da água.
— Está vendo, olha que maravilha de peixe, esse
é o lado bom enquanto não precisarem de mais almas, porque caso contrário.
O peixe se transforma e
uma serpente e tenta atacar o Wagner.
— Todo lado bom tem o
seu lado mal, por isso, de agora em diante só depende de você, que lado você
quer servir, esse que é semelhante com um paraíso terrestre, ou aquele lado
escuro lá no fundão está vendo, lá, nós não entramos lá, nós só entregamos as
almas no meio do caminho e voltamos, porque quem entra lá, não sai mais.
— Mas para que eles
precisam das almas? Pergunta o Wagner.
— O que você acha que
mantem tudo isso que você está vendo?
— Almas? Responde o
Wagner.
— Não, é o poder, a
alma é só um escravo que mantém esse poder.
— Mas como? Pergunta
Wagner
— Eu também não sei
essa resposta, porque eu ainda estou aqui, porque não sei essa resposta e tive
sede de vingança, para se vingar dos homens que fizeram mal aos meus filhos e
quis me vingar do mundo, porque não sabia quem fez mal para os meus filhos e
assim a única coisa que eu preciso saber, é que tenho o livre arbítrio para
escolher os meus soldados caçadores de almas.
— Mas o que o menino
tem a ver com isso?
— Esse menino é a
reencarnação de uma pessoa que foi muito importante, para mim, uma pessoa que
sempre esteve comigo, sempre ao meu lado, uma pessoa que era como um filho
também, por ser o caçula.
— Seu irmão? Diz O
Wagner.
— Sim, eu consegui
atrair ele até a campa da nossa família, onde agora eu vou precisar que você
também vá lá para saber quem somos ou melhor quem fomos, o menino sabe onde
fica e lá você vai encontrar muitas informações que irá ajudá-lo a nós ajudar,
eu fiz isso com o menino, eu o atraí até a nossa campa depois que ele
reencarnou, porque ele não sabe mais quem ele é, e eu preciso de uma informação
que só ele sabe, mas eu também preciso da menina que está ao seu lado.
— O que tem ela?
— Ela é a reencarnação
da esposa dele, que foi assassinada, porque as pessoas que fizeram isso, a
sequestraram e queriam dinheiro para pagar pela vida dela, o meu irmão deu tudo
que eles pediram e o assassinos a devolveram morta, o meu irmão jurou vingança
e acabou sendo morto em uma emboscada, depois disso esses mesmos assassinos,
pegaram os meus filhos e fizeram o mesmo com eles.
Eu entendi que ele é
seu irmão, mas acredito que tem algo a mais, porque você precisa dele.
— Porque ele está
reencarnado e porque ele sabe quem são os assassinos e só quando encontrarmos
esses assassinos poderemos descansar em paz e seguir o nosso caminho.
Wagner fica sem
resposta e sem pergunta.
— Você quis se
envolver, agora está envolvido com nós e vai nos ajudar a encontrar esses
assassinos, como estamos no meio de tudo entre o mal e entre o bem e precisamos
ficar mais tempo nesse meio e você vai nos ajudar, a salvar almas ou enviando
almas para que possamos pagar o lado que não podemos entrar, para poder ficar
aqui e ter esses poderes de julgamento, decidindo quem vive e quem morre.
— Agora chega de perguntas
e não se esqueça, podemos te fornecer peixes ou serpentes.
O coronel diz isso e o
Wagner vai parar no meio do lago, onde parecia que estava se afogando.
Ele desperta do transe
e a Zulmira e o João estava jogando água nele.
— Porque vocês estão me jogando água?
— Você começou a
gritar: "água, água", não sabíamos como te dar água então jogamos em
você. Diz o João.
Donizete volta do
transe.
— Você está bem?
— Sim.
— Mãe o caso é mais
complexo do que a senhora possa imaginar, tudo que te peço nunca confronte ele,
por enquanto eu não sei o que fazer, agora também estou selecionado e preciso
aprender mais sobre isso, mas por enquanto eu vou precisar de um tempo, para
tentar descobrir algumas coisas e depois que eu fizer isso eu entro em contato
com vocês.
— Só
mais uma coisa, quem era a menina que estava ao seu lado agora Doni, como ela
te chama?
— Era a Regina.
Donizete diz o nome dela e olha para a mãe dele que estava confusa.
— Essa menina também é
importante, por isso nunca a separem do Donizete pais.
O João e Zulmira
estavam sem entender nada do que estava acontecendo, mas concordam balançando a
cabeça.
Eles agradecem o Wagner
e voltam para casa, assim que eles entram no portão do quintal a Regina estava
ansiosa aguardando por eles.
— Posso falar com a Regina,
mãe.
— Ah!! Essa menina que é a Regina que o Wagner
estava falando, eu não tinha associado ao nome à pessoa, agora entendi tudo;
sim é claro que pode depois que o Wagner falou.
Doni vai de encontro
dela e a Zulmira e o João sobem as escadas e entram.
— O que
aquele homem queria com você?
— Ele
queria muita coisa e descobriu muita coisa, quando eu te contar você vai ficar
de queixo caído.
— Então me conta logo, pô.
— Como eu vou te contar isso, por que você acha
que o amor que você sente por mim é tão forte e o que eu sinto por você também?
— Foi revelado em
nossos sonhos que reencarnamos, não é isso?
— Sim, mas quem nós
fomos é que faz toda diferença agora.
— E quem nós fomos?
— Eu fui irmão do
Coronel e morto pelos mesmos assassinos que mataram os filhos dele.
— Nossa que loucura,
não pode ser verdade.
— Acredite.
— E eu fui o que de
você?
— Irmã também? Pergunta
e responde ela.
— Não, você foi minha
esposa.
Regina fica muda
olhando para o Donizete, procurando achar uma palavra para comentar e diz,
ainda sem acreditar.
— Como assim, me
explica isso direito.
— Você foi minha esposa
e foi sequestrada também pelos mesmos assassinos que me mataram e mataram os
filhos do Coronel, mataram você também.
Novamente Regina ficar
de boca aberta e sem reação novamente.
— Não fica chocada não, deixa de contar o
resto, você havia sido sequestrada pelos assassinos e segundo o coronel o irmão
dele, eu no caso, paguei pelo seu sequestro, cumprindo com a minha parte, mas
eles não cumpriram com a deles e te mataram, o que destruiu o irmão do coronel
, que não descansou enquanto não encontrou os culpados, mas antes deles vingar
a sua morte, eles o mataram primeiro, antes que ele pode— se se vingar.
— Nossa
eu não sei o que dizer, não podia imaginar uma coisa dessa até você aparecer na
minha vida, eu era uma menina que morava em uma casa simples de aluguel no
fundo de uma vila, nunca iria imaginar uma coisa dessa.
— O Coronel, falou também para o Wagner, que só
eu sei quem era esses assassinos e eles só vão descansar quando conseguirem se
vingar da alma desses assassinos e é aí onde eu e você entra, porque você
também sabe quem eram, porque os filhos deles não viram os rostos deles.
— Porque quando foram
sequestrados os homens estavam
encapuzados e depois os abandoaram para morrer no barraco.
— Eu não
acredito em nada disso, tudo isso é uma loucura, aquele homem está se
aproveitando e inventado tudo isso, ele deve ter te hipnotizado e arrancado um
pouco das histórias do seu sonho.
— Não
você estava no meu sonho também e você viu uma parte disso que ele está
falando, nos nossos sonhos.
— Eu
sei, mas ainda não acredito em nada disso.
— Você
viu as lesmas no mercado e na cerca.
— Eu
sei, mas tudo isso é loucura.
A conversa deles é
interrompida pelo João.
— Donizete vai lá no
mercado buscar cigarro para mim e traz também duas garrafas de cervejas e uma
garrafa de pinga, pega aqui o dinheiro a sacola com as garrafas e toma cuidado
para não quebrar no caminho.
— Vamos comigo Regina?
— Vou sim.
Eles vão de mãos dadas
até o mercado e compram o que o João mandou e no caminho de volta, Doni tira um
pacote de chocolate do calção e diz.
— Quer
um pedaço?
— Eu não
acredito, você é uma trombadinha mesmo e nem vi que horas que foi que você
pegou isso, mas me dá um pedaço.
— Você
vai ter que pegar da minha boca.
— Isso é fácil, vou
roubar duas coisas gostosas ao mesmo tempo, chocolate e o seu beijo.
Ela coloca a sua boca
com a dele e dá um beijo nele e rouba o pedaço de chocolate da boca dele.
— Um que
delícia, quem rouba ladrão tem cem anos de perdão.
Eles voltam para casa o
Donizete entrega as bebidas e o cigarro para o João.
A sua mãe avisa que o
almoço estava quase pronto, que não era para ele demorar.
— Ele
desce e a Regina estava sentada no último degrau da escada.
— Pronto
sou todo seu.
— Sabe o
que eu estava pensando, com essa história toda eu me esqueci de perguntar para
você onde você foi parar ontem.
Ele olha para ela coça
a cabeça e diz.
— Depois
que você entrou eu quis esperar na rua um pouco mais, mas me empolguei e
esqueci de voltar para casa, fui brincar em um parquinho de diversão novo e
depois fui para lá no centro nos desfiles das escolas de samba e lá eu fui pego
pelo juizado de menores, quase fui parar na Febem.
— Meu Deus! Que susto me dá um beijo, na
verdade eu devia te dar uns tapas, mas vocês está aqui agora e só quero te
aproveitar, ela o beija e uma voz ecoa alguma coisa.
— Parabéns você terminou comigo para ficar com
esse pirralho. Diz o Ex. Namorado da Regina.
— O que você quer aqui?
— O que eu quero aqui?
Eu vi vocês dois com pouco vergonha e se beijando no meio da rua e segui vocês,
eu não acreditei no que vi, mas confirmei agora, eu não acredito que você me
deixou para ficar com uma criança.
— Não fala o que você
não sabe e que nunca vai entender, você não sabe nada de amor, você só queria
se aproveitar de mim, tirou a minha virgindade e só me machucava, você pensava
que um pinto grande é tudo é não me fazia um carinho só colocava essa coisa em
mim e me machucava eu nunca gozei com você, só sentia dor, não sentia nenhum
prazer com você e não te amava eu achava
que te amava, porque não conhecia o amor de verdade, amor não é só sexo, amor é
espiritual, são duas almas que nunca se separam.
— Nossa que palavras
lindas, você está vendo muita novela, para de besteira e vem comigo, vamos
conversar em outro lugar.
— Eu não vou em nenhum
lugar com você, você deve de estar na secura e veio atrás de mim para querer
tiram uma casquinha, não sou sua puta e não quero mais nada com você já te
falei, eu amo o Doni e o nosso amor é mais poderoso do que você possa imaginar.
— Para de besteira e
vem comigo.
Ele a pega pelo braço e
começa a arrastar ela, ela se defende dando socos nele, Donizete pega um pedaço
de pau e dá uma paulada nele, ele se vira e solta a Regina pega o pau e corre
atrás do Doni que corre para o fundo da vila e sobe no muro.
O rapaz corre atrás e
sobe no muro atrás dele também e o encurrala entre o muro e a parede e do lado
direito do Doni era um corredor que não adiantava ele tentar correr por ali e
dó seu lado esquerdo era alto e no quintal haviam os dois cachorros da raça
Dobermann.
O rapaz continua indo
na direção do Doni rindo.
— Agora você vai ver
Pivete, vou te dar uma surra.
Mas ele estava enganado
quem iria levar uma surra era ele e do corredor começam a brotar lesmas e subir
no muro na direção dele que pensa e voltar, mas quando ele se vira a Regina
estava atrás dele e mais lesmas brotavam formando uma onda para cima dele o
derrubando do muro do lado mais alto onde haviam os dois cachorros ele bate com
a cabeça e desmaia e os cachorros o mordem pegando no pescoço, matando-o.
Donizete olha para a
Regina que estava com uma fisionomia diferente e olha para cima de onde a sua
mão o observava da varanda e ela havia visto tudo.
Donizete pula do muro
no corredor e vai na direção da Regina que estava em choque e dizia.
— De onde veio isso? — Eu não sabia que podia fazer isso.
— Vem vamos sair daqui
antes que a Polícia chegue.
— Faz o seguinte entra
na sua casa e fica lá, não comente com ninguém.
A Regina entra para a
casa dela e o Donizete volta para a casa dele.
Quando ele entra a sua
mão olha para ele e olha para o João que terminava de beber a segunda garrafa
de cerveja e um copo de caipirinha, a sua mãe lhe chama no quarto e pergunta:
— O que
foi aquilo, eu consegui ver também aquele monte de lesmas, mas agora não era
comigo, por que aconteceu isso?
— Eu acho que foi por causa do contato que a
senhora fez na casa do Wagner e agora deve de estar com o Don também.
A Conversa deles é
interrompida pelo João que já estava de fogo.
— Estou com fome, para de cochichar aí e vem
terminar o almoço logo.
A mãe do Donizete olha
para ele e volta para a cozinha, ela coloca a comida na mesa e os três se
sentam para comer.
— Donizete você precisa
tomar juízo, você já é um homenzinho e agora tem uma grande responsabilidade,
precisa parar com essas pipas e começar a fazer alguma coisa útil.
Donizete se servia com
a comida e estava dando de ombros para o João, que dá um tapa no prato de
comida dele e grita.
— Eu estou falando com você, você tem que me
respeitar e prestar atenção enquanto eu falo.
— Você não é o meu pai!
João dá um tapa no
Donizete e o joga no chão, Donizete se levanta e chuta o saco dele e corre para
o banheiro.
O João vai atrás dele e
esmurra a porta.
Donizete o xinga:
— Seu veado!
— João arromba a porta
e se assusta com o que ele vê, ele fica parado na porta do banheiro olhando
para dentro a Dona Zulmira vai até ele e olha para ver o que ele estava olhando
e diz:
— Vai
lá! Entra lá! você não é machão?
O banheiro estava todo
tomado por lesmas, que não se via nada dentro do banheiro as lesmas formavam
uma segunda porta no banheiro.
João fica com medo e
corre para o quarto e se enfia debaixo das cobertas.
— Pronto
pode sair Donizete ele não está mais aqui.
No momento que ela
falava isso alguém batia na porta.
Ela abre o vitro da
porta e se depara com dois policiais.
— Boa tarde senhora,
nós podemos falar com a senhora um minuto?
Ela abre a porta.
— Pois não, pode falar.
— A senhora notou algum
movimento no fundo da viela, nós percebemos da casa da vizinha lá do fundo que
a senhora tem uma varanda que dá a vista para o quintal da casa dela.
— Não porque o que
aconteceu?
— Os cachorros dela
mataram um bandido que pulou no quintal dela, mas ele não estava armado e
estamos investigando o que aconteceu?
Eu ouvi os cachorros
latindo um pouco mais cedo, mas eles latem o tempo todo, achei que não fosse
nada.
Ok, então, minha
senhora, desculpe incomodar.
Ela fecha a porta e
olha para o Donizete e gesticula com as mãos.
— Quem era aquele rapaz?
— Era ex—
namorado da Regina.
— Mas o
que aconteceu? Aliás eu vi o que aconteceu, mas porque ele estava querendo te
pegar?
— Por causa da Regina, ele estava com raiva
porque ela trocou ele por mim.
— E agora a polícia está investigando, é lógico
que não vão encontrar nada, mas eles vieram perguntar aqui, essa foi por pouco,
vamos terminar de almoçar nos dois em paz agora.
— Posso ir empinar
pipas depois do almoço mamãe?
— Pode, mas não vai
longe.
Ele acaba de almoçar e
sai para a rua e fica no portão olhando as pipas, uma pipa cai na construção em
frente à casa dele ele corre e a pega e a deixa no canto do muro, porque logo
em seguida estava caindo outra pipa, só que essa cai em cima da fábrica, ele
sobe na fábrica pelo mesmo caminho do outro dia, só que essa pipa caí no chão
da fábrica, ele escuta barulho de maquinas funcionando, mas entra assim
pensando que devido ao feriado não teria ninguém trabalhando, mas para surpresa
dela estava tendo um plantão justamente dos homens que outro dia tentaram pegar
ele. Ele corre pega a pipa e assim que ele tenta voltar ele não consegue subir
no muro de volta devido à altura do muro e um dos operários o agarra.
— Olhem quem eu peguei o garoto do outro dia
que quebrou o nosso telhado e agora o que a gente vai fazer com ele?
— Vamos amarar ele e encher ele de graxa. Fala
um dos operários
— Não vamos jogar ele dentro da caldeira. Fala
um terceiro operário.
Eles agarram o Donizete
e fingem que vão joga-lo na caldeira para colocar medo nele, mas eles não
imaginavam o que poderia acontecer.
Eles chegam bem perto
da caldeira que o rosto do Donizete começa a esquentar e queimar e neste
momento a Caldeira começa a fazer um barulho e os operários estranham aquele
barulho que a caldeira nunca havia feito, e daquele barulho que vinha de dentro
dela começam a pular lesmas pegando fogo, a caldeira se enche de lesmas até
abafar todo o oxigênio e apagando o fogo temporariamente, a pressão dentro da
caldeira continua a aumentar e a sirene de emergência soa.
Os operários correm
para a rua e o Donizete corre atrás, assim que ele sai pelo portão as lesmas
somem da caldeira e a pressão volta muito forte explodindo a caldeira e grande
parte da fábrica.
Donizete desce a rua em
direção a sua casa e entra dentro de casa para ficar quietinho como se nada
tivesse acontecido.
E na rua era ouvido
barulho de sirenes de bombeiros e ambulâncias, carros de reportagens chegam
junto com os Bombeiros.
O que está acontecendo
na rua? Fala Zulmira.
Eu escutei uma
explosão, você não ouviu? Fala o João.
Eles vão até o portão e
olham para cima da rua onde estava toda interditada, eles voltam e ligam a
televisão no momento que entrava a chamada de emergência.
— Boa tarde, estamos aqui em frente a uma
fábrica que acabou de explodir, estamos aqui com alguns operários que estavam
de plantão e Graças a Deus, eram poucos funcionários que estava trabalhando
hoje na fábrica e aparentemente todos saíram ilesos, vamos conversar com alguns
deles.
— O que aconteceu, o
que originou essa explosão? Pergunta a repórter.
— Estávamos trabalhando
normalmente e de repente a caldeira começou a fazer um barulho e começou a cair
alguns bichos de dentro dela pegando fogo e logo em seguida o alarme sou, nós
corremos e a caldeira explodiu. Fala um dos operários.
— O senhor sabe dizer
que tipo de bicho era esse? Pergunta o repórter
— Pareciam cobras, mas
era menor, acho que eram lesmas.
— Ele disse lesma?
Afirma o João.
— Donizete!! O que você
aprontou dessa vez? Grita a mãe dele
— Eu só fui pegar uma
pipa que caiu lá.
— Pipa? Você e essas
pipas, o que eu vou fazer com você menino?
— Deixar você de
castigo não adianta, eu acho que vou levar você para morar com o seu pai, os
meus irmãos vieram me dizer que ele está te procurando e querendo te ver, acho
que vou fazer isso.
— Isso, boa ideia
Zulmira. Fala o João
— Você fala isso porque
para você é muito cômodo, ele não é o seu filho né.
— Justamente não sou
obrigado a ficar aturando ele e não suporto mais essas pipas esparramadas pela
casa. Ele fala isso e começa a quebrar e rasgar s pipas.
— Não faz isso. Grita o
Donizete enfrentando o João, que o arremessa na parede, ele volta e morde a
perna dele e corre para a varanda e desce pelo cano e corre.
Quando ele sai na rua e
dá de frente com a Regina que tinha ido ver o que estava acontecendo na
fábrica.
— Onde
você está indo fujão? Diz a Regina.
— Não
sei, só quero sair daqui.
— Vamos
lá nas meninas, porque nós temos muito que conversar.
— A polícia foi lá em
casa perguntar para a minha mãe se ela tinha visto alguma movimentação, por
causa do meu ex. Fala a Regina.
— Eles foram lá em casa
também e a minha mãe falou que não viu nada, apesar de ter visto. Fala Doni.
— Como assim ela viu?
— Depois do encontro
com o Wagner ela consegue ver tudo que está acontecendo agora, ela consegue até
ver as lesmas.
— Sério, então ela viu
tudo o que nós fizemos.
— Viu, mas não falou
nada.
— Que bom.
— É, mas eu tenho uma
má notícia para você.
— O que é?
— A minha mãe está
querendo me levar para morar com o meu pai.
— Como assim, onde o
seu pai mora?
— Não sei dizer, mas é
longe daqui.
— Eu não quero ficar
sem você isso não pode acontecer.
— É, mas não depende de
mim, o namorado da minha mãe mudou muito e eles estão brigando muito e ele até
me bateu.
— Ele te bateu?
— Bateu, agora não sei
o que vai acontecer, acho que a minha mãe vai me levar para morar com o meu
pai.
— Se eu ficar sem você,
não sei o que eu vou fazer, acho que vou enlouquecer.
— Tive uma ideia, não
vamos nas meninas não, vamos voltar e tentar agradar a sua mãe e convence-la a
mudar de ideia.
— Vamos, mas como vamos
fazer isso?
— Deixa comigo.
Eles vão até a casa
dele e a Regina bate na porta.
— A
vocês. Diz a mãe do Donizete.
— Posso
falar com a senhora?
— Pode
falar.
— O Doni falou que a
senhora está pensando em levar ele para morar com o pai dele.
— Sim, e o que você tem
com isso?
— Eu estava pensando em
ajudar a senhora a cuidar dele e não deixar ele se envolver em mais confusão, a
senhora mudaria de ideia?
— Pode ser, posso
pensar nisso.
— Que bom, já é um
começo.
— Então vamos começar a
partir de agora, entra Donizete e vamos conversar.
Donizete olha para a
Regina, que olha para ele e diz.
— Vai entra! Depois a
gente se vê.
Donizete entra
procurando onde estava o João, que estava trancado no quarto, ele senta na
cadeira na sala, a sua mãe fecha a porta e senta ao seu lado e os dois ficam
ali assistindo televisão, até ir tomar banho jantar e dormir.
Donizete está na
entrada da campa no cemitério e entrando na mesma e saindo na fazendo do
Coronel, que estava diferente, ele procura pelo coronel e vai andando até
encontrar com o Wagner.
— Que bom nós
encontramos novamente aqui, espero que possa te ajudar.
— A Regina aparece ao
seu lado e segura a sua mão e os três sandam pela fazenda.
— O que nós estamos
procurando? Perguntando o Wagner.
— Não sei, mas
geralmente quando estamos aqui o Coronel ou os filhos dele aparecem
rapidamente. Diz o Donizete.
— Olhem aquela cabana
os cavalos estão parados do lado de fora, vamos até lá ver se eles não estão
lá. Diz a Regina.
— Eles andam até a
cabana e o Donizete abre a porta e olha dentro da cabana.
— Entra Donizete,
estávamos esperando por você mesmo. Diz o Coronel.
Ele entra na cabana e
percebe que havia uma pessoa sentada na cadeira onde as crianças foram
encontradas mortas.
A Regina que entrava
atrás dele reconhece a pessoa primeiro que ele.
— Ricardo!! Grita ela.
Wagner que entrava
atrás dela, pergunta.
— Quem é Ricardo?
— É o meu ex. Namorado.
Diz a Regina.
E assim que ela entra,
ele direciona o olhar para ela e a xinga.
— Vagabunda!
O Coronel intervém e dá
uma chicotada nele.
— Vocês
dois reconhecem essa pessoa?
— Sim é
o meu ex. Namorado.
— Isso
mesmo. Confirma Doni.
— Não, se concentrem e resgatem nas suas vidas
passadas, o nosso amigo Wagner vai ajudar vocês.
Eles sentam em volta do
Ricardo de mãos dadas e ficam ali por um tempo.
— Alguma coisa? Pergunta o Coronel.
Donizete balança a
cabeça em sinal que não.
A Regina ia dizendo a
mesma coisa, mas ela se apoia no Ricardo para levantar do chão e a sua memória
é ativada, ela fica em transe.
Ela vê o Ricardo, que
não era o Ricardo acertando ela com uma faca e sente uma dor, como se estivesse
sendo esfaqueada aquele momento.
— Foi
ele que me matou na outra encarnação, foi ele, como pode isso, estava próximo
de mim novamente, e já havia me feito mal nessa vida, ele tirou aminha
virgindade e só me machucava, o engraçado que toda vez que fazíamos amor a
sensação que eu tinha era estava levando um facada, por isso sentia tanta dor,
será que tem alguma coisa haver?
— Sim minha querida, é
isso mesmo, por isso precisávamos de você só você iria conseguir identificar,
agora dós três assassinos, só faltam dois, um nós já o encontramos e a nossa
vingança só estará completa quando pegarmos os três. Diz o Coronel.
Regina estava chocada e
não conseguia acreditar naquilo.
— Eu poso dizer, que me vinguei nele em vida,
porque fomos nós que mandamos ele para cá. Diz a Regina.
— Vocês vão sempre ter
que ficarem atentos, porque essas pessoas sempre vão cruzar a vida de vocês, é
uma sina, mas na forma terrestre vocês nunca vão conseguir descobrir ou saber
quem é, mas elas sempre vão tentarem te fazer mal e ai que capturamos eles,
agora só faltam dois, os meninos também reconheceram ele, mas não sentiram nada
porque eles os deixaram para morrer à mingua. Diz o Coronel
— Acorda menino! Hoje
você tem aula.
— Ah! Cadê todo mundo?
— O que você está
falando?
— Nada não, só estava
sonhando.
— Ele se arruma e a sua
mãe o acompanha até a escola.
Já na sala de aula e
encontra a Cátia Irmã da Regina, ele estava na mesma sala que ela, a professora
apresenta ele para a sala e ele senta atrás da Cátia.
A professora começa a
chamar os alunos um por um para ler na frente da sala, fileira por fileira, vão
se levantando, quando o da frente volta o de trás se levanta, assim a Cátia volta
e chega a vez do Donizete, ele vai até a frente da sala e começa a ler meio
enroscado, gaguejando um pouco.
— Você ainda não sabe
ler? Pergunta a professora.
— Mais ou menos, só
estou com um pouco de vergonha.
— Então tenta de novo,
mas agora sem gaguejar. Diz a professora.
— E ele lê muito
rápido.
— Não, agora lê mais
devagar respeitando as vírgulas, respira na hora da vírgula.
— Ele lê um pouco mais
devagar.
— Não está perfeito,
mas está bom, pode voltar para o seu lugar.
Ele volta para o seu
lugar e quando ele senta ele percebe um menino do seu lado esquerdo desenhando,
ele se interessa pelo desenho que o menino fazia e puxa assunto com o menino
que responde as suas perguntas e ele pede para o menino ensina-lo a desenhar.
O menino o ensina e
explica que ele iria precisar de uma régua, para medir os detalhes do desenho,
ele quase não havia levado material, então ele resolve pegar emprestado da
Cátia, que acha ruim e fica pedindo a régua de volta, ele a ignora e continua o seu desenho, mas a Cátia era insistente
pedindo a régua de volta e ele perde a paciência e dá com a régua na cabeça
dela quebrando a régua na cabeça da menina, que chora e vai reclamar para a
professora.
A professora vem na sua
direção e o coloca de castigo no fundo da sala em pé virado para a parede.
Os meninos do fundão
ficam tirando sarro dele e ele xinga os meninos, que o ameaçam dizendo que
iriam pegar ele na hora da saída.
Ele fica ali até a hora
do intervalo e a professora o leva até a diretoria, e explica que ele havia
quebrado a régua da amiguinha na cabeça dela e anota o nome dele no caderno de
ocorrência, como uma advertência e o libera para o intervalo.
Ele sai correndo pelo
pátio e esbarra em um menino que estava lanchando derrubando o lanche do menino
no chão.
O menino era bem maior
que ele e estava junto com outros meninos que o agarram, o menino do lanche
pega o lanche do chão e diz para ele.
Agora você vai comer e esfrega
o lanche na cara dele, os outros meninos
o derruba no chão, para o outro menino ficar em cima dele, e tentar enfiar na
boca dele, o resto do lanche.
De repente o menino que
estava em cima do Donizete, começa a tossir e a engasgar e vomita uma lesma e
depois outra, as crianças gritam de susto e nojo e o inspetor de alunos vem na
direção deles.
O inspetor que havia
visto tudo de longe, pega o Donizete pelo braço e o levanta e pega o outro
menino e os levam até a diretoria e os entregam para a diretora que diz.
— Você
acabou de sair daqui, não faz nem cinco minutos. Diz a Diretora para o
Donizete.
— E o
que aconteceu agora? Porque esse menino está passando mal parece que vai
vomitar, não vomita na minha sala não.
Mas antes dela terminar
a frase o Menino vomita mais uma lesma.
O que causa nojo e
ânsia na diretora que a faz vomitar também.
— O que
é isso? Isso é lombriga? Que nojo. Diz
ela com mais ânsia.
A Diretora pega o livro
de anotações e coloca o nome do Donizete, mais uma vez e avisa.
— A
próxima vez, vai ser suspenção. Diz a diretora o alertando.
O alarme do intervalo
soa e a diretora o manda de volta par a sala e o outro menino para a
enfermaria.
Ele entra na sala de
aula e olha bem nos olhos da Cátia e se senta atrás dela.
— Magrela! Diz ele para ela.
— Professora o Doni me
chamou de magrela.
— Vocês dois dá para se
entenderem.
Donizete faz fusquinha
para a Cátia imitando ela.
A professora começa a
aula matemática.
Muito bem crianças,
vamos rever as tabuadas, vamos começar pela sequência de costume.
Vamos começar com a
tabuada do três.
E aluno por aluno foi
respondendo o resultado que a professora pedia até chegar no Donizete.
— Sua
vez Donizete, quanto é três vezes sete?
Donizete pensa, pensa e
diz.
Quinze.
A sala toda ri e os
meninos do fundo chama ele de burro.
A professora chama a
atenção das crianças e fala para o Donizete.
— Não
Donizete, três vezes sete é vinte e um.
— Eu ainda não aprendi
a tabuada do três, só havia aprendido até a do dois.
— Tudo bem, eu vou te
passar a tabuada e você via fazer de lição de casa e me trazer amanhã uma folha
cheia de tabuada do três copiada na folha do caderno.
Ele balança a cabeça
confirmando que sim.
A professora se volta
para outro aluno, que acerta a resposta e o próximo até chegar no ultimo da
outra fileira que era a resposta e todo mundo ri e o Donizete ri junto e diz.
— Me chamou de burro e
não sabe também.
O menino olha feio para
ele e faz sinal de briga para ele e aponta para a janela na direção da rua.
Donizete faz chacota
como se estivesse morrendo de medo dele.
A professora corrigi o
aluno e continua até o último aluno da última fileira do canto e a aula
termina.
As crianças pegam as
suas coisas e saem como uns doidos, a professora pede calma e cuidado, mas eles
a ignoram e saem rápido da sala.
Já no portão do colégio
Donizete vai saindo e não vê a sua mãe, ele resolve ir andando e na esquina da
rua o menino que havia ameaçado ele o cerca com mais outros meninos.
— Quem é
burro agora? Pergunta o menino.
— Você. Diz o Donizete.
O menino não acredita
na resposta dele.
— O que
você disse, que eu sou burro? Vou e mostrar quem é burro.
o Menino parte para
cima do Donizete que se defende, mas os outros meninos ajudam o menino e eles
batem no Donizete, que fica no chão.
Uma bolinha marrom em
formato de bola de tênis cai ao lado do Donizete e em seguida aparecem outros e
o número vai aumentando, e abrindo em forma de lesmas e cercam o corpo do
Donizete protegendo-o.
As crianças ficam com
medo e nojo e fogem.
Uma pessoa vem na
direção do Donizete e o ajuda levantar.
Era a Regina que havia
vindo buscar a Cátia.
Você está bem amor?
— Sim, estou, não foi
nada.
— Que bom, cadê a sua
mãe?
— Não sei.
— Então veem, vamos
embora juntos.
A Cátia faz que não com
a cabeça.
Donizete a chama de
magrela e mostra a língua para ela.
— Ele
quebrou a minha régua na minha cabeça hoje, vou contar tudo para a mãe quando
chegar em casa.
— Você fez isso Doni?
Pergunta a Regina.
— Sim fiz. Responde
ele.
— Isso vai dar uma
confusão, quando ela contar para a minha mãe, conhecendo ela. Diz a Regina
Donizete olha para ela
e olha para a Cátia e dá de ombros.
Eles vão embora juntos
até chegar a Vila onde a Cátia entra correndo e vai direto contar para a mãe
dela pelo telefone.
—Regina tenta impedir a
sua irmã, mas já era tarde, agora era só aguardar e ver o que iria acontecer.
Eles passam a tarde
juntos até a mãe da Regina entrar pelo portão furiosa.
— Esse menino bate e
xinga a sua irmã e você ainda fica de Ti
ti ti com ele?
— A minha irmã que é
uma chata
— Chata, mas isso não
dá o direito de ele quebrar um objeto na cabeça dela, onde está a sua mãe?
— Está lá em cima.
—Vai chama-la eu quero
falar com ela!
Donizete chama a sua
mãe que vem secando a mão em um pano de prato.
— Pois
não?
— O seu
filho contou o que ele fez com a minha filha na escola?
— Eu já
falei que a sua filha é muito velha para ficar andando com ele.
— Eu não estou falando
dessa minha filha não, estou falando da caçula.
— O que aconteceu?
— Ele quebrou a própria
régua dela na cabeça dela e fica chamando ela de magrela.
— Você fez isso
Donizete? Pergunta a mãe dele para ele.
— Foi sem querer, fui
bater devagarzinho, mas acabou quebrando.
— Viu, como eu falei e
vou querer outra régua. Fala a mãe da Cátia.
Nesse momento a Cátia
escutando a voz da mãe sai da casa dela e vem na direção da mãe dela, ele a
escuta a conversa entre as duas mães e fala o que não deveria falar.
— E tem
mais ele e a Regina, ficam namorando lá em casa enquanto a senhora vai
trabalhar, se beijam na boca e tudo mais.
Regina olha para a irmã
com um olhar fulminante.
— Que
história é essa Regina? pergunta a mãe dela.
— Eu
também quero saber dessa história fala a mãe do Donizete.
— Ela
está inventando, está com ciúmes. diz a Regina.
— Mentira! Então pergunta para as outras meninas
quando elas vierem aqui, eles já até transam. Diz a Cátia.
— O que!
Falam as duas mães juntas.
— É
mentira dela, eu não sei porque ela está fazendo isso.
— Se é
mentira ou não, eu não quero saber, eu não quero mais ver você com esse menino.
Diz a mãe da Regina.
— Eu
digo o mesmo, eu não quero ver mais o meu filho com a sua filha, eu não dou
queixa porque os dois são de menores, mas ela que o induziu a fazer isso, se
fizeram, porque ela é bem mais velha. Diz a mãe do Donizete com uma fúria no
olhar.
— Olha o
que você fez. Grita a Regina para a Cátia.
— Eu te
odeio por isso. Continua a Regina gritando para a irmã e corre para a casa dela
chorando.
As mães se entre olham
e a mãe da Regina, vai em direção da casa dela puxando a Cátia pela mão.
Donizete olha para a
mãe dele, que estava olhando para ele e diz.
— E
agora?
— E
agora o que menino? Você é uma criança para ter um relacionamento sério.
— A senhora esqueceu o que o Wagner falou, que
não podemos nos separar.
— Isso é
bobagem, esquece isso.
— Não é
bobagem. Grita Donizete correndo para a rua.
Ele corre pela rua até
encontrar o Michel e o Eduardo, que estavam na rua brincando com uma bola.
— Oi posso brincar com
vocês?
— Não aquele dia você
nos zuo e cortou a nossa pipa. Diz Eduardo.
— Ah, foi brincadeira.
— Tá bom quer brincar
então fica no gol, na entrada da garagem, nós estávamos precisando de um para
brincar.
— Mas do que exatamente
vocês estão brincando? Pergunta Donizete.
— Três entra três fora.
— Como que brinca
disso?
— Se nós fizermos três
gols em você em três toque sem deixar a bola cair, você continua no gol, agora
se nós chutarmos três bolas para fora, quem chutar a última bola ou você
agarrar ele vai para o gol.
Eles começam a
brincadeira e os meninos acertam dois gols e o Donizete pega dois gols, estava
empatado, então o Eduardo levanta a bola passa para o Michel que devolve para o
Eduardo, que dá um chute forte que bate no portão com tudo, o que faz a dona da
casa sair brava xingando eles, eles correm e procuram outro lugar para brincar,
mas começa a chover e eles brincam no meio da rua de drible embaixo de chuva, a
chuva fica mais forte e formam enxurradas forte e dos telhados formam pequenas
cachoeiras, eles brincam nas cachoeiras e nas enxurradas.
Eles brincavam em um
uma calha de água que saia um jato forte de água, Donizete chutava a água que
sai e acerta a ponta da calha que corta o seu pé e sai muito sangue.
— Acho melhor eu voltar
para casa. Diz Donizete.
Enquanto ele voltava
para casa o João também voltava para casa e o pega no caminho e o pega pela
orelha e o leva para casa, chegando os dois juntos em casa.
A mãe do Donizete se
assusta com o sangue que saia da perna do menino.
— O que você fez com o menino?
— Euu sh, não fiz nada, ooo encontrei brincando
na chuvaaa.
— Você bebeu de novo?
— Bebi e daiii.
— Espero que não dê
show essa noite.
— É só não encher o meu
saco ou esse moleque dá trabalho, que não brigo com ninguém, porque não aguento
mais as travessuras desse moleque.
— Tá, então vai tomar o seu banho e tira essa
roupa molhada. Fala ela para o João.
— Agora deixa a mamãe
ver esse machucado, nossa está feio, você machucou por cima do outro machucado
que estava sarando, mas vamos precisar limpar antes, você precisa tomar banho
antes, corre entra antes do João no banheiro.
— Ele corre entra no
banheiro e deixa um rastro de sangue, pelo chão, João vinha saindo do quarto e
vê que ele entrou primeiro, fala um palavrão e volta para o quarto.
Donizete sai do
banheiro e a sua mãe lhe faz um curativo, eles jantam e ele adormece assistindo
televisão.
— O Coronel aparece
ajudando ele a andar.
— Eu não estou tão machucado
assim, não precisa disso.
— O coronel olha para
ele e olha para a perna dele e o solta, ele tenta apoiar o pé no chão e sente
uma dor tremenda e cai no chão.
— O Coronel o levanta e
o ajuda a andar até a cabana, onde o Ricardo ainda estava preso amarrado em uma
cadeira e ria do Donizete.
— Você não se lembra de
como você se machucou, quando o comparsa desse malandro te machucou.
— Não, não lembro.
— Você tentou correr e
alguém te acertou com uma faca no tornozelo e você caiu e foi aí que te mataram,
na traição.
— Cadê a Regina? Porque
ela não apareceu ainda. Pergunta Donizete.
— Ela ainda não deve de
ter dormido, porque ela parecia muito triste e não estava conseguindo dormir.
Diz o Coronel.
E acho que hoje não
vamos conseguir fazer muita coisa, você machucado, a Regina acordada e o Wagner
também não vão aparecer, eu sinto a presença de uma pessoa, mas essa pessoa
ainda está no plano espiritual e ao mesmo tempo no plano terrestre, essa pessoa
vai ser fundamental para nós mas eu não sei onde encontra-la, queria saber se
você por acaso sabe de alguma pessoa , um bebê ou alguém que esteja grávida?
Eu não sei, a Regina
não pode estar grávida, porque eu ainda não produzo esperma.
Eu só vejo lembranças e
vultos não consigo ver o rosto, só sinto a presença e está bem perto de você,
era isso que eu precisava falar com você.
Donizete sente uma dor
forte na perna e o Coronel corre na sua direção e vai desaparecendo aos poucos.
Donizete acorda na sua
cama sentindo muita dor, ele tenta levantar e não consegue colocar o pé no
chão, o seu pé estava tão inchado, que estava parecendo o pé do Hulk.
Ele grita pela sua mãe,
que sai do quarto e vai ver o que ele estava querendo, ele vê o pé dele e se
assusta.
— Precisamos ir para o hospital agora, Levanta
João, vamos com a gente, vamos pegar um taxi.
Eles saem de madrugada
pegam um taxi e vão até o Hospital.
Chegando no hospital
ele dá entrada na emergência, o médico o examina e diz:
— Isso
está muito infeccionado, a anestesia não vai pegar, vamos ter que mexer sem anestesia,
vai doer um pouquinho; você vai precisar aguentar um pouquinho, você é um
homenzinho, né?
Donizete faz que sim
com a cabeça.
O médico começa a mexer
no pé dele e abre a ferida com um bisturi, e uma mistura de pus com sangue
escorre, o enfermeiro limpa e o médico pega uma pinça e retira um pedaço de
lata enferrujada e espirra pus, o enfermeiro limpa e o médico examina e diz:
— Tem
mais alguma coisa. ele pega a pinça e
retira um pedaço de galho de árvore.
— É um pedaço de galho?
Diz a mãe dele.
— Sim. Responde o
médico.
— Quanto tempo isso
estava aí? Pergunta o médico.
— Eu acho que dês do
dia que ele se machucou caindo da árvore atrás de casa. Responde a mãe.
— E quanto tempo tem
isso? Pergunta o médico.
— Algumas semanas.
Responde a mãe.
— Nossa! Por isso que está assim tão
infecionado, esse menino podia perder o pé por causa disso. Diz o médico dando
uma bronca na mãe do Donizete.
A mãe do Donizete não
fala nada e tem que ficar quieta por vergonha. O enfermeiro dá alguns pontos no
buraco formado no pé d menino, Donizete fazia careta de dor, o enfermeiro faz
um curativo e ele dispensado.
Eles saem do hospital e
a mãe dele começa a chorar e dizer.
— Eu sou
uma péssima mãe, você viu como estava o pé desse menino? Estava podre, eu sou
uma péssima mãe, como eu vou cuidar de outra criança agora.
— De
outra criança? Pergunta João.
— Sim outra criança,
estou grávida, eu ia fazer uma surpresa, mas agora com essa situação acabei
contando dessa maneira.
— Eu vou ser pai?
— Sim, e você vai
ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha Donizete.
Donizete estava olhando
para eles, sem saber o que dizer.
O taxi chega eles
entram no carro e vão embora.
Donizete fica na cama
na sala e o João e Mãe dele voltam para o quarto.
Dentro do quarto o João
fala para ela assim:
— Agora
você vai ter um filho meu e não pode passar por sustos ou qualquer transtorno,
você não vai conseguir cuidar do Donizete eu acho melhor você levar ele para o
pai dele agora, ainda mais ele sendo do jeito que ele é, e toda a história
esquisita dele, eu não quero ele perto de você e do nosso filho, some com esse
moleque daqui , você mesma disse que não viu quando ele se machucou e
negligenciou a saúde do menino, eu não quero isso para o meu filho.
— Eu sei realmente,
estou sendo uma péssima mãe, ontem eu até esqueci de ir buscar ele na escola a
menina do fundo que trouxe ele para mim, esqueci do menino e estou com medo
dele depois do que vi.
— Eu também, agora nós
vamos ter que pensar nesse bebê, vai lá saber do que ele é capaz de fazer por
ciúmes.
— Amanhã eu vou falar
com os meus irmãos, combinar com o pai dele para nós encontrarmos e conversamos
sobre isso, o pior que o menino nem começou na escola direito e já vai ter que
mudar de escola novamente, é isso só mostra ainda mais, que sou uma péssima mãe
que não consigo nem cuidar da educação do meu filho, acredito que ele nem sabe
ler direito ou escrever, vou levar ele para o pai dele, por pior que o pai dele
seja, acho que vai ser melhor do que eu, e tem mais se o pai dele não cuidar
dele, tem a avó dele que é louca por ele, ela deve cuidar dele com certeza,
amanhã eu falo com os meus irmãos para resolver isso.
— Eu acho bom, assim
poderemos ser uma família de verdade, eu você e o meu verdadeiro filho.
Livro Três. “O Retorno”.
Donizete está olhando as frutas na barraca de
fruta na feira, e os seus tios estão ao seu lado.
Um dos seus tios, chama a sua atenção e avisa.
— Donizete ela chegou!
Donizete olha para o lado em antes que ele
terminasse de virar o rosto, uma senhora chorando o abraço e o beija, gritando
e dizendo:
— Que saudade, que saudade, meu coração estava
partido, nossa parecia uma eternidade.
A feira havia parado para observar aquela cena,
estavam várias pessoas em volta observando, algumas pessoas até batiam palmas e
se emocionavam com a cena.
A avó do Donizete apertava o seu rosto e dá uma
olhada para ele, juntando as duas mãos esmagando as suas bochechas. Donizete
olhava para ela assustado e sem entender nada.
— Pronto está entregue. Diz o outro tio entregando
uma mala para a senhora, que o agradece limpando o molhado da lágrima com a
costa da mão e com a outra mão pegando a mala e colocando em cima do carrinho e
feira em cima das compras.
— Vem menino, vamos! Diz a senhora.
Donizete olha para os seus tios que se afastavam
no caminho oposto de encontro onde a sua mãe estava e os esperavam. De longe
Donizete percebe que a sua mãe chorava e era confortada por um dos irmãos.
— Você quer um pastel? Pergunta a senhora.
— Sim eu
quero.
— Vem vamos
comprar para nós, que estou morrendo de fome, estava tão ansiosa que não sentia
fome e não tomei café antes de sair de casa, não gosto de fazer isso, por que
não é bom sair de casa sem nada na barriga, mas agora me deu uma fome, você
quer pastel do que?
— Palmito.
A senhora pede dois pastéis para o atendente da
barraca de pastel, um de palmito e um de queijo.
— Eu só peso de queijo, porque não sei a origem
da carne que eles usam, só gosto de pastel de carne do que eu faço, você quer
caldo de cana também?
— Sim eu quero.
— Mais dois copos de caldo de cana, por favor!
Diz a avó para o vendedor.
Os pastéis e o caldo de cana são servidos,
Donizete comia sobe o olhar da avó que não tirava os olhos dele, não parava de
olhar apara ele, parecia que não acreditava no que estava acontecendo.
Donizete termina o seu pastel.
— Quer mais um? Pergunta a avó.
— Sim quero! Responde ele
— Do mesmo, ou quer de outro sabor? Pergunta ela
.
— Eu quero um de queijo, agora.
A avó pede para que o atendente faça mais um
pastel de queijo.
Enquanto o pastel era frito a avó fazia carrinho
no cabelo do Donizete e dizia.
— Menino você não sabe como eu senti a sua
falta, mas agora nós vamos fazer um montão de coisas gostosas juntos, o que
você quer fazer primeiro?
Donizete dá de ombros enquanto o atendente
entregava o pastel.
— Tá bom
acaba de comer o seu pastel depois a gente planeja o que fazer. Diz a avó.
— Vêm,
vamos andando e você vai comendo o resto do seu pastel. Diz a Avó.
Eles andam alguns metros e a avó para em uma
barraca de frutas.
O cheiro das frutas perfumava o ar, Donizete dá
uma respirada e suspira.
A avó cumprimenta o dono da barraca que era um
velho conhecido dela e diz:
— Esse é o
meu neto que te falei. A Avó o apresenta ao dono da barraca, que corresponde
dizendo.
— Prazer
menino, a sua avó sempre me falava muito de você, dizia que estava com muita
saudade e e te procurava por todo lugar.
Donizete fica só olhando para o homem, sem dizer
nada, só sorrindo sendo simpático.
— Você quer morango? Eu posso fazer uma torta de
morango para comermos a tarde.
— Sim , quero. Diz Donizete.
— Leva essa caixa inteira de morango, é um
presente meu para vocês hoje, hoje é um dia especial. Diz o feirante entregando
a caixa grande de morango para a avó.
— Obrigado Manuel, muito obrigado, agora deixa
eu ir, estou ansiosa para chegar em casa e mostrar ele para o pai dele, mas
antes ainda vou passara na barraca de doces. Diz a Avó.
— Vamos menino!
Eles andam mais alguns metros, pelo meio da feira
que estava cheia, o carrinho de feira batia nas sacolas e nos carrinhos das
outras pessoas eles passavam exprimidos entre as pessoas e a Avó segurava forte
a mão do Donizete em um determinado momento, a mão dele se solta da mão da avó
que grita.
— Donizete!!, dá licença deixa eu pegar o meu
neto. Dizia era gritando para as pessoas.
— Não solta
da minha mão, não quero te perder de novo pelo amor de Deus, Creio em Deus pai.
Quando ela diz isso Donizete sente uma coisa
estranha, mas continua indo junto com ela, ela segura a mão dele mais forte
para não ter mais perigo de escapar.
Eles param em uma barraca de doce e novamente ela
diz para todo mundo da barraca que ele era o neto dela. Todo mundo olha para
ele e sorri e brincam.
— Quer algum doce? Eu vou levar uma goiabada e
um queijo Minas
Ele olha para a barraca, tinha muita coisa boa,
ele pensa e diz.
— Eu quero doce de leite.
— Coloca mais um vidro de doce de leite nas
minhas coisas. Diz a avó para o atendente.
Ela pega a compra levanta a mala do Donizete e
coloca dentro do carrinho.
— Vamos, vou passar na barraca de peixe e de lá
nós vamos para casa.
No caminho para a barraca de peixe Donizete avista
um rapaz vendendo pipas.
Ele cutuca a sua avó e que para e pergunta.
— O que foi, quer alguma coisa?
— Eu queria uma pipa.
— Vamos lá comprar, só preciso ver se o dinheiro
vai dar para comprar o peixe depois.
— Quanto custa a pipa menino?
— Cinco Cruzeiros senhora.
— Tudo bem, qual que você quer Donizete.
— Eu quero a raia de plástico com o símbolo do
Corinthians. Diz ele.
— Boa escolha o seu pai vai adorar essa sua
escolha. Diz a avó pagando o rapaz que vendia pipa.
— Agora vamos. Diz ela.
Eles chegam em uma parte da feira mais aberta,
onde havia mais espaço onde havia um cheiro muito forte de peixe, que chegava a
feder, devia ser por isso que não haviam muitas pessoas por ali.
— Acho que
vou levar camarão em vez de peixe, você gosta de camarão?
— Sim eu
gosto.
— Então,
está bem, vou levar para comermos agora no almoço.
Ela conta o que sobrou do dinheiro, separa cinco
Cruzeiros e pede vinte cruzeiros de Camarão.
O vendedor pesa quase um quilo e completa para um
quilo, por vinte reais, embrulha e entrega para ela.
Ela pega o pacote de camarão e retira a mala do
Donizete, mas percebe que não iria conseguir levar tudo no caminho de casa e
pede ajuda para um menino que estava no fim da feira, com um carrinho de
Carreto.
— Menino,
quanto você cobra para me ajudar a levar a feira?
— Cinco
Conto senhora. Diz o menino.
— Ok, você
leva para mim.
O carrinho do carreto era feito de madeira e tinha
mais ou menos um metro e meio de comprimento e oitenta centímetro de largura e
formava um caixote com uma guia feita de madeira, por onde o menino o guiava e
as suas rodas eram de rolamentos de carro ou como os meninos mesmo chamavam de
rolimã e ele usava um pedaço de pneu de carro como freio pisando em cima para
parar.
O menino coloca a compra e a mala do Donizete
dentro do Carrinho de carreto e ainda sobra um espaço.
— Sobrou um espaço, quer ir sentado dentro
segurando as compras? Pergunta o carreteiro para o Donizete.
— Não é
perigoso? Pergunta a Avó.
— Não, pode ficar tranquila eu estou acostumado,
eu desço aqui toda hora e assim ele desce comigo e nós ficamos esperando a
senhora lá embaixo.
— Tudo bem,
mas vai com cuidado, que ele é muito precioso para mim, demorei muito tempo
para encontra— lo e não quero perde-lo.
Donizete entra no carrinho de carreto e se ajeita.
— Tudo bem
senhora, pode deixar. Diz o rapaz embalando o carrinho e descendo muito rápido,
desviando dos carros que subiam e desciam, quase matando a Avó de enfarto que
assistia de longe.
Donizete se divertia com o vento na cara e levava
tudo como brincadeira e ria até o rapaz chegar no fim da ladeira, pisando no
freio feito com um pedaço de pneu.
— Pronto, agora vamos esperar por ela aqui no
canto da calçada, porque eu não sei onde ela mora, você sabe? Pergunta o
carreteiro para o Donizete, que faz com a cabeça que não.
— Você não sabe? Estranha o menino.
— Não, eu acabei de encontrá-la.
O menino acha estranho e se cala.
— Você é doido menino, precisa descer naquela
velocidade toda, quase me mata do coração. Diz a senhora.
— Eu estou acostumado Vó. Diz o carreteiro
rindo.
— Ela é sua avó também? Pergunta Donizete para o
carreteiro.
— Não, é só jeito de falar. Diz o carreteiro
rindo e embalando o carrinho pela rua acompanhando a senhora.
— Pronto chegamos, pode colocar a compra aqui na
garagem que eu levo para dentro. Diz a Avó.
O menino descarrega a compra e a mala do Donizete
e a Avó paga o menino com os últimos cinco Cruzeiros restantes.
O carreteiro se despede e vai embora.
Assim que o Donizete ia pegar a a sua mala, um
cachorro surge do corredor abanando o rabo.
— Bidu! É o Bidu? Eu lembro dele, ainda está
vivo?
— Sim é ele mesmo, acho que ele sentiu mais
falta de você do que você dele.
O cachorro faz uma festa, reconhecendo ele, ele
pulava em cima do Donizete e lambia e latia, no momento que uma sombra aparece
no portão.
Donizete olha para a sombra contra o sol e não
reconhece quem era, a sua sombra vem na sua direção e o abraça com força.
— Filho é você mesmo? Eu não acredito, obrigado
meu Deus.
Era o pai do Donizete que estava bem diferente da
última vez que ele o havia visto, ele parecia sóbrio e não tinha mais cheiro de
álcool, como ele lembrava do pai.
— Você não está cheirando álcool e está bastante
diferente.
O Senhor Valter olha para a mãe e olha pra ele e
diz.
— É meu
filho depois que q sua mãe foi embora, eu sofri tanto que decidi parar de
beber.
Donizete fica olhando para ele e não diz nada.
— E essa
pipa do Corinthians, que pipa bonita? Pergunta o pai.
— Foi a vó que comprou para mim. Diz Donizete.
— Por falar em comprar vamos comigo aqui no mercadinho
comprar um doce para você, você quer?
— Sim eu quero.
Ele deixa a pipa com a avó e eles vão até o
mercado, o Bidu vai atrás deles.
Chegando no mercado o seu pai diz:
— Escolhe o doce que você quer aí , pode
escolher!
Donizete olha os doces e escolhe um tubo de
pastilhas doces, que tinha a cabeça do pato Donald na ponta, que era por onde
saiam as pastilhas coloridas da boca do Pato Donald. O seu pai paga o doce eles
voltam para casa, chegando na casa do seu pai ele percebe dois meninos no portão,
eles estavam segurando cada um, uma bola de dente de leite, que estava dentro
de um saquinho plástico, quando o Donizete se aproxima deles, eles veem na sua
direção e o abraça e entrega as bolas para ele dizendo.
— Tom é para você. Diz o menino que parecia mais
velho.
— Quando você foi embora, você foi brigado com a
gente, a nossa mãe comprou e pediu para te entregar como uma forma de desculpa
e de boas— vindas ou bom retorno.
Donizete, pega as bolas e fica tentando se lembrar
do que eles estava falando.
— Ah lembrei!! — A brincadeira com os carrinhos nós túneis,
agora eu lembrei, obrigado.
Os meninos entregam as bolas e a sua mãe os chama
para voltarem e eles vão embora.
Donizete estava com as mãos ocupadas segurando o
doce e as bolas e vai entrando na casa da avó.
Ele vai observando e percebe que aquele lugar era
muito familiar, ele vê o vaso no canto da sala, estava exatamente como o dia que ele foi embora, ele
se recorda daquele dia, que ele havia escondido o dinheiro da sua mãe nele, o
que teria causado toda a briga daquele dia. Ele balança a cabeça e levanta o
vaso e o coloca de ponta cabeça, para ver se o dinheiro ainda estava ali.
— Você não vai achar nada ai. Diz a sua Avó.
Ele olha para ela e coloca o vaso no lugar.
— Eu
encontrei o dinheiro quando fui limpar o vaso e o achei escondido aí alguns
dias depois que vocês foram embora, foi você que tinha escondido né?
Donizete não diz nada com vergonha.
— Mas está bem, isso já foi, agora é outra história.
Diz a avó.
— Veem me ajuda guardar a feira, por favor e
depois colocar a sua mala no quarto onde você vai dormir.
Eles guardam as compras da feira.
— Agora vamos até a sua cama.
Eles sobem para o quarto e quando ele entra no
quarto, o quarto era exatamente o mesmo quarto , estava do mesmo jeito que ele
havia deixado. Os desenhos de foguetes estavam colados na parede ao lado da sua
cama e alguns brinquedos estavam no canto do quarto, como se ele nunca havia
saído dali.
O seu pai entra no quarto atrás dele, ele estava
com lágrimas nos olhos e diz com a vós embargada.
— Está
exatamente como você deixou, não mexi em nada. Diz o pai.
Donizete senta na cama.
— Nossa que macia. Ele sobe na cama e começa a
pular em ciam dela.
O seu pai olha ele pulando e dá risada, como se
não estivesse acreditando que o seu filho estava ali de novo, difícil de
acreditar parecia um sonho.
— Pai!
— O que filho?
— Vamos empinar a pipa que a vovó comprou, mas eu
não tenho linha, será que a vovó teria alguma linha.
— Vamos perguntar para ela.
Eles descem as escadas e perguntam para a avó se
ela tinha alguma linha para o menino empinar a pipa.
— Eu tenho uma linha de nylon marrom, deve de
estar aqui na gaveta, deixa eu dar uma olhada. Ela abre a gaveta, levanta
alguns panos de prato.
— Aqui está, toma pode usar, tem bastante linha
aí.
Donizete pega a linha e amarra na pipa.
— Pronto agora é só empinar, vamos lá na rua
papai?
— Vamos.
Assim que eles saem no portão, o sobrinho do
Valter vinha chegando trazendo um presente para o Donizete e estava vindo
brincar com ele também.
— Pronto o seu primo
chegou agora ele brinca com você.
— Oi primo quanto tempo.
Donizete olha para o primo e não diz nada.
— Você não lembra mais de mim primo?
— Não.
— Você era muito pequeno quando foi embora, eu
costumava brincar muito com você ou judiar de você, brincadeira.
Ah! — Agora eu lembrei, é, você judiava bastante de
mim, me batia só porque você é maior e mais velho que eu.
— Mas não vou mais judiar de você não, prometo.
— Está bom, então
vamos empinar a minha pipa comigo.
— Que pipa bonita do Corinthians, quem te deu?
— A vovó.
— Ela te deu, eu também quero uma, mas vamos
brincar com a seu primeiro, depois eu peço para ela, vamos lá do fundo na Lage,
lá é melhor para empinar pipa.
Eles vão para o fundo do quintal pelo corredor e o
primo ajuda o Donizete a subir na laje, como ele era mais baixinho, o seu primo
faz cadeirinha e empurra ele para cima da laje.
Eles sobem na laje e colocam a pipa para voar.
— Deixa eu empinar primo. Diz o Donizete.
— Espera já te dou, só mais um pouquinho.
Donizete fica esperando e nada do primo passara a
pipa para ele.
— Vai chega, deixa eu empinar um pouco que a pipa
é minha. Donizete tenta pegar a linha da pipa da mão do primo, mas o primo o
empurra e ele cai para trás da laje e cai em cima de uma caixa d´agua na laje
de baixo, a tampa da caixa d´agua arrebenta, com a pancada da cabeça e ele cai
desmaiado dentro da caixa D´agua.
O primo fica olhando ele afundar, mas de repente a
água começa a borbulhar e a caixa d´água fica toda tomada por lesmas, que
levantam o corpo do Donizete, deixando a sua cabeça fora d´água.
O primo não acredita no que estava vendo.
O pai do Donizete e a Avó dele aparecem na janela
do quarto que dava acesso a laje, para verificar o que tinha acontecido por
causa do barulho que tinham escutado.
O pai vê o filho boiando na caixa D ´água,
rapidamente ele pula a janela e vai de encontro ao filho para retira-lo d´água,
ele pede ajuda ao sobrinho, que se recusa a ajuda-lo dizendo.
— Eu não vou pôr a minha mão aí não. Diz o
sobrinho.
Então sozinho o pai puxa ele para fora da caixa
d´agua e o coloca deitado na laje.
O primo fica olhando para o Donizete e olha para a
Avó que estava ao prantos gritando.
— Meu Deus, não deixa ele morrer, pelo amor de
Deus. Ela gritava e chorava desesperada.
O pai do Donizete, fica agachado ajoelhando ao
lado do filho calado só olhando para ele, como medo de constatar o pior.
Donizete começa a tossir e desperta xingando o
primo.
— Porque você me empurrou? — Eu podia ter morrido.
O Pai e a avó olham para o primo que estava calado
e assustado.
— Você
empurrou ele e porque não o ajudou? Pergunta a avó.
— Vocês não
viram o tanto de lesmas que estavam na caixa d´água, eu fiquei com medo.
— Lesmas?
Perguntam juntos o Pai e a Avó.
— É, vocês
não viram?
— Não vi
nada. Diz o pai.
— Olha
aqui. Diz o primo.
Que aponta para a água, que estava limpinha e
transparente e não havia nada ali.
— Eu juro,
estava cheio de lesmas.
— Isso é desculpa sua, você ainda continua judiando
do seu priminho, mesmo ele estando todo esse tempo longe, você ainda não
aprendeu e fica agora inventando história, mas fique sabendo, que eu vou contar
para a sua mãe, para ela te dar um corretivo.
— Não foi
de propósito e juro que fiquei morrendo de medo, eram lesmas gigantes, pareciam
um monte de cobras.
— Chega Eduardo, para de mentir e vai para a sua
casa agora, eu não quero mais que você machuque ele.
— Mas tio estou falando a verdade.
— Vai
embora!
O primo desce da laje por onde ele subiu, mas antes
ele olha para o Donizete, que estava com uma fisionomia diferente, ele acha
estranho e fica com medo e desce rapidamente.
O pai do Donizete ajuda ele a entrar pela janela e
a sua avó o ajuda.
— Não
machucou meu amor? — Não está doendo? — Quer ir para o hospital?
— Não, está tudo bem vó.
— Pai não
esquece de pegar a minha pipa!
Eles descem para a sala.
— O almoço
está quase pronto. Diz a Avó
— Depois
que eu almoçar, posso ir empinar a minha pipa na rua.
— O menino
você e essa pipa, na rua pode ser perigoso, já não basta de susto por hoje?
Fala a avó
— Depois do
almoço eu fico com você na esquina. Diz o pai.
O almoço é servido, Camarão ao molho de tomate,
arroz, salada e de sobremesa doce de leite com queijo branco.
— Nosso que
delicia de comida vó.
— Gostou, a
gente faz coxão duro virar Filé Mignon.
— Gostei,
está uma delícia.
— Acabei de
comer, posso ir brincar com a minha pipa?
— Vamos
filho eu fico com você, lá na esquina.
Eles saem pela porta e o menino coloca a pipa no
alto, o pai fica ali só observando o filho, não demora muito outras crianças se
junta a ele e o pai achando que ele estava seguro e já tinha companhia e
resolve entrar.
— Cadê o
menino? Pergunta a mãe do Valter.
— Está
brincando com outras crianças. Responde ele
— Não tem
perigo homem?
— Se me
acontece alguma coisa com esse menino eu te mato, depois de tudo que passamos.
— Também não é assim mãe, o menino tem vontade
própria, não vamos poder ficar protegendo ele para sempre.
— Se
acontece alguma coisa a primeira coisa que a mãe dele vai dizer, vai ser que:
"Alá deixei o menino com eles e já deixaram o menino se machucar".
— Não vai
acontecer nada.
— O menino
retorna com um monte de amiguinhos e diz.
— Pai vou
brincar com os meus amiguinhos aqui no quintal.
— Tudo bem
filho e quem são os seus novos amiguinhos?
— Na
verdade, alguns eu já conhecia de antes, mas esse é o Galo, esse o Cabeção,
Zoião, Sapão, Bomba, Alemão, Macaco, coelho, Barata, barriga, japa e o morcego.
— Nossa, o
que é isso um Zoológico de insetos?
Todos riem.
— O Valter olha para a mãe, pisca e diz.
— Viu!
V Eu ganhei duas bolas, nós podemos jogar bola no
quintal.
— Vamos lá
na rua é melhor, nós fazemos dois gols com pedras. Fala o Testa.
— Está bom. —
Pai Vó eu vou lá na rua jogar
bola.
A avó olha para o pai e balança a cabeça.
As crianças correm para a rua, montam dois gols
feitos com pedra, dividem dois times de seis, um no gol e cinco na linha, assim
eles começam a jogar bola, mas a brincadeira era interrompida toda hora que
passava um carro, quem estava com a bola gritava.
— Carro!!
Ficando assim com a bola no pé até o carro terminar de passar e assim que o
carro passava a brincadeira continuava.
Um dos meninos dá um chute forte na bola que cai
na casa do japonês.
— Chii,
acabou a nossa brincadeira, o japonês vai furar a bola. Fala o Cabeção.
— Furar a
minha bola?
— Sim, toda
bola que cai lá ele não devolve e leva para dentro da casa e fura com a faca.
Fala o Galo.
— Não
mesmo, eu vou lá pedir para ele devolver.
Donizete aperta a campainha e aparece um senhor
oriental.
— Moço o
senhor pode devolver a minha bola, ela é novinha acabei de ganhar.
O Japonês, faz um sinal para esperar com a mão e
entra novamente na casa.
Donizete olha para os meninos que olhavam para ele
surpresos.
O Japonês sai novamente com a mão atrás da costa e
vai na direção da bola e defere uma única facada na bola, que estoura como uma
bexiga.
— Filha da
puta. Xinga Donizete.
— Vai
embora sai da minha porta. Diz o japonês com um sotaque oriental.
Donizete sai xingando.
— Eu tenho
outra bola eu vou lá buscar.
Donizete corre até a casa da sua avó pega a outra
bola.
Eles continuam com a brincadeira até um carro que
passa por cima de um dos tijolos que marcava o gol.
— O carro esfarelou o tijolo, agora não tem outro.
Diz o Sapão.
— Vou pôr o meu tênis no lugar. Diz o Donizete
tirando o tênis e colocando no lugar da pedra esmagada, ficando só com o pé
esquerdo no pé.
Assim eles continuam a brincadeira, até em uma
dividida o Donizete chutar a guia com o pé descalço arrancando um tampão do
dedão.
— Aí! Aí, aí.
Os meninos param a brincadeira e o cabeção oferece
a casa dele para o Donizete lavar o sangue do dedão.
A mãe do cabeção faz um curativo no Donizete,
colocando umas gazes com esparadrapo, ponta do dedo dele.
— E agora o que a gente vai fazer? Fala o Sapão
— Não dá mais para eu jogar bola. Diz o Donizete.
— Vamos nós vingar do Japonês. Fala o Galo.
— Vamos, mas como? Pergunta o Cabeção.
— Eu tenho alguns bombas morteiros em casa, vamos
colocar na caixinha de correio do japonês. Diz o Galo.
— Boa ideia. Exclama do Donizete.
Galo vai na casa dele e pega as bombinhas.
— Pronto, aqui está, quem vai colocar? Pergunta o
Galo.
— Eu coloco. diz o Donizete.
Donizete pega um morteiro e vai até a caixinha de
correio, ele abre a plaquinha de entrada da caixinha de correio e prende a
bombinha, com a pressão da mola da abertura da caixa de correio, ele risca o
fosforo e acende o pavio da bomba e a empurra para dentro da caixa de
correspondência e corre.
Ele dá alguns passos e uma explosão muito forte
acontece atrás dele arremessando a frente da caixa de correspondência para o
outro lado da rua.
As crianças correm cada uma para a sua casa.
Donizete corre pega o seu tênis que ainda estava
na marca do gol e vai para a sua casa.
Entrando na sua casa, o seu pai e a sua avó
estavam sentados na sala assistindo televisão.
— O que você está aprontando? Pergunta o pai dele
rindo.
— O que você fez no pé, que curativo é esse?
Pergunta a avó assustada.
— Esse curativo foi a mãe do cabeção quem fez. Diz
ele.
— Sim, mas o que aconteceu? Pergunta a avó.
— Eu arranquei o tampão do dedão, chutando a guia.
— Menino de Deus! — Isso
não está doendo?
— Um pouquinho, só doeu na hora, agora só está
latejando um pouco.
— Você vai ver na hora que for tomar banho, como
isso vai arder.
Donizete fica olhando para fora, verificando se
alguém havia seguido ele.
— O que foi
menino, fecha essa porta e vai tomar banho. Diz a Avó.
Ele obedece a avó e entra no banheiro.
Ele tenta tirar o curativo, mas estava grudado,
ele pensa em molhar e coloca o pé debaixo do chuveiro e como a avó havia lhe
dito.
— Aí, ardeu
de mais como doí.
Depois de molhado ele vai tirando o curativo aos
poucos fazendo caras e caretas.
Quando ele sai do banheiro a sua avó pede para ele
deixar ela ver o machucado.
— Uh, isso
está feio em.
— Vamos
colocar um Band aid.
Eles jantam assistem um pouco de televisão e ele
dorme deitado no colo da avó.
Donizete está na Fazendo do Coronel Zuquim .
Mas estava tudo confuso, Donizete falava com o
Coronel, mas ele não o ouvia, e a Regina estava dormindo dentro da cabana,
Donizete a chamava, mas nada dela esboçar uma reação, o único que o ouvia era o
ex. Namorado da Regina e seu assassino, que ria e dizia.
— Vocês
estão enfraquecendo, se não acharem o restante e não completar o ciclo eu vou
voltar e vocês não vão poder fazer nada.
O Coronel dá um tapa nele.
— Com quem você está falando?
O assassino olha para ele e olha para o Donizete e
dá uma risada.
— Donizete, se você estiver me ouvindo, procure os
meus filhos e principalmente o escravo, nesse momento ele é a pessoa que vai te
proteger, para você não ficar desprotegido, nesse momento estamos
desconectados, tem alguém na vida real perto de você, que está interferindo.
— Só pede para ele não ser tão violento.
Donizete deixa a cabana e sai pela fazendo
procurando pelas crianças e pelo escravo.
A fazenda estava diferente, parecia outra época e
isso faz o Donizete imaginar onde procurar pelo escravo.
Ele deve de estar na senzala.
Ele vai até a senzala, mas a fazenda ia ficando
mais velha como uma fotografia antiga que vai ficando amarelada.
Ele sente um cansaço e pensava em desistir, mas
uma as crianças aparecem montadas em cavalos e o resgatam.
— O seu pai me pediu para encontrar o escravo.
— Eu sei ele nos avisou. Fala o menino com a voz
trotando dos solavancos do cavalo.
— Ele deve de estar na Senzala. Acrescenta a
menina.
— Eu estava indo para lá, mas alguma coisa estava
me impedindo.
Uma ventania tentava impedir os cavalos de
chegarem na Senzala.
A silhueta de um home negro alto e forte aparece
na porta da Senzala e a ventania dissipa.
— Olá meu Senhorzinho, eu já estava esperando pelo
sinhô.
Diz o homem negro com uma voz grossa.
— Olá! — O coronel pediu para eu te procurar.
— Eu sei senhorzinho, já estava sabendo, eu estou
sentindo a presença desse mal, mas ele não está aqui nesse plano, e a presença
dele nós enfraquecemos.
— Mas de onde vem isso? Pergunta o menino.
— Do mundo dos vivos. Diz o Escravo.
— Mas como? Pergunta a menina.
— É a presença de um mal, que vai ter que se
acertar comigo e não terei piedade, serei violento com esse ser.
— O Coronel pediu justamente, para te avisar para
você não ser violento.
— Isso eu não posso prometer Senhorzinho.
O homem diz isso começa a sumir.
Donizete acorda assustado no colo da avó.
— Que isso menino, quem é Coronel e Regina que
você chamava no seu sonho? Pergunta a avó.
— São do meu sonho. Donizete percebe que tinha
alguém sentado na poltrona ao lado do pai dele.
— Esse é o Alexandre, meu sobrinho e primo do seu
pai, você não conhecia ele.
— Oi Donizete, tudo bem?
Donizete se levanta e dá a mão para o homem
cumprimentando ele.
No momento que ele dá a mão para o homem ele sente
um choque e puxa a mão rapidamente.
— Que foi? Pergunta o Primo do pai.
— Deu choque, que estranho. responde o Donizete.
O pai dele ri.
— Esse é um grande amigão do papai, ele vai dormir
aqui hoje com a gente o papai trabalha com ele e vamos juntos para o trabalho.
Donizete ainda estava sonolento e não presta muita
atenção no que o pai dizia e sobe para o seu quarto, para dormir.
No dia Seguinte.
Ele acorda e não vê o seu pai na cama ao lado, ele
desce para tomar café, a sua avó prepara o café para ele, ela coloca café com
leite quentinho em uma caneca de alumínio que tinha o símbolo do Corinthians
impresso nela.
— A sua mãe vai vir aqui hoje.
Ele olha para a vó enquanto mastigava o seu
pãozinho e não fala nada.
Ele vai para a sala e fica assistindo desenho
esperando a sua mãe chegar.
Passado algum tempo alguém bate palma no portão.
A sua avó vai atender e verifica que era a mãe do
Donizete.
— Entra. Convida a avó.
— Não obrigado, estou com pressa, só quero falar
com o meu filho. A mãe dele não entra e fica no portão esperando por ele.
A sua mãe quer falar com você Donizete e ela não
quer entrar.
Donizete vai ao encontro dela até o portão.
A sua mãe o abraça e o beija e pergunta.
— Vamos embora?
— Não, não quero ir não, quero ficar aqui.
— Vamos, vamos voltar para casa o João falou que
vai te tratar melhor, ele prometeu.
— Não, não quero, quero ficar aqui.
A sua mãe começa a chorar e fala.
— Está bem então, chama a sua avó eu preciso
passar os seus documentos para ela e acertar a transferência da escola, chama
ela para mim por favor.
Ele entra e chama avó.
Elas se conversam e o Donizete fica só olhando.
Elas acabam a conversa.
— Ok, agora deixa eu me despedir do meu filho, se
ele quer assim, fazer o que né.
A sua mãe chorando o abraça e pergunta mais uma
vez.
— Você tem certeza disso?
Donizete faz que sim, balançando a cabeça.
Ela o solta, se vira e vai embora chorando.
Donizete e a avó ficam no portão olhando ela ir
embora, que antes de virar na esquina, olha para trás e acena dando tchau e
dobra a esquina.
— Vem, vamos entrar. Diz a avó.
No momento que aparecia no portão alguns meninos,
pedindo a bola emprestada chamando o Donizete para jogar bola.
— Posso ir jogar Vó?
— Mas como você vai jogar com esse pé machucado?
— Ele fica no gol Vó. Fala o Alemão.
— Se assim está bem então, mas cuidado para não se
machucar mais.
Antes que ela terminasse a frase ele já estava
pegando a bola e se mandando para a rua.
Eles dividem o time e começam a jogar.
Donizete fica no gol e em uma jogada o Coelho vem
com tudo e o Donizete o bloqueia, e o coelho acha ruim, dizendo que ele o havia
machucado e o empurra e o dois começam a trocarem socos, os outros meninos
separam a briga e eles continuam a jogar. Só que agora o Coelho estava no mesmo
time do Donizete, para não ter mais briga.
A brincadeira acaba quando novamente o Cabeção dá
um chutão na bola, que cai na casa do Japonês.
Como o barulho da bola caindo no seu quintal, não
precisou nem chamar o Japonês.
Ele aparece no portão xingando e gesticulando
apontando para a caixinha de correio, mas por causa do sotaque ninguém entendi
o que ele dizia.
Então ele pega a bola e diz uma frase que todos
entenderam.
— Acabou a "brincadela". Diz ele com um
sotaque oriental.
Os meninos só olham, mas o Donizete não se
conforma e ataca pedras no Japonês que corre para dentro de casa.
Donizete não contente, pega um pedaço de pau e dá
pauladas no portão do Japonês quebrando as pontas das lanças do portão.
Os meninos vibram e gritam.
— Estamos vingados. gritam todos comemorando.
— Agora vamos comer goiaba no Marreco.
— Isso vamos.
A criançada pula o muro no final da rua onde
ficava a chácara do Marreco, onde haviam várias arvores de pé de Goiaba.
As crianças sobem nos pés de goiaba e se esbaldam
de tanto comer goiaba.
— Ih, acho que comi um bicho de goiaba. Grita o
Barriga.
As crianças todas riem.
— Agora está me dando dor de barriga e não vai dar
tempo de descer, se não vou fazer na calça, vou cagar aqui de cima da árvore
mesmo.
Ele abaixa a calça se ajeita no galho e forquilha
e faz cocô, dali mesmo.
Só se escutava o barulho dos troços caindo no
telhado do galinheiro, parecia tijoladas no telhado.
As crianças riam, que não se aguentavam, achando
engraçado o Barriga sentir dor de barriga e fazer cocô de cima da árvore.
O Cabeção chama alguns meninos de canto longe do
Bomba, mas rindo ainda do Barriga.
— Hoje é aniversario do Bomba, vamos dar ovada
nele. Diz o Cabeção.
— É mesmo. Confirma o coelho.
— Nós podemos pegar os ovos no galinheiro do
Marreco. Diz o Cabrito irmão da Peninha.
—Mas deve de estar fedendo tudo lá depois da
cagada do Barriga. Fala o Donizete.
— Vamos ver. Fala o Cabeção.
Eles entram no galinheiro.
— Que fedor, está muito fedido. Diz o Testa.
— Tampa o nariz com a gola da camiseta e coloca os
ovos na parte de baixo da camiseta. Fala o Cabeção.
Eles pegam alguns ovos e quando estavam saindo,
eles escutam latidos de cachorros.
— Correm o Marreco vem vindo! Grita o Coelho.
Todos correm desesperados e pulam o muro no
momento que os cachorros aparecem e o Marreco atrás xingando.
Eles correm para a rua.
— Segura o Bomba. Fala o Cabeção.
Todos seguram o Bomba que se debate em vão.
O coelho passa alguns ovos para o Testa que deixa
cair um.
O Ovo se espatifa no chão.
— O que é isso? Pergunta o Testa.
— É um pintinho. Responde o coelho.
— Credo que cheiro horrível. Reclama o Coelho
tampando o nariz e deixando cair o restante dos ovos, onde todos estavam
chocados e com pintinhos dentro.
— Nossa que cheiro horrível. reclamam todas as crianças.
— Credo! — Que nojo, vocês iriam jogar isso em mim. Diz
o Bomba.
— Nossa que dó. Diz o Donizete.
— Nunca mais na
minha vida vou comer ovo. Fala o Cabeção.
Aquele cheiro vai ficando pior e dá ânsia de
vomito em algumas crianças, principalmente no Donizete.
As crianças vão para o outro lado da rua, longe
daquele cheiro.
— Nossa vomitei todo o meu café da manhã e as
goiabas que comi. Fala o Donizete.
— Agora me deu até fome. Fala o Donizete.
— Vamos lá roubar chocolate no mercadinho. Fala o
cabeção.
— Vamos! fala o Testa.
As crianças vão até o mercadinho e finge que vão
comprar alguma coisa.
uma pega um pacotinho de alguma coisa e enfia
dentro dos shorts e saem como se nada estivesse acontecendo.
Eles param em frente da casa da Avó do Donizete e
contabilizam o que eles roubaram.
— Eu peguei um pacote de Dadinho de amendoim. Fala
o Cabeção.
— Eu peguei um pacote de goma de mascar. Fala o
Testa.
— Eu peguei chocolate. Fala o Bomba.
— Eu peguei uma caixa de Bombom. Fala o Donizete.
— Caracas como você fez isso? Perguntam os outros
meninos.
— Legal agora vamos dividir. Fala o Cabeção.
O primo do pai do Donizete, o Alexandre ouvia tudo
de trás da porta da Sala.
E pensa.
— Bom saber.
As crianças se esbaldam com os doces.
A avó do Donizete sai na porta e o chama para
almoçar.
— Estou sem fome vó.
— Mesmo assim vem comer alguma coisa, não pode
ficar sem comer nada, vem entra um pouco, chaga de rua.
— Vou ter que entrar.
Ele entra e as crianças vão embora.
Quando ele entra a sua avó estava na cozinha e o
primo do seu pai fala para ele.
— Está sem fome, porque estava roubando doce, que
coisa feia, vou contar para o seu pai. Fala o Primo do pai.
— Não por favor não conta. Pede o Donizete.
— E o que eu ganho
com isso? Diz o Primo.
— Eu não tenho nada para te dar.
— Então deixa eu ver a sua bunda!
— Não isso é coisa
de veado.
— Só mostrar não, mostra ou eu vou contar para a
sua avó agora.
— Não.
— A é, vou lá contar.
— Tá bom eu mostro.
— Abaixa a calça.
Donizete abaixa os shorts deixando a abunda a
mostra.
— Agora coloca a mão no chão, isso.
O homem fica olhando a bunda do menino e pegando
no membro dele.
— Donizete!! Grita a avó da cozinha.
Donizete levanta a calça rapidamente.
O Homem o agarra no braço e ele estava como membro
duro.
— Donizete!! Grita a avó de novo.
Donizete olha para o homem e para o seu braço e o
homem o solta.
Ele vai em direção a cozinha e se senta na mesa.
A sua avó o serve um prato de comida, mas ele não
estava com fome e fica só brincando com o garfo.
— Você está sem fome né menino?
— Sim. Diz o Donizete.
— Quer que frite um ovo?
Não. Ele lembra dos pintinhos no chão e lhe dá
ânsia de vomito.
— Alexandre você não quer almoçar?
— Agora não tia, daqui a pouco.
Donizete fica olhando para a avó, pensativo.
— O que foi menino?
— Nada, só pensando.
Donizete volta apara a sala e o homem, tira o
membro para fora e fica mostrando para ele, cochichando.
— Vó!
O homem guarda o membro rapidamente.
— Eu vou lá na rua brincar, ok.
— Vai, mais cuidado.
O homem tenta agarra ele, mas ele se desvencilha e
sai para a rua.
Ele encontra o Morcego brigando com dois meninos e
estava apanhando, ele chega de voadora e derruba um e dá soco no outro, os meninos
correm e eles correm atrás do s meninos até a entrada da casa deles, onde o
menino tenta abrir o portão e o Donizete dá outra voadora no menino derrubando
no chão.
O pai do Menino grita para que eles enquanto
tentava abrir o portão e o Donizete e o Morcego correm de volta, para a casa
deles.
O pai do Menino pega o carro e vai atrás deles.
Eles correm e entram na casa do morcego e ficam
ali escondidos.
O carro passa diversas vezes na rua procurando por
eles.
— Nós vamos ter que ficar aqui escondido em casa,
não vamos poder sair, dizem que o pai desses meninos é louco e anda armado.
— Ok, e o que nós podemos fazer para distrair.
— Eu tenho umas folhas de ceda, vamos fazer um
balão.
— Você sabe fazer balão?
— Sim, você me ajuda.
E assim eles ficam a tarde toda fazendo balão e
quando escurece eles escutam um barulho de bombinhas.
Depois de alguns minutos, aparecem vários carros
de polícia e o pessoal correndo para socorrer um homem que havia sido baleado
pelo vizinho e esse vizinho que baleou o outro, era o pai dos meninos que
estava atrás deles.
Eles vão até a rua de baixo e ficam observando no
momento que chega a notícia que o homem havia morrido, a população estava
revoltada e depois que a polícia foi embora a população invade a casa do
assassino e destroem tudo, arrastam um carro que no mesmo dia estava procurando
pelo Donizete e Morcego e o capotam, deixando o carro virado com as quatro
rodas virado para cima.
Mas o Assassino havia fugido deixando tudo para
trás.
A população tenta atear fogo na casa, mas a
polícia volta e impede.
Donizete e o Morcego sobem de volta para as suas
casas e o Donizete vai direto para a casa dele.
— Menino onde você estava?
— Eu estava preocupada, você não viu o maluco
que matou o vizinho?
— Vi sim vó.
— Você viu, que perigo um doido desse solto ai
pela rua.
— Pois é.
— Graças a Deus que você chegou, agora vai tomar
banho, para você jantar.
Ele toma banho e a sua avó coloca a comida no
prato para ele.
Ele dá a primeira garfada e senti uma dor no
dente.
— Que foi menino, está sem fome de novo?
— Meu dente está doendo.
— Coloca vinagre no dente que está doendo.
Avó coloca uma colher de vinagre na boca dele.
— Agora vai no banheiro e faz bochecho.
Ele faz o que a avó manda e vai para a sala
assistir tv.
Estava passando Esquadrão Classe A.
— Eu gosto do Murdock, de quem você gosta vó?
— Eu gosto do BA, acho ele engraçado quando tem
que tomar avião.
— O Murdock é louco e é mais engraçado Vó?
O seriado acaba.
— Eu vou dormir vó, o meu dente ainda está doendo
um pouco.
Ele sobe para dormir, e tenta dormir, mas a dor de
dente vai aumentando ele acorda reclamando que estava doendo muito.
O seu pai e a sua avó, tentam fazer alguma coisa,
dá remédio para a dor o que alivia um pouco, ele consegue dormir, mas a dor
persistia.
Ele tinha flashes de sonho, onde o escravo tentava
dizer alguma coisa para ele, mas a dor de dente o acordava e o escravo não
conseguia terminar a frase, o máximo que ele entendeu foi:
— "Você está correndo peri.." mas ele
acordava com a dor de dente.
Vó!!! — Não para de doer, está doendo muito.
— Valter nós vamos ter que levar esse menino cedo
no dentista para ver esse dente.
O menino rolava de dor na cama.
O dia amanhece.
Donizete e o seu pai estão no consultório do
dentista, que examina o dente.
Esse dente não tem mais jeito, ou coloca uma
prótese ou arranca.
— Uma prótese custa cara né doutor?
— Sim um pouco.
— Então arranca.
— Pode arrancar o dente então?
— Sim pode.
O Dentista arranca o dente e dá algumas instruções.
— O menino tem que ficar quieto para não dar
hemorragia, evitar agitações.
O pai faz que sim com a cabeça e os dois deixam o
consultório.
Chegando em casa o pai avisa.
— Você escutou o que o dentista, falou né?
Donizete faz que sim com a cabeça.
— Nada de estripulias para não sangrar.
O garoto faz que sim com a cabeça novamente.
O Garoto permanece quieto, mas não por muito
tempo.
— Vó eu posso ficar lá fora?
— Sim, mas não esquece nada de estripulia.
Ele sai para a rua e encontra o Sapão e o seu
irmão mais novo o Perereca.
— Vamos lá na casa da guardinha que matou o
vizinho, o pessoal estão querendo saquear a casa.
— Vamos.
Eles dessem até a casa havia um grupo de pessoas
aglomerada na porta da casa, mas os policias haviam trancado o portão.
—E moleque vem aqui.
Donizete vai até o homem que estava chamando.
Era o tio do Barriga que diz para ele.
— Você consegue
subir na laje e passar por aquele vão e descer e abrir o portão por dentro para
nós?
Donizete olha e diz:
— Sim consigo, só me levanta para subir na laje.
O Homem e mais um levantam o Donizete que sobe na
laje, passa por uma fenda da janela e desce para a garagem, onde ele abre o
portão.
A multidão invade a casa arrombam a porta da casa
e saqueiam a televisão, bicicleta, roupas e tudo o que podiam carregar.
Donizete sobe novamente na parte de cima onde uma
construção estava inacabada e começa a jogar tijolos para baixo, destruindo
todo o material de construção, outros moleques sobem e se juntam a ele e
começam a quebrar a parede que estava sendo erguida.
Eles quebravam a parede pelas laterais o que faz a
estrutura de cima despencar e quase matando todos ali, a parede toda se
despedaça batendo na laje e o restante no chão, foi por pouco, a parede de
toneladas passa centímetros da cabeça do Donizete.
— Ufa! — Essa foi por pouco. Diz aliviado o
Donizete.
Que deixa ele assustado e resolve sair dali e vai
para o fundo da casa onde ele encontra uma bicicleta.
Ele puxa a bicicleta para cima da laje e depois
desce pela escada carregando a bicicleta.
As pessoas estavam indo embora porque o bombeiro e
a polícia haviam sido chamados porque atearam fogo na casa e não tinha mais
quase ninguém ali, todos estavam fugindo, só estavam o Donizete o Perereca e um
homem mal encarado que vai na direção do Donizete e diz.
— Vai moleque me dá essa bicicleta!
Donizete se recusa entregar dizendo:
— Não, eu achei é minha.
O homem dá um soco no Donizete e a sua boca começa
a sangrar muito por causa do dente que ele havia arrancado e ele cospe o sangue
no homem, que dá um chute nele.
Mas de repente da caixa de força de energia,
começam a brotar lesmas, eram umas lesmas diferentes da que o Donizete estava
acostumado a ver, essas eram negras e maiores e muito mais agressivas, elas
saiam da caixa de força soltando faíscas de energia e agarram o homem
levantando-o e o puxando para a caixa de força já eletrocutando o homem, e o
seu corpo chacoalhava todo.
O homem se debatia e as lesmas o segurava até o
seu corpo parar de tremer, só assim elas desaparecem e deixando o corpo do
homem já morto cair no chão.
O Perereca estava assustado olhando o que tinha
acabado de acontecer, estava em choque e não se mexia.
— Vamos Perereca, está ficando cheio de fumaça
aqui, anda moleque. Donizete dá um grito com ele.
Eles saem da casa e encontram o Sapão e o Cabeção
fora da casa.
— Vamos andar
de bicicleta. Diz o Donizete para mudar de assunto.
O Perereca vai contando para o irmão o que tinha
acabado de acontecer.
— O homem foi agarrado por umas coisas gosmentas
pretas e o matou eletrocutado, não foi Doni?
— Não, foi nada disso não, ele estava roubando os
fios e pegou em uma parte descascada. Desconversa o Donizete.
— Não eu tenho certeza do que eu vi.
— Não era isso não, por causa da fumaça, você
imaginou coisas. Diz o Donizete.
— É maninho você está imaginando coisas, e porque
a sua aboca está sangrando Doni? Pergunta o Sapão.
— Eu arranquei um dente e deve de ter aberto o
ponto. Responde ele.
— Você precisa lavar a boca, está sangrando muito.
— Deixa para lá, vamos andar de bicicleta. Fala o
Doni.
— Mas os pneus estão murchos. Fala o Cabeção.
— A gente anda assim mesmo. Fala o Sapão
Perereca fica ali parado tentando refletir e dá de
ombros.
Eles se divertem com a bicicleta, como se nada
tivesse acontecido, a polícia e os bombeiros chegam e o fogo havia se
alastrado, eles retiram o corpo do homem eletrocutado achando que ele havia
falecido devido ao incêndio, sem suspeitar de nada.
— Mandou bem em moleque. Diz o
Tio do Barriga para o Donizete.
— Esse é dos meus, quem mexer com ele vai estar
mexendo comigo. Grita o tio do Barriga para todo mundo ouvir.
— Eu vou precisar que você faça, o que você fez
hoje de outro jeito em outras ocasiões, mas eu te aviso quando for para fazer
isso, garoto esperto.
Donizete fica olhando para ele.
— Ei é aminha vez de andar na bicicleta. Diz o
Donizete para o Sapão.
As crianças brincam com a bicicleta até o pneu se
soltar e a roda ficar no só no aro, eles arrancam o pneu e continuam a
brincadeira.
Os Bombeiros vão embora e fica só um carro de
polícia na porta da casa, para evitar novos ataques.
Os Policiais vão até a padaria para tomarem um
café e os moradores aproveitam e pedem para o Donizete escrever no muro da
casa: “Casa do Assassino”.
Os moradores dão as tintas para ele.
Ele vai até o muro que estava preto chamuscado
pela fumaça e com a tinta branca: “Assasino” com um “S” e as pessoas gritavam:
Tem mais um “S” está faltando outro “S”.
Ele volta com a tinta e encaixa mais um “S”, e
continua brincando como se nada tivesse acontecido.
O policial volta, olha a inscrição e dá de ombros.
Donizete volta empurrando a bicicleta com a roda
no ferro derrapando no asfalto.
— É isso moleque. Elogia o tio do Barriga.
— Quando escurecer nós vamos fazer aquele esquema.
Diz o Amigo do Tio do Barriga, o Arquimedes.
O dia passa e as crianças destroem a bicicleta,
até o ponto de a bicicleta não ter mais jeito de andar com ela e eles abandonam
em frente da casa do assassino.
E o dia Escurece.
O Tio do Barriga e o Arquimedes chamam o Donizete.
— Vem com a gente moleque esperto.
Eles vão andando por alguns quarteirões e chegam
em uma casa onde estava tudo escuro.
Eles olham em volta na rua, pulam o muro da casa e
explicam para o Donizete.
— Nós vamos te levantar aqui no vitro, para você
entrar dentro da casa e abrir a porta dos fundos para nós, mas não acende a
luz.
Eles levantam o Donizete, enfiando as pernas dele
pelo vitro, deixando a cabeça por último.
Donizete pula dentro da cozinha da casa, onde
estava tudo escuro, ele vai tateando e esbarra na mesa da cozinha derrubando
alguma coisa que estava em cima da mesa no chão, fazendo muito barulho.
— Não faz barulho e vai nessa direção, a chave da
porta deve de estar na fechadura.
Ele vai tateando pela parede e chega na porta, ele
abre a porta.
— Pronto está aberta.
— Ok, agora você fica aqui fora olhando se não vem
ninguém.
O Tio do Barriga e o Arquimedes entram na casa e
reviram tudo procurando coisas de valores, roupas, tênis. E outros objetos.
Eles fazem a limpa.
— Vamos Moleque esperto, só me ajuda aqui segura
um pouco das coisas aqui para mim enquanto eu pulo o muro.
— Pronto pode jogar!
Eles jogam as coisas aos poucos.
— Pronto agora pode vir também.
O Arquimedes ajuda ele a subir no muro e passa as
coisas dele para o Tio do Barriga, para poder pular o muro.
Todos terminam de pular o muro e fogem em direção
a casa do tio do Barriga.
— Conseguimos, não falei que esse moleque era
esperto. Diz o Tio do Barriga para o Arquimedes.
— Agora vamos dividir as coisas. Diz o Arquimedes.
Elas separam os tênis, algumas roupas, algumas
joias e relógios.
— Moleque esperto, depois que a gente vender esses
outros a gente te dá um dinheiro, por enquanto toma fica com esse Game boy com
o jogo do Don king Kong para você, o que mais você quer?
— Eu acho que esse agasalho serve em mim, parece
um pouco grande, mas dá para usar.
Ele pega o Game boy e o agasalho para ele e o tio
do Barriga diz.
— Amanhã tem mais, nós vamos pegar umas peças de
carro.
— Tudo bem, posso ir embora, não estou me sentindo
muito bem. Diz o Donizete.
— Lógico, mas o que você está sentindo?
— Um mal— estar.
— Quer alguma coisa?
— Não, só ir para casa.
— Ok, mas cuidado com o vídeo game e a blusa, não
diz para ninguém onde você conseguiu isso, ninguém pode saber.
— Eu vou esconder quando chegar em casa.
Chegando na casa dele ele entra pelo o corredor
ele coloca a blusa no meio da roupa suja e esconde o vídeo game atrás de uma
pedra.
Quando ele se vira toma um susto.
O primo do seu pai estava atrás dele.
— O que você está escondendo aí?
— Nada? — Deixa
eu ver então?
— O que é isso? Nada?
— Você roubou isso também né, está muito suspeito,
entrou de fininha pelo corredor, eu vi um vulto no vidro da porta e vim ver o
que era e peguei você com a boca na botija.
— Não estou com a boca em lugar nenhum, só quis
esconder aí.
— A é, se não deve nada, então vamos lá mostrar
para o seu pai e para a sua avó.
— Não, enche.
— Está vendo, se não deve não iria ficar com
medinho, agora eu quero ver a sua bundinha para não te entregar para o seu pai.
— Não, eu não estou me sentindo bem.
— Ou você mostra ou eu te entrego.
— Rapidinho?
—Isso, só um pouquinho.
Doni abaixa os shorts e o homme tira o seu membro
para fora e se masturba olhando a bunda do menino.
— Está muito seco, coloca na boca para lubrificar
um pouquinho.
— Eu não vou por nada na minha boca, não sou
veado, que nojo, eu vou vomitar em você se fizer isso, olha o tamanho disso,
nem cabe na minha boca é muito grande, você é louco?
O homem estava com os olhos vidrados como um
viciado e tremia, com o membro ereto e segurava o Donizete pelo braço.
— Eu não estou me sentindo bem, me deixa em paz, me
deixa entrar, outro dia eu deixo você ver a minha bunda, por favor.
— Está bem, mas eu vou cobrar.
O homem sobe a calça e fica um volume na calça e
diz.
— Vai entra você que depois eu vou, não posso
entrar assim, com esse volume.
Donizete entra e deita no sofá.
A sua avó vem ver quem tinha entrado e vê que é
ele.
— Onde você estava menino?
— Estava morrendo de preocupação, o seu pai e o
Alexandre saíram atrás de você.
— O que você tem, está vermelho?
A avó coloca a mão no menino.
— Nossa você está queimando em febre.
No momento que o seu pai entrava pela porta da
sala.
— Valti o menino está queimando em febre.
— Também o dentista falou que era para ele ficar
quieto em casa, mas ele sumiu, só pode ser por causa do dente.
— Vamos dar um banho nele, para baixar a febre.
Eles colocam o menino debaixo do chuveiro.
Depois coloca ele de volta no sofá.
— Precisa ir comprar Nevolgina, para baixar a
febre Valti, você vai lá buscar eu vou fazer uma sopinha para ele, porque ele
não pode mastigar.
O pai sai para comprar o remédio.
— Alexandre você coloca o menino no quarto para
mim na cama dele, eu não aguento com ele, eu vou preparar a sopa para ele.
O homem sobe coloca ele na cama, mas dá uma olhada
para baixo na escada, volta até a cama do menino abaixa os shorts dele e começa
a se masturbar, olhava para baixo para ver se não subia ninguém.
O Homem tremia e ejacula muito rápido espirando
tudo no menino.
Ele limpa rapidamente deixando alguns vestígios e
vai para o banheiro para se limpar e disfarçar e fica um tempo dentro do
banheiro.
O Pai chega com o remédio e a avó termina a sopa,
eles pingam o remédio em um copo com água, coloca a sopa em um prato e sobem,
para cuidar da criança.
— Acorda menino, toma o remédio. Dia a avó puxando
a coberta e sente algo melado.
— Nosso menino você está resfriado também, suou o
nariz na coberta, essa sopa vai te fazer bem para a gripe também, é uma sopa
muito boa.
Alexandre já estava ao lado dela arregala os olhos
e fica tenso.
Mas a senhora era inocente e nem imaginava que não
era gripe nenhuma.
Donizete toma a sopa e adormece.
Ele está andando na Fazendo, mas está chovendo
muito forte e ventando muito forte, onde formava um remoinho levando partes do
telhado do barraco, ele tentava chegar no barraco, mas o vento não deixava ele
desvia e vai em direção a Senzala a ventania aumenta e começa tirar ele do chão
também, uma mão forte o agarra e puxa
para dentro da senzala, era o Escravo que parecia mais forte e mais alto e a
sua voz estava mais grossa e ele estava muito bravo.
Mas ele dizia alguma coisa que não dava para
entender, por causa do barulho do vento e dos trovões e a sua voz estava mais
grossa como um trovão.
Mas uma única palavra ele consegue entender.
— Cuidado!
O vento arranca o telhado.
A sua avó puxa a coberta, acordando ele dizendo,
você está todo molhado de suor, vamos trocar essa roupa.
Ela troca a roupa dele e coloca um lençol limpo e
ele volta a dormir tranquilamente, mas não sonha com mais nada.
Na manhã seguinte.
Ele desce as escadas pulando.
— Pelo jeito, já está bem. Diz o pai dele.
— Sim,
estou bem melhor.
— Esses
pimpolhos se recuperam muito rápido mesmo, impressionante. Diz a avó.
Ele desce toma café preparado pela avó e vai para
a sala.
No momento que o Alexandre chega na porta pedindo
para ele vir até o quintal.
Ele e o pai dele vão até o quintal e o Alexandre
havia trago, algumas madeiras, dizendo que iria construir um carrinho de rolimã
para ele, como se quisesse aliviar alguma culpa.
— Você me ajuda? Pergunta o Primo do Pai.
— Sim. Diz
o Donizete empolgado, mas desconfiado com a situação.
— Como você quer o seu carrinho, que modelo.
— Quero igual ao do Speed Racer. Diz a
criança.
— Eles desenham em uma tábua, um modelo de
carrinho, com três pontas, duas pontas menores nas laterais e uma maior no
meio.
O Alexandre serra a madeira.
— Pronto o
desenho do Speed Racer, está pronto agora falta os eixos e as Rolimãs.
— Talvez a
gente consigo as rolimãs no desmanche de carro, mas para isso nós temos que ir
lá pedir, mas vamos terminar a parte das madeiras e deixamos tudo pronto só
fica faltando colocar o principal, porque são as rolimãs que fazem o carrinho
andar.
Donizete olha para ele pensativo e diz.
— Eu tenho
alguns amigos que moram perto do ferro-velho desmanche de carro, talvez eles
possam me ajudar.
— Ok,
depois então você tenta com eles, mas vamos terminar aqui.
Eles furam a madeira para colocar o eixo de guia
pregam o eixo traseiro e pintam o carrinho todo de branco, com duas faixas, uma
azul e uma vermelha e colocam o número cindo no meio do carrinho.
— Ficou
igualzinho, obrigado.
Donizete abraça o Alexandre que o abraça, mas
acaba apalpando a bunda do menino.
— Desculpa,
foi sem querer.
Donizete olha para ele, ainda estava com um
sorriso no rosto e não dá atenção para o que tinha acontecido, ele estava muito
empolgado com o carrinho.
— Só fica
faltando rodas de rolimãs, depois você vai lá ver se os seus amigos te ajudam.
— Pai o
Alexandre terminou o carrinho, posso ir lá na rua debaixo se os homens me dão
as rodas de ferro.
A avó que escutava a conversa diz.
— Menino,
vai e volta logo, você estava queimando em febre, não quero nenhuma surpresa de
novo, já chega as duas noites passadas.
— Deixa o
menino se divertir, quem sabe isso não o ajude a melhorar,
— Então vai, mas não demore.
Donizete sai como um furacão e desce a rua
correndo.
— E aí
garoto esperto, está tudo bem com você?
Pergunta o tio do Barriga
— Sim,
estou bem melhor, estou precisando de rodas de rolimã.
O homem não entende muito bem a resposta.
— Eu estou
precisando de rodas de rolimã, será que a gente consegue lá no desmanche que
você falou.
— Hoje está
fechado porque é domingo, por isso nós vamos ter que pular lá para pegar.
— Vamos lá
no caminho a gente chama o Arquimedes e ele nós ajuda.
Eles vão até a casa do Arquimedes que já estava
saindo e o Tio do Barriga fala para ele.
— O menino
está precisando de rodas de rolimã eu falei para ele que nós podíamos ajudar
ele a pegar lá no ferro velho e assim a gente aproveita e faz aquele esquema
que combinamos.
Eles vão até a entrada do desmanche e batem no
portão para ver se o cachorro aparecia.
— Acho que
o cachorro não está solto, vem Garoto que a gente te levanta e você desce pelas
emendas do portão do outro lado e abre o trinco do meio do portão para nós.
Eles levantam a criança e ela se agarra no ferro e
vai descendo e chega no chão e tentava puxar o trinco para cima, que estava
muito duro.
Os homens de fora chacoalhavam o portão para
ajudar a abrir o portão, mas o barulho que portão fazia chama a atenção do
cachorro que aparece e avança no menino.
Antes do cachorro alcançar a crianças lesmas
brotam do chão, formando em um lobo gigante, que abocanha o cachorro e o joga
longe, o cachorro foge chorando.
— O que foi
isso garoto, que barulho foi esse?
O portão se abre.
— Pronto, consegui.
Os dois homens olham um para o outro e dão de
ombros e entram no desmanche.
— Vamos
pegar as suas rolimãs.
Elas vão até um galpão e pegam algumas rodas de
rolimã que estava em uma caixa de madeira.
— Pronto
pegamos o que você queria, agora só ajuda a gente com outra coisinha, igual ao
que você fez ontem.
Eles vão até o escritório onde havia um vitro.
— Eles
levantam o garoto que passa através do vitro.
— Vai até a mesa e abre a primeira gaveta, dentro
dela vão ter várias chaves, pega todas elas e dá aqui para a gente,
Ele enche a mão com as chaves e entrega para o Tio
do Barriga pelo vitro.
O tio pega as chaves e as testam uma por uma, até
conseguir a porta onde o Donizete estava.
— Pronto
conseguimos! Exclama o Tio.
— Agora
deixa com a gente, mas antes só pega aquele carrinho para nós.
O menino entrega o carrinho para os homens, que
levam o carrinho para dentro do escritório e saem com algo sobre o carrinho
coberto por um pano.
— Vamos
sair daqui rápido, vamos! Diz o Tio do Barriga.
Eles saem do Ferro velho, carregando algo muito
pesado no carrinho e o Donizete sobe para a sua casa dele feliz com as rodas de
rolimãs e as entregam para o Alexandre, que as encaixam no carrinho.
— Pronto
agora você já pode brincar com ele.
Donizete, se prepara na descida e solta o carinho
na ladeira abaixo, tirando um fina de um carro que subia, o que faz o Alexandre
quase ter um infarto de susto.
— Menino
você é doido, não viu o carro?
— Eu vi,
mas não tem freio.
— Vou ter
que colocar um freio, nesse carrinho, se te acontece alguma coisa o seu pai me
mata.
Mas isso não impede ele de descer outras vezes e o
garoto se diverte.
Ele estava subindo puxando o carrinho pelo eixo e
escuta uma vós dizer.
— Deixa eu
ir uma vez?
Ele olha para trás e era uma menina ruivinha cheia
de sardas.
— Sim, eu
deixo, mas você sabe andar?
— Nunca
andei.
— Tenta,
vamos daqui do meio da descida.
Ele coloca o carrinho no chão a menina sobe em
cima, mas fica com medo.
— Tenho medo, vem comigo, senta atrás e vai
guiando.
Ele senta atrás dela.
— Coloca o
seu pé em cima do carrinho para não atrapalhar e deixa que guio. Diz o
Donizete.
A menina coloca o pé em cima do carrinho.
— Está pronta?
— A menina faz que sim com a cabeça e eles descem.
— Hu, que gostoso, quero ir de novo, mas agora
quero ir lá de cima.
Eles sobem e descem.
— Só que agora eu vou ter que segurar você mais
forte para a gente não cair.
— Pode me
abraçar
Ele abraça ela bem forte e descem com toda
velocidade.
— Agora deu medo, mas foi gostoso.
Eles descem várias vezes e começa a escurecer e um
senhor começou a reclamar para que eles parecem porque ele queria ouvir a
televisão.
Eles xingam o homem e saem correndo rindo.
— Guarda o seu carrinho e vamos lá na rua do meio
brincar.
Ele guarda o carrinho e vai com ela até a rua do
meio onde estavam outras meninas e alguns meninos.
— Onde você
estava Vania? Pergunta outra menina mais velha.
— Estava na
rua de cima brincando de carrinho de rolimã com ele.
A menina mais velha mede ele dos pés a cabeça e
pergunta.
— E quem é
ele?
— Eu também
não sei, como é o seu nome mesmo menino?
— Donizete,
mas pode me chamar de Doni.
— Eu sou a
Vania e essa é aminha irmã Rute, aquela sentada é a Elaine do lado dela é a
Vera, e os meninos são o Marcio e o Marcelo.
Ele balança a cabeça.
— O que
vocês estão fazendo? Pergunta a Vania.
— Nós vamos
dançar musica lenta na garagem.
— A gente
pode dançar com vocês?
— Sim, só
que são quatro meninas para três meninos, vai dar certinho a brincadeira,
porque quem ficar sem par, vai ficar com a vassoura e tem que contar até dez
para poder passara a vassoura para outra pessoa e quem ficar com a vassoura na
hora que a música acabar, recebe um castigo.
— Entendeu?
Pergunta a Rute para o Donizete.
— Sim.
Responde ele.
A música começa e os pares estavam divididos da
seguinte maneira:
Vania e Donizete, Marcelo e Elaine, Marcio e Vera
e a Rute começa com a vassoura, ela passa a vassoura para a Vania que conta até
dez e passa para a Elaine, que conta até dez e passa para a Rute, que conta até
dez e passara para a Vera, que conta até dez e passa para a Elaine e a música
acaba antes dela contar até dez.
— Castigo,
castigo, castigo!
— O castigo
vai ser beijar o Marcelo de língua. Diz a Rute.
A Elaine sem perder tempo dá um beijão no Marcelo.
Eles colocam a música de novo e a Elaine começa
com a vassoura, que passa para a Rute, que passa para a Vania, que passa para a
Elaine, que passa para a Vera e que passa para a Vania e a música acaba com ela
com a vassoura na mão.
— Castigo,
castigo, castigo.
— Você vai
ter que beijar o menino novo. Diz a Elaine.
E a Vania dá um beijo de língua nele.
As meninas riem, mas Vania fica meio sem graça.
Eles colocam a música, mas a brincadeira era
interrompida pelo irmão mais velho da Rute e dá Vania.
— Agora
chega eu quero usar a vitrola e a mamãe que escutar a novela que com a
brincadeira de vocês não está conseguindo ouvir a televisão, vão brincar lá na
frente e você Vania, daqui a pouco você entra, não quero você na rua até tarde.
— Do que a
gente brinca agora? Pergunta a Vera.
— Vamos
brincar de beijo abraço e aperto de mão. Sugere a Elaine.
— Não,
primeiro vamos brincar de esconde- sconde, que a gente pode ir mais longe,
porque depois que ficar mais tarde não vou poder ir muito longe.
Todos concordam e a brincadeira começa.
— Vai
começar com quem foi a última a ficar com a vassoura a Vania.
— Vai Vania começa a contar para a gente se
esconder.
Ela começa a contar e a brincadeira começa, cada
um se esconde em um lugar diferente e a brincadeira demora bastante porque a
Vania demora a encontrar.
— Agora é
você que conta Vera, você foi a única que eu encontrei.
A Vera começa a contar e eles correm para se
esconder.
— Vem comigo Doni eu sei um lugar legal para a
gente se esconder.
Eles correm até um carro velho do desmanche e
entram dentro do carro e ficam ali quietinhos por um tempo.
A Vania vira para o Doni que estava bem pertinho
dela boca com boca e os dois se beijam e o beijo fica quente e eles não param
de se beijarem e eles ficam ali dentro do carro e até esquecem que estava
brincando e o tempo passa e as pessoas procuravam por eles.
A porta do carro se abre bruscamente e alguém puxa
o Donizete pelo cabelo tirando ele de cima da Vania, que se assusta ao ver quem
era.
Moleque eu vou te matar de porrada, se
aproveitando da minha irmãzinha.
A Vania gritava para o irmão soltar o Doni e a
Rute vem na direção deles.
— E você
Rute era para cuidar da sua irmã e a deixou aqui se esfregando nesse moleque,
leva a sua irmã daqui agora, que eu vou dar um jeito nesse moleque.
A Rute leva a Vania chorando.
E todo aquele barulho chamou a atenção do tio do
Barriga e do Arquimedes que percebem, que o moleque que o irmão mais velho da
Vania estava segurando era o Donizete.
— E, não
vai bater no moleque esperto não, esse moleque é nosso parceiro.
— Eu peguei ele amassando a minha irmã.
— E daí ele
é homem, você não pega as irmãs dos outros.
— Isso não
tem nada a ver, mas você falou que ele é seu parceiro, que tipo de
parceiro, de crime?
O Tio do Barriga puxa ele para o canto, fazendo
ele soltar o Doni.
Eles conversam longe do Doni e quando o Boy irmão
da Vania volta olha para ele e fala.
— Beleza
moleque, depois a gente conversa para acertar isso.
O Tio do Barriga chega perto do Doni e passa a mão
na cabeça dele e diz.
— Pronto
moleque esperto, vê se não apronta mais nada, mas depois ele vai te procurar
para fazer um esquema igual o nosso, eu falei para ele que você iria ajudar ele
e por isso ele não vai te fazer nada.
Donizete olha para ele e olha para o Irmão da
Vania indo embora, dá de ombros e vai para a sua casa, no caminho ele encontra
os meninos da rua de cima, que brincavam em uma construção de uma casa.
— O Que
vocês estão fazendo? Pergunta Doni.
— Estamos
pulando do segundo andar da construção na areia. Responde o Testa.
— Mansão dá
medo? Pergunta Donizete.
— De pular
não, o que dá mais medo e o escuro para chegar até o segundo andar. Fala o
Galo.
— Quer
tentar? Pergunta o Cabeção.
— Sim,
quero. Responde ele.
— Então vamos. Fala o Galo.
Os meninos formam um fila, e um por um vão
entrando na casa em construção onde as escadas ainda estavam prontas e no lugar
dos degraus, só haviam os ferros transversais para ser concretado depois e por
esses ferros eles sobem correndo com medo do escuro, alguns tropeçam no final,
se levantam rapidamente e pulavam na areia, as vezes caindo uns por cima dos
outros.
— Muito bom, vamos de novo? Pergunta o Donizete.
— Vamos,
mas você vai na frente agora. Diz o Galo.
Assim eles entram novamente em fila e o Donizete
liderando a fila.
Eles sobem correndo gritando e o último da fila
tropeça e causa um efeito dominó derrubando o Doni, que liderava a fila,
fazendo com que ele batesse a cabeça na quina da porta. Ele leva a mão na
cabeça e vai em direção da luz na sacada da casa, quando ele tira a mão o Galo
grita.
— Sangue!
O sangue escorre pelo rosto do Donizete caindo na
sua camisa.
— E agora, você vai voltar pelos ferros na
escuridão ou vai pular? pergunta o Galo.
— É mais
rápido pular. Diz Doni já pulando na areia.
— Você é
louco. Grita o Cabeção.
— Você
pulou mesmo. Fala o Galo rindo
— Vamos a
gente te acompanha até a sua casa. Diz o Galo.
As crianças vão até a casa do Donizete e a sua avó
leva um susto ao ver o neto todo ensanguentado.
— Calma vó
não foi nada.
A avó ainda assustada pensa rápida.
— Vamos lá na casa da Marines ela é enfermeira e
vai saber o que fazer.
A avó o leva até a casa da vizinha de frente que
pede para eles entrarem e ela examina o menino.
— Parece só superficial, não teve trauma, mas vai
ter que levar ponto.
— Ponto? Pergunta Donizte.
— É, mas na
cabeça vai ser difícil dar ponto com linha e agulha, então a gente pode dar uns
pontos falsos com esparadrapo.
— Más vamos
ter que raspar uma parte da cabeça para poder conseguir fazer esse curativo.
Ela raspa em volta da ferida, onde o corte media
mais ou menos três dedos estanca o sangue e coloca um pedaço de esparadrapo de
um lado, fecha o corte com os dedos e prende o esparadrapo do outro lado,
rapidamente coloca outro pedaço de esparadrapo para segurar melhor.
— Pronto,
acho que ficou bom e vai segurar, agora fica quieto para não soltar e não
molhar a cabeça.
— Obrigado
Marines, quanto te devo?
— Não é
nada, está tudo certo.
— Obrigado mais uma vez, vamos santinho, vamos que
você ainda vai ter que tomar banho e limpar todo esse sangue, você ainda me
mata de susto, cada dia é uma história diferente.
Marines dá risada e se despede.
— Vamos colocar uma sacola plástica na sua cabeça,
para não molhar o curativo para você poder tomar banho.
— Pronto
ficou parecendo um cozinheiro com essa sacola na cabeça, agora vai toma banho
para poder jantar.
Donizete está na Fazendo do Coronel Zuquim e a
fazenda estava abandonada, todas as plantações estavam secas, as arvores e o
chão estava rachado como no sertão.
— O que será que aconteceu como Coronel e as
crianças? — A Regina também sumiu, onde será que está todo
mundo?
Ele vai até a Senzala e procura pelo Escravo, que
aparece de trás da casa, ele parecia maior e mais forte.
— Está me
procurando meu senhorzinho? Diz o escravo com a voz grossa.
— Não, mas
queria saber onde estão todos? O Coronel e as crianças? Pergunta Doni.
— Só sei
que eles estão em outro lugar, mas não estou entendendo o que está acontecendo,
eles estão precisando de mim, eu escuto eles, mas não os vejo, só sinto a
presença deles, como se eles ainda estivessem aqui, mas não os vejo.
— Por isso
não consegui te proteger antes de você se machucar, não senti perigo no
senhorzinho, parecia que estava brincando, quando vi o senhorzinho machucado,
fiquei muito triste e preocupado, se o Coronel descobre que deixei algo te
acontecer ele iria ficar muito bravo comigo, me perdoa senhorzinho.
— Calma meu
amigo você não podia fazer nada, como você iria saber, que eu iria cair.
— Mas você
está se machucando muito senhorzinho, isso é porque estou sozinho cuidando do
senhor, enquanto o Coronel estiver ausente, mas só me desculpe o meu jeito, não
sou muito jeitoso e acho que as vezes sou até bruto de mais.
— Obrigado
meu amigo, por cuidar de mim...
— Acorda
Menino você tem que ir para a escola hoje, anda logo se troca que o seu café já
está em cima da mesa.
— Eu tenho
que ir mesmo?
— Sim, ou
você quer puxar carroça quando crescer?
— Pega aqui
o seu material que eu já preparei e coloquei dentro dessa mochila.
A inspetora acompanha o Doni até a sua sala e o
apresenta para a professora.
— Seja bem vindo.
Pode se sentar nessa carteira.
A professora agradece a inspetora e continua a
aula.
Donizete estava longe dá aula, pensando no nada.
— Menino
estou falando com você!
— Oi
desculpa.
— Você sabe
o que é Antônimo?
— Marido da
Dona Antônia.
A sala toda ri.
A professora não gosta muito da brincadeira, por
que ela era uma professora linha dura e gostava dos costumes tradicionais de educação.
— O que, temos um engraçadinho aqui, o que fazemos
com engraçadinho sala.
— Vai para
pau de arara! Responde a sala.
— Você só
não vai agora para o pau de arara porque acabou de chegar, mas uma próxima
gracinha você, vai ficar de castigo lá fora em pé.
Donizete fica olhando para ela sem dizer nada. A
professora se vira e ele remeda ela gesticulando, mas ele não tinha visto o
espelho que a professora usava para observar a sala quando ela estava
escrevendo na lousa.
Ela se vira e pega uma régua comprida e dá com a
régua na barriga do menino e grita.
— Já para o
castigo, agora.
— Ele se
levanta e ela o pega pela orelha e o coloca na parede de castigo.
— Fica aqui
até aprender a ser gente.
Ele esfrega a orelha, aliviando o puxão e fica
olhando para ela que entra e fecha a porta.
Ele fica em pé por alguns minutos no sol e ele
observa alguma coisa se movendo na parede.
Era uma aranha grande, ele se afasta da parede de
costa olhando a aranha e tropeça em uma pazinha de lixo que estava ao lado do
cesto de lixo.
Ele olha para a pazinha e para Aranha, apanha a
pazinha e coloca na frente da aranha para que ela suba na pá.
Quando a aranha sobe na pá e movimenta com
cuidado, para ela não se assustar, vai até a porta da sala de aula a abre a
joga a aranha dentro da sala de aula e fecha a porta e segura.
Dentro da sala de aula começa uma gritaria e
forçavam a porta tentando sair.
O que ele não sabia é que aquela professora tinha
pavor de aranha e ela passa mal e desmaia.
Donizete está sentado na diretoria esperando a sua
avó vir busca-lo.
A avó aprece na entrada da secretária e comunica
que ela estava ali porque ligaram para ela.
A diretora é chamada e vai até a ela e explica o
que havia acontecido.
A avó levanta a cabeça e olha para ele e balança a
cabeça.
— Vamos
moleque! — No primeiro dia de aula e já foi parar na
diretoria.
No caminho de casa ele encontra a Vania no
caminho.
— Oi!! O que aconteceu na sua cabeça?
— Cai
brincando na construção.
— Quem é
essa ruivinha linda, parece um anjinho, com esses cachinhos e essas sardas?
— E a minha
amiga, mas o irmão dela não gosta muito que a gente seja amigos.
— Verdade
até pensei que tinha sido ele que tinha te machucado, o meu outro irmão é mais
bravo que ele, se fosse ele, não sei o que poderia ter acontecido.
— Do que
ela está falando menino?
— Que os
irmãos dela não gostam muito que ela fique comigo.
— Que besteira, isso é ignorância. Diz a avó.
— Também acho. Diz a Vania.
— E por falar nisso, vamos brincar com o seu
carrinho de rolimã?
Donizete olha para a avó que, que olha de volta
para ele e dá de ombros.
— Vamos, só preciso deixar as minhas coisas em
casa e pegar o carrinho.
Ele guarda o seu material, pega um pedaço de pão e
sai comendo, puxando o carrinho pelo eixo dianteiro.
— Quer um pedaço?
— Eu quero.
Ele divide o pão com ela
E começam a brincar com o carrinho de rolimã.
Ele senta atrás do carrinho e ela senta na frente,
ele a abraça e dessem abraçadinhos.
Eles dessem duas vezes e o senhor que reclamou
outro dia, sai no portão na terceira vez que eles desciam e reclama.
— Já vai começar logo cedo com essa porcaria, aqui
você vocês não passam mais, se passara eu vou meter o machado no carrinho.
O homem exibe o machado que iria usar.
Eles sobem correndo.
— E agora, o que a gente faz?
— Tem umas descidas nas ruas de trás vamos lá.
Sugere a Vania.
— Vamos.
Eles carregam o carrinho e vão até a rua que ela
falou.
A rua era bem melhor, o asfalto era novo e liso e
o carrinho descia bem mais rápido.
Eles se divertem até o Donizete avistar um boné,
na traseira de um Carro.
Ele vai até o carro, aperta a maçaneta e o carro
tampão traseiro se abre.
— Está aberto! Diz ele olhando para a Vania.
Ele levanta a porta do porta malas e apanha o
boné, e só encosta o tampão para não fazer barulho.
— Vem vamos sair daqui. Colocando o boné na
cabeça.
Então vamos lá na outra rua, para a gente
continuar brincando.
Eles vão até a outra rua, onde já haviam alguns
moleques brincando.
Eles se juntam com as crianças e se enturmam.
E assim o dia escurece um dos meninos sugere.
— Agora que escureceu, fica legal fazer um
trenzinho, para fazer faísca.
— Trenzinho? Pergunta Doni.
— Faísca? Exclama a Vania.
— Sim, a gente tira o eixo dianteiro e prende o
carrinho no carrinho da frente.
— Mas e as faíscas?
— Você vai ver, mas precisamos de pregos e
martelo.
— Eu tenho lá em casa. Diz o Donizete.
Assim eles vão até a casa do Doni.
Eles tiram os eixos da frente dos outros nove
carrinhos e o menino fala.
— Deixa o eixo do seu carrinho, como vocês dessem
em dois o peso é melhor para controlar.
Eles pregam um prego na traseira de carrinho por
carrinho, menos no último.
Cada moleque pega o seu carrinho e sobem até o
final da ladeira.
Donizete coloca o seu carrinho na frente e um por
um, eles encaixam os carrinhos nos pregos dos outros carrinhos, formando assim
um trenzinho.
Todos encaixados, eles se posicionam, cada um no
seu carrinho, Donizete sentado no seu com a Vania na frente.
— Todos prontos. Grita o menino que organizou.
Todos respondem que sim.
— Então, Já!
Eles embalam empurrando com a mão e depois, que
estava bem rápido, todos se seguravam, com força no carrinho para não cair.
Donizete Segura a Vania com força e o trenzinho
desse a ladeira com toda velocidade, fazendo muito barulho e o ultimo carrinho
o menino forçando ele derrapar para sair faíscas.
Os meninos e a menina, se divertem.
Muito bom, vamos de novo. Fala a Vania
Eles começam a subir a rua, cada um carregando o
seu carrinho e quando eles estavam passando em frente à casa do senhor que
havia reclamado mais cedo, ele estava no portão segurando o machado.
— Se vocês descerem mais uma vez aqui eu vou meter
o machado em todos os carrinhos, vão andar no inferno, não dá nem para ouvir a
televisão.
Os meninos sobem correndo pelo outro lado da rua.
— E agora? — Vamos
lá na outra rua? Pergunta o Donizete.
— Não,
vamos descer e entrar nessa rua a esquerda, antes da casa do velho do machado,
vai ser bem legal, vai dar mais emoção, tem que abrir bem na curva, para o
carrinho não derrapar.
Assim eles sobem até o topo, encaixam carrinho por
carrinho.
— Pronto?
— Pronto!
Eles embalam os carrinhos, que embala muito
rápido, chegando rapidamente na curva.
Donizete faz a manobra abrindo bem na curva para
entrar na rua.
ele manobra o carrinho, puxando todo comboio atrás
dele com todo aquele peso, ao passar com tudo na valeta, o eixo se arrebenta,
deixando o carrinho desgovernado, porque não suportou todo aquele peso, e o
carrinho do Donizete vira ao contrário sendo arrastado pelos os outros, que ao
passarem também pela valeta se descarrilham, batendo uns nos outros, fazendo
muito barulho e muita faísca, destruindo
os carrinhos.
Donizete percebendo que iria se machucar e
Machucar a Vania, ele a agarra para protege-la e o seu carrinho vai de encontro
de ré om tudo na guia da sarjeta, fazendo ele bater a sua costa na guia, mas
ele não solta a Vania.
Com a pancada ele sente uma dor muito forte e fica
estatelado no chão se contorcendo de dor.
A Vania se levanta e tenta ajuda-lo.
— Está doendo de mais, ai, ai, ai.
A menina não sabia o que fazer, outros meninos
também reclamavam de dor.
Alguns meninos já iam se levantando, com alguns
hematomas.
Mas o Donizete, não se levantava.
— Acho que vamos ter que chamar uma ambulância.
Sugere um dos meninos.
A Vania olha para ele e olha para o Donizete, que
se contorcia de dor no chão.
Um senhor que viu tudo acontecer, vai ao encontro
do Donizete no chão e tenta ajuda-lo.
— O que está doendo menino?
— A minha coluna.
— Consegue mexer o pé?
— Ele mexe os pés.
— Menos mal, consegue
se levantar ou se sentar?
Com a ajuda do senhor e da Vania ele se senta na
guia.
O homem examina a costa do menino.
— Um! Se ralou feio e vai ficar tudo roxo.
— Consegue ficar em pé?
E com a ajuda do senhor e da Vania novamente ele
se levanta.
— Menino você poderia ter ficado tetraplégico, que
perigo, vocês são doidos?
— Obrigado senhor, mas está melhorando, foi só a
pancada mesmo. Fala o Donizete andando devagarzinho.
O Homem vai embora.
Donizete olha para o seu carrinho, estava
destruído, só tinha as rolimã inteiras.
Os outros meninos também estavam pegando pedaços
que sobraram dos carrinhos e indo embora.
Donizete coloca as rolimã ainda presas nos pedaços
dos eixos no quintal.
— Que susto Doni, que você me deu.
— Mas você não me soltou, me protegeu.
— Fiquei com medo de você se machucar.
— Eu tenho que ir embora, daqui a pouco os meus
irmãos vão vir atrás de mim.
— Vamos eu vou com você.
Eles vão andando.
— Vamos entrar no carro abandonado de novo?
— Vamos. Fala ele.
Eles entram no carro e ficam conversando.
— Você está melhor?
— Está doendo e ardendo um pouco.
— Se eu te der uns beijinhos melhora?
— Bastante.
— Eles se beijam e se empolgam.
— Tira a roupa, vamos se beijar pelados, igual na
novela.
Ela abaixa os shorts e tira a camisa.
Ele tira a roupa dele.
— Agora vem se deita por cima de mim.
Ele se deita em cima dela.
Eles se esfregam.
— Mas você é virgem, não quero te machucar.
— Vai de vagazinha, se eu conseguir aguentar.
Ele tenta penetrar ela devagarzinho.
— Aí doeu, para tá bom, chega.
Donizete fica olhando para ela.
Eles se vestem e saem do carro.
Os dois vão andando calados um do lado do outro.
— Onde você estava menina?
Grita o outro irmão mais velho o metaleiro pegando
ela pela orelha.
— E quem é esse moleque?
— Não precisa machucar ela. Diz o Donizete.
— Porque você vai fazer o que?
Donizete pega uma pedra e ameaça ele.
Que se abaixa e pega uma pedra grande também.
— Você não é homem de atacar essa pedra? Diz o
Irmão da Vania.
Donizete joga a pedra no chão e diz para ele.
— Você que não é homem jogar essa pedra, você não
tem coragem, seu covarde que bate em mulher.
Ele terminou a frase e o homem ataca a pedra que
acerta e espatifa no quadril do Donizete.
Ele tenta correr e corre alguns metros e cai no
chão gritando de dor.
Novamente no mesmo dia, lá estava ele rolando no
chão de dor.
A Vania se desvencilha do irmão e corre para
chamar a sua mãe.
— Mãe o Vagner deu uma pedrada no meu amigo.
— O que, como assim?
A mãe sai no portão e vê o menino rolando no chão
de dor.
— Você está maluco, machucando a criança. E dá
vários tapas nele.
— Ele me ameaçou primeiro.
— Não interessa. E dá mais uns tapas nele.
— Oi minha criança, deixa a tia ver?
Donizete se vira e levanta a camisa mostrando onde
a pedra havia acertado estava em carne viva.
— Meu deus! —
você machucou mesmo o menino, seu
bruto.
— Vamos, consegue andar?
— Não está doendo muito.
— Ajuda a carregar o menino aqui agora seu cavalo.
O Metaleiro irmão da Vania, pega o Donizete no
colo e o leva até a sala da Casa.
Onde aparece o outro irmão mais velho e a irmã da
Vania.
— Esse moleque estava beijando a Vania ontem. Diz
o outro irmão o Boy.
— Tá vendo mãe.
— Não interessa, eles são crianças. E dá mais uns
tapas no Metaleiro.
— E você cala boca também e você sai daqui, não
quero ver a sua cara, espero que não tenha que levar o menino em um hospital,
se tiver que levar você que vai pagar.
— Deixa eu ver o que consigo fazer menino, eu sou
enfermeira, se não quebrou nenhum osso eu consigo fazer um curativo.
— Pronto aparentemente não quebrou nenhum osso,
tenta andar.
— O menino levanta e anda e dá uma volta.
— E esse machucado na costa sangrando foi agora
também?
— Não ele caiu de carrinho de rolimã.
A mãe olha para filha e balança a cabeça.
— Vamos dar um jeito nisso, vira ao contrário na
cadeira.
Ele senta de costa para ela que faz outro
curativo.
— Pronto tem mais algum lugar?
Ele tira o boné, só para coçar a testa e aprece o
curativo da cabeça.
— E esse da cabeça, foi hoje também?
— Não foi ontem.
— Que isso menino você está todo estropiado.
Todo mundo ri.
— Eu preciso ir embora, obrigado.
Ele dá tchau para todo mundo e o Boy faz sinal
para ele que precisa falar com ele depois, girando os dois dedos indicadores.
Ele entra de mansinho na sua casa, toma um banho
rápido, evitando molhar os curativos colando pedaços da sacola de plástico que
usou para proteger o curativo da cabeça.
Coloca o pijama dentro do banheiro e sai para
jantar disfarçando como se não tivesse nada.
Nessa noite ele não tem nenhum sonho.
— Acorda menino, para ir para a escola!
— Eu não quero ir para a escola. Ele grita e se
tranca no banheiro.
— Para com isso menino, você precisa ir para
escola.
— Não vou!
A Vó insiste, mas nada dele sede.
A Avó busca ajuda com as vizinhas, para tentar
convence— lo.
E três senhoras ficam na porta do banheiro
tentando convence— lo, até que ele
desiste.
— Está bem, eu vou para a escola.
— Mas corre que você já está atrasado.
Ele se troca e sai comendo um pão e chega bem na
hora que estava fechando o portão. Ele entra e se senta, mas a professora o muda
de lugar.
— Não quero você perto de mim, por favor juliana
troca de lugar com ele!
Ele vai para o lugar da Juliana e ela para o lugar
dele.
— Oi eu sou o Jorge.
Ele olha para o menino e só balança a cabeça.
— Foi muito engraçado ontem, o que você fez.
Ele dá uma risada.
— Vamos para com a conversa aí no fundo. Grita a
professora.
As crianças se calam e aula começa.
Donizete luta para não dormir na aula, abre um
olho, vira para um lado e para o outro e luta até o sinal do intervalo.
— Vem Donizete, fica com a gente. Diz o Jorge.
Ele sai junto com o menino e logo outras crianças
se juntam a eles.
E o Jorge pergunta para outro menino.
— De quem é esse lanche?
— E meu. Responde o menino.
Ele dá um soco no braço do menino e dá outro até o
menino gritar.
— É da violeta! Grita o menino dono do lanche.
Só então o Jorge e os outros amigos param de bater
no menino.
Donizete fica olhando para o menino e acha aquilo
estranho.
— Você não conhece essa brincadeira?
— Não. Diz ele.
— A brincadeira é assim, se você estiver comendo
ou com alguma coisa na mão e alguém perguntar de quem é?
— Você tem que responder que é da Violeta, se você
responder que é seu, toma um monte de porrada.
— Entendeu?
— Acho que sim.
— Então vamos lá cantina, que hoje é dia de
cachorro quente.
Jorge pega dois lanches e o Donizete faz igual a
ele e pega dois também.
Eles se sentam no palco e comem o primeiro lanche.
Jorge acaba primeiro e de sacanagem, pergunta:
— De quem é esse lanche?
— É meu.
O Jorge dá alguns socos devagar nele.
— É Seu.
O Jorge continua batendo.
— É da Julieta.
Jorge ri e continua batendo, mas para e diz.
— Não é Julieta é Violeta. Diz o Jorge rindo.
Donizete ri também.
Eles acabam de comer os seus lanches, conversam um
pouco o sinal do termino do recreio soa.
Eles voltam para a sala de aula.
Donizete começa a sentir sono de novo e luta
contra o sono, enquanto a professora pedia para eles copiarem um texto da
lousa, ele resolve brincar com o Jorge.
— Empresta
a borracha.
Jorge empresta, ele finge que apagou algo e a
devolve.
— Que
borracha legal, de quem é?
É minha. Responde Jorge.
Donizete esquece que estava com a caneta na mão e
dá um soco no Jorge, com a caneta que perfura a lateral da cabeça do Jorge, que
tentava se corrigir da brincadeira dizendo:
— Violeta! Ainda grita ele.
Mas o sangue da cabeça dele pinga na sua carteira
e um outro aluno grita.
— Professora o Jorge está sangrando.
A caneta fez um furinho na cabeça dele, mas saia
muito sangue.
A professora vem correndo ao encontro dele e
pergunta o que aconteceu.
— Foi o menino novo que furou ele professora. Diz
a mesma aluna.
A professora olha para o Donizete com muita raiva
e diz.
— Seu animal! Ela corre com o menino para a
enfermaria.
Donizete é chamado na Diretoria e fica lá de
castigo até a sua avó o vir buscar de novo.
A sua avó chega e a Diretora conta a versão da
professora, de que ele feriu o amigo de sala com a caneta, porque queria
machucar o amigo e acrescenta mais alguns detalhes.
A mãe do Jorge chega também, porque eles a
chamaram e o Jorge, conta para a mãe exatamente o que tinha acontecido.
A mãe examina o filho, para ver o que tinha
acontecido.
E vai até a Avó do Donizete e da diretora e diz.
— Meu filho
falou que eles estavam brincando e o seu neto esqueceu que estava com a caneta
na mão e o acerto sem querer, que ele não queira machucar ele não, e não foi
nada, foi só um furinho de nada, o jeito que me ligaram pensei que o meu filho
tinha sido esfaqueado, que exagero, são só crianças.
A diretora olha para a mãe e olha para a avó e
fica sem graça, mas diz.
— Tudo bem então, mas só tem um problema essa
professora não quer mais o Donizete na sala dela, nós vamos precisar mudar ele
de sala e só temos vaga a tarde.
A avó faz uma expressão de que: “Fazer o que né”.
A avó pede desculpa mais uma vez para a mãe do
Jorge, que a abraça e diz.
— Não se preocupa, não foi nada.
— Vamos Donizete!
No caminho de casa, ele encontra o Tio do Barriga
que o chama.
— Quem é esse homem que está te chamando?
— É um amigo, deixa eu ver o que ele quer, só um
minuto vó.
A avó fica desconfiada.
O Tio do Barriga faz um sinal de olá para a avó do
Donizete.
— E aí garoto esperto, tenho um presente para
você, pega a sua parte do último esquema.
O Homem entrega um pacotinho de dinheiro
discretamente para o Donizete sem que a avó visse, Donizete pega o dinheiro e
coloca no bolso.
— Depois eu te dou um alô, acho que nós vamos ter
mais um esquema, depois te aviso, vai agora que a sua avó está desconfiada,
fala que é sobre pipa.
— O que esse homem
queria com você?
— Ele quer empinar pipa depois.
— Empinar pipa, esse marmanjo?
— Não sei não, isso não está me cheirando bem.
— Olha a sua amiguinha de ontem, ela está no nosso
portão.
— Oi, estava te esperando.
— Oi, que bom, deixa só eu guardar uma coisa e já
saio, você espera?
— Sim, vou sentar aqui no muro para te esperar.
Ele entra deixa a mochila no sofá e vai para o
fundo do quintal, olha para ver se a avó não estava olhando e pega o maço de
dinheiro tira algumas notas e guarda o restante atrás da pedra junto com o Game
Boy.
Ele volta para a frente da casa onde a Vania o
esperava e no rádio da casa do vizinho, tocava Marvin Gay, a música “let´s
get it on”.
— Essa música é linda, vou ter essa música como a
nossa música, vem vamos dançar aqui no quintal.
Diz a Vania pulando e descendo no murinho.
Ela chega perto dele o abraça e o tira para
dançar.
Os dois dançam até a música acabar, quando a
música acaba eles olham para a porta da sala onde estava a sua avó olhando para
eles rindo.
Eles olham para ela e dão risada.
— Vó eu vou ali com ela e já volto.
— Cuidado em menino.
— Onde nós vamos?
— Gosta de sorvete?
— Se gosto, eu amo sorvete.
— Então vamos lá comprar na padaria.
Eles entram na padaria, abrem uma das tampas preta
do congelador amarelo e ele diz para ela:
— Escolhe o que você quer?
— Eu adoro esse de saquinho que não tem palito de
creme com casquinha de chocolate.
Eles pegam dois sorvetes e mais alguns chocolates.
— Vamos nos sentar aqui nesse degrau para chupar o
sorvete e comer os chocolates.
— Vamos jogar fliperama?
— Vamos, mas onde você arrumou tanto dinheiro?
— Ajudei um cara, com um favor.
— A menina acha estranho.
— Vem vamos lá jogar fliperama.
Eles entram na loja de fliperama e compra vinte
fichas.
Ele dá dez para ela, mas eles colocam nas mesmas
maquinas para jogarem juntos.
A primeira máquina que eles jogam é na chamada:
Oba, Oba das mulatas do Sargentele, depois eles vão para a máquina do Cavaleiro
Negro, essa era muito difícil, e eles perdem as fichas muito rápido nela.
— Deu Tilt, e perdi a minha bola, desceu
direto, não tinha o que fazer os flipers travaram, essa é muito rápida e
qualquer solavanco ela da Tilt.
A Vania ri.
— Vamos nas telas de vídeo eu gosto dessa de
carrinho de corrida que solta fumacinha, “Rally— X”.
— Eu gosto dessa do Aviãozinho que mata essas
naves de mosca. Fala ela colocando a ficha na máquina.
Eles perdem e vão para a outra máquina.
— Essa aqui também é muito legal, Moom Patrol.
Fala o Donizete
— Ah, eu vou na do Popye, eu adoro esses
coraçõezinhos que a Olivia solta para ele.
Donizete dá uma conferida na máquina ao lado que a
Vania se referia e dá risada.
— Agora chegou a minha preferida, Come come, Miss
Pac Man, nessa eu sou bom, quer mesmo jogar comigo, você vai ter que
esperar eu perder e vai demorar.
— Não me importo eu gosto de ficar olhando ver
você jogar.
Ele coloca a ficha e começa a tocar uma musquinha
e aparece na tela o Mr. Pac Man correndo atrás da Mrs Pac Mam e no final eles
se trombam e se beijam solta um coração.
O Jogo começa e o Donizete está concentrado e
realmente ele era bom no jogo, e não perdia nunca.
A Vania cansa de esperar a vez dela e pega outra
ficha e brinca em uma máquina que era um cemitério que o cavaleiro tinha que
matar alguns esqueletos.
E assim eles passam o dia inteiro no fliperama.
Quando começa a escurecer, o fliperama começa a
encher com uma rapaziada mais velha, que estava saindo colégio que ficava na
rua de trás.
Donizete estava concentrado no jogo de Come come.
Quando um desses rapazes chega por trás dele e
pega o boné da cabeça dele dizendo.
— Onde você pegou esse boné?
Donizete põe a mão na cabeça e não diz nada.
— Esse boné é o que roubaram do carro do meu pai.
Donizete continua jogando, mas a pessoa o faz
perder e o puxa.
— Então foi você que roubou esse boné do carro do
meu pai.
Donizete olha para a Vania, que estava olhando o
que estava acontecendo.
O menino era bem mais velho que ele e estava com
mais outros meninos.
— Espera eu te conheço, estou me lembrando de
você, é o filho da putinha.
— Lembra do meu cachorro, que te deu uma mordida na
costa, ele está com saudade de você.
— Filha da puta é você. Grita o Donizete
empurrando o menino e fugindo.
Ele corre e os meninos corriam atrás dele, ele
corre em direção ao terreno baldio para tentar cortar caminho para a casa dele.
Mas ele percebe que tinha fogo no terreno, alguém
estava queimando alguma coisa ali e tinha muita fumaça, os meninos estavam
alcançando-o.
Então ele decide pegar algumas pedras e atacar nos
meninos, ele acerta um dos meninos, mas também leva uma tijolada na cara de
volta.
Ele cai no chão e o menino corre até ele e dá um
soco por cima de onde ele havia levado a tijolada.
— Agora você vai ver, vamos matar saudade, você
lembra o que a gente fazia com você?
— Vamos arrancar os seus sapatos e jogar no fogo.
O Menino arranca os tênis do Donizete e joga no
fogo.
Os meninos afrouxam e o Donizete pega uma pedra e
dá em um dos meninos e tenta fugir, mas ele pisa em um caco de vidro que corta
o seu pé profundo e ele cai no chão com o pé sangrando.
— Segura ele forte agora, você esqueceu do ritual,
ainda está faltando um detalhe, nós vamos rasgar os seus shorts e deixar ele
como uma saia.
Um menino segura uma mão, o outro a outra mão e
mais dois um em cada perna e o quinto menino rasga as pernas dos seus shorts,
deixando igual a uma saia.
Os meninos riam.
— Isso é muito pouco, vira ele de bruços.
Eles viram ele de bruços o menino abre a bunda.
Eles dão risadas.
— Cospe no cu dele. Diz um dos meninos e ri.
— É falta o recheio. Diz o menino que o estava
segurando.
—Abrindo a bunda do Donizete ele puxa uma
encatarrada e cospe no cu do Donizete.
Eles se acabam de rir.
— Mas ainda não suficiente, nós recheamos, mas
agora falta assar, vamos jogar ele na fogueira.
Eles levantam ele para atira-lo na fogueira, mas
antes deles darem um paço.
O Fogo da fogueira aumenta, junto com uma fumaça
espeça e de dentro começam a sair lesmas negras gigantes incandescentes de
dentro do fogo.
Eles ficam olhando aquilo em choque sem acreditar
e eles tentam correr no meio de toda aquela fumaça, mas as lesmas pareciam
tentáculos, que agarram os cinco meninos e os arrastam para dentro do fogo.
Eles gritavam e esperneavam até morrerem
queimados.
Assim que os meninos morrem o fogo e a fumaça
desaparecem.
Donizete se levanta e tenta pisar no chão, ele
sente uma fisgada do corte do vidro que deixa uma mancha de sangue na terra
onde ele pisou, ele levanta a cabeça e do outro lado, de onde estava a
fogueira, havia um morador de rua, que devia de ter sido ele que acendeu aquele
fogo, estava espantado com os olhos arregalados olhando para o Donizete.
Donizete olha para ele faz um sinal com a cabeça
cumprimentando o homem e vai saindo, assim que ele estava chegando no muro ele
dá de frente com a Vania que estava em cima do muro.
— O que você está fazendo aqui. Pergunta ele para
ela.
— Eu segui os meninos que estavam correndo atrás
de você e fiquei com muito medo deles te machucarem, mas o que foi aquilo?
— O que aconteceu o que era aquilo no fogo?
— Não sei, eu estava caído no chão.
— Aquilo puxou os
meninos para dentro do fogo.
— Acho que você está vendo coisas, eu acho que
eles caíram no fogo e os braços deles se debatendo parecia algum monstro.
— Não sei o que vi, pareci um polvo em chamas, mas
não tinha o corpo.
— Você está vendo coisas, me ajuda aqui, machuquei
o pé.
— Nossa o seu rosto também está sangrando e está
roxo, a sua roupa também está toda rasgada, vamos lá em casa que a minha mãe
faz outro curativo para você.
Ele vai andando mancando, e onde ele pisava ficava
uma mancha de sangue.
Chegando na casa da Vania a Rute estava no portão.
— Onde você estava menina, agora deu para sumir
todo dia com esse menino.
— Vichi! o que aconteceu com ele, foi atropelado?
— Não estava brigando com uns meninos.
— E quem ganhou a
briga?
— Aparentemente foi ele.
— Carraca, se ele ganhou,
imagina como ficou o outro menino.
— Ficaram, eram cinco.
— Cinco, quem é esse menino o Bruce Lee?
— Você não iria acreditar se eu te contasse, chama
a mãe para ela dar uma olhada nele, para não sujar o chão com sangue.
A menina chama a mãe que vem correndo.
— Menino do
céu, o que foi agora, você vai acabar se matando desse jeito.
— Coloca
ele aqui no quintal, vamos lavar esse pé para ver como está, Vania busca gelo
para colocar no olho dele.
Ela lava o pé dele e examina.
— Vamos
precisar dar pontos, o corte está muito fundo.
— vou pegar o material para fazer um curativo.
Ela entra e a Vania saia com o gelo e coloca no
rosto dele.
Os irmãos saem na porta para ver o que estava
acontecendo.
— Apanhou
moleque?
— Não foi briga. Responde a Vania.
— Apanhou?
— Pior que não.
— Ele
ganhou? Como ficou o outro menino?
— Os outros cinco meninos, estão mortos.
— Mortos! falam os dois irmãos e a irmã juntos.
— A mamãe
vem vindo depois eu conto a história.
— Vamos lá
menino, vamos ver o que dá pra fazer nesse pé.
Ela passa água oxigenada para limpar, passa mais
um remédio.
— Agora se
vira e levanta o pé para ficar melhor para eu poder dar os pontos.
Ela enfia a agulha no primeiro ponto e ele se
contorce de dor, a cada ponto ele gemia de dor. A mulher dá sete pontos e fecha
a ferida.
— Pronto
agora deixa eu dar uma olhada no seu rosto.
— Mas
antes, Rute empresta um short seu para esse menino, porquê os dos seus irmãos
vai ficar muito grande para ele.
— Hum! Isso
está feio, vai ficar roxo, não tem muito o que fazer, menino vê se se comporta
e não se machuca mais.
— Mãe só
tenho short feminino.
Donizete faz que não com a cabeça e a agradece
pelo curativo.
— Eu
preciso ir, muito obrigado. Ele se despede de todos e sai andando descalço e
mancando.
A mãe da Vania entra.
— Conta
agora Vania o que acontece? Pergunta os irmãos.
— Vocês não vão acreditar, nós estávamos no
fliperama e esses meninos apareceram lá e começaram a ameaçar ele e xingar ele
de Filho da putinha.
— Filho da
putinha, eu sabia que conhecia esse moleque, eu lembrei dele agora, diz o irmão
mais velho.
— Continua,
desculpa.
— Então ele
empurrou o menino e correu, os meninos foram atrás dele e eu fui atrás também,
ele correu até o terreno da antiga fábrica que foi demolida, os meninos pularam
atrás.
— Eu corri
até o muro e quando eu subi no muro os meninos estavam judiando dele, mas de
repente, vocês não vão acreditar.
— Tá, mas conta, termina a história.
— O fogo da fogueira ficou maior e saiu uma
fumaceira e da fumaceira saíram tentáculos que agarrou os meninos e os arrastou
para a fogueira, matando eles queimados.
Os irmãos estavam todos em silêncio e todos juntos
soltam uma gargalhada.
— Não falei
que vocês não iriam acreditar. Diz a Vania com um cara de contrariada.
Donizete chega na casa dele, e ele nem tenta
disfarçar, porque sabia que não tinha como desfaçar o roxo do rosto e andar sem
mancar.
— O que foi
isso menino, o que aconteceu?
— Eu cai.
— Caiu ou foi atropelado, tira essa roupa toda
estropiada, parece que está usando saia e vai tomar banho.
— Nossa
você está todo estropiado, na costa, na barriga nos dois pés, na cabeça e na
cara, que isso menino se a sua mãe te ver assim vai falar que estamos judiando
de você e que não estamos cuidando de você direito.
O pai e o primo, também estavam assustados, com
todos aqueles machucados.
— Como
dizia o meu pai: “Vaso Ruim não quebra”. Fala a Avó para ele balançando a
cabeça.
Ele toma banho, era um festival de: — ” Ai, Ai, ai”. Quando a água e o sabão
pegavam nas feridas.
Ele sai do banho janta e se senta para assistir o
que passava na televisão: Estava passando “A praça é nossa” O personagem da
Velha surda, ele assistia o programa e dava risada. Ele fica até tarde
assistindo televisão, a sua avó sobe para dormir e depois o pai dele, ficando
só ele e o Alexandre na sala.
O Alexandre levanta da poltrona e vai até ele e
diz.
— Quer
ganhar cinquenta Cruzeiros?
— Para
fazer o que?
— Mostrar a
bundinha para mim e bater uma punhetinha para mim.
— Não, não
quero. Diz o Donizete olhando para ele com um olho só porque o outro estava
fechado e roxo por causa da pedrada e do soco.
— Você não se esqueceu que você me deve, eu não
esqueci e se você não fizer eu vou contar para o seu pai.
— Eu não
estou conseguindo me mexer direito estou todo dolorido, outro dia eu deixo você
ver a minha bunda.
— Eu quero
agora, não precisa da punheta, só deixa eu ver a sua bunda, fica de ladinho.
O menino concorda com a cabeça e abaixa a calça do
pijama, deixando a bunda amostra.
O homem tremia e se masturbava olhando a bunda do
menino e ejacula espirando na bunda do menino.
— Porra meu, você gozou em mim, me sujou tudo
caralho, que nojo.
Donizete se levanta vai até o banheiro pega um
pedaço de papel higiênico e se limpa e sobe bravo para o quarto.
O Homem fica com vergonha na sala.
Donizete tem flashes de sonho com a Fazenda, que
estava em chamas e o Escravo estava mais forte e estava com um par de chifres,
o sonho fica falhando aparecendo o escravo e sumindo, aparecia e sumia em
pequenos Flashes.
Donizete acorda se senta na cama e sente uma casca
seca no seu pijama ele passa a mão e lembra do que foi.
Ele tira a calça e a coloca para lavar, se troca e
desce.
Ele tomava café e o Alexandre entra e pergunta.
— O que
aconteceu com o seu carrinho está todo destruído?
— Foi
brincando. Diz o Doni olhando para a avó, para não dizer mais nada.
— Quer que
construa outro carrinho de rolimã, para você?
— Eu queria
um fliperama de madeira, você consegue fazer?
— Acho que
sim, posso tentar, eu posso usar pregador no lugar dos flipers, elástico nas
laterais e chapinha de pilha para as bandeirolas, faço uns buracos, na madeira
e uso um pedaço de cano de PVC. para fazer uns tuneis, por onde a bolinha
passara e poço usar uma bolinha de ferro, desmontando um rolimã.
— Valeu,
parece que vai ficar legal.
— Menino
não esquece, daqui a pouco você vai ter aula, agora vai ser à tarde. Avisa a
avó.
— Ah é, eu
tinha esquecido. Responde ele.
— Já fica
pronto, porque almoçar eu acho que você não vai, depois de tomar café a essa
hora.
Donizete entra na secretaria e a monitora o leva
até a sua nova sala.
— Pronto,
está entregue. Diz a monitora rindo.
Ele não entende o riso, mas quando ele olha para a
sua nova professora ele acaba entendendo.
A professora tinha cara de brava e não era só cara
de brava, ela era realmente, extremamente brava.
Os Alunos a chamavam de Sargento Bruno.
— Senta
logo, e não vai ter a frescura de te apresentar para a sala, vocês vão se
conhecer no dia a dia, escolhe uma carteira logo, e já anota a lição que está
na lousa, que já vou apagar.
Donizete anota a lição e quando ele estava
terminando a professora apaga.
— Quem não
anotou, pega depois com o “amiguinho”, que copiou tudo.
Ela coloca um novo texto na lousa.
E a lição não parava, até o último minuto para o
intervalo.
O sinal do intervalo toca, mas ninguém se levanta,
Donizete ansioso fica olhando e os alunos só se levantam depois que a
professora autoriza.
— Podem
sair e não preciso avisar né, voltar antes do horário terminar, quem não voltar
no horário vai ficar para fora. Algumas crianças não saíram da sala e outros só
vão até o banheiro e volta correndo para a sala.
Donizete estava deslocado, dá uma volta e retorna
para a sala.
Um minuto para terminar o intervalo, a professora
levanta e fecha a porta da sala, algumas crianças ainda tentam bater na porta,
mas sem sucesso.
A lousa estava cheia de lição.
— Copiem
rápido, porque vou colocar mais.
Donizete copiava a lição e a professora apaga
novamente sem ele ter terminado de copiar.
Ele desiste e começa a desenhar no caderno.
A professora percebe que ele não estava copiando a
lição, ela se levanta e vai até o Donizete.
— Bonito!
Diz ela.
— Gostou?
Pergunta ele inocentemente.
— Não, isso
foi uma metáfora. Praticamente rosnando a professora.
— Não, isso
não é o Meta.. isso que a senhora disse, é
o He Man em cima do gato guerreiro.
— Seu
estupido, não estou perguntando, o que é, a minha aula não é aula de educação
artística. A professora toma caderno dele e o joga no lixo.
Donizete se levanta.
— Onde você
pensa que você vai rapazinho?
Donizete não diz nada a ignora e vai até a mesa
dela e pega as coisas dela e joga no lixo também.
— Seu
insolente, quem você pensa que é? Fala ela tentando impedi— lo.
— Sai da
minha sala, agora!!
Ela abre a porta e manda ele sair.
— Vocês
podem entrar, agora e deixa esse atrevido aí fora sozinho.
As outras crianças entram rapidamente.
Donizete encosta na parede e apanha um negócio que
havia caído da arvore que parecia um chacoalho, era uma folhagem dura com
sementes dentro, o que fazia parecer um chocalho.
Ele vai até a arvore e apanha outros, vai até a
porta da sala, há abre e joga dentro da sala.
A professora se levanta e tranca a porta com
chave. Donizete olha para cima e vê um vitro ele ataca pelo vitro a professora
fecha o vitro.
Ele pensa e dá a volta e ataca pela janela, a
professora há fecha também.
Donizete fica sem opção e resolve enfiar pedaços
de pedra na fechadura junto com pedaços de pau, entupindo a fechadura
impossibilitando de funcionar, e fica ali quietinho até o sinal de termino da
aula soar, ele vai embora e sai normalmente pela saída deixando a professora e
todos os alunos trancados dentro da sala de aula.
— E moleque
esperto! Grita o tio do Barriga.
Donizete procura de onde vem o grito e avista o
Tio do Barriga junto com o Boy irmão da Vania. Eles carregavam uma bicicleta de
corrida.
— E aí
garoto esperto, estamos precisando de uma ajuda para esconder essa bicicleta,
será que dá para colocar no fundo do quintal da casa da sua avó.
— Sim,
vamos lá.
Donizete entra na porta da frente e pede para o
Boy e o Tio esperar do lado, ele deixa o material no sofá ao lado de onde o
Alexandre estava sentado, o que chama a atenção dele e sai atrás do Donizete
que estava indo para o fundo do quintal junto com o Boy e o tio.
— Nó vamos
precisar pintar essa bicicleta. Diz o tio.
Quando ele termina de falar o Alexandre aparece
atrás deles.
Eles se entreolham e o tio diz.
— Nós vamos
pintar essa bicicleta aqui, estávamos precisando de um lugar para fazer isso.
Alexandre só observa e não expressa nenhuma reação
e volta para dentro de casa.
O tio e o Boy se entreolham e olham para o
Donizete.
Que dá de ombros.
Eles escondem a bicicleta e voltam para a rua.
— E garoto
esperto tem esquema para mais tarde, depois te dou um alô.
Donizete faz que sim com a cabeça.
Os dois homens vão embora.
Donizete se junta ao grupo de crianças que
começavam uma brincadeira.
— Vem
Donizete estamos precisando de mais uma para completar a equipe, você quer ser
ladrão ou Policial? Pergunta o Bomba.
— Quero ser
ladrão. Responde ele.
— Então já
fica aqui comigo do meu lado e vamos esperar quem mais vai ser ladrão.
Os outros meninos tiram Dois ou um, para ver quem
queria ser ladrão ou polícia e para ver quem começava.
— Aqueles que tirarem número um, vai ser policial
e número dois Ladrão. Explica o cabeção que era o chefe do time da polícia.
— Pronto
deu certinho, comigo e com o Donizete completou sete ladrões:
Eu o Donizete, o Perereca, Testa, Mi, Macaco e o
Sapo. Diz o Bomba.
Grupo da polícia ficou eu, o Morcego, o Japa,
Galo, Piolho, Alemão e o Coelho. Diz o Cabeça.
— Vocês
começam como ladrão e começam fugindo, nós vamos ter que capturar vocês e
deixar aqui na cela, onde pode ser resgatado por um ladrão que ainda não foi
preso e quando todos estiverem sido capturados, nós invertemos e vocês correm
atrás de nós. Só vale até o limite das Avenidas, entenderam. Explica e pergunta
o Cabeça.
Todos balançam a cabeça.
— Então vamos começar, vou contar até dez para
vocês fugirem depois disso os policiais vão atrás de vocês.
Ele começa a contar e os ladrões fogem.
— Nove, dez, pronto! — Aqui
vamos nós.
E assim começa a perseguição e a brincadeira.
Eles dão a volta no quarteirão e depois de algum
tempo eles capturam alguns da turma dos ladrões, sobrando só o Donizete e o
Bomba.
Donizete dribla e escapa, mas o Bomba e capturado.
Donizete se esconde e espera perto da cela, que os outros meninos saíssem para
procura- lo, deixando só um menino vigiando a cela.
Donizete sai do esconderijo e vem correndo o
menino tenta agarra-lo, mas ele desvia e salva o Bomba, que salva o Mi, que
salva o Testa e o Sapo e toda turma foge e praticamente começa tudo de novo. E
assim a brincadeira demora para acabar.
Donizete corria na rua de baixo e o Tio do Barriga
o chama.
— E aí
garoto esperto, vamos lá no esquema?
— Agora não
dá estou brincando.
— Não vai demorar, é rápido.
— É, mas eu
preciso me esconder.
— Então vamos até lá que ninguém vai te ver, vem
aqui por dentro da minha casa e a gente já sai na avenida.
Donizete concorda entra na casa no momento que os
meninos passavam correndo procurando por ele e passam direto sem vê-lo.
— Vamos Boy, já está na hora.
Boy se levanta de onde ele estava sentado o
Arquimedes se junta a eles e eles vão até um escritório de arquitetura.
— Pronto chegamos, eu e o Arquimedes te levanta
enquanto o Boy vigia para ver se não vem vindo ninguém.
— Depois que a gente te levantar, você vai até
aquele quadro de força e desliga puxando para baixo e depois só abre o portão
para gente da garagem.
Eles levantam o menino que faz exatamente o que
eles falaram.
— Pronto
agora deixa com a gente, se você quiser voltar a brincar, vai lá depois a gente
se fala.
Donizete retorna para a brincadeira ele pula o
muro da casa do Tio do Barriga e sai na rua. Ele vai correndo até o lugar onde
eles estavam fazendo de cela.
— Onde você
estava? — Ninguém te achava, te peguei,
pronto agora é a nossa vez. Grita o cabeça.
Mas a mãe do Coelho veio chama-lo para entrar para
casa.
— Pronto
agora estamos com um a menos.
— Eu também
tenho que entrar. Diz o Japa.
— Pronto acabou a brincadeira, vamos fazer outra
coisa agora então?
— Vamos
fazer uma fogueira. Sugere o Perereca.
— Boa. Diz
o Galo.
— Vamos pegar lenha na Veia Helena.
Eles pegam as lenham e acedem a fogueira e ficam
ali curtindo a fogueira conversando até que aparece o tio do Barriga o
Arquimedes e o Boy, eles traziam uma garrafa de vinho seco.
— E aí
molecada, quem quer Vinho?
Cabeção pega a garrafa e dá um gole, depois o
Perereca e por último Donizete.
— Vai ficar
bêbado desse jeito, divide essa garrafa entre vocês, nós temos mais duas
garrafas aqui, que roubamos lá naquele esquema.
As outras crianças não entendem nada e só olham
para o Donizete, que fica na dele.
— Essa
fogueira está chata, vamos pegar uns milhos e umas batatas lá no caminhão da
rua da Feira? Diz o Tio.
— Vem com a gente garoto esperto.
— E
molecada segura o vinho para nós até a gente voltar.
Donizete dá de ombros e vai com ele juntamente com
o Perereca.
Eles vão até a rua da feira onde o caminhão estava
estacionado.
O Tio do Barriga e o Boy soltam a corda da lona
que cobria a carga, já pronta para a feira. Donizete e o Perereca sobem no
caminhão e pegam uma melânica.
O Boy segura a melancia.
Depois eles puxam um saco de milho e o Arquimedes
segura o saco na cabeça e o leva embora.
— Procura
Batata! Pede o Tio.
— Achei
morango.
— Serve, dá
aqui, vai rápido só olha, para ver se acha batata.
— Achei,
mas o saco é muito pesado.
— Rasga
ele.
Ele rasga o saco e pega algumas batatas entrega para
o Tio, volta e pega mais.
Assim que ele estava pegando mais, um homem grita.
— O que vocês estão fazendo aí?
Donizete pula do Caminhão e o Perereca também,
eles correm.
Donizete olha para trás e percebe que conhecia o
homem dono do caminhão.
Donizete corre junto com o Tio, eles despistam o
homem e vão até a fogueira.
Chegando na fogueira.
— Pronto molecada, vamos comer, milho assado na
fogueira, batata com vinho seco e de sobremesa morango. Diz o Tio dando risada.
Eles jogam a abatata na brasa da fogueira e
espetam o milho com um graveto e ficam ali tostando o milho dando gole no
vinho.
Donizete sente a cabeça girar e começa a falar
mole.
— O Moleque está bêbado. Diz o Boy rindo.
Eles dão risadas.
— Agora só falta fumar? Diz o Arquimedes
oferecendo um cigarro acesso para ele. Ensinando como que faz para fumar.
Donizete tenta tragar e engasga.
Ele tosse, tosse sem parar.
Todo mundo ri.
— Eu quero água a minha garganta está ardendo
muito, acho que vou para casa.
Assim que ele termina a frase, ele vomita tudo que
ele comeu e bebeu.
Todo mundo ri e zoa ele.
Ele resolve ir embora.
Ele entra na casa dele.
Só estava o Alexandre sentado no sofá, o pai dele
estava no banheiro.
Alexandre tenta falar alguma coisa para ele.
— Não enche o saco. Diz ele para o Alexandre e
sobe para o quarto.
Os flashes do sonho continuam como os das noites
passadas.
O Escravo aparece no meio de fogo.
— Menino
acorda!
— Você
andou bebendo e fumando?
Ele faz que não com a cabeça
— Você está inalando álcool e a sua roupa está
cheirando a fumaça de cigarro.
— É a
fumaça é da fogueira.
— O meu amigo da feira, disse que viu você ontem
roubando fruta do caminhão dele.
— Que amigo?
— Aquele que te apresentei, na feira.
— Ele deve de estar me confundido.
— Também achei, mas ele insistiu que era você.
— Não era você, era?
— Não eu estava brincando de polícia e ladrão com
os outros meninos.
— E quem deu bebida para você?
— O Galo pegou um restinho da casa dele, a gente
só experimentou.
— Você quem sabe, olha o seu pai o que aconteceu
com a vida dele por causa da bebida, você é muito criança para esse tipo de
coisa, depois eu vou querer falar com a mãe desse menino, para saber a verdade.
— Agora levanta e vai tomar banho que você está
fedendo, nem tomou banho ontem e vou deixar o seu café na mesa, ou você quer
almoçar?
— Pode ser almoço vó.
— Está bem, vê se toma juízo, a minha irmã
Mercedes estava comigo e já queria e eu te colocasse na Febem.
Donizete arregala os olhos. E faz que não com a
cabeça.
— Lógico
que não, não é porque o outro da sua mãe não te quer mais lá e a minha irmã
acha que você é um problema para mim, falei que nunca faria uma coisa dessa com
você, que sofri tanto para te ter você de volta e agora não vou desistir de
você assim tão fácil.
Donizete se sente mal, pelo o que a avó estava
falando, ela pegou no psicológico dele. Ele levanta toma banho, almoça e vai
para a escola sem reclamar.
Na entrada da escola a Inspetora já o segura.
— Tenho ordens de só deixar você entrar, só se for
acompanhado do seu pai.
Ela o acompanha até a Diretoria.
— Menino
onde já se viu? — Trancar a professora na sala de aula, a professora não, a
turma toda, você não tem juízo, eu quero o seu pai aqui, não quero a sua avó,
você só vai entrar na aula se trouxer o seu pai, pode voltar para trás e voltar
com ele, que hoje você não frequenta aula.
— Mas ele está trabalhando.
— Não
interessa, ou traz ele ou você não assisti aula.
Ele dá meia volta e retorna para casa.
— Já
voltou? — Não teve aula?
— Não, eles querem que o meu pai vai na escola.
— Não pode
ser eu?
— Não tem que ser ele.
— O que você aprontou, agora?
— Eles que
são chatos.
— Eles são chatos? Essa é boa.
— E o que
você vai fazer o dia inteiro agora?
— Nada.
— Nada?
— Só não se
envolve em mais confusão!
Donizete sai e se senta no murinho e fica ali sem
fazer nada.
— E aí
garoto esperto?
— E aí tio e aí Barriga?
— Tá de boa?
— Sim.
— Quer ir
caçar passarinho com a gente na chácara e a gente aproveita e come umas
jabuticabas lá.
— Vamos, mas eu não quero matar passarinho.
— Eu fiz esse estilingue, ontem, usei uma tripa de
mico mais grossa, isso daqui mata até Urubu.
I! — Fecharam a entrada, nós vamos ter que pular o
muro.
Eles pulam o muro.
— Olha lá a molecada nadando no laguinho, não
adianta nada fechar o muro, todo mundo pula, para vir nadar ou pegar jabuticaba
nessa Chácara, porque aqui deve de ter mais de mil pés de Jabuticaba, fora os
pés macho, que são dá Jabuticabas gigantes, que cercam a chácara, é jabuticaba
para entupir até o fiatã.
Eles dão risada.
— Vamos nadar Barriga?
— Vamos e
tio vai indo que depois a gente te alcança.
Os meninos se juntam com as outras crianças, eles
tiram o short e a camiseta e pulam na água.
Havia um homem sentado na pedra só observando as
crianças.
Eles se divertiam com as outras crianças até
aquele homem, abaixar os shorts dele.
O homem estava com o membro duro e depois de
abaixar a calça, ele diz.
— Quem quer dez Cruzeiros para pegar no meu pinto?
Dizia o homem exibindo o pinto.
As crianças se afastam dele, Donizete tenta correr
e o homem o agarra.
— Vai moleque dá uma pegadinha que te dou dez
Cruzeiros.
Donizete joga água no homem, que acaba soltando
ele, e assim ele consegue ir mais para o meio do lago, fugindo para o outro
lado onde estava a roupa dele.
Donizete sai da água vestindo os shorts e chamando
para que o Barriga fosse rápido, mas o Barriga demora e o homem consegue pegar
ele.
Donizete corre para chamar o tio dele.
— Tio, tio, tem um homem querendo que o Barriga
pega no pinto dele.
— Onde isso?
— Lá no
lago.
O Tio corre e de longe ele arma o estilingue e
acerta o homem no pinto, que estava para fora forçando o Barriga segurar o
menbro dele, ele grita de dor e solta o Barriga e tenta fugir.
O tio do Barriga vai atrás dele e dá uma rasteira
fazendo o homem cair.
O Tio junta o homem pelo colarinho e dá uma
cabeçada no nariz do homem, que faz expirar sangue, o tio dá mais um soco no
homem e o solta, deixando ele no chão chorando de dor.
— Se eu te
ver por aqui de novo molestando a molecada eu vou te arrebentar na porrada,
agora some daqui. Diz o tio dando um chute na bunda do homem.
O homem dá um pulo com o chute e corre, pulando o
muro.
— Esses
tarados nojentos, vamos e vê se agora não sai do meu lado. Diz o tio bravo para
o Barriga.
Vamos comer jabuticaba depois eu tento caçar
passarinho.
Eles se esbaldam nos pés de Jabuticaba, era muita
jabuticaba.
— Essas
jabuticabas estão muito boas, mas as dos pés macho são maiores e melhores,
porém é muito perto da casa do dono da fazenda e ele e a mulher são muito
bravos e correm atrás da gente com facão.
— Vamos lá, mas nós temos que ter cuidado, eu
levanto vocês na árvore e vocês vão jogando as frutas que eu vou guardando no
saquinho para a gente comer depois sem perder tempo.
— Vem garoto esperto, sobe você primeiro no pé
perto do brejo.
— Pronto, agora você sobrinho.
Os meninos sobem nas arvores e vão jogando as
frutas para o Tio, que não resiste a suculência daquela fruta gigante vai
comendo e colocando outra no saco plástico.
O Saco estava quase cheio, quando o casal dono da
chácara aparecem gritando.
— O que você está fazendo aqui eu vou cortar o seu
bucho. Gritava o senhor seguido da esposa.
O tio estava mais próximo do sobrinho e pede para
ele pular rapidamente e o agarra sem deixa- lo cair.
— E o
Donizete tio, o que a gente vai fazer, agora?
— Eles já estão debaixo da árvore que ele subiu,
não dá mais tempo.
— E agora? —
Eles vão matar ele. Exclama o Barriga desesperado.
— Nós vamos
ter que esperar, para ver o que a gente possa ajudar ele. Diz o tio.
O casal batia os facões no tronco da arvore e
gritavam.
— Eu vou
cortar o seu pinto fora.
O senhor busca uma escada para subir na arvore a
coloca no tronco da arvore.
Donizete fica com medo e analisa a distância do
galho da arvore para o brejo.
Conforme o homem vai subindo na arvore, Donizete
se arrasta no galho em direção ao brejo.
O Galho começa a entortar e o Donizete pula no
brejo, os seus pés atolam a alguns metros da margem e ele não consegue se
mexer, para fugir.
— Homem desce da árvore e vem na sua direção para
se juntar a mulher que já tentava acertar o Donizete com o facão.
O Homem tinha o braço mais longo e se equilibra na
margem do brejo tentando acerta-lo.
O homem percebe que não vai acerta-lo, volta e
pega a escada e a joga no brejo chegando bem perto do Donizete.
O Homem se preparava para bater nele com o facão e
do brejo brotam lesmas negras, como se fossem raízes do chão, se enrolando no
homem e o arrastando até onde estava a mulher, se enrolando nela também,
levantando do chão, tomando os facões deles e direcionando para o pescoço
deles.
Donizete pensa rápido e grita.
— Não os
mates!
Os facões param centímetros do pescoço do casal.
— Só tire eles daqui.
Algumas lesmas, tiram o Donizete do brejo
carregando ele para fora do brejo.
— Acho que preciso parar de fumar maconha. Diz o
tio do Barriga para ele.
— Eu nem comecei e já parei. Diz o sobrinho.
As lesmas arrastam o casal até a casa e
desaparecem.
Donizete estava todo sujo de lama de brejo até a
cintura.
Donizete estava com uma expressão diferente e vai
na direção do Tio e do Barriga e diz.
— Vou ter que entrar de novo no lago para me
limpar agora.
O Tio e o Barriga estavam em choque e não esboçam
nenhuma reação.
— Vamos e
não esquecem o saco de jabuticaba, que deu trabalho para pegar.
O tio se abaixa pega o saco e pergunta.
— O que foi
aquilo?
— O que?
— Aquelas coisas que saíram do brejo e agarraram o
casal?
— Você está
fumando maconha de mais, foi lama que eu joguei neles e eles correram.
— Não eu também vi, pareciam cobras em forma de
raízes. Diz o Barriga.
Donizete ri.
— Era o galho que eu estava usando, para me
defender, você deu maconha para o seu sobrinho também?
— Não. Diz
o tio com cara de bobo e com a boca aberta.
Donizete entra no lago e o Barriga se junta a ele.
— Eu podia jurar no que vi. Diz o Barriga para o
Donizete.
Esquece isso e vamos nadar, que agora nós temos o
lago só para nós.
O Tio do Barriga fica sentado na pedra e coloca a
mão no bolso, tira um pacotinho de maconha, ele cheira a maconha e a joga fora
no lago.
Donizete sai do lago, pula para se secar.
— Chio! — Não
faz barulho. Diz o Tio.
Ele arma o estilingue se aproxima de um beija-flor
que voava na mata e solta a pedra acertando o passarinho.
— Acertei!
Ele vai até onde o passarinho caiu e o pega e
mostra par ao Donizete.
— Que dó, você matou ele para nada, é tão
pequenininho, não tem nem carne, será que não dá para ressuscita-lo, eu vou
leva-lo comigo, que dó.
Ele abre as asas do passarinho tão pequenininho e
fica admirando a beleza daquele ser, que era de um degrade que ia do roxo ao
verde, quase um amarelo, com o peito branco.
Ele pula o muro levando com ele o passarinho, o
coloca em uma caixinha e o deixa no jardin.
A sua avó abre a porta.
— O que você está fazendo aí menino?
— Salvando
um passarinho.
— Passarinho?
— Deixa pra lá, o seu pai foi lá na escola, você
trancou a professora junto com todos os seus amiguinhos dentro da sala de aula?
Donizete não fala nada.
— Tiveram que chamar um chaveiro, para tirar a
professora de dentro da sala e cobraram os custos do chaveiro do seu pai.
— Não vai falar nada?
— Vou falar o que?
— Tá bom, amanhã você já está liberado para
assistir aula, parece que a professora quer, que você continua na sala dela,
porque ela quer me ajudar a educar você.
Donizete olha para ela se abaixa e abre a asa do
passarinho.
— Solta esse passarinho, ele já está morto.
Donizete, embrulha o passarinho e o enterra no
jardin.
— Você está esburacando todo o meu jardim, por
causa desse passarinho. Diz ela empurrando ele.
Com o empurrão ele se desiquilibra e cai para o
lado.
Ele olha para ela se levanta e sai para a rua.
Donizete vi até a casa da Vania, ela estava
sentada no muro.
— OI! Estamos brincando de mãe da rua, quer
brincar com a gente?
Donizete faz que sim com a cabeça.
— Então, você fica no meu time, só deixa terminar
essa partida, só falta a Vera.
A brincadeira termina e eles começam uma nova
partida.
Eles tinham que atravessar a rua de uma calçada a
outra, pulando só em um pé, não podia colocar os dois pés no chão e sem deixar
que o outro time que ficava no meio da rua, encostasse neles.
Donizete e a Vania atravessam com sucesso dando
risada.
— Vamos de mão dadas agora?
Eles atravessam pulando em um pé só de mão dadas.
— Conseguimos. Diz ela dando um beijo nele, que
corresponde o beijo dela.
— Vamos parar com essa putaria, estamos brincando
de Mãe da rua e não de Beijo abraço e aperto de mão. Diz a Rute irmã da Vania.
Eles continuam a brincadeira, até enjoarem.
— Chega! — vamos fazer outra coisa? Pergunta Vania.
— Já sei vamos brincar de: “estreia nova cela”.
Diz a Vera.
— Boa, mas sem passada de mão. Diz a Elaine.
— Ha!! exclama os meninos.
— Marcio como vocês perderam na mãe da rua, você
começa como mula. Diz a Vera.
O rapaz se posiciona colocando a mão nos joelhos,
para que os outros pulassem por cima dele fazendo o que o primeiro mandasse.
A vera pula ele com uma mão fechada e a outra
aberta dizendo:
— Um bife e uma bata!
E todos atrás dela fazem o mesmo.
— Coice de mula. Diz ela pulando por cima do
Marcio e batendo com o pé na bunda dele.
Alguns acertam. E a Elaine erra.
— Você errou Elaine agora, você fica de mula na
cela.
Marcio pela ela batendo a bunda na costa e diz:
— Amassa
tomate!
E todos fazem, alguns faziam com tanta força que
chegava a derrubar a Elaine.
Rute cochicha alguma coisa na orelha dele.
Marcio pula passando a mão na bunda dela dizendo:
— Passadinha de mão.
A Elaine se levanta reclamando.
— Eu falei que não era para fazer essa.
— Se você se recusar, vai ter que tomar castigo.
Diz a Rute.
Elaine reclama, mas vota para posição e todos
pulam ela passando a mão na bunda dela dando risada.
— Não quero brincar mais. Fala a Elaine brava e se
sentando na calçada.
— Para de ser estraga prazer. Diz a Vera.
— Não quero mais e pronto.
— Chega vai, também cansei e já está tarde. Diz a
Rute.
Eles se sentam na calçada aos pares, só a Rute
fica sozinha.
Vania puxa o Donizete.
— Vamos dar
uma volta, vem.
Eles vão andando de mãos dadas e ela o arrasta
para dentro de um dos carros para o desmanche.
— Ontem você não apareceu senti a sua, estava
morrendo de saudade e agora eu quero te beijar muito.
Eles ficam dentro do carro se amassando e as
coisas esquentam.
— Eu quero que você tire a minha virgindade, mas
deixa eu ir por cima, que eu acho que assim eu consigo.
Ela senta por cima dele, puxa a calcinha de lado e
se ajeita nele e vai se entregando devagarzinho.
— Conseguimos, doeu um pouquinho, mas agora está
gostoso.
Ela abraça ele e o beija e continua por cima dele.
Alguém abre a porta do carro bruscamente e a puxa ela
de cima dele.
Era o Boy irmão dela.
— Eu sabia que isso iria acontecer, eu sabia,
vocês são crianças e agora?
— Vamos para casa eu vou contar para a mãe e você
depois a gente conversa.
Diz o Boy bravo com o Donizete.
Donizete sobe para a casa dele, ele entra na sala
onde estavam o pai dele e o Alexandre sentados na poltrona e a sua avó sentada
no outro sofá sozinho.
— Apareceu a margarida. Diz o Pai dele.
— O que
você aprontou na escola menino? — Trancou a professora e os seus amiguinhos na
sala de aula, onde você estava com a cabeça?
Donizete dá de ombros.
— Menino você não pode fazer essas coisas, a sua
avó também falou que você aprontou outras coisas, você precisa se comportar,
você já é quase um homenzinho.
Donizete não fala nada e só olha para o pai dele e
não escutava mais nenhuma palavra que o pai dizia.
— Vai
tomar, banho para você jantar, vai, a vó fez pizza quadrada para você.
Donizete estava com dor de barriga de tanta
jabuticaba que havia comido, mas ele não conseguiu fazer cocô, ele fazia força
e caia só alguns caroços de jabuticaba, mas não aliviava.
— Vó estou entupido, não consigo fazer cocô.
— O que você comeu menino?
— Eu comi muita jabuticaba, hoje lá na chácara.
O pai e o primo do pai e avó, dão risada.
— Então é
isso, você vai ter que tomar óleo de rícino, deixa eu pegar uma colher para
você.
A avó vai até o armário e pega um tubo de óleo e
uma colher, ela a enche com óleo e dá para ele beber.
Ele faz uma cara feia.
Agora espera alguns minutos para fazer efeito.
Ele fica sentando na privada esperando fazer
efeito por alguns minutos.
Ele sente um cólica muito forte e a dor de barriga
fica pior, ele se desespera faz força e faz força até conseguir, ele fez tanta
força que chegou a sair sangue.
— Ufá! — Que alívio.
— Conseguiu menino?
— Sim.
— Toma banho logo para a gente jantar!
Ele toma banho come a pizza, assisti “Esquadrão
classe A” que passava na televisão, se aconchega no colo da avó e adormece.
No seu sonho, estava a Regina e a Vania, a Regina
era bem mais alta que a Vania, eles carregavam flores de um jardim, as flores
pegavam fogo e sumiam, ele começa a cair
em um rodamoinho sem fim e o Escravo aparecia dizendo palavras incompreendidas
e sumia.
Na manhã seguinte ele acorda na sua cama e sente
uma ardência na bunda, acha estranho, mas dá de ombro, vai para o banheiro,
lava o rosto e toma café.
— O seu pai
esqueceu de te falar, que hoje você precisa ir mais cedo para a escola, parece
que vai ter um evento.
— Vichi, faltam 20 minutos.
— Então corre. Diz a Avó.
Ele sai correndo e chegando na escola, haviam dois
ônibus parados na entrada.
Um dos amiguinhos, grita para ele.
— Vem, sobe
no ônibus, nós vamos no programa de televisão.
Ele sobe no ônibus e se senta ao lado do amigo.
A professora sobe no ônibus, olha para ele e diz.
— Você não, você não vai, pode descer, criança mal-educada
que não sabe se comportar, não pode ir, porque vai fazer a escola passar
vergonha.
A professora retira ele do ônibus e pede para a
inspetora o levar até a sala de aula dela, onde já estavam as outras crianças
que não iriam participar do programa, porque não haviam se comportado direito.
Donizete se senta na carteira e a inspetora diz.
— A professora pediu para copiar a lição que está
na lousa e depois que terminar é para você resumirem esse livro, para a lição
de português, depois que terminarem, para matemática é para escrever dez vezes
a todas as tabuadas do um ao dez.
Ele olha para a lousa, procura pela sua mala, que
estava no mesmo lugar que ele havia deixado a dois dias atrás, ele a abre pega
o caderno e o estojo de lápis e começa a lição.
A inspetora se senta na mesa da professora e os
monitora.
AS crianças começam um burburinho e a inspetora
pede para ficarem quietos.
E assim eles permanecem até o horário do almoço,
as crianças almoçam na Cantina da escola e tiram um intervalo de uma hora.
Eles jogam bola na quadra, brincam de pega-pega.
Uma pipa enrosca no alto da tela, que tinha
aproximadamente sete metros de altura e era a tela que separava a quadra da
rua.
Um menino da rua, já começava a subir na tela para
pegar a pipa.
Donizete sobe mais rápido que o menino e pega a
pipa na frente dele.
O menino fica bravo e tenta chutar a mão do
Donizete encaixada na tela para descer, Donizete desvia e desce tão rápido como
subiu.
Donizete fica tirando sarro do menino, que começa
a xingar.
A inspetora que tinha visto tudo, toma a pipa do
Donizete e devolve para o menino da rua, que sai tirando sarro dele.
Donizete não gosta nada, mas acaba deixando pra
lá.
A sirene do intervalo soa e a inspetora pede para
que todos voltassem para a sala.
E assim continuam as atividades.
O tempo passa e o pessoal que havia ido para o
programa de televisão, retornam fazendo algazarra, só parando quando a Sargento
Bruno, aparece na porta e todos se calam.
— Nós ainda temos uma hora e alguns minutos, por
isso eu quero que vocês copiem a lição da lousa.
— Professora.
— O que foi?
— A minha caneta sumiu. Diz uma menina.
— A minha lapiseira também. Diz outra menina.
— A minha borracha também. Diz um menino.
— A minha caneta também. Mais um menino.
— O que está acontecendo aqui? — Sumiram todas as coisas, nós temos um ladrão
entra a gente?
— Quem foi que pegou as coisas dos outros
amiguinhos?
Ninguém responde.
— Se ninguém se manifestar e não devolver, eu vou
pedir para chamar o policial lá da frente da Ronda da escolar.
— Quem foi, Donizete eu aposto que foi você, você
ficou aqui na sala enquanto os seus amigos foram para o programa de televisão,
deixa eu ver as suas coisas.
— A professora pega a mala dele e tira tudo de
dentro e vira a mala de ponta cabeça e a chacoalha, a mala faz um barulho, mas
não cai nada.
— Não tem nada aqui e o barulho que faz deve de
ser dessas fivelas.
— Mas como? —
Só pode ter sido você.
A sala ficou aberta na hora do intervalo e alguém
pode ter entrado e ter pego. Se defende o Donizete
— Se não aparecer as coisas das crianças eu vou
pedir para chamar o policial, porque isso é caso de polícia.
Novamente fica um silêncio e a professora pede
para a inspetora chamar o policial da ronda escolar.
Os policiais aparecem na porta da sala.
— Pode entrar. Diz a professora
Assim que o policial, a professora vai ao encontro
dele e fala alguma coisa no ouvido dele, e automaticamente ele olha para o
Donizete.
— Boa tarde, crianças! — Como a professora já
havia falado, precisamos que o material doas amiguinhos sejam devolvidos, caso
contrário teremos que revistar um por um e se for o caso até ir para a
delegacia.
O silêncio novamente permanece na sala.
— Pois bem, vamos começar por esse rapaz aqui.
O policial vai até o Donizete e faz a mesma coisa
que a professora fez e nada consta. O policial vai o armário que tinha no fundo
da sala e olha em cima e olha em baixo e constata que não tinha nada ali, olha
novamente embaixo da carteira do Donizete e balança a cabeça.
O policial anda pela sala e vai até a professora e
diz.
— Não encontramos nada senhora, o que a senhora
quer que a gente faça?
— O menino tem razão, a sala ficou aberta na hora
do intervalo, tinha até uns meninos que pularam na escola atrás de pipa, pode
ter sido um deles. Relembra a inspetora.
— Pode ser, vou dar uma volta no quarteirão para
averiguar. Diz o Policial.
O Policial Sai da sala de aula e a professora,
ainda olhava desconfiada para Donizete e o sinal da saída dos alunos soa.
Donizete vai saindo e o Alemão se junta a ele.
— O programa de televisão foi muito legal, tinha
muitas brincadeiras e prêmios, vai passara domingo na televisão, vou assistir
para ver se apareço.
Donizete não dizia nada, só olhava para o amigo
contando sobre o passeio.
Eles vão andando e quando já estavam bem perto de
casa, Donizete pede para ele esperar.
— Essa lapiseira é sua?
— Sim, carraca, foi você mesmo, não acredito, você
enganou todo mundo. Diz o alemão rindo.
— É, mas não fala nada para ninguém, não vai me
caguetar.
— É lógico que não.
— Você é louco, mas como você conseguiu esconder
dentro da mala, porque a professora e o policial viraram ela de ponta cabeça e
não caiu nada.
— Essa mala tem um compartimento secreto no forro,
se você enfia a mão por dentro, consegue esconder o que quiser e não vai cair
porque, o forro não deixa. Diz ele rindo.
— Do que vocês estão rindo? Pergunta o Morcego no
caminho deles.
— Esse louco aqui, se eu te contar você não vai
acreditar no que ele fez?
O Alemão conta a história para o Morcego, que dava
risada da história.
— Vamos chamar os caras, pra gente brincar de
polícia e ladrão.
Eu quero ser o ladrão. Diz o Donizete rindo.
Os três dão risada.
— Eu só preciso ir guardar a minha mala, vamos lá
comigo.
— Eles vão até a casa do Donizete e estava tudo
fechado.
— Acho que a minha avó saiu e agora?
— Já sei, vocês me ajudam a entrar pelo vitro da
cozinha?
Os dois meninos ficam olhando para estranhando o
que ele tinha acabado de dizer.
— Vem comigo, eu vou segurar no vitro e vocês dois
só tem que levantar a minha perna, vai cada um segura uma.
Eles levantam ele e o Donizete começa a entrar
pelo vitro enfiando primeiro a cabeça, o morcego achando aquilo engraçado perde
a força e solta a perna dele e o alemão não aguenta e solta também, deixando o
Donizete pendurado pelo pescoço, quase quebrando o pescoço dele. Donizete se
debate e grita:
— Me ajuda. Os meninos riam muito, mas levantam a
perna dele rapidamente antes que ele se machucasse.
Ele entra pelo vitro, se apoia na pia e pula para
o chão, abre a porta da cozinha dizendo.
— Porra meu, vocês queiram me matar, quase quebrei
o pescoço, vocês me deixaram pendurado pelo pescoço.
Os dois riam que não se aguentavam.
Donizete guarda a mala e só encosta a porta da
cozinha e vai para a rua.
Eles encontram os outros meninos dividem- se em
dois times, Polícia e Ladrão e começam a brincar.
Donizete corria pela rua de baixo e dá de frente
com o Boy.
— E aí pirralho, vamos fazer aquela fita hoje.
— Que fita?
— Aquela que você estava me devendo.
— Ah tá.
— Me encontre aqui na esquina daqui duas horas,
Diz o Boy.
— Ok, combinado.
Donizete continua a brincadeira, mas perdeu a
concentração e foi capturado.
O tempo passa a brincadeira acaba e o Donizete vai
de encontro com o Boy na esquina combinada.
— Chegou na hora pirralho.
Donizete faz que sim com a cabeça.
— Vamos
nessa então.
— O esquema vai ser o seguinte, nós vamos pegar
duas bicicletas dentro de uma garagem de uma casa, eu vou te descer dentro da
casa por um terreno que fica ao lado dessa casa, você vai encaixar a roda da
bicicleta nesse gancho e guiar a bicicleta para que ele suba sem fazer barulho
ou enroscar.
— Chegamos, a casa é essa.
Eles pulam no terreno e vão até o muro que
separava a casa.
— Eu vou te descer segurando os seus braços.
Donizete se pendura no muro e segura na mão do Boy
que o desce até próximo do chão., ele anda devagarzinho pega a primeira
bicicleta, leva até o muro, o Boy abaixa a corda com gancho e juntos eles
levantam a bicicleta, sem fazer barulho, Donizete vai até a segunda bicicleta,
a pega e a coloca no gancho.
Quando a bicicleta estava sendo alçada, o pedal da
bicicleta roda e bate no telhado fazendo muito barulho, a luz da varanda
lateral da casa se acende e uma mulher abre a porta e vê o Boy e o Donizete
dentro do quintal e ela começa a gritar.
— Ladrão, ladrão!
Um homem aparece na porta gritando também e
correndo na direção do Donizete.
O Boy termina de puxar a bicicleta e o Donizete
gritava para ele:
— Me dá a mão, me dá a mão.
O Boy aparece no muro e diz para ele.
— Agora estamos quites, pela minha irmã.
E desaparece deixando o Donizete naquela situação
dentro do quintal.
Donizete olha para o homem que já descia o segundo
lance de escadas e na parede aparecem lesmas formando degraus para ele subir,
ele agarra nos degraus e quando o homem chega perto dele, uma mão formada de
lesmas o impede de segurar o Donizete, que consegue subir rapidamente, pulando
no terreno onde o boy havia deixado a segunda bicicleta. Ele joga a bicicleta
por cima do muro na rua, pula o muro e dispara com a bicicleta, um segundo
homem já estava saindo pelo portão da casa tenta correr atrás do Donizete, que
pedalava a bicicleta rapidamente para tentar fugir, ele atravessa avenida com a
bicicleta, sem olhara para os lados, os carros freavam e buzinavam quase sendo
atropelado e se distância do homem que vinha correndo atrás dele, mas um a
carro para ao lado do homem, que abre a porta para ele e ele entra, continuando
a perseguição.
Donizete já descia a rua da sua casa, mas ele
avista a sua avó e o seu pai e o Alexandre no portão e passa direto tentando
não ser percebido por eles.
Mas o Alexandre o vê e vai até na esquina
verificar o que estava acontecendo e verifica o Donizete entrando com a
bicicleta no terreno baldio do final da rua se escondendo.
Logo em seguida passa um carro procurando alguém.
Alexandre percebe que tinha algo de errado e vai
até onde o Donizete havia se escondido.
— Porque você está se escondendo? — O que você está aprontando?
— Nada, e essa bicicleta de quem é?
— É de um amigo.
— Mentiroso, você roubou, essa bicicleta, daquele
pessoal do carro que passou te procurando.
— Não é não.
Não é?
— Eles
estão voltando vou perguntar para eles então.
Não! — Não
faz isso, por favor!
— Então eu tinha razão, você sabe o que quero
agora né.
— Não por favor.
— Ou você faz o que quero ou eu vou chamar os
homens, eles estão parados lá na esquina procurando você, e na noite passada eu
enfiei um dedinho no seu cuzinho, na hora que te carreguei para a cama, me
deixou louco, quero ver esse cuzinho.
— Por isso que estava ardendo, seu filho da puta.
— Vai mostra a bunda para mim ou vou chamar os
homens e ainda vou contar par o seu pai que você anda roubando bicicleta.
Está bem. Donizete concorda e abaixa a calça e
vira de costa para ele.
Alexandre começa a se masturbar e tremer, mas ele
não se contenta e agarra o Donizete por trás.
Donizete gritava para ele soltar ele, mas o
Alexandre já era um homem forte e segurava ele com força e começa a penetrar no
menino usando a força.
— Me solta, aí está doendo muito, me solta.
Mas o homem sem dó penetrava com mais força no
menino, e o sangue já escorria pela perna dele.
— Aí está doendo muito, está me rasgando, está me
machucando, tira eu não aguento mais, está doendo a minha barriga.
O homem sem dó dá uma estocada mais funda e começa
a tremer ejaculando dentro do menino.
Donizete perde as forças e o homem o solta e ele
cai no chão se contorcendo de dor, abraçando e juntando os seus joelhos.
O Homem estava com os olhos fechados, ainda com as
calças arriadas e do chão, começam a brotar lesmas formando um homem forte com
o membro gigante ereto.
Quando Alexandre abre os olhos e olha aquela
figura na sua frente, ele pergunta.
— Quem é você?
Mas aquele vulto de um homem formado por lesmas,
não responde e o ataca se enroscando nele, a figura de um homem forte de lesmas
o agarra por trás e uma lesma gigante penetra no homem, que gritava.
— Me perdoa, não por favor.
Mas, quando mais ele gritava mais lesmas
penetravam no anus dele e outras entravam pela boca, não deixando ele gritar.
E mais lesmas estavam entrando no homem, que
começava a rasgar ele no meio, separando ele em duas partes espirando tripas e
sangue para todos lados.
Donizete recupera as suas forças e vê todo aquele
sangue e tripas no chão e o Alexandre dividido em dois no chão.
Ele tenta andar e sente muita dor, ele olha para a
sua perna que tinha sangue e quando ele andava, descia mais sangue, mas ele vai
andando até a sua casa a sua avó e o seu pai estavam na cozinha.
Ele entra no banheiro e senta na privada, que é
tomada por sangue, ele estanca o sangue com papel higiênico, joga o papel
dentro da privada, para não deixar amostra e dá descarga, ele liga o chuveiro
se limpa e limpa a privada também, ele lava a sua roupa no chuveiro e o se
sangue corre para o ralo.
Ele fica alguns minutos com a água do chuveiro
caindo no seu corpo pensando, no que tinha acontecido e se ensaboa várias
vezes, se sentindo sujo.
Ele desliga o chuveiro, se enxuga e na toalha
ainda fica uma pequena mancha de sangue. Ele abre a porta rapidamente e pega
uma cueca e o pijama na roupa para passar, ele pega um pedaço de papel
higiênico e coloca junto com a cueca e veste o pijama e sai normalmente.
— Vem
jantar. Grita a avó.
— Estou sem fome, e estou cansado vou para o
quarto.
A avó vem até a sala conferir e ele já havia
subido para o quarto.
Ele deita na cama e fica olhando para o teto,
relembrando o que tinha acontecido e chegava a sentir cólicas.
Ele se contorce na cama e encolhe o seu corpo e
fica assim até adormecer.
Fazia um dia lindo na fazenda, a grama se estava
se recuperando, mudando de carvão para verde, o céu estava azul e brilhava um
sol lindo, os passarinhos voltavam a cantar e alguns animais voltavam a surgir.
O Coronel surge na colina atrás dele vinham as
crianças e no cavalo ao lado estava a Regina e trazia alguém na garupa dela,
era alguém de cabelo vermelho, que dali não conseguia ver o rosto.
Eles chegam até o Donizete rapidamente.
— Donizete, Donizete. Gritava a Regina descendo do
cavalo e abraçando ele sem parar.
— Que saudade, que eu estava de você, eu não te
vejo mais na casa da sua mãe e também não conseguia falar com você nos sonhos.
Donizete estava olhando para ele sem acreditar e
sem entender o que estava acontecendo, ainda mais quando ele olhou para o
cavalo de onde a Regina desceu era a Vania que estava na garupa dela.
— Estou confuso, não estou entendendo. Fala ele
olhando para a Vania e para a Regina, tentando entender.
— Calam eu te explico. Fala o coronel chegando
perto dele.
— As crianças também correm para abraçar ele.
— Nós estávamos sendo bloqueados pela ira do
escravo, ele estava obcecado a se vingar do primo do seu pai, o Alexandre,
porque ele era um dos capangas do Coronel Garcia e foi ele que armou toda
aquela armadilha para ele, além de dar muito chicotada no escravo, quando ele
tentou pedir ajuda e a cada vez que você se machucava, ele se sentia culpado e
a sua decepção o deixava mais ansioso para se vingar e não deixar nenhum mal te
acontecer, mas ele também foi ficando alguns segundo bloqueados, devido as
transformações que foram acontecendo com ele, a cada ato de violência exagerado
que ele ocasionava, uma parte dele se transformava um pouco em demônio, era por
isso que eu pedi para você pedir para ele não ser tão truculento e violento, a
cada pessoa que ele matava com extrema violência, uma parte dele se tornava
demônio .
— Então era por isso que ele estava cada vez,
ficando mais forte e a voz dele também mudou e nasceram chifres nele.
— Sim, e isso fez com que todo o nosso mundo desse
lado ficasse do jeito que ficou, a fúria e ódio que ele sentia pelo Alexandre,
foi transformando tudo aqui e só acabou quando ele o matou.
— E onde ele está agora?
— Ele está naquele lugar que não gostamos de
pronunciar e levou a alma do Alexandre junto com ele, a missão dele foi
concluída, mas da maneira errada e o seu destino foi ir parar no lado escuro e
agora acho que nunca mais nós vamos velo novamente, a não ser que sejamos como
ele foi e assim teríamos o mesmo destino.
— E você como está meu amor, aquele monstro te
machucou?
Donizete olha para a Regina com um pouco de
vergonha.
— Não tenha vergonha, você não teve culpa era mais
um da quadrilha do Coronel Garcia, que tinha o propósito de só te machucar.
— Mas e ela?
— A ruivinha, ela é linda né.
— Você não está com ciúmes dela? Pergunta
Donizete.
— Ciúmes, não o coronel me explicou que isso só
nos fortalece, quanto mais amores nós tivermos, mas forte ficamos e não
acontece com a gente o que aconteceu com o escravo que alimentou o seu ódio e a
sua fúria e se tornou, no que se tornou, o perdão nós salva, mas precisamos de
justiça, para poder evoluirmos e o seu amor por ela é carnal e atual e terreno,
o nosso é espiritual, quando tudo isso terminar, nós voltaremos a ficar juntos
novamente.
A Vania desce do cavalo, ela estava um pouca
confusa também e com medo.
— Mas como ela chegou aqui? Pergunta Donizete
— Eu fui busca-la. Diz a Regina.
— Ela apareceu no meu sonho e dizia que era sua
amiga também e me dava a mão para subir no cavalo. Fala a Vania ainda um pouco
assustada.
— Calma meu anjo, agora está tudo bem, fala a
Regina abraçando ela e o Donizete.
A fazenda estava se modificando rapidamente, quase
não tinha mais sinais de queimado.
— E o ex.
namorado da Regina, o que aconteceu com ele Coronel?
— Infelizmente
ele se aproveitou da situação e fugiu para o lado negro, também não sabemos o
que pode ter acontecido com ele, se será um escravo ou se vai reencarnar, se
ele reencarnar, teremos que começar tudo de novo, porque agora faltava pouco,
só Coronel Garcia e eu já até suspeito de quem seja, mas teremos que ter calma
esse é o mais perigoso.
— Mas chega de falar disso, vamos nos divertir,
vamos aproveitar, estava com saudade disso tudo, vamos cavalgar pelos campos
para que as flores voltem a florir, vamos espalhar o nosso amor.
Donizete sobe no cavalo, a Regina sobe na garupa
dele e diz.
— Coloca a
Vania na frente.
Ele dá a mão para ela e ela se encaixa entre o
pescoço do cavalo e o colo dele, ele a abraça segurando a rédea e a Regina
abraçava ele forte e assim eles começam a cavalgar e por onde eles passavam
flores, árvores e relva nasciam.
Donizete acorda com a sua avó chorando ao lado da
cama dele.
— Porque a senhora está chorando?
— O Alexandre morreu, encontraram ele aos pedaços.
Donizete faz uma cara de tanto faz.
— Quem faria uma coisa dessa com ele, ele era um
homem tão bom, não fazia mal para ninguém.
Donizete faz uma cara de até parece e vira os
olhos, e pensa como se quisesse dizer para ele.
— Se a senhora soubesse da verdade.
A avó estava aos prantos e desse as escadas.
Donizete se senta para levantar e sente uma
fisgada de dor, ele vai até o banheiro e retirar o pedaço de papel higiênico
que estava sujo de sangue e pensa.
— Não faz mal para ninguém?
Ele não queria saber sobre nada relacionado ao
Alexandre.
A sua avó o chama e mostra para ele o fliperama
que o Alexandre tinha construído, depois que a avó entra ele joga o fliperama
na rua.
Quando ele estava voltando, ele percebe que a
terra do jardim onde ele havia enterrado o beija -flor, estava se mexendo e
surge o passarinho todo sujo, se sacode para tirar a terra, ele estava vivo,
são e salvo, voa e vai embora, ele fica olhando o passarinho voar até sumir de
vista, ele entra e se senta no sofá, ele
estava pensativo e quieto, não queria sair para a rua, estava com vergonha como
se alguém soubesse o que tinha acontecido e assim ficou o final de semana
trancado dentro do seu quarto.
Como a sua avó estava chateada com a morte do
sobrinho, deduziu que ele estava daquele jeito pela morte do sobrinho dela e
não interferiu no comportamento dele.
A semana recomeça e ele vai para a escola
normalmente, estava quieto na sala de aula, não aprontava nada, mas também não
participava da aula.
Em um determinado dia desses, os alunos se
manifestam dizendo:
— Professora eu achei a minha lapiseira, estava
dentro da minha mochila.
— Eu achei a minha caneta estava debaixo da minha
carteira no fundo.
— Eu também achei a minha caneta, estava no meu
estojo de lápis de cor.
E assim as crianças acharam os seus pertences.
A minha lapiseira estava em casa. Diz o alemão
piscando para o Donizete.
A semana do Donizete foi dessa maneira, triste
para ele e feliz para os outros, a professora até estava estranhando ele e se
sentindo vitoriosa, acreditando que ela que havia dado um jeito nele.
O final de semana chega e a sua avó pede ajuda
para a vizinha, para que os filhos dela brincassem com o Donizete para ver se
ele se animasse.
E assim o marido da vizinha o leva de carro para
um parque para que eles brincassem.
Donizete vai na janela sentindo o vento na cara, e
aquela sensação de liberdade, lhe dá uma animada
Donizete leva a pipa dele e no parque eles
brincavam com as pipas, mas eles estavam brincando muito perto da área onde era
reservado para a prática de aeromodelismo e em uma dessas escapada com a sua
pipa, a pipa se enrosca na guia de em um desses aviãozinho que arrebenta a
linha do Donizete levando a pipa dele na guia do avião.
O homem estava bravo e briga com ele dizendo que
ele podia ter derrubado o avião dele, mas devolve a pipa para ele.
Donizete conserta a sua pipa e a coloca novamente
no ar.
Ao longe haviam vários paraquedas no ar.
Donizete manobra a sua pipa e corta um desses
paraquedas.
Ele festeja muito, mas o que ele não sabia era que
aqueles paraquedas era para vender e o vendedor vem na sua direção e a empurra
no chão quebrando a linha da sua pipa e a soltando.
O pai dos seus amiguinhos vendo o que estava
acontecendo, vai tirar satisfação com o homem, que gritava de volta para ele.
— Quem que vai pagar pelo meu prejuízo?
O pai dos amigos dizia para o homem.
— Se era para vender, você não deveria coloca-los
no ar, deveria deixar embalados.
O homem resmunga alguma coisa incompreensível e
vai embora reclamando.
— E agora, do que a gente vai brincar? Pergunta um
dos meninos.
— Eu quero ir no pula-pula inflável. Diz o filho
menor.
— Vamos lá, que eu vou pagar para vocês brincarem.
O pai paga para homem, e eles entram dentro do
pula-pula e se divertem.
Mas o homem fala que o tempo acabou.
— Mas já! fala o Donizete.
— Já, se quiser brincar mais fala para o seu pai,
pagar se novo.
Ele não é meu pai.
Não interessa, que quer brincar mais, em que pagar
de novo. Fala o homem bem estupido com eles.
O filho menor vai até o pai chorando, dizendo que
queria brincar mais.
E o pai também estranha que o tempo foi muito
curto.
— Moço, você marcou o tempo certo? — Isso foi
muito rápido.
— O brinquedo é meu e eu marco o tempo que quiser,
se as crianças quiserem brincar mais, vai ter que pagar de novo. fala o homem
curto e grosso.
Enquanto o pai discutia com o vendedor, Donizete
encontra um prego no chão e o coloca no bolso.
O pai dos amigos se acerta com o vendedor e acaba
pagando de novo.
— Aproveitem bastante, porque não vou pagar de
novo, essa é a última vez. diz o pai para o filho menor.
Eles entram novamente no brinquedo e junto com
eles entram outras crianças, eles pulam se divertem e o Donizete tira
discretamente o prego do bolso e fura o brinquedo, que se rasga pelo furo e
esvazia rapidamente prendendo todas as crianças lá dentro e vira uma gritaria e
correria para sair do brinquedo.
Donizete sai rindo.
— Vem crianças agora vamos embora, chega, vamos
para o carro que já vou pagar o estacionamento, já que estou aqui.
Eles entram no carro e o Donizete abre a janela
instantaneamente e quando o carro passa perto do homem do brinquedo inflável,
Donizete joga o prego perto do homem do brinquedo.
O pai dos meninos viu ele jogando alguma coisa de
ferro, que fez um barulho de metal ao cair no chão, ele olha pelo retrovisor e
vê o Homem olhar para o chão e olhar para o Donizete que mostrava a língua para
ele gesticular e xingar, ele acelera o carro e olha pelo o retrovisor central,
de dentro do carro, ele olha para trás, para o Donizete e dá um sorrisinho para
ele querendo dizer, “— Bom trabalho, bem
feito”.
Eles entregam o Donizete na casa dele e a avó
pergunta;
— Ele melhorou, se divertiu e não deu trabalho?
— Melhorou sim, brincou bastante, aprontou
bastante, mas não deu trabalho não. Diz o pai dos meninos piscando para ele.
— Que bom, muito obrigado.
— Nada, que isso, para isso que serve os vizinhos.
Donizete estava um pouco mais animado realmente,
já estava falando um pouco mais, ele janta com a avó assisti televisão com ela,
eles jogam baralho, jogo Escopa e vai dormir.
Ele sonha que está cavalgando com a Vania na
frente e a Regina a trás, o coronel ao seu lado estava sorrindo e dizia: “— Vamos nos divertir, esquece o que aconteceu,
já foi julgado, faça como esse nosso novo amiguinho, esse passarinho, um beija— flor que perdoou e agora está aqui com a
gente, aproveitando esse paraíso”.
Donizete olha para o passarinho, que era
exatamente o beija-flor que ele levou para casa, o passarinho acompanhava eles,
dando pequenas paradas para beijar algumas flores.
As crianças também sorriam e se divertiam
cavalgando no meio das flores.
— Levanta vamos na missa comigo, e quero ver se te
coloco para fazer primeira comunhão, para ver se você toma jeito.
Chegando na igreja eles vão até a catequese e a
avó pede benção para o padre.
— Deus que te abençoe e que é esse anjinho?
Pergunta o padre colocando a mão na cabeça dele e
tirando rapidamente, porque ele toma um choque.
— O que foi padre? Pergunta a avó.
— Tomei um choque, deve de ter sido eletroestática
do corpo dele, mas quem é esse menino?
— É meu neto.
— Sei, e o que eu posso fazer por vocês?
— Quero que ele faça primeira comunhão.
— Inscreve ele lá na secretária com a Maria e
vamos ensinar os ensinamentos de Deus para esse moço. Diz o padre, mas sem tocar
nele com medo de tomar outro choque.
A avó o inscreve na catequese e depois eles
assistem a missa.
Donizete fica olhando os detalhes da igreja e ela
havia ficado com a caneta da secretária, então ele começa a desenhar a Santa do
altar da igreja na folha de canto da missa.
a sua avó lhe toma a folha e faz cara feia para
ele no momento que o padre dizia.
— Oremos. E todos se levantam.
O padre falava algumas palavras e as pessoa se
sentavam e novamente ele falava.
— Oremos. E todos se levantavam de novo.
Donizete acha graça e se senta e se levanta.
O padre vendo ele de longe diz.
— Estamos precisando de um voluntário para ajudar
a pegar água benta na fonte, acho que esse rapazinho que está com bastante
energia pode nos ajudar, vem aqui rapazinho.
Donizete olha para avó, que faz sinal com as mãos
dizendo.
— Vai!
Ele sobe até o altar e o padre lhe entrega uma
jarra para que ele a enchesse de água para colocar no benzedor.
O padre estava ao seu lado e quando o Donizete
coloca a jarra na água e a sua mão entra na água, a água borbulha e aparecem um
monte lesmas se contorcendo dentro do reservatório.
O padre dá um pulo para trás, mas assim que o
Donizete tira a jarra tudo fica normal.
O Padre ao tirar os óculos ele a limpa e o coloca
de novo e olha dentro do reservatório, para constatar que não tinha nada.
Ele retoma a missa, benze as pessoas jogando água
benta, mas continuava desconfiado olhando para o reservatório.
O padre faz sinal para ele voltar para o seu lugar
e fica olhando ele de longe.
A missa acaba e a avó vai de despedir do padre,
que foge dela percebendo que ela ia de encontro dele.
— Poxa vida queria me despedir do padre, e ele foi
embora parecia que estava fugindo de mim.
Donizete só fica olhando para ela sem dizer nada.
— Vem vamos para casa, deixa pra lá, outro dia eu
falo com ele. fala ela.
Chegando em casa.
— Vó posso ir brincar na rua?
— Ochii, o que está acontecendo? — Nunca pediu,
para sair, mas está bem, prefiro ver você assim, animado, vai e se diverte.
Ele pega o resto do dinheiro e o Game boy
escondido atrás da pedra e sai.
— Oi, apareceu a margarida. Grita a Vania.
— Oi!
— Está sumido, tem mais de uma semana que não te
vejo, está fugindo de mim.
— Não, só estava em casa de boa.
— Eu até sonhei com você.
— Eu sei.
— Como você sabe?
— Quero dizer, não sei.
— Ah bom.
— Um sonho louco, eu estava andando de cavalo com
você e mais uma menina mais velha, que insistia em dizer que era a sua namora,
como era o nome dela?
— Regina.
— Isso mesmo, mas como você sabe?
— Eu chutei um nome.
— Você está me assustando, já não basta o meu
irmão ficar perguntando de você e ficar dizendo que: se você não tinha
aparecido, era porquê tinha ido parar na FEBEM.
— O seu irmão falou isso é?
— Você sabe porque ele quis dizer isso?
— Nem imagino.
— E esse joguinho deixa eu brincar com ele um
pouquinho?
— To, pega.
— Joga um pouco, mas eu tenho uma ideia melhor,
vamos lá jogar fliperama, ainda tenho um pouco de dinheiro.
— Legal vamos.
Ele compra algumas fichas e se divertem a tarde
inteira até escurecer.
Alguns policiais entram no fliperama, perguntando
sobre os meninos que haviam morrido.
A Vania olha para ele e ele diz.
— Não vi não.
O policial pergunta para outra pessoa e o Donizete
pega a mão da Vania e sai sem ser percebido.
— Eles estão investigando o que aconteceu com
aqueles meninos do terreno, será que não encontraram nada ainda?
— Talvez não identificaram os corpos ainda e não
descobriram nada.
Donizete falava com ele e percebe um homem olhando
para ele, no primeiro momento ele não reconhece o homem.
Eles vão descendo para a casa deles e ele percebe
que o homem perseguia eles.
Ele para e dá um beijo na Vania olhando para ver
quem era o homem.
— É o Guarda.
— Quem?
— Aquele homem que matou o vizinho
— Ah tá e agora?
— Vamos até a sua casa, quem sabe tem alguém na frente.
Eles descem e viram uma, duas ruas.
— Ele continua vindo atrás de nós. Fala a Vania.
— Continua andando estamos quase na rua da sua
casa.
— Não tem ninguém no portão e agora.
— Você entra e deixa que eu resolvo com ele.
— Entra comigo?
— Não quero, por causa do seu irmão, não quero ver
ele.
— Verdade.
A Vania entra para a casa dela e o Donizete aperta
o passo e assim que ele vira a esquina ele entra na primeira casa e sobe na
laje e fica ali escondido.
O Guardinha aparece correndo e passa correndo por
ele e vai até a outra esquina, ele não continua porquê alguém poderia reconhece-lo
ele resolve voltar, mas não vai embora, ele fica escondido na esquina da rua da
casa da Vania.
Donizete dá uma espiada por cima do homem e
consegue ver o revólver na cintura nas costas do homem.
O Homem não ia embora e o Donizete estava imóvel,
sem saber o que fazer.
O homem decide ir embora e sobe a rua por onde ele
veio e vai embora.
Donizete desce e corre para a casa dele, mas no
caminho ele encontra o Tio do Barriga o Arquimedes e o boy, que fica incomodado
com o encontro.
— E aí garoto esperto, porque sumiu?
— E porque você está assustado?
— O Guardinha voltou e ele estava me perseguindo.
— Que Guardinha?
— O que matou o vizinho.
— Onde ele está?
— Já foi embora.
— Que safado, se eu pego esse cara, mas deixa pra
lá, estamos indo para um esquema, vamos lá com a gente.
— Não.
— Não porque?
— Porque ele me deixou para se ferrar na última
fita e não quero mais, só eu sei a consequência que tive por causa disso e acho
que isso não é certo de fazer com as pessoas.
— Espera você está dizendo que ele te deixou, te
abandonou?
— Como assim?
— Ele me deixou dentro da casa, não me deu a mão
para eu subir de volta, por vingança por causa do que tinha acontecido com a
irmã dele.
O tio olha para o Boy.
— Você fez isso como meu parceirinho?
— Não foi bem assim. Diz o Boy.
— Foi assim, sim. Diz o Donizete.
O Arquimedes dá uma gravata no Boy por trás e o
segura.
— Moleque esperto me desculpa, toma pega o meu
estilingue para você como uma forma de desculpa e deixa a gente aqui com ele,
que vamos ensinar ele o que acontece com quem trai um parceiro do crime, agora
vai para a sua casa, pode ir.
Donizete vira as costas e só escuta um barulho de
pancada e o Boy gemendo e ele olha para trás e vê o Boy ainda desabando no chão
e o Tio e o Arquimedes enchendo ele de chutes.
Donizete entra na casa dele estava com uma cara de
assustado.
— Está
assustado porquê? — O que você está aprontando?
— Nada, só
subi correndo.
— Sei, quem que não te conhece, que te compre,
esse é irmão desse. Diz a avó apontando para o olho esquerdo e depois para o
olho direito.
— Donizete está com o beija-flor empoleirado no
seu dedo e o passadinho brinca com ele a Vania e a Regina se juntam com ele.
— O meu amor, que saudade de sentir o seu cheiro.
Diz a Regina
A Vania só olhava para ele e para ele.
— Eu estou preocupada com você, queria saber o que
aconteceu, você conseguiu despistar aquele homem?
— Sim
consegui.
— Fiquei preocupada, o meu irmão chegou
sangrando em casa todo machucado e isso me deixou mais aflita.
— Eu vi.
— Como você viu, estou confusa, você está no meu
sonho e parece tão real, não estou entendendo nada, não sei mais o que é real e
o que é sonho.
— Calma,
quando eu poder realmente confiar em você eu te conto tudo o que você precisa
saber.
— Me contar
o que?
— Calma
amiga, você vai entender tudo um dia. Diz a Regina.
— Eu nunca
te vi na vida real, de onde eu te conheço?
— Você me
conhece pelo que sente no coração e na alma.
— Como
assim, eu estou ficando louca?
— Não você
não está ficando louca, pelo contrário, agora você faz parte da nossa família e
será protegida por nós também a partir de agora, vermelhinha. Diz o coronel de
cima do cavalo.
A Vania olha para ele, olha para o Donizete e olha
para a Regina e corre para o meio das flores.
Donizete pensa em correr atrás dela, mas o coronel
o impede e diz.
— Deixa ela ir, ela vai entender depois.
Donizete fica olhando aqueles cabelos vermelhes
esvoaçando no meio de todas aquelas cores daquelas flores e o vermelho do
cabelo dela se destacava.
No dia seguinte.
Donizete estava indo tranquilo para a escola,
passa pela rua da Vania dá uma espiada para verificar se ela estava por ali,
certifica que não e ele continua a sua caminhada para a escola, ele para na
faixa de pedestre para atravessar a avenida e quando ele olha para o outro lado
da rua o Guardinha estava de frente para ele olhando para ele.
O farol fecha e os carros param o Donizete ameaça
voltar correndo na direção da sua casa e o homem corre pelo outro lado tentando
cerca-lo, como planejado Donizete volta engendrando o homem e atravessa sentido
a escola e corre bem rápido, mas a mala atrapalhava ele um pouco e o homem
corria atrás dele, ele entra correndo no estacionamento da escola joga a mala por cima do portão que separava o
estacionamento do pátio e pula o portão, batendo o pé na tela e virando o corpo
para dentro do pátio.
O Homem chega na tela do portão bate a mão na tela
xingando e saca a arma.
A inspetora vendo que só o Donizete havia pulado o
portão e não sabia o que estava acontecendo, vai na direção do Donizete
perguntando.
— O que estava acontecendo?
Quando ela chega no raio de visão e vê o homem
sacando a arma, ele ase assusta e o Donizete corre na direção dela empurrando
de volta encostando na parede.
O Homem esmurra o portão tentando enxergar onde
eles estavam se escondendo.
— Quem é esse homem menino?
— É o maluco que matou o vizinho.
— Porque ele está querendo te matar, o que você
fez para ele?
— É uma longa história, depois te conta, agora
corre e avisa os policiais que estão no portão principal do que está
acontecendo.
A inspetora corre e avisa os policiais do portão
principal, que correm até o outro portão, mas o homem já havia fugido.
— Menino, ele foi embora, o que ele queria com
você?
A Diretora e algumas professoras já se juntava com
a inspetora tentando entender o que estava acontecendo.
— Ele é louco, eu tive uma briga com os filhos
dele, briga de criança e ele queria me matar e matar o meu amigo, no primeiro
momento eu pensei que ele só queria dar um susto na gente, mas naquele mesmo
dia ele matou o vizinho e fugiu levando a família e aí a coisa ficou séria e eu e o pessoal lá da rua, destruímos a casa dele o
carro dele, porque ele é policial aposentado e não foi preso, alegando desacato
e legitima defesa, assim fizemos vingança com as próprias mãos e agora ele fica
me cercando,, tentando me pegar.
Nossa que perigo, hoje eu vou pedir para os
policiais da ronda escolar te levar até a sua casa, agora vai para a sala de
aula que já vai começar, você está bem para assistir a aula? Pergunta a
Diretora
Donizete faz que sim com a cabeça e diz.
— A minha aula é com a Sargento Bruna e ela não
vai me deixar mais entrar, porque já passou um minuto do horário.
— Eu te acompanho até a sala e falo com ela.
A Diretora o acompanha até a sala explica para a
professora o que tinha acontecido e a professora só mexia a cabeça dizendo que
tinha entendido.
A Diretora se retira da sala a professora olha
para o Donizete e diz.
— Estava aprontando né capeta?
Donizete balança a cabeça, dizendo que não.
— Demorou para aprontar, quem que não te conhece
que te compre, porque o seguro morreu de velho.
Donizete pensa a minha avó diz a mesma coisa, mas
não fala nada e dá de ombros.
A aula começa e o silêncio, só era interrompido
pelo barulho dos lápis escrevendo nos cadernos.
— Dá o horário do intervalo e as crianças cercava
o Donizete querendo saber o que tinha acontecido.
Ele conta meio que por cima para alguns amigos que
contam para outros e assim o assunto se espalha pela escola e mais pessoas
cercavam ele, que foge e volta para a sala.
A professora olha e estranha ele voltando antes
que todo mundo.
— Que bicho que te mordeu?
— Nenhum. Responde ele.
— É só uma expressão, mas deixa eu te falar uma
coisa, eu acredito em você e acho que você, vai ser um grande homem, sabe
porque eu penso isso?
Ele balança a cabeça dizendo que não.
A professora muda a postura de durona para uma
pessoa amável.
— Quando você aprontou todos aquelas bagunças,
jogou o meu material no lixo , depois ficou atacando coisas, me trancou na
sala, pegou as coisas dos amiguinhos, é eu sei que foi você, mas depois você
devolveu e foi aí que eu percebi que eu percebi que estava certa a respeito de
você é do que eu tinha feito, eu não quis desistir de você, me perguntaram se
eu queria que te trocasse de sala, eu disse que não que queria te educar, que
você era um desafio, eu não sei o que te aconteceu mas você mudou bastante e
estou ficando orgulhoso de você.
Os outros alunos começam a entrar na sala e ela
retoma a postura de durona e pisca para ele.
Os alunos se sentam e o silêncio retorna.
Eles saem alguns minutos antes para cantarem o
hino Nacional e todos os alunos de todas as salas formavam uma final em volta
do pátio.
Donizete estava brincando com um amiguinho que
havia pego o boné dele e ele pegou o boné do amiguinho e os dois jogavam os
bonés na coluna do telhado para tentar deixar o boné preso na viga. O amiguinho
joga e não consegue, Donizete tenta e acerta em cheio, bem na hora que a
professora estava olhando para ele, ela vem na direção dele e diz.
— Não pode elogiar né, e agora para pegar esse
boné eu não alcanço, vai buscara aquela cadeira no fim do pátio, para eu tentar
alcançar.
Donizete corre e pega a cadeira e volta correndo,
mas ele se enrosca com a cadeira e cai fazendo muito barulho. A escola inteira
ri, ele nem sente dor por causa da vergonha e se levanta rapidamente e vai na
direção da professora que diz.
— Machucou? Deixa eu ver.
Ele tinha ralado o cotovelo e o joelho.
— Foi só um pequeno arranhão. Diz ele.
A professora pega a cadeira e pega o boné do
menino devolve para ele.
Eles cantam o Hino Nacional e o Donizete cantando
fazendo careta de dor.
Assim que eles terminam de cantar, são liberados
para ir embora.
A Diretora vem na direção dele e o leva até os
policias pedindo para que eles o levassem até a sua casa.
Ele chega de carro de polícia na sua casa e a sua
avó que estava limpando o quintal, leva um susto.
— O que você aprontou agora?
O policial a acalma dizendo.
Calma senhora, ele não aprontou nada, na verdade
ele foi uma vítima, nós o trouxemos para que ele chegue em segurança em casa.
O policial explica para ela o que tinha acontecido
e ela fica mais assustada.
— Meu Deus!
— Que susto, que loucura.
— Agora vê se fica quieto dentro de casa, com um
maluco desse à solta pôr aí.
— Aqui na região ele não vêm, com medo do pessoal
linchar ele, mas tem que ter cuidado mesmo. Diz o Donizete.
Alguém bate palma no portão. A avó vai verificar
quem era.
— É a sua amiguinha de cabelo vermelho.
Donizete sai para falar com ela.
— Oi, minha anjinha!
— OI, meu anjo, me ajuda estou toda confusa, esses
sonhos estão me deixando maluca, me ajuda.
Calma, eu sei o que está acontecendo e você saiu
correndo no meio das flores toda brava.
— Pronto, como você sabe disso?
— Eu estava lá também.
— Sim, no meu sonho, como pode isso, isso não pode
ser. Diz ela quase chorando e toda confusa.
— Calma, senta aqui vamos conversar, eu vou te explicar
tudo o que está acontecendo para você, só não sei se você vai acreditar e se
tem idade ou maturidade para entender, eu sou jovem de corpo, mas sou velho de
espirito.
A menina já não estava entendendo nada e ficando
mais confusa.
— Deixa eu começar, tudo começou quando eu morava
com a minha tia Olga e acabei caindo dentro de um tumulo...
A conversa foi longa e amenina prestava atenção em
cada palavra que ele pronunciava, contando para ela tudo o que tinha
acontecido.
— Lesmas?
— Aí você forçou. Diz ela rindo.
— Você lembra daquele dia do terreno que você me
perguntou o que era aquilo?
— Então, era isso.
— Não pode ser, eu só acredito vendo.
— Você vai ter a sua oportunidade, pode esperar.
— Você disse que eu era muito jovem e que não iria
entender, mas eu me acho até que evoluída pela minha idade, eu acredito que
seja pela convivência com a minha irmã que é bem mais velha, ela não percebe,
mas eu aprendo muita coisa com ela.
Eles ficam horas juntos, duas crianças que
pareciam dois adultos.
Eles estavam abraçadinhos e de repente alguém os
separa bruscamente.
Eram os irmãos da Vania e o Heavy Metal a puxa
pelo braço e o Boy só fica olhando para o Donizete com o olho roxo e não diz
nada.
Eles vão levando ela a força.
Donizete corre até o beiral da janela onde ele
havia deixado o estilingue que o tio havia lhe dado, pega o estilingue e corre
atrás deles.
— Solta ela! Grita Donizete esticando as borrachas
do estilingue e mirando no Heavy Metal.
O Heavy Metal solta a irmã que corre para trás do
Donizete e ele diz.
— Você não é homem, não tem coragem, como aquele
dia que você me desafiou.
— Vai atira quero ver se você é homem, você é só
um moleque...
Antes que ele terminasse a frase o Donizete solta
a pedra que acerta o Heavy Metal bem no meio da testa.
O sangue escorre pelo rosto.
— Eu vou te matar moleque!
Ele corre para cima do Donizete e para a surpresa
dele aparecem três rodamoinhos formados por lesmas, um desses rodomoinhos
protege o Donizete e os outros dois rodeiam o Heavy Metal e o Boy, que estava
horrorizado e gritava de medo.
A Vania estava olhando tudo aquilo maravilhada e
olhando tudo sem acreditar no que estava acontecendo.
A lesmas atacam o Heavy e o Boy.
— Para. Grita Donizete.
As lesmas param.
— Não
machuque eles.
Os dois estavam em choque.
— Vai, vai embora e se vocês tocarem em um fio de
cabelo dela depois, vocês vão se ver comigo.
Eles correm sem olhar para trás.
A Vania olha para os irmãos correndo e olha para o
Donizete, as lesmas já haviam desaparecido.
— Agora você acredita? Pergunta ele para ela.
— Sim eu vi, mas é tão difícil de acreditar.
— Como funciona, você que as chama ou tem algum
poder sobre elas?
— Não elas só aprecem, quando elas percebem que
estou em perigo, não tenho controle, não sei controlar uma vez ou outra consigo
usar o poder delas.
— Vamos eu vou te levar até a sua casa, para a sua
mãe não ficar preocupada.
Eles vão até a casa dela e a mãe dela estava no
portão rindo.
— Os seus irmãos, chegaram dizendo que um monte de
lesmas atacou eles.
A Vania e o Donizete também dão risada,
disfarçando.
Vê se pode? — Agora lesma está atacando as pessoas
na rua.
— É melhor você entrar senhorita antes que alguma
lesma te ataca. A mãe diz isso e dá risada.
Lesmas, cada uma. Diz a mãe entrando e rindo.
— Me dá um beijo agora que a minha mãe entrou.
Ele beija ela.
— Tchau! Diz ela e entra.
Ele volta para a casa dele, toma banho janta,
conversa com a avo que dá alguns conselhos, assisti televisão e dorme no colo
da avó.
— Oi! Parece que acabemos de nós ver? Diz a Vania
rindo.
Donizete olha para ela e o passarinho que estava
na sua mão voa.
— Que bom que você já apareceu. Diz ele.
— Olha a cabelo de fogo voltou e está mais
animada, espero que não fuja de novo. Diz o Coronel para a Vania.
Ela fica com as bochechas vermelhos da cor do
cabelo.
— Agora além do cabelo vermelho ela está com as
bochechas também. Diz a Regina abraçando ela, que retribui o abraço.
— O que aconteceu ela acredita em nós agora?
Pergunta o Coronel.
— Acredito que sim, assim está se acostumando, mas
aparentemente está se adaptando.
— Eu só vejo vocês em sonho, o Doni, me contou
tudo sobre vocês e eu vi hoje quando vocês apareceram para nos proteger na
forma de.
— Lesmas. Fala um doas filhos do Coronel.
— Isso mesmo, confesso que fiquei com um pouquinho
de medo, mas eu percebi e me senti protegida e abraçada por vocês naquela
forma, ainda não acredito no que os meus olhos viram, mas estou me acostumando.
— Não precisa se assustar, agora nós vamos te
proteger também. Falam os filhos do Coronel.
A Vania estava rodeada por todos, ela dá uma
rodada olhando para cada um, parando no Donizete e o abraçando.
Alguns meses depois.
— Vó eu vou com os meus amigos no Cemitério lavar
tumulo ou tomar conta de carro, para ganhar uns trocados, tudo bem se eu pegar
um balde velho e uma vassoura velha, um pano da senhora e um pouco de sabão?
— Pega esse balde aqui que não vou usar mais e
tudo o que você levar, não traz de volta, por que não é bom trazer para casa
coisas do cemitério.
— Pode deixar, seu eu ganhar bastante dinheiro eu
compro outro para a senhora.
A avó dá risada.
— Quem vai
com você?
— O Alemão,
o Testa e o Perereca.
Chegando na entrada do cemitério.
— Vamos revezar eu e o Donizete começamos tomando
conta dos carros e vocês vão lavar tumulo, depois a gente troca. Diz o
Perereca.
Eles pedem para tomarem conta de alguns carros e
ganham alguns trocados.
E o Alemão e o Testa retornam para trocarem.
Eles juntam o dinheiro que ganharam.
— Nós ganhamos quarenta Cruzeiros, vamos comprar
Iogurte e chocolate e depois a gente troca. diz o Perereca.
Eles tomam o iogurte e comem o chocolate.
— Pronto agora é a nossa vez de lavar Tumulo Doni.
Fala o Perereca.
Eles pegam a vassoura o balde com o sabão e os
panos dentro e entram no cemitério, eles passam pelos policiais que faziam a
ronda do cemitério, que alertam eles.
— Sem bagunça, hein molecada!
E eles balançam a cabeça concordando.
Já dentro do cemitério eles oferecem serviço para
os familiares que visitavam as campas dos seus entes queridos.
— Uma senhora, uma moça e um rapaz, aceitam o
serviço deles, para limparem a campa do marido, e outros parentes que estavam
enterrados ali. Eles começam a limpar a campa o Perereca vai buscar água.
O rapaz chega perto do Donizete e diz.
— Te dou
cinquenta Cruzeiros se você entrar e descer para limpar lá embaixo da campa.
O Donizete olha para a cara dele e pensa.
— Eu já
entrei uma vez, na verdade eu cai, descendo se segurando, não vai ser difícil.
Então ele diz para o rapaz.
— Eu aceito.
Eles abrem a porta de bronze da campa, Donizete olha
para baixo.
— Eu te ajudo. Diz o homem dando a mão para ele.
Donizete segura na mão dele e vai descendo ele
segura no vão da laje onde ficavam os caixões.
A campa tinha três andares de caixões dos dois lados.
Ele continua descendo até chegar no fundo, onde a
luz não entrava.
— Joga a vassoura e um saquinho por favor!
O rapaz joga e ele varre e recolhe todo o lixo.
Ele agarra no vão da laje para subir e ele sente
alguma coisa mole e gosmenta.
Ele puxa a mão rapidamente e verifica o que era.
Uma lesma, me desculpa amiguinha.
Ele desvia da lesma e sobe levantando a vassoura
para que o rapaz pegasse.
Assim ele termina de subir mais fácil, quando ele
sai de dentro da campa o Perereca que havia voltado com a água estava olhando
para ele assustado.
— Pronto, feito, você me deve mais cinquenta, além
da limpeza.
Eles lavam a parte de cima da campa que era feita
de pedra de mármore, limpam os nomes de bronze encravado na pedra.
— Doni nós vamos precisar de mais água, agora é a
sua vez de ir buscar.
Ele pega o balde e vai buscar.
Na volta o caminho por ele havia ido estava muito
cheio ele desvia pela ruela lateral e vai carregando o balde cheio de água.
No caminho ele olha para uma campa e a reconhece o
Anjo em cima dela.
É a Campa do Coronel Zuquim.
Ele vai andando olhando para a campa sem olhar
para a frente e bate em alguém, derrubando água na pessoa.
— Desculpa moç..
Antes que ele termina-se a frase, ele reconhece a
pessoa, que também o reconhece.
— Você não olha para frente?
— Ora, ora, o que
temos aqui?
— Que mundo pequeno, agora você não me escapa. Diz
o Guardinha sacando uma arma.
Donizete pensa em correr, mas vai andando para
trás.
O Homem aponta a arma para ele.
Um zumbido muito forte começa a vir do tumulo do
Coronel Zuquim e sai uma onda de lesmas do tumulo rodeando o Guardinha, que
começa a atirar para todos os lados.
Um desses tiros acaba acertando o Donizete que cai
sangrando.
O Barulho dos tiros chama a atenção dos policiais
que estava na entrada, que correm para
verificar o que estava acontecendo e encontram o Guardinha se debatendo do nada
e atirando, eles dão ordem para que ele baixasse a arma, mas ele continuava a
se debater no vento e atirar e acaba atirando na direção dos policiais, que
revidam e acertam o Guardinha na cabeça, matando ele.
As lesmas rodeiam o Donizete e retornam para o
tumulo.
Os policias corem e encontram o Donizete caído
sangrando e desacordado, eles o carregam para tentar socorre-lo.
Donizete está caído no mesmo lugar do cemitério no
passado na fazendo do Coronel Zuquim.
Havia um Flash de luz forte sobre ela, que estava
ofuscando a sua visão e ele vê alguns vultos chegando perto dele i ajudando a
levantar.
Era o Coronel e os seus filhos.
— Me desculpa meu irmão, tentei te ajudar, mas ele
acabou te acertando, me perdoa.
— Você não teve culpa, porque se você também não
tentasse ele iria atirar em mim de qualquer maneira.
— O estranho é que não estou sentindo dor, eu
morri?
— Não sei te dizer meu irmão, porquê a nossa
missão acabou e não tenho mais o poder de te ajudar, a partir de agora você
está sozinho.
— Porquê o que aconteceu?
— Você me ajudou a concluir a nossa missão, toda
dor que você passou, tudo que você sofreu, não foi em vão estava tudo amarrado,
realmente tudo estava focado em você, o seu destino era ser o nosso chamariz,
em corpo tão moço.
— Eu não estou entendendo?
— Vou te explicar rápido porque não tenho muito
tempo e tenho que partir para concluir o meu destino também.
— Então explica, continuo sem entender.
— O Coronel Garcia era o Guardinha que atirou em
você, ele era o Coronel reencarnado, era o último que faltava para completar o
fim da nossa história.
— Não acredito.
— Verdade, por isso não tenho muito tempo a nossa
missão foi concluída e a nossa justiça foi feita, estamos livres desse carma,
estamos livres para partir para o outro plano e espero te encontrar depois meu
irmão, nós conseguimos.
Ali naquele plano parecia que o tempo não passava
e o que era horas no plano terrestre, naquele momento ali segundos eram
contados e preciosos.
A Regina aparece ao lado direito do Donizete
colocando a mão no seu ombro e do lado esquerdo a Vania chega e segura a sua
mão esquerda.
— Que bom que vocês chegaram a tempo, assim nós
vamos poder se despedir de vocês também, porquê depois que nós partimos esse
encontro não vai acontecer mais e vocês também não vão mais poder se
encontrarem aqui, acaba tudo hoje depois que partimos.
O Coronel abraça a Regina e diz:
— Até breve minha Cunhada querida.
Ele se vira para a Vania.
— Espero um dia também poder reencontra-la
cabelinho de fogo.
As crianças também se despedem, deixando para se
despedir por último do Donizete, se abraçando os quatros e a Regina e a Vania
também participam do abraço.
Eles se viram e o coronel pega na mão dos filhos e
juntos caminham na direção da luz até sumirem de vista.
Donizete se vira para a Regina que estava
desaparecendo e ela ainda consegue dizer algumas palavras para ele.
— Até breve, te amo, ela beija a ponta dos dedos e
assopra para ele desaparecendo.
Ele olha para a sua mão esquerda e a Vania continuava
a segura-la e escuta no fundo um choro de uma criança.
Ele desperta com uma luz forte e ao seu lado
segurando a sua mão esquerda, estava a Vania sentada e dormindo com a cabeça
apoiada no seu coxão, com a cabeça encostada nele, ele puxa a mão dela e dá um
beijo ela desperta e dá um grito, o que chama a tenção de todos que estavam no
quarto.
A sua mãe estava ao seu lado direito e ninava um
bebê que chorava ao lado dela estavam o padrasto e nós pés da cama estava a sua
avó e o seu pai e na entrada do quarto estava a mãe da Vania, vestida de
enfermeira.
A Vania o abraça e ele dá um grito de dor.
— Desculpa. Fala ela.
— Cuidado menina, assim você machuca ele. Diz a
mãe da Vania puxando ela.
— Ela vem comigo todos os dias do meu plantão e
ficava aqui com você.
Ele olha para a Vania que fica corada da cor do
cabelo dela.
— Vem menina deixa ele sozinho com a família de
um pouquinho, vem comigo.
A sua mãe se aproxima e mostra para ele o bebê que
segurava dizendo.
— Essa é a sua irmãzinha.
— Que linda, olha todos esses cachinhos, como ela
se chama?
— Maria aparecida.
— Ela é linda.
A sua avó vem pelo outro lado e o enche de beijo e
o seu pai só observava.
Ele olha para o seu padrasto que sorria e na
janela pousa um passarinho, que chama a sua atenção.
Ele olha para o passarinho, era o beija-flor, que
pousa na Floreira da sacada, o passarinho cheira as flores, paira no ar e vai
embora.
Fim.
Escrito Mauro A .M. Santos, Vulgo Dib.
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