terça-feira, 26 de abril de 2022

Livro: Mão Vermelha - 3 vol- Proibido para menores de 18 anos. Book: RED HAND - Forbiden for under 18 age.

 



Mão Vermelha 

Livro 01. O orfanato. 

Donizete esconde o dinheiro dentro do vazo, atrás do sofá e fica ali quieto, assistindo o desenho que passava na televisão.

Dê repente se ouve gritos.

   Cadê o dinheiro que estava na minha bolsa? (Grita a mãe do Donizete a senhora Zulmira).

   Aquele pinguço vagabundo, pegou o dinheiro para gastar em cachaça!

Neste exato momento “O pinguço Vagabundo” que a senhora Zulmira se referia, adentra pela porta (era o Sr. Valter, pai de Donizete e consequentemente esposo da dona Zulmira).

   Quem é que você que você está chamando de pinguço? Quem éeé esse pinguço que você está se referindo? —  Por acaso ele se chama Valtiiii? —  O único que conheço sou euu  shshshshsh.

   É você mesmo, seu ladrão!

   Ladrão eu? Porque? Eu não roubei nada de ninnnguém shhhshsh.

   Você pegou todo o dinheiro da minha bolsa, eu não aguento mais essa vida de escrava e mal remunerada, trabalho como uma condenada nesta casa, na bilheteria daquele Cinema, enquanto você, fica o dia inteiro bebendo no boteco, jogando Sinuca ou apostando quem acerta o número de palitinhos tem na mão do outro vagabundo. E ainda por cima, rouba todo o dinheiro da minha bolsa.

   Mulher, eu estou falando a verdade: Eu não peguei nada, não peguei merda de dinheiro nenhum da maldita da sua bolsa sua desgraçada, maldita.

   Se não foi você? —  Quem foi que pegou então? Me fala, me diz, seu pingaiado mal acabado!   Foi o Donizete? Este menino de seis anos. —   Ou melhor; a Puta da sua irmã ou a caduca da sua mãe?

   Minha mãe não, não fala assim da minha mãe não, exijo respeito quando você citar o nome dela, você não tem moral para falar uma virgulaaaa, sshshshs, que seja da minha mãe, sua maldita arrombada, que me traí com o primeiro macho que tem a coragem de encarar, seu tribufu, olha o que que você se tornou, é por isso que bebo, para esquecer os chifres que você me colocou, sua maldita vagabunda.

   Maldita hora que viemos morar aqui nesta casa caindo aos pedaços, onde a nossa vida só foi para traz, mas é lógico, se você não tivesse, perdido tanto dinheiro no jogo e queimado o dinheiro que você ganhou que de pirraça de tão bêbado que você estava, porque nem lembrava que havia ateado fogo no dinheiro e ainda por cima ficava me acusando, que tinha sido eu que peguei o seu dinheiro e havia escondido. —   Quem me dera se isso tivesse acontecido, hoje eu não estaria morando aqui nesse antro de serpentes e escorpião.

   O que você fez eu te provei, te mostrei o resto do dinheiro queimado que tentei apagar, mas infelizmente foi em vão, apesar que o inferno seria o mesmo, aqui ou na nossa casa, você ainda estaria fazendo as mesmas presepadas, como você ainda continua fazendo, perdendo o restante do nosso dinheiro que era para pagar o nosso aluguel, você quis provar que você era o sabe tudo e iria recuperar aquele dinheiro, mas o que você fez, foi perder o resto de tudo, os aparelhos eletrônicos, moveis e até o amor que sentia por você, quando você me apostou, você apostou a sua mulher no jogo e perdeu, você fala que bebe para esquecer as minhas traições, mas quem me traiu primeiro foi você, me colocando como um troféu em um jogo e ainda por cima, perdeuuuu!!

   Você pensa que é fácil relembrar aquele dia: Aqueles homens entrando na nossa casa onde já não havia mais nada para ser levado a não ser a nossa cama e o berço do nosso filho e aqueles homens vindo na minha direção maliciosos, eu tentava me defender, gritava o seu nome por ajuda. Até que um deles falou assim: —   “O seu marido perdeu você como aposta no jogo e agora nós viemos buscar o nosso prêmio, caso contrário nós vamos matar ele”.

    Eu falei inalando a fumaça do cigarro que aquele homem baforava no meu rosto, aquele homem sujo e fedido de cachaça, cheirando muito cigarro de última categoria, com as pontas dos seus dedos amarelos, de tanto que devia fumar, devia fumar  até o filtro do cigarro, machucando e segurando as minhas bochechas

   Que através dos seus dedos mal cheirosos eu ainda consegui gritar: “Mata” mata ele mas me deixe em paz eu não tenho nada a ver com isso, mata esse maldito, resolve os problemas de vocês entre vocês e deixe eu e meu filho fora disso.

   Foi nesse momento que aquele maldito sussurrou por entre aqueles dentes podres. —  Você não está entendendo.

   E o homem apontou para você junto de outro homem em pé na porta da cozinha, onde esse homem estava com uma arma apontada para a sua barriga e ele sussurrou mais uma vez, com aquele bafo de dente podre bem perto do meu nariz, que me deu ânsia de vomito, mas a minha ânsia foi contida pelo o que ele apontou e falou.

   Se você não se importa que matemos o seu marido, tudo bem, ele não serve para nada mesmo, agora o meu amigo aqui gosta muito de criança, mostra o brinquedo que você trouxe para o filho dela.

   Foi quando a minha ânsia voltou, eu olhei para aquele homem forte musculoso e grande, que vestia uma camisete regata e uma calça jeans desbotada de onde ele sacou uma arma da costa e retirou cinco balas do tambor, deixando apenas uma bala no revolver, ele rodou o tambor e fechou e disse assim para o nosso filho... (Zulmira grita com Valter Chorando)

   Seu desgraçado, como eu te odeio por aquela noite.

Ela soluçava muito e continua relembrando os motivos pelos quais a vida deles estava daquele jeito. —   Pegue criança olha o presentinho que o titio trouxe para você. O homem falou isso engatilhando o revolver apontado para a criança, mostrando onde a criança tinha que apertar.

   Pega bebe, aperta aqui com esse dedinho pequenininho o gatilho Zinho, toma brinca com o presentinho que o titio trousse para você.

    E eu vendo aquela cena as minhas pernas amoleceram eu senti o meu mundo rodar e concordaria com qualquer coisa para aquele homem, sair dali de perto do meu filho e tirando uma força lá do fundo da minha alma eu gritei.

   “Tá eu faço o que vocês quiserem”, mas deixa o meu filho em paz.

   E um homem Afro dessedente que estava a minha direita sorriu e disse:

    Qualquer coisa é?

   Disse ele gargalhando mais uma vez.

   Foi então que eu baixei a minha guarda e o homem do dente podre me beijou, o afro descendente beijou o meu pescoço e o homem forte cheirou o outro lado do meu pescoço por trás, eles rasgaram a minha blusa deixando o meu sutiã a mostra, o homem forte soltou o meu sutiã, liberando assim os meus seios para aqueles homens, que ao perceberem os meus seios nus, eles sussurraram (HUUMM) enquanto o homem de dente podre desabotoava a minha calça, o homem forte a abaixou até o chão a minha roupa, estourou o elástico da minha calcinha e começou a me chupar me lubrificando e me preparando para o que ele tinha em mente, eu inocente até então só conhecia a posição papai e mamãe, porque  só havia tido um homem na vida, você seu desgraçado!! Zulmira grita um pouco mais alto que o som da televisão, chamando a atenção de Donizete que assistia o seu desenho sem se incomodar com o que estava acontecendo.

Valter que escutava tudo aquilo de golpes baixos e meio sonolento por causa do efeito da bebida não se manifestava só observava. Você é mesmo um corno eu estou aqui falando tudo isso e você está ai como um morto vivo, mas eu me vinguei de você naquele mesmo dia, quando aquele homem forte me levantou por trás segurando as minha coxas, ele me levantou e quando ele me abaixou me penetrou sem dó, ele bombeou um pouco depois me levantou de novo para o dente podre me penetrar e  o dente podre me penetrou em pé, enquanto o fortão segurava as minhas coxas, as lagrimas escorriam pelo meu rostos , eu olhava para o meu filho no berço e chorava, mas foi ai que eu senti um ódio e é nessas horas, que você entende que o amor vira ódio, eu olhei para você sentindo as lagrimas escorrerem pelo meu rosto até pingarem nos meus seios e eu transformei as minhas lagrimas em sorriso, eu olhei para você com tanta raiva, que o homem forte estava abrindo a minha bunda e me penetrando por trás, ele deu uma estocada tão forte que eu senti me rasgando por dentro e o meu sangue escorrer pelas minhas coxas, é por isso que que eu digo que transformei a minha dor em sorriso, a dor foi tanta que tive vontade de gritar bem alto, mas como eu estava olhando nos seus olhos eu aguentei aquela dor e sorri , sorri eu gargalhei e cavalguei pedindo mais, puxei o afro descendente e o beijei enquanto os outros dois me fodia.

   Sabe porque eu fiz isso?

   Por que eu percebi que você estava excitado, como você está agora seu maldito, seu corno, você me culpa, mas você gosta de imaginar eu dando para outros homens, a partir daquele dia eu virei uma puta mesmo, porque o homem que eu amava e suportava qualquer coisa por ele, me vendeu, aliás, vendeu não, me perdeu mesmo, a partir daí nós viemos morar aqui e o inferno só aumentou, você fica todo dia bêbado.

   Eu só concordei em vir morar aqui porque além de não termos dinheiro, o nosso filho quase morreu duas vezes naquela casa, era muita perigosa para ele, por pouco ele não morreu quando, tivemos que ir falar com o dono da casa no deposito de materiais que ficava no mesmo quintal, só separado por um muro de acesso a nossa casa e deixamos o Donizete no lado do nosso quintal brincando com o seu triciclo e o caminhão do deposito bateu no muro e esmagou o seu triciclo, foi pura sorte ele ter saído do triciclo para fazer sabe—  se lá o que, foi Deus e o seus anjos que o protegeram de ser esmagado pelo muro.

 Você lembra como ficou o triciclo? Ou então no dia seguinte que ele sentiu falta do seu triciclo e resolveu brincar com aquele carrinho de pedal que estava velho e enferrujado porque ficava na chuva em cima da laje, eu subi para entender a roupa no varal, levando ele comigo para que nada perigoso acontecesse com ele, porque você não nunca me ajudou a olhar o menino a não ser aquela vez que eu deixei ele com você e você o deixou dentro do carro do seu irmão, com mais duas crianças praticamente da mesma idade. E o que aconteceu?

   Eles soltaram o freio de mão do carro, que desceu aquela ladeira com tudo, a sorte foi que não bateu em nada e o seu irmão conseguiu entrar no carro pela janela e puxar o freio de mão rapidamente, mas quase que ele morreu esmagado, e eu não posso deixar ele com você porque você está sempre bêbado, e o que aconteceu aquele dia na laje?

 Você lembra?

   Ele pulou da laje, pulou não, ele saltou, voou longe com o embalo que ele deu no carrinho de pedal, eu quase tive um treco, quando eu avistei aquele carrinho do exército voando para fora da laje, as minhas pernas ficaram bambas, e por Deus, é só ele mesmo para não deixar nada de mal acontecer a essa criança, porque o seu carrinho aterrissou no monte de areia do deposito, foi o que amorteceu a queda. E você acha que eu tinha paz naquela casa, onde era uma roleta russa para o nosso filho, aliás roleta russa na vida dessa criança parece doce né?

   Mas uma coisa eu sei, eu nunca vou te perdoar, por ter deixado acontecer o que aconteceu com o nosso filho, espero que isso nunca afete a sua vida, que mundo é esse que vivemos?

   Onde as pessoas só pensam nisso e não perdoam nem uma criança inocente, que nojo, isso me dá náuseas, eu espero que ele um dia possa nos perdoar por tamanha negligência, eu e você vamos ter que sobreviver com isso, pelo resto das nossas vidas, coitado tão inocente e já é vítima da podridão desse mundo cruel.

   Deixamos o menino brincar com o irmão mais novo do Rodolfo e o Rodolfo que já é quase um adolescente se aproveitou do nosso filho dizendo para ele sentar no colo dele e do amigo dele que estava com ele e ficava fazendo nosso filho pegar no pinto deles e depois sentar no colo deles sem roupa, eu tive que levar o nosso filho no médico depois disso, sem ter dinheiro para pagar, mas consegui fazer um favor para o médico você sabe muito bem o que uma mãe é capaz de fazer para cuidar do seu filho e depois que o médico examinou o nosso filho e disse que ele não teve nenhuma lesão anal, eu fiquei mais tranquila, mas ai eu tive pagar a consulta com favores sexuais e enquanto eu pagava a consulta para o médico, atrás da cortina o nosso anjinho se pendurou na janela e gritava: "Olha mamãe como é alto daqui de cima", e quando eu puxei a cortina sobre estocada do médico, eu vi o nosso filho debruçado na janela do décimo segundo andar, eu dei um grito que o médico até se assustou eu me desvencilhei dele e corre para agarrar o nosso filho que estava preste a cair daquela altura, agarrei o nosso filho e o médico ficou com dó de mim e não quis mais nada comigo porque havia acabado o clima e ainda me deu alguns supositórios para aplicar no nosso filho, agora imagina se o nosso filho cai daquela janela, eu nunca iria me perdoar, me perdoar não, eu nunca iria perdoar você, porque você não presta nem para me acompanhar com o seu próprio filho ao médico, se você estivesse comigo, talvez o médico até me comia para pagar a consulta e você não iria falar nada, mas pelo menos o nosso filho não tinha o risco de cair do décimo segundo andar, pelos assim eu acho que você não iria deixar o menino cair, vai lá saber, vai saber se você não iria ir querer espiar o médico me fodendo enquanto você se masturbava  e podia deixar o nosso filho cair assim mesmo, eu tive que ir no médico e passar pelo que passei, por que eu deixei você cuidando do menino por um minuto e já deixou o menino ir na casa de estranhos onde abusaram de um menino de cinco anos de idade, que mundo é esse que vivemos, essas pessoas são doentes, só pensão em sexo o tempo todo, menos o meu marido que prefere ver outras pessoas me foder, porque bebe tanta cachaça que a sua coisa não funciona mais.     Agora me devolve o dinheiro que você pegou da minha bolsa, me devolve que eu preciso pagar a condução com este dinheiro, eu preciso chegar no meu serviço para poder dar para alguém e ganhar um dinheiro.

   Eu já te disse eu não peguei nada.

 Não? Como que você me explica essa bebedeira, você vai me dizer que pagaram toda essa pinga que você bebeu, ou você está dando o cú para o dono do bar, há, há, há há, está dando o cú para o dono do bar.

   Eu não peguei merda nenhuma. Agora você vai ser mentiroso também, já um pinguço, virou veado e mentiroso também, você vai continuar afirmando que não foi você, então se não foi você, foi a caduca da sua mãe ou a biscate da sua irmã.

Neste exato momento a Cátia irmã do Valter, que saia do banho escuta o nome dela na confusão e desce as escadas para tirar satisfação e logo atrás dela desce a Dona Rosa, Cátia quer tirar satisfação e gruda no cabelo da Zulmira, partindo literalmente para a briga, as duas se pegam e o Valter e a Senhora Rosa, tentam separar as duas, mas a briga fica séria e de repente elas se enroscam e caem sobre o Donizete que estava assustado e se escondendo no cantinho atrás do sofá ao lado do vaso, com a queda da mãe e da tia, o vaso tomba e quebra em pedaços e entre os cacos lá estava o dinheiro que foi o motivo da briga.

   O dinheiro! (Grita Zulmira) —  Donizete foi você quem pegou esse dinheiro e colocou dentro do vaso?

   Não, não, fui eu.

   Você está aprendendo a roubar e mentir? Só pode estar puxando esse lado podre da família do seu pai. Ela diz isso, pegando uma cinta que estava em cima do sofá e defere diversas cintadas na criança a avó tenta defender a criança, para que a mãe não machuque a criança, mas a Mae empurra a avó e continua dando lapadas na criança, Valter pula para amortecer a queda da mãe, que já era uma senhora. Cátia vendo a mãe sendo empurrada, parte para agressão mais uma vez e defere diversas pauladas com o cabo da vassoura na Zulmira, com isso Donizete se esquiva e escapa, ele corre para a porta da rua, mas ante de sair ele vira para a usa mãe e grita —  Agora eu sei porque os meninos me chamam de “filho da puta”.

Ele corre para a rua sem nem sequer olhar para trás, ele estava com as suas sandálias novinhas do Pégaso e ele imaginava que poderia correr tão rápido quanto o cavalo, ele desse a rua correndo em disparada sem olhar para os lados até o final da rua, onde haviam alguns meninos maiores que estavam fazendo uma fogueira e esses meninos gostavam de judiar ou aborrecer dele, os meninos ofendem ele

   Olha lá o filho da putinha.

Donizete ignora mas fica sem saber o que fazer e titubeia um pouco e pensa em voz alta

   E agora a capa do Guardião Trovão ficou lá em casa como vou me defender desses meninos. Mais uma vez os meninos ofendem ele

   A lá o Filho da Puta e retardado também, fica falando sozinho, é louquinho. E todos riem dele em um grande coral, Donizete fixa o seu olhar em um menino que segurava um cachorro pela coleira, ele se abaixa apanha uma pedra e atira no menino, acertando—  o bem no meio da testa. Com a pedrada o menino solta a coleira e o cachorro parte para cima de Donizete que tenta correr o mais rápido que pode pensando.

 Eu estou usando a minha As minhas Sandálias do Pégaso, este cachorro nunca vai me alcançar. Pequeno inocente, o cachorro não só o alcançou como também o mordeu na costa, com a mordida, Donizete dá um grito de dor e cai no chão, o cachorro também se desequilibra o que fez com o que os meninos que vinham logo atrás do cachorro, segure o cachorro para que não o morde mais, mas como aquele velho ditado diz: “ saiu da panela para cair no fogo” os meninos agarram Donizete pelos braços sem se importarem se a mordida estava doendo e o levam até onde o menino dono cachorro estava.

 Olha o que você me fez “Filho da Puta”. E agora o que eu faço com você? Os meninos colocam Donizete sentado no chão, ele passa a mão na costa para tentar amenizar a dor da mordida do cachorro e percebe que o seu sangue está escorrendo pela sua perna até o seu pé, sujando as suas sandálias de sangue, ele tenta limpar o sangue da sandália e isso chama atenção do dono do cachorro que exclama:

   Sandálias novas?

 Já sei o que vou fazer com você. Tirem as sandálias dele, dois menino seguram os seus braços, mais dois seguram as suas pernas e mais dois retiram as sandálias, Donizete tenta impedir de que os meninos retirem as suas Sandálias e se debate, mas em vão o menino dono do cachorro pega as Sandálias e as jogam na fogueira, Donizete tenta escapar para impedir, e acerta um dos meninos com um chute  o que torna as coisa mais complicadas para ele, os meninos ficam mais bravos e rasgam a roupa dele, deixando o short dele igual a uma saia e viram ele de bruços abrem a bundinha dele e cospem dentro da bunda dele e dão risadas, depois disso eles o soltam e deixam ele ir embora, Donizete corre em direção a sua casa, mas ele lembra que não pode entrar em casa a sua mãe está muito brava com ele, então ele vai até a casa de uns amiguinhos que ele costumava brincar, ele chega no portão da casa desses amiguinhos e fica olhando eles brincarem de carrinho do lado de fora e pergunta.—   Posso brincar com vocês ?

E um dos meninos dono da casa onde eles brincavam responde.

 Não, você não tem carrinho e está usando saia, meninos não usam saia.

E todas crianças riem dele.

Você não tem carrinho para brincar e também, você não nos ajudou a cavar estes túneis, que ficamos a manhã inteira cavando, para que pudéssemos brincar agora.

E os outros meninos também falam.

 É isso mesmo, você não nos ajudou.

Donizete abaixa a cabeça e se senta do lado de fora e fica observando os meninos brincarem.

Os meninos brincam com os seus caminhozinhos basculantes, tratores e outros carrinhos, pelos buracos cavados por eles na terra.

Donizete fica ali por horas só observando as crianças brincarem, ele passa a mão na mordida do cachorro e faz uma cara de dor, o que fez com que o dono da casa o chamasse para se lavar na mangueira.

   O que foi isso? pergunta o dono da casa.

   Foi mordida de cachorro. Responde Donizete.

   isso deve de estar doendo eu morro de medo de cachorro. Responde o menino que tinha o apelido de cabeção. Donizete faz que sim com a cabeça.

O dono da casa liga a mangueira e molha bem onde a estava a mordida do cachorro, o que faz com que Donizete, faça uma careta de dor.

   Pronto tá melhor, mas tá feio essa mordida, vai ficar uma cicatriz feia, agora você pode ficar aqui, mas não mexa nos nossos brinquedos.

As outras crianças repetem o mesmo.

   No meu também.

   Nem no meu.

   E muito menos no meu.

   Muito menos no meu.

Donizete se senta no degrau da escada e fica só olhando as crianças brincarem, mas isso só dura alguns minutos, até que de repente um dos carrinhos de uma das crianças, foi para bem próximo de Donizete, após uma das crianças impulsiona—  lo com força.

Donizete fica todo contente e sorridente e pega o carrinho na mão para devolver ao dono. Subitamente o dono do carrinho, chega perto de Donizete e toma o carrinho da sua mão com toda brutalidade e dizendo: —   Eu não falei para você não nos nossos brinquedos. Donizete fecha o sorriso e abaixa a cabeça e se vira para onde estava a torneira com a mangueira, ele liga a mangueira como não quer nada e liga a torneira no máximo e vira o jato de água para onde os meninos brincavam e molha todos eles, os meninos xingam ele e vão se afastando para o fundo quintal, para fugir do jato de água, com os meninos longe dos túneis, Donizete corre para cima dos túneis e pula e chuta destruindo tudo, todo o trabalho deles da manhã toda e sai correndo, os meninos correm atrás dele.

Donizete corre pela rua com os seus pés descalços evira na esquina a direita sentido a sua casa e se depara com um caminhão estacionada na porta da sua casa, ele olha para o caminhão e rapidamente se esconde embaixo do eixo, atrás da roda.

Os meninos que corriam atrás dele passam desapercebidos e não o enxergam embaixo do caminhão, os meninos correm adiante e percebem que o perdeu de vista e desistem de pega—  lo e vão embora.

Donizete sai debaixo do caminhão e se depara com dois homens carregando a geladeira da sua mãe, para cima do caminhão e quando ele olha para cima da carroceria do caminhão, ele avista seu pai ajudando os dois homens a carregar a geladeira para cima da carroceria e lá já estavam quase todos os pertences da sua mãe: a penteadeira, o armário azul de ferro, uma parte o guarda-roupa e uma porção de caixas abarrotadas de utensílios.

Ele entra na casa e vê sua mãe arrumando algumas malas com as suas roupas e atrás dela havia mais algumas caixas com louças, como ele ainda estava com medo que sua mãe fosse lhe bater ele passa rapidamente para a cozinha e encontra sua avó chorando, que se vira ao velo e o abraça e lhe dá um monte de beijos, como se nunca mais fosse velo novamente. Ele não entende nada e fica ali até que os homens terminassem de carregar o caminhão.

De repente sua mãe lhe chama.

    Vamos Donizete, não temos mais o que fazer aqui, vamos sair desse inferno, vamos para a casa da sua tia Olga, que qualquer lugar no mundo é melhor que aqui.

Sua avó o abraça mais uma vez, desta vez bem mais forte sua mãe o arranca dos braços dela e levando ele direto para a boleia do caminhão, seu pai desse do caminhão e dá a mão para ele pela janela, sua mãe acelera o motorista.

 Vamos moço, vamos logo quero sair daqui o mais rápido possível.

O motorista liga o motor e acelera o caminhão. Donizete questiona a mãe dele sobre o seu cachorro de estimação.

   E o Maguila mãe ele não vai com a gente? Sua mãe responde ríspida

— Não, ele não vai, deixa esse vira—  lata ai, ele está no lugar certo junto com os outros da raça dele.

O caminhão parti e ele olha através da janela e vê o seu pai parado ali, sem camisa no portão da casa e ao seu lado Maguila sentando, conforme o caminhão se movia mais aquela imagem se distanciava, até sumir de vista.

Ele olha para sua mãe, que quando um pouco mais aliviada, olha para ele e repara as condições como ele se encontrava.

— O que é isso menino? Oque aconteceu com as suas roupas?

   E as suas sandálias? E que sangue é esse?

Donizete tenta explicar, mas a sua mãe estava tão nervosa, que não consegue entende—  lo.

    Tá bom quando a gente chegar na sua tia , você me explica essa história melhor e o pior é que agora nem dá para pegar uma muda roupa para você, você vai ter que esperar, a casa da sua tia não fica muito longe, mas o pior vai ser ouvir ela falar, que ela estava certa a respeito do seu pai e coisa e tal e ainda por cima chegar com você lá desse jeito, ela vai falar que eu não sei cuidar de você direito, e que a melhor coisa e colocar você em um internato de Padre e vai falar por dias isso.

Enquanto o caminhão percorria algumas ruas, sua mãe já estava arrependida do que estava fazendo, sabendo que a sua irmã iria julgá—  la e falar até dizer chega.

Chegando na casa da sua tia Olga, o caminhão teve dificuldades para manobrar e entrar na viela que ela morava, depois de algumas manobras, finalmente o motorista conseguiu colocar o caminhão de ré na viela, para facilitar a decida da mudança da carroceria. Ao escutar o barulho do ar do freio do caminhão acionar, eles dessem da boleia e passam espremidos pela lateral que ficou entre a parede e a carroceria do caminhão, e vão andando de lado igual caranguejo até a traseira do caminhão, que estava bem no portão de entrada da casa da sua tia Olga, que já o esperavam no portão.

A sua tia Olga Usava um lenço na cabeça, para cobrir os bobs que ela estava usando, ela era bem magrinha e estava segurando um cachorro Pequinês velhinho no colo e a primeira coisa que ela disse foi:

   O que aconteceu com esse menino, olha o estado dele, esse short virou uma saia, e tudo rasgado, descalço e deixa eu ver, o que é isso?

Uma mordida de cachorro!!

 Zurmildirss (Zurmildirss essa palavra inscritível era a maneira como ela chamava a mãe de Donizete, Como eles eram do interior de São Paulo, ela tinha um sotaque muito carregado e alguns “Ls” se tornavam “Rs” bem carregado).

Você não está cuidando desse menino direito, eu já te falei para colocar ele em um convento.

 Mas Convento não é só para meninas? Pergunta Zulmira.

 Sei lá. (Responde Olga).

O importante é ser educado por Padres, só assim vai ser gente nessa vida.

Eles carregam a mudança e já vão ajeitando tudo o que dá, pôr que a casa da Tia Olga era simples, mas era muito organizada e limpa, ela era muito chata com isso, ela colocava capa em tudo, no sofá, no botijão de gás, no liquidificador, na máquina de lavar, no relógio de mesa, em cima da televisão, até o cachorro usava, uma capinha de croché.

Depois de tudo guardado Olga vira para Zulmira e diz:

   Precisamos ter uma conversinha. Donizete ouvindo aquilo, olha para as duas que juntamente viram para ele e dizem e com você também rapazinho, as se aproximam mais de Donizete e falam:

Precisamos que você coopere conosco, porque agora não temos mais para onde ir, você precisa se comportar e cooperar com a sua tia, quando a mamãe for trabalhar.

 Trabalhar uf! (Ironiza Olga).

 Trabalhar sim Olga, então como a mamãe estava dizendo, quando a mamãe for “trabalhar” você precisa se comportar, hoje a mamãe já perdeu o dia de serviço, mas amanhã você vai ficar com ela.

   Já te falei Zurmildirss, você tem que fazer igual o que eu fiz, com as minhas duas filhas, tem que internar este menino em um Convento

   Colégio interno. (Corrige Zulmira).

 Que seja, um colégio de Freira, só assim ele vai se uma criança educada e comportada, por mim eu já tinha matriculado ele lá e falo mais, na primeira que ele aprontar aqui, se você não interna—  o eu mesmo interno, logo para a minha amiga que trabalha em um Desse Colégios Internos e peço para ela arrumar uma vaga para ele.

Zulmira olha para sua irmã, que não parava de falar coisas não muito agradáveis para ela naquele momento e olha para Donizete que não dizia uma palavra se quer e que só ficava observando tudo aquilo com aqueles olhinhos castanhos brilhantes e diz.

   Tá escutando a sua tia falar, eu não quero ficar longe de você, mas se você não se comportar eu vou ter que concordar com ela e te colocar nesses conventos.

 Mae convento não é para meninas? (Pergunta Donizete)

 Há, Há, Há, eu já estou igual a sua tia, convento não, Internato.

Donizete morria de medo da casa da sua tia Olga, porque ela morava nos fundos de um Cemitério, a parede do Cemitério era o muro que separava a casa do Cemitério e o Donizete tinha calafrios só de pensar nesse assunto, ele evitava de olhar para o lado do Muro onde ficava o Cemitério quando escurecia.

   Vamos mamãe, vamos entrar, está escurecendo.

   Do que esse menino tem medo? Pergunta Olga.

   Do Cemitério Olga. Olga pisca de volta para a sua mãe diz

 Vamos jantar a janta está quase pronta.

Donizete pisa na varanda e escorrega; o chão da casa da tia Olga era todo de vermelhão e ela o mantinha impecável, encerava quase que todo dia aquele chão.

Eles passam pela varanda e entram na casa pela cozinha, porque a mudança estava broqueando a entrada da sala, Donizete observa o telhado que não havia forro, porque era uma casa simples, bem parecida com as casas do interior, onde até o banheiro ficava para fora da casa. Ele olha para uma das suas primas, que havia acabado de prepara a janta, cumprimenta ela e entra na sala, onde estava a outra prima, elas eram bem mais velhas que ele, já eram quase adultas, a outra prima estava sentada no sofá assistindo novela e fazendo a sua unha ao mesmo tempo, ao seu lado, haviam mais dois cachorros da raça Pequinês, ele tenta chegar perto da sua prima, mas os cachorros rosnam e latem para ele e sua a prima avisa. —  Não chega muito perto eles mordem.

Donizete balança a cabeça, para cima e para baixo, como sinal de positivo e vai para o quarto onde sua mãe se encontrava, ela estava arrumando as roupas que estavam nas malas, ele se senta na cama e fica observando a sua mãe arrumar todas as roupas, na cama onde ele estava sentado havia uma boneca, muito estranha, era uma boneca de uma das suas primas, essa boneca era muito antiga, ela havia pertencido a avó da sua prima, porem está boneca parecia muito real, realmente parecia um bebê, ela era toda envolta com um tecido azul, que deixava os olhos mais azuis e brilhantes e quando você a girava ou tirava da sua posição, a boneca mexia os olhos, se você meia para cima os olhos se fechavam, se você mexia para baixo eles se abriam, se mexia para os lados, parecia que estava te acompanhando, igual gente e se você batesse nela com força ela chorava.

   Deixa isso ai menino, não mexe nas coisas da sua prima, ela não gosta ainda mais dessa boneca, se você me quebra ela, nunca mais vamos encontrar outra igual. Donizete solta a boneca na cama de uma altura que fez com que a boneca soltasse um chorinho, EEE.

Donizete fica imóvel e permanece quieto sem mencionar nenhuma palavra, de repente a sua mãe se senta ao seu lado e coloca as mãos na cabeça e se abaixa até a altura dos joelhos e permanece assim, como quem queria que sua vida acabasse ali naquele momento.

O silencio do quarto foi de uma maneira assustadora, que dava para ouvir o tic—  tac do relógio, despertador, que estava em cima de uma penteadeira, aquele tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, permaneceu por minutos, até o que o Tic, tac, foi interrompido pelo ranger da porta, Reeerrrrr, se abrindo, sua mãe levantou a cabeça rapidamente enxugando as lagrimas e pergunta.

   O jantar está pronto? Estou morrendo de fome.

E a silhueta da tia Olga que nem chegou adentrar no quarto, responde. —  Sim, está, mas vocês não vão tomar banho primeiro?

   É mesmo, tinha até me esquecido, vamos Donizete, você toma banho, eu tomo banho e depois você, que ai dá tempo de eu separar uma roupa para você, nós nem tiramos esse trapo de você ainda e você ainda precisa se limpar desse sangue.

  Lá para fora agora? Pergunta Donizete. —  Sim. Responde a sua mãe.

  Mas está escuro. Retruca Donizete.

 Para de Bobagem menino, nós temos que tomar banho e o banheiro fica lá fora.

Donizete não gosta muito da ideia, mas vai assim mesmo, ele passa pela sala e pela cozinha e sai pela porta da cozinha, o banheiro ficava a direita da porta da cozinha em direção do muro do Cemitério, logo depois do tanque, que tinha que tomar muito cuidado para não bater nele naquela escuridão, realmente estava escuro e pelo fato da casa ficar ao lado do Cemitério, estava um silêncio ensurdecedor, o silêncio só era rompido pelo canto dos Grilos.

Donizete corre para o banheiro evitando olhar para o lado do Cemitério e se tranca no banheiro ele olha para o chuveiro, que era aquelas duchas de plástico, que tinha um chuveirinho que descia pela parede, havia uma Bucha pendurada no registro do Chuveiro e um sabonete em um suporte ao lado, um tubo de Neutrox no chão e um tubo de pasta de dente Amarelo de Alumínio da marca Kolynos ao lado de uma escova de dente no suporte da parede.

 

O banheiro estava gelado o chão era do mesmo vermelhão da varanda e as telhas eram a vista também, como os da casa toda. Rapidamente ele liga o chuveiro tira o resto daquela roupa, a sua mãe bate na porta do lado de fora e diz.

 Não demora é só um banho rápido. Ele se ensaboa e a mordida do cachorro arde, ele dá um gemido e fica um tempinho imóvel, ele passa um pouco do Neutrox no cabelo e deixa a espuma descer pela ferida para aliviar um pouco e fica aquele cheiro de creme de cabelo no ar.

Quando ele termina ele se troca dentro do banheiro molhado mesmo, só tomando cuidado para não molhar as barras da cueca e do pijama, ele abre a porta e a sua mãe que o esperava do lado de fora, sente aquele cheiro de creme de cabelo no ar.

 Eu não falei para você não mexer nas coisas da sua prima, vai sai logo!

Deixa eu tomar banho agora. A sua mãe entra para tomar banho e fecha a porta, a luz que havia no quintal fica praticamente zero, ele sente um frio na espinha que sobe até a nuca, ele olha para a porta da cozinha que estava fechada, o que deixou o quintal mais escuro ainda e essa porta ficava uns cincos metros do banheiro, ele olha para o caminho e lembra que tinha um tanque no caminho e para não tropicar no tanque ele vai tateando pela parede devagar para não bater no tanque até a porta da cozinha, mas sem olhar para o lado do cemitério, ele sente alguma coisa gosmenta na parede, tira a mão rapidamente, porque ele não sabia o que era e continua até chegar na porta da cozinha sem pôr a mão na parede. Quando ele chega na porta da cozinha e tenta abrir a porta, ele não consegue, e tenta mais uma vez, mas a porta estava trancada e ele empurra novamente e nada, ele escuta risos vindo de dentro da cozinha, ele se desespera e volta correndo para o banheiro, onde a sua mãe estava e bate na porta. Mae deixa eu entrar a porta da cozinha está trancada.

 Que isso menino, espera eu terminar agora. —  Não mãe estou com medo.

  O que você quer, que eu saia pelada e cheia de espuma de sabão, espera!

Ele se desespera, estava morrendo de medo, o vento parecia assobiar e soprava mais frio que o comum e o silencio ficou mais assustador, nem os grilos se ouvia mais e ele tinha medo de olhar para o muro do Cemitério, porque tinha a impressão que havia alguém o observando, mas ele não resiste e perde o medo e olha e vê, um vulto em cima do muro, mas o vulto não se mexia e ele gela e tenta chegar mais perto para ver , mas a escuridão era tamanha que ele não consegue enxergar o era aquele vulto, ele observa uns traços luminosos no muro, que brilhavam e ele acompanha aqueles rastros passando a mão na parede e percebe que alguma coisa se mexia ali, parecia que a parede estava viva e ele tenta tocar o que se mexia e percebe que era a mesma coisa que havia tocado alguns minutos atrás na parede do tanque e sente aquela coisa fria e gosmenta e pensa.

   O que será isso?

Quando a sua mãe abre a porta do banheiro e a luz ilumina o muro ele dá um berro. —  Lesmas!! Ahahh!

Eram lesmas gigantes maiores que as comuns que se vê por ai e eram montes que andavam pela parede, Lesmas que pareciam cobras de tão grandes e elas eram vermelhas um pouco roxeadas.

Ele dá mais um grito e corre, para encontro da sua mãe.

   O que foi menino? —  Que nojo mãe, aqueles bichos na parede, são Lesmas.

   Aqui tem muito desse ser, por causa do Cemitério, vem vamos lavar a sua mão e vamos jantar.

E eles caminham até a porta da cozinha, que agora estava destrancada, eles entram e se sentam para jantar.

Naquela noite Donizete não conseguia dormir, sua mãe havia arrumada a sua cama no chão ao lado dela, ele não entendia muito bem o que estava acontecendo e estava estranhando tudo e sentindo falta da sua cama e dos seus desenhos de foguetes colados na parede ao lado da sua cama e as horas passam e nada dele dormir, parecia que o barulho de tudo lá fora e dentro do quarto só aumentava, o barulho do despertador era ensurdecedor, Tic, Tac, tic, tac, tic, tac e quando ele se acostumava com o barulho do despertador, parecia que os grilos cantavam mais alto, Cri, Cri, CRI ,CRI, os cachorros latiam e uivavam, uuuuuuuuu, os gatos brigavam nos telhados, mas o mais assustador era o vento que soprava, aquele zumbido, parecia querer dizer alguma coisa, Donizete levanta a cabeça e vê um monte sombra de lesmas nas janelas, de repente a sombra das Lesmas se transformam em uma silhueta de um homem de capuz igual o vulto do muro, ele segura o grito e se levanta o tronco é dá um grito. — AAAAAAA.

Todos acordam xingando.

— O que foi menino? Pergunta a mãe dele.

— O que esse menino tem? Pergunta a tia.

Ele não Parou de se mexer a noite toda. Fala a prima mais velha.

   Tinha alguma coisa aqui do seu lado prima, com uns olhos brilhantes me encarando.

A prima verifica o que estava ao seu lado e levanta a boneca.

 Era isso, por acaso?

   Acho que sim, no escuro, não dava para ver direito.

   Vai vamos dormir, apaga a luz! Pede a tia.

Sua mãe abraça ele e ele se aconchega em sua mãe e aquele calorzinho gostoso faz com que ele relaxa e durma.

Na manhã seguinte, ele abre os olhos e procura pela sua mãe, tateia a cama ao lado e estranha o local e fica pensando onde estou?

Que lugar é esse? Ele olha para aquele telhado sem estuque, que permitia ver os raios solares, o que mostrava que já era dia, ele olha para um lado olha para outro lado e se apoia na cama a sua direita para se levantar, quando ele levanta a cabeça se depara com um focinho de um cachorro, que sempre subia na cama todas as manhas para acorda—  la.

E o cachorro morde o seu nariz.

    Aiiiiiiii, esse cachorro me mordeu, ai, ai, ai. A sua prima acorda e olha para o seu nariz que sangrava.

   O que foi que você fez para o meu cachorro te morder moleque? Pergunta a prima.

   Eu não fiz nada só estava levantando e este cachorro com cara de japonês me mordeu.

   Meu cachorro não tem cara de japonês e sai logo daqui, deixa eu dormir mais um pouco.

Donizete vai para o banheiro lavar o rosto e o sangue do nariz e pensa cachorro maldito, segunda mordida de cachorro que levo em menos de um dia. Quando ele sai pela porta da cozinha o sol brilhava e a paisagem era bem diferente da noite passada o céu estava azul anil e ele olha para o quintal e olha para o lado do cemitério, era um lugar lindo, todo arborizado, com grandes Pinheiros e haviam grandes esculturas que passavam a altura do muro e uma dessas estatuas de Anjos, que era de um Mausoléu de uma pessoa muito famosa e importante que estava enterrada ali e pensa.

 então era isso, era a silhueta dessa estatua, que parecia estar me olhando ontem, ufa ainda bem que não era nada demais.

Ele lava o rosto e os dentes com o dedo mesmo, colocando a pasta do tubo amarelo de alumínio nos dedos e esfrega os dentes com as pontas dos dedos, ao terminar a sua higiene ele volta para cozinha e pergunta pela sua mãe.

— Tia cadê a minha mãe? Sua tia que estava fumando um cigarro de palha, tira o cigarro da boca, fita ele com aquela aparência de bruxa, não tinha como não olhar para aquela verruga enorme preta do lado direito da boca e aqueles olhos fundos, com aquele lenço na cabeça cheio de bobs no cabelo. Ele pensa.

 Putz será que ela dormiu com esses bobs no cabelo? —  Ela foi trabalhar, acabou de siar. Responde a sua tia.

Ele corre no portão e ainda avista a mãe dele no finalzinho do beco e grita.

   Mãe, me espera, quero ir com a senhora.

A mãe para no final do beco e espera por ele que vinha correndo em sua direção.

 Mãe, mãe, deixa eu ir com a senhora, não quero ficar aqui, só hoje.

 Você está fazendo igual o seu primeiro dia de aula, eu deixava você na sala de aula e quando eu estava quase saindo pelo portão, lá vinha você correndo atrás com a professora atrás de você e eu tinha que volta e ficar com você até a hora do lanche, depois você se distraia com as crianças e eu ia embora, eu imaginei isso agora por isso sai devagarzinho, porque sabia que você iria vir atrás e a sua tia atrás de você igual na escola, deixa Olga, eu vou leva—  lo comigo hoje, eu acho que consigo deixar ele com a zeladora do cinema ela tem um filha da idade dele e talvez os dois possam brincarem juntos.

 Você que sabe, eu acho que você vai arrumar para sua cabeça e se aparecer algum cliente o que você vai fazer? Pergunta a tia.

   Não vai aparecer cliente nenhum, vamos Donizete eu tenho que compensar o dia de ontem e tenho que fazer dois turnos hoje.

Eles entram no ônibus sentido centro da cidade, Donizete senta na janela e observa o cenário que o ônibus percorre.

 Olha mãe o ônibus vai subir a ponte, olha tem um Rio, olha lá na frente tem uma Roda gigante é aquele parquinho que a senhora me levou uma vez junto com aquele homem aquele dia né, a senhora me leva de novo, lá?

Leva mamãe?

 Vou pensar aquele dia você me fez passar muita vergonha, saiu correndo para entrar em um brinquedo que não era para sua idade, quase morreu, se você me cai naqueles trilhos, só Deus sabe, depois ainda ficou mais nervoso e não queria esperar a sua vez na fila entrava na frente das outras crianças, as outras mães ficavam me xingando e falando se eu não dava educação para o meu filho, ai andava naqueles brinquedos que gira e passava mal e vomitava, o coitado do homem que estava comigo, tentava me ajudar e você chutava a canela dele, dava soco nele.

 

 É lógico mamãe aquele homem queria roubar você do papai e eu não gostei dele, ficava querendo ficar te beijando e você era muito linda para ele, você é linda mamãe, meu pai falou que a senhora é feia, porque ele estava bêbado e não estava enxergando direito, a senhora é linda parece um anjo, só que de cabelo preto. —  De cabelo preto porque, não existe anjos morenos? Pergunta a mãe. —  Ah eles são sempre loirinhos de cabelos escarolados. A mãe ri, como não fazia a dias.

   Mae.

— O que foi meu filho?

— Não estou me sentindo muito bem.

— Chi você não pode andar de ônibus que você vomita, vou pedir para o motorista parar.

— Não dá tempo mãe.

— Rápido põe a cabeça para fora do ônibus, rápido.

— UUGGOOOOOOOO. Donizete vomita para fora da janela, mas expira tudo nas pessoas que passavam na rua, que xingam e gesticulam e dentro do ônibus sobe aquele cheiro de vômito, que dava para ouvir algumas pessoas com anciã.

— ainda bem que o motorista não parou o ônibus, aquelas pessoas ficaram bravas mamãe.

— Está melhor meu filho?

—sim mamãe.

— Aguenta mais um pouco já estamos chegando já é no próximo ponto depois do farol. Eles se levantam para descer e o Donizete pede para a mãe dele deixar ele dar o sinal na cordinha da campainha.

— Você não alcança, como você vai fazer isso?

 Vou fazer igual eu vi em um gibi de histórias em quadrinhos, quer vê.

 É mais vai logo o sinal vai abrir.

 Moço me empresta o seu guarda-chuva?

O homem olha para ele sem entender muito o que ele queria com o guarda-chuva, mas empresta um pouco desconfiado, Donizete pega o guarda-chuva pela ponta e encaixa a curva do cabo na cordinha da campainha e aciona a sina leta, todos no ônibus riem, Donizete devolve o guarda—  chuva para o homem e a sua mãe olha para o homem agradecendo também e fazendo uma cara de vê se pode uma coisa dessa, o ônibus para na Avenida Rio Branco no centro de São Paulo, eles descem e a sua mãe dá uma olhada onde o menino vomitou a lateral do ônibus que era azul estava toda suja e chuviscada de Vómito. O ônibus deixou eles bem em frente o cinema onde a sua mãe trabalhava, eles atravessam a rua, sua mãe cumprimenta a moça que estava na bilheteria, ela aponta para Donizete como querendo dizer “’ e o seu filho?” a mãe faz que sim com a cabeça e entra para colocar o seu uniforme no vestiário, Donizete a acompanha e faz uma pergunta.

 Mãe porque as fotos daquelas moças têm aquela coisa preta?

 É porque não pode ser mostrado explicitamente.

 E o que é Ex, ex, ex .. Donizete tenta falar a palavra complicada para a idade dele. 

 Explicito, a palavra vem de explicito. Diz a mãe dele.

 E o que quer dizer mamãe?

 Que não é para a sua idade, entendeu?

 Você não pode entrar em nenhuma dessas salas hoje, principalmente aquela sala que tem aquele homem usando cartola, aquela sala é de filme de terror, para maiores de 18 anos, se você entrar lá, depois não vai conseguir dormir à noite e as outras salas também não são para o seu bico, você me entendeu?

 Sim mamãe.

 Então tá, vamos vou te deixar no apartamento da zeladora.

Chegando no apartamento da zeladora, a mãe dele explica a sua situação e pergunta se ela poderia deixar o seu filho lá com ela, a Zeladora toda simpática, diz que sim.

  Vai ótimo a Aninha ter alguém para brincar, Aninha tem um amiguinho para você brincar. Ana aparece no corredor e vem toda sorridente de encontro a Donizete, eles já se conheciam, mas fazia tempo que não se encontravam.

Ana era um ano mais velha que Donizete, ela era magra e um pouco mais alta que ele também, ela estava usando o cabelo bem curtinho, o que deixou o Donizete um pouco confuso.

 O que aconteceu com o seu cabelão, era tão bonito.

 Piolho. Gritou a mãe dela.

 Para mãe. Ana estava com vergonha.

 Vêm vamos brincar. A mãe de Donizete desse para trabalhar e a Zeladora fecha a porta.

 Que cheiro é esse?

 Ah, eu passei mal no ônibus e vomitei.

 Eca a, há, há, há, vem lavar a boca. Donizete lava a boca e escuta uns barulhos de vozes gemendo.

 O que é isso?

É dos filmes que passam agora.

 Minha mãe falou para eu não entrar nas salas dessa vez, você lembra, quando nos conhecemos?

   Estava passando Branca de Neve e os setes Anões. Exclama Ana.

 Foi tão legal e agora a gente não pode nem entrar nas salas. Responde Donizete.

 Mas eu conheço uma entrada secreta, mas eu não gosto de assistir esses filmes não, eles fazem umas coisas esquisitas, as mulheres ficam gritando de dor e os homens continuam machucando elas e só fica nisso é muito chato.

 E o outro filme como é? Pergunta Donizete.

   Esse dá medo é assustador, tem uns mortos que saem dos seus túmulos, ai só de lembrar dá medo.

   A gente pode dar uma olhada depois pelo seu caminho secreto?

 sim mas tem que esperar a minha mãe ir fazer alguma coisa no prédio.

 Não vejo a hora.

Eles brincam de um montão de coisa, já haviam almoçado, comido um monte de doces do estoque do cinema e quando se passavam um pouco mais das 17:00 horas, a mãe de Ana avisa.

  Eu vou ter que dar uma saidinha, vê se vocês se comportam e não aprontam nenhuma arte.

 Está bom mamãe.

 E você também Donizete eu conheço a sua fama.

 Donizete só balança a cabeça concordando.

A zeladora desse as escadas e Ana dá uma verificada se ela realmente havia saído.

   Vem Donizete, podemos ir, nós vamos ter que abrir esse portão com a chave da mamãe e colocar de volta sem que ela perceba e depois subir essa escada que dá no telhado, ai agente sobe na laje em cima do retroprojetor e levanta uma das chapas do assoalho, que de lá dá para ver todo o cinema.

   Então vamos. Fala Donizete.

Ana pega a chave da mãe, abre o portão e volta para colocar no mesmo lugar e avisa Donizete:

   Segura o portão não deixa ele fechar. Ana guarda a chave e volta.

 Vamos encosta o portão bem devagarzinho para parecer que está fechado, mas não deixa bater, vem eu vou n frente para te mostrar. Eles sobem e chegam na laje.

— É aqui onde o Retroprojetor fica, ah, que você falou?

Ana ri e confirma.

 Sim, vem nós temos que levantar o isopor com cuidado para não cair na cabeça dos clientes.

Ana levanta o isopor e a luz do Cinema invade a laje e o som do filme, fica mais alto, Donizete olha para a tela e Ana comenta.

 Não falei que era esquisito.

 Ele é um bebezão e está com fome, ele está mamando no peito dela, ele já não é muito grandinho para mamar no peito, iiii, olha agora ela está pondo o pipi dele na boca, eca que nojo. Fala Donizete.

 Deve de ter gosto de xixi.

Comenta Ana e os dois dão risadas. Olha agora ele vai começar a machucar ela, fica vendo.

 Vixii ele vai matar ela, ele furou ela, mas não saiu nenhum sangue.

Agora eles vão começar a lutar até sair uma gosma ai eles param, fica vendo, todos os filmes são sempre iguais, eu gostava mais quando passava os desenhos animados, eu não precisava fazer todo esse esforço para assistir.

 É verdade Ana, é muito besta e a outra sala, dá para ir lá também?

 O outro filme é assustador, você quer mesmo ver?

 Depois do susto que tomei ontem na casa da minha tia, eu acho que nada mais me assusta.

 Então está bom vem vamos, nós temos que contornar essa laje é na próxima laje. Eles andam pelo telhado com cuidado até a próxima cabine de retroprojetor. —  Vamos com cuidado de novo. Ana levanta o isopor e Donizete fica de olhos vidrados, as cenas que estava passando era de um Zumbi comendo o cérebro do outro e um monte de Lesmas, iguaizinhas a que ele viu no cemitério saindo pelo corpo do Zumbi, aquela cena deu uma certa repulsa em Donizete, porque ele pensou:

   Credo eu toquei em uma coisa que come morto.

E no filme havia também uma grande bola de carne humana que  vinha rodando e juntava os restos mortais, deixados para trás pelo Zumbis e aquela bola ia crescendo conforme ia juntando mais restos e os policiais tentavam matá—  la e atiravam nela, mas nada acontecia e os policiais morriam também e quando amanhecia  todos eles voltavam para os seus túmulos, e quando eles pensaram que estava tudo calmo, que os Zumbis tinham ido embora , uma cena daquelas de susto forte, que te pega desprevenido, aconteceu no filme e Donizete e Ana se assustam e deixam a tampa cair dentro do cinema, A chapa de isopor atravessou a projeção do filme e uma grande escuridão tomou conta do cinema e os clientes começaram a reclamar, assobiar e gritar.

Os dois rapidamente corem dali e voltam pelo mesmo caminho, mas quando eles chegam no portão, o portão havia se fechado.

 E agora Ana?

 Nós vamos ter que voltar e sair por dentro da sala de cinema.

   Mas qual sala, eu não quero ir na sala dos Zumbis.

 Não, a saída é na outra sala, a da moça do xixi.

   Menos mal, então vamos logo, antes que alguém venha atrás da gente.

Eles fazem o caminho de volta para a primeira sala e dessem por uma escada que havia na lateral da sala de retroprojetor e entram na sala de sexo explícito, as cenas agora eram diferentes e Donizete fica olhando e vai descendo as escadas, até que um homem o puxa pelo braço e fala para ele assim:

   Segura aqui.

O homem mostra o seu membro para Donizete e ele tenta se debater e o homem puxa ele de volta, forçando ele a segurar o membro dele, o homem solta ele e fala.

   O que é isso subindo pelas minhas pernas?

Ele se abaixa e pega uma coisa vermelha e roxeada na mão.

 Lesma! Grita o homem e outras pessoas dentro do cinema também começam a gritar.

Havia lesmas saindo da tela e caindo do teto e as pessoas correriam para saída da sala do cinema, estavam todos em pânico.

Ana puxa Donizete pelo braço.

 Vem vamos sair daqui.

Eles correm para a saída e Donizete dá de frente com a sua mãe.

 Eu sabia que você estava por de traz disso, quando eu escutei as pessoas falando em Lesmas eu imaginei, isso está me parecendo familiar, eu não acredito que você pegou as lesmas que você estava falando ontem e trouxe as para cá, como você fez isso?

 Eu não fiz nada mamãe, eu não trouxe lesma nenhuma.

 E o que você estava fazendo lá dentro, eu não falei para você não entrar lá!

 Falou mas nós entramos por engano, estávamos brincando de esconde esconde e o portão fechou lá de cima e nós tivemos que sair por aqui.

 Tá eu acredito, e eu sou a Mulher Maravilha agora, tá bom, vamos sair daqui logo, que devido a denúncia das Lesmas, todas as sessões foram canceladas e eu fui dispensada, ainda bem eu tenho que passar no mercado e comprar algumas coisas para a dispensa da Tia Olga, antes que ela jogue na nossa cara que estamos comendo toda as coisas dela. —  Mãe você compra Sucrilhos?

 Vamos ver, se você merece, se não me aprontar mais nenhuma.

   Essa caixa está pesada filho, como nos faz falta um carro agora.

Nesse exato momento um carro para ao lado deles e buzina e diz:

   A Rainha está precisando de ajuda?

 Vai oferecer ajuda para a sua avó bocó. Grita Donizete.

 Fica quieto menino. Fala a mãe dele, mas o motorista desiste de ajudar.

   É você não está me ajudando muito, vamos ter que ir de ônibus com essa caixa pesada cheia de mercadorias.

O ônibus chega e eles entram, Donizete tenta ajudar a mãe a carregar a caixa para dentro do ônibus, eles colocam a caixa nos pés deles e se sentam, colocando os pés sobre a caixa.

 Pronto mãe conseguimos.

 Agora só vamos precisar descarregar lá na casa da tia.

Os dois ficam calado por um tempo, porque ambos estavam cansados e com o balanço do ônibus eles pegam no sono até que Donizete chama a mãe dele.

 Mae eu não estou me sentindo bem.

 Ah o que?

Só não vomita nas nossas, tarde demais, você vomitou nas nossas compras.

 Desculpa mãe.

 Que droga menino!

E aquele cheiro de vomito toma conta do ônibus, e os sons de anciã viram uma orquestra.

   Pronto chegamos.

 Nossa Zulmira que cheiro é esse?

 O santo do meu filho vomitou em cima de toda compra que eu fiz, agora tenho que verificar o que dá para salvar ainda, que nojo, o que esse menino comeu?

Depois de um dia Alucinante e cansativo Donizete senta no sofá e adormece.

Ele acorda no sofá na manhã seguinte e fica confuso mais uma vez.

 Caramba onde eu estou agora, cadê a minha mãe?

Ele sai para o lado de fora da casa e se depara com a sua tia na mesma cena do dia anterior: fumando cigarro de palha, com a sua verruga preta no canta da boca, os bobs na cabeça, uma cena nada motivadora para uma bela manhã.

Tia você viu a minha mãe.

 Ela foi trabalhar. Donizete pensa em correr atrás dela, mas a tia já adianta.

 Nem adianta tentar encontra-la ela já foi cedo.

 Ela já foi, parece que o que você aprontou ontem, teve consequência hoje e você não deixou ninguém dormir, teve pesadelo a noite inteira, gritava que um Zumbi iria te pegar, que a bola de carne humana iria devorar os seus restos, que iriamos todos morrer, ai gritava, as Lesmas elas são minhas amigas e vão me salvar. Donizete abaixa a cabeça e vai voltando para dentro da casa e se senta na cadeira e se ajeita na mesa de formica azul, a sua tia serve café com leite em uma caneca de ferro branca e um pedaço de pão com manteiga.

Ele comia tranquilamente ele escuta uma voz cochichar alguma coisa.

 O que você falou tia? A sua tia tira o cigarro de palha da boca e diz.

 Eu não falei nada você está doido? Ele dá de ombros e continua a terminar o seu café da manhã, ele estava tentando fazer as coisas certas e seguir as regras da casa da tia e por isso ele coloca a caneca e o prato na pia, e vai direção a geladeira guardar a manteiga e o leite e é quando ele escuta a voz mais uma vez e se assusta e derruba o leite, fazendo muito barulho e sujeira, sujando todo o chão com leite.

Sua tia dessa vez grita sem tirar o cigarro da boca.

 Está com a mão furado ou é retardado?

 Só faz bagunça, sai daqui.

 Tia você ouviu uma voz também?

 Que mané voz o que, está ficando louco é, eu vou falar para sua mãe te interna em um Hospício e não um Internato e sai daqui antes que eu te dou uma canecada. Donizete sai pulando pela porta da cozinha e saia para ficar no quintal e decide ficar na varanda, assim que ele põe os pés na varanda os Pequinês rosnam para ele, que dá meia volta e fica sem saber para onde ir, ele fica procurando o que fazer e novamente ele escuta aquela voz, ele procura de onde vem e nada, olha para os lados, olha para cima e avista uma linha de pipa, ele corre tira o bambu que segurava o varal com as roupas da sua tia, onde  as barras das calças e a ponta dos lenções e toalhas caem no chão, ele apanha a linha com o Bambu e abaixa até ele a linha do pipa e começa a puxar, vai puxando, puxando até que aparece o pipa, ele pega o pipa para ele e fica brincando com a pipa no alto.

Um menino aparece no portão dizendo que a pipa era dele e que era para ele devolver a pipa dele.

 Você pegou a minha pipa, me devolve ou eu vou pular aí e te dar uma surra e ainda pego de volta a minha pipa, quer ver?

O menino ameaça pular o portão e com o barulho, os cachorros latem e avançam no menino no portão, que desiste de tentar entrar no quintal, com esse barulho todo a tia Olga sai para ver o que estava acontecendo.

 O que você aprontou agora?

 Eu nada, só apanhei essa pipa aqui no quintal e esse menino está dizendo que eu peguei a pipa é dele.

 Pegou mesmo essa pipa é minha, ele puxou a minha linha com esse bambu de varal.

 Varal?

 O pau do meu varal, as minhas roupas estão sujando tudo no chão.

Donizete olha para as roupas raspando no chão e a tia grita.

 Seu Capeta!!

Você não é um menino é um capetinha, me dá essa merda aqui. A tia arrebenta a linha e solta a pipa que vai embora e grita com o menino do portão.

 E você some daqui antes que eu te dou umas pauladas ou solto os cachorros em cima de você ou vou chamar a sua mãe.

O menino sai correndo.

 Donizete se você me aprontar mais uma hoje eu juro que eu mesma te coloco e m um colégio interno, onde já se viu, eu não passei isso com as minhas filhas para ficar passando nervoso com o filho dos outros que desaforo.

Donizete fica só fitando a sua tia e esperando ela entrar, porque Donizete acompanhou onde a pipa ficou enroscada e ele vai tentar pegar de volta, ele caminha até o muro do cemitério, mede a altura do muro, procura por algo que o ajude subir no muro e avista uma cadeira, ele tenta mas ainda não dá a altura, ele avista um balde da sua tia e coloca em cima da cadeira, dessa vez dá a altura do muro, ele sobe no muro  e verifica que do outro lado era bem alto  ele verifica que a linha enroscou bem na estátua de anjo que ele se assustou a noite passada, mas que vai precisar o pau do varal da tia novamente, ele volta para o quintal retira o pua do varal novamente, deixando as roupas rasparem no chão novamente e sobe no muro mais vez, ele mede a distância do muro para a Lage de um Mausoléu e pula para cima no mausoléu, pula para laje de outro mausoléu até chegar na estátua, que parecia estar brincando com a linha do pipa, porque a linha estava presa na mão da estátua e ele não iria conseguir subir na estátua para apanhar naquela altura, ele apanha o bambu e tenta apanhar o pipa na estátua e se estica todo, quase se desiquilibrando, mas se equilibra e tenta de novo, e quando ele estava na pontinha do pé concentrado em baixar a linha.

 O menino o que você está fazendo ai? Grita o guarda do cemitério.

Donizete se assusta e cai do muro em cima da tampa de um tumulo, que com a queda se rompe deixando o Donizete cair dentro do tumulo, era uma altura considerada alta, mas parecia que alguma coisa havia amortecido a queda de Donizete e ele dentro do tumulo se depara com aquela escuridão.

Ele ouve aquela voz novamente e naquela escuridão ele não vê ninguém a única luz que existia ali era a luz do sol que vinha da parte quebrada da campa, ele olha pra cima e avista o segurança que grita.

 Menino você está bem?

Donizete não responde nada com medo e fica calado.

 Menino?

 Menino?

O segurança sai para buscar ajuda.

Os raios solares iluminam mais forte dentro do tumulo e Donizete tem a impressão de que as paredes estavam vivas como na noite retrasada no muro da divisa com o quintal da sua tia, os seus olhos se acostumam com a escuridão e ele percebe que as paredes estavam repletas de Lesmas.

Ele dá um grito e se joga no chão, quando ele cai no chão e sai totalmente de uma fonte de luz, alguma coisa parece que transpassa por ele e sente um vento balançar os seus cabelos e de repente tudo fica mais frio e gelado fazendo com ele trema e bata os dentes de frio ele percebe uma luz bem fraquinha no fim de um túnel que era da largura do seu corpo e talvez ele conseguiria se arrastar por ali até alguma saída, ele se arrasta pelo túnel que estava todo úmido e cheiro não era insuportável de carne podre, o que faz com Donizete vomitar e ele continua se arrastando passando pelo seu vomito, mas alguma coisa começa se mexer em baixo dele e carregá—  lo em direção a luz ele olha para baixo em direção a sua barriga e enxerga um exército de lesmas, todas enfileiradas uma a uma do lado da outra  e elas carregam Donizete que dessa vez não se assusta e percebe que elas não queria lhe fazer mal algum e que pelo contrário estavam ajudando—  o e elas levam ele até a saída do bueiro, até onde não batia sol e vão embora, Donizete grita por socorro.

Aparece o Segurança e alguns homens e eles retiram a tampa de concreto e ajudam Donizete sair do bueiro.

   Menino que sorte você ainda estar vivo, cair de altura daquela e não se machucar gravemente é um milagre, ou é a lenda que contam da Tumba do Coronel Zuquim, vocês conhecem? O segurança pergunta para os homens e para o menino. Um dos homens já havia ouvido falar os outros não e o menino fala que não. —  Onde você mora menino? —  Do lado da parede do Cemitério de onde eu cai.

 Ok vamos andando até lá e eu vou te contando a Lenda do coronel Zuquim, Dizem que este Cemitério pertencia à fazendo do Doutor Zuquim.

 Mas ele não era Coronel? Interrompe o menino.

—Doutor, Coronel era tudo a mesma coisa naquela época, era como eles chamavam uma pessoa importante dono de terras, esse título, não era porque ele era médico ou que tinha servido a força armada, era por questão de respeito das pessoas humildes e ignorantes daquela época, isso aconteceu mais ou menos no ano de 1845 a 1850.

— O Coronel Zuquim era um homem muito bom, ele era Um Homem poderoso diferente, ele era muito humilde, mas muito inteligente e amava a sua família, os seus filhos eram tudo para ele, ele adorava aquelas crianças e isso foi a desgraça dele, algumas pessoas perseguiam ele, porque ele tratava os seus escravos bem diferentes dos outros fazendeiros e isso causava prejuízos aos outros fazendeiros, mas era justamente isso que fazia a fazenda do DR. Opa Coronel Zuquim prosperar, em sua fazenda não existia Senzala, os negros moravam em casas como todo mundo, ele não usava chicote ou qualquer outro tipo de violência com o seus escravos, ele usava o amor ao próximo e o carrinho e isso fazia com que os seus escravos fossem sempre muito fiéis a ele o que também foi a sua desgraça, sabe porquê?

— Em umas das escavações para plantação de algodão, os escravos encontraram pepitas de ouro e levaram até ele, como ele era muito rico e humilde não entendia nada de como garimpar ouro e não precisa daquele dinheiro ele autorizou que quem encontrasse ouro nas terras dele entre os seus escravos, poderiam ficar com eles, desde que continuassem trabalhando para ele.

— Ele não entendia de Garimpar ouro, mas entendia de pessoas e como motiva-las e isso realmente motivou muito os seus escravos, eles escavavam fileiras e fileiras e onde não era encontrado ouro era plantado cana de açúcar, era assim que ele aproveitava a motivação e o terreno, porque a plantação de cana de açúcar prejudicava muito o solo e só poderia se plantar poucas vezes, devido ao método de queimadas que eles usavam na época e assim tudo isso funcionou por um bom tempo, até como sempre dentro de um cesto de fruta, tem  sempre tem uma fruta podre, e um dos seus escravos que se destacou e encontrou mais ouro que os outros, quis ser dono de si e isso naquela época era muito complexo, tinha que ter dinheiro ou poder.

— Esse escravo tinha dinheiro, mas não tinha sabedoria, e nem malícia da vida, fora da fazenda do Coronel Zuquim e o que aconteceu?

Ele achou que fora da fazenda eram todos felizes, todos “Honestos” e assim ele foi ingênuo?

— Esse escravo bateu na porta errada, ele foi até um cartório que existia na cidade para saber como ele deveria proceder para conseguir a sua carta de Alforria.

 O que é isso? Pergunta Donizete.

Era o seu documento de libertação, quem tinha a sua carta de alforria era considerado um homem livre, mais ou menos assim quando a gente chegar na sua casa agora e eu não contar para a sua mãe, que você quebrou a tampa do Tumulo da Família Zuquim, porque eu sei que o cemitério tem funcionário para consertar isso, você não vai ficar de castigo e vai ser um homem livre.

 Mãe não, é a minha tia e eu vou estar ferrado de qualquer jeito nem essa carta poderia me salvar agora, mas o que aconteceu com o Escravo?

   Onde eu estava mesmo?

Ah tá, o cartório que o escravo procurou para pedir informação era de um fazendeiro rival do Doutor Zuquim e estava querendo roubar as terras dele, para garimpar o ouro existente ali e quando o escravo se pronunciou, o Coronel Garcia como era conhecido, acusou o escravo de fujão, dizendo que ele era um escravo fugitivo e que ele iria ficar preso e que agora ele pertencia a fazenda do Coronel Garcia por encontra-lo e assim esse escravo foi parar na fazendo do Coronel Garcia onde levou muita chicotada e sofreu muito até que o coronel Garcia lhe fez uma proposta, de que se ele fizesse tudo o que ele mandasse, ele devolveria o ouro dele e o documento de libertação.

Mas que prontamente o escravo concordou e com isso o Coronel Garcia lançou um boato que este escravo que pertencia à fazendo do Coronel Zuquim estava na fazenda dele, ele sabia que o coronel Zuquim era uma pessoa muito boa e que veria atrás do seu escravo e dito e feito.

Um dia o Coronel Zuquim apareceu na fazendo do Doutor Garcia reclamando pelo escravo.

O coronel Garcia para não deixar o Coronel Zuquim perceber que estava sendo vítima de uma traição, pediu uma quantia em troca do escravo, Coronel Zuquim pagou sem titubear e assim.

Coronel Garcia colocou o seu plano em ação e a traição foi assim com uma data marcada para que o Coronel Zuquim caísse na armadilha sem perceber:

Eles marcaram um assembleia onde todos os fazendeiros participassem, mas só os homens e assim as esposas teriam que ficarem em casa sozinhas e assim o Coronel Zuquim, foi até a assembleia e a reunião foi atrasada para que escurecesse para que o plano do Coronel Garcia funcionasse e assim o plano foi continuado e o que aconteceu foi seguinte:

O escravo que retornou teria que esconder os filhos do Coronel Zuquim e dizer que eles foram sequestrados, o escravo enganou as crianças e as trancou  em uma cabana e foi fingir que alguns homens haviam sequestrado as crianças e que deixaram um pedido de resgate para devolverem as crianças, mas o coitado do escravo estava sendo enganado mais uma vez e assim que ele entrou na casa da Patroa, ele levou um golpe forte na cabeça e quando ele acordou o Coronel Zuquim sacudia ele pelo braço, pedindo esclarecimentos do que tinha acontecido na casa dele, o escravo estava nu e a esposa do Coronel estava nua também morta em cima da cama do casal.

Ele ia tentar explicar que não tinha sido ele, e que ele era inocente e que as crianças estavam salvas na cabana, mas antes que ele terminasse a frase um tiro de espingarda atravessou a sua cabeça e o Coronel Zuquim, ainda tentou salva-lo em vão, o tiro tinha vindo de fora da casa, mas na escuridão ninguém conseguiu identificar ou pegar  o assassino e assim tentaram incriminar o Coronel Zuquim de assassinato, dizendo que ele havia pego a sua esposa com um escravo na cama o traindo e assim ele teria matado os dois e as suas terras seriam leiloadas, porque não haveria mais herdeiros, sendo que as crianças estava desaparecidas e também eram as únicas que poderiam identificar ou dizer algo sobre o ocorrido.

Mas todos sabiam que o Coronel Zuquim era inocente e assim, ele procurou pelo seus filhos, mas ninguém sabia onde eles estavam, sendo que o único que sabia havia morrido na sua frente no seu quarto e até que a inocência do Coronel Zuquim fosse provada, ninguém conseguia encontrar as crianças e o Coronel oferecia recompensas altíssimas para quem as encontrasse , mas quando as encontraram já era tarde demais elas haviam morrido de frio e fome e estavam amarradas em um cadeira  e dos seus corpos brotavam lesmas quando as encontraram em uma cabana afastada da fazenda.

Isso para o Coronel Zuquim foi praticamente a morte ele não durou muito depois disso, dizem que ele morreu de tristeza, mas que antes de morrer ele deu uma lição de Humanidade no Coronel Garcia e dou o terreno deste cemitério onde ele foi enterrado com honras na campa, sendo a mais bonita do cemitério, onde ele comprou a estátua daquele anjo de um artista renomado e mandou construir covas para ele, para a sua esposa e para os seus filhos e a grande surpresa uma cova para o escravo causador disso tudo, porque ele sabia que no fundo ele era um inocente, essa cova é justamente a que você caiu e diz a lenda que ele sempre ajuda os injustiçados e protege os desprotegidos.

Donizete pensa Lesma brotavam dos corpos.

Eles chegam na casa da sua tia.

Quando a sua tia avista ele do lado de fora do portão, todo sujo e sendo acompanhado por aquele segurança, ela olha para o muro do cemitério e vê a cadeira com o balde em cima e as suas roupas arrastando no chão mais uma vez ela grita.

 Eu não acredito.

Ela corre para o portão para bater no Donizete o segurança a impede e conta para ela tudo o que Donizete acabara de passar, ela escuta atentamente as palavras do segurança e quando e quando ele termina de falar.

 Você não é uma criança, você é um Demônio, eu não quero nem saber de você aqui, amanhã mesmo eu vou com a sua mãe te matricular no Colégio interno. Ela agarra nos braços dele e o puxa para dentro vem antes que você apronte outra e vamos tomar Banho você está fedendo e vai ficar trancado dentro de casa até a sua mãe chegar.

A noite quando a sua mãe chega do serviço carregando uma caixa pesada de compra, a tia Olga nem espera ela entrar direito e já vai contando tudo o que aconteceu e afirma no final.

 Aqui ele não fica.

 

No dia seguinte.

Donizete carrega a sua mala vermelha por uma rua de paralelepípedo que dá acesso ao Colégio Interno, ao seu lado iam a sua mãe e a sua tia Olga, na entrada do Colégio Havia uma placa onde se lia “Orfanato Cristóvão Colombo”, na recepção do Colégio Interno eles são recepcionados por uma Freira.

   Bom dia, Jesus te ama em que posso ajuda-los?

Diz a Freira.

E a tia Olga toma a dianteira.

   Eu já havia ligado e falado com a Madre superior e ela reservou uma vaga para esse Capetinha aqui.

   Não se diz essa palavra aqui minha senhora, se a senhora não percebeu aqui é uma igreja também, ou seja, aqui é tudo casa de Deus e aqui quando se referimos a crianças peralta, costumamos dizer Santinhos e não o que a senhora acabou de dizer.

Donizete mostra a língua para a tia. E a Freira chama a atenção de Donizete.

 Que isso menino, respeita os mais velhos, ela é sua tia.

Agora quem mostra a Língua é a tia Olga.

A Freira olha para tia Olga e dá de ombros.

A freira começa explicar os procedimentos e fala sobre o dia de visita.

 A visita aqui só é de duas em duas semanas no Domingo.

 Só duas vezes por mês? Pergunta a mãe de Donizete.

 Sim e vocês tem que estarem aqui as 08:00 horas para seguir a missa dos alunos e só depois os alunos são liberados para a suas mães, os alunos ficam no lado direito da Igreja, para não haver fugas.

 Haver fuga? Pergunta a mãe de Donizete.

   Sim eles costuma querer fugir por diversas razoes, vocês querem conhecer as dependências, nós podemos dar uma olhada rápida os alunos estão em aula, aqui eles estudam de manhã e de tarde, eles acordam as 06:00 horas, tomam café da manhã as 06:30 horas porque as 07:00 horas eles já estão na sala de aula, tem um intervalo as 09:30 horas retornam as 10:00 horas e param para o almoço as 12:00 horas e voltam para sala de aula as 14:00 horas, alguns dias da semana a sala de aula e substituída por educação física, com atividades na piscina.

 Piscina? Pergunta Donizete.

 Sim, piscina ou atividades com bolas nas duas quadras que possuímos, eles jantam as 18:00 horas, porque as 20:00 horas eles já estão na cama, para a rotina do dia seguinte, alguma pergunta?

   Não, aqui é um convento ou o exército, quero dizer escola período integral?

Né, podemos conhecer a igreja?

A Freira mostra para eles onde o que era o que e chegam na Igreja.

Era uma igreja Românica com alguns detalhes Rococó, com vitrais lindos, e um grande órgão, atrás do altar, o altar tinha um púlpito em mármore e um deposito em ouro, o teto havia alguns afrescos com querubins nas pontas e Donizete faz uma comparação.

 Olha tia o seu cabelo está igual a desses anjinhos, igualzinho. Sua o olha com reprovação e a freira solta uma risadinha, mas logo toma a postura séria.

A igreja não tinha muitos bancos e do lado direito não havia bancos, porque era onde deveria ficar os alunos como a Freira dizia, era uma bonita igreja que ainda mantinha alguns objetos de valores a mostra, com a segurança de hoje em dia isso era raro, porque a qualquer momento um ladrão poderia entrar ali e levar aqueles objetos de ouro.

   Bom chegamos ao fim do nosso tour, vocês podem se despedir do aluno, por favor seja breve, que ele ainda vai frequentar a aula da parte da tarde depois de acomodar as suas coisas e se familiarizar—  se com o ambiente e realizar mais alguns procedimentos.

A mãe de Donizete se ajoelha aos pés dele e olha nos seus olhos e diz:

   É para o seu bem meu amor, eu sinto muito, mas está doendo mais em muito mais em mim do que em você, eu prometo que vai ser por um curto período.

Ela se levanta dá um beijo na testa dele, a sua tia também se despede.

 Tchau Pestinha, vou sentir a sua falta, mas não muito e ri. A Freira o leva embora pelos corredores em direção ao quarto, Donizete dá uma última olhada para traz e vê sua mãe abraçando a sua tia e chorando muito até a freira virar em outro corredor e entrou em uma porta que dava acesso ao pátio que eles tinham que atravessar para chegar no quarto, onde ele iria ficar.

Ele vê as outras crianças com as suas cabeças raspadas e fica olhando para eles enquanto era puxado pela mão pela freira.

Eles sobem as escadas que dava acesso aos quartos, eles chegam em um corredor comprido que dava acesso a três quartos.

A Freira leva ele até ao último quarto do corredor, que era maior quarto de todos de cor cinza.

 como a sua tia informou que você não é santo, esse quarto deve de ser o deu perfil, porque aqui nós temos três quartos de três cores: o cinza que é esse onde fica os problemáticos, depois nós temos o de cor branca com mais 100 camas que é onde fica os meios termos e por último e nosso orgulho o de cor de rosa, com 200 alunos, que é onde ficam os nossos exemplos de educação dos nossos alunos. No quarto cinza haviam cem camas divididas em cinco fileiras de vinte era um quarto gigante, que parecia um grande alojamento, a Freira leva ele até a cama de número quarenta e quatro e coloca os seus pertences em cima dela, abre um pequeno armário que ficava a esquerda da cama, como se fosse um criado mudo e coloca as roupas da sua mala ali dentro.

 Agora vamos cortar o seu cabelo. A Freira o leva a até o Barbeiro, e algumas crianças correm para ver o barbeiro raspar o cabelo de Donizete pelas janelas, fazendo um alvoroço. Aquele barulho da máquina de raspar cabelo, era ensurdecedor e as crianças das crianças do lado de fora era abafado por aquele barulho, EEEEEEEEEEEE.

E o Barbeiro usa a máquina sem nenhum tipo de pente, deixando a no zero o que faz machucar pela brutalidade com que o Barbeiro fazia e Donizete reclama.

 Vai com calma ai!

E o Barbeiro continua passando na cabeça dele fazendo cair os fios de cabelo castanhos brilhantes no chão, algumas crianças dão risadas através da janela e quando o barbeiro termina, Donizete passa a mão na cabeça e constata que não havia mais nenhum cabelo e algumas partes da cabeça ardia, porque a máquina havia machucado e  deixado alguns caminhos de ratos, como as crianças costumavam falar, eram falhas ou cicatrizes, antigas e um menino grita.

 Ficou um caminho de rato. E as crianças caiem na gargalhada.

Donizete vai saindo e dá um soco no nariz do menino que sangra muito.

A Freira briga com Donizete e  leva ele e o menino até um bebedouro de azulejos, onde haviam muitas torneiras e faz Donizete lavar o sangue do nariz do menino, feito isso ela diz:

   Aqui é assim, sujou você limpa, machucou alguém tem castigo e você não vai tomar o seu castigo agora porque temos que ir para o banho, mas você já tem um castigo de crédito comigo.

 Vamos crianças é hora do banho. Gritam as Freiras.

As crianças correm para formar uma fila, na entrada do prédio dos dormitórios e conforme as crianças iam chegando na entrada do prédio onde havia duas Freiras entregando sabonetes toalhas e roupas, para cada criança especifica, existia um número para ela, na vez do Donizete a Freira que o acompanhou informa.

 Quarenta e quatro.

E a outra freira fornece os seus pertences, Donizete estranha e verifica que em todas as suas roupas existia um número em vermelho “quarenta e quatro” estava na cueca, na camisa, no short e na toalha.

As crianças tinham o costume que de que assim que pegasse a cueca limpa, elas a colocavam na cabeça como se estivesse usando uma toca e o que se via era uma grande fila de meninos com cuecas na cabeças de todas as corres e formatos, bege e branca eram as cores que mais tinha, mas tinha azul, vermelho, xadrez, listrada, de bichinho, o pior que quem tinha de bichinho era tirado sarro deles pelos outros meninos.

 "Olha a cuequinha dele é de patinho". Há, há, há, há.

 "Olha a cuequinha dele é de ursinho", há, há, há.

Mas coitados, eles não tinham como trocar, porque uma vez que a sua mãe tivesse feito a sua mala com elas , era para um ano inteiro e toda vez que no dia do banho aparecia uma cueca de algum desenho na mão da Freira, o menino já sabia que iria ser motivo de chacota e eles iam assim com as cuecas nas cabeças até o chuveiro, cada criança imaginava uma fantasia, um dizia que era um marciano:

Pelo jeito de colocar a cueca na cabeça com os buracos para frente, deixando parecido com dois olhos de marcianos, outra criança dizia que era uma formiga, deixando a cueca em formato de uma cabeça de formiga usando os dedos como antena, algumas iam mais além e diziam.

 Eu sou o Cueca mascarado.

 Eu sou o Homem cueca.

E as crianças riam, eles seguiam uma fila indiana de 400 crianças, por dois lances de escadas até chegar no banheiro onde 10 Freiras davam banho nos meninos em 10 chuveiros, dividido em duas fileiras de cinco chuveiros, cinco de um lado e cinco do outro lado. Chega a vez do Donizete tomar banho, a Freira coloca ele debaixo daquela ducha de água gelada, o que saia daquilo não era água era cubos de gelo, aquilo que eles chamavam de chuveiro.

As Freiras tinham prática e como de costume, a primeira coisa que a Freira esfrega são as orelhas, depois o pescoço usando uma bucha com força e o Donizete reclama. —  Ai! Está machucando!

 Fica quieto menino! Isso não doí. E continua a esfregar, atrás do joelho e no calcanhar ela usa os dedos, para tirar o cascão que fica na curva do calcanhar para os pés. E assim cada menino que ia terminando o seu banho, continuava na fila, se trocava na próxima sala e já descia uma escada que dava acesso ao refeitório, para almoçar, e de grupo de dez eles iam se sentando na mesa do refeitório, um do lado do outro, as Freiras traziam a comida já colocadas em pratos de plásticos sobre em um carrinho, e assim elas distribuíam as refeições.

Naquele dia foi servido arroz, feijão, carne com batata e salada de agrião e um suco de uva (Ki suco) desses artificiais de pó.

Donizete pega a colher que era oferecida para comer e come a sua comida, mas ele não gostava de salada e agrião e deixa a salda de lado, o menino ao seu lado o avisa: —   Se você não comer tudo eles não te deixam sair, enquanto você não comer o último grão ou a última folha.

Donizete encha a mão com a salada e enfia na barra da blusa e coloca dentro dos shorts e vai saindo, mas quando ele vai saindo e chega na porta de saída do refeitório onde havia um padre que pergunta para ele.

 O que você tem ai dentro?

E puxa a blusa fazendo com que toda a salada escondida caísse no chão.

 É o seu primeiro dia aqui né? Donizete faz que sim com a cabeça e o Padre pega ele pela orelha e o leva de volta para dentro do refeitório e o coloca na parede de castigo, vai até a cozinha e volta com uma bacia cheia de agrião sem tempero e disse:

   Enquanto você não comer toda essa bacia até a última folha, você não sai daqui hoje.

Junto com Donizete haviam mais outras crianças que também não gostavam de agrião estavam todas com uma bacia na mão e comiam as suas folhas fazendo careta e empurravam as folhas garganta abaixo e assim Donizete começa engolir as suas folhas a seco, o que lhe dava ânsia de vômito.

As outras crianças iam deixando o refeitório e saiam rindo do Donizete imitando—  o que iria vomitar também. Donizete é o último a sair do refeitório ele come a última folha da bacia e ele mostra para o Padre, que o deixa sair e o acompanha até a sala de aula onde já estavam todas as outras crianças e o apresenta para a professora informado que ele era um novato e que não havia comido a sua verdura e por isso o atraso dele. A professora que era uma freira o encaminha para o seu lugar e pergunta o seu Nome?

 Donizete.

   Bom, crianças esse é o nosso novo aluno Donizete, falem para ele “Vamos dar as boas—  vindas para ele?”.

E todos falam

 “Bem-vindo”.

   Bem, vamos começar a aula peguem as suas cartilhas e vamos começar hoje pela letra “B” de baleia ou “B” de bola e assim foi a tarde de Donizete que não estava entendo nada e também não estava prestando atenção em nada, porque a sua mente estava muito longe dali  e tudo aquilo para ele era novidade ou ele ainda estava assimilando o que estava acontecendo com a sua vida e ele estava em uma sala de aula sem a sua mãe para acompanha—  lo pelas primeiras horas, mas aquelas horas passaram rápido para ele e a professora informa:

   Meninos amanhã nos vamos começar pela letra “I” de igreja.

Quando a professora terminava de falar, uma sirene muito alta soou e as crianças saíram correndo da sala de aula já formando uma fila na entrada do refeitório para o jantar as 18:00 horas, foi servido cachorro quente, Donizete adorava cachorro quente e devorou o seu jantar e um outro menino que não gostava muito de salsicha, estava deixando uma salsicha no prato, Donizete pega a salsicha do  prato do menino que agradece e começa  roer a pele da salsicha, saboreando e deixando só o recheio por último e vai saindo pela porta, chegando perto do padre que olha para a sua mão, ele enfia o resto na boca, lambe os dedos, como quem quer dizer estava uma delícia, o padre balança a cabeça e dá de ombros.

Ele caminha em direção do playground, onde algumas crianças brincavam no Gira-gira, ele se enturma e começa a brincar com as crianças e ajuda a rodar bem rápido o gira- gira e eles rodam bem rápido, mas muito rápido até ao ponto de uma das crianças não ter força para se segurar e sair voando do gira-gira e se estatelando no chão e se machuca, e um dos meninos mais velhos fala para ele.

 Vai levanta sem chora, porque se você chorar e Freira vir aqui você vai apanhar.

O menino se levanta rapidamente, mesmo com muita dor e todo ralado e vai se sentar na marquise dos corredores das salas de aulas, onde alguns meninos assistiam o desenho do Vira-  lata na televisão que ficava no final da marquise e chora baixinha no meio dos meninos para que ninguém perceba que ele estava chorando. Enquanto a televisão anunciava: “Todo problema acabou o Vira-Lata chegou”.

Os meninos maiores acompanham o menino com os olhos e dão de ombro e um deles vira para Donizete e diz.

  Você é bastante forte para sua idade, nos ajudou a empurrar muito forte, vem vamos mais uma vez e quem não conseguir se segurar forte é melhor sair porque agora vamos empurrar mais forte ainda e não vamos parar se alguém cair.

Eles começam a empurrar o gira-gira forte e mais forte, cada vez mais forte até o ponto de não conseguirem empurrar mais e todos se penduram no ferro mais alto e soltam as suas pernas no ar gritando muito e ficam curtindo o corpo rodando com a ação da força da gravidade, até que a velocidade diminuísse, eles riam muito, um dos meninos dá uma ideia.

 Vamos lá na gaiola?

Todas as crianças se calam e olham para a criança que disse aquilo.

 Você é louco? Diz um menino que tinha as orelhas de abano.

    Uma hora dessas, já está escuro e vocês sabem o que pode acontecer.

 Eu é que não vou lá a noite, nem ferrando. Diz um menino gordinho que usava blusa listrada, que o deixava mais gorda do que já era e assim mais algumas crianças retrucam.

 Nem eu.

 Muito menos eu.

Até que um dos meninos da quarta série que era um dos maiores, fala:

 Vocês são uns Bunda moles, eu vou e vou mostrar para vocês que não tenho medo de nada do que dizem que tem lá e você vem comigo José e você também novato, você tem cara de que é corajoso, como é o seu nome?

 Donizete.

 Coincidência o meu também é Donizete, aposto que nós vamos nos dar muito bem chara, vem vamos e quem não for com a gente vai ser chamado de medroso para sempre.

Donizete dá de ombros, mas José que era um menino mirradinho estava morrendo de medo e mesmo assim ele vai, e lá vão os três na frente com o restante atrás já querendo voltar ou correr no primeiro barulho.

 A gaiola fica lá embaixo no pátio de baixo no final dos degraus, perto da piscina onde deve de estar bem escuro.

 Porque os meninos estão com medo de ir nessa gaiola, o que tem de mais lá?

 Eu vou te contar. Fala José morrendo de medo.

   Onde fica essa gaiola é perto das piscinas, mas também é perto do fundo da cozinha, onde as freiras matam os bichos, é um matadouro e é de onde elas levam as carnes para preparar a nossa comida, lá elas matam galinha, porco e uma vez elas mataram uma vaca e essa vaca foi a que deu origem a toda essa história, que todo mundo tem medo.

 Mas porquê? Pergunta Donizete.

 Dizem que quando um dos Padres deu o golpe de foice na vaca para cortar o seu pescoço, espirrou muito sangue, e um desse espirrou de sangue atingiu a parede e o sangue que espirrou na parede, formou a forma de uma mão, perfeita com todos os cincos dedos, tem até a forma certinha do dedão com unha e tudo.

   Mas e daí?

O que tem isso?

 Dizem que as vezes a noite eles escutam o mugido dessa vaca e é quando essa mão sai da parede para se vingar, daqueles que comeram dá sua carne e daqueles que profanam o lugar sagrado, que ela considera que é onde a vaca morreu.

Donizete olha para José e diz.

 Você não acredita nisso né?

Eles dessem os degraus que dava acesso ao play ground inferior, anda na escuridão até a gaiola e se penduram e brincam até que um dos meninos que trazia uma lanterna diz.

 

 Olha o que eu trouxe! E ele mostra uma lanterna e acende e brinca com os flashes de luz e aponta para cima da gaiola e grita.

 O que é aquilo?

   A Mao Vermelha!!!! Grita José.

 É a Mao Vermelha mesmo.

 Onde? Pergunta Donizete.

 Ali, olha em cima da gaiola.

Donizete olha e agora também vê e se assusta, começando a acreditar no que estava acontecendo e José se agarra a ele. O Menino mais velho grita.

 Correm! Mas puxa o pé de Donizete que cai porque José estava agarrado nele e bate com a cabeça e cai por cima do José que fica gritando e chorando.

 Me solta, me solta!

E Donizete começa a delirar e lembrar de quando havia caído no tumulo e como se estivessem sentindo as lesmas andando por ele, ele desmaia.

As freiras escutando a gritaria correm até onde eles estavam para ver o que estava acontecendo e o socorrem levando os até a enfermaria.

Já na enfermaria, Donizete desperta e se assusta e vai agarrando a freira que estava perto dele dizendo:

  As Lesmas! —  Calma menino, calma menino, foi só uma brincadeira de mau gosto dos meninos mais velhos, não existe Mão Vermelha nenhuma, era só uma “Luva Vermelha” que os meninos colocaram em cima da gaiola.

Donizete olha para a Freira e suspira.

 Ufá! Que susto.

Donizete olha para a cama ao lado e avista José deitado na cama ao seu lado e pergunta.

   E ele o que aconteceu?

E a Freira responde.

 Ele estava mais em pânico do que você e gritava que tinha Lesmas no corpo dele, que era castigo da mão vermelha e que havia enviado todas aquelas lesmas que estavam por toda parte, tivemos que dar um sedativo para ele relaxar e acredito que ele só vai acordar amanhã de manhã, parece que o susto que os meninos pregaram em vocês foi bastante forte. Você pode ir embora, se quiser, mas se sentir dor de cabeça ou tontura você procura uma freira rapidamente. Donizete sai da Enfermaria e vai até a sala de televisão e se senta em um quanto, estava passando Ultra Sevem na televisão, era um dos seus programas prediletos e quando acabou o Ultra Sevem, começou a passar Speed Racer. —  Oba!! Speed Racer. Speed Racer era o seu desenho predileto, mas assim que acaba a música de abertura do desenho uma sirene soa, a mesma do intervalo das aulas e os meninos começam a se levantarem e sair, Donizete ainda fica mais um pouco com outro menino, que ficam vidrados na televisão até uma freira chegar e acabar com a diversão deles desligando a televisão e dizendo. —  Vamos, andam, vamos para a fila, está na hora de ir para a cama, já se passaram cinco minutos das oito horas. Os meninos formavam três filas e os meninos do quarto rosa sempre entravam primeiro, todos comportados um atrás do outro depois os meninos do quarto branco, também entravam comportados um ou outro fazendo uma gracinha e por último os do quarto cinza, que pareciam um bando de loucos, gritando e fazendo muita zoeira, parecia uma torcida de time de futebol, Donizete os acompanha, achando tudo aquilo novo para ele e chega na sua cama de número quarenta e quatro e que aquela cama seria a sua cama por um bom tempo, ele tira a sua toalha que estava na cama e vê o número quarenta e quatro escrito bordado nela. —  Quarenta e quatro em tudo. Tudo que pertencia a ele estava com o número quarenta e quatro, tudo que pertencia a ele até o saquinho de doces que a mãe dele havia deixado estava com o número quarenta e quatro. A freira grita.

 vamos apagar as luzes em cinco minutos. E um dos monitores do quarto que era um dos alunos mais velho, grita.

— Quem deitar por último vai dormir no corredor junto com a mão vermelha. E todos riem, porque todos já sabiam o que tinha acontecido com Donizete. Donizete se deita e as luzes são apagadas.

Ele não tem um pingo de sono e fica olhando para o teto, que tinha o pé direito bem alto, tinha mais ou menos uns sete metros do teto ao chão, as janelas no fundo do quarto eram grande e tinham um estilo românicas, (Arcos) e na parede de trás da cama do Donizete havia uma saída para os banheiros. Donizete sente falta da sua mãe e quando ele estava quase chorando ele escuta um chiado e de repente uma mão cutuca ele, ele se assusta e procura pela mão que o cutucou, era Alfredo o mesmo menino que ficou com ele na sala de Televisão até a freira desligar a tv, que pergunta para ele. — Quer jogar xadrez? — Jogar Xadrez? Pergunta Donizete sem entender nada. —  Sim. Responde Alfredo. —  Mas como? Eu não sei jogar Xadrez? Pergunta Donizete. —  Isso não tem importância a gente pode jogar Dama e eu vou te ensinando as funções das peças de Xadrez, o meu jogo de Xadrez é de imãs elas não caem fácil  e as peças são redondas com os desenhos de cada peça, o rei tem o desenho de uma coroa de rei, a rainha uma coroa de rainha, o cavalo o desenho de um cavalo, o bispo desenho de um chapéu de bispo, a torre um desenho de uma torre de castelo e os piões são as bolinhas, o tabuleiro é vermelho em acrílico iluminado  por luzes internas e vai uma bateria embaixo e em cima das peças ela  refletem no escuro os seus desenhos e dessa maneira a gente consegue visualizar no escuro e não precisamos das luzes, eu sou o azul e você fica com o vermelho. —   Mas está muito escuro aqui eu acho que gente não vai conseguir. —  Você não entendeu eu vou te mostrar. Alfredo liga uma chave na lateral do tabuleiro que media mais ou menos uns dezoitos centímetros e o tabuleiro fica todo iluminado. —  Que legal! Exclama Donizete. —  Isso é a coisa mais legal que vi até agora. Outras crianças também conversavam e brincavam fazendo algazarra no quarto e o monitor do quarto dá um grito. —  Quietos, vão dormir ou amanhã eu vou entregar vocês para a Madre superior. Todos tinham medo da Madre superior e rapidamente se calam. —  Espera um pouco agora, deixa ele dormir. Eles esperam um pouco e Donizete fica observando o teto os seus olhos se adaptam com o escuro e o quarto parece mais claro agora e o Alfredo aparece abaixado ao lado da sua cama agora e diz. —  Pronto acho que agora nós podemos jogar, mas precisamos falar bem baixinho, para ele não nos escutar, então funciona assim: O cavalo anda em “L”. —  como assim em “L”. Pergunta Donizete. —  Simples, você sempre anda quatro casas, mas nunca pode ser reto, você tem sempre que virar para um dos lados, assim: você conta a casa onde você está e conta mais a segunda casa, conta a terceira e a quarta casa você tem que virar ou então você pode fazer ao contrário, contar a primeira casa e virar o “L” e contar o restante das casas, o Bispo anda nas linha inclinadas, o casa do rei nas linhas inclinadas das casado Rei  que é a parte clara da pintura do xadrez do tabuleiro e o Bispo da Rainha nas linhas inclinadas escura, as torres andam em linhas retas tanto para frente como para os lados, a Rainha faz todos os movimentos das outras peças, menos os movimentos do cavalo e o Rei anda para todos os lados também , mas só que de casa em casa, ele só pode andar uma casa de cada vez, mas não esqueça o rei é a principal peça do jogo, você tem sempre que defender ele porque se você perder ele acaba o jogo e o que você tem que fazer é atacar o rei do seu adversário, tentando dar um Xeque Mate nele. —  Xeque Mate? Mas eu nem tenho conta no banco para ter cheque e onde é que eu vou arrumar mate essas horas da noite? Até que seria bom um chazinho de mate. Brinca Donizete. —  Que piada mais besta Donizete e não se preocupa, que você vai tomar o seu chá de mate amanhã cedo, as freiras sempre servem mate no café da manhã, deixa eu continuar os peões são a linha de frente, eles podem saírem de duas casas, mas depois só pode andar uma de cada vez e você só pode comer a peça do adversário que estiver inclinado uma casa próxima do seu peão na sua direito ou esquerda e caso você consiga chegar do outro lado do tabuleiro do seu adversário você pode trocar o peão por qualquer peça ou pegar uma peça sua de volta que o seu adversário tenha comido. Donizete fica olhando para a cara do Alfredo que diz. —  Você não entendeu nada né?  Donizete faz que sim com a cabeça. —  Você sabe jogar Dama?               Donizete faz que sim com a cabeça, então tá bom, vamos jogar Dama e eu vou te ensinado ao poucos xadrez até você se familiarizar. —  Ah só mais uma coisa Donizete, com a sua piadinha eu esqueci de dizer: quando você cerca o rei do seu adversário, você tem que dizer “Xeque Mate”. —  Porque eu tenho que dizer isso? — É o que se diz quando se cerca o seu adversário e ele não tem mais saída, é assim que você se torna o vencedor do jogo.

  Vamos acordar! Gritavam e batiam na porta do quarto as Freiras as 06:00 horas em ponto, era uma correria para o banheiro, para escovar os dentes e lavarem o rosto, feito isso eles corriam para o corredor para formarem a fila, para o refeitório para o café da manhã.  E como sempre os meninos do quarto rosa saem primeiro todos muito bem comportados, depois era a vez do quarto branco e por último o quarto cinza dos bagunceiros e eles atravessam o corredor se agarrando uns nos outros, empurrando um ao outro na escada as vezes chegando a machucar um ao outro. Donizete levava com ele um carrinho de bate e bate de polícia, que havia uma cabeça que ficava em cima do carrinho e girava quando o carrinho andava e acendia luzes e uma sirene tocava. Um dos meninos toma o carrinho da mão dele e o solta no corrimão da escada, o carrinho desliza pela pedra lisa e se espatifa na parede. Donizete bate no menino que fez isso com o seu carrinho e uma das freiras pega ele pela orelha e leva ele para o castigo. Que era ficar de castigo ajoelhado no milho de cara para a parede, até que todos terminassem de tomar o seu café da manhã e só depois que todos fossem embora para as salas de aula ele poderia tomar o seu café da manhã e a freira o libera para se sentar e tomar o seu café de manhã o mais rápido possível, porque ele também tinha que ir para a sala de aula. Ele pica o pão no prato e joga o café com leite por cima fazendo uma sopa de pão. Na porta da sala de aula a freira o apresenta a professora e ele entra na sala de aula, era o seu primeiro dia de aula na parte da manhã e o seu segundo dia de aula na vida. A professora pergunta a Donizete. —  Você sabe ler alguma coisa? Não eu só conheço algumas letras do meu nome e que a letra ‘L’ que é como o cavalo anda no jogo de xadrez. Algumas crianças dão risadas, pelo o que ele tinha falado, que: O cavalo anda em forma de “L” e algumas delas não sabiam ao que ele estava se referindo e que era do jogo de Xadrez e não um cavalo de verdade.

 Tá, tá bom chega meninos!

Peguem as suas cartilhas.

E assim foi a rotina de Donizete no colégio, estudava o dia inteiro, parava para uma pausa as dez, depois voltava e ficava na sala de aula até meio dia, depois parava para o almoço e retornava as 13:30 horas, para sala de aula, parava as 15:30 horas para o lanche da tarde e retornava para a sala de aula e ficava até as 17:00 horas, ia para o banho, jantava e brincavam, assim foi a semana toda, porque aos sábados e domingos eram livres para brincarem, mas no domingo só depois da missa e um domingo sim e outro não a sua mãe vinha visita-lo  e ela sempre trazia doces para ele comer, mas ele tinha que comer antes da sua mãe ir embora, porque depois que a sua mãe ia embora as freiras tomavam os doces de todas crianças, para dividir com as outras crianças. Muitas vezes ele chegava a ficar doente porque a sua mãe ia embora e ele queria ir com ela, não queria ficar ali sozinho e chorava e pedia. —  Por favor não me deixa aqui sozinho, me leva com a senhora, eu prometo ser bonzinho. Mas isso não fazia diferença e a sua mãe ia sempre embora sem olhar para trás até que ele se acostumou com aquilo e com a solidão, uma solidão materna e paterna.

Nos sábados e domingos que não era dia de visita as crianças brincavam na piscina do Internato, onde haviam duas piscinas, uma eram bem grandes, ela começava rasa e terminava fundo com aproximadamente cinco metros de profundidade, onde só as crianças que sabiam nadar iam até lá, a outra piscina era uma piscina olímpica e tinha um trampolim de cinco metros de altura, essa piscina era reservada para os padres e professores. Com o passar do tempo, Donizete ia se adaptando e acostumando-se com aquela rotina, ele fazia bastante amiguinhos, mas nem todos eram tão amigos assim e muitas vezes se faziam de amigos para aprontar alguma com ele, principalmente os mais velhos, que gostavam de judiar dos mais novos. Teve uma vez que em uma dessas brincadeiras de mal gosto na piscina, um dos meninos mais velho, fingiu que estava se afogando e gritava por socorro, Donizete inocentemente pulou na água mesmo não sabendo nadar direito, para ajudar o menino acreditando no pedido de socorro, assim que ele pulou, o menino se agarrou nele e o arrastou para o fundo da piscina, outros meninos que estavam mancomunados o seguraram no fundo da piscina deixando ele praticamente sem folego, ele se debate e escapa por uns segundo e respira desesperado, mas os meninos o puxam para baixo novamente segurando a sua cabeça não deixando ele escapar dessa vez, Donizete já estava sem folego e o ar que ele tentou recuperar foi muito pouco, o que faz com ele beba muita água e o faz perder os sentidos, mas antes dele desmaiar, os flashes das lesmas do túmulo vem na sua lembrança e rapidamente os meninos o soltam e tentam sair da piscina, Donizete desmaia e uma mão o retira rapidamente do fundo da piscina, era o Padre Domingos, que o coloca de costa no chão na lateral da piscina e faz massagem peitoral para retirar a agua dos seus pulmões. Donizete despertar tossindo água e vê o outro padre fazendo respiração boca a boca em um dos meninos mais velho caído no chão, o padre tenta por diversas vezes e nada o garoto não respondia, rapidamente os padres correm com o menino no colo para o ambulatório, o médico rapidamente faz massagem em conjunto com o Padre que fazia a respiração boca a boca e o menino despertar tossindo água e gritando.

 Lesmas!! E um dos padres fala.

 Lesmas?

 É as outras crianças disseram a mesma coisa de que a piscina ficou toda cheia de lesmas, mas eu não vi nada quando resgatei os dois meninos na piscina.

 E o outro menino está tudo bem com ele? Pergunta o médico. —  Sim ele se recuperou rapidamente. Responde o padre Domingos. Donizete ainda tossia um pouco por causa da água e ainda estava com o corpo mole e não conseguia se levantar e sair da área da piscina, isso faz ele lembrar dos seus pesadelos que ele tinha quando bebia muita água antes de dormir e vomitava na cama, toda a água que ele bebia e essa lembrança o faz vomitar a água que ele bebeu da piscina.

As crianças ainda comentavam que tinham visto a piscina toda cheia de lesma, e depois sumiu, mas não foram todas as crianças que viram só as que estavam tocando no Donizete, tentando afoga-lo.

Os padres perguntavam se todos tinham visto, mas só os meninos envolvidos no incidente tinham visto.

O padre pergunta para Donizete.

 Você também viu as Lesmas? Donizete faz que não balançando a cabeça em sinal de não. O padre pergunta.

 Você está bem?

 Quer ir para enfermaria?

Donizete faz que não com a cabeça. É meu rapaz vai aprendendo existem crianças muito ruins. Donizete percebe que realmente algumas crianças eram muito ruins e ele foi aprendendo a se defender até mesmo dos garotos maiores, porque ele já havia apanhando tanto de outros meninos maiores, que já não tinham mais medo.

Depois deste acontecido na piscina ele estava brincando com o seu amigo Alfredo de bolinha de gude e um dos menino maiores chegou e chutou as bolinhas, ele se levantou e deu um soco certeiro no nariz deste menino, que fez com que o sangue jorrasse, que parecia uma torneira de sangue e que para a falta de sorte do Donizete, o monitor Leão viu ele batendo no menino, e do monitor Leão, Donizete tinha medo, aliás todos os meninos tinham medo do Inspetor Leão, as crianças o chamavam assim porque ele era muito bravo que ninguém tinha coragem de perguntar o seu verdadeiro nome, ele era um homem grande gordo loiro e cabeludo o que fazia lembrar também um juba de leão, ele sempre usava um chapéu atolado na cabeça, o que fazia os seus cabelos levantarem como uma juba e ele também usava uma barba branca igual a de um papai Noel, mas de papai Noel ele não tinha nada, pelo contrário ele não parecia que falava, ele literalmente rosnava e em uma dessas rosnadas,  ele pegou o Donizete pelo braço e deu-lhe um beliscão no braço ,beliscão que  parecia que tinha sido feito por um alicate e no local onde o padre beliscava crescia um carroço vermelho dolorido e além do beliscão ele pegou o Donizete pela orelha e o outro menino que estava com o nariz sangrando, pela orelha também e os levou até o lavabo do banheiro as crianças, outras crinaças vinham atraz gritando, só para ver o que iria acontecer. O senhor Leão para em frente ao bebedouro e o obriga o Donizete a lavar o sangue do nariz do menino com a mão. E Donizete com nojo limpa o sangue do nariz menino, como ele já havia feito algumas vezes,  o bebedouro fica todo vermelho com o sange do menino, e eles ficam ali até o nariz ser limpo por completo, depois de limpo, o senhor Leão coloca os dois de castigo em pé no meio do pátio embaixo do sol por um longo período e quando eles pensavam que o castigo já estava bom, o senhor Leão chegava perto deles e dava mais um beliscão, que parecia que doía na alma, chegava doer os ossos.

No colégio haviam duas Araras azuis e uma vez Donizete estava admirando as por um longo período, distraído e só olhando as s araras azuis , quando um grupo de meninos se aproximou por traz dele e colocaram uma bola no chão e se afastaram rapidamente, Donizete distraído não percebe nada e um dos meninos grita. —  Ei !! Chuta a bola aí para a gente! Donizete se vira e sem malícia, vai com toda vontade para chutar a bola;  Ele dá um chute tão forte na bola e logo em seguida se joga no chão dando um grito de dor. —  Aii, meu pé!!! As crianças dão gargalhadas e apontam para Donizete gritando. —   Trouxa !!!!

Aquela bola não era uma bola comum, era uma bola feita de concreto e pintada como se fosse uma bola comum, alguém havia pintado os pentágonos pretos em uma bola de concreto, que a deixou igualzinha a uma bola de verdade.

Donizete foi levado para a enfermaria e teve o seu pé enfaixado e ficou com o pé assim por um longo período. Quando o seu pé sarou a primeira coisa que ele fez, foi ir atrás do menino que fez aquela brincadeira com ele, pega um pedaço de pau da cerca do jardim e acerta um monte de pauladas no menino que gritava para parar, mas para o azar do Donizete, a Freira chefe escuta os gritos do menino e corre ao encontro do Donizete, que continuava dando pauladas no menino, ela o agarra e toma o pau da sua mão e o arrasta pela orelha até a sala dela, ela tranca a porta e apanha um pedaço de pau pendurado na parede, ela desencaixa o barbante do prego e diz: —   Estende a mão ! Donizete estende a mão e a freira, lhe dá uma palmada, a madeira estrala. E a freira acrescenta. —   Você gosta de der pauladas nos outros ?

E o Donizete dá uma gargalhada e diz.

  Não doí nada ! E dá mais gargalhadas. Ele já havia tomado tantas palmatórias, que a sua mão já estava calejada e não sentia mais dor. Aquilo irrita a Freira que defere vários golpes, que o barulho da palmatória dava para ouvir lá de fora, estralava tão alto que chegava a fazer eco.

Ele ria como se tivesse possuído e dizia: Não dói nada. Aquilo deixa a Freira com muita raiva que bate com mais força e bate de novo com mais força até a madeira quebrar, ela joga o resto da madeira no chão e pega outra madeira na gaveta e dessa vez bate por todo o corpo do Donizete, mas ela concentrava os golpes na bunda e na cabeça dele, ele  se agacha para se proteger  dos golpes, até que ele percebe que a Freira, estava parada olhando fixamente para a parede e começa a se debater e a gritar .

   Tira isso de mim!

  Tira!!Ai meu Deus !!A freira se debatia e tentava sair, mas ela havia trancado a porta e tirado a chave, o que fez com que ela entrasse ainda mais em pânico e cada vez mais gritava:

   Tira essas Lemas de mim !!!!!a Freira se debatia tanto, que bate na parede e um crucifixo pesado e grande que estava na parede, se solta e acerta a freira na cabeça, que cai já sem vida, e todo o chão fica tomado de vermelho, tomado pelo sangue da Freira que escorre por debaixo da porta, onde estavam um aglomerado de pessoas que assistiam pelo vidro tudo o que acontecia, alguns padres tentavam arrombar a porta e gritavam para o Donizete abrir a mesma, mas o Donizete estava assustado e em uma espécie de Transe  ou choque, ele não se mexia.

 

Na Pascoa a mãe do Donizete veio lhe visitar e lhe trouxe um grande ovo de Pascoa, como ele sabia que não iria conseguir comer todo aquele chocolate, então ele já estava planejando onde ele iria esconder todo aquele chocolate, depois que a mãe dele fosse embora, porque todas as guloseimas que as mães traziam para os seus filho eram recolhidos pelas freiras depois que as mães iam embora, para serem divididas entre todas as outras crianças.

Donizete não concordava com aquilo e assim que a sua mãe saiu pelo portão e a Freira veio pegar o seu doce, ele saiu correndo driblando as Freiras que tiveram que pedir ajuda para as outras crianças, para ajuda-las a pega-lo, assim que conseguiram pega-lo a nova Madre Superior veio na sua direção e pegou ele pela orelha, mas rapidamente soltou e segurou no braço dele,  e o levou até a sua sala a mesma onde outrora havia acontecido o acidente com a antiga Madre superior, o crucifixo havia sido retirado e no seu lugar só havia a marca do crucifixo deixada pelo tempo na parede, a Freira mexe em uma gaveta, Donizete já estava imaginado que ela  iria retirar de lá um pedaço de madeira, mas ao invés disso ela retira um grande pacote pesado e embrulhado e começa e desembrulha-lo e fala com Donizete, que observava o que a Freira desembrulhava e ele arregala os olhos ao perceber que se tratava de um grande ovo de pascoa, dez vezes maior do que o dele, era um ovo de pascoa de cinco kg, e a freira que terminava de desembrulhar vira para o Donizete e diz:

   Se você me der o seu Ovo para eu poder dividir com as outras crianças e assim não vamos arrumar confusão, e eu te dou um pedaço do meu, e ninguém precisa saber que eu te dei, olha a grossura do meu ovo, um pedaço desse, (diz a freira quebrando a grossa casca de chocolate) equivale a dois ovos do seu. Donizete olha a para aquele pedaço de chocolate que mais parecia um pedaço de casca de arvore , de tão grossa que era, e rapidamente concordando com a cabeça ele entrega o seu ovo para a Freira e apanha o outro pedaço da mão dela.

A freira ri e fala:

   Eu te quero bem , não se esqueça.

Na verdade a freira estava cabreira e com um pouco de medo dele.

Depois que ele saiu da sala  parecia que ele tinha ganho na loteria , com um sorriso no rosto, ele se senta no primeiro degrau da escadaria que dava acesso as piscinas e saboreia aquele pedaço imenso de chocolate e ele ri sozinho lembrando que, a Freira havia tentado puxar o seu cabelo e não havia conseguido, porque ele não tinha cabelo para puxar, porque estava recém raspado e por isso ela pegou na orelha dele e soltou rapidamente com medo. Ele desfaz o sorriso e corre para o dormitório e esconde o resto do chocolate no seu armário ao lado da sua cama.

Ele volta para o pátio para brincar e vai até a quadra onde os meninos do terceiro jogavam bola, a bola vem para o seu lado e um dos meninos grita.

   Joga a bola ai!

Donizete reconhece o menino, era um dos que o enganou, fazendo ele chutar a bola de concreto. Donizete chuta a bola com muita força em direção ao menino do terceiro, a bola de futebol de salão acerta o rosto do menino com tanta força, que o derruba no chão, o menino do terceiro fica no chão um pouco com a mão no rosto, mas se recupera rapidamente. Donizete percebe que o menino estava se levantando rapidamente e corre dali, o menino corre atrás dele, Donizete corre o mais rápido que pode para tentar escapar e sobe as escadas do corredor que dava acesso aos dormitórios e no fundo da igreja, e se esconde debaixo da igreja. Os meninos sobem a escada pensando que ele havia subido para os dormitórios. Donizete fica ali quietinho e percebe dois homens carregando alguma coisa, saindo pelo fundo da igreja, mas ele não consegue ver exatamente o que era, mas ele consegue reconhecer o homens, um era o marceneiro e o outro era o professor de estudo religiosos. Donizete acha aquilo muito suspeito e resolve seguir os homens, para ver para onde eles estavam levando aquele volume que parecia ser muito pesado. E com muito esforço e eles tentam colocar o volume no porta malas do carro e o pano que cobria o volume, o descobre e aparece um brilho dourado como de ouro e o pano cai por completo revelando o objeto. —   É o cofre do altar da igreja.

Sussurro um pouco alto o Donizete, o que faz com que os homens reparem nele e pergunta para ele.

   O que você quer aqui menino?

 Não tem nada para você aqui não , sai daqui!

O o professor cochicha algo na orelha do marceneiro e olhando para o Donizete ele fala.

 Esse menino é aquele encrenqueiro, eu tive uma ideia para despistarmos os seguranças e assim conseguimos sair sem que ninguém perceba, está vendo aquela caminhonete velha, que não anda a anos.

 sim o que tem. Responde o marceneiro.

   Então nos ateamos fogo nela e colocamos a culpa no menino.

   Boa ideia!


Eles caminham até a caminhoneta velha e atea fogo, que se espalha rapidamente.

Donizete corre para chamar alguém e ele encontra o padre Domingos.

   Padre, padre, tem dois homens colocando fogo na camioneta abandonada.

   Onde isso menino?

 No fundo da igreja, vamos logo. O padre o acompanha até o local onde o fogo e a fumaça, já haviam tomado todo o local, os corredores e tudo ao redor não se enxergava mais nada. Com isso os bandidos já haviam se mandado e o fogo vai se alastrando, todos correm com baldes e mangueiras de incêndio e tentam apagar o fogo, que já havia destruído toda a camionete que queimou até o fim, eles molham tudo ao redor, as paredes retiram coisas que poderiam alimentar ainda mais o fogo, coisas que poderiam ser inflamável e assim evitam que o fogo se alastre.

A Caminhoneta fica ali queimando por horas

Depois de um tempo os bandidos retornam para o prédio e com uma cara de pau perguntando o que tinha acontecido.

   Nossa o que aconteceu aqui? E o Padre responde .

   Isso que vocês estão vendo , essa caminhoneta pegando fogo até o fim ?

  Mas como ? faz de dissimulado o Professor.

   Só Deus sabe. Responde o Padre.

   Eu vi esse menino aqui antes de sair . aponta o professor para o Donizete.

   Donizete moleque atentado foi você? Pergunta o Padre.

   Não fui eu não padre, foram eles, eles estava roubando alguma coisa da igreja levando para o carro e eu os vi, por isso eles fizeram isso, pode olhar o porta mala do carro dele.

   Que história absurda menino atentado, você acha o professor iria fazer uma coisa dessa. Fala o Padre.

   Esse menino tá maluco, primeiro põe fogo no carro e agora inventa essa história. Diz o professor caminhando até o carro e abre mostrando o porta malas.

   Olha aqui! Não tem nada, viu . O Padre olha só para conferir e confirma balançando a cabeça.

   Você já descarregaram o carro em outro lugar. Grita o Donizete.

   Menino não inventa história e não fica querendo colocar a culpa em outras pessoas, pela sua maluquice que você fez.

   Mas não fui eu padre.

O padre olha bravo para ele e diz. Você vai pagar pelos seus atos , para aprender a assumir responsabilidade, vai ficar de castigo por vários dias. Até assumir o seu erro e contar a verdade.

O Padre pede para outro menino ir buscar milho na cozinha.

   Você vai ficar de joelho no milho, vai ser uma de suas penitências, porque depois que o fogo esfriar, você também vai limpar toda essa bagunça.

O outro menino volta com o milho.

O Padre espalha o milho em um canto e manda o Donizete se ajoelhar no milho e diz.

   Você vai ficar ai até contar a verdade.

Ele fica ali ajoelhado por um tempo sem falar nada, passado um tempo o Padre manda um dos coroinhas ir buscar ele.

  Então resolveu contar a verdade?

  Eu juro padre que não fui eu, estou falando a verdade.

— Não jure em falso, não use o  nome de Deus em vão, isso é pecado.

Donizete ainda tenta argumentar e lembra do cofre, mas quando ele aponta para o altar onde estava o cofre, o cofre estava lá, ele fica sem entender coça a cabeça e vira para o padre que o observava com um olhar de decepção e indignação.

   O que tem o cofre? O cofre ainda está aqui, você ainda vai querer insistir nessa história, você vai ficar de joelho no milho aqui dentro da igreja e só vai sair depois de rezar em voz alta cem Pai nosso, Cem Ave Maria, para aliviar um pouco o seu pecado.

O Padre sai e deixa ele ali rezando, ele fica ali rezando até tarde da noite. O padre retorna e pergunta. —  Terminou ? —  Terminei. —  Muito bem, agora vai direto para o seu dormitório. Ele se levanta com o joelho todo marcado do milho, reclama um pouco da dor, estica o corpo para trás e antes de sair ele olha novamente para o altar , não acreditando que cofre ainda estava lá e sai sem entender o que havia  acontecido, como o cofre ainda estava lá, depois de ter visto os bandidos carregando-o.

 

Ele entra no dormitório  e todos já estavam dormindo, estava tudo escuro, ele anda no escuro até a sua cama e se deita, der repente um monte de garotos aparecem na sua cama fazendo perguntas.

   Foi você que colocou fogo na caminhoneta? Todos riem.

   Não, não fui eu não.

   Tudo bem , pode falar a verdade para nós, graças a você e essa loucura, nós não tivemos aula hoje e depois da educação física, todas as aulas foram suspensas. —  Valeu!!

Donizete tenta dizer mais uma vez, que não foi ele, para o menino no escuro , que ele não sabia bem quem era, porque não conseguia ver o rosto dele.

Mas ele deixa pra lá e se vira para tentar dormir. Os garotos voltam para as suas camas.

   Só o Alfredo que se aproxima e pergunta .

   Você está bem ? —  Posso fazer alguma coisa por você ? —  Quer jogar Xadrez?

E o Donizete responde.

  Não hoje não amigo, eu só quero dormir, os meus joelhos estão doendo muito, parece que tem alfinetes enfiados neles.

Alfredo balança a cabeça no escuro e volta para a sua cama.

Capitulo 9.

Donizete  desperta com os gritos das Freiras.

  Vamos levantar! —  Vamos levanta!

A mesma correria de sempre, como se nada tivesse acontecido.

Donizete sai do dormitório após escovar os dentes entra na fila para o refeitório e todos estava olhando para ele como se ele fosse um extraterrestre e foi assim por toda manhã.

O menino do terceiro que havia levado uma bolada na cara do Donizete vai até ele.

Donizete se assusta e o menino fala.

   Calma não vou te bater não, só quero te agradecer pelo o que você fez ontem, tó toma esse guaraná como gratidão.

   Donizete sem desconfiar de nada pega o guaraná da mão do menino e dá uma golada e logo em seguida ele cospe. —  Ah! —  O que é isso?

Aquilo não era guaraná era urina os meninos haviam mijado dentro da latinha de guaraná e enganavam os meninos dizendo que era guaraná.

O menino do terceiro e seus amigos, dão risadas  que gargalhavam e diz.

   Pronto agora estamos quites.

Donizete corre para o bebedouro para lavar a boca, ele enxagua a boca diversas vezes, mas parecia que aquele gosto amargo não saia da boca dele. Ele vai até uma das Freiras e conta o que tinha acontecido, mas a Freira o ignora, então ele se isola e fica quieto em um canto até a hora da janta e depois vai para a cama.

   Vamos jogar Xadrez hoje Donizete?

   Hoje não, não estou me sentindo muito bem Alfredo, acho que vou tentar dormir.

No dia seguinte as Freiras vão até ao quarto como de costume e acordam as crianças, mas Donizete não se levanta. A Freira caminha até a cama dele  e grita e bate com a régua nele. —

— Levanta vagabundo preguiçosos, anda levanta!

A Freira o chacoalha e manda ele se levantar, quando a Freira coloca a mão nele, ela constata que ele estava quente e queimando em febre.

  Ele está queimando em febre, vamos ter que levar ele para a enfermaria, elas o pegam no colo e o levam até a enfermaria, na enfermaria o médico examina ele e dá o diagnostico.

   Esta criança está com Sarampo, ele precisa ficar isolado das outras crianças, tem que ficar isolado se possível ele tem que ficar em casa, não pode ficar no colégio por uns tempos é contagioso.

   Chamem a mãe dele e avisa ela que ela tem que vir buscar ele! Fala a Madre superior.

Depois de algumas horas a mãe do Donizete aparece na enfermaria junto com um homem grande e forte que o pega no colo  e o leva para um carro parado na saída do colégio.

Chegando na casa da sua tia Olga, que não estava gostando nada da ideia dele voltar para a casa dela, ela abre a porta e diz.

   Coloca ele na cama. Ela coloca  a mão nele.

   Nosso esse menino está queimando em febre, eu nunca vi Sarampo dar febre desse jeito, esse está muito doente, deve de estar com outra doença.

   O médico disse que ele está medicado, por mais algumas horas , depois pode dar mais algumas gotas de novalgina para ele.

Aquela noite Donizete Suou a noite inteira com febre, tinha alucinações e dizia que as paredes estavam cheias de lesmas, e que havia um homem e duas crianças ao sue lado chamando ele para sair e brincar, ele gemeu a noite inteira até pegar no sono profundamente.

O Barão dono das terras ajuda ele a subir no cavalo e depois ajuda a sua filha, o menino já estava montado em um cavalo branco, os observava enquanto esperava. —  vamos cavalgar pelos campos floridos, hoje o dia está muito bonito para cavalgar . dizia o menino para o Donizete. Ele não sabia cavalgar direito e estava com medo. —  Esse cavalo é mansinho, ele é muito bonzinho ele não vai te derrubar. Dizia a menina para ele. O Barão sai em disparada e o seu filho o acompanha, Donizete e a menina ficam para trás só observando eles se distanciarem, o Barão ganha a corrido e do alto da colina ele empina o cavalo, como em um filme do zorro e acena para eles.

   Meu pai é exibido. Diz a menina para o Donizete, que responde para ela .

   É bem legal , eu achei muito legal, parecia o zorro. Ele olha para o lado e o menino voltava, agora ele estava usando um chapéu que era um guaxinim igual do filme Daniel Boom, o menino voltava todo sorridente e dá um pulo do cavalo fazendo golpes de Kung Fu, agora ele parecia o personagem do seriado Kung fu, o Barão do alto da colina dá um grito igual do Tarzan e ele estava vestindo um sunga igual a do Tarzan e depois de soltar o grito do Tarzan ele corre e pula da colina que tinha se transformado em uma arvore alta e o chão havia se transformado em um lago, o barão atravessa o lago a nado até ele, e quando ele sai do lago um chimpanzé estava ao seu lado, a menina que estava ao seu lado, fala alguma coisa, ele se vira para ela .—   O que você falou? —  Essa música que parece um relógio está muito alto e não consigo te ouvir, esse tic —  tac—  tic—  tac.

   Experimenta a menina estava vestida de Ultraseven.

   Experimentar o que ?

   Que personagem você gosta?

   Eu gosto de vários, gosto do vira—  lata. E der repente ele se transforma no vira—   lata, ele se assusta e acha engraçado.—   Eu gosto do Gato Félix. Ele se transforma no gato Félix. —   Viu você  pode ser o que você quiser. Diz a menina.

   Eu quero ser o speed Racer . E ele se transforma no Speed Racer e o cavalo se transforma no carro Match cinco, ele entra no carro de corrido e corre como  Speed Racer, a menina se transforma no irmão caçula do Speed Racer e entra no carro com ele, o Irmão dela se transforma em outro corredor e o Barão se transforma  no Corredor — x , eles apostam corrida e música do relógio fica mais rápida, tic—  tac—  tic—  tac—  tic—  tac—  tic—  tac até cruzar linha de chegada onde  Barão se transforma no Fantomas e vira um esqueleto com capa, Donizete se transforma no Rintitin a menina na Lasie e o menino no Benge, os três se transforma nos cachorros das series e perseguem o Barão, Donizete alcança ele e morde o osso da canela dele, der repente os seus ossos caem no chão e a menina também vira esqueleto e o menino também, Donizete está com um osso humano na boca, dentro de uma cabana, onde haviam dois esqueletos e agora do lado de fora o Barão estava na forma de um esqueleto e montava um cavalo de esqueleto também, o chão da cabana estava forrado de lesmas amontoadas. Ele acorda assustado .

   Acordou a Margarida? Diz a sua tia Olga.

   Onde estou ?

   Você está na minha casa, você dormiu por dois dias direto, deixou todo mundo preocupado, você quer alguma coisa? —  Está com fome?

   Está tudo escuro.

   É porque ainda são 04:00 horas da madrugada, você quer alguma coisa? Se não vou voltar a dormir .

Donizete faz que não com a cabeça e se deita, o silêncio tomava conta do quarto é quebrado pelo barulho do relógio. Tic, tac, tic, tac, tic, tac.

Uma voz sussurra no seu ouvido, ele se assusta  e procura de onde veio aquela voz, verifica se a sua tia já estava dormindo. —   É não foi ela, ela já está até roncando.

A voz sussurra novamente e agora ele entende o que a voz dizia: “Muro, Muro” ele se levanta e sai pela porta da cozinha, caminha até o muro do quintal que fazia divisa com o cemitério. O muro estava tomado pelas lesmas , que estavam muito agitadas, ele coloca a mão nelas e elas o carregam até o topo do muro onde a voz ficou mais auditiva, ele não estava com medo, sentia que podia confiar naquela voz, bruscamente ele sente um tranco no corpo que o arremessa longe do muro, jogando — o no jardim do quintal desmaiado.  A dona Zulmira sai na porta da cozinha procurando pelo Donizete, como ela não havia encontrado ele na cama e encontra a porta da cozinha aberta  e o encontra inconsciente no meio do jardin. A sua mãe grita pela irmã, para que ela a ajude carregar ele para dentro da casa, elas o carregam para dentro da casa e quando ela o deita na cama, percebe que na sua testa havia uma mancha, como se alguma coisa o havia queimado, ela passa a mão para limpar. —  Ah não é nada é só sujeira. Ufá que susto , eu não vou trabalhar hoje de novo e vou ficar aqui com ele, cuidando dele o dia inteiro, mas porque ele estava no quintal.

A irmã balança a cabeça não sabendo uma resposta para a pergunta da sua irmã, mas comenta.

  hoje de madrugada ele despertou por volta das 04:00 horas , eu perguntei se ele queria alguma coisa ele disse que não, então voltei dormir e só acordei agora com os seus gritos.

   Estranho, será que ele saiu e desmaiou no jardim , só pode ter sido isso.

Dona Zulmira falta no serviço, para não ficar com peso na consciência e faz todas as vontades dele, o paparica e é muito carinhosa com ele durante todo o dia.

Anoitece e sobre a música do relógio, todos tem uma noite tranquila .

Capítulo X

Na manhã seguinte.

Sua mãe o beija e abraça ele e diz:

   Se comporta e obedece a sua tia, que hoje eu tenho que ir trabalhar sem falta, se eu faltar mais um dia, ele vão me mandar embora.

Donizete faz que sim com a cabeça e acompanha a sua mãe até o portão, ela o beija novamente e daí para a rua. Ele fica olhando até ela sair da viela.

Quando ele olha para trás a sua tia o observava, ela estava usando um lenço, que encobria os bobs enrolados no seu cabelo, presos com grampos. Ela dá uma tragada no cigarro de palha e a luz da brasa do cigarro ilumina o seu rosto, destacando a verruga preta em cima da sua boca.

   Vem cá menino!

 vamos conversar, senta aqui na varanda com a tia. Ela se senta em uma cadeira de balanço e os cachorros se deitam ao seu lado, Donizete se aproxima e senta no degrau da varanda e a sua tia pergunta para ele.

   você gosta da casa da tia.

   Antes eu tinha medo daqui, tinha medo, da boneca que a senhora coloca em cima da cama, tinha medo do barulho do relógio despertador, medo dos cachorros e principalmente, tinha medo por ser do lado do cemitério, mas agora eu gosto daqui, tem alguma coisa que me faz muito bem.

   Você tinha medo porque fica ao lado do cemitério?  você tem que ter medo dos vivos e não dos mortos.

   Não é só por isso não, eu não sei se a senhora lembra? Mas quando eu era criança eu vi um fantasma aqui , a senhora não se lembra disso?

   Para de besteira menino, lá vem você de novo com essa história, você estava sonhando.

   Não era sonho não, a senhora mesma disse que o antigo dono dessa casa, se matou enforcado lá na lavanderia.

   Isso realmente aconteceu, porém não tem nada a ver com o que você acha que viu?

   A senhora fala isso porque não foi com a senhora, eu me lembro como se fosse ontem e eu tinha dois anos de idade, quase três. Eu estava no meu berço brincando e o meu pai e a minha mãe, dormiam na cama ao lado, der repente surgiu um homem ao lado do meu berço, ele era todo colorido e se aproximou de mim, ficou me olhando por um tempo e der repente ele abriu a boca bem grande e me atacou, mas eu dei um soco nele e a minha mão entrou pela boca dele e ele sumiu e foi ai , que eu me assustei, pulei do meu berço e acabei caindo de cara no chão e me machuquei e ficou essa cicatriz em cima do meu nariz, o resto a senhora já sabe.

   Onde já se viu, até parece que você iria se lembrar disso tudo, assim com tantos detalhes daquele dia.

   O que você teve foi um pesadelo e achou que aquilo fosse real.

Donizete coça a cabe e olha para a sua tia que o chama para entrar.

   Vem eu tenho que preparar o almoço e para não perder você de vista, fica aqui no sofá assistindo desenho. A sua tia liga a televisão que demora um pouco para aparecer a imagem, porque a televisão era de válvulas e tinha que esquentar um pouco para aparecer a imagem.

 

 

 

Capítulo XI

A Imagem aparece e a sua tia coloca no desenho do Pica Pau.

   Isso deixa ai tia, obrigado.

Ela o deixa ali assistindo o desenho e vai para a cozinha preparar o almoço.

Donizete assistia o desenho vidrado e começa a escutar uma voz sussurrar, ele imagina que aquela voz vinha do chiado da televisão e ignora, mas a voz sussurra novamente e ele começa procurar de onde vinha aquela voz, vai até a cozinha olha para a sua tia que estava ouvindo música no seu radinho e imagina.

 Acho que é o rádio dela. mas assim que ele se vira a voz sussurra mais forte, e ele percebe que a voz vinha do lado de fora da casa, ele sai pela porta da cozinha e assim que ele chega no quintal e avista um alinha de pipa caída no quintal, ele pega a linha e começa a puxar e sente que tinha alguma coisa na linha, a linha estava passando por cima da rede elétrica, pelo fio de alta tensão que passava em frente a saída da viela da casa da sua tia, ele vai acompanhando a linha até o portão, ele abre o portão e vai chegando, cada vez mais perto do fio de alta tensão da rua.

Quando ele fica bem perto do fio, o mesmo menino da outra vez, aparece e toma a linha da mão dele.

   Me dá aqui essa linha, agora esse pipa vai ser meu, vai ficar no lugar daquele que você pegou.  O menino começa a puxar a linha e nada do pipa sair e os fios começam a balançar, cada vez que o menino puxava a linha para o pipa sair, os fios balançavam .

 É eu acho que não vai sair não, vou ter que laçar com laça gato com uma pedra amarrada em outra linha, vou usar essa linha de pesca que é mais forte e puxar com força. O menino amarra um pedra na ponta da linha de pesca, que era mais forte, e arremessa a pedra em direção do pipa enrolado no fio e começa a puxar, até quase arrebentar o fio de alta tensão, ele balança o fio com tanta força que encosta um fio no outro que dá um estouro na rua deixando algumas casa sem força. A Tia do Donizete escuta o barulho e o seu radio parou de funcionar, ela procura pelo Donizete na sala e percebe que ele não estava lá , ela sai para o quintal e vê o portão aberto e corre atrás dele, ela o avista na calçada.

   Menino!

 O que você está fazendo na rua, entra já!

Donizete dá de ombros para ela.

   Ah !!

 Espera só que você vai ver uma coisa. Ela arranca três folhas do vaso de Espada de São Jorge e vai na direção dele.

Quando a tia dele se aproxima, ele corre e se esquiva da tentativa dela de acertar ele com a folha de espada de são Jorge. Os cachorros saem do quintal também e avançam no Donizete, que tentava chutar eles.  A sua tia vira para o outro menino que estava puxando o fio e diz:

   Você de novo? Me dá essa linha aqui e some daqui!

O menino não solta a linha e a tia Olga puxa a linha com força para arrebentar a linha mas o que arrebenta é o fio de alta tensão, que se solta do poste e desce chicoteando, soltando faísca para todo  , eram faíscas de 2000 volts , e a sua Tia tenta correr, mas quando ela se vira o chão a sua frente está tomado por lesmas, ela se assusta e dá um passo para trás e uma das chicoteadas acerta ela e paralelamente acerta o menino também que estava encostado nela e ainda segurando a linha junto com ela e os dois são eletrocutados, os corpos dos dois vibravam com a força da energia, os cachorros vendo o fio balançando avançam no fio e ficam grudados também, a força do choque era tão forte, que os bobs da cabeça da tia Olga, começam a ser  lançados como fogos de artifícios, um por um e o cabelo dela ficou todo em pé e um cheiro de queimado ficou no ar  e os corpos começaram a pegar fogo. Neste exato momento o segurança do cemitério que passava na rua do outro lado da calçada, vê aquela cena e avista o Donizete muito perto do perigo, ele corre em direção dela para salva-lo, quando o segurança dá dois passos na rua uma moto que descia em alta velocidade o atropela, o corpo do segurança sai voando alto e o motoqueiro cai e sai arrastando pelo asfalta e atrás dele vinha a moto rodando pela rua e quando o corpo do motoqueiro parou, mas a moto que vinha atrás o acertou com força. Donizete acompanhava com os olhos aquela cena do atropelamento, volta a colocar os olhos na sua tia, que agora estava escura como carvão, o corpo dela estava carbonizado colado com o corpo do menino e os cachorros também já estavam todos queimados, estavam pretos, der repente o transformador do poste explode abando assim de vez com a energia elétrica, e o corpo da tia e do menino caem carbonizados no chão. As pessoas correm para tentar socorrer ainda , mas não tinha mais o que fazer, outras pessoas corriam para tentar socorrer o segurança e o motoqueiro, as pessoas levantam o motoqueiro, que pelo fato de estar bem equipado, teve só algumas escoriações, mas quando as pessoas se aproximam do segurança, constatam que também não tinha mais o que fazer, ele estava morto, o para lama da moto havia feito um corte muito profundo na sua cabeça, que dava para ver o cérebro , através do corte, o estranho é que não saía nenhum sangue pela ferida branca.

Capitulo XII

No enterro da sua tia Olga, todos choravam e naquele mesmo cemitério, três corpos eram enterrados, Tia Olga, O menino e o segurança.

Mas de tudo aquilo, o estranho era que todos estavam sendo enterrados na região onde eles viviam., a Tia Olga o cemitério era praticamente no quintal dela, porque o muro do cemitério fazia divisa com a casa dela, o menino tinha o cemitério como  o quintal da sua casa também, estava o tempo todo no cemitério, ora brincando de esconde- esconde, polícia e ladrão ou empinando  pipa e o segurança, o cemitério era a sua segunda casa ele mais vivia ali do que na sua própria casa, porque era o seu trabalho e todos se conheciam, o segurança sempre deseja bom dia para a tia Olga, as vezes bom dia e boa tarde, na ida e na volta do trabalho,  o menino e o segurança eram velhos conhecidos, aquele menino estava o tempo todo aprontando no cemitério, hora pegando resto de vela para fazer tocha de balão ou pegando crânios, para vender para roqueiros, que curtiam esses tipos de coisas e o segurança vivia pegando ele no flagrante e o levando para os seus pais, para resolver aquela situação, teve uma ocasião, que a família estava desenterrando o seu ente querido, e o menino estava no meio como se fosse da família, o coveiro retirava os restos mortais e os ossos do caixão todo podre enquanto eles conversavam como ele havia morrido e no comentário feito pela mãe do defunto, que havia morrido por traumatismo Craniano, o coveira retira  a cabeça do caixão e mostra para a família, eles pediram para ele virar a cabeça e atrás tinha uma rachadura e a mãe do defunto comenta: “Foi por aqui que ele morreu, ele caiu com essa parte da cabeça para trás e rachou o crânio bem aqui atrás” o menino viu aquela rachadura e achou interessante para vender para os roqueiros e ficou ali no meio da família e até fez uma pergunta, como se não quisesse nada: “E depois do senhor fazer esse serviço, o senhor consegue comer normalmente” e o coveiro respondeu para ele “Sim como normalmente , se tivesse uma maionese aqui agora eu a comeria” respondeu o coveiro retirando uma costela e colocando no saco de ossos.

O menino esperou a família ir embora e tentou pegar aquele Crânio, mas para o azar dele o coveiro havia avisado o segurança que o menino estava lá e o segurança ficou só de longe observando e esperando ele tentar fazer alguma coisa e dito e feito, quando o menino tentou sair do cemitério com o crânio em uma sacola o segurança pegou ele pelo braço e o levou até os seus pais, que ficaram horrorizados com aquela situação. O menino e o coveira eram velhos conhecidos devido a essas peraltices dele.

As primas do Donizete choravam muito no velório da mãe, na sala do velório ao lado escutava

  se os gritos da mãe do menino, na sala do velório do segurança, haviam poucas pessoas, eram mais os funcionários do cemitério que estava velando o corpo do amigo de trabalho, porque ele não tinha família.

O caixão da tia Olga estava lacrada, por causa das condições que o corpo se encontrava, e o caixão usado para o enterro dela, foi um caixão de criança, porque o corpo dela estava pequeno por ter sido eletrocutado, o que facilitou o serviço dos coveiros, que não precisaram de corda para descer o corpo na cova, porque estava muito leve e assim o enterro foi rápido. Donizete estava agarrada na mão da sua mãe, que chorava muito e eles observavam os coveiros terminarem o serviço colocando cimento nos tijolos lacrando a sepultura, assim que os coveiros terminam, as pessoas vão saindo uma por uma, dona Zulmira se vira e vai saindo também de mão dada com o Donizete, eles caminham vagarosamente até que o Donizete escuta aquela voz sussurrar no seu ouvido, ele olha para a mãe, para ver se ela também havia escutado, a sua mãe o olha com lagrimas nos olhos sem entender nada e dá de ombros, um vento forte arranca o lenço da cabeça dela e leva para longe.

   Eu pego para a senhora mamãe. Ele solta da mão da mãe e a sua mãe grita.

   Donizete! Querendo segurar ele.

Ele corre pelos espaços entre os túmulos até pegar o lenço, quando ele levanta o lenço toma um susto, haviam várias lesmas embaixo do lenço e ele reconhece a cova que estava a sua frente, era a mesma cova que ele havia caída dentro dela, a tampa já estava consertada, e nas fotos do tumulo, lá estavam a família do barão em pequenas fotos separadas, A foto do barão,  da sua esposa, do seu filho, da filha e também tinha ali a foto de outros parentes, que foram enterrados na mesma cova, as lesmas entram na cova, Donizete as observa entrarem na cova até que a sua mãe o chama.

Capitulo XIII

Dona Zulmira avisa Donizete na recepção do Colégio interno.

   Agora eu preciso que você se comporte, porque eu não tenho mais com quem te deixar.

Donizete confirma balançando a cabeça, a sua mãe lhe dá um beijo na testa e o entrega para freira, que o leva para o corredor.

Ele chega no pátio do colégio e é abordado por um monte de crianças que perceberam que ele chegou carregando uma sacola cheia de doces e ele tenta fugir indo de um lado para o outro, mas a molecada continuava indo atrás dele até que a Freira superior interfere e pega a sacola dele .

   Deixa a sacola comigo que eu vou dividir com as outras crianças .

A Freira pega a sacola da mão do Donizete e acaba com a festa, ela o leva para sua sala e fecha a porta.

Donizete olha a porta fechada e dá de ombros, as crianças se dispersam e a freira começa o seu sermão.

   Espero que você esteja melhor de saúde e de comportamento, não quero ver você envolvido em confusão, o Padre Domingos, quer que eu vigie você de perto, não quer que eu te perca de vista por nenhum minuto, então o que eu te peso é que não faça nada errado que eu vou estar no seu encalce, ou você prefere o Sr. Leão?

Donizete passa a mão no braço, só lembrando dos beliscões, e balança a cabeça em sinal de reprovação.

A Freira abe a porta e ele caminha até o seu quarto para deixar a sua mala no armário ele se deita um pouco para relaxar  e adormece, ele acorda já está tudo escuro, as crianças a sua volta já dormiam, ele sente uma sede muito forte e vai no banheiro beber água da torneira do banheiro, ele estava com muita cede e bebe muita água, mas parecia que a sua cede não passava e assim ele bebe mais água e fica com a barriga bem cheia e volta para a cama, ele tenta dormir, mas se sente enjoado e dá ânsia de vomito, ele corre para o banheiro e vomita só água.

Ele pensa: —   Puxa vida será que vou ficar doente de novo, o pior foi o que aminha mãe me avisou, ela não tem mais com quem me deixar, vou ter que fingir que estou bem, não posso deixar que ninguém perceba e assim ele fica num vai vem do banheiro a noite toda, sem deixar que alguém perceba.

Na manhã seguinte ele acorda com um dor de cabeça e estava uma falação no quarto as crianças estavam excitadas, era o dia que antecedia o dia das crianças e nesse dia a comunidade e as empresas e instituições se uniam e faziam uma grande festa no Colégio, as crianças adoravam, eles levavam brinquedos, pacotes de doces. A festa acontecia no período da manhã até a hora do almoço, como o feriado era só no dia seguinte, eles tinham que ter aula no período da tarde. Donizete fica encantado com tantos doce e brinquedos que até melhora, ele se encanta com tantas pessoas e faz amizade com uma menina chamada Ana, ela era linda Loirinha de olhos azuis, parecia uma anjinha, ele fica encantado com ela, eles brincam muito, se divertem dão muitas risadas. A Ana era filha de um dos coordenadores da festa e por esse motivo ela estava lá, mas o tempo passa rápido e logo depois do almoço  eles tiveram que se separar e o Donizete vai para sala de aula.

Ele se despede dela com muito pesar. —  Agora tenho que ir para aula, a minha sala é aquela de numero quatro, antes de você ir embora passa na porta para me dar um tchau.

   Tá bom eu vou e ainda vou pedir para a professora deixar eu falar com você, quem sabe ela deixa né.

   Legal , faz isso!

Ele entra na sala todo esperançoso comendo os últimos docinhos que estava dentro de um saquinho de papel, ele se senta na carteira de costa para a porta e não a vê a professora chegando, ele limpa a mão suja de açúcar enche o saco de papel com ar como se fosse uma bexiga e o estoura, batendo com a outra mão. Boom!! A professora se assusta.

   O que é isso menino? —  nem bem voltou e já está aprontando, já pro castigo, anda fica de cara para a parede atrás da porta. E a professora pega ele pela orelha e o coloca atrás da porta, que estava entre aberta e deixava assim um fresta entre a porta e parede e por essa fresta ele avista a Ana se aproximar da sala de aula.

   Psiu!! Ana , aqui !

   O que você está fazendo ai?

   Estou de castigo.

A professora escuta a conversa deles.

   Com quem você está conversando ai?

A professora abre a porta totalmente e se depara com a Ana, que estava junta com uma outra menina.

   O que você quer menina?

   Eu posso me despedir do Donizete professora?

 Ou posso falar com ele.

   Não, não pode, ele está de castigo e você  não fica ai cochichando com ele, porque está atrapalhando a minha aula, ou vou pedir para ir chamar o teu pai .

A professora fecha totalmente a porta, fechando a fresta do canto da parede, mas fica uma pequena fissura entre a porta e a parede e por essa abertura, Donizete ainda conseguia ver um olho azul olhando para ele e ela fala baixinho para ele.

   Tchau amiguinho, espero um dia te encontrar novamente, um beijo.

Donizete pisca e manda um beijo que estrala e a professora escuta e o puxa para colocar ele do outro lado da sala, mas antes da professora puxar ele, ele ainda conseguiu ver a Ana mandando um beijo para ele assoprando. A professora coloca ele do lado oposto da sala e ele fica ali com a imagem da Ana te mandando um beijo.

A aula acaba e a professora o dispensa do castigo e quando ele se vira, havia uma das freiras na porta da sala, e em todas salas havia uma freira na porta e elas pedem que saíssem todos em fila e que entregasse os sacos de doces ou o que sobrou, para que elas guardassem.

Quando chega a vez do Donizete a freira pergunta.

   Cadê o seu saco de doce?

   Eu comi tudo.

Ele olha para a professora que levanta o saco estourado da mesa dela.

A freira balança a cabeça e o deixa sair.

Ele sai rápido na esperança de encontrar a Ana e corre até o portão principal, mas já era tarde, e ela já havia ido embora, ele volta para junto das outras crianças, que caminhavam em fila para o refeitório, para o chá da tarde.  Ele caminhava como se estivesse nas nuvens, ele achava que ela era um anjo e ficava recordando o beijo soprado.

Capitulo XIV

Quando der repente ele é subitamente empurrado por um menino negro, que estava junto de mais quatro meninos.

   Por causa de você nós não conseguimos fugir no dia do incêndio, os Padres e as freiras ficaram nos vigiando o tempo todo, é só dava para fugir aquele dia, já estava tudo planejado, estava tudo certo para fugirmos pela floresta da Mão Vermelha.

Os meninos chamavam assim uma pequena reserva de arvores que tinha atrás do colégio, porque para chegar nela, tinha que passar pela parede sagrada, onde havia a mancha de sangue que parecia com uma mão.

   Pela floresta da mão vermelha? Pergunta o Donizete.

   É pela floresta da mão vermelha. Responde o menino.

   Mas vocês não tem medo?  Pergunta o Donizete.

   Medo? —  Não me faça rir, essa história da mão vermelha é só para os otários como você.

E o Menino dá um soco no Donizete, dois meninos seguram o Donizete e o menino negro que era mais velho que ele, ele era da terceira série e o Donizete ainda era da primeira série.

Agora para recompensar essa mancada, você vai ter que fazer troca a troca comigo. Diz o menino.

   Troca - troca, mas eu não quero trocar nada com você. Diz o Donizete.

Os meninos dão risada.

   Muito engraçado, hoje à noite você vai me encontrar no final das escadas, depois que todo mundo estiver dormindo.

Os meninos soltam ele e ele passa a mão no nariz, para limpar o sangue e usa a gola da camisa para limpar o resto. Donizete entra no refeitório procurando pelo Alfredo, que estava no segundo ano e sabia mais das coisas do que ele, ele o encontra sentado em um canto do refeitório, se aproxima dele e diz.

   Preciso falar com você.

Alfredo olha para ele  e diz .

   Pode falar.

   O que é troca-troca? Pergunta ele sem malícia.

Os meninos que estavam sentados na mesma mesa que eles dão risada e o Alfredo ri também e diz.

   Porque você está perguntando isso?

Donizete percebendo que todos ouviam a conversa e riram quando ele falou troca-troca.

  Deixa depois a gente conversa.

Ele pega a sua caneca plástica cheia de chá e meia dúzia de bolachas  e volta para a mesa do Alfredo, que agora só estava ele e mais um menino, que já estava saindo.

Donizete se senta ajeita o seu chá e as suas bolachas .

O Alfredo estava olhando para ele dando risada, quando o outro menino já estava bem longe.

   Então Alfredo o que é fazer troca-troca?

Alfredo dá risada de novo e pergunta.

   Mas porque você quer saber?

Donizete conta toda a história para ele  e o sorriso do rosto do Alfredo desaparece.

   Aquele menino da terceira série ?

Donizete confirma balançando a cabeça.

   Tinha que ser ele.  Afirma o Alfredo e explica par ao Donizete o que era troca- troca.

   Troca -troca é quando dois meninos se beijam.

   Faz o que? —  Que nojo!!

   Mas não é só beijo, eles também faz igual o que o seu pai faz com a sua mãe.

   Como assim ?

Você não sabe, o que os seus país fazem quando ficam sem roupa  e começam a se esfregar um no outro.

Vem na lembrança do Donizete, uma vez que ele escutou um barulho no quarto dos seus  pais  e parecia que a sua mãe estava chorando, mas não era choro era mais para um gemido, e ele espiou pelo buraco da fechadura e viu a sua mãe de bruços  e o pai dele se esfregando nela  e cada vez que o pai dele se esfregava mais forte nela, mais ela chorava mais alto, fazendo aquele barulho estranho, parecia uma gata miando.

   Ah então é isso? —  Credo que nojo!!

Alfredo fica olhando para o Donizete rindo muito e lembra de mais um detalhe.

   Ah tive uma ideia, no troca—  troca começa primeiro quem ganha no par ou impar, ou..

   Ou o que?

   Ou no cara e coroa.

   E daí?

   E daí que eu tenho uma moeda no meu kit de mágico que funciona da seguinte maneira, elas são de ima com os polos negativo e positivo.

   Ah?

   Ou seja, quando elas estão separadas são moedas comuns, com cara e coroa, mas quando juntadas a moeda pode ficar com duas caras ou duas coroas.

   E daí?

   Como e daí ? É simples tudo o que você tem que fazer e ganhar no cara e coroa, juntando as moedas sem que o menino do terceiro veja e escolha o lado que você deixar para fora, assim você começa primeiro na posição do papai  e podemos ganhar tempo para dar um susto nele ou avisar o inspetor Leão, que tem alguns meninos fora da cama e você sai ileso, vocês tem que ficar bem debaixo da escada, na ponta, quando você avistar a lanterna do seu Leão, como você vai estar por cima, você consegue fugir fácil, porque até o outro menino levantar e vestir a roupa dele o Leão já o pegou , como você vai estar na saída do corredor da parede da mão vermelha.

   No corredor da mão vermelha de madrugada, não inventa, nem a pau Juvenal.

   É coisa rápida, fecha os olhos e sobe as escadas que dá acesso aos quartos correndo, tá bom medroso?

Donizete balança a cabeça dizendo que sim, mas foi um sim meio que dizendo não.

Os dois saem do refeitório e sobem em direção da sala de televisão, quando eles passam pelo Gira—  gira, o menino do terceiro aponta para o Donizete e para o relógio do pulso, sinalizando para que ele não esqueça da hora e diz.

   Não esquece hoje você tem um compromisso comigo.

   Alfredo como você sabia que era esse menino?

   ele vive fazendo isso, ele já tentou comigo também e eu escapei, por isso tive essa ideia para te ajudar, eu também estava na primeira série na época e ele na segunda, ele me abordou e disse que me daria uma surra se eu não fizesse isso com ele, então nos marcamos de se encontrar atrás da escada da quadra , e foi nesse dia que eu fiquei sabendo o que era fazer troca—  troca, e havia um menino que não sabia também o que era fazer troca—  troca e este menino queria um brinquedo meu, eu disse para ele, você vai no meu  lugar e eu te dou o meu brinquedo que você quer, se a troca que ele quiser fazer, for melhor, você pode trocar com o brinquedo que eu vou te dar. E como o menino queria muito aquele carrinho e não sabia o que era ele foi no meu lugar, na manhã seguinte esse menino apareceu sangrando na bunda, tiveram que levar ele para enfermaria, e o menino do terceiro, que na época era do segundo ficou um mês sem visita, foi só ai que eu entendi o que era isso e que não era nada bom, eu achei estranho ter que fazer um troca escondido de madrugada e eu tinha muito medo de sair de madrugada pelo colégio e isso me salvou, era para ser eu naquele dia e descobri que isso não era nada bom dessa maneira.

Donizete fica pensativo e depois de assistirem alguns desenhos, já estava na hora da janta e  eles retornam para o refeitório e depois de jantar eles subiram para o quarto para pegar a moeda.

   Eu vou te ensinar como funciona a moeda  e te ensinar para não fazer errado esse lado que tem o relevo é a cara, e parte lisa é a coroa, tudo o que você tem que fazer e disfarçar a atenção dele para a mão que você vai jogar a moeda, enquanto ele se distrai, você prepara a outra com a outra mão tateando, e depois para a moeda desgrudar caso ele queira ver o outro lado é só empurrar esse pequeno pino no meio da cara, está vendo bem discreto, você também sente com o tato,  entendeu?

   Entendi .

   Então treina.

Donizete treina, várias vezes e enquanto isso eles ficam ali conversando, até que as crianças começam a chegar no quarto para dormirem.

   Está chegando a hora. Diz o Alfredo.

Eles se deitam como de costume  e esperam o horário.

De Madrugada no horário combinado Donizete se levanta e vai até a cama do Alfredo.

   Vamos Alfredo!

   É vamos lá Donizete.

Donizete espia pela porta o corredor para ver se o inspetor Leão estava por ali, fazendo o turno dele, ele verifica.

   Tudo limpo vamos !

Alfredo vai logo atrás dele até a ponta da escada para esperar a hora certa de avisar o inspetor Leão.

Donizete Desce as escadas até o final e toma um susto com um vulto que estava no escuro.

   Aqui, estou aqui.

Pelo fato do menino ser negro, só se enxergava os dentes e o branco dos olhos dele no escuro, parecia que estava camuflado.

O menino vem para a luz da escada na direção dele e diz.

   Perfeito, agora nós temos que tirar par ou ímpar para ver quem começa.

   Não vamos no cara e coroa, eu tenho uma moeda.

   Mas ai está muito escuro não dá para ver nada.

   Vem mais para cima, sobe mais um degrau aqui vem aqui na luz da escada, aqui tem um pouco mais de luz e dá para ver  a moeda. O menino sobe no degrau onde estava mais claro.

Donizete pega moeda e mostra para o menino e pergunta para ele.

   O que você quer?

 Cara ou Coroa?

   Quero coroa. Diz o menino

   Ok.

Donizete estende o braço esquerdo se preparando para jogar a moeda, ele coloca a mão direita atrás da costa, tateando para sentir o relevo da moeda, se o relevo mais alto estava dos dois lados, ficando assim cara de ambos os lados da moeda, conferido que estava tudo certo, Donizete joga a moeda para o alto rodando a pega e a bate no antebraço esquerdo.

   Cara!

 Eu ganhei, eu começo.

Donizete puxa a moeda do braço já apertando o pino no meio da cara da moeda e as separa, segurando  uma com a mão direita e a outra com a mão esquerda separando-as.

   Deixa eu ver essa moeda. Fala o menino.

Donizete mostra a dá mão esquerda e coloca a da mão direita no bolso, o menino confere a moeda e constata que a moeda tinha coroa e cara e concordando com a cabeça ele fala.

   Tá certo você ganhou.

Donizete dando um sorriso amarelo, levanta a sobrancelha e diz uma palavra monossilábica.

   É.

   Então vamos, vem aqui embaixo dessa escada, você  começa.

   Essa não, vamos na outra, lá ninguém vai nos escutar.

Eles caminham até a outra escada e o Donizete dá uma verificada entre os vãos da escada para conferir se o Alfredo estava lá e sinaliza a para ele, que era a hora de chamar o Inspetor Leão.

O Alfredo bate no quarto do inspetor Leão, que abre a porta na primeira batida.

   O que você quer?

   Eu acho que alguns meninos saíram do quarto.

  como ?

   Eu fui no banheiro e vi dois vultos descer pela escada da Cozinha, tomei um susto

achando que era fantasma.

   Que fantasma o que menino, isso não existe, deixa eu ir verificar isso, na escada da cozinha né?

Alfredo balança a cabeça dizendo que sim.

O menino entra debaixo da escada e o Donizete logo atrás.

   Aqui está bom.

   Não vem mais para a ponta, que daqui eu consigo vigiar.

Diz ele planejando a sua fuga.

O menino abaixa a calça do pijama e se deita de bruços no chão.

Donizete fica olhando até que o menino replica.

   Você vai,  ou não vai?

Donizete abaixa a calça e se deita em cima do menino sem fazer nada, não fazia nada só ficava ali parado enconchando a bunda do menino, só esperando o aviso do Alfredo .

O menino retruca .

   Chega agora é a minha vez.

   Ainda não, fiquei pouco tempo, quero mais tempo.

Donizete enrola o menino até a hora que aparece a luz da lanterna do inspetor Leão no final da outra escada, ele se levanta já puxando a calça rápido, mas sem deixar o menino perceber.

O menino diz.

   Pronto agora é a minha vez.

Quando o menino vai se levantar o inspetor dá um grito .

   Quem está ai?

Donizete rapidamente sobe a escada correndo deixando o menino lá despreparado, que tenta correr com as calças arreadas e cai ele tenta se levantar e vestir  a calça, mas o Inspetor entra no corredor e coloca o facho de luz da lanterna no menino que tentava se levantar, e sai correndo tentando levantar a calça.

O Inspetor Leão focaliza a o flash de luz na bunda do menino e identifica que se tratava de um menino negro, que correu para a escuridão.

Donizete sobe correndo todos os lances de escadas até chegar no corredor que dava acesso aos quartos, ele tenta ser o mais rápido possível e não fazer barulho, porque no quarto branco e rosa, sempre ficava um freira para cuidar deles, mas na verdade eles ficavam ali para proteger esses meninos dos meninos do quarto cinza, que era vigiado pelo Inspetor Leão, mas eles revezavam e quando isso acontecia, elas ficavam responsável pelo quarto cinza também e naquela noite antes do Inspetor Leão descer para verificar quem estava fora da cama, deixou as Freiras em alerta e o Donizete percebe uma das Freiras na porta do quarto rosa, ele estava de costa, então ele vai pelo canto da parede até a porta do quarto cinza e tenta abrir a porta sem fazer barulho, ele a abre sem fazer barulho mas na hora de fechar a porta bate, ele pensa rápido e em vez de ir para a cama dele ele vai para o banheiro para disfarçar espera um pouco e aperta a válvula da descarga para disfarçar que estava usando o banheiro, lava as mãos o rosto e sai do banheiro, ele dá de frente com a Freira, que estava na porta do quarto rosa .

   O que você está fazendo fora da cama?

   Nada, eu só vim no banheiro.

   Então volta para a sua cama, que parece que tem alguns garotos estão fora da cama.

Ele caminha até a sua cama se deita e faz sinal de OK para o Alfredo, que também já estava na sua cama.

A Freira sai do quarto e os dois dão risadas, mas não se levantam para conversar.

Capitulo XV

Na manhã seguinte, todos dormem um pouco além do horário de costume, como era feriado, eles não iriam ter aula, por causa do feriado do dia das crianças e da Nossa Senhora de Aparecida.

Todas as crianças formavam a fila na saída dos quartos para o refeitório e o inspetores procuravam pelo menino negro, que não havia voltado para a sua cama e até aquele momento ninguém havia conseguido encontra-lo.

O Inspetor Leão havia flagrado ele fora da cama na noite passada e sabia que era ele, porque ele era o único menino negro do quarto cinza e quem  ele havia visto embaixo das escadas era um menino negro.

O Inspetor Leão estava nervoso querendo encontrar ele.

Todas as crianças descem para o refeitório, para tomarem o café da manhã .

O Inspetor Leão e as Freiras procuravam pelo menino que até aquele momento não havia parecido.

Todos estava acomodados nas mesas tomando os seus desjejum, uma Freira entra gritando e chorando.

   Ele está morto, o menino morto está morto.

As Freiras a abraçam e algumas crianças saem correndo para ver o que estava acontecendo, quando elas chegam na arquibancada de onde dava para ver a piscina, eles avistam o corpo do menino negro pelado boiando na piscina.

As crianças começam a se agrupar ali na arquibancada, até que as Freiras os tiram dali para que não vejam aquela cena. Os padres tiram o corpo do menino da piscina e quando eles o colocam no chão lateral da piscina, do seu corpo começa a sair lemas da sua boca e do  seu anus dele. As crianças são dispensadas para o outro lado do colégio e a polícia é chamada para investigar o que estava acontecendo. A polícia chega investiga tudo anota tudo, tiram fotos e o IML é chamado para levar o corpo do menino, conforme eles iam transportando o corpo até uma gaveta de zinco, lesmas iam caindo pelo chão, eles colocam o corpo do menino na gaveta, onde já havia algumas lesmas se debatendo para sair da gaveta.

A polícia leva o corpo do menino embora e as crianças estavam todos agitados, as Freiras tentavam distraí-los, para que não ficassem traumatizados com aquela cena e levam todos para a igreja, para rezarem, eles rezam até a hora do almoço.

Np almoço foi servido espaguete com salsicha, o preferido do Donizete que estava muito tranquilo; ele se senta junto do Alfredo para tentar conversar, sobre o que poderia ter acontecido com o menino, mas eles não conseguem conversar porque a mesa estava cheia de outras crianças e eles iriam demorar para saírem da mesa.

Donizete come a macarronada dele e deixa a salsicha por último, para ele comer do ela do jeito que ele gostava de comer, comia primeiro a casca deixando o recheio por último.

Aquele dia como era dia das crianças e da Nossa Senhora de aparecida, as Freiras haviam preparados uma sobremesa especial para eles, haviam feito saquinhos com doces que eles haviam apreendidos e separado igualmente, os doces eram colocados nas mesas em potinhos.

Quando a Freira coloca o doce do Donizete na sua frente ela percebe que no pote de doces do Alfredo havia mais doce que no dele e era os doces que a Freira havia aprendido dele outro dia e pede para que o Alfredo não comesse aqueles doces  e que trocasse com ele de potinho, Alfredo vendo que o pote do Donizete tinha um doce que ele gostava, troca com ele. Donizete pega o seu pote se levanta e vai na direção do menino que havia dado urina para ele beber. Quando ele chega perto do menino ele finge que a tropeça e derruba todos os seus doces no pote do menino que tinha dado urina para ele, o menino o empurra e diz.

   sai fora que agora esses doces são todos meus, quem mandou você derrubar aqui na minha mesa, vai sai fora. Donizete pega o seu pote vazio e o coloca para lavar e sai do refeitório, Alfredo vinha logo atrás enchendo a mão com o s doces e o deixa para levar também.

Já fora do refeitório no pátio, Donizete e o Alfredo conversam .

    O que será que aconteceu com o menino ontem? —  Quem será que fez aquilo com ele? Diz o Alfredo.

   Eu não sei, eu fiz como nós combinamos, no momento que o Inspetor Leão apareceu corri pelas escadas e fui direto para o quarto e fiquei esperando para ver o que iria acontecer e fiquei esperando o menino aparecer, para dar a desculpa que nós combinamos, mas ele não aparecia, então eu pensei que o Inspetor Leão tinha colocado ele de castigo em outro lugar .

   É mas o castigo dele foi bem ruim, você viu que coisa horrível? ´

É  foi horrível mesmo.

Capitulo XVI

 

A conversa dos dois é interrompida, porque as freiras estava gritando pedindo ajuda, porque tinha alguma crianças passando mal, as crianças gritavam de dor na barriga, e gritavam e cada vez mais crianças reclamavam de dor na barriga , algumas vomitavam e as Freiras corriam com eles para o ambulatório, algumas andando outras sendo carregadas pelas freiras, depois alguns foram  encaminhados para o hospital enquanto alguns conforme vomitavam melhoravam, outro ficaram em um estado crítico, no hospital as Freiras descobrem que as crianças foram envenenadas com naftalina.

  Mas como essas crianças enjeriram naftalina? Pergunta a Freira chefe para uma noviça, enquanto outra freira trazia na mão pedaços de algumas bolinhas coloridas que as crianças haviam vomitado e outras ainda inteiras e  entrega para a Freira superior.

A Freira pega a bolinha ainda inteira na mão e a examina e  ela conclui.

  Isto e uma bolinha de naftalina envolvida com uma camada de açúcar colorido, onde vocês encontraram isso?

  Encontramos no refeitório, uma das crianças cuspiu isso reclamando que tinha um gosto horrível, depois que ela mordeu, dizendo que tinha um gosto de comida de rato e cuspiu no chão do refeitório, a Freira Maria ainda brigou com ele, porque ele tinha cuspido no chão, ainda bem que ele cuspiu a tempo, se não tivesse cuspido, poderia ter mais uma criança passando mal.

A Freira olha novamente aquelas bolinhas e pensa com os seus fios de cabelos.

   HUNN, eu acho que sei quem foi quem trouxe isso, mas antes que algo mais aconteça, pede para esvaziarem as piscinas, já tivemos muitos acidentes aqui hoje e não quero mais nenhuma surpresa, assim espero e todo cuidado é pouco.

Nesse exato momento outra Freira entra correndo na sala da Freira Superior dizendo que alguém havia colocado fogo na fenda da grande árvore do pátio.

   Meus Deus o que falta acontecer aqui hoje? Diz a Madre superior.

Elas correm para o pátio onde o inspetor Leão tentava apagar o fogo, com extintor e as crianças ajudando ele com baldes de água e assim eles conseguiram apagar o fogo, mas o fogo já havia feito um grande estrago no tronco da árvore, na fenda onde as crianças sempre colocavam bolas de papéis e foi justamente por onde o fogo se propagou afetando a estrutura daquela árvore de quase 100 anos e vinte metros de altura e quase dois metros de largura.

O Seu João examina a árvore e conclui.

   Não tem jeito, vamos ter que derrubar esta árvore, ela está perigosa e pode cair a qualquer momento.

   Mas como vamos fazer isso, sem que ela caia por cima das salas de aula ou para o lado da recepção. Pergunta a Madre superior.

   O que temos que fazer, é amarrar uma corda bem forte nela, na parte alta e a puxamos para o outro lado enquanto  uma pessoa especializada usa uma serra elétrica cortando do lado que ela tem que cair, fazendo um “V” deitado, a corda serve para garantir que ela caia para o lado certo.

   Manda chamar o Marceneiro e peça para que ele traga a Serra elétrica e providenciem uma corda forte e grande . Ordena a Madre superior.

O Marceneiro aparece com a serra elétrica e as Freiras chegam com alguns homens carregando uma grande corda, dois homens sobem na árvore e amarram o mais alto que podem. Depois que os homens descem o Marceneiro começa a cortar a árvore tirando pedaços em forma de “V”, e os Homens começas a puxar a árvore, mas a árvore nem se mexe, então a Madre superior pede para que as crianças ajudassem os homens a puxarem, quase 100 crianças se juntam com os homens e começam a puxar, eles puxam com tanta força que a corda se arrebenta e as crianças e cinco adultos, caem uns por cima dos outros, todos se levantam rindo, eles medem as cordas, que ainda dava três  vezes o tamanho da árvore e amarram novamente a corda, agora em duas cordas e mais  crianças vem para ajudar a puxar .

Donizete entra no meio dos meninos da segunda turma para ajudar, mas ele vem bagunçando e o Inspetor Leão dá um beliscão nele , Donizete grita de dor e fica olhando para o inspetor, que organizava as crianças, para que eles não se machucassem.

Donizete entra na fila da corda para puxar com uma cara brava.

O Marceneiro corta mais um pedaço da árvore e a Madre superior estava ao lado da árvore gritando para que puxassem.

   Puxem !!

 Puxem !!!

O Marceneiro forçava mais um pouco a serra que atinge a parte afetada, a árvore estala e começa a cair no momento que o Donizete olha para o inspetor Leão que olha no olho dele e começa gritar.

   Tira isso de mim, tira isso de mim!! Tira essas lesmas de mim .

Ele começa a se debater e vai em direção onde a árvore estava caindo, a árvore vinha caindo rapidamente para um lado, mas ela muda um pouco a sua direção, a madre superior Vê o Inspetor Leão na direção onde a árvore estava caindo e gritava e corre na direção dele. Os galhos da árvore já começavam a tocar o chão e a Madre superior coloca a mão na cabeça para se proteger e der repente ela sente um tranco que a jogou fora do raio de onde a árvore estava caindo, a irmã Maria havia empurrado ela, mas ela mesmo não consegue escapar, a árvore cai com tanta força no chão, que estremece tudo e esmaga o inspetor Leão e a Freira Maria como se fossem papéis, as pessoas tentavam ver o que tinha acontecido , mas os galhos cobriam todo o pátio e ninguém sabia o que tinha acontecido.

A Madre superior grita por socorro e o Marceneiro e alguns homens correm para socorre-la, eles a socorrem e procuram pela Freira Maria e pelo inspetor e percebem que eles não tiveram a mesma sorte era tarde demais.

Um dos professores alerta.

   Precisamos chamar os bombeiros e a polícia.

O professor da primeira serie se prontifica em ir chamar a polícia e os bombeiros, porque com a queda da árvore, na queda rompeu todos os cabos de telefone e alguns de energia que passavam por ali. Eu vou pegar a minha moto e vou até o orelhão mais próximo, ele caminha até o estacionamento, monta na sua moto, coloca o capacete e acelera a moto em direção do portão de saída, mas ele não percebe um linha de pipa que estava esticada ali, a linha tinha cortante (Mistura de vidro e cola passado na linha) der repente o seu capacete escurece, com lesmas aparecem na sua viseira e sem enxergar nada ele vai em direção da linha que  que esta na altura do seu pescoço acelerando a moto na direção da linha  e quando ele consegue limpar a viseira e vê a linha, já era tarde a linha corre pelo seu  capacete em direção ao seu pescoço cortando a sua jugular, a moto se desgoverna  e bate na coluna do portão da saída da igreja do colégio e o sangue da veia do pescoço do professor expirava como um chafariz de jardim, o seu sangue expirava, igual o sangue da vaca que as freira matavam no corredor da mão vermelha, algumas pessoas escutam o barulho da moto batendo e correm para ver o que tinha acontecido  e encontram o professor agonizando e o sangue jorrando já perdia força diminuindo, por coincidência ou não, na parede tinha uma mancha de sangue que parecia uma mão.

Capitulo XVII

O Padre Domingos rapidamente corre para o seu Landau, estaciona o carro ao lado do corpo do Professor e com a ajuda das Freiras, colocam o professor no banco de traz na esperança de conseguir salva-lo, duas freiras vão atrás com o professor e o outra Freira no banco da frente junto com o Padre Domingos que acelera o carro em direção a saída, mas o carro engasga e para  entre as duas colunas do portão da saída, o motor do carro apaga e desesperado o Padre tentava dar a partida no carro, por diversas vezes, e aquele barulho do motor de arranque tentando girar o motor, nhã, nhã, nhã  e isso se repete diversas vezes , der repente a Freira que estava no banco da frente comenta.

   Para de afogar o carro, que já está cheirando gasolina, está um cheiro muito forte.

As Freiras do banco de trás olham pelo vidro e percebem que algo estava escorrendo pelo chão  e estava saindo do carro e elas gritam.

   É gasolina! Gritam as Freiras em couro.

   Vamos saem do carro! Diz o Padre, mas as portas não se abriam, não tinha espaço suficiente entre as colunas, a parede e o carro suficiente para a porta abrir, o Carro era muito largo e estava entre as duas colunas a parede e o do portão da saída, que estava aberto para dentro.

   Não consigo sair, a porta não abre. Grita o Padre já nervoso.

   Fogo!! Gritam as Freiras em coro novamente do Banco de trás.

   Está vindo pelo rastro da gasolina. Agora grita só uma delas em pânico.

   Eu não quero morrer!! Grita a outra, mas antes dela terminar a frase, o fogo alcança o tanque daquele carro que tinha capacidade para mais de 100 litros de gasolina, mas já estava quase na reserva  e o que tinha mais no tanque, era gás de gasolina, transformando assim o carro em uma bomba e quando o fogo atinge o tanque, o carro explode tão forte que a laje da saída e as colunas, caem em cima do carro, a explosão foi tão forte, que o Padre, as Freiras não sentiram nem dor, foi muito rápido.

O colégio ficava em uma estrada um pouco afastado da comunidade e ninguém percebe a explosão ou a fumaça, o carro pega fogo até o fim , queimando o padre e a chave do portão central da saída da secretária do colégio, que derrete com o calor  e deixando assim todos presos dentro do colégio, as duas saídas estava lacradas, uma pelo carro em chamas e a outra uma porta de aço trancada e sem chave e a única cópia uma estava com o Padre domingos e a outra no pescoço da Freira do banco da frente.

E o Pânico foi inevitável, as crianças choravam, dizendo que não queria morrer, os homens que estava ali ajudando não sabiam o que fazer, e as Freiras tentavam acalmar as pessoas.

Capítulo XVIII

Depois de horas as Freiras conseguem controlar a situação já estava escurecendo, as crianças estava mais calam e jantavam e em seguida eram encaminhadas para as suas camas.

Alfredo cutuca o Donizete e diz.

   Estou com medo.

   calma meu amigo, nada vai te acontecer.

Donizete acalma o amigo e pede para ele se deitar e descansar.

Passados algumas horas, alguns meninos tentavam fugir pela floresta da Mão Vermelha, usavam um pau apoiado na parede da piscina para pular o muro para o outro lado da floresta, assim achavam as crianças, que aquela mata era uma floresta, mas na verdade era um sítio particular do Sr. Maneco, onde haviam  várias plantações e um imenso galinheiro onde alguns anos atrás andaram roubando ovos e algumas galinhas e depois disso ele colocou alguns cães de guarda, para proteger as suas galinhas, os cães de guarda eram quatro Dobermann, que ao perceberem o barulho que vinha do muro do lado do colégio, correram para lá e atacaram os meninos que haviam pulado, pegando os de surpresa, um dos Dobermann ataca um dos meninos que vinha na frente no pescoço dando um bote certeiro e os outros cachorros mordem pelo corpo do menino e logo em seguida atacam o resto dos outros meninos, que tentavam fugir pulando o muro de volta, um dos meninos não consegue subir no muro tenta fugir correndo para o outro lado, para o muro que dava acesso para a rua, mas o muro era muito alto para pular, ele tenta alcançar um poste de luz para tentar descer por ele e tenta alcança-lo, mas ele é surpreendido por um dos cachorros que o ataca e o derruba do muro, caindo ele  e o cachorro, sobre o fio de alta tensão, eletrocutando o menino e o cachorro  e a energia da região é derrubada pela explosão do transformador, deixando toda a região no escuro e deixando a situação dentro do colégio mais complicada.

Os garotos que tentaram fugir voltam para o Colégio e ficam sem saber o que fazer, procurando alguém que os ajudasse ou para  avisar o que tinha acontecido com os outros meninos que ficaram no sítio, mas as Freiras estavam incapacitadas de fazer alguma coisa, trancadas dentro do colégio, sem chave e agora sem luz, então eles ficaram ali ao redor da piscina vazia, tentando decidir o que fazer.

Para as outras crianças a madrugada estava silenciosa e elas dormiam tranquilamente como se nada estivesse acontecendo, mas logo cedo os meninos que não conseguiram fugir entra no quarto procurando uma das Freiras gritando e dizendo que mais duas crianças haviam morrido, tentando fugir pela floresta da mão vermelha, as Freiras o cercam e pede para que eles se acalmassem e conta-se para elas a história, dês do começo e  pedindo para que eles se sentarem em uma das camas que estava vazia.

Nós estávamos tentando sair pela floresta da mão vermelha e o muro do outro lado é muito alto, nos improvisamos uma madeira e conseguimos pular para o outro lado do muro nós e mais dois meninos da terceira série, só que para subir de volta um tinha que segurar a madeira em baixo para ela não escorregar, para os primeiros foi fácil haviam dois segurando, mas quando o quarto terminou de subir no muro a madeira escorregou e eu não consegui mais subir porque não tinha ninguém para segurar a madeira para mim, então eu fiquei do lado de cá e foi quando eu dei graças a Deus por ter ficado do lado de cá, porque do outro lado do muro cachorros começaram a latir e as crianças que tinham pulado a gritar, eles dois pularam de volta e os outros dois não voltaram porque os cachorros pegaram eles  e der repente ficou um silêncio, nós ficamos ali quietos sem saber o que fazer com muito medo eu praticamente estava em choque, e enquanto estávamos ali quietos decidindo o que fazer porque estávamos com medo de passar pelo corredor da mão vermelha e nós nos sentamos no canto do muro no fim da piscina olímpica que tem o trampolim e ficamos ali por horas esperando o dia amanhecer para poder voltar para cá e foi um pouco antes de amanhecer, que a Madre superior apareceu de roupão com os machucados da árvore enfaixados na entrada da piscina, nós ficamos com medo porque achamos que ela iria brigar com a gente se nos pegasse ali, e pensamos estamos ferrados.

Mas ela parecia que estava em algum tipo de transe, porque ela nos viu e foi quando eu percebi que ela estava usando um maio por baixo do roupão e estava colocando uma touca de natação e um óculos de natação também, ela tirou o roupão e subiu no trampolim da piscina olímpica que estava vazia, ela subiu no trampolim mais alto, nós ficamos olhando sem entender o que ela pretendia fazer, porque a piscina estava vazia e foi aí que eu me toquei e tentei impedi-la, nós começamos a gritar, mas parecia que ela não nos ouvia e pulou de cabeça do trampolim na piscina vazia, ela pulou com vontade, chegou a fazer pouse no alto, deu um mergulho clássico e se esborrachou no fundo da piscina vazia e foi essa hora que saímos correndo parando só aqui.

   Vamos lá ver se o que eles estão falando é verdade! Comenta uma das Freiras.

E duas freiras vão até a piscina onde encontram o corpo da Madre superior, em uma poça de sangue, o fundo da piscina, que tinha sete metros profundidade e o trampolim tinha mais cinco metros de altura, o que totalizava doze metros de altura , e a queda dentro daquela piscina vazia de azulejo azul estava vermelha de sangue e haviam muitas lesmas andando em volta do corpo dela e outras espalhadas pela piscina.

 

Capítulo XIX

As Freiras estavam horrorizadas e apavoradas e correm em direção aos quartos pelo corredor da mão vermelha que era o acesso mais rápido, a primeira freira passa, mas a segunda é arremessada por um vento forte que bate no peito dela e a joga a uma altura de dez metros de altura, jogando o seu corpo de encontro a uma pilha de entulho e  o seu corpo é atravessado por uma viga de aço que estava no meio dos entulhos, matando a freira na hora e o corpo dela fica ali com o seu habito cinza e branco e agora também vermelho e o seu crucifixo balançando na ponta da viga , a outra freira entra em pânico e corre desesperada daquele local porque o corpo da sua amiga estava sendo tomado por um enxame de lesmas, lesma não é abelha, mas era um enxame de lesmas, porque lesmas não tem coletivo, esses moluscos pegajosos de lugares úmidos  .

A freira gritava ao chegar no pátio.

   Nós vamos morrer!

 Todos nós vamos morrer.

Algumas freiras tentava aclama-la, até que a freira mais experiente que sobrou dá uma ordem.

   vamos todos para a igreja, lá estaremos protegidos.

 Vamos todos, formem filas e vamos nos agrupar na igreja, as freiras restantes organizavam as crianças que estava apavoradas e as levavam até a igreja, onde todos iam  se acomodando e  sentando nos bancos da igreja, onde um padre novinho tentava organizar aquela situação.

   Vamos orar, vamos rezar, fazer as nossas preces, só assim estaremos realmente protegidos.

E eles começam a rezar, até que der repente a igreja se escurece, os vitrais estava tomados por lesmas e as paredes da igreja também estavam tomadas por lesmas, que não se conseguia mais enxergava as pinturas da paredes.

As crianças gritavam e as Freiras tentavam impedir que as lesmas entrassem pelas fendas , porém uma das freiras exagera na força da vassourada e acerta uma das velas da celebração, a vela cai nos tecidos que envolvia o púlpito no altar e o fogo se propaga rapidamente, a fumaça toma conta de toda igreja, as crianças gritavam em pânico e o fogo já estava alcançando os bancos de madeiras, forçando com que eles saíssem da igreja, algumas crianças são pisoteadas e outras ficam entre o fogo e a saída, algumas já caiam asfixiadas.

 

Capitulo XX

Donizete e o Alfredo conseguem acesso a uma janela e escapam por ela saindo na marquise do Colégio.

 Conseguimos mas  e agora como vamos descer daqui? Pergunta o Alfredo.

   Podemos escorregar pelos pilares até o chão, mas o difícil será alcançarmos as colunas porque não dá para ver, nós temos que se pendurar e balançar as pernas para sentir onde as colunas estão. Fala o Donizete.

   Eu vou tentar.  fala o Alfredo.

Ele se debruça na beirada da marquise, que estava mais ou menos cinco metros de altura do chão e com as pernas sem conseguir enxergar procura pela coluna, ele sente a coluna abraça ela com as pernas, se pendura por um braço, agarrando a coluna com uma mão e solta a mão da marquise escorregando até o chão.  Alfredo grita pode vir deu certo. Donizete tenta, mas o fogo estava muito próximo e ele não consegue descer devido ao calor que estava aumentando.

   Eu vou encontrar outra saída talvez eu consiga entrar pela varanda dos quartos e de lá, para o outro lado. Donizete corre pela marquise até a varanda dos quartos e tenta alcançar o beiral da sacada, mas não consegue o beiral era muito alto para ele, ele avista um cabo de para—  raios e o usa como corda descendo até o andar de baixo e estica a perna na mureta da varanda  e pula para dentro da varanda, ele pula para dentro da varando ele é surpreendido por dois homens que estava escondidos. Era o Marceneiro e o Professor que haviam roubado o cofre e colocado fogo na camionete e botado a culpa no Donizete.

   Ora, ora, olha quem apareceu para nos visitar uma hora dessas. Fala o professor empurrando uma sacola cheia de objetos que pareciam valiosos.

   Mas dessa vez você não vai me escapar, vamos jogar você da escadaria  daqui de cima, aqui desta ponta que é mais alto, deve de ter uns vinte metros de altura, vai ser difícil sobreviver a uma queda dessa altura, pega ele!

O Marceneiro corre ao encontro dele e o agarra por trás, o professor vai na direção dele, mas uma força o joga contra a parede, o marceneiro vendo aquilo acontecer fica sem entender , mas  saca uma arma, de repente ele começa a se debater gritando .

   Tira isso de mim!! Tira essas lemas de mim!! E ele começa a atirar e acerta o professor que estava se levantando bem na cabeça, o Marceneiro descarrega a arma e nenhuma bala acerta o Donizete.

Donizete caminha em direção do Marceneiro que se afastava dele gritando.

   Fica longe de mim, seu Demônio , fica longe de mim.

Donizete chegava mais perto dele a cada passo, até o marceneiro pular da varanda em direção as escadas, a mesma que ele queria jogar o Donizete e se estatela nas escadas. Donizete pula a janela para dentro do quarto e percebe que o fogo já estava nos quartos, que estava todo tomado pela fumaça, o colégio inteiro já estava em chamas, ele corre no meio da fumaça em direção das escadas, que também já estava toda tomada pela fumaça, ele usa a camisete para proteger a sua respiração e desce correndo até atingir a porta da saída onde ele desmaia.

Ele é socorrido por uma freira que o arrasta até o meio do pátio de onde os sobreviventes observavam o fogo destruir todo o colégio de onde subia uma fumaça densa que dava para ver de longe e assim os bombeiros foram acionados.

Capítulo XXI

 

Donizete desperta no hospital e a primeira pessoa que ele avista é a sua mãe, que estava sentada em uma poltrona a sua direita.

   Mãe !!

 Onde estou ?

   Você está em um hospital agora, está são e salvo, mas o colégio não existe mais , foi riscado do mapa virou cinzas.

A conversa dos dois é interrompida por um enfermeiro que entra no quarto e avisa que o incêndio do colégio estava passando no noticiário e liga a televisão, para eles acompanharem. Na imagem da televisão mostrava o Colégio em chamas e logo em seguido um delegado de polícia estava informando que os culpados por tudo aquilo e todas aquelas mortes, tinham sido causado por um dos professores, ajudado pelo marceneiro do colégio, que estavam cometendo furtos de objetos valiosos da igreja e do colégio, eles já estavam sendo investigados eles estavam usando nomes falsos, porque eles já eram procurados pela polícia, porém tiveram um fim trágico um matando o outro, o marceneiro matou o professor com um tiro na cabeça e depois se suicidou, pulando de uma sacada que tinha vinte metros de altura e morrendo na queda e assim dou por encerrado este caso.

A mãe do Donizete olha para ele chorando e diz.

   Nossa que perigo, a gente pensando que está deixando nossos filhos em um lugar seguro e olha isso, que perigo que você estava correndo meu filho.

   É mamãe, está vendo, por isso eu não gostava de lá, eu até vi esses homens roubando, mas na época ninguém acreditou em mim e ainda eu que fiquei de castigo, ficando até doente, lembra que tive que ir para casa?

Donizete fica olhando para a mãe dele que estava assustada olhando para ele e pensa.

   Se ela soubesse a verdade, ela iria ficar muito mais assustada.

Capítulo XXII

Filho eu aluguei um quartinho para nós dois em uma pensão no centro da cidade, não é muito grande, é um quarto sem cozinha e com o banheiro coletivo do lado de fora no corredor da pensão, nesse quarto tem que ser, nosso quarto de dormir, sala e cozinha e a lavanderia é coletiva também como o banheiro para os vinte quartos.

   O que é coletivo mamãe?

   como vou te explicar isso, deixa eu ver , é quando uma coisa ou um lugar é usado por várias pessoas, como lugares públicos, praças, parques, hospitais, entendeu?

   Entendi mamãe.

   Os médicos já o liberaram, já podemos ir embora para o nosso quartinho.

Eles deixam o hospital e pegam um ônibus para o centro da cidade, Donizete passa mal dentro do ônibus como sempre que andava de coletivo e vomita.

   Como sempre né meu filho, você ainda fica enjoado quando anda de ônibus.

Uma senhora se oferece para ajudar, emprestando um lenço para ele se limpar, a dona Zulmira agradece, algumas pessoas reclamam do cheiro de vômito e a dona Zulmira fica com vergonha, mas retruca.

   É uma criança gente, ele não tem culpa, o pior seria se ele fosse um marmanjo e vomitasse por bebedeira, ai sim vocês poderiam reclamar e queria ver se fosse com o filho de vocês, o que iriam fazer.

A senhora que emprestou o lenço acalma a dona Zulmira.

   Calma deixe que falem, a criança não tem culpa.

Dona Zulmira olha para ela e não diz nada.

   Vocês estão vindo do hospital? Pergunta a senhora do lenço.

   Sim, como a senhora sabe?

   Porque vocês subiram no ponto perto do hospital e o menino está com esparadrapo no braço, ele deve de ter tomado soro, dá para ver também que ele vomitou muita água, agora eu só não entendi, porque a roupa dele está cheirando fumaça.

   É porque ele estava naquele colégio que pegou fogo, que  passou no noticiário, a senhora viu?

   Ah!! Vi sim , nossa!!

Que perigo, que coisa horrível, as vezes nos pensamos que estamos fazendo a coisa certa para os nossos filhos e no fim o entregamos ao Diabo.

Donizete arregala o olho para a senhora e a dona Zulmira exclama.

   Entregar para o Diabo?

 Credo!!

   Desculpa, eu quis dizer, que não sabemos se estamos fazendo a coisa certa ou a coisa errada, para cuidar e educar os nossos filhos , porque esse mundo é grande e pode ser muito perigoso, existe pessoas boas, mas são poucas, a maior parte das pessoas são más, por isso que quando colocamos uma semente, um filho ou filha nesse mundo, nos preocupamos em fazer o nosso melhor, mas não depende de nós, uma amizade ou algum detalhe pode influenciar e pôr tudo a perder.

Donizete a Dona Zulmira e o restante do pessoal que estavam no ônibus, até o motorista pelo retrovisor do ônibus, prestavam atenção no que a senhora falava.

   Levanta Donizete!

   O próximo ponto é o nosso, foi um prazer falar com a senhora, gostaria de ter mais tempo, para podermos conversar mais, porque acredito que a senhora faça parte dessa pequena porcentagem das pessoas que são boas nesse mundo.

   E você pequeno espero que seja bom com as pessoas também, mas seja bom e não bobo, se alguém te fizer mal se defenda e revida, agora se alguém te fizer o bem retribua com a mesma moeda.

Orienta a Senhora do lenço falando para o Donizete, que concorda balançando a cabeça.

Dona Zulmira Puxa a corda da campainha e se despede da senhora e na porta do ônibus pede desculpa para o cobrador e para o motorista pela bagunça.

   Não se preocupa no ponto final eu bato uma água. Responde  o cobrador.

Acho que a senhora do lenço contaminou todos dentro do ônibus estavam todos benevolente.

Donizete entra na pensão, achando  tudo muito feio, havia na entrada algumas crianças, Donizete fica observando-as, quando ele entra no quarto juntamente com a sua mãe, havia um homem sentado na cama.

   Ih!  Mamãe, estamos no quarto errado, esse aqui já tem gente.

   Não meu filho é esse quarto mesmo, esse é o João amigo da mamãe.

Donizete encara o homem dos pés a cabeça, era um homem forte grande e usava um relógio no pulso esquerdo, o que chamou a atenção do Donizete.

   O que é isso ?

   É um relógio digital. Responde o Homem apertando um botão do relógio, que tinha o vidro todo preto e no meio do vidro apareceu  as horas em vermelho, marcavam 16:58 horas no relógio.

Donizete fica encantado com o relógio e pede para o homem deixar ele apertar o botão do relógio e aperta várias vezes até ser interrompido pela sua mãe.

   Você vai acabar quebrando o relógio do homem. E puxa ele para trás, ele fica intrigado e sai do quarto para o corredor da pensão. Já no corredor ele se depara com algumas crianças, algumas eram mais velhas que ele e outras eram mais novas, ele se enturma com as crianças.

   Quer  brincar com  a gente ?

Donizete faz que sim balançando a cabeça.

   Estamos brincando de Polícia e ladrão.

   Legal! Exclama o Donizete abrindo um sorriso.

   Então vamos lá na rua. Diz o menino mais velho .

   Mas não é perigoso? Questiona o Donizete.

Os meninos mais velhos dão risada da pergunta dele.

   Perigoso? E dão risadas.

   É nada, é só você não sair na rua, tem que ficar só na calçada, porque se você atravessar a rua um carro pode te pegar e aqui passa muitos ônibus que vem da rodoviária.

   Sendo assim então vamos. Responde Donizete.

Eles andam até a saída da pensão e ficam na calçada.

Já na calçada um dos meninos mais velho explica a brincadeira para o Donizete e assim eles vão andando alguns quarteirões até avistarem um homem .

   Pronto Tronquinho.

   Tronquinho ? Pergunta Donizete achando graça.

O menino apelida o Donizete de Tronquinho, devido a sua estatura e que para uma criança ele já era bem forte, já tinha músculos.

   Está vendo aquele Homem ?

   Sim !

   Ele é nosso amigo e está na brincadeira também, nós não podemos deixar ele nos ver ou deixa—  lo nos pegar, o que você tem que fazer é pegar a carteira dele ou o relógio e correr o máximo que você poder, porque se ele te pegar você está fora da brincadeira e perde a sua vez, ai é você que tem que pegar ele.

Donizete empolgado com a brincadeira e com inocência corre em direção ao homem, dá um bote no bolso do homem e pega a carteira dele e corre.

   Pega ladrão!!!

pega esse  punguista!!!

 Pega!!

Com isso outras pessoas tentavam pegar ele e tentavam segura—  lo, ele se desvencilha das outras pessoas também e corre para o meio da avenida, atravessando no meio dos carros em movimento, em uma avenida perigosíssima do centro da cidade e corre, corre até perceber que não havia mais ninguém atrás dele, mas ele também percebe que estava perdido e que não conhecia nada daquele lugar e pensa.

   Onde estou ? ele se pergunta olhando para aqueles prédios altos, onde uma grande multidão andavam com pressa de um lado para o outro, estava começando a sentir medo e andava pelas ruas da cidade até chegar em uma praça onde havia um chafariz, ele fica ali parado olhando aquela água subir e cair e acha tudo muito bonito, fica em transe até ser interrompido por um solavanco, era um dos meninos mais velhos.

   Nossa você está bem ?

   Nós ganhamos a brincadeira ? Pergunta o Donizete.

   Sim , cadê a carteira ?

 Me dá ela aqui . o menino abre a carteira e constata que estava cheia de dinheiro.

   Legal!! Exclama o menino.

   Vamos para o parquinho !

   Parquinho ? pergunta o Donizete.

   Sim, vamos gastar o nosso prêmio da brincadeira que ganhamos.

Chegando no parquinho, eles compram várias entradas para os brinquedos, e também compram vários doces. Eles brinca no carrinho bate-bate, andam de roda gigante, no carrossel.

   Pronto agora vamos no Trem Fantasma!

   Trem fantasma não, eu tenho medo.

   Ah para de ser medroso, vamos lá , é tudo de mentira, não precisa ficar com medo, pode confiar em mim, é tudo mentira o que tem lá dentro.

   Mas só o nome dá medo.

   É Só o nome, vamos !! Você vai ver que é bem legal.

Donizete entra no carrinho do trem fantasma depois de entregar o ticket para a bilheteira e se senta no lado esquerdo do carrinho, ao seu lado se senta o menino mais velho e no carrinho de trás entram os outros dois meninos, o carrinho começa a andar e fica tudo escuro, Donizete fica com medo e na primeira curva uma caveira salta na sua frente ele dá um grito e logo em seguida um Morcego passa na sua cabeça e vira um vampiro, Donizete estava ficando apavorado e quando eles passam por uma cela onde um médico vira um Lobisomem e dá um susto muito grande nele, ele agarra no menino que grita.

   Lesmas!!

Nossa tem lesma para todo lado, no chão no teto, até dentro carrinho, que legal !!

Isso é novo, não tinha antes, credo elas parecem muito real, que nojo.

O carrinho termina o percurso depois de uma aranha gigante e sai no fim do Túnel da saída.

   E ai gostou Tronquinho ?

   Não, você falou que não dava medo, foi horrível.

  Eu adorei.

Os outros dois menino saem do carrinho e caminha até eles e o menino mais velho pergunta para eles.

   E ai vocês gostaram da nova parte?

   Que nova parte? Pergunta um deles .

   A parte que as paredes ficam cheias de lesmas, e cai lesma do teto dentro do carrinho, vocês não viram essa nova parte?

   Não. Respondem os meninos.

   Como não, eu não estou ficando louco. Vocês estavam de olhos fechados, seu medrosos, por isso que não viram, é muito legal, parece muito real, as paredes parecem que estão vivas.

Donizete percebendo do que ele estava falando fica quieto.

   Ah ! Deixa pra lá e vamos no pula, pula . diz o menino mais velho.

Eles vão no pula-pula e assim que o Donizete sai do pula-pula, depois de comer tanto doce, ele sente a sua barriga doer e começa a vomitar .

Enquanto ele vomitava, um dos meninos começam a gritar.

   Morre !! e dava risada.

   Morre desgraçado!!

Donizete vomita tudo o que ele comeu, limpa a boca e olha para os meninos que riam dele vomitar.

Donizete lembra da sua mãe .

   Quero ir para Casa.

   Ah Tronquinho, vai amarelar agora que a brincadeira está ficando legal.

   Quero ver a minha mãe .

   Quer ir embora, então vai sozinho.

   Mas eu não sei voltar .

   Vai por aquela rua, que você vai sair na pensão.

Ele sai do parque atravessa a rua e vai na direção que o menino falou, olha mas não reconhece o caminho.

Ele dá uma volta no quarteirão e percebe que saiu no mesmo lugar e quando ele ia atravessar a rua um dos meninos que era um dos mais novos, vem atrás dele e para ajudá—lo.

   Não é por ai não, o bobão do Zoio está te zoando ele é muito ruim, vem comigo eu te levo até a pensão.

   Como você se chama, Tronquinho ?

   Eu me chamo Donizete e você ?

   Eu me chamo Alexandre, mas eles me chamam de Testa, porque o zoio, fala que eu sou testudo.

Eles vão andando até a mãe do Donizete aparecer gritando com ele.

   Onde você estava? Descuidei um minuto de você e você sumiu, eu estava desesperada, já não sabia mais o que fazer, já estava quase indo na policia, desse jeito você me mata, olha o meu estado estou muito nervosa, vem vamos voltar para a pensão eu ainda tenho que te dar banho e o pior que temos que esperar o banheiro ficar vazio, nós  temos que pegar a fila e esperar e não podemos demorar.

   E quem é esse menino ?

   É o Testa.

   Testa?

   Testa é o apelido dele, o nome dele é Alexandre e eles me deram um apelido também, o meu é Tronquinho.

  Tronquinho?

   Sim porque sou fortinho.

O menino ri e dá tchau para eles e entra na primeira pensão, eles andam mais um pouco pela calçada e entram na terceira pensão.

   Achou o menino? Pergunta o amigo da dona Zulmira

   Eles estava lá no outro quarteirão, junto com outro menino.

   É você  não vai poder descuidar dele, se não ele some.

   Eu sei, porque você acha que eu fiquei desesperada.

 

Pega a sua toalha e vamos para a fila.

Na fila do banheiro haviam duas pessoas esperando a vez, o home que era o próximo bate na porta pedindo para a pessoa que estava lá dentro saísse rápido, uma mulher que estava lá dentro, mandou ele a merda.

O homem esmurrou a porta até a mulher sair com uma toalha enrolada na cabeça gritando.

   Você não tem educação não?

   Quem não tem educação é você, que não tem consideração com as outras pessoas, achando que só tem você no mundo e demorando desse jeito para tomar banho esquecendo que existem outras pessoas querendo usar o banheiro.

   Ah cala a boca seu veado.

   Veado, entra comigo aqui no banheiro que eu te mostro o viadão.

A mulher dá as costas para o homem e sobe pelo corredor para o quarto dela.

O Homem entra no banheiro e liga o chuveiro.

   Mãe veado é palavrão?

   Não é um bicho da selva.

O Homem que aguardava e que era o próximo da vez, olha para o Donizete e olha para a mãe dele e dá um sorriso, o homem não tinha toalha, sabonete ou shampoo com ele, e estava ansioso, ficava se contorcendo, batendo a ponta do pé no chão, o outro homem não demora muito e sai do banheiro dizendo.

   Pronto, tá vendo, assim quem tem que ser, lavei o que tinha que lavar e sai, agora aquela puta, entra no banheiro e esquece da vida.

O Outro homem entra rapidamente no banheiro e lá de fora dava para escutar os peidos e a merda caindo na privada, nesse momento entra na fila atrás da mãe do Donizete um homem e uma mulher que trajava uma roupa curtinha e ela usava muita maquiagem e mascava chiclete com a boca aberta e nesse momento o Donizete pergunta para a mãe.

   Mãe o que é puta?

A moça que mascava chiclete como uma vaca mascando capim, olha para a mãe do Donizete parecia interessada na resposta dela.

   Puta meu filho?

   É, foi do que o homem chamou a mulher, isso não é palavrão?

A mulher estica o pescoço, esperando uma resposta.

   Se é palavrão? —  Não, é uma palavra pequena é uma palavrinha.

   Mas o que é?

   Puta é.

A mulher estica mais ainda o pescoço e mascava o chiclete com a boca, aberta, que dava para sentir o cheiro de hortelã.

   Ah, puta é uma mulher que trabalha muito, geralmente a noite.

   Ah, então é por isso que os meninos, chamam os outros de filha da puta, quer dizer que a mãe dele trabalha muito.

   A senhora trabalha bastante, então eu sou um filho da puta?

   Não!! Olha a boca menino, que isso?

A vaca mascadora da risada

O Homem sai do banheiro e eles entram.

   Nosso que fedor mãe, aquele homem está podre, ah! Dá anciã de vômito.

   Vai abre o chuveiro logo, para o cheiro de sabonete tentar amenizar esse cheiro.

Dona Zulmira tira a roupa e a do Donizete e entra no chuveiro, dá banho nele e toma banho junto.

   Mãe porque a senhora tem cabelo na xoxota?

   Porque sou adulta e todos adultos tem pelos na região da genitália.

   O que é genitália?

   É onde fica a xoxota e o pipi e chega de tantas perguntas, vamos tomar banho logo antes que alguém bata na porta reclamando dizendo que estamos demorando.

Eles terminam o banho ela tenta enxugar ele, mas ele diz.

   Deixa que eu me enxugo sozinho, eu fazia isso no colégio.

Assim eles ganham tempo ela se enxuga e se troca e saem rapidamente do banheiro.

Quando eles saem do banheiro, só havia a mascadora de chiclete e o home que estava com ela esperando, assim que eles começam a subir Donizete olha para trás e vê o homem se esfregando na mulher e entrando no banheiro.

   Olha para a frente menino para você não tropeçar!

   Pronto agora você já está de banho tomado vou te dar a janta e deixar você assistindo desenho, vamos ver o que está passando a essa hora eu acho que só passa desenho no canal sete, pronto falei, está passando Pica-Pau.

   Isso deixa aí mamãe, eu adoro o Pica-Pau.

   Ok agora eu vou tomar banho com o João e você fica quietinho aí assistindo o seu desenho.

   Ué vai tomar banho de novo.

   Não só vou fazer companhia para ele não ficar sozinho na fila.

   Ah tá!

 

Donizete fica sozinho no quartinho assistindo desenho, a sua mãe demora e quando volta ele já estava dormindo, ela o ajeita na cama, deita do lado dele e o João do outro lado deixando o Donizete no meio.

Na manhã seguinte a sua mãe o acorda e diz.

   Eu tenho que ir trabalhar filho e vou ter que levar você comigo, porque não tenho com quem te deixar, o João já foi trabalhar também, por favor se comporte no serviço da mamãe, para que eles não proíbam eu de te levar lá.

Eles vão andando até serviço da dona Zulmira que era em um cinema próximo da pensão, chegando no cinema ela vai até o vestiário onde a sua amiga de serviço e zeladora do prédio e do cinema estava se trocando também.

   Trouxe o seu filho, eu trouxe minha filha também, que bom assim eles podem brincar juntos e passar um tempo juntos.

Vamos deixa-los aqui no andar de cima, porque lá embaixo os filmes são para maiores de 18 anos.

   Donizete se comporta que eu vou trabalhar.

   Ok mamãe.

A mãe dele nem acabou de dizer para ele se comportar, ele já estava procurando arte para fazer.

   Vamos brincar de pega a pega Ana?

   Vamos, está com você!

Ela bate a mão nele e corre e ele corre atrás dela, como ele corria muito rápido, ele consegue pegar ela muito rápido.

   Ah não tem graça, você corre muito rápido, não deu nem graça, não dá para brincar com você, vamos fazer outra coisa.

   Vamos ver o que está passando na sala de cima, a minha mãe falou que nessa sala a gente pode entrar.

   Está passando a branca e neve, que legal, vamos assistir. Fala a Ana.

Eles assistem o filme duas vezes e enjoam.

Vamos ver na outra sala.

   É filme de bang—  bang.

   Legal! Donizete vibra.

O homem no filme sacava a sua arma muito rápido e matava todos no seu caminho.

Donizete estava vidrado na tela de cinema, quando o filme acaba ele vira para a Ana e fala.

   Estou com fome, vamos lá falar com as nossas mães e ver o que tem para comer.

   Vamos elas estão lá embaixo.

Eles descem as escadas de carpete correndo.

A mãe do Donizete estava sentada em banquinho, pegando os ingressos das pessoas e colocando dentro de uma caixa de vidr.

   Mãe estou com fome.

  Está bom só me dá um minuto, deixa só eu acabar de atender essa fila.

Ela acaba de atender a fila e fala para ele?

   Quer comer um sanduiche?

   Não quero pipoca.

   Pipoca não vai te sustentar.

   Depois a gente come outra coisa.

   Está bom.

Eles vão até a lanchonete do cinema onde ela o apresenta para o atendente.

   Este é o meu filho.

   Ah!! Você que é o filho da Mira?

   Mira?

   É, aqui a gente a chama de Mira e que menino forte, aposto que gosta de Bang-bang.

   Sim, eu gosto.

   Então eu tenho um presente aqui para você.

O atendente vira para trás do balcão se abaixa e pega um saquinho e dá para o Donizete.

   Toma é um presente promocional do filme que está passando.

   É uma cartucheira igualzinha a que o herói usa no filme.

   Isso mesmo.

   Que legal, Donizete rasga o saquinho e coloca na cintura a cartucheira.

   Me dá um saco de pipoca para ele também. Fala a Dona Zulmira para o atendente, que pega um dos maiores sacos de pipoca enche e entrega para ela.

   Toma Donizete dividi com a Ana, que eu tenho que voltar para o serviço.

Donizete e a Ana voltam para a sala de cinema do bang- bang e comem a pipoca juntos.

Um menino que estava na cadeira ao lado puxa assunto com Donizete porque ele estava com uma cartucheira igual.

   Vamos brincar de Cowboy e índio?

   Vamos, mas eu prefiro Xerife e Bandido.

A mãe do menino pede para ele ficar quieto ou ir brincar fora da sala de cinema.

E eles vão brincar fora da sala de cinema.

   Eu sou o Xerife e você é o bandido diz o menino.

   Tudo bem, você tem que me pegar.

Eles correm pelos corredores do cinema fingindo que um atirava no outro a Ana ficava só olhando e eles diziam que ela era a donzela que tinha que ser protegida ou raptada.

   Agora eu vou me esconder e você tem que me achar.

Donizete corre pelos corredores desce por uma escada interna do cinema e sai na sala de cinema do andar de baixo que estava passando filme para maiores de dezoito anos.

Ele olha para a tela, o homem e a mulher estavam pelados, e o home estava machucando a mulher, porque ela não parava de gemer e ele pensa.

   Eles estão fazendo troca-troca.

A lanterninha do cinema percebe a presença dele ali e chama a atenção dele mandando ele sair dali, ele corre e sem que ninguém veja e entra na sala ao lado.

Onde estava passando um filme de terror, quando ele entra na outra sala, ele vê na tela uma bola gigante de carne que rolava e engolia as pessoas, as pessoas corriam, mas a bola de carne humana, sempre as alcançava, enquanto a bola seguia e matava as pessoas tocava uma música sinistra que estava deixando ele com medo,  mas quando a bola começou a destroçar uma mulher expirando sangue e tripa para todo lado dentro da tela do cinema, Donizete fica com muito medo e nas paredes do cinema começam a aparecer lesmas, que parecia que as paredes estavam se mexendo, as lesmas se espalham pelo chão do cinema e as pessoas começam a gritar e sair correndo de dentro da sala, as pessoas entram em pânico e pisoteiam as que estavam na frente tentando sair daquela sala.

A mãe do Donizete perceba o tumulto e corre para ajudar assim que as pessoas são retiradas da sala ela entra e vê o Donizete em pé olhando para a tela imóvel, rapidamente ela o agarra e o tira dali e o leva para o vestiário.

Devido a confusão o cinema foi fechado naquele dia para investigar o que as pessoas estavam dizendo sobre lesmas, mas nada foi encontrado.

Dona Zulmira volta mais cedo para casa e no caminho ela vai brigando com o Donizete.

   Eu não falei para você se comportar e se alguém te machuca naquela confusão, o que eu iria dizer se pegam ali dentro, poderia até perder o emprego, porque se chega o juizado de menores e te pega ali dentro, eles multam o cinema, ai o dono do cinema ia querer saber quem era a mãe da peste que estava dentro da sala proibido para menores de dezoito anos, ai pronto estava demitida, amanhã eu tenho que te deixar trancado no quartinho e vir trabalhar sem você .

Chegando na pensão, Donizete avista o Testa.

   Mãe posso brincar um pouco com o Testa?

   Pode, mas cuidado, não vai atravessar a rua ou ir muito longe.

   Está bom.

   Oi Testa, vamos brincar?

   Vamos, mas vamos lá no parquinho em frente a igreja, lá tem balanço e outros brinquedos.

   Vamos, tem gira—  gira, eu sou muito bom em empurrar no gira—  gira.

Já contrariando o que a mãe havia dito, eles atravessam a rua e andam até o parquinho, chegando no parquinho eles encontram outros meninos de outras pensões.

   Esse é o Minhoca e o irmão dele é o Lagartixa.

O menino não gostou muito do jeito que o Testa o chamou e xinga o Testa.

   Vai o Testa de amolar facão.

Eles vão até os balanços e se balançam bem alto, eles competiam para ver quem balançava mais alto e pulavam no alto do balanço caindo na areia.

Alguns meninos que estavam ao lado de uma estatua de um anjo, os chamam.

   Vocês querem mel? Aqui dentro dessa placa da estátua tem uma colmeias de abelha e está cheia de mel.

Donizete faz que sim com a cabeça.

   Você quer diz o menino? é só você colocar o canudinho aqui dentro dessa placa e chupar.

O menino mostra como e dá o canudinho para o Donizete.

Donizete coloca o canudinho dentro da placa e chupa, vem um gosto horrível e amargo, um gosto que era familiar.

Os meninos dão risada.

   Ah!! Bebeu Xixi, chupou xixi achando que era mel.

Donizete cospe e corre para uma torneira que havia ali, o Testa o acompanha.

   Esses caras são uns trouxas, depois a gente se vinga deles.

Donizete olha para os meninos, que ainda estavam rindo, ele balança a cabeça e vai em direção ao balanço.

É vamos balançar, deixa esses otários para lá.

Eles começam a balançar e competem para ver quem balançava mais alto até a corrente começar a dar tranco e quando ele já estava quase parando uma menina de três anos de idade passa correndo atrás do balanço do Donizete que acerta com o balanço na cabeça da menina, que começa a sangra na hora e amenina gritava de dor.

Donizete fica assustado com o sangue que saia do corte da cabeça da menina e a mãe da menina começa a xingar ele, mas ele não teve culpa a menina passou atrás do balanço, ainda bem que ele já estava quase parando.

Donizete vai até a menina e coloca a mão nela, a menina para de chorar e olha para ele com dois olhos lindos, que eram azuis da cor do céu, a menina se acalma como se a dor tivesse passado.

Mas a mãe da menina não queria saber e queria bater no Donizete, que corre para a pensão.

Quando ele estava quase chegando na pensão a mãe dele aparece no portão procurando ele.

   Vem entra, vem assistir o Pica- pau já começou, porque você está com essa cara de assustado?

 O que você aprontou agora?

   Nada, eu só fui no parquinho.

   Eu não falei para você não atravessar a rua, vem entra logo, que ainda vamos ter que pegar a fila para tomar banho.

Eles entram no quartinho, João estava sentado na cama assistindo o desenho do Pica—  pau, Donizete senta ao lado dele.

Donizete fica ai assistindo o desenho que eu vou tomar banho com o João.

Donizete estava concentrado no desenho que não responde para a mãe, que sai juntamente com o João levando duas toalhas, sabonete e shampoo.

No desenho do Pic-Pau o episódio se passava no velho oeste, O Pica-Pau e o seu cavalo Pé de pano, lutavam contra um assaltante de banco. Donizete pega a sua cartucheira e coloca na cintura, mas ele não tinha nenhum revolver para colocar na cartucheira, ele olha em cima da pia e vê o martelo de amaciar carne da sua mãe, ele o coloca na cartucheira, usando o martelo como revolver e brinca sozinho, sacando o martelo e fingindo que estava tirando, fazendo o barulho de tiro com a boca, começa outro episódio do Pica-Pau ele senta e presta atenção no novo episódio onde agora o Pica-pau era um motorista maluco e termina esse e começa outro e mais outro e asua mãe não voltava do banho, depois de quase uma hora a sua mãe aparece de cabelo molhado na porta do quarto e o João atrás dela que diz .

   Pronto agora vamos assistir outra coisa, deixa eu ver o que está passando nos outros canais. Ele muda o seletor e no próximo canal aestava passando um filme de Bang  bang.

   Deixa ai João! Pede o Donizete.

Ele assistia ao filme e se empolga, e ficava imitando o filme usando o martelo da mãe dele como revólver, sacando da cartucheiro igual no do filme.

A sua mãe que estava preparando o jantar, pede o martelo para ele, dizendo que estava precisando do martelo, ele a ignora e continua brincando com o martelo, ela pede mais uma vez e e vai na direção dele toma o martelo da mão dele e bate com ele na cabeça dele .

Donizete grita de dor leva as mãos na cabeça, onde a sua mãe havia lhe dado uma martelada e se joga na cama em baixo dos cobertores.

Até que o João puxa o cobertor para ver se havia machucado mesmo e vê o lençol cheio de sangue e exclama!

   Você machucou ele de verdade!

A sua mãe olha e diz.

   Mentira, eu bati sem força, bati com o martelo devagarzinho na cabeça dele.

   Então olha aqui!

João levanta o Donizete e o rosto dele estava cheio de sangue.

A sua mãe se desespera e o leva para fora do quarto até o tanque de lavar roupa, naquele momento havia uma senhora lavando roupa e o banheiro estava ocupado.  A senhora se assusta com o sangue no rosto dele e rapidamente ela ajuda a limpar o sangue da cabeças dele.

Depois de limpo a sua mãe verifica, onde ela havia ferido ele e estanca o sangue com um algodão, depois de limpo eles voltam para o quarto, Donizete fica segurando o algodão na cabeça no canto da cama e lembra da menina de hoje a tarde, que ele tinha batido o balanço na cabeça dela e como o rosto dele também havia ficado cheio de sangue e ele pensa.

   Foi castigo por eu ter machucado a menininha hoje à tarde.

Como a sua mãe queria agrada-lo, como um pedido de desculpa ela prepara milho para ele comer, que era um dos seus pratos prediletos.

A mãe dele dá um milho no parto para ele e na primeira mordida que ele dá no milho, ele sente gosto de sangue e passa a língua no dente que estava mole e grita.

   Engoli, engoli.

   Engoliu o que menino?

Engoli o meu dente que estava mole e agora?

   Agora tem que esperar sair. Diz a mãe dele.

   O cocô vai sair sorrindo. Brinca o João.

E todos dão risada.

   Por falar em cocô, me deu vontade de ir no banheiro.

E a sua mãe o lembra.

   E você não tomou banho ainda também , aproveita e toma banho, ainda bem que você que não tinha tomado banho aproveita e lava a cabeça para tirar o sangue, você consegue tomar banho sozinho, que eu preciso terminar aqui.

   Sim consigo mamãe.

Ele pega a toalha o sabonete e desce pelo corredor até o banheiro, ele chega no banheiro não havia fila, mas a porta estava fechada e lá dentro não se ouvia barulho do chuveiro, só se ouvia um gemido igual ao do filme que ele tinha assistido hoje de tarde e pensa.

   Tem alguém fazendo troca-troca ai dentro. Ele se aproxima da porta e coloca o ouvido, mas a porta não estava trancada e ele cai dentro do banheiro e vê a mulher com a mão na pia, a mesma mulher, a mascadora de chiclete, só que o homem que estava atrás dela, não era o mesmo, agora era um senhor e os dois gritam para ele.

   Sai daqui moleque!!

Ele sai e a mulher empurra a porta com o pé batendo com força.

Donizete fica do lado de fora sem saber o que fazer e a sua dor de barriga aumenta, então ele fica ali esperando até que os dois saiam.

O barulho dentro do banheiro aumenta fica intenso no momento que a senhora que estava no lavando roupa entra atrás do Donizete, para esperar a vez dela de usar o banheiro.

A senhora pergunta para o Donizete o que estava acontecendo, quem estava dentro do banheiro.

   É a mascadora de chiclete, que está com outro homem.

   Mascadora de chiclete ?

Ele ia responder e nesse momento ele percebe que na porta da pensão haviam outras mascadoras de chicletes, algumas estavam quase nuas e ele responde para a senhora.

   É igual aquelas moças ali na saída.

   Ah espera só uma coisa.

A senhora empurra aporta e expulsa  a mascadora de chiclete e homem xingando.

   Suas vagabundas, vão dar a buceta em outro lugar, aqui é uma pensão familiar , não para vocês ficarem usando o nosso banheiro para os seus fins. A mascadora de Chiclete passa pelo Donizete e o chama de cagueta e dá um tapa na cabeça dele bem no machucado da martelada.

Ele sente uma fisgada de dor e olha para ela, que pisca para ele e manda um beijo e dá uma mascada no chiclete e diz.

   Depois eu te pego moleque.

A senhora defende ele.

    Deixa o menino em paz, sua vagabunda.

As outras mascadoras de Chiclete xingam a senhora e davam risadas altas gesticulando e dizendo para a senhora.

   A senhora está precisando de rola e de alguém que te coma.

A senhora vira para o Donizete e diz.

   Não escuta o que elas estão dizendo, vai entra no banheiro e toma o seu banho!

Ele entra no banheiro e como estava com dor de barriga, senta na privada e demora um pouco a senhora percebendo que e ele não ligava o chuveiro, bate na porta.

   Anda menino, anda logo.

Ele olha o cocô para ver se o seu dente havia saído, verifica que não e dá descarga e entra no chuveiro e assim que a água cai na ferida da cabeça , começa a arder, e o sangue que estava grudado no cabelo dele escorre para o ralo, a senhora bate mais uma vez na porta e ele desliga o chuveiro e sai.

As Dama da noite que estavam na entrada da pensão, mexe com ele assobiando .

Na manhã seguinte a sua mãe avisa para ele.

   Hoje eu não vou poder te levar comigo, porque eu não sei como estão as coisas lá no meu serviço por isso, você vai ter que ficar aqui no quartinho, eu vou fechar a porta e deixar você aqui dentro trancado assistindo desenho.

Ele olha para a mãe que fecha a porta e o barulho da chave trancando a porta invade o quarto, ele liga a televisão e começa assistir um desenho chato que estava passando se desinteressa e muda de canal e não acha nada legal para assistir , ele mexe nas coisa da mãe dele, procurando alguma coisa para fazer ele olha para a janela e tenta abrir e consegue, ele olha altura e percebe que é muito alto para ele pular, mas ao lado da janela, tinha um cano de água de ferro que vinha da caixa d´agua, ele sobe na janela estica o braço e se pendura no ferro escorregando até o tanque, de onde ele pula para o chão.

Ele anda até o parquinho, onde ele encontra o Testa.

   E ai Tronquinho!

   OI Testa, você lembra aquele Chafariz que vocês me encontraram outro dia?

   Sim, era dentro do Parque da Luz.

   O que tem Parque da Luz?

Pergunta o Zoião, que estava chegando no parquinho junto com o Minhoca e o Lagartixa e mais três meninos, eles estavam com um saquinho cheio de cola na mão, ele dá uma baforada no saquinho e pergunta novamente.

   O que tem o Parque da Luz?

   Nada o Tronquinho estava perguntando onde era o Chafariz que ele viu aquele dia. Responde o Testa.

   Você que ir em um chafariz mais legal Tronquinho?

   Sim.

   Nós vamos hoje em um bem maior, lá na praça da Sé, que ir com a gente?

   Sim quero .

Testa olha para o Donizete em reprovação, mas ele não entende.

   Então vamos, vamos que está calor e vai ser legar nadar no Chafariz.

   Nadar? pergunta o Donizete.

   Sim nadar responde o Zoio.

   Legal.

Eles vão andando até a praça da Sé e entram no Chafariz de roupa e tudo.

Donizete fica maravilhado com o tamanho do Chafariz e fica embaixo de uma cascata de água, eles se divertem até aparecer os seguranças do Metrô.

   Corre Tronquinho, que vem vindo os seguranças .

Eles saem pelo outro lado todos juntos despistando os seguranças que ficam do outro lado com os cassetetes na mão.

O Zoio fica xingando os seguranças de longe, pega o saquinho de cola que estava dentro dos shorts e dá uma baforada.

Os seguranças tentam dar a volta e enquanto isso eles se mandam .

   Vamos lá para o Chafariz da Luz, que aqui sujou. Diz o Zoio.

Ninguém fala nada, Só o Donizete se empolga com a ideia.

   Mas no caminho vamos brincar de polícia e ladrão de novo Tronquinho, igual aquele dia?

   Sim , mas aquele dia nós ganhamos, hoje tem que ser outro, eu quero ser polícia hoje.

   Tronquinho está certo, hoje vai você minhoca, ou você ou o seu irmão.

Minhoca não gosta muito, mas faz que sim com a cabeça.

   É minhoca hoje vai você. Diz o Donizete.

   Minhoca é a minha rola, você é menor do que eu e não vou deixar você me chamar assim.

Ele vai para cima do Donizete e dá um soco nele, mas o que ele não esperava era que o Donizete iria revidar mesmo sendo menor que ele, e o acerta com outro soco, eles trocam socos, até o irmão do Minhoca vendo que o irmão estava apanhando de um menino menor que ele , então o Lagartixa entra na briga e segura o Tronquinho e o Minhoca dá um monte de soco nele enquanto o lagartixa o segurava, ele dá um soco forte no estomago do Donizete que se curva com o soco e o Zoio manda eles pararem .

  Deixa o moleque Minhoca e vamos fazer o que nós temos que fazer, vamos procurar um vacilão.

Donizete fica um pouco no chão tentando recuperar da dor e recuperar o fôlego e se levanta com raiva e olha dentro do olho do Minhoca, que sozinho fica com medo, mas não faz nada.

   Ali minhoca, tem um cara com a carteira embaixo do braço, é perfeito, a gente passa correndo e esbarra nele do lado direito e você pega a carteira do lado esquerdo.

Eles correm em direção ao homem, todos correm na frente e a minhoca por último, eles fazem como o planejado e o Minhoca pega a carteira do Homem e corre, o homem corre atrás deles. Donizete para na ponta da saída da ponte e olha para trás para o Minhoca, que estava na entrada da ponte ele também para a ponte estava toda coberta por Lesmas e o Minhoca começa, começa a se debater gritando.

   Tira isso de mim, tira, tira essas lesmas.

O homem dono da carteira, chega nele e o agarra, ele continuava a se debater e o homem tentando segurar, atrás do homem vinha correndo também alguns policiais que viram a correria e prendem o Minhoca.

O Lagartixa assistia a tudo de longe e se lamentava.

   O meu irmão e agora, o que vou falar para a minha mãe .

Enquanto o Lagartixa se lamentava, os policiais vinham na direção deles.

Eles correm e despistam a os policiais.

Eles vão até o Parque da Luz e o Lagartixa fala.

   Eu vou embora para casa avisara a minha mãe, antes que a polícia leve ele para a Febem.

   Vai lá Lagartixa, que a gente vai ficar aqui nadando e cheirando cola.

O Lagartixa vai embora e eles entram no Chafariz.

   Pronto Tronquinho aqui a gente pode ficar de boa, que ninguém enche o saco, nós podemos ficar nadando o dia inteiro aqui, antigamente aqui nesse chafariz tinha um jacaré, mas eles retiraram ele daqui e levaram para o Zoológico.

    Tinha Jacaré aqui ?

   É mas relaxa que não tem mais.

Eles brincavam nadavam até aparecer outros amigos do Zoio entram na água também.

Um dos meninos começa a zoar o Donizete porque ele era um dos menores que estava ali e jogava ele para o alto até que o menino afunda a cabeça do Donizete brincado de afogar e assim que ele afunda a cabeça do Donizete ele solta gritando.

   Credo o que é isso ?

O Chafariz todo na cabeça do menino estava cheio de lesmas.

   Socorro me tira daqui, me tira daqui, tira essas lesmas de mim !

O Zoio e os outros meninos que estavam na grama deitados cheirando cola, olham apara o menino se debatendo no chafariz e dão risada e comenta.

   Alá o Caca cheirou muita cola, tá doidão gritando. Comenta o Zoio e dá risada.

Nesse momento o menino sai gritando do Chafariz e corre sem parar, o resto dos meninos dão risada sem parar.

   Tá doidão.

Donizete se senta perto do Zoio e pergunta.

   O que é ficar doidão?

Zoio dá risada e oferece o saquinho de cola para ele.

   Ficar doidão é você inalar isso aqui, você coloca a boca e o nariz e respira dentro do saquinho.

   Nossa mas tem um cheiro forte.

   Justamente é isso que te deixa doidão.

Donizete fica inalando o saquinho até perceber que parecia que ele estava sonhando, tudo estava girando e em câmera lenta e ele dava risada atoa.

Até olhar para o chafariz e perceber que estava cheio de lemas, o chão que ele pisava estava cheio de lesmas, nas árvores e o Zoio rindo, estava deitado em cima das lesmas, ele fica meio confuso e anda pelo parque meio desorientado até chegar em um bebedouro onde ele bebe água e passa água na cara e tudo volta ao normal, ele volta para junto do Zoio, que estavam combinando de irem brincar no antigo moinho.

   Vamos Tronquinho brincar no Moinho Abandonado, lá na linha do trem?

Donizete ouvi “linha do Trem” e fica empolgado.

   Vamos, Vamos!!

Eles estavam em sete meninos, sendo quatro já mais velho e três menores incluindo o Donizete, e os menores precisavam da ajuda dos meninos mais velhos para pularem o muro, e assim que eles pulam o muro da companhia de trem que dava acesso ao Moinho Abandonado, naquele  momento passava um trem, Donizete fica olhando detalhe por detalhe do trem, admirando aquela máquina imensa, e assim que o tem termina de passar, os sete meninos que haviam pulado o muro e o trem acabou de passar por completo, eles atravessam os trilhos e entram no Moinho abandonado.

Dentro do Moinho havia muito lixo e entulho, entre os lixos haviam muitas seringas descartáveis, dos usuários de drogas que frequentavam aquele lugar, eles sobem as escadas e brincam de pega a pega e esconde e esconde, até o momento que os quatro meninos maiores agarra um dos meninos menores e tira a sua roupa e o deita no chão de bruços, Donizete lembra que já tinha visto essa cena e um por um dos meninos  maiores vão deitando em cima dele, enconchando—  o, parecia que o menino já estava acostumado com aquilo, mas ele chorava e gritava de dor cada vez que trocava de menino e o encouchava, Donizete estava assustado não consegui para de olhar e os meninos devolvem a roupa dele e pegam o outro, que esperneava e eles diziam.

 Se você não fizer por bem, vai fazer por mal, a gente vai usar o cabo de vassoura em você, se não cooperar, Nessa hora Donizete pensou em fugir, mas ele lembra que não iria conseguir pular o muro de volta sem a ajuda dos meninos mais velhos. Os meninos fazem o mesmo com o outro menino, um por um, encouchava o menino que também chorava e gritava, depois de todos terem abusado do menino, eles  o dispensam e vão na direção do Donizete, ele se agarra ao seu shortinho que ainda estava molhado do parque, para que eles não o abaixem, mas os meninos puxam com força rasgando o cavalo do shorts, transformando o shorts dele em uma saia, os meninos tentavam joga-lo no chão, mas como ele era forte para o tamanho dele, ele resistia se debatia, até que quando só um menino estava tocando nele, começa gritar.

   O que é isso, tira isso de mim, elas estão por todos os lados, vocês não estão vendo?

 Tem lesmas por todo lado!! Socorro.

Donizete aproveita o vacilo deles e foge, mas foge para o andar de cima do moinho. Os outros três meninos dão risada vendo ele subir e dão risada do amigo dizendo.

   Ele está doidão ainda, dês dá hora do Chafariz não dá mais cola para ele cheirar hoje mais não. Diz o Zoio

   E Deixa o Tronquinho aí e os amiguinhos dele também, já, já 'vai escurecer e eles não vão conseguir pular o muro de volta mesmo, vai ter que ficar aqui com os viciados, com as prostitutas e com os fantasmas do Moinho, vamos embora deixa eles aí.

Os meninos vão embora e o Donizete fica olhando pela janela, os outros dois meninos estava chorando no andar de baixo, Donizete fica com medo de ficar sozinho e desce as escadas no escuro, assim que ele desce os meninos que fingiram que haviam ido embora voltam e tentam agarrar ele e pega um pedaço de pau e ameaça os meninos que se afastam, Donizete pede para que os outros dois meninos venham com ele, eles descem e um dos meninos mais velhos pensa em correr atrás deles e o Zoio diz.

   Relaxa eles não vão conseguir pular o muro de volta, deixa eles pensarem que vão conseguir sair, aí a gente os pega desprevenidos.

Donizete chega com os outros dois meninos no muro e lembra de como os meninos do colégio faziam para subir no muro alto.

   Nós precisamos de um pau.

   Você está com uma na sua mão.

   Esse não tem que ser maior e mais forte, ali tem um me ajuda a pegar.

Os três carregam a madeira até o muro, os meninos mais velho percebem o que eles iriam fazer e correm para impedi-los , mas para a sorte dos meninos menores vem passando um trem naquele momento no trilho oposto, mais próximo do Moinho e impede que os meninos mais velhos consigam atravessar, assim os três menores sobe a instrução do Donizete encosta a madeira no muro.

   Vai sobe um de vocês dois primeiros que eu seguro, Diz o Donizete, e o primeiro sobe usando a madeira como apoio se agarra no muro e pula para o outro lado.

   Vai agora é você eu seguro, vai logo que o trem está quase acabando. O menino sobe e quando ele dá impulso para agarrar o muro ele agarra no muro e derruba a madeira.

Donizete levanta a madeira sozinho e a encosta no muro rapidamente e começa a subir na madeira com cuidado e o menino que ainda estava no muro dá a mão para ele e o ajuda a agarrar no muro, o trem acaba de passar e um dos meninos correm e agarra o pé do Donizete, que se debate, apoiando o outro pé na madeira que estava escorada no muro e que não tinha caído ainda; de repente o menino que estava segurando o pé dele, solta e começa a se debater gritando.

   Tira isso de mim, tira, tira!

   De novo isso. Fala o Zoio.

   O que ele está fazendo, ele vai deixar eles escaparem. Diz o outro menino que estavam um pouco distantes acreditando que o que estava se debatendo iria conseguir agarrar o Donizete no momento que vinha vindo um trem.

   Sai do trilho maluco você vai morrer!

Donizete pula rápido o muro, no momento que o trem arranca e arremessa longe a madeira que estava apoiada no muro e ao mesmo tempo atropelando um dos meninos mais velhos que estava no meio do trilho se debatendo.

Donizete só escuta o barulho do trem passando pertinho e o barulho das rodas passando nas emendas dos trilhos, mas no pulo para o outro lado ele cai de joelho e machuca o joelho,  ele se levanta rapidamente chamando os outros meninos.

   Vamos sair daqui!

Eles sobem a rua em direção a pensão, chegando próximo a pensão havia um carro de polícia parado na segunda pensão e uma mulher chorando, o lagartixa estava ao lado dela  e o Donizete deduz que ela deveria de ser a mãe do Minhoca, ele entra na pensão e vai em direção ao tanque, onde havia uma mulher lavando roupa, ele espera um pouco e assim que a mulher se vira para carregar as roupas até o varal ele consegue subir pelo cano e entra novamente no quarto, ele pega uma toalha a molha na pia e limpa o sangue do joelho para que a sua mãe não visse, ele se limpa liga a televisão que estava passando Ultrman  e deita na cama, que ainda rodava um pouquinho por causa do efeito da cola e pega no sono.

Ele acorda com a conversa da sua mãe com o João, que estava comentando que um menino da segunda pensão havia ido parar na Febem hoje e um outro menino havia sido atropelado por um trem e as duas mães estavam desesperadas.

   Acordou bela adormecida?

   Não quer jantar? A comida já deve de estar fria da hora que fiz.

   Sim quero comer.

   Você tomou banho?

   Não.

   Então aproveita que essa hora não deve ter mais ninguém no banheiro e vai tomar banho enquanto eu requento a comida para você.

A mãe dele não percebe o machucado no joelho dele, mas vê a toalha suja de sangue.

   Que sangue é esse na toalha?

   Deve de ser de ontem ainda.

Dona Zulmira, concorda.

   É Verdade.

Donizete deixa uma parte da toalha na altura do joelho para que a sua mãe na veja a ferida, pega o sabonete e sai para tomar banho.

Chegando no banheiro ele tenta empurrar a porta, mas percebe que tinha gente, ele fica ali parado esperando e começa a escutar gemidos dentro do banheiro e pensa.

   Deve de ser a mascadora de chiclete de novo.

Ele bate na porta e uma voz lá de dentro grita.

   Já estou terminado.

Passa mais um tempinho e a porta se abre e de dentro do banheiro sai um homem e atrás dele a mascadora de chiclete, que olha para o Donizete e diz.

    Hora, hora, olha quem é, cadê a sua protetora para te ajudar agora.

   Não vai machucar a criança, deixa ela em paz. diz o homem,

Ela olha para ele se vira para o Donizete e diz.

   Pronto pode usar o banheiro agora.

Ele entra no banheiro e fecha a porta, o banheiro estava com um cheiro esquisito e no chão perto da pia tinha pequenas poças de uma gosma branca que o Donizete pisou e deixou o seu pé melado, ele liga o chuveiro e se limpa e quando a água cai no machucado do Joelho e dá um gemido de dor, o que  faz com que ele não demorasse no banho, ele se enxuga e assim que ele destranca a porta para sair a porta é empurrada na sua direção e a mascadora de chiclete entra no banheiro dizendo para ele.

   Agora eu te peguei, só estamos nos dois, agora você vai aprender a não atrapalhar o esquema dos outros e me fazer perder cliente.

A Mascadora de chiclete saca um estilete e aponta na direção dele e o encurrala, na parede, mas assim que ela pega no pescoço dele a expressão dela muda e começa a se debater e começa a gritar.

   O que é isso, tira isso de mim, tira me ajuda.

Ela começa a se debater com o estilete na sua mão  e onde ela batia a mão ela se cortava e acaba cortando a veia horto do pescoço, Donizete sai rapidamente dali e a deixa dentro do banheiro sangrando, ele volta para o quaro com uma cara de assustado e a sua mãe pergunta.

   Que cara de assustada é essa?

   Nada, é só medo do corredor escuro.

   Você tem medinho do escuro é, tá bom o seu prato já está pronto aqui janta.

Na manhã seguinte eles acordam com barulhos de passos e um falatório na pensão logo cedo.

Dona Zulmira sai para ver o que estava acontecendo e pergunta para a senhora que a ajudou a limpar o sangue da cabeça do Donizete.

   O que está acontecendo?

   Encontraram uma prostituta morta no nosso banheiro, até que isso demorou para acontecer.

   Mas como ela foi morta?

   Uma coisa horrível, parece que ela foi cortada toda com um estilete e colocaram lesmas na boca dela, na vagina e no anus dela.

   Credo, creem Deus pai, quem faria uma coisa dessas.

   Quem que sabe.

Ela agradece a senhora e volta para o quarto e comenta o que aconteceu com o João que fica horrorizado e comenta.

   Você não pode mais deixar o seu filho sozinho aqui nesse hospício, precisa matricular ele na escola rápido.

   Vou fazer isso agora tem uma escola lá perto da Rodoviária, vou ver se consigo matricular ele lá já.

Ela consegue fazer a matricula dele na escola e como as aulas já haviam começado sendo assim a diretora já pede para ele frequentar a aula para se enturmar e não perder mais nenhum dia de aula, ela o deixa na escola e vai para o serviço, avisando que voltaria na hora do almoço dela para buscar ele.

Naquele dia um político estava visitando a escola e passa pelo Donizete e faz um chamego na cabeça dele pegando bem na ferida da martelada, ele puxa a cabeça para o lado, mas o político insisti em querer pegar nele, para fazer uma média para a mídia, o político sente uma sensação estranha e tem a impressão de ter visto alguma coisa, formam alguns flashes rápidos ele tira a mão da cabeça do Donizete, fica pensativo e continua a entrevista.

Donizete entra na sala de aula e procura um lugar para ele se sentar, acha um ligar quase no fundo da sala, as crianças estavam curiosas olhando para ele, logo em seguida a professora entra e se ajeita a mesa dela, abre o livro de chamada e diz: —   Bom dia turma, hoje temos um menino novo na sala, vocês repararam?

E sala em couro diz: —   Sim.

   E como diz para ele?

   Seja bem—  vindo!!

A professora começa a aula e pergunta para o Donizete:

   Qual tabuada você já aprendeu?

   O que é isso

A sala toda ri.

A professora pede que parem e comenta.

   Pelo jeito nenhuma, né?

Um menino que estava um pouco mais para trás diz:

   Burro!

Donizete vira e encara o menino que diz:

   Que foi, gostou?

Donizete dá de ombro e aula prossegue, mas o Donizete não estava entendendo nada.

E alguém jogou uma bola de papel nele, ele se vira e avança no menino que estava mexendo com ele e soca o menino, a professora separa os dois e os leva para a diretoria.

A diretora explica para ele que no próximo dia ele só poderá entrar na escola acompanhado da sua mãe e diz o mesmo para o menino.

Depois que eles saíram da sala da diretora o menino ameaça ele dizendo:

   Eu e a minha turma vamos te pegar lá fora.

Donizete dá de ombros, ele volta para a sala pegar o seu material, que como era o seu primeiro dia ele só tinha levado um caderno uma caneta e um lápis e uma borracha e vai saindo, o político ainda estava na escola, fazendo a sua propaganda e quando o Donizete passa por ele fica olhando para ele.

N a saída da escola o menino estava esperando por ele.

   E ai Burro!! Agora você vai apanhar.

E o menino mais outros quatros partem para cima dele, Donizete se defende, tomava soco e dava soco até que um menino o derruba por trás e outros dois montam em cima dele um segurando as pernas e o outro a parte superior e um terceiro começa a soca—  lo, no momento que o político estava saindo da escola que grita:

   Parem com isso!!

E corre para separar agarrando um dos meninos que estava segurando a sua perna e como um choque todos que estavam tocando no Donizete incluindo o político através do menino.

Ficaram parados e não se mexiam.

   O político vira para os meninos e pergunta:

   Você também está vendo o que eu estou vendo?

Os meninos balançam a cabeça dizendo que sim com medo de se mexerem e um deles diz:

   Estamos cercados por lesmas, a rua toda virou um rio de lesmas e nós estamos ilhados, é isso?

Agora quem balança a cabeça é o político.

Donizete se levanta pega o seu caderno no chão que ainda estava com a caneta e o lápis dentro do espiral e sai daquele círculo de lesmas, que abrem caminho para ele passar e fechando logo em seguida deixando os meninos e o político ilhados, uma repórter de um canal de televisão que estava acompanhando o político , acha estranho o comportamento do político ali parado no meio da rua, mais quatro crianças sem se mexer e as vezes mexendo as mão como se quisesse espantar alguma coisa e pede para o seu câmera filmar aquela cena.

Donizete volta para casa sozinho porque havia saído mais cedo do que o horário combinado com a mãe dele, ele reconhece o caminho que era o mesmo do que fizera na tarde anterior para ir no parque, mas ele volta pelo caminho que dava no moinho na região que estava sendo demolida e no momento que ele passava por uma dessas demolições, alguém o agarra e o arrasta para dentro de um resto de sala e o sola no canto da parede.

Era o Zoio que dando risada, fala para o Donizete.

   Você conseguiu escapar ontem Tronquinho, e o meu amigo até morreu por sua causa, mas hoje você não me escapa. Assim que ele termina a frase ele tenta arrancar a roupa do Donizete que já estava nervoso por causa da briga na saída da escola, começa a gritar de raiva e as lesmas começam a sair de todos os lados e subiam na parede chegando até o teto e caindo no Zoio, que fica em pânico e corre para a direção da rua gritando:

   Lesmas, lesmas!!

E sem olhar para os lados ele atravessa a rua no momento que passava um ônibus de viagem que acabara de sair da Rodoviária que o atropela.

Donizete sai da construção devagar para que ninguém o notasse, porque se formava uma grande aglomeração em volta do menino atropelado, os passageiros desceram para tentar socorre—  lo e a equipe de televisão que estava na escola estava passando bem na hora do acidente, também parou para ver o que estava acontecendo.

Ele sai de fininha e caminha em direção a pensão, chegando no cortiço ele entra pelo corredor e vai até o seu quarto e a porta estava fechada, ele escuta um barulho lá dentro e pensa a minha mãe, já voltou ou veio almoçar, ele bate na porta e escuta:”

  Espera um pouco” ele espera, mas estava demorando muito então ele resolve olhar pelo buraco da fechadura e vê a sua mãe pelada se vestindo às pressas que diz novamente “—  Espera mais um pouco”, ele fica ali em frente a porta do quarto aguardando, até que a porta se abre e a sua mãe pergunta:

   Não era para você sair as 13:00 hrs da escola, nós não combinamos que eu ia te buscar, eu até pedi para a minha chefe me liberar um horário maior hoje no meu almoço para eu te buscar e estava aqui com o João esperando dar o horário, porque você saiu mais cedo, o que eu você aprontou agora?

   Eu briguei com um menino que me chamou de burro e amanhã eu só entro na escola acompanhado da senhora.

O João Ri e pergunta;

   Pelo menos você ganhou a briga?

   Eu sabia que nesse angu tinha carroço, agora amanhã eu tenho que ir na escola de novo, já arrumou confusão no primeiro dia.

Agora entra e almoça com a gente que depois do almoço eu e o João nós temos que voltar para o serviço, já que não vou precisar mais ir te buscar, vou voltar a trabalhar eu havia contado para a minha chefe que tinha tem dado uma martelada sem querer e ela ficou com dó de você, por isso ela havia me liberado para ir te buscar, agora o João vai ter que voltar rápido para o serviço ele só tem uma hora e almoço.

Eles almoçam e logo em seguida o João e a sua mãe saem e tranca a porta.

Donizete espera um pouco dentro do quartinho, abre a janela se certifica que a sua mãe foi embora e desce pelo cano da água e sai para a rua e vai até a pracinha onde ele encontra o Testa.

   Ficou sabendo Tronquinho um ônibus atropelou o Zoio.

Donizete faz cara de surpresa e diz:

   É onde e quando

   Foi hoje porque ontem eu fiquei sabendo que ele queria te comer e comeu o sabiá e o bochecha, mas você conseguiu escapar e o Sobrancelha morreu atropelado por um trem na hora que tentou te pegar.

Donizete Balança a cabeça confirmando a história.

   Que loucura ontem o Sobrancelha morreu e hoje o Zoio.

   Mas quem te contou de ontem?

   Foi o bochecha eu encontrei ele chorando muito e no seu shorts atrás havia sangue, o Zoio machucou ele ontem , tirou sangue da bunda do menino magrinho que só tem bochecha, por isso eu acho que o que aconteceu com ele hoje , foi bem feito, ele era muito ruim e fazia muitas maldades para as pessoas, agora o sobrancelha ele era legal, era louco mas era legal ele ia muito no embalo do Zoio, por isso que as vezes ele fazia umas merdas também.

Os meninos que disseram para o Donizete que tinha mel na estátua e mijaram nela e deixaram ele beber outro dia, aparecem no parque e zoam o Donizete.

   Olhem o bebedor de xixi!!

E dão risada.

Donizete já estava nervoso, não aceita desaforo e vai em direção do menino que diz:

   O que você quer tampinha, você acha que pode comigo, então vem.

Donizete parte para cima dele, mas o menino era muito mais velho e mais e forte que ele e dá uma rasteira nele, o derruba no chão e depois pisa no pescoço dele rindo, mas ele se engasga e começa a tossir e em uma das tosses ele tosse uma lesma e depois mais uma até que ele fica roxo, porque não conseguia respirar e se debatia tentando respirar e desmaia e cai próximo da estátua e não se mexe mais.

Os outros meninos chegam perto e um deles diz:

   Será que ele morreu?

O Testa se abaixa para ajudar o Donizete e quando ele toca nele, ele se assusta perguntando:

   De onde saiu isso, o que é isso, o que são essas coisas e vai andando de costa para a rua se afastando indo para trás.

Donizete se levanta rapidamente e grita:

   Para Testa, não precisa ficar com medo, cuidado!!

Mas já era tarde e só se escuta um freada muito forte de um dos ônibus da rodoviária e a testa do Testa se espatifar no chão com tudo matando—  o na hora.

Donizete se lamenta muito pelo seu amigo ter morrido daquele jeito e fica inconsolado, dizendo para ele mesmo.

 Foi minha culpa!

   Ele morreu porque me tocou na hora errada, mas eu também não tenho culpa eu não controlo essas coisas, elas acontecem querendo me proteger e eu nunca sei o que vai acontecer, não depende de mim, agora o meu único amigo confiável está morto, como eu paro isso, ele volta para a pensão e pensa:

  Eu não vou mais sair do quarto.

E sobe pelo cano e a senhora que ajudou a limpar o sangue dele outro dia o vê subindo e grita.

  Cuidado menino você vai se machucar eu vou contar para a sua mãe.

Ele entra no quarto liga a televisão e fica esperando a sua mãe chegar, mas quando a sua mãe estava quase para chegar ele sente uma dor de barriga e não iria aguentar esperar a sua mãe chegar então ele resolve ir no banheiro e sai pelo cano no momento que a sua mãe estava chegando e o pega no fraga.

Bonito né!

Parabéns agora você se superou.

   Estou com dor de barriga, preciso ir ao banheiro e a senhora me deixou trancado não tinha o que fazer, só me restou sair assim.

   Então vai logo no banheiro.

Ele se vira e vê mulher do tanque atrás dele que estava escutando o que a sua mãe falava, mas ela não fala nada e ele passa por ela e corre para o banheiro.

Ele faz a suas necessidades se levanta e olha nas fezes para ver se o  seu dente estava lá e dessa vez estava, do jeito que o João havia imaginado, parecia que o cocô tinha um dente de coelho, um só bem no meio, ele sai do banheiro e volta correndo para contar para a sua mãe que estava assistindo o noticiário que estava mostrando a imagem do Político e mais quatro crianças  paradas  em frente à escola dele, como um idiota e depois o próprio político dando entrevista comentando que talvez ele estivesse imaginando e vendo coisas, porque ele e os meninos haviam visto um monte de lesmas pela rua, mas só eles que viam nas imagens da televisão não aparecia nada.

A repórter termina essa reportagem e emenda outra:

   Hoje dois meninos foram atropelados por dois ônibus diferentes nas mediações da Rodoviária, testemunhas de um dos atropelamentos, disseram que viram o menino gritando “lesmas, lesmas”, muita coincidência com a história do político, acho que estamos sendo atacados por Lesmas.

A mãe do Donizete acha muito estranho aquela história e se recorda de tudo o que ela já havia visto o Donizete sonhar com lesmas, o medo que ele tinha da casa da irmã dela e que ele tinha visto o muro cheio de lesmas e por coincidência, os acidentes estavam acontecendo sempre onde o filho dela estava e ela pensa:

  Será?

João olha para a mãe do Donizete e comenta.

  Vou distrair o Donizete um pouco, eu trouxe algumas varetas e vou fazer um pipa para ele, para que depois possamos conversar com mais calma, porque você está me parecendo muito nervosa, eu acho que sei porque.

   Você sabe? E ela pensa será que ele descobriu o mesmo que eu.

   Vem Donizete vou te fazer uma pipa de plástico com as varetas que trouxe, vem me ajudar!

Donizete fica todo empolgado com a ideia do pipa e fica rodeando o João, querendo ajuda—  lo, João faz a armação do pipa com a linha de costura da Mãe do Donizete que não gosta muita da ideia, mas como ela estava querendo distrair o Donizete para poder conversar com o João, achando que ele achava o mesmo que ela, ela só fica observando eles a construírem uma pipa. o João passa cola de arroz nas varetas e finaliza com fita adesiva para não soltar, depois ele enrola outro saco plástico e cortar pequenas fitas para a rabiola, ele pega o tubinho de linha de costura e tira mais um pedaço.

   Donizete eu vou fazendo os nós para colocar a fita da rabiola e você  me ajuda enfiando a fita no nó, ok?

Donizete faz que sim com a cabeça.

E uma por uma, fita por fita eles constroem um rabiola para a pipa.

   Pronto agora você já pode brincar com ela, é só correr para que ela suba.

   Vai lá na calçada filho , mas na calçada nada de sair para a rua, cuidado para não correr para a rua e um desses ônibus de viagem te atropele também, igual o seu amiguinho.

Donizete olha para a mãe e sai arrastando a pipa pela porta saindo pelo correndo da pensão .

   Pronto ele saiu o que você tinha para me contar?

   Eu estou vendo um casa para nós maior que essa com quarto, cozinha e banheiro, sem precisar dividir com ninguém , porque eu acho que o ambiente daqui não está sendo muito bom para o seu filho e daqui a pouco ele pode acabar se machucando ou até coisa pior.

   Ah tá, achei que fosse outra coisa mais séria.

   Outra coisa mais séria, o que pode ser outra coisa mais séria que a vida do seu filho.

   Não, não foi isso que eu quis dizer, sabe o que eu estou achando?

   Não, não sei.

   Para de ser bobo, eu estou achando que o meu filho tem alguma coisa haver com esses acidentes que tem acontecido.

   Para de ser boba, ele é uma criança inocente, porque você acha isso?

   Todas as coisas que aconteceram, o incêndio no Orfanato, a morte da minha irmã, agora todos esses meninos morrendo, e ele sempre está perto, o agravante que me deixou com  a pulga atrás da orelha.

   Que agravante?

   Lesmas!

   O que tem Lesmas?

  Em todos os acidentes as pessoas mencionaram que as pessoas gritavam lesmas, eu me lembro que uma vez ele me falou sobre lesmas no quintal da minha irmã, não sei acho que tem alguma coisa haver.

   Para de besteira, como lesmas iriam fazer mal para alguém?

   Não sei.

Enquanto isso Donizete corria com a sua pipa de plástico pela calçada do quarteirão tentando fazer ele subir e corria de um lado para o outro .

Quando ele chega na esquina do quarteirão, no limite para a rua ele para e enrola a linha que ele havia descarregado para poder correr para o outro lado, der repente um barulho faz ao seu lado, ele se assusta e verifica o que havia caído ao seu lado , ele constata que era um caminhãozinho de plástico, que com a queda as suas rodas havia sido arrancadas, ele se abaixa pega o caminhãozinho e recolhe as rodinhas uma por uma, uma das rodas havia ido parar no meio da avenida, ele coloca o pipa no chão e coloca o caminhãozinho em cima do pipa, ele olha para os lados e corre até o meio da avenida para pegar a rodinha que havia ficado ali e volta correndo.

Quando ele volta correndo um senhor de pele escura com uma barba branca estava segurando o carrinho no colo e deixando a pipa dele voar, ele corre em direção do homem e grita.

   Solta que é meu! Eu achei primeiro.

  Não é nada seu, eu sei de quem é esse brinquedo e vou devolver para o dono.

  É mentira sua , você que rele para você me devolve!

Donizete agarra no carrinho e tenta puxar do homem que segura com força e não solta, até ele dar um grito.

   Lesmas!!

 A Caçamba do caminhãozinho está cheio de lesmas.

O homem solta o carrinho no chão.

Donizete olha para o homem sorrindo e pega o seu carrinho e a sua pipa e sai andando.

O homem vira para o lado para as pessoas que estava no bar  e pergunta

   Vocês também viram as lemas?

Ninguém se manifesta.

O Homem olha para todo mundo a sua volta e diz.

  Eu não estou ficando louco, tenho certeza do que eu vi.

Ele corre atrás do Donizete, Donizete deixa a sua pipa cair e ele volta para pegar, se abaixa rapidamente pega a pipa e corre o homem segura na rabiola do pipa.

   Vou arrebentar a rabiola da sua pipa se você não me entregar o carrinho.

Donizete olha para trás com cara de bravo para o home que estava puxando a rabiola do seu pipa.

E O Homem grita.

  Lesmas. as fitas da rabiola haviam se transformado cada uma em uma lesma pendurada e se mexiam.

O Homem solta a rabiola e o Donizete entra correndo na pensão e se tranca no banheiro.

O Homem vai até  a entrada da pensão e começa a gritar.

   Esse menino é o Demônio, eu vi com os meus próprios olhos, ele é o Demônio, ele transformou a rabiola do pipa em um monte de lesmas, eu vi com os meus próprios olhos, vocês não viram.

O homem estava dirigindo a palavra para as garotas de programas que estavam na entrada da pensão que respondem para o homem.

   A única lesma mole que eu sei que está aqui agora, é essa coisa mole que você tem dentro da calça.

As outras garotas dão risadas.

   Deixa a criança em paz, você não acha que está muito velho para querer ficar roubando pipa de uma criança.

   Ele não é criança ele é o demônio, estou falando para vocês.

O Homem gritava tanto que a Mãe do Donizete escuta aquela gritaria e ela e o João saem para ver o que estava acontecendo.

O Homem continuava a gritar na entrada da pensão sendo impedido de entrar pelas garotas que estava protegendo o Donizete e o o homem Gritava transtornado, com os olhos arregalados como se realmente havia visto o Demônio.

O João vai até o homem e pergunta.

   De que criança o senhor está falando?

Ele está ai dentro do banheiro trancado.

João olha para banheiro e vê o restinho da rabiola do pipa que ele havia feito para o Donizete e olha para a mãe dele que a olhava com os olhos arregalados.

   Eu vi com os meus próprios olhos, o caminhãozinho ficou cheio de lesmas e depois a rabiola da pipa se transformou em lesmas também.

O João vendo o homem dizer aquelas palavras, olha para a mãe do Donizete assustado e tenta tranquilizar o homem dizendo.

   Pode deixar ele é meu filho, não e 'Demônio nenhum, o senhor que está cheirando a álcool deve de estar imaginando coisas.

   É isso mesmo seu bêbado deixa a criança em paz e vai embora daqui que você está atrapalhando o nosso negócio. Diz uma das garotas.

O Homem xinga ela e xinga o João e vai embora, gesticulando.

João olha para o homem e depois olha para a garota que xingou o homem, que pisca para ele e estoura um bola de chiclete.

João bate na porta do banheiro e diz.

   Pronto Donizete pode sair o homem já foi embora.

Donizete destranca a porta, sai e abraça o João que olha para a mãe do menino e diz.

   É nós precisamos nos mudar urgente.

Assim no dia seguinte, João contrata um serviço mudança.

 

 

 

 

 

Livro 2 —  O Padrasto.

 

Eles carregavam  as poucas coisas no pequeno caminhão, que ainda chegava a sobrar espaço na carroceria do caminhão.

— Mãe eu posso ir na carroceria do caminhão? Diz Donizete.

— Não filho é perigoso.

— É senhora, eu acho que ele ou o marido da senhora vai ter que ir lá trás, porque não vai caber todo mundo na cabine do caminhão.

— Deixa a criança ir lá atrás Zulmira. Diz o João

— Não, isso é perigoso ele pode cair.

— Vem cá Zulmira, dá licença moço. João pega a Zulmira pelo braço e se distância do motorista do caminhão e diz.

— Eu não vou deixar você ir no meio daqueles homens, do motorista e do ajudante dele, olha a cara de safados deles, você não sai do meu lado.

— Então vamos na carroceria.

— Também não, não vou me sujeitar a andar na carroceria e muito menos, te expor assim, vou falar para o ajudante ir junto com o Donizete na carroceria e nos dois vamos na cabine do caminhão.

— Está bem, tendo um adulto com o Donizete, eu fico um pouco mais tranquila.

Assim eles terminam a mudança, o rapaz coloca o Donizete na carroceria e entrega a pipa para ele também.

O Caminhão parte e Donizete brinca com a sua pipa com o vento que se formava com a velocidade do caminhão a pipa vai subindo e passa da altura dos fios de alta tensão no momento que o caminhão cruzava o quarteirão onde o Donizete havia achado o brinquedo e o bêbado quis lhe tomar , onde o mesmo estava naquele momento na esquina do bar como no dia anterior e quando ele avista o Donizete do caminhão ele grita.

— Demônio!

Donizete olha para o homem e a sua pipa enrosca no fio de energia e como a linha de nylon de costura não se arrebentava fácil e o com o caminhão em movimento o fio de alta tensão se solta do poste e cai em siam do bêbado, matando o homem eletrocutado.

O rapaz que estava na carroceria junto com o Donizete olha para ele preocupado e se assusta o e menino estava com o rosto deformado e que os poucos foi voltando ao normal, o rapaz esfrega os olhos e olha novamente, mas o rosto do menino estava normal e que diz para ele.

— Perdi a minha pipa. Fala o Donizete como se fosse  uma criança inocente que chora quando o seu sorvete cai no chão.

O rapaz olha para ele e olha para a pipa que ficou enroscado no fio onde na outra ponta o homem pegava fogo.

— Credo menino, você viu o que você fez, a sua pipa matou aquele homem.

— Quem aquele ladrão de brinquedo? Bem feito para ele. Diz o Donizete.

— O rapaz não sabe o que dizer e se afasta do Donizete, ficando do outro lado da carroceria.

O Caminhão anda pelo trânsito da cidade e o Donizete estava sentadinho no seu canto observando o caminho até eles chegaram no bairro da Vila Mazzei, onde o caminhão para em ladeira de frente de um portão verde onde havia um correndo que dava em uma escada que subia para uma casa amarela no alto.

A mãe do Donizete é a primeira a descer e entrar no portão e pede para o João pegar o Donizete.

João vai até a carroceria do caminhão e pede para o rapaz ajudar ele a descer o Donizete, o rapaz se recusa e se afasta do menino pulando da carroceria.

João acha aquilo estranho, mas entende rapidamente o que tinha acontecido, na mínima o menino tinha aprontado alguma coisa que assustou rapaz.

— Vem Donizete pula que eu te seguro!

Donizete pula e o João o agarra no alto e o coloca no chão, ele entra pelo portão atrás da mãe dele e vai na direção da escada onde a sua mãe já abria a porta no final da escada, Donizete chega no início da escada e se depara com algumas meninas no corredor lateral que olhavam para ele e riam, haviam cinco meninas três pareciam mais velhas e duas pareceriam ter a mesma idade do Donizete, ele olha para as meninas e ri também e sobe a escada correndo.

Ele entra na casa e a sua mãe o chama.

— Vem ver Donizete, olha que casa legal, agora nós temos uma sala onde você vai poder dormir sozinho, nós temos uma cozinha, onde eu vou poder cozinhar, eu o João, nós temos um quarto para nós dois e olha aqui um banheiro, só nosso, sem ter que dividir com ninguém ou esperar na fila para usar, que maravilha e olha aqui também, saindo por essa porta nós temos um varanda onde é a minha área de serviço, onde eu vou poder lavar a minha roupa e estende—  la sem nenhum medo que alguém nos roube.

Donizete entra na varanda e olha a paisagem que havia ali, então ele olha para baixou onde as meninas que estavam no corredor quando ele entrou, agora estavam no quintal da última casa que devia de ser de uma delas.

As meninas mexem com ele e ele olha para eles que manda um beijo para ele, ele dá risada e retribui o beijo, beijando a palma da mão e assoprando na direção delas, que dão risada, ele ri e volta para a sala onde o motorista e o ajudante descarregavam algumas caixas, o ajudante olha para ele assustado e sai rapidamente pela escada para ir buscar mais coisas no caminhão, João acha estranho mas não pergunta e nem diz nada.

— Vamos Donizete, vem me ajudar a carregar as coisas pequenas que você conseguir carregar.

Eles descem as escadas e o ajudante já vinha voltando com mais uma caixa, ele passa longe do Donizete como se estivesse com medo, e o João como achar aquilo estranho, mas foi assim até descarregarem toda a mudança.

— Nossa Luizinho você nunca fez uma mudança tão rápido, o que você comeu hoje? Brinca o Motorista com o ajudante.

O ajudante olha para o Donizete e olha para o João que estava olhando para ele e diz.

— Não comi nada não, só estou querendo acabar logo, para ir embora daqui.

— Embora daqui porque?

— Nada, foi só uma expressão, eu quis dizer que quero acabar logo.

— A tá.

João percebe que o Donizete havia aprontado alguma coisa que havia deixado aquele homem com medo dele, ele paga o motorista pelo carreto e o ajudante já estava esperando pelo motorista no caminhão.

O motorista volta para o caminhão e antes de sair ele pergunta para o ajudante.

— O que você tem Luizinho, você está estranho?

— É porque você não viu o que eu vi, aquele menino é um demônio, eu o vi matar um homem quando nós saímos lá da rua do centro.

  Viu como, que eu não vi.

Quando o caminhão começou a andar eu o ajudei a brincar com a pipa dele no vento que se formava por causa da velocidade do caminhão, e nó andamos um quarteirão assim com a pipa baixinha, abaixo dá altura do fio, mas quando chegamos na esquina e deixou a pipa subir um pouco mais alto e um homem começo a chamar ele de Demônio ele olhou para o homem e a sua pipa arrancou o fio que caiu em cima desse pobre homem que foi eletrocutado, eu estava olhando apara aquele homem que começou a queimar com o fio de força e quando eu olhei para esse menino ele tinha fogo nos olhos e estava com a sua fisionomia alterada e depois que nós nos distanciamos ele voltou ao normal, ao primeiro momento achei que eu estava vendo coisas, mas tenho certeza do que eu vi.

Você bebeu hoje antes de vir me ajudar, você deve de estar imaginando coisas.

Não estou imaginando nada, eu sei o que eu vi.

Ah, vamos embora antes que o menino resolva vir aqui e roubar a sua alma.

O motorista brinca tirando um sarro do ajudante, que só balança a cabeça, o motorista liga o caminhão e vai embora.

João ficou observando o motorista e o ajudante conversando, já imaginando que eles deviam de estar falando do Donizete. Ele se vira e vai na direção da mãe do menino e diz.

   Eu acho que o seu filho aprontou alguma coisa no caminho que deixou o ajudante do caminhão com muito medo.

O que será que ele fez?

Os dois olham para o Donizete que estava olhando para eles e o Donizete pergunta para a mãe dele.

Mãe aquelas meninas estão me chamando para ir brincar com elas eu posso ir brincar com elas?

Não, você precisa me ajudar a arrumar aqui.

João olha para ele como que querendo dizer deixa ele ir e pisca para ela e diz baixinho no ouvida dela.

Deixa ele ir, vamos estreitar o nosso quarto novo.

Tá bom pode ir, mas não é para sair para a rua.

Ele desce as escadas correndo e vira a direita na escada indo em direção ao fundo da viela de casas e vai ao encontro das meninas que vem na direção dele dizendo.

  Você que vai morar agora aí?

— Sim.

  Que legal pelo menos agora nós vamos ter outro menino para brincar com a gente de novo, porque o Alexandre que morava aí foi embora e nós ficamos sem um menino para poder participar da nossa brincadeira, como é o seu nome?

— Donizete.

— Eu me chamo Regina. Essa é a minha irmã Cátia e nós que moramos aqui na casa do fundo da viela, essa é a Bete e as outras duas são as irmãs dela. A menorzinha é a Cacilda e a maior é a Suelen.

Donizete olha para a Cacilda achando ela bonita e que devia ter a mesma idade que ele.

  Quantos anos você tem?

  Eu tenho oito, na verdade vou fazer oito.

  Eu tenho doze anos eu e a Suelen, a Bete tem onze e a Cacilda tem nove e a Cátia tem oito como você, você e ela são os mais novinhos aqui, então podemos mandar em vocês.

Donizete se assusta.

  Calma eu estou brincando, ninguém vai judiar de você não, não precisa ficar com medo.

— Eu não estou com medo.

  Você sabe brincar de beijo abraço e aperto de mão?

  Não, não sei.

  Agente te ensina. Diz a Bete rindo.

A Cacilda o pega pela mão.

  Vem vamos lá no canto, que dá para a gente brincar melhor sem ninguém nós ver.

  A brincadeira funciona assim, uma das meninas fecho o seu olho e as outras meninas ficam em pé na sua frente, aí ela aponta para uma e diz: beijo, abraço ou aperto de mão? E você escolhe uma dessa opções e responde o que você quer, entendeu.

— Acho que sim.

— Então vamos começar, a eu estava me esquecendo, se repetir o desejo, tem castigo, agora senta aqui que eu vou tampar os seus olhos e vamos começar a brincadeira. Diz a Regina.

  Pronto? — É esse?

  Não.

  É esse.

  É.

  Beijo, abraço ou aperto de mão?

  Humm, aperto de mão.

— Ok, você tirou a Cátia, vai lá e dá um aperto de mão nela.

  Pronto agora é a vez da Cátia sentar e escolher. Diz a Regina.

  Pronta?

  Sim.

  É esse?

  Sim.

  Beijo, abraço ou aperto de mão?

  Vou querer um abraço.

  Pronto pode dar um abraço na Cacilda.

  Está pronta Cacilda?

  Sim.

  E esse?

  Não.

  É esse? Regina dá uma apertada nos olhos da Cacilda para avisa—  la que era o Donizete.

  Sim.

  Beijo, abraço ou aperto de mão?

  Um beijo.

  É o Donizete dá um beijo nele.

  A Cacilda dá um beijo na bochecha do Donizete.

  Agora é a sua vez de ficar aqui Donizete e eu vou para lá agora e a Cacilda tampa os seus olhos, para você escolher no escuro.

  Pronto?

  Sim.

  É essa?

  Não.

  É essa?

  Não.

  É essa?

  Sim.

  Beijo abraço ou aperto de mão?

  Beijo.

  Castigo! Castigo! Castigo.

  Agora você vai ter que dar um selinho na boca da Regina.

Ele dá um selinho na boca da Regina e ela se senta para escolher, a Cacilda tampa os olhos da Regina e o Donizete fica em segundo na sequência.

  Está pronta Regina? Pergunta a Cacilda.

  Sim.

  É essa?

  Não.

  É essa? Cacilda aperta o olho da Regina avisando que era o Donizete.

  Sim.

  Castigo! Castigo! Castigo.

  Agora é beijo na boca de língua.

Donizete olha, para as meninas que riam e gritavam.

  Beija, beija.

A Regina como era experiente por ser quatro anos mais velha que o Donizete vai na direção dele e o beija na boca.

  Você não sabe beijar?

  Não, é a minha primeira vez que beijo de língua.

  Eu vou te ensinar, você tem que enroscar a sua língua na minha enquanto a gente mexe os lábios quase fechando a boca e abrindo se esfregando, assim.

A Regina beija o Donizete que faz o que ela ensinou e aprende de primeira.

  Isso, assim mesmo, nossa você aprende rápido.

  Vamos continuar a brincadeira, agora muda quem não foi ainda, agora troca.

Então a Bete se senta e a Regina tampa o olho dela.

  É esse?

  Não.

— É esse?

— Não.

  É esse? Regina aperte o olho da Bete para dizer que era o Donizete.

  Sim.

  Você vai querer, um beijão, um apertinho de mão ou um pequeno abraço.

— Vou querer um beijão.

— Castigo! Castigo! Castigo!

  Outro beijo de língua no Donizete.

A Bete se levanta e dá um beijo de língua no Donizete o arrastando para a parede e o deixando sem fôlego.

— Uau, e agora quem falta.

  A Suelen.

  Eu não preciso mais da brincadeira já sei quem eu quero e o que quero.

Então ela dá um beijo de língua no Donizete já aproveitando que ele estava na parede no canto escuro e a Regina diz para ela:

  Deixa eu um pouco agora. E elas trocam e a Regina o beija e a Bete diz:

  Agora sou eu. E ela troca com a Regina e as três ficam se revezando beijando o menino.

  Olha ele está com o pinto duro. Diz a Regina.

  Deixa a gente ver o seu pinto, mostra para a gente, você já tem pelinho?

Donizete fica meio encabulado e diz.

  Não ainda não tenho.

— Não precisa ter vergonha, me deixa eu pegar então.

E a Regina pega no pinto dele e diz:

  Nossa!! Que duro, parece uma pedra.

  Eu tive uma outra ideia, vamos brincar de dança agora e a gente faz uma roda e você fica no meio, a gente conta até de e quem estiver na hora que contar até dez na sua frente tem que rebolar no seu pinto, ok.

Donizete faz que sim com a cabeça.

  Então vamos começar, todo mundo de mãos dadas e de costa para o Donizete contando até dez.

Todas contam até dez girando de mãos dados de costa para o Donizete.

— Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez, parou!!

  Cacilda!!

  Você vai ter que rebolar no pinto dele.

Cacilda estava com as bochechas vermelhas, ela olha para o Donizete e meio que sem graça ela dá uma rebolada rápida e diz:

  Pronto tá bom.

Elas começam de novo e contam até dez e dessa vez é a Regina que para na frente dele.

Ela começa a rebolar no pinto dele com vontade, ela se esfrega, levanta e abaixa a bunda, vai para um lado para o outro e diz:

  Nossa o pinto dele ficou mais duro, mas essa posição cansa, vamos colocar ele sentado na cadeira e a gente senta no pinto dele, pega essa cadeira aí bete¹

A Bete traz a cadeira e dá para o Donizete se sentar e diz.

  Nós vamos ter que sentar de frente assim. Ela senta no colo dele de frente para ele e dá uma esfregada com a xoxota no pinto dele e depois diz.

  Ou vamos ter que sentar de costa assim. E ela senta com a bunda no pinto dele e se esfrega indo para a frente e para atrás.

  Não deixa eu te mostrar como a gente vai ter que fazer. Diz a Regina Sentando no colo do menino com a bunda e colocando a mão no chão empinando a bunda e esfregando no pinto do Menino.

A Suelen interrompe ela e diz.

  Agora é a minha vez, sai daí eu acho melhor assim.

Ela senta no colo dele de frente e se esfrega nele enquanto o beijava.

  Gostei dessa deixa eu mais um pouquinho dessa maneira, estou molhadinha. Diz a Regina.

  Não, agora é a minha vez. Diz a Bete.

Enquanto isso a Cátia e a Cacilda só ficavam olhando as irmãs mais velha brincar com o Donizete.

  Você já bate punheta Donizete?

  Ainda não.

  Bate para a gente ver.

  Enquanto nós tocamos uma siririca.

  Mas como, que faz?

  A gente ensina você, a gente até dá uma chupadinha no seu pinto para lubrificar e tudo que você tem que fazer é segurar ele com a mão fechada e flexionar para cima e para baixo, assim. Diz a Regina pegando no pinto dele e mostrando para ele como se faz

A as três se abaixam ao lado dele e cada uma dá uma chupadinha no pinto dele e depois, as três se sentam no canto da parede e começam a tocar uma siririca, cada uma dela e dizendo para o Donizete.

  Faz também, faz mais rápido se não, não funciona, faz assim que nem a gente bem rápida, ai que gostoso que é isso.

Donizete começa a fazer como ela mandou.

  Vai mais rápido, passa mais saliva.

Ele passa mais saliva e continua bem rápido e der repente e sente todo seu corpo estremecer e a sua cara parecendo que ia explodir e para.

As meninas também estavam tremendo e dizendo.

  Aí gozei gostoso olha a minha mão. A Regina mostra a sua mão para a Bete, que a empurra de volta.

  Você ainda não goza né menino, mas é gostoso a sensação, não é?

  É estranho parece que o corpo vai explodir, sensação estranha e gostosa, mas o que é gozar?

  Gozar é quando saí um liquido branco, quando dá essa sensação de entortar o corpo todo, quando você for mais velho e já tiver pelinho no saco, você vai gozar assim ejaculando, você vai ver.

  Donizete!!

  É a minha mãe, preciso ir.

  Não conta nada para ela, tá bom!

  Não vou contar, amanhã a gente pode brincar mais?

  Amanhã eu acho que a minha mãe não vai trabalhar, mas quando ela sair a gente te chama.

  Tá bom, tchau!

Donizete sai e a sua mãe o esperava no portão, que ficava de lado do muro sem visão para dentro do quintal e da casa.

  Menino acabamos de mudar e você já está enfiado na casa dos outros, não tem vergonha não?

  Porque você está tão vermelho?

  Nós estávamos brincando.

As meninas vão até o portão.

  Tchau Donizete!! Gritam quase todas menos a Cátia que diz para a irmã.

  Eu vou contar tudo para a mamãe quando ela chegar.

  Se você contar eu conto para ela que foi você que estragou batom dela e que não quer lavar a louça, e também não te levo para a escola.

  Tá bom eu não conto nada, mas não conta do batom para ela não.

Donizete e a sua mãe entram na casa e o João olha para ele e diz.

  Estava brincando com as meninas, mas elas nãos são muito grande para você?

Donizete não diz nada e só olha para ele.

  É isso aí, te que brincar com as meninas mesmo, toca aqui.

Donizete toca a mão dele e a mãe dele diz para ele.

  Vai tomar banho, aproveita que não tem fila.

Ele olha para ela sem entender nada.

  É brincadeira bobo, é só para não perder o costume, agora vai entra nesse chuveiro.

Ele entra tranca a porta e vê como aquele banheiro era limpinho, diferente do outro da pensão e diferente do Colégio interno, ele estava sozinho ali no banheiro, só para ele, ele liga o chuveiro e começa a se ensaboar e quando ele chega no seu pinto ele percebe que ele ainda estava meio durinho e começa a fazer de novo o que q menina havia acabado de lhe ensinar e sente novamente aquela sensação que parecia que coçava o corpo todo e pensa , nosso isso é muito gostoso, mas é estranho.

A sua mãe bate na porta do banheiro e diz:

  Agora chega, sai desse chuveiro logo para a gente jantar.

Ele se sente um pouco culpado, se sentindo como se estivesse fazendo algo errado, se enxuga e se troca e sai.

  Já senta na mesa, depois de jantar eu vou improvisar uma cama para você na sala até a gente comprar uma cama nova para você.

Donizete acorda e estranha o lugar, mas logo se situa e a primeira coisa que ele faz é ir na varanda, porque ele escuta o portão da casa da Regina se abrindo, ele olha da varanda para baixo e vê a Regina levando a sua irmã para escola, ela olha para ele e manda um beijo e ele corresponde, a Cátia estava de cara emburrada e usava um uniforme escolar nem olha para o Donizete.

  Você gostou dessas meninas né?

Pergunta a sua mãe que estava atrás dele e havia escutado ele abrir a porta da varanda.

  Elas são legais.

— Eu preciso ir na escola te matricular também, com essa correria toda eu não tive tempo, assim que o João sair para trabalhar eu vou lá e você fica aqui quietinho, ok?

O João sai para trabalhar depois de tomar café e a sua mãe sai junto com ele para ir na escola matricular ele.

— Se comporta em!

— Pode deixar.

A sua mãe sai e ele fica olhando para aquela casa vazia sem saber o que fazer, der repente ele escuta um barulho de alguma coisa caindo sacada ele abre a porta da sacada e vai verificar o que era e se depara com a Regina.

— Eu vi a sua mãe saindo a minha também saiu, estou sozinha em casa, desce aqui.

— A minha mãe levou a chave da porta da frente.

— Desce pelo cano da caixa d'água.

— Ele olha aquele cano e acha aquilo familiar e desce por ele.

— Pronto vamos lá para casa, que não tem ninguém lá.

— Eles entram na casa da Regina, pronto estamos sós, gostou da brincadeira ontem?

— Gostei, até brinquei sozinho no banheiro depois.

— Brincou? Diz ela rindo.

Ele fica com vergonha.

— Calma estou brincando, quer brincar mais, agora só eu e você?

— Sim.

— Hoje vou te ensinar uma coisa que eu e o meu namorado já fizemos, ele já tirou a minha virgindade, então nós podemos fazer outras coisas.

— Que coisas?

— Como está o seu pinto, não está dolorido?

— Não, só está molinho.

— Isso a gente dá um jeito.

Ela chega bem pertinho dele e dá um beijo nele e se esfrega nele deixando ele de pinto duro.

— Nossa que rápido viu.

Ele olha para o pinto dele.

— Vem, vem comigo para o meu quarto, vamos na minha cama.

Ela tira a roupa e se deita com as pernas abertas e diz.

— Tira a roupa esse deita aqui comigo.

Ele tira a roupa esse deita entre as pernas dela.

— Isso agora coloca o seu pinto na minha xoxota e empurra.

—Assim?

—Isso, agora vai e volta.

— Assim.

— Isso, assim não para, faz mais rápido, o seu pinto é menorzinho que o do meu namorado porque você é bem mais novo que ele, mas faz uma cocega gostosa que acho que consigo gozar assim, continua assim, vai mais rápido. Assim.!

— Isso, ai!! Que gostoso, gozei, aí.

— Eu também estou sentindo aquela sensação que dá coceira no corpo todo.

— Coceira? Ela ri.

— Isso.

— O bom que você ainda não goza e não tem perigo e não amolece a gente pode continuar, vai não para continua, não tira, continua indo e voltando, isso, mais rápido, assim isso. Vai! Assim, Vai não para que vou gozar de novo.

— Aí que gostoso.

— Eu não sinto mais a coceira.

— Então continua, está gostoso uma coceirinha gostosa, deixa o seu pintinho aí e fica indo e voltando, espera deixa eu ficar de cachorrinho para você.

— Agora vem por trás e coloca vem! Isso, assim, vai e volta, aí, assim entrou mais deu para sentir, que gostoso, agora vai continua.

— Está me dando coceira, só que dessa vez está muito forte.

— Não para agora continua que eu também estou quase sentindo a coceira de novo. Vai! Só mais um pouquinho! Assim, gozei, aí que delícia.

— Eu sou uma boa professora, fiz você me fazer gozar três vezes, mas ainda quero mais, deixa eu te chupar, deita na cama.

— Nossa tá duro de novo, vou sentar em você e cavalgar, acho que agora não vou gozar mais, mas quero ficar assim com você e te beijando está gostoso.

— A sua mãe vai demorar?

— Não sei, acho que não, ela foi fazer a minha matrícula na escola.

— Se ela foi na escola onde a minha irmã estuda, ela já deve estar para chegar, que pena a gente vai ter que parar.

— Ela sai de cima dele e se troca.

— Anda se troca eu vou te ajudar a subir de volta pelo cano.

Ele se troca e eles saem e ela o ajuda subir pelo cano de volta para a casa dele, ele entra na sua casa e fica ali sentado na cadeira, a sua mãe demora a voltar então ele vai na sacada e avista a Regina no portão que olhava para ele e mandava beijo e ele mandava de volta, e dois ficam ali se olhando, até a porta da frente se abrir.

— Donizete!

— Estou aqui mãe.

— Pronto já matriculei você na escola, você já começar na segunda feira.

— Está bom.

— Não quis assistir desenho, não ligo a televisão, estranho.

Ele liga a televisão só para disfarçar e fica ali assistindo um desenho e o tempo passa ele escuta um barulho de portão se abrindo era Regina indo buscar a sua irmã e agora era ela estava de uniforme escolar, ele sai na sacada.

— Você vai para escola?

— Depois que buscar a minha irmã e deixar ela aqui

— A tá.

— Eu volto no finzinho da tarde agora, e a gente se vê depois.

— Tá bom.

Ele entra e a sua mãe fala para ele.

— Essa menina não é muito velha para ficar brincando com você?

— Não,  ela é bem legal, a gente brinca bastante, ela me ensina muitas coisas.

— Que coisas?

— Brincadeiras novas.

— Que tipo de brincadeira?

— Umas brincadeiras de meninas.

— Brinca com boneca?

— Não, elas não brincam mais de bonecas.

— Não sei não, essas brincadeiras não está me cheirando bem.

— Hoje o que eu vou fazer para te distrair, não vou mais trabalhar o João que vai pagar todas as contas da casa, então eu vou querer fazer coisas para a gente se distrair, o que a gente pode fazer?

— Empinar pipa olha quantos pipas no alto mamãe aqui, que diferente de onde a gente morava.

— Mas eu não sei fazer pipa.

— Então eu posso ir lá fora, só ficar olhando as pipas no alto.

— Pode, mas não sai para a rua.

— Está bom.

Ele fica na escada só solhando as pipas no alto até der repente, uma linha passa na sua cabeça e corre para o telhado do lado, ele corre e sobe no telhado e puxa a linha e pega uma pipa muito bonita e grita.

— Mamãe, mamãe, me ajuda, olha a pipona que eu peguei, me ajuda.

A sua mãe sai na escada procura ele, e não acha.

— Aqui mãe, estou aqui, puxa a linha para mim.

— Menino sai daí agora, sai do telhado dos outros, saí agora daí.

No mesmo momento o portão da vila enche de meninos, gritando e dizendo que a pipa era deles.

— Donizete os meninos estão dizendo que a pipa é deles.

— Não é não mamãe, eles estão mentindo.

— Vamos devolver para eles, vai.

A mãe dele puxa a pipa e a entrega para os meninos.

Donizete fica bravo e briga com a mãe dele, ela entra e ele fica na escada sentado emburrado e vai atrás dos meninos na rua que pegaram a sua pipa, mas os meninos já haviam ido embora, então ele fica só olhando para o céu e vem outra pipa boiada, a pipa cai em cima de uma fábrica ele sobe na fábrica para pegar a pipa e quando ele estava chegando na pipa a telha se quebra e ele ai mas fica pendurado pela sua camisa para a sorte dele porque embaixo haviam maquinas em funcionamento, a pipa cai nas maquinas que as destrói instantaneamente, ele se assusto mas não entra em pânico e se agarra a um coluna de ferro do telhado, os homens que estava dentro da fábrica começam a gritar para ele, xingando e dizendo, que ele iria morrer.

   Moleque o que você está fazendo aí, saí daí.

Ele sai pelo mesmo buraco do telhado e tenta descer pelo mesmo lugar que subiu, mas lá embaixo os homens já o esperavam, ele pensa.

— E agora o que eu vou fazer? Ele olha adiante e enxerga a sua casa a alguns telhados dali, então ele decide ir pelo telhado e pula do telhado da fábrica para o da casa quebrando algumas telhas e dono da casa parece xingando ele, lê corre para o outro telhado onde havia um cachorro no quintal que latia sem parar, ele passa para o outro quintal e chega no telhado do Fundo da vila onde ele morava, no telhado da casa da Regina, ele passa para o muro e percebe que a janela do quarto dela estava aberta, e ele pensa, ué ela não tinha ido para a escola, então ele olha dentro do quarto e vê ela transando com o namorado dela, ele tenta se esconder e cai no quintal do lado onde havia um pé de goiaba, ele cai de mal jeito em cima de uma galho e se  machuca, um pedaço do galho enfia na sua perna, ele puxa e retira o pedaço de galho, e pelo buraco que o galho fez na sua perna, começa a sangrar no momento que um cachorro vinha na sua direção, ele sobe rapidamente pelo galho da árvore e o cachorro ainda pula e tenta morde-lo, mas não consegue a dona da casa grita para o cachorro pegar, mas no tronco da arvore abaixo dele se enche de lemas e o cachorro, começa a gritar de dor.

   Cain, Cain.

Assim ele sobe rápido e sobe no muro e pulando de volta para a vila, ele sobe a escada da sua casa e a sal mãe abre a porta, gritando.

  Onde que você estava menino?

  Fui atrás de uma pipa.

  Que é isso na sua perna? É sangue?

  O que você fez?  o que aconteceu?

  Cai em cima de um galho, mas já tirei o pedaço que me furou.

  Meu Deus, me deixa ver isso?

  Vamos limpar primeiro e depois a gente coloca um curativo e depois disso você fica quieto, para não aprontar mais nada.

Ele fica quieto mas não por muito tempo, ele escuta o portão da Regina se abrindo e ele vai até a varanda para olhar quem era, e vê a Regina saindo com o seu namorado , que aparentava ser bem mais velho que ele, ela olha para cima rapidamente e vê ele olhando para ela, mas não faz nada e passa por ele como se ele não estivesse ali.

Ele entra de novo e fica quieto assistido televisão, o dia passa e escurece e o João chega do serviço.

   E aí o que você aprontou hoje? Pergunta o João para o Donizete.

  Nada.

  Nada, e o que é esse curativo no tornozelo?

  Me machuquei.

  Machucou é, como?

  Correndo atrás de uma pipa.

  Você essas pipas, mas não foi nada sério né, não precisa ir no médico, tomar injeção?

  Não! Não precisa não, estou bem.

  João dá risada e dá um beijo na mãe dele.

  Você viu a arte dele aí.

— Vi, mas não aconteceu, mais nada, aconteceu?

  Do que você está falando?

  Você sabe, do que eu estou falando.

  Ah, tá, não, pelo menos não apareceu ninguém brigando aqui, por enquanto.

  Que bom, então vou tomar um banho para a gente jantar e depois a gente fica no o quarto.

Eles jantam e a sua mãe o João vão para o quarto assistirem televisão lá.

Donizete escuta uns barulhos no quintal e ele abre a janelinha da porta para ver que era, era as meninas que vê ele na janelinha e sobem a escada para falar com ele.

Ele faz um sinal com o dedo, para elas não fazerem barulho.

Elas sobem sem fazer barulho e uma por uma dá um beijo de língua nele, menos a Cátia e a última a dar um beijo nele é a Regina que olha para ele e pede desculpa e explica para ele.

   Me desculpe por aquela hora, o meu namorado é muito ciumento.

  Eu pensei que você tinha ido para a escola, e quando eu escutei o barulho fui ver e vi que era você.

  É ele estava me esperando na entrada do colégio e não me deixou assistir aula, me fez cabular aula para ficar com ele, por isso estava àquela hora aqui.

  Donizete está falando com quem?

  Com a Regina.

  Eu já falei essa menina é muito velha para você, para ficar de converse com ela.

  Eu vou ter que entrar amanhã a gente se fala.

  Amanhã é sábado eu não vou para a escola, me dá mais um beijo.

  Ela o beija, a Bete o beijo novamente e a Suelen e por último a Cacilda,

A Cátia nem olha para a cara dele, ele fecha a janela e entra.

 

  Mãe já estou melhor posso ir brincar lá fora?

  Onde você vai?

  Aqui na vila, mesmo.

  Com aquela menina?

  Deixa o menino Zulmira, deixa o menino brincar.

  Eu não sei não, eu acho que aquelas meninas são muito velhas para brincar com ele.

  É nada deixa ele se dar bem, ele é homem.

  Você fala isso porque não teve de ir com ele no médico quando ele tinha cinco anos, depois que abusaram dele.

  Agora é diferente são meninas, como elas poderiam machucar ele?

 Se alguma coisa acontecer com ele você não vai se responsabilizar, porque não é o seu filho.

  Deixa o menino ser feliz e para se preocupar tanto e vem aqui que eu que vou abusar de você agora.

  Cachorro!

 

 

 

Donizete vai direto para a casa da Regina, onde todas as meninas já estavam, lá.

Ele chama no portão e a Bete que o atende.

  Oi, entra vem, nós estamos jogando um jogo na cozinha.

Ele entra e as meninas uma por uma dá um beijo na boca dele e como sempre a Cátia nem olha na cara dele.

  Nós íamos começar agora e o castigo era tomar um copinho de pinga, para quem perdesse, mas agora que você chegou acho que vamos mudar o castigo.

  Não a primeira rodada ainda vai ser um copinho de pinga, só para nós três. Diz a Suelen e para eles que são menores a gente inventa outro castigo.

  E elas começam a brincadeira, jogam os dados uma por uma e quem tirasse o número menor iria ter que tomar a pinga.

  Bete você perdeu, bebe, fecha o nariz e bebe.

  Me dá aqui esse copo. E ela bebe de uma só golada.

  Vamos outra.

Elas jogam os dados novamente e novamente a Bete tira o menor número, ela bebe mais um copo de pinga e já começa a falar mole.

  Vamos de novo, dessa vez eu não perco.

Elas jogam os dados, e quem perdeu dessa vez, foi a Cátia.

— Cátia você perdeu e como eu não vou te dar pinga, você vai ter que dar um beijo de língua no Donizete.

— Não quero.

— Então vai ter que lamber a privada, o que você prefere?

— Está bom eu o beijo, fazer o que né.

A Cátia beija o Donizete e o beijo demora um pouquinho a mais e as meninas começam a gritar e rir.

— Nossa imagina se ela quisesse então, quanto tempo não iria durar este beijo? Diz a Bete com uma fala mole.

— Não zoa não bete, esse foi o primeiro beijo de língua dela. Diz a Regina abraçando a irmã.

— E aí gostou do beijo maninha?

— Sim é gostoso, quero mais. Diz ela beijando novamente o Donizete.

— Chega de pinga, quem perder agora vai ter que esfregar a xoxota no Donizete.

Elas jogam os dados e a primeira é a Cacilda.

— A Cacilda é café com leite, ela pode ficar só no beijo. Diz a Suelen.

E ela dá um beijão demorado nele também.

— Desse jeito eu não quero mais brincar, também quero dar um beijão desses demorados. Fala a Bete, beijando e se esfregando no menino.

— Nosso o pinto dele já está bem duro.

— Ainda não está tão duro, tem que esfregar mais. Fala o Donizete rindo com cara de safado.

A Bete se esfrega mais nele, a Suelen também e a Regina vai em direção do quarto.

— Criamos um monstro, safadinho, e agora como está, mostra para a gente.

Ele abaixa a calça e mostra o pinto duro para elas.

A Bete agarra o pinto do menino e começa a masturba-lo e ele grita.

— Aí você está me machucando.

— Sai bete, que você está machucando o menino, deixa eu cuidar dele um pouquinho.

A Suelen vem bem mais carinhosa e o beija e se esfrega até a Bete dizer.

— A Regina está lá no quarto, te esperando, se ela der para você, você não conta para ninguém?

Ele olha para ela e pensa com ele. —   Ué e o que nós fizemos ontem eu acho que ela não contou para elas, melhor não dizer nada,  e dizer que não conto para ninguém.

— Não, não conto.

— Então vai lá, que ela está te esperando.

Ele entra no quarto e a Regina estava pelada esperando por ele.

— Vem, você não contou para ela de ontem né?

— Eu achei estranho, mas não falei nada.

— Vem meu querido, só vai devagarzinho que o meu namorado me machucou ontem à tarde.

Ele se deita por cima dela, que diz.

— Nossa como você é gostosinho, como é gostoso, bem melhor que o bruto do meu namorado, que só me machuca.

— Está bom assim?

— Sim, se quiser ir um pouquinho mais rápido, poder ir, você me deixa excitada, mas você ainda é uma criança e eu acho que estou me apaixonando por você, isso não pode, você é muito criança ainda, eu já sou uma adolescente, mas eu ficaria assim com você a tarde inteira, como é gostoso, ficar com você assim, a gente só se conhece a três dias e parece que eu já te conheço pela vida inteira.

Ela o puxa para mais junto dela e o beija enquanto eles faziam amor, mas foi interrompido pela Bete, que entra no quarto gritando.

— Deixa eu um pouquinho, agora é a minha vez, sai daí.

A Bete o joga na cama e a Regina e se levanta olhando para ele, não querendo sair dali, mas ela deixa o quarto.

Enquanto isso a bete monta no menino e cavalga com força, que chegava a estalar e ele reclama.

— Aí você está me machucando de novo.

— Cala a boca menino. Ela o manda calar a boca e dá um tapa.

— Aí está machucando. Reclama o Donizete que de repente fica quieto.

— Cala a boca moleque estou quase gozando.

A Bete continuava, mas ela estava com os olhos fechados e quando ela começou a gozar e abriu os olhos ela dá um grito gozando.

— Lesmas!

Na visão dela a cama estava toda forrada de lesmas, se trançavam umas nas outras, ela sai do quarto gritando pelada e corre para a cozinha.

Donizete se levanta veste a sua roupa e as outras meninas entram no quarto, e acendem a luz, conferindo se havia alguma coisa ali.

— Bete você bebeu pinga e está imaginando coisas, não tem nada aqui, pode vir pegar a sua roupa sua bêbada.

A Bete volta para o quarto e olha em cima da cama que estava normal e diz.

— Eu juro a cama estava toda forrada de lesmas, escorregadias, umas por cima das outras.

— A única lesma escorregadia é o pinto do Donizete, que te fez gozar e quando você gozou misturado com a pinga que você tomou, começo a ver coisas. Diz a Regina

— Nosso esse menino é bom mesmo eim, eu também quero. Diz a Suelen.

— Hoje não Suelen a Bete me machucou, está doendo. Diz o Donizete.

— Essa Bete é uma bruta estraga prazer mesmo, ela já estava machucando ele lá na cozinha e ainda fica imaginando coisas, quando goza, devia de estar delirando imaginando um monte de pinto em volta dela, sua maníaca. Diz a Suelen.

— Eu juro que o que vi parecia tão real, será que eu estava imaginando coisas, porque realmente esse menino é muito gostoso, que pinto duro e curvado, não é grande, mas pega certinho alguma coisa por dentro, imagina quando ele crescer um pouco mais, menino você vai dar trabalho eim, não me fez ver estrelas, mas lesmas.

As meninas todas dão risadas.

— O que a gente vai comer a minha mãe não deixou comida pronta, nós vamos ter que ir lá no mercadinho da avenida comprar alguma cosia, quem tem dinheiro. Diz a Regina

— Eu tenho alguns trocados. Diz a Bete.

— Eu também. Diz a Suelen.

— Então nós podemos comprar alguns pães e alguns frios e fazemos alguns sanduiche e se sobrar dinheiro a gente compra sorvete de palito, um para cada, vamos com a gente Donizete.

— Vamos eu só tenho que avisar a minha mãe.

— Vamos eu vou com você avisa-la.

— Mãe eu posso ir no mercado com as meninas?

— Onde fica?

— Fica na avenida senhora, pode deixar que eu cuido bem dele sogra, seu filho é muito lindo, vou esperar ele crescer para namorar com ele. Diz a Regina rindo.

— É tá bom viu, namorar, sei.. ele é uma criança ainda, mas está tudo bem então, mas toma cuidado.

Eles descem as escadas.

— Você viu João que menina desaforada, me chamou de sogra.

João só ri e não diz nada.

— Você é muito cara de pau em Regina.

— Sou nada estava brincando com ela, mas que você é lindo e que eu te esperava para ser o meu namorado é verdade.

Ela diz isso saindo do portão já atrás do muro e dá um beijo de língua nele.

— Eu adoro te beijar, estou viciada na sua boca.

— Eu também estou na sua, mas a Bete me machucou, você é tão carinhosa comigo e ela foi tão bruta machucou a minha barriga e o meu pinto, pensei que ela iria quebrar meu pinto.

— Ela é bruta mesmo, ainda bêbada ficou pior ainda, que até ficou   imaginando coisas, mas deixa eu vou falar com ela, não quero mais que ela chegue perto de você e posso te falar uma coisa?

— Pode.

— Eu senti ciúmes dela e quando a minha irmã te beijou também, senti muito ciúmes, foi uma coisa estranha, você dando o primeiro beijo nela, como se tirasse a virgindade dela, como eu tirei a sua,  por isso que eu fui para o quarto, eu não queria ficar perto de você e delas, e quando você entrou me deu um alívio no coração de te ver, mas quando a Bete nós separou eu senti um aperto no coração, parecia que o meu coração estava sangrando.

Donizete só olha para ela e ela complementa.

— O que será que está acontecendo comigo, estou me apaixonando por uma criança, é que você é tão lindo, tão bonitinho, parece um anjinho.

— Toda vez que a minha mãe escuta alguém me chamando de anjinho, ela diz: "Às vezes o demônio se disfarça de Anjo", ela sempre diz isso, o que será que ela quer dizer com isso?

— Quer dizer que você só tem cara de anjo, mas é um Capetinha.

Eles riram e ela diz.

— Eu quero você só para mim, mas agora vamos correr se não aquelas doidas vão deixar a agente para trás.

— Ei esperem a gente aí, você está com presa. Grita Regina correndo atrás das outras meninas arrastando o Donizete pela mão.

Eles chegam no mercado.

  Bete vem aqui um pouquinho preciso falar com você.

— O que foi amiga.

— É sobre o bonitinho.

— Ele é uma coisa de louco mesmo né, imagina quando ele crescer um pouco mais, as meninas vão fazer fila.

— É, pois, é, é isso que preciso te falar com você, você foi bruta com ele e machucou ele, e eu não quero mais que você fique com ele.

— Porque você quer ele só para você?

— Sim, eu quero e acho que estou me apaixonando por ele.

— Você o que?

— Fala baixo.

— Como assim amiga, ele é uma criança.

— Eu sei, mas quando estou do lado dele o meu mundo gira devagar e ele me faz gozar tão fácil, não sei como pode isso, enquanto o meu namorado que já é praticamente um homem, só me machuca e não me dá prazer, não consigo gozar com facilidade com ele porque sinto dor, agora com o menino, é muito estranho, ele me toca e o meu corpo todo se estremece, como se ele tivesse algum tipo de poder, ontem ele me fez gozar cinco vezes muito fácil, nunca o meu namorado fez isso comigo, no máximo foram duas vezes, mas com ele não foi algo mágico.

— Eu sei do que você está falando amiga, comigo foi a mesma coisa, e olha que eu sou difícil de gozar o meu namorado custa para a me fazer gozar, mas aquele menino, foi algo realmente diferente, parecia que algo nele tocava a minha alma, que cheguei até imaginar coisas, gozei gritando lesmas, isso foi muito hilário se não tivesse sido assustador na hora.

— Você sentiu isso também, mas está se apaixonando também?

— Apaixonando, não, para com isso é só uma criança que nós estávamos brincando com ele e te digo que estou com um pouco de medo dele e vou até pedir desculpa se o machuquei àquela hora.

— É, mas para mim essa brincadeira está ficando séria, eu não tiro ele dá cabeça nenhum minuto, dês do primeiro beijo que dei para ele, sonho com ele a noite inteira, cada sonho um mais louco que o outro, sonho que nós estamos andando em um cemitério que ao mesmo tempo é uma fazenda, é um lugar tão lindo,  e agente está andando de cavalo e eu estou na garupa do seu cavalo e depois aparece um homem vestido de Coronel em um cavalo branco e ao seu lado duas crianças um menino e uma menina, também montados em cavalos e nós apostamos corridas até uma cachoeira, onde a gente nada pelado, mas ai o homem e as crianças desaparecem e só fica eu e o Donizete.

— Nossa amiga que romântico, quem te viu e quem te vê em o negócio tá sério mesmo.

— É por isso que estou te contando, e quando acordo eu tenho uma vontade louca de ir chamar ele na casa dela fico ansiosa, outro dia eu cabulei aula e voltei correndo para encontrar ele, mas no caminho o meu namorado me encontrou e estragou o meu dia, porque ele me pegou voltando da escola e quis me acompanhar e você sabe como ele é.

— Se sei, sujeito possessivo.

— Então ele quis ir até a minha casa e transou comigo, mas ele não me excitava e ele só me machucava, eu não gozei e fingi que gozei para ele parar porque estava doendo e estava me dando nojo dele, eu só pensava no menino, queria que o menino estivesse no lugar dele.

— Nossa amiga, mas como pode isso acontecer em três dias.

— Eu também não sei, isso é alucinante é uma paixão muito forte, das que acontecem poucas vezes na vida e tenho que aproveitar.

— Amiga eu vou ficar longe dele, mas você vai ter que falar com a Suelen, porque ela está louca para dá para ele também e sem dá, ela já está louquinha, se ela experimentar, você vai ter concorrente.

— Você me ajuda a falar com ela depois.

— Peguei o presunto e o queijo suas duas cochicheiras, quem cochicha o rabo espicha. Diz a Suelem

— Então vamos pegar o sorvete e pagar e ir embora logo, vêm Donizete, vamos Cátia!

— Que sabor que você prefere Donizete?

— Eu gosto de doce de leite.

— Doce de leite não tem, pode ser de chocolate?

— Pode.

— Eu pego para você, aliás eu faço qualquer coisa por você.

As outras meninas acham estranho o que a Regina falou, só a Bete que entende porque ela falou aquilo.

— Donizete eu queria te pedir desculpa se te machuquei àquela hora, tá bom?

— Tudo bem bete, não foi nada, eu até que gostei um pouquinho, mas quando você me machucou, aí parei de curtir.

A Regina ouve aquilo e olha para a Bete e diz.

— Vamos Doni, tá aí gostei “Doni”, só vou te chamar assim “Doni”, achei um apelido carinhoso, agora segura na minha mão

— Regina olha quem vem vindo lá.

— Quem? Ah não!

— OI gatinha!

— Que isso, porque você está segurando na mão desse pivete?

— A mãe dele pediu para eu cuidar dele.

— Cuidar dele uma ova, saí daqui pivete.

O namorado dela diz isso e dá um tapa no sorvete do Donizete jogando o sorvete no chão e empurra o Donizete o mandando sair dali.

As meninas todas avançam no namorado dela, defendendo o Donizete, principalmente a Bete que dá varinha unhadas nele, mas ele era mais forte e a empurra também e diz.

— Você me arranhou sua maluca.

— Olha aqui Regina o que a maluca da sua amiga me fez.

— Você mereceu. Quem mandou você derrubar e empurraR o Doni.

— Doni, o pivete chama “Doni” e já te falei que não quero ver você andando com essas meninas da favela, você está assim porque fica andando com esse tipo de gente

— já te falei que essas suas amigas não prestam, só te levam para o mal caminho.

— Eu acho que quem me levou para o mal caminho foi você que tirou a minha virgindade e agora acha que meu dono.

— E sou.

— É uma ova, que você é meu dono, quer saber para mim chega, eu não quero mais nada com você.

— Como assim, calma vamos conversar.

— Não quero mais saber eu não gosto mais de você e não quero mais ficar com você.

— Calma espera vamos conversar, me desculpa, vamos conversar.

— Bete faz um favor para mim atravessa o Doni e me espera lá na esquina, que eu vou terminar com esse otário aqui.

— Está bem vou estar te esperando, qualquer coisa você grita que a gente corre para te ajudar.

Fala a Bete olhando nos olhos do namorado da Regina e vai para esquina esperar por ela.

Donizete vê outros dois meninos empinando pipa e vai falar com eles.

— OI, tudo bem?

Os meninos olham para ele achando estranho a pergunta.

— Sim tudo bem, porque?

— Nada, posso empinar pipa com vocês?

— Pode.

— Como você se chama? Pergunta Donizete para um dos meninos.

— Eduardo e você?

Donizete.

E você? Pergunta Donizete para o outro menino?

— Michel.

— Bonita a sua pipa.

— Olha uma pipa mandada, vamos pegar.

Os dois meninos correm atrás da pipa que estava caindo e o Donizete vai atrás deles.

A pipa cai em cima de uma garagem de uma casa.

   E agora como vamos pegar? Pergunta o Michel.

    Eu não consigo subir lá. Diz o Eduardo.

— Eu consigo.

Diz Donizete e começa a subir no muro e depois anda pelo muro se equilibrando até o meio do muro onde ele se levanta e se pendura na telha da garagem, que era uma telha comprida mas estava solta, não estava parafusada, assim que o Donizete se pendura a telha se solta e vira para cima dele, bate na cabeça dele e ele e a telha caem em cima do carro da garagem debaixo.

Os meninos correm e o dono da casa e do carro aparecem e veem o Donizete em cima do carro e gritam com ele, mas quando o dono do carro pega na perna do Donizete para tirar ele de cima do carro começa a cair Lemas, do telhado, era uma chuva de lesmas, o dono do carro corre para dentro da casa e dono da casa de onde se soltou a telha também foge para dentro da casa dele,  Donizete aproveita mesmo todo machucado e com dor, ele  pula o portão e corre também, mas não consegue ir muito longe porque os ferimentos estavam doendo muito ele para e olha onde ele havia se machucado, ela havia ralado o joelho, o cotovelo, raspado uma parte da sobrancelha e cortado atrás da orelha, ele se levanta e vai andando mancando e no caminho ele encontra o namorado da sua mãe que estava indo comprar cigarro, ele pega o Donizete pela orelha machucada e pergunta para ele.

— O que você está fazendo na avenida, a sua mãe não falou para você não se separar das meninas e o que você aprontou que está todo machucado?

— Eu fui pegar uma pipa ali em uma casa e a telha caiu em cima de mim.

— A sua mãe vai ficar louca quando ele te ver assim todo machucado, vamos embora para casa.

— Ele vai levando o Donizete uma boa parte do caminho pela orelha

— Olha aqui o que eu encontrei lá na avenida.

— Meu deus, o que aconteceu, ele foi atropelado?

— Não, parece que caiu de um telhado.

— Não quebrou nada?

— Aparentemente não, perdeu uma parte da sobrancelha, ralou os joelhos, os cotovelos e machucou até o sovaco, olha esse corte, mas o que fez isso.

— Acho que foi a antena do carro que cai em cima. Diz o Donizete com uma cara de dor.

— Carro, você caiu em cima de um carro? Diz a mãe

— E não amaçou o carro? Pergunta o João.

— Não sei, sai correndo.

— Daqui a pouco vai aparecer alguém reclamando, pedindo para pagar o prejuízo. Diz o João.

— Eu sabia que não podia confiar naquela menina, não sei porque, mas algo estava me dizendo isso.

 — A menina não tem culpa não, você não lembra quando estávamos morando lá no centro e ele andava pelo centro sozinho, junto com aquelas trombadinhas, e o estranho que nunca aconteceu nada, agora aqui.

— Pois é, vamos cuidar desses machucados, vai tomar banho e lava bem com sabão e depois do banho, nós vamos passa mertiolate.

Ele toma banho.

— Vem vamos a sessão de tortura, vamos passar o mertiolate.

— A senhora assopra.

— É lógico.

Ela passa e ele grita.

— Assopra, assopra.

— Pronto bem feito, eu devia era de dar umas cintadas por cima, para ver se você aprende.

— Esse hematoma aqui, no pescoço não é de hoje, isso é um chupão, quem andou te chupando.

— Ninguém, isso foi da pancada mesmo.

— Não sei não, isso não está me cheirando bem.

Nesse exato momento alguém bate na porta.

A Dona Zulmira vai atender a porta e exclama.

— Ah! Você.

— Desculpa dona, eu pedi para a minha amiga cuidar dele um minutinho enquanto eu resolvia uma coisa, como ele está?

— Muito machucado.

— Eu posso ver ele, posso falar com ele?

—O que você quer tanto com ele menina?

— Eu gosto muito dele, como amigo é lógico.

— Ainda bem, porque ele é só uma criança, você viu que um minuto que se descuida o que pode acontecer.

— Eu sei, me desculpa por favor eu preciso ver ele muito.

— Eu em menina que aflição é essa, que desespero é esse para ver ele.

— Deixa a menina vê-lo, ela não tem culpa, foi como eu falei, lá no centro ele fazia coisa pior com aqueles marginais e ela nem existia ainda.

— Tá bom, mas entra aqui.

Ela olha para o Donizete e diz.

— O meu amor, você está todo ralado e perdeu um pedaço da sobrancelha, está doendo?

— Um pouquinho.

A mãe dele olha para o João que olha para ela de volta e faz um sinal com a cabeça querendo dizer: "Deixa os dois juntos", os dois vão para o quarto e deixa os dois ali sozinhos.

— Me dá um abraço, pelo amor de Deus eu preciso te abraçar muito, nossa quando eu fiquei sabendo que você tinha se machucado, pensei que o meu coração iria sair pela boca.

— Me abraça devagarzinho que estou todo ralado, caiu uma telha daquelas de garagem na minha cabeça, não sei como não me matou foi por pouco, porque aquela telha era muito pesada e graças ao carro que amorteceu a minha queda, mas ganhei uma cicatriz no sobaco.

Ela ri e diz.

— Não diz uma coisa dessa: "Se você tivesse morrido" eu não sei o que seria da minha vida, depois que te conheci eu só penso em você e só quero estar com você vinte quatro horas por dia, na minha pouca existência eu nunca senti isso por ninguém e estou morrendo de vontade de te beijar que chega a encher a minha boca de água.

— Pode me beijar.

Ele não precisa falar duas vezes e ela pula nele e o beija muito, com muita vontade parecendo que queria sugar ele, até ele soltar um gemido.

  Aí cuidado com os meus machucados.

— Desculpa, te machuquei?

—Não só encostou no meu machucado.

— Aí eu quero você muito, que te amar muito, não estou me aguentando, a minha xoxota está molhando a minha calcinha, está parecendo que fiz xixi na calcinha, preciso de você.

— Aqui não dá, vamos ficar ali na escada, só me deixa avisar a minha mãe.

— Mãe eu vou ficar aqui na escada sentado ok?

— Na escada e nada de sair daí.

— Tá bom, onde eu iria já está a noite.

— É, mas lá no centro você sumiu independente do horário.

— Tá, tá bom.

Os dois saem pela porta e se sentam na escada.

— Menino o que você fez comigo, estou caidinha por você, a cada minuto parece que o meu amor por cresce, em três dias eu já estou assim, imagina daqui um tempo, eu não vou existir mais, vou respirar você dia e noite.

— O que vocês resolveram da conversa de vocês?

— Que conversa?

— Com o seu namorado?

— Você quer dizer meu ex. Né.

— Você terminou mesmo com ele?

—Terminei, não sinto mais nada por ele.

— Ele parecia bem mais velho do que você falou.

— Na verdade, ele tem dezesseis anos de idade.

— A mesma diferença de nós dois.

— Sim, mas o que tem isso?

— Tudo o que ele tem ensinou, você vai me ensinar?

— Tudo o que ele me ensinou, não serve de nada para nós, o que eu sinto por você ninguém ensina, é uma coisa inexplicável, mas o que for útil para nós eu te ensino sim.

— Só mais uma pergunta.

— O que?

— Nós estamos namorando? Você é minha namorada?

— Você me quer como sua namorada?

— É lógico, mas como nós vamos andar na rua, o que vamos dizer para os outros?

— Que se dane os outros, por mim a gente fica o trancado em um quarto o tempo todo só nós dois.

— Eu te quero agora não estou aguentado mais, vem vamos entrar aqui embaixo da escada, eu preciso te sentir um pouquinho dentro de mim.

— Vamos lá então que eu também já estou excitado.

— Vamos eu fico de cachorrinho em pé e você coloca em mim um pouquinho. Eles entram embaixo da escada, ela coloca a calcinha de lado e levanta a saia, ele a agarra por trás e começam a fazer amor.

   Isso mais rápido, assim aí já vou gozar, aiii, que gostoso, continua, que já vem vindo outro, isso de novo, aí a minha perna ficou bamba.

— Donizete!

— Era a mãe dele o chamando, ele tira rapidamente de dentro dela e solta a calcinha como se não estivesse fazendo nada e diz.

— Estamos aqui mãe.

— O que você está fazendo aí?

— Conversando.

— Tá, mas conversa aqui no degrau onde eu posso te ver.

Eles voltam a sentar no degrau.

A Regina agarra o braço dele e diz.

— Menino você me deixa louca, agora eu estou melhor, eu estava te querendo tanto, que não estava me aguentando, mas agora já estou bem melhor agora e só quero ficar aqui do seu lado assim, só olhando as estrelas.

— Eu também gosto de ficar assim com você.

— O Namorado da sua mãe, falou que você fazia coisa pior lá no centro?

— Eu tinha uns amigos maloqueiros lá, que só faziam coisas erradas, e tinha umas amiguinhas diferentes também.

— Amiguinhas diferentes como?

— Eram putas.

— Putas?

—Sim.

— Eu achando que você era inocente.

—Calma elas nunca fizeram nada comigo, era só amizade mesmo, justamente por isso, eu era inocente e não sabia o que elas ficavam fazendo ali na porta da pensão, e usavam o banheiro da pensão para atenderem os seus clientes.

— Sério que era assim.

— Sim, mas eu tive problema com uma delas, que pegava muito no meu pé e queria me machucar.

— O que aconteceu com ela.

— Vamos mudar de assunto, eu não quero falar sobre isso.

Regina acha estranho e percebe que a fisionomia dele havia mudado.

— Você quer falar do que então.

— De nada só quero ficar quietinho com você.

— Nossa você só tem oito anos.

— Quase nove.

— Que seja, não faz diferença do que eu ia te falar, que você é tão novo, mas já parece tão experiente.

— Regina a mãe está pedindo para você entrar.

— Já estou indo.

— Ela sabia que você iria dizer isso, e disse assim: "fala para ela que é agora", foi o que ela mandou te dizer.

— É não vai ter jeito, eu vou ter que entrar Doni, amanhã eu te vejo assim que acordar, espero que consiga dormir e não sonhe a noite inteira com o você e com aquele homem no cavalo.

— Que homem no cavalo?

— É um homme e duas crianças, eu sempre sonho que estou cavalgando na garupa do seu cavalo junto com ele e nós sempre vamos até uma cachoeira.

— Porque você não me falou isso antes?

— Por que só tive oportunidade agora.

— Vamos Regina, a mãe vai brigar comigo se eu voltar sem você.

— Espera Cátia, deixa ela terminar.

— E o que mais?

— O sonho é sempre o mesmo, nós cavalgamos por campo lindo, só que no começo nós estamos em um cemitério e da cova sai um monte de lesmas.

— Regina eu vou ter que ir aí te buscar?

— Amanhã eu te conto o resto, deixa eu ir, beijo pena que não posso te beijar agora, tchau.

— Tchau Doni, diz a Cátia sendo carinhosa pela primeira vez com ele.

— Tchau!

Ele sobe as escadas e vai direto para a varanda e ainda consegue ver a Regina entrando na casa dela, que olha para trás e o vê na varanda e manda um beijo para ele.

Ele fica pensativo sobre o sonho que ela havia lhe contado e fica pensando, como podia estar acontecendo, o sonho dela ira igualzinho o dele, a única diferença é que ela estava na garupa do cavalo dele.

Eu preciso saber o que mais ela sonhou, preciso de mais detalhes, agora não temos muito assunto para falar, mas vou ter que esperar até amanhã, mas não vou mesmo, vou esperar todos dormirem e vou descer pelo cano do tanque e vou até a janela dela.

Ele pensa isso e parecendo uma transição de pensamento a Regina aparece na janela do quarto dela fazendo sinal para ele, ele olha para ela tentando entender o sinal, e ela faz sinal para ele dizendo que vai deixar a janela aberta.

— Nossa ela leu a minha mente.

E assim como planejado, ele espera a sua mãe dormir e o namorado dela, e na calada da noite ele sai pela varanda e desce pelo cano, pula no tanque e pula no chão ele pula o portão da casa da Regina e vai até a janela dela, olha dentro do quarto e se assusta com o vulto que vai na direção dele.

— Que susto!

— Ficou com saudade meu amor?

Ela diz isso e beija ele.

— Você já estava dormindo?

— Não, não consegui pegar no sono, não consigo parar de pensar em você.

— Eu preciso saber que mais você viu no sonho?

— Deixa eu pular aí para fora, para não acordar a minha mãe.

— Ele a ajuda a pular e se afastam da janela ficando na lavanderia.

— O que você queria saber mais.

— Me conta tudo.

— Deixa eu ver se me lembro, começa assim: Nó estamos em um cemitério olhando uma campa onde tem varia fotos de uma família e de repente começa a sair um monte de lesmas, mas essas lesmas nos transportam para um outro lugar onde eu apareço montado na garupa do seu cavalo, e ao nossa lado estão uma menina e um menino e depois um homem em um cavalo branco se junta com a gente.

—Esse homem usa um uniforme de militar, tipo o que o Napoleão Bonaparte usava.

— Isso mesmo, como você sabe?

— É porque eu tenho o mesmo sonho, só que no meu eu estou sozinho, cavalgando ao lado deles, algumas vezes o sonho muda um pouco, no final, como você falou da cachoeira, as vezes muda para uma mata ou um lugar específico.

— Nossa amor, nós estamos dividindo até os nossos sonhos, o que está acontecendo com a gente?

— Não sei te explicar, mas é algo muito grande muito poderoso.

—Que o nosso amor é poderoso, eu já sabia.

— Nossa ficou muito sério depois que te contei o meu sonho.

— Desculpa é que realmente isso mexeu comigo, achei muito curioso, como pode nós termos o mesmo sonho, igualzinho, você não ficou curiosa também.

— Você tem oito anos, mas é quase do meu tamanho, quando estou descalça, olha as nossas bocas ficam da mesma altura.

— Ela aproveita e beija ele, ele corresponde, a história do sonho deixou ele mais interessado nela.

Ela senta no tanque e o puxa entre as suas pernas e o beija, ela puxa os shorts do pijama de lado e puxa ele novamente com as pernas.

— Adorei isso que gostoso, vai bomba, do jeito que só você sabe fazer, assim.

Ela sussurra no ouvido dele e beija a orelha dele, enquanto ele a penetrava e aquilo o deixa ele louco.

— Aí está me dando aquela coceira, mas dessa vez está mais forte, olha eu gozei saiu um pouquinho de liquido.

— Nossa essa deve de ter sido muito forte mesmo, porque eu gozei juntinho com você bem devagarzinho, que delícia, mas eu preciso voltar para o quarto, eu não queria, mas eu tenho que ir antes que a minha mãe perceba, ah eu não quero.

— Eu também tenho que subir de volta, pelo cano do tanque, só me dá mais um beijo, ela volta para o quarto.

— Vai que eu vou ficar olhando daqui.

Ele consegue subir pelo cano, chega na varanda e olha para ela, que manda um beijo e um tchau para ele.

Donizete Está andando em um grande campo descampado e uma luz muito forte ofusca a sua visão e no meio da luz e avista três silhuetas que estão vindo na sua direção e rapidamente estão ao seu lado, ele as reconhece, era o Coronel e os seus filhos, que rapidamente já estavam ao lado dele.

— Oi você não trouxe a sua amiga? Diz o Coronel.

— Ela é muito legal. Diz o menino

— Eu também gostei dela, ela é muito bonita. Diz a menina.

— Olha lá, lá vem vindo ela. Diz o Coronel.

— Olha como ela é linda. Diz a menina

— Donizete olha para a Regina ela estava toda de branco, estava mais linda do que de costume.

— Oi meu amor, já estava com saudade.

— OI, nossa você está linda demais, assim eu me apaixono, está parecendo um anjo.

Quando ele diz a palavra anjo, acontece uma interferência.

E o coronel vai na sua direção e faz um sinal que não, ele fica sem entender.

— Vamos nos divertir. Diz o coronel.

E como um passe de mágica eles estavam montados em cavalos que cavalgavam, nas nuvens.

Donizete tenta se aproximar do Coronel para perguntar algo para ele, mas ele se distanciava e o cenário muda de repente eles estavam em um lugar muito lindo e a Regina estava abraçada com a cabeça encostada na costa dele, o lugar  era tão lindo que tirava o folego, havia cachoeiras e o céu estava cor de rosa e refletia no lago de onde o vapor das águas formavam um arco—  íris, eles haviam parado os cavalos ao lado de um jardim muito florido e colorido.

— Coronel posso te perguntar uma coisa?

— Sim, meu filho, o que você quer saber?

— Porque eu e ela estamos no mesmo sonho?

— O Coronel olha para ele e olha para ela e diz.

— Por causa do amor.

—Como assim?

— Todas pessoas que te amarem de verdade, estarão protegidas de alguma maneira por nós ao inverso de quem tentar te fazer o mal, onde te defenderemos, e sempre que alguém te amar de verdade as suas almas estarão ligadas para sempre aqui, as suas almas estarão ligadas para sempre aqui, vocês até podem se separar os seus corpos, mas os seus espíritos estarão aqui para sempre, uma vez que o amor esteve presente dentro de vocês, como Adão e EVA.

— Aqui é o Paraiso? Pergunta a Regina.

— Aos seus olhos sim, se é assim que você imagina o paraíso, é o seu Paraiso.

— Quer dizer então que as nossas almas estão condenadas a viverem no paraíso para sempre?

— Depende as pessoas que vocês odiarem, não terão sonhos tão agráveis como este, serão pesadelos terríveis.

— E o que tem além das cachoeiras? Pergunta Donizete.

— Vocês nunca vão saber, porque lá é o oposto daqui, para onde são mandadas as almas dos seus inimigos.

— E o que vocês são?

— Nós somos meios anjos e meios demônios.

— Como assim? Pergunta a Regina.

— Porque nós estamos no meio entre o purgatório e a vida, entre o bem e o mal.

— Mas porquê?

— Porque os meus filhos foram vítimas em vida, e eu aclamei por vingança e nunca perdoei quem fez isso com eles, então o amor que eu sinto pelos meus filhos me dá esse equilíbrio, porque eles são o meu lado bom, mas como eu não perdoei quem fez a maldade com eles, me deixou preso e esse lado é o meu lado negro, que não consigo esquecer e me liga com a vida terrestre e é de onde eu abasteço o lado negro com a alma de quem tenta fazer mal para alguém que protejo como se fosse um filho meu.

— Eu sou como um filho para o senhor.

— Sim, a primeira vez que te vi na minha cova, eu te protegi e ali criamos um elo que não pode mais ser quebrado e agora estamos conectados e eu preciso de você, para poder fazer o bem através de você, mas consequentemente o mal, quando eu precinto que uma pessoa que quer lê fazer o mal e agora eu não sei como resolver isso.

— Aqui onde estamos agora é o purgatório ou o paraíso? Pergunta a Regina

— Aqui é uma parte da minha fazenda no passado onde eu criei um elo com esse menino no tempo dele, só está um pouco mais bonito por causa do seu amor por ele, o seu amor por que deixa tudo assim mais bonito, diferente do outro lado onde o ódio das pessoas por ele deixa tudo mais triste.

— Então esse é o nosso lar espiritual, a partir de agora?

— Sim, mas agora chega de perguntas e vamos aproveitar o Paraiso.

Eles entram na água, Doni e Regina estavam pelados com os corpos nus, as suas roupas haviam sumido, Doni estava tão hipnotizado pela beleza do corpo da Regina que não percebeu que o coronel e os meninos haviam sumido, agora só estavam os dois se beijando no centro daquelas águas cristalinas.

— Acorda Donizete, seu dorminhoco, você já dormiu praticamente a manhã inteira e eu preciso arrumar a sala.

Ele levanta com a sua mãe puxando a coberta, ainda desnorteado com o sonho ele vai até o banheiro, lava o rosto escova os dentes e olha no espelho.

Preciso falar com a Regina.

— Mãe posso sair?

— Não.

— Porque não?

— Porque hoje é domingo e o João comprou um leitão para a gente fazer no almoço e quero que você almoce com a gente, não suma e nem me apareça estrupidado aqui,  e tem mais, você está de castigo por ontem.

— Ah não.

— Ah sim, pode sossegar o seu facho aí.

Ele vai até a varanda e fica olhando para a casa da Regina que aparece no portão e dá um oi e manda um beijo, beijando a mão e assoprando para ele.

Ela vai saindo e chama ele.

— Vem desce eu vou lá na casa da Bete, que ir comigo?

Ele faz sinal que não pode, sinalizando que a sua mãe não iria deixar.

Ela não entende.

— Estou de castigo, minha mãe não quer deixar eu sair, ela escondeu a chave da porta. Fala ele baixinho.

— Que pena, eu precisava falar tanto com você.

— Espera, me espera lá no portão que eu já te encontro lá.

Ele entra tira a roupa de dormir e coloca uma roupa melhor e espera que a sua mãe se distraia e desce pelo cano de água até o tanque, pula no quintal e corre para o portão.

  Vamos Regina, antes que ela perceba.

Eles saem pelo portão e assim que eles saem ela diz.

— Me dá um beijo, estou precisando muito do seu beijo, eu sonhei a noite toda com você de novo, mas essa noite eu senti você mais presente comigo, como se eu estivesse acordada.

— E conversando com o Coronel.

— Sim ele explicou porque estamos conectados agora.

— Que é pelo o amor que você sente por mim.

— Isso mesmo, o seu sonho foi igual.

— Acredito que estivemos no mesmo sonho

— Que loucura que é essa, o que está acontecendo?

— Eu não sei te explicar também demorei um pouco para entender, a minha ligação com tudo isso, eu até sei quando começou, agora como eu envolvi você nisso eu não sei.

— Mas no que exatamente você me envolveu?

— u acho que vou ter que esperar para ver até onde as coisas são reveladas para você, aí eu acho que só aí eu vou poder te explicar melhor, senão você não vai entender e vai ficar com medo e aí eu não sei o que pode acontecer.

Ela fica pensativa.

— Está bem, a casa da Bete é lá embaixo na estrada de terra, vamos logo.

Eles vão de mãos dadas até a casa da Bete.

Chegando lá, estavam toda a família dela, os irmãos dela mais novos e o mais velho também e mais alguns amigos deles.

  Oi para todo mundo.

Tudo mundo responde, mas ficam olhando para o Donizete querendo saber quem era ele.

A Bete o apresenta para todo mundo.

— O que vocês estão fazendo? Pergunta a Regina,

— Estamos aqui conversando e esperando a nossa mãe terminar o almoço, ela está fazendo frango e uma macarronada gigante, ela está lá na cozinha.

   E vocês, o que vieram fazer aqui, eu ia me esquecendo menino, estava preocupada com você pôr ontem, você nos deixou doida, como você desaparece assim e depois me aparece todo machucado.

— Eu conheci dois meninos e fui pegar uma pipa cm eles e acabei me machucando.

— Estou vendo você perdeu até um pedaço da sobrancelha.

— É e por causa disso a mãe dele não queria deixar ele sair e ele saiu escondido agora, se ela souber que estou com ele vai ficar muito brava, porque ontem ela falou que fui eu que deixei ele se machucar, mas foi aí que descobri, que essa pestinha não é tão inocente assim não, segundo a mãe dele, ele vivia com uma galera da pesada lá no centro da cidade e já fez coisas e viu coisas que a gente nem imagina, ele é muito do rodado.

— Mas como assim amiga, ele é muito novo para isso,

— Pois é, é difícil de acreditar, mas pelo o que a mãe dele falou o negócio era barra pesada, que ela nem sabe como ele está vivo, e foi por isso que eles se mudaram para cá.

— Caramba, quem podia imaginar, mas bem que eu senti, que quando nós brincamos com ele a primeira vez, percebi que nada daquilo era surpresa para ele, achei até estranho a naturalidade como ele agiu, agiu como uma pessoa mais experiente, que não se assustou com as nossas sacanagens.

— Agora eu também entendi, como ele aprendeu tão rápido, mas é por isso que a mãe dele não quer que ele saia por aí, para não aprontar.

— Amiga essa semana não vamos ter aula é Carnaval o que vamos fazer?

— Viu Donizete a sua mãe falou que as suas aulas começavam na segunda, mas ela esqueceu que é Carnaval, as suas aulas só vão começar na quinta—  feira. Fala a Regina.

— Vamos na Pedreira nadar, você falou que quando a Regina chegasse, nós poderíamos ir lá. Cobra o irmão da Bete.

— Nadar. Pergunta Doni.

— Não é perigoso e eu não quero me queimar novamente com a mãe do Doni.

— Para de besteira, Regina, não é só porque morreram alguns meninos que não sabiam nadar que vai acontecer alguma coisa com a gente. Fala a Bete

— É mas e o homem que cuida de lá que vive dando tiro de Sal na molecada que invade. Retruca a Regina.

— Vai para de besteira vamos logo, antes que a minha mãe perceba que vamos sair e se fomos rápidos a gente volta antes do almoço. Sugere a Bete.

— Vamos Regina, eu quero conhecer lá. Fala o Doni.

— Está bem, mas se acontecer mais alguma coisa com você, eu estou ferrada.

— Todos comemoram e assim partem para a pedreira onde havia um lago muito perigoso.

Alguns minutos depois.

  Vai Doni sobe, enquanto eu e a Bete fazemos cadeirinha para você conseguir subir.

Ele se agarra na pedra do muro e consegue subir e assim as meninas que eram as mais velhas e mais altas, sobem por último.

— Pronto agora nós temos que ir abaixados, para que o velho da espingarda de sal, não nós pegar.

E assim eles vão abaixados até passar o alcance da vista da cabana do dono das terras onde ficava a Pedreira.

— Pronto agora corre, que já passou o pior. Grita a Bete.

E todos correm até o lago.

— Que legal. Exclama Donizete.

— É mocinho, mas nada de ir para o fundo, aqui é muito perigoso, já morreu muita gente aqui, por causa do poço que tem no fundo e te puxa para baixo, fica só até onde te dá pé.

— Tudo bem, mas como nós vamos nadar, tem um pessoal diferente já nadando.

— Vamos com roupa e tudo, depois a roupa seca no corpo no caminho de casa.

Então vamos logo. Grita o Irmão mais velho.

Assim eles se divertiam, e jogavam água uns nos outros até aparecer três pessoas mal encaradas, dois homens e uma mulher, ele carregavam  caixas de sorvete.

— Se divertindo molecada? Pergunta a mulher.

— Sim. Responde Doni.

— Que bonitinho esse menino, olhem gente que gracinha.

— Você quer sorvete nós acabamos de assaltar uma padaria e roubamos esses sorvetes também, você quer?

— Donizete faz que sim com a cabeça.

— Escolhe aqui, que sabor você quer, pega para as suas amigas também.

Donizete pega os sorvetes sobre o olhar de todos que estavam ali, a mulher passa a mão na cabeça dele e diz, para o resto do pessoal que estava ali nadando.

— O menininho e as amigas deles ganharam de sorvete de graça, mas agora se um de vocês marmanjos que quiser sorvete é só vir chupar a minha buceta que ganha.

A mulher diz isso rindo, com um cigarro de maconha no canto da boca e empunhando um revólver, ela senta na grama abrindo as pernas e diz mais uma vez.

— Quem vai ser o primeiro a me chupar, quero ser chupada, vocês querem chupar sorvete? Então vão ter que me chupar primeiro ou deixo derreter todo esse sorvete e não dou nada para ninguém.

Donizete e as meninas chupavam os seus sorvetes e dividiam com os irmãos da Bete.

Depois disso ficou um silencio e todos voltaram a brincar na água.

Donizete brincava tranquilo e de repente um dos homens que estava com a mulher entra na água e começa a brincar com Donizete, mas ele começa a levar o Donizete para o fundo onde não dava mais pé para ele e o solta

Donizete se desespera e se debatia tentando nadar, mas o homem o afunda dava e afunda a sua cabeça e o segura no fundo, Donizete se debate e rapidamente o homem o solta gritando que todo o lago estava cheio de lesmas.

— De onde veio todas essas lesmas? Gritava o homem.

O homem puxa o Donizete e o joga para o raso, pega a arma e atira várias vezes no lago, derrepente o corpo do homem e puxado para o fundo, para o fundo do poço.

Ninguém tenta socorre-lo, porque todos sabiam que poderiam se afogar junto com o homem e assim o corpo do homem some.

A mulher que estava com ele olha para o outro homem e diz.

— Será que morreu, se morreu é bem feito, quem mandou ir judiar do menino, e além do mais, agora nós vamos poder dividir o dinheiro assalto para dois, vai sobrar mais para nos dois.

— Vamos sair daqui que vai sujar, alguém vai ligar para os bombeiros para vir retirar o corpo e deve de vir polícia junto. aconselha o outro assaltante.

— Ele estava drogado, acho que essa maconha é dás boas, porque foi impressão minha ou ele gritou "Lesmas", que haviam lemas por todo lago?

O homem dá de ombros.

— Vem Donizete vamos sair daqui, vamos embora, sai da água logo!

Donizete sai da água, a Regina pega na mão dele e chama o resto do pessoal.

— Vamos galera, vamos sair daqui.

A patota estava saindo e devido ao que tinha acontecido se esqueceram do velho dono das terras e se descuidaram.

— O que vocês estão fazendo aqui?

As meninas se assustam e não conseguem correr porque o homem estava bem no meio do caminho por onde eles tinham que passar e segura uma espingarda de Chumbinho, que devia de estar carregada com sal.

— Calma moço nós já estamos indo embora. Diz o Donizete.

— Calma uma ova! Eu vou encher vocês de sal, para vocês aprenderem a não ficar entrando nas propriedades dos outros.

Mas antes que o homem atira-se neles ele é surpreendido pela ladra.

— O que você está fazendo com o meu bonitinho, velho louco? Diz a Ladra apontando a arma para a cabeça dele.

— Calma moça, não precisa atirar. Diz o senhor.

— Calma o caralho, você não gosta de assustar a molecada com essa espingarda velha cheia de sal, agora você vai ver como é, uma arma de verdade.

— Me dá essa espingarda aqui!

O senhor entrega a espingarda para ela.

— Agora abaixa a calça e vira essa bunda branca e velha pra mim.

— Calma moça.

— Anda, caralho!

— Faça logo o que eu estou mandando, ou eu vou estourar os seus miolos, o que você prefere?

— Tá bom, mas não atira.

O homem abaixa as calças e vira a bunda para a mulher.

— Bonitinho, segura aqui a minha arma.

O Donizete segura o revolver para a mulher, que pega a espingarda e dá um tiro de sal na bunda do velho, que grita de dor.

— É gostoso? —  Gostou velho filho da puta? —   Viu como doí, espero que tenha aprendido a lição, senão eu volto aqui e agora some daqui, antes que te dou um tiro de verdade.

O homem sai correndo com as calças arreadas tropeçando e entra para dentro do barraco.

— Devolve a minha arma bonitinho.

Donizete devolve a arma para ela que diz para ele.

— Pronto bonitinho agora você pode sair tranquilo que ninguém vai mais atirar sal em vocês. Ela fala isso e dá um beijo na bochecha dele.

A patota pula o muro para a rua e voltam para a casa da Bete.

Mas antes de entrar na casa dela ela pede.

— Não falem nada para a mamãe sobre o que aconteceu, ninguém fala nada, entenderam?

Todos fazem que sim com a cabeça.

 

A mãe da Bete estava na porta da casa.

— Onde vocês estavam? —   Vocês suiram.

— Estávamos andando por aí mamãe.

— Andando por aí é e quem é esse menino lindo?

— É Bonitinho. Diz a Bete piscando.

Todos riem.

— É o meu namorado Dona Rita. Diz a Regina

— Seu namorado, nada boba você, mas ele não é muito jovem para você e para namorar também, quantos ele tem?

— Estou brincando, ele é meu vizinho ele tem quase nove anos só, ainda é uma criança.

— A bom, ele é muito lindo, até eu queria esperar ele crescer para namorar com ele, que coisa fofa. Diz a mãe.

Todos riem.

— Eu preciso que vocês vão buscar algumas coisas na venda, acho que a vendinha daqui já deve de estar fechada por isso vocês vão ter que ir na venda lá em cima na perto da avenida.

Ninguém se manifesta.

— Ninguém quer ir, tá bom, eu ia falar para comprar uns doces, mas já que ninguém quer ir, vou poupar o meu dinheiro.

— Eu vou mãe. Fala o irmão mais velho.

— Eu vou também. Fala o irmão mais novo. Que estava aprontando alguma e carregava uma sacola cheia de ovos.

— Vocês podem até ir, mas eu quero que a sua irmã vai junta para comprar e dividir os doces, se não vocês comem tudo e não deixa nada para ninguém e para não aprontarem nada na rua, porque hoje é carnaval e vocês sabem a bagunça que é e é perigoso.

— Eu vou sim mãe e aproveito para comprar o shampoo.

A mãe dela dá o dinheiro na mão dela e ela sai e atrás dela sai aquela turma e eles vão fazendo bagunça pelo caminho apertando as campainhas, mexendo com as pessoas na rua.

— Que bom que não entramos em casa ainda estamos úmidos e mamãe iria perceber que fomos nadar. Diz a Bete.

— Olhem lá é o Carniça, vamos zoar ele, vamos atacar ovo nele? Diz o irmão mais velho.

Carniça era um bêbado morador de rua, que pelo fato dele não tomar banho ele fedia, a criançada o havia apelidado de Carniça por causa do seu fedor.

— Vamos concorda o irmão mais novo, toma pega uns ovos aqui.  Eles passam por ele e começam a xingar.

— Carniça fedido que não toma banho, carniceiro fedido.

O morador de rua se levanta e eles atacam ovos nele e correm, o Carniça corre atrás deles e todos correm rindo até conseguir despista-lo.

— Pronto despistamos o Carniça, agora vamos jogar ovo nos ônibus. Diz o irmão mais novo.

— Vamos, mas tem poucos ovos, vamos jogar barro, pega essa lata ai desse lixo e vamos enche-la de barro.

Eles enchem uma lata de ferro de barro e ficam esperando na esquina até que um ônibus passe, eles dividem os ovos dando alguns para o Donizete jogar também.

Assim que o ônibus passa por eles, eles bombardeiam o ônibus atacando ovos e o barro sujando todo o ônibus e as pessoas que estavam com a janela aberta.

Eles correm dando risadas e entram no mercado para disfarçar.

— Pronto agora se comportem e vamos comprar o que a mamãe mandou o refrigerante, shampoo e os nossos doces. Coordena a Bete.

   O dinheiro não vai dar para comprar doces para todos nós. Diz a Bete

Donizete concorda e diz.

— Tudo bem, não precisa pode ir lá pagando que a gente já te encontra lá fora, Regina vem comigo!

Ele pega na mão dela e vai até a sessão de doces e coloca alguns chocolates dentro da calção e vai saindo, mas na saída a segurança segura eles e os levam para o depósito.

— Cadê o chocolate que você roubou? Se você não entregar agora eu vou dar uma surra em vocês dois.

A Regina começa a chorar e o Donizete olha para ela e quando o Segurança dá o primeiro tapa nele, a janela do depósito se escurece e o chão e todo do deposito é tomado por lesmas, os seguranças se assustam e se afastam ficando encurralados em um canto do depósito, as lesmas rodeiam o Donizete e a Regina protegendo os dois e abrindo um caminho para a porta deixando os seguranças encurralados em um canto morrendo de medo e sem entender o que estava acontecendo.

O Donizete e a Regina saem andando normalmente do mercado e vão de encontro a Bete e dos seus irmãos que o esperavam um pouco mais adiante.

A Regina estava um pouco confusa.

O Donizete tira os chocolates do calção e divide com todo mundo e a Bete diz.

— Malandrinho, você em, então era esse tipo de coisa que você fazia lá no centro, era disso que a sua mãe estava falando para a Regina?

Ele dá de ombros para ela e enfia um pedação de chocolate na boca e tira um outro pacotinho de chiclete, divide com todo mundo menos com a Regina, ele engole o Chocolate e finge que colocou todo o restante do chiclete na boca.

— Eu queria um chiclete, estou precisando de mais doce para assimilar o que aconteceu. Diz a Regina.

— O que aconteceu amiga? Porque realmente você está branca, está passando bem? Diz a Bete.

— Se eu te contar, você não vai acreditar não amiga.

Donizete interrompe ela e diz.

— Se você quer chiclete, vai ter que pegar da minha boca.

— Isso é fácil.

Ela dá um beijo nele e rouba o chiclete da boca dele.

A Regina fica querendo falar alguma coisa para a Bete, ela estava querendo entender o que estava acontecendo, e queria dividir com a amiga, o Donizete faz com a cabeça que não.

A Bete fica confusa.

— Olhem o Carniça de novo. Grita o irmão mais velho.

O que desvia a tenção da conversa mudando de assunto.

E as crianças passam pelo morador de rua e começam a xinga-lo novamente, só que dessa vez ele corre atrás das crianças mais rapidamente, elas correm dando risada e se distanciam dele, no caminho eles avistam um pé de manga, próximo da estrada onde havia uma cerca de madeira de mais ou menos uns três metros de altura por onde poderia subir, pelas ripas pregadas que formavam pequenos quadrados, que serviam de degraus e assim poderiam apanhar as mangas no alto da árvore.

E a Bete dá uma ideia.

— Meninos peguem algumas mangas verdes para nós comermos depois com sal!

E assim sobem na cerca o Donizete e os irmão da Bete, o Donizete sobe bem mais no alto da cerca para pegar as mangas maiores e os irmãos da Bete ficam no meio da cerca.

O Donizete apanha algumas mangas e joga para a Bete e para a Regina segurarem e se equilibrava na pontinha da cerca enquanto a Regina gritava.

— Cuidado para não cair, não quero ser culpada de novo se você se machucar.

Assim que ela acaba de gritar o Carniça que não havia desistido de pegar eles, e chega próximo deles, a Bete e a Regina correm. O Carniça começa a balançar a cerca de madeira querendo derrubar eles os irmãos da Bete como estava mais baixo eles pulam e correm sem olhar para trás deixando o Donizete na cerca sozinho no alto.

Só a Regina estava olhando preocupada com ele e o Carniça balançava a Cerca, querendo derruba-lo até que cerca dá um estalo de quebrando, mas antes da cerca cair, a cerca toda se transforma em lesmas, umas cruzadas nas outras.

O Carniça olha aquilo e fica confuso e estático e diz:

— Oxi! Que diabo é isso? Que nojo acho que preciso parar de beber.

Como o Carniça havia balançado a cerca com força um pouco antes, a verdadeira cerca se quebra e o Donizete cai por cima dele e depois a cerca cai por cima deles, o Carniça amortece a queda do Donizete, mas mesmo assim ele se machuca, mas se levanta rapidamente deixando o Carniça embaixo da cerca, junto com as lesmas e corre.

— Tira essas coisas gosmenta de mim, eu prometo que paro de beber e volto a frequentar a igreja, mas tiro isso de mim, aí está me mordendo, socorro! Gritava o Carniça.

Já lá na frente quase chegando na casa da Bete, a Regina pede para o Donizete deixar ela ver os seus machucados.

— Meu Deus ontem você havia ralado o joelho esquerdo, o cotovelo sovaco e a sobrancelha, agora você machucou igualzinho do lado direito, até a sobrancelha ficou igualzinha, sem uma parte e machucou também atrás da orelha.

— E sem falar que ele está fedendo e sujo de ovo também, o Carniça passou o cheiro para ele. Diz a Bete.

— Você não pode voltar assim para sua casa a sua mãe vai surtar e me culpar de novo, o que a gente faz? Diz a Regina.

— Toma um banho lá em casa e a gente cuida dos machucados dele. Diz a Bete

Eles chegam na casa da Bete.

  A minha mãe não pode ver ele assim também se não ela vai se preocupar e querer levar ele na casa dele, nossa mas ele está fedido, deixa eu entrar e distrair a minha mãe depois você entram e vão direto para o banheiro e você entra com ele Regina e ajuda ele com os machucados e depois a gente vai para o meu quarto que eu levo os curativos lá, vou pedir para os meninos me ajudarem.

Ela entra e entrega as comprar para mãe na cozinha e pede para os irmãos dela avisarem a Regina e o Donizete a entrarem.

Eles entram e vão direto para o banheiro, já dentro do banheiro, ele tira a roupa e entra no chuveiro fazendo cara de dor dizendo que estava ardendo.

A Regina o ajudava passando o sabonete bem de levinho nas feridas e ela resolve também tirar a roupa para não molhar e entra no chuveiro com ele.

Ela vai passando o sabonete nele lavando e beijando os machucados, ela passa sabão por todo o corpo dele e ele retribui passando no dela, os dois ficam embaixo do chuveiro deixando a água cair e tirar o sabonete e os seus corpos se entrelaçam e fazem amor embaixo do chuveiro.

A Bete bate na porta do banheiro e diz baixinho.

  Sai logo!

Eles se trocam.

— Não coloca essa camiseta não, ainda está fedida, vamos lavar ela e deixa-la no sol para secar, depois a gente a pega, vamos primeiro dar uma disfarçada nesses machucados.

Eles entram no quarto da Bete e elas passam mertiolate e limpam as feridas e disfarçam com maquiagem.

— Pronto agora só falta lavar a camiseta dele que ficou lá no banheiro.

— Eu pego e lavo, mas só uma coisa, porque você também está com o cabelo molhado? Por acaso vocês não transaram no meu banheiro né?

Donizete olha para a Regina que olha para a Bete, e ri.

— Não acredito, vocês dois estão parecendo cachorro no cio, não pode um tocar no outro.

A Bete sai reclamando e pega a camisetea lava e a deixa secando no sol.

A Regina Abraça o Doni e dá vários beijinhos nele e diz.

— Eu te amo de mais, mas não estou entendo o que está acontecendo, eu acho que estou vendo coisas, primeiro lá no mercado, eu vi mesmo o deposito todo se encher de lesmas e nos tirar de lá, depois eu vi a cerca se transformar em lesmas trançadas, aquilo aconteceu mesmo?

Donizete se ajeita e chega mais perto dela e diz.

 Você lembra do seu sonho?

  Sim, lembro.

  Então lembra como começa?

  Com as lemas na entrada da cova.

   Pois é por isso eu falei que seria difícil te explicar, que só depois você iria entende.

— Mas não estou entendendo, o que tem isso a ver com o sonho?

— Esse é o elo que eu tenho com eles.

— Como assim, você está me dizendo que o sonho é real, é isso?

— As Lesmas que você viu não eram reais.

— Sim eram, quer dizer eu acho que era, mas como pode isso?

— Você lembra no sonho quando ele diz que me protege, sempre que alguém tenta me fazer mal?

— Sim, então foi por isso que a Bete, disse que viu lesmas aquele outro dia, ela não estava vendo coisas, ela estava judiando de você e as lesmas ou o Coronel entendeu que ela estava querendo te fazer mal.

— Isso mesmo.

— Mas como ele sabe, onde ele fica.

— Eu acho que está dentro de mim.

— Mas como?

— A uns meses atrás, eu cai dentro de uma cova de um cemitério, aquela que aparece nos sonhos, e fiquei desacordado dentro dessa cova por um tempo e as lesma me ajudaram a sair e acredito que ali foi onde tudo começou, porque depois disso começou a acontecer essas coisas e  o segurança do cemitério me contou toda a história do Coronel e dos seus filhos que haviam sido sequestrados e esquecidos ou deixados para morrer dentro de um barracão na própria fazendo do coronel e os seus corpos estavam cobertos por lesmas.

— Poxa, que história triste, eu vi tudo isso, mas ainda não sei se acredito estou confusa e esse desejo por você que parece que aumenta a cada dia mais que já nem sei mais quem sou, eu só quero você o tempo todo, o que está acontecendo?

— O Coronel explicou para nós no sonho, quando eu perguntei, porque estávamos tão apaixonados, e eu sou tão novo para isso, ele disse em charada, assim: "Vocês são novos, mas o espirito não, o amor de vocês dois não é de hoje, já é caso antigo, vocês estão reparando um erro".

— O que ele quis dizer com isso?  Que nós já fomos amantes em vidas passadas, porque para mim é o que eu entendi, será que é por isso que quando eu te vi pela primeira vez, eu senti o meu coração bater mais rápido e não tirei você nenhum minuto a mais dos meus pensamentos, ou isso é um castigo por algo que te fiz no passado?

— Não sei nós vamos ter que descobrir juntos, porque eu também quando te vi senti uma coisa estranha também.

— O que será agora estou curiosa, como vamos descobrir?

— Nós vamos ter que ter paciência, e nos nossos sonhos tentar perguntar para o Coronel.

A Bete retorna.

   Vem vamos descer e ficar lá embaixo, para a gente almoçar, toma Doni usa uma camisete do meu irmão até a sua secar.

Eles almoçam a mãe da Bete fica olhando para o Doni, percebendo que ele estava diferente da hora que chegou, mas não diz nada.

Eles acabam de almoçar e ficam no quintal.

— Agora a sobremesa, Geladinho e depois manga com sal, essas mangas deram muito trabalho, por isso não vamos desperdiça-las.

— O geladinho vermelho é meu. Diz a Bete separando ele da forma onde estavam todos os geladinhos.

— Eu fico com esse branquinho. Diz a Regina.

 Os irmãos dela pegam na frente do Donizete, deixando um bem mal acabado para ele, mas ele não se importa, mas quando ele fura o saquinho.

— Umm, que delícia é de goiaba.

— Deixa eu experimentar o seu. diz a Regina.

— Agora deixa eu experimentar o seu! Diz o Doni.

— Vai ter que pegara de dentro da minha boca.

Ela coloca um pedaço grande sobre a língua e dá a boca para ele pegar.

Ele encaixa a boca dele com a boca dela e se beijam e no finalzinho ele puxa o pedaço de gelo da boca dela e limpa a boca com o braço.

— Que delícia é de Coco sabor Regina.

Todos riem.

— Nós vamos ter que ir embora Doni, mas não podemos chegar juntos, por isso eu vou na frente e você espera um pouco e entra depois.

Regina entra na vila e dito e feito a mãe do Doni abre a porta para ver se era ele e pergunta para ela.

— Você viu o Donizete?

— Eu o vi empinando pipa com umas crianças aqui na rua de baixo.

— Obrigado, eu vou atrás dele.

Donizete esperava um pouco na rua de onde ele avista o Michel e o Eduardo, ele vai até eles.

— O Menino você está bem? Aquele dia você caiu por cima do carro com telha e tudo, nós pensamos que você tinha morrido.  Fala o Eduardo.

— Nossa, mas você se machucou bastante. Diz o Michel.

— Um pouco, mas esses machucados são de hoje. Diz o Donizete.

— Posso empinar com vocês?

— Sim pode, nós ficamos preocupados com você. Diz o Eduardo.

— Eles brincam com as pipas, Donizete pega algumas pipas e vai guardando—  as no cantinho do muro da vila e corre para voltar para junto dos meninos.

— Nós vamos lá na avenida Cabuçu , ou na antiga linha de trem , você quer ir com a gente, empinar pipa de lá. Fala o Eduardo.

—Vamos, é legal lá?

— Sim, lá tem uma galera que faz as pipas na hora. responde o Michel.

Eles vão andando até a avenida e os meninos alertam o Donizete.

—Você tem que tomar cuidado, aqui nessa avenida ela é perigosa. Dia o Eduardo.

— Uma vez um menino foi atropelado de bicicleta aqui e a bicicleta e o seu corpo foram parar em cima do telhado de uma casa, demoraram dias para achar o corpo do menino. Conta Michel;

— Nossa, foi tão alto assim! Exclama Donizete.

— Sim, foi uma pancada muito forte, porque o pessoal tira racha aqui nessa avenida e eles costumam perder o controle do carro na curva da morte, que é aquela curva ali. Aponta Michel.

— Por isso as vezes nos preferimos ir lá da linha velha do trem. Diz Eduardo.

— Vamos ficar um pouco aqui, se estiver muito perigoso a gente vai de lá. Fala O Michel.

Donizete só acompanhava eles.

Eles começam a empinar, de repente uma pipa bonita vem caindo e o Donizete corre para pega-  la, ele pega a pipa e um home com um fusca verde para do seu lado e diz.

— Me dá essa pipa ai menino, eu vou levar para o meu filho. Diz o Homem.

— Não, é minha fui eu quem a pegou, não vou te dar não.

— Vai menino a temporada de pipa já está acabando, e essa pipa é muito grande para você, vai me dá ela aqui ou eu vou te bater.

Donizete tenta correr, mas o homem dá uma rasteira nele e ele cai com tudo na terra, o Homem pega a pipa e dá um chute nele, Donizete fica com dor no chão o homem coloca a pipa no banco de trás do fusca verde espera o trânsito parar para ele dar a volta e entrar no banco do motorista.

Donizete levanta e olha bravo para o homem.

O Homem arranca com o carro e quando ele estava a alguns metros da curva da morte, o seu carro começa se encher de lesmas, dificultando a sua visão e o controle do carro, o Homem entra em pânico e o seu carro passa reto na curva batendo de frente com um caminhão que vinha na mão contrária, foi ouvido um barulho muito alto e a pancada também foi tão forte que arremessa o homem com banco e tudo fora do carro, a uma altura exorbitante e destruindo o carro por completo, o corpo do homem já cai morto no chão muito machucado a cabeça dele estava rachada no meio.

As pessoas se aglomeram em volta do corpo alguns vão verificar se estava tudo bem com o motorista do caminhão e o Donizete simplesmente vai andando até o resto do fusca olha no banco de trás onde ainda estava a sua pipa, um pouco rasgada e apega de volta e sai andando na direção dos meninos, que estava chocados com o que tinha acontecido.

— Você está bem? Pergunta o Eduardo.

— Sim estou, está doendo um pouco. Responde o Donizete.

— Você viu o que aconteceu com o cara que tentou te roubar a sua pipa, Deus me livre, mas bem feito para ele, quem mandou ele te bater, Deus castiga, se ele não tivesse parado para te tomar a pipa nada disso teria acontecido. Comenta o Michel.

— Vamos sair daqui, vamos lá de onde vocês falaram, acho que vai ser melhor. Diiz Donizete.

— Vamos, mas você com tudo que aconteceu foi lá e pegou a pipa de volta, não ficou com medo? Diz Eduardo olhando para o Michel.

Donizete dá de ombros e atravessa a avenida para o outro lado e diz.

— Vamos logo, onde vocês falaram.

— Que menino estranho. Comenta o Michel para o Eduardo.

Eles atravessam a Avenida e entram na rua de terra que dava acesso no a antiga linha de trem, no meio do caminho eles encontram uns amigos e comentam.

— Vocês viram o que aconteceu, agora aí na avenida?

Nos escutamos o Barulho. Fala o menino mais velho que terminava de fazer uma pipa, os meninos o chamavam de Caca.

Os outros meninos correm para a avenida para ver o que tinha acontecido e o Donizete senta do lado do Caca e fica observando ele preparar a pipa, que pergunta para ele.

— Quem é você?

— Eu sou o Doni.

— Doni, legal. Você é novo por aqui?

— Sim, eu morava lá no centro da cidade. Diz o Donizete.

— E lá não tinha muitas pipas por lá?

— Não, quase nenhuma. Diz o Donizete

— É, mas esse é o último final de semana, já começou as aulas e já estamos no carnaval, semana que vem, você quase não vai ver mais pipas no alto, talvez meias Dúzia de gatos pingados.

— Você gosta muito de pipa?

— Sim eu gosto bastante.

— Legal, eu também, já estou um pouquinho velho para isso, porque tenho mais de dezoito anos, mas isso é um vício eu adoro a liberdade das pipas no ar e gosto de sentir o vento no rosto.

Donizete só concorda com a cabeça.

— Você quer empinar comigo, quer me ajudar.

— Sim.

— Então me ajuda a fazer a rabiola e passara cortante que depois nós vamos empinar lá de cima do morro da antiga linha de trem.

Donizete ajuda o Caca a terminar a pipa, e os dois sobem para o morro onde o Eduardo e o Michel já estavam lá.

  Você sumiu, nós pensamos que você tinha ido com os outros caras ver o acidente.

— Não fiquei ajudando o Caca a fazer a pipa dele.

Os meninos olham para o Caca, que estava com uma pipa bonita com uma rabiola muito grande que diz para o Donizete.

— Vem Doni me ajuda aqui vem empinar comigo e deixa esses manés aí, que depois que a minha pipa subir eu vou cortar eles para irem embora logo.

Donizete segura a pipa para o Caca que puxa levantando ela, a rabiola era tão grande que o Donizete vai guiando a rabiola para ele, Caca vai deixando a pipa bem longe enquanto passava cortante na linha, quando a pipa estava bem longe o Caca, chama o Donizete para segurar a pipa dele para ele lavar a mão do cortante. Donizete segura a pipa e diz.

  Nossa que força, parasse que vai arrebentar a linha.

  A linha é nova não vai arrebentar, mas não faz nada fica parado que eu já volto.

Donizete balança a cabeça dizendo que sim e fica admirando a pipa bem longe, quase perdendo a de vista.

Caca volta pega a lata de linha da mão do Donizete, e faz algumas manobras com a pipa a fazendo descer reto e cortando uma outra pipa bem longe.

— O cortante ficou bom, vem Doni vamos lá de trás para a gente cortar esses manés.

Eles vão para trás do morro, onde o Caca manobra a pipa a direção das pipas do Eduardo e do Michel e dá a linha na mão do Donizete dizendo:

— Toma Doni, agora é só você deixara a pipa subir e quando pegar na linha deles, você só descarrega um pouquinho de linha.

Donizete segue as ordens do Caca e corta as pipas do Michel e do Eduardo.

— Parabéns Doni é isso aí garoto, vão embora, vai seus patos, somem daqui.

Donizete vibra com a façanha, mas fica chateado com os amigos que perderam as suas pipas que vão embora sem falar tchau para ele.

— Deixa esses manés aí, vamos para o outro lado cortar aquelas pipas lá longe, vem me ajuda aqui.

E assim eles limpam o céu e já começava a escurecer, Caca recolhe a sua pipa e pergunta para o Donizete.

  Você quer umas pipas eu tenho algumas pipas lá em casa e como vai acabar o tempo e eu não perdi essa e você me ajudou eu vou te dar elas.

Donizete acompanha ele até a casa dele, mas quando eles chegam, alguns amigos do Caca perguntam para eles se eles não queriam ir no parquinho de diversão novo que estava abrindo naquela noite.

— Sim é lógico. responde o Caca

— Quer vir com a gente Doni, você pode?

Donizete balança a cabeça dizendo que sim, mas na verdade ele não podia e deveria voltar para a casa, mas ele vai com assim mesmo com os meninos até o parque.

De longe eles avistam as luzes do novo parque, Donizete se encanta e se empolga, mas ele não tinha dinheiro.

— Galera pode brincar, o pessoal da escola de Samba está pagando para gente, mas depois nós vamos ter que ir com eles na avenida Tiradentes para ajudar a empurrar os carros alegóricos, combinado? Diz o Amigo do Caca.

— Legal eu já iria para lá mesmo e você Doni, se não quiser eu pego os ingressos para você, mas não precisa ir com a gente não, se não poder ir.

Donizete olha para ele e dá de ombros, como dizendo tanto faz.

Caca pega alguns ingressos e dá alguns para o Doni.

Eles brincam no carrinho de batida, na montanha russa, na Roda gigante, mas o Doni estava evitando de ir no trem fantasma.

— Vamos no trem fantasma Doni?

— Não, não quero não.

— Ih ! — Está com medo?

— Não é isso não.

— Ah fala a verdade você está com medo?

— Está bem então vamos, mas depois, não vai se arrepender.

Diz o Doni.

Eles entram na fila e logo já é a vez deles, eles entram no carrinho e no começo estava tudo tranquilo, pequenos sustos, até o carrinho começa a subir para o segundo andar, que os sustos eram mais fortes, já na subida o Doni se assusta com as mãos que o tocavam na subida como se quisessem pega-lo, na sequencia um lobisomem e um morto vivo passa a mão pela sua cabeça, a parte de cima era pessoas maquiadas e assustavam as pessoas com mais precisão e em um desses sustos Doni se assusta muito forte o carrinho e as paredes se enchem de lesmas, o carrinho passa pela parte aberta no piso superior e todo mundo vê o carrinho cheio de lesmas e o Caca gritando de medo, que chamou a atenção para eles e faz todo mundo olhar  para trem Fantasma, o carrinho volta para a parte fechada e desce com tudo na rampa que dá um frio na barriga, o carrinho chego no final.

Caca sai correndo do carrinho assustado, mas dando risada.

— Nosso esse trem fantasma é muito real, dava para sentir os toques das lesmas na pele, que nojo, era muito real. Fala ele rindo.

Donizete estava olhando para ele e não diz nada, só escuta.

— Olha lá a fila que está formando no trem fantasma depois que nós fomos, acho que gritei demais, fiz propaganda gratuita para eles.  Fala o Caca dando risada.

— Vamos de novo no carrinho de batida porque a fila do trem fantasma está gigante agora e a do carrinho de batida está vazia. Fala o Donizete não querendo ir de novo no trem fantasma.

Eles entram direto no carrinho de bate-bate e se divertem, quando eles saem do carrinho o amigo do Caca o chama para irem para os ônibus que iriam levar a Escola de Samba para a Avenida Tiradentes.

— O que você vai fazer Doni? — Você vai com a gente ou vai embora? — Porque nós vamos voltar muito tarde de lá.

— Eu quero ir, mas estou com fome.

— Isso não é problemas lá na quadra tem uns quitutes para comer antes de partir para a avenida. Diz o amigo do Caca.

— O que é quitutes?

Eles dão risada.

— Quitutes são comidas, sempre tem cachorro quente, refrigerante e cerveja, as vezes tem até churrasco.

— Cachorro quente? Pergunta o Donizete.

— Sim, tem. Responde o amigo.

— Eu adoro cachorro quente. Diz o Donizete.

Eles vão até a quadra, que estava lotada de gente, e na frente da quadra haviam vários ônibus que faziam fila na porta.

Donizete acha tudo aquilo divertido, as pessoas estavam fantasiadas e a batateira da escola ensaiava, era tudo uma grande festa, no quanto da quadra embaixo da marquise haviam várias mesas com muita comida e o Donizete e o Caca, vão direto na mesa, Donizete vai direto no cachorro quente e na primeira mordida se lambuza de molho.

O Caca olha para ele e dá risada.

Os dois estavam famintos e devoram vários cachorros quentes.

As pessoas começavam a entrar nos ônibus e o Caca e o Donizete entram no ônibus com uma parte dos integrantes da Bateria, que foram fazendo batucada pelo caminho até a Avenida.

— Vem fica comigo Doni, para você não se perder.

— Não se preocupa eu conheço bem aqui. Diz o Doni.

Caca olha para ele e acha estranho, mas não pergunta porquê.

— Nós vamos empurrar o carro alegórico que é um Dragão, disse o meu amigo.

Eles entram na concentração da escola que seria a terceira a desfilar.

— Achei, é esse aqui. Diz o Caca.

— Vocês que vão ajudar a empurrar o carro alegórico. Pergunta um homem que estava organizando.

— Sim. responde o Caca.

— E esse moleque aí, vai dar conta, não vamos ter problemas não? Pergunta o homem

— Eu sou forte, dou conta sim.

O Homem olha para ele e anota na prancheta alguma coisa.

Eles esperam algumas por três horas e a escola começa a entrar na Avenida, eles começam a empurrar o carro alegórico.

Donizete estava encantado com todo aquele colorido e fica admirando tudo, olhava para as pessoas na arquibancada, às vezes, quando o carro tinha que parar ele pegava uma serpentina que estava caída inteira e jogava para o alto ou jogava os confetes do chão no Caca, que jogava de volta nele e os dois se divertiam.

Chegando no final do desfile, Doni e o Caca continuavam jogando coisas um no outro e quando eles vão entrar no ônibus de volta, dois homens do juizado de menores, pergunta para o Doni:

— Menino onde estão os seus pais?

— Eles estão em casa porque? Diz o Donizete.

— Porque você é uma criança e não poderia estar aqui sozinho uma hora dessa, por favor nos acompanhe.

O que está acontecendo? Pergunta o Caca.

— O que você é desse menino? Pergunta um dos homens.

— Ele é meu amigo ele veio comigo. Responde o Caca.

— Quantos anos você tem. Pergunta o homem

Eu tenho dezoito anos. Responde o Caca.

Você tem documento?

— Sim. Caca mostra o seu documento.

O policial olha o documento e diz.

— Tudo bem, mas esse menino não poderia estar aqui, no meio de toda essa bagunça, pessoal bebendo usando droga e fazendo até outras coisas, nós vamos ter que leva-lo para a delegacia e de lá para o juizado de menores, caso a mãe dele demore para busca-lo.

— Mas para que delegacia vocês vão levar ele? Pergunta Caca.

— Para a primeira delegacia no centro, na rua Robert Simonsen. Diz o policial.

Eles colocam o Doni dentro do carro e vão embora com ele.

Caca fica sem saber o que fazer, ele não sabia onde o Doni Morava, mas ele pensa rápido.

  Os Mané das pipas que estava com ele hoje à tarde, eles devem saber onde ele mora.

Ele entra no ônibus e chegando no seu bairro, ainda não podia fazer nada porque ainda estava muito cedo para encontrar os meninos das pipas, ele só sabia onde era a rua deles, mas não sabia onde era a casa, então ele decidiu dormir um pouco e mais tarde tentar achar os meninos.

— Caca acorda e a primeira coisa que lhe vem à cabeça e o Doni.

— Preciso ir tentar descobrir onde o Doni mora e avisar a mãe dele.

Ele levanta, lava o rosto, como um pedaço de pão, porque já estava quase na hora do almoço e sai rapidamente.

Chegando na rua onde ele achava que os meninos moravam, ele vê alguns meninos e vai até ele e pergunta.

— Ei vocês sabem onde que mora dois manés que sempre estão juntos empinando pipas, um alemãozinho magrinho e o outro com um cabelo tigelinha

 

— Acho que você está falando do Michel e do Edu. Diz o menino.

— Eu não sei o nome deles, mas eu acho que são esses manés mesmo. Diz o Caca.

— O Edu mora nessa Viela, vai ter uma perua branca Escolar parada em frente à casa dele.

Caca entra na viela e vai andando até uma casa onde havia uma perua branca estacionada na porta, ele aperta a campainha e uma mulher atende a porta.

— Bom dia moça eu posso falar com o Edu.

— O que você quer com ele, você não acha que é muito velho para brincar com ele. Diz a mulher que deveria de ser a mãe do Edu.

— Não, não é nada disso senhora, eu só preciso saber se ele sabe onde mora uma pessoa?

— Meu filho virou posto de informações agora, ele não está saiu com o pai dele e tenha um bom dia.

A mulher fecha a porta na cara do Caca.

Caca fica ali com cara de dúvida e pensa.

  Mulher grossa, acho que vou ter que perguntar para os moleques onde que mora o outro.

E molecada onde morar o outro menino que vocês falaram?

— Ele mora lá naquela casa Marrom. Aponta um menino na direção da casa.

Caca vai até a casa procura pela campainha e não acha, então ele decide bater palmas.

É o próprio Michel que atende a porta.

— O que você quer? Pergunta o Michel

— Lembra aquele moleque que estava com vocês ontem lá na linha do trem.

— O Donizete?

— Isso.

— O que tem?

— Você sabe onde ele mora?

— Eu sei que é aí para baixo, porque ele sempre vem de lá, mas não sei qual é exatamente a casa.

— Putz e agora, mas valeu vou tentar descobrir, valeu!

Caca desce a rua e pergunta pra uma senhora, que vinha subindo, que informa que não, que não conhecia, ele desce mais um pouco e para a sorte dele a Cátia vinha subindo.

— Ei menina por acaso você sabe onde mora o Donizete?

— O Donizete que conheço é um menino. Diz a Cátia.

— É esse mesmo, onde é a casa dele.

— A casa dele é aqui, e a proposito a mãe está louca atrás dele dêsde ontem. Diz a Cátia.

— Pois é eu sei onde ele está.

— Você sabe, vem eu te levo até a casa dele.

A Cátia o acompanha até a casa do Doni, que sobe as escadas e bate na port.

A Regina que estava aflita, olhando do portão dela e vê a irmã entrando com o rapaz que vai na direção dela.

— Quem é ele?

— Ele disse que sabe onde o Doni está.

— Que bom!

A mãe do Doni abre a porta e se depara com aquele rapaz mal-encarado.

— Pois não?

— A senhora que é a mãe do Doni?

— Sim, sou eu, você sabe onde ele está?

— Sei sim, ele está na primeira delegacia lá no centro.

— Delegacia, lá no centro?

— Sim na rua Robert alguma coisa.

— Aí meu Deus, como ele foi parar lá?

— Isso é um alonga história, ele estava com a gente no Carnaval ajudando a empurrar os Carros alegóricos e o Juizado de menores pegou ele.

— Mas como ele foi para lá no Carnaval? Pergunta a mãe.

— Ele entrou no ônibus da escola aqui do bairro e foi parar lá.

— Mas quem levou ele?

— Na verdade, fui eu, ele falou que queria ir junto e acabei levando ele, acho que um pouco é a minha culpa, me desculpa.

— Não, a culpa é dele mesmo, ele fugiu daqui de casa pelo cano de água.

— É ele é muito esperto mesmo, mas a senhora tem que ir logo buscar ele, se não eles vão leva-lo para a Febem.

— Acho que vou pegar um Taxi, ele deve saber onde fica essa delegacia, muito obrigado pela ajuda eu já estava ficando louco, não dormi a noite inteira preocupada com ele, imaginando que alguma coisa pior poderia ter acontecido com ele.

Caca desce as escadas onde na ponta da escada estavam as meninas, tentando entender o que estava acontecendo e em seguida, saí a mãe do Donizete correndo, ela vai até a avenida onde ela pega um taxi.

O Taxista a deixa na porta da delegacia.

  Por favor moço, meu filho foi trazido para cá e eu vim busca-lo. Diz ela para o policial que estava ali de plantão.

  A senhora trouxe Advogado, porque se o seu filho cometeu alguns crime, só com advogado. Diz o policial.

— Crime, não ele não cometeu crime nenhum, porque ele é uma criança.

— AH!!! — A senhora está falando do menino estranho.

— Menino estranho porque?

— Os policias da noite quiseram dar um susto nele para ele tomar juízo e colocaram ele na cela dos presos, os presos foram assustar ele, mas foram eles que acabaram assustados, eles estão gritando até agora, escuta o barulho.

A mãe faz silêncio e aponto o ouvido na direção da parede e consegue ouvir os presos gritando.

— Mas eles estão gritando porquê? — O que aconteceu?

— Não sei, o pessoal falou que eles ficavam gritando: "Lesmas, tira isso de mim socorro, esse moleque é o demônio" e estão gritando até agora, pediram até para chamar um padre, tudo isso causou um tumulto na delegacia essa madrugada, e tiraram ele rapidamente da cela dos presos que estão todos nos cantos das paredes com medo de alguma coisa, que só eles estão vendo.

— Eles gritaram lesmas? A mãe dele fica preocupada, mas não demonstra.

— É, eles ficam gritando isso e chamando o seu filho de demônio, alguém deve de ter dado alguma droga muito forte para eles

— Onde está o meu filho agora? Pergunta ela.

— Ele está dormindo em uma sala separada, a senhora deu sorte que por causa do Carnaval, hoje é ponto facultativo, se não já teriam levado ele para a Febem e não estaria mais aqui.

— E qual é a diferença? Pergunta ela.

O policial fica sem resposta.

— Com quem eu tenho que falar para liberar ele.

— A senhora tem que falar com o Delegado, que fica naquela sala.

— Eu levo a senhora até ele.

— Doutor essa é a mãe do demônio, digo do garoto.

A Dona Zulmira fulmina o policial com um olhar, ela já não estava boa.

— Pois não senhora, então é a senhora a mãe do menino?

— Sim sou eu.

— Senta aqui que eu preciso ter uma conversa com a senhora.

Ela se senta e o delegado diz para ela.

— A senhora sabia que poderia ser presa por abandono de incapaz, deixar uma criança até tarde assim na rua e ainda mais em um local como o que ele estava, onde rolava de tudo.

— Eu não deixei doutor, ele estava de castigo em casa, com a porta trancada e a chave estava comigo, porque ele já havia aprontado no dia anterior, mas foi só eu dar a costa ele fugiu descendo da minha casa que fica no alto por um cano de ferro que desce pela caixa d'água e acaba no tanque na casa de baixo e fugiu, eu estou que nem doida atrás dele deste de ontem, estou sem dormir.

— É onde está o pai dele, não sei senhor eu larguei dele e não quero nunca mais ver ele na minha vida.

— É, criar filho é complicado, se fosse o meu filho eu lhe daria umas boas cintadas.

— Eu acabei de arranjar um novo parceiro que está sendo bastante compreensivo, mas não sei até quando.

— Entendo a senhora, dessa vez passa vou ser compreensivo com a situação da senhora e não vou atua-la, vamos lá buscar o filho da senhora.

Obrigado. Diz a Dona Zulmira

— E tem mais, esse menino tem alguma coisa de diferente com ele mesmo, a senhora precisa levar ele para a igreja, os policias que foram suspensos por tentarem dar um susto nele colocando junto com os outros presos, e aconteceu alguma coisa lá dentro que ainda não conseguimos reverter, quase aconteceu uma rebelião aqui por causa disso, quando foram retirar o seu filho de lá os presos empurraram a porta da cela, eles estavam em pânico e mesmo abaixo de borracha das alguns conseguiram sair da cela e não quiseram voltar para aquela cela, os que ficaram estão nos cantos das paredes e não param de gritar e ninguém consegue tirar eles de lá.

Dona Zulmira estava aflita e já imaginava que realmente tudo aquilo tinha a ver com a presença do filho dela, como na época do colégio.

— Chegamos.

— Eu posso conversar com ele um pouquinho sozinha Doutor?

— Tudo bem eu vou deixar a senhora, conversar com ele sim um pouquinho, sim acho que seria até bom dar umas broncas nele.

Ela entra na sala e fecha a porta, Donizete estava sentado em um poltrona e grita quando a vê.

— Mamãe!!

— Mamãe é, agora você vai ver com quantos paus se faz uma canoa.

Ela diz isso já tirando a cinta dos passantes da calça e vai para cima dele que grita.

  Não mamãe, não me bate!

Ela defere diversas cintadas neles, que se protege com os braços, mas ela estava com tanta raiva que não parava de bater nele e de repente a cinta que ela estava usando para bater nele, se transforma em uma lesma, a sala fica escura e lesmas brotam do teto, do chão e das paredes.

Dona Zulmira olha aquilo e fica assustada e o Donizete vai na direção dela e diz:

  Me abraça mamãe, me abraça, rápido.

Ela o abraça, mas continua a aparecer mais lesmas.

Abraça mais forte e me dá um beijo. Diz Donizete.

Ela fecha o olho o abraça e dá um beijo nele.

Quando ela abre os olhos estava tudo normal.

   Então é isso que acontece, é muito assustador, que susto.

   Desculpa mamãe.

  Tá bom, vamos sair daqui.

Ela abre a porta e o Delegado e algumas pessoas estavam do lado de fora, curiosos.

— Está tudo bem com a senhora? Eles perguntam como se soubessem o que tinha acontecido lá dentro

— Sim, está tudo bem, posso ir e levar o meu filho comigo agora ?

— Sim a senhora pode levar esse De..., esse menino.

Ela sai da Delegacia e faz sinal para um Taxi que passava.

O Delegado e outros funcionários da delgacia, fazem o sinal da Cruz.

— Menino, porque você fez isso comigo, me deixou quase louca, o que você tem na cabeça?

— Não foi por querer mamãe, eu só queria sair um pouco e acabei vindo parar lá naquele lugar.

— E o que era aquilo que aconteceu naquela sala? — Como acontece aquilo? —De onde vem, aquelas les.....

Ela olha no retrovisor e percebe que o motorista estava prestando atenção na conversa dela.

— Em casa a gente conversa.

O Taxi os deixa na porta da casa deles.

Assim que o Donizete entra no portão a Regina vem correndo na direção dele e as outras meninas também.

— Ela o abraça e diz:

— Que susto que você me deu, pensei que tinha acontecido alguma coisa com você.

— Estou bem.

— Onde você estava?

— Estava por aí.

— Vamos Donizete! Chama a mãe dele brava.

— Vai lá depois a gente conversa. Fala a Regina.

Ele vai indo embora sendo puxado pela sua mãe.

Quando eles entram na casa.

O João diz.

— Achou essa peste?

— Não fala assim João.

— Eu falo do jeito que eu quiser, eu estou na minha casa. grita o João com sinais de embriagueis.

A casa é nossa. Diz Zulmira.

— Nossa uma ova, e tem muito mais, se não for do meu jeito, pode ir embora, a partir de hoje eu vou colocar esse moleque na linha.

— Nele você não encosta um dedo. Diz Zulmira e vai para o quarto levando o Donizete para tomar banho ignorando o que o João falava.

— E não dá as costas para mim não. Ele a pega pelo braço.

— Me solta que você está me machucando!

Ele a solta e volta para a sala.

Zulmira dá de ombros e pensa.

— Será que vai começar tudo de novo?

Passado um tempo ela abre a porta do quarto e grita:

— Pode dormir aí na sala na cama do Donizete, comigo hoje você não dorme.

O João já estava dormindo de bêbado.

— Ainda bem que já está desmaiado, eu nunca tinha visto ele assim antes, o que será que está acontecendo com ele?

— Vem filho deita aqui com a mamãe!

Donizete deita do lado dela na cama e ela olha para ele e pensa.

— O que será que está acontecendo com o meu filho, o que foi aquilo que aconteceu àquela hora, o que era aquilo? E só parou quando eu o abracei, coisa assustadora, como pode aquilo?

No dia seguinte, Donizete acorda estranhando o lugar e olha para o lado e vê a sua mãe olhando para ele.

— Bom dia! Diz a mãe.

— Bom dia. Responde ele.

— O que será que você vai aprontar hoje? Pergunta ela.

— Nada ué! Responde ele.

Quero só ver? Vem vamos tomar café.

Eles tomam café e o João estava deitado na cama improvisada na sala estava com uma cara de quem comeu e não gostou.

— Mamãe, vamos ficar sentado na escada um pouco lá fora, não quero ficar aqui dentro, não dá pra assistir desenho.

— Vamos eu também estou precisando tomar um pouquinho de sol.

Eles abrem a porta, saem e a fecha atrás deles e se sentam, mãe no último degrau e o filho no degrau debaixo, na frente dela de costa para ela, no meio das pernas dela.

A mãe acariciava os cabelos do filho, que estava grande precisando cortar, o deixava ele quase parecido com uma menina, por causa do formato do seu rosto angelical.

   Porque não pode ser sempre assim em paz, nessa calma nesse amor, porque sempre tem que acontecer alguma coisa porque não podemos viver em paz, sem bebida, sem briga, a vida é tão simples, mas procuramos sarna para se coçar.

  Eu não procuro sarna para me coçar, eu não sou cachorro.

A mãe dá risada.

— É só uma expressão. Ela diz isso e se cala deixando o silêncio predominar que era possível ouvir o canto dos passarinhos.

Ele deita a cabeça no colo da mãe e fica olhando o céu e brinca de ficar imaginando formas nas nuvens.

— Olha mãe aquela nuvem parece um dragão.

— Aquela outra parece uma rosa. Diz a mãe.

— Aquela parece um elefante. Diz ele.

— Agora eu não estou conseguindo imaginar mais nada só vejo um monte de fumaça. Diz ela

— Essa que é um monte de fumaça me parece algo familiar, espera já sei: Um monte de lesmas. Diz ele.

— Lesmas!! Porque você disse isso, não parece não, espera, sim parece mesmo que estranho se formou agora, porque antes não tinha forma de nada.

— Olha uma pipa caindo vindo do meio dela, deixa eu ir pegar?

— Não você vai sumir.

— Não vou não, se eu conseguir pegar a pipa, eu volto logo para casa.

— Está bem, mas cuidado, eu vou ficar esperando aqui, não demora, mas você está de chinelo.

Donizete tira o chinelo para correr mais rápido e sai pelo portão rapidamente porque a pipa já estava caindo, ele corre rua a cima e a pipa caiu na segunda casa virando a esquina na avenida, onde já haviam algumas crianças querendo pegar a pipa e no meio delas estava o Edu e o Michel, mas eles estavam com medo do cachorro da casa.

— Donizete sobe na grade e o cachorro vem na sua direção, mas assim que ele olha para os olhos do Donizete, sai chorando e corre para a sua casinha.

As outras crianças acham aquilo estranho, mas ninguém diz nada.

Donizete pula a cerca entra na casa e pega a pipa, ele enrola a linha e a rabiola, quando ele olha para o lado da escada ele vê uma piscina rasa, que não era uma piscina era um aquário de chão e estava cheio de peixes e na parede havia uma imagem de uma santa, vestida de azul claro.

Donizete fica encantado com a beleza daqueles peixes vermelhos e dourados e fica ali admirando-os, mas a vontade de só ver passa e ele quer pegar um peixe para ele, ele avista uma lata no canto do jardim ao lado do aquário, ele a apanha e entra dentro do aquário, tenta pegar um dos peixes e vai cercado os peixes até conseguir encurralar um em um canto do aquário e colocá-lo dentro da lata.

— Peguei um bonitão.

O barulho das crianças na frente da casa, chama a atenção do dono da casa que sai para ver o que estava acontecendo e se depara com o Donizete dentro do aquário e grita.

— Saí daí menino, você vai matar os meus peixes e o homem joga um pau no Donizete, que o acerta e o deixa com raiva e o aquário fica repleto de lesmas se debatendo como peixes.

O homem não acredita naquilo, se assusta, mas grita:

  Crê Deus pai, Deus tem poder.

As Lesmas desaparecem.

Donizete aproveita e corre largando a pipa para trás, mas levando o peixe dentro da lata; ele corre até a sua casa e avista a sua mãe no alto da escada ainda.

  Olha mamãe que lindo, olha que bonito.

   Onde você pegou isso menino?

   No aquário da casa onde caiu a pipa.

— Isso não está certo, você precisa devolver, ele não vai sobreviver nessa lata, ele precisa de mais oxigênio.

Assim que ela acaba de dizer isso aparece o dono da casa do aquário no portão, seguido pelos meninos.

  Moça eu posso entrar.

— Sim moço, o que você deseja?

— Eu só quero o meu peixe de volta, que o filho da senhora pegou.

— Está vendo Donizete, o menino, um minuto que sai já arruma confusão.

João escuta a conversa e sai na porta.

— O que está acontecendo?

— Nada não senhor, só o menino que pegou o peixe do meu aquário, mas já estamos resolvendo.

— Esse moleque já está aprontando logo cedo.

— Calma senhor, não precisa ficar bravo com a criança, eu posso conversar com vocês.

— Sim, claro. Diz o João.

— Esse peixe é do aquário da minha santa Iemanjá, por isso eu preciso levar ele de volta, eu até trouxe a pipa do menino para ele não ficar triste, mas aconteceu alguma coisa muita estranha lá agora.

— O que que aconteceu? Pergunta a mãe do Donizete.

— Na hora que ele estava no aquário eu me assustei e pensei que fosse um menino maior e joguei um pedaço de pau nele, mas depois eu percebi que era uma criança eu me arrependi.

— Mas o que foi que aconteceu de estranho? Pergunta o João já imgainado o que o home iria falar.

— O aquário se encheu de bicho, pareciam lesmas e quando eu roguei pelo meu Deus, eles sumiram e acredito eu, que isso aconteceu por que o menino estava dentro dele, o que me leva a crer, que tem alguma coisa de ruim com este menino.

— A Zulmira olha para o João que olha para o Donizete que olha para o homem, que diz:

— É pelo olhar de vocês, vocês já sabem, eu sou um médium e queria ajudar vocês, vocês me deixariam ajuda-los, se vocês quiserem, nós podemos ir lá na minha casa onde eu tenho o local sagrado onde podemos estar verificando isso, para melhor entender e ajudar o menino, não se preocupem, não vou cobrar nada é de graça, só quero ajudar.

— O que você acha João?

— Por mim tudo bem.

— Então vamos, só me devolve o meu peixe, que eu preciso colocar ele rápido no aquário antes que ele morra, ele é de uma espécie muito rara, por isso o menino ficou encantado com eles.

Donizete entrega a lata com o peixe para o homem, que lhe devolve a pipa.

— Só vou fechar a porta. Diz João

— Me dá a pipa que já aproveito e guardo para você Donizete.

Ele sobe coloca a pipa na sala, fecha a porta e todos vão com o homem até a casa dele.

Chegando na casa do Homem, ele rapidamente devolve o peixe para o aquário.

   Venham me sigam, a mim desculpe eu não me apresentei, eu me chamo Wagner, o Senhor se chama João como eu escutei e senhora?

   Zulmira. Diz ela.

— Dona Zulmira, eu tinha uma tia que se chamava Zulmira, e menino aqui, como se chama?

— Donizete, mas pode me chamar de Doni, a minha namorada me chama assim.

— O Doni tem uma namorada? Mas você, não é muito jovem para já namorar?

— Eu sou jovem e ela também, mas o Coronel disse que o nosso amor já antigo.

— Interessante, venham entrem e se sintam à vontade, o meu local sagrado fica lá atrás, venham me sigam.

Eles entram em quartinho uma edícula usada como um santuário, haviam muitos santos ali e diversas velas acesas e um espaço vazio no meio do quarto.

— Vamos nos sentar aqui no centro e nós concentrar, ele acende algumas ervas misturadas em um vaso, de onde ele retirar um liquido e oferece a bebida para todos e pede para o Donizete dar um pequeno gole, agora eu preciso de total silêncio de vocês.

Eles ficam em silêncio e entram em transe.

O Wagner está sentado em frente a uma represa e tem uma vara de pescar na sua mão, ao seu lado está o Donizete também pescando o do seu lado direito tem um homem vestindo uma farda de Coronel e ao seu lado tem duas crianças e ao fundo deles estão alguns cavalos, ao lado do Donizete também tem uma menina e o Homem vestido com a farda fala.

— Você é bemvindo, podemos ficar pescando o dia inteiro, se você for amigável, mas caso contrário podemos te afogar neste lago, o que você quer aqui?

— Estou querendo ajudar está criança e me desculpe, se fui grosseiro entrando aqui sem pedir licença. Diz Wagner

— Gostei do senhor, é educado e está querendo ajudar o nosso filho adotivo, e como você pretende ajuda-lo? Pergunta o Coronel.

— Eu estou querendo entender o que está acontecendo?

— Você quer entender o que está acontecendo? Pois bem, o senhor sabe onde o senhor está?

— Acredito que seja uma espécie de purgatório.

— É um pouco mais complicado que isso, o senhor está no meio do nada e ao mesmo tempo no meio de tudo, o senhor só chegou aqui, porque é convidado do meu filho adotivo, que tem acesso aqui e permitiu que você o seguisse.

— Mas como isso é possível? Pergunta Wagner.

— Não é possível, nós só estamos permitindo que você se junte a nós, porque precisamos de soldados, que lutem contra a injustiça e já que você quer ajudar o nosso melhor guerreiro o nosso filho adotivo, agora você é um de nós e ganhara um presente ou uma maldição, tudo vai depender dá fome de alma ou dá vdia que o senhor vai levar.

— Mas do que realmente fazemos parte agora?

— Nós somos os injustiçados e fomos muito machucados na vida terrestre, onde nós causamos muita dor e por isso, nós não somos nem anjos e nem demônios, por que nós temos um lado bom, mas também temos o nosso lado mal, foi como eu lhe falei a vós misse, neste momento estamos desfrutando do lado bom das coisas, podemos aproveitar e ajudar, mas também podemos ser meros ajudantes de escravizadores de almas.

— A vara do Coronel fisga e ele tira um peixe imenso da água.

  Está vendo, olha que maravilha de peixe, esse é o lado bom enquanto não precisarem de mais almas, porque caso contrário.

O peixe se transforma e uma serpente e tenta atacar o Wagner.

— Todo lado bom tem o seu lado mal, por isso, de agora em diante só depende de você, que lado você quer servir, esse que é semelhante com um paraíso terrestre, ou aquele lado escuro lá no fundão está vendo, lá, nós não entramos lá, nós só entregamos as almas no meio do caminho e voltamos, porque quem entra lá, não sai mais.

— Mas para que eles precisam das almas? Pergunta o Wagner.

— O que você acha que mantem tudo isso que você está vendo?

— Almas? Responde o Wagner.

— Não, é o poder, a alma é só um escravo que mantém esse poder.

— Mas como? Pergunta Wagner

— Eu também não sei essa resposta, porque eu ainda estou aqui, porque não sei essa resposta e tive sede de vingança, para se vingar dos homens que fizeram mal aos meus filhos e quis me vingar do mundo, porque não sabia quem fez mal para os meus filhos e assim a única coisa que eu preciso saber, é que tenho o livre arbítrio para escolher os meus soldados caçadores de almas.

— Mas o que o menino tem a ver com isso?

— Esse menino é a reencarnação de uma pessoa que foi muito importante, para mim, uma pessoa que sempre esteve comigo, sempre ao meu lado, uma pessoa que era como um filho também, por ser o caçula.

— Seu irmão? Diz O Wagner.

— Sim, eu consegui atrair ele até a campa da nossa família, onde agora eu vou precisar que você também vá lá para saber quem somos ou melhor quem fomos, o menino sabe onde fica e lá você vai encontrar muitas informações que irá ajudá-lo a nós ajudar, eu fiz isso com o menino, eu o atraí até a nossa campa depois que ele reencarnou, porque ele não sabe mais quem ele é, e eu preciso de uma informação que só ele sabe, mas eu também preciso da menina que está ao seu lado.

— O que tem ela?

— Ela é a reencarnação da esposa dele, que foi assassinada, porque as pessoas que fizeram isso, a sequestraram e queriam dinheiro para pagar pela vida dela, o meu irmão deu tudo que eles pediram e o assassinos a devolveram morta, o meu irmão jurou vingança e acabou sendo morto em uma emboscada, depois disso esses mesmos assassinos, pegaram os meus filhos e fizeram o mesmo com eles.

Eu entendi que ele é seu irmão, mas acredito que tem algo a mais, porque você precisa dele.

— Porque ele está reencarnado e porque ele sabe quem são os assassinos e só quando encontrarmos esses assassinos poderemos descansar em paz e seguir o nosso caminho.

Wagner fica sem resposta e sem pergunta.

— Você quis se envolver, agora está envolvido com nós e vai nos ajudar a encontrar esses assassinos, como estamos no meio de tudo entre o mal e entre o bem e precisamos ficar mais tempo nesse meio e você vai nos ajudar, a salvar almas ou enviando almas para que possamos pagar o lado que não podemos entrar, para poder ficar aqui e ter esses poderes de julgamento, decidindo quem vive e quem morre.

— Agora chega de perguntas e não se esqueça, podemos te fornecer peixes ou serpentes.

O coronel diz isso e o Wagner vai parar no meio do lago, onde parecia que estava se afogando.

Ele desperta do transe e a Zulmira e o João estava jogando água nele.

  Porque vocês estão me jogando água?

— Você começou a gritar: "água, água", não sabíamos como te dar água então jogamos em você. Diz o João.

Donizete volta do transe.

— Você está bem?

— Sim.

— Mãe o caso é mais complexo do que a senhora possa imaginar, tudo que te peço nunca confronte ele, por enquanto eu não sei o que fazer, agora também estou selecionado e preciso aprender mais sobre isso, mas por enquanto eu vou precisar de um tempo, para tentar descobrir algumas coisas e depois que eu fizer isso eu entro em contato com vocês.

   Só mais uma coisa, quem era a menina que estava ao seu lado agora Doni, como ela te chama?

— Era a Regina. Donizete diz o nome dela e olha para a mãe dele que estava confusa.

— Essa menina também é importante, por isso nunca a separem do Donizete pais.

O João e Zulmira estavam sem entender nada do que estava acontecendo, mas concordam balançando a cabeça.

Eles agradecem o Wagner e voltam para casa, assim que eles entram no portão do quintal a Regina estava ansiosa aguardando por eles.

— Posso falar com a Regina, mãe.

— Ah!!  Essa menina que é a Regina que o Wagner estava falando, eu não tinha associado ao nome à pessoa, agora entendi tudo; sim é claro que pode depois que o Wagner falou.

Doni vai de encontro dela e a Zulmira e o João sobem as escadas e entram.

   O que aquele homem queria com você?

   Ele queria muita coisa e descobriu muita coisa, quando eu te contar você vai ficar de queixo caído.

  Então me conta logo, pô.

  Como eu vou te contar isso, por que você acha que o amor que você sente por mim é tão forte e o que eu sinto por você também?

— Foi revelado em nossos sonhos que reencarnamos, não é isso?

— Sim, mas quem nós fomos é que faz toda diferença agora.

— E quem nós fomos?

— Eu fui irmão do Coronel e morto pelos mesmos assassinos que mataram os filhos dele.

— Nossa que loucura, não pode ser verdade.

— Acredite.

— E eu fui o que de você?

— Irmã também? Pergunta e responde ela.

— Não, você foi minha esposa.

Regina fica muda olhando para o Donizete, procurando achar uma palavra para comentar e diz, ainda sem acreditar.

— Como assim, me explica isso direito.

— Você foi minha esposa e foi sequestrada também pelos mesmos assassinos que me mataram e mataram os filhos do Coronel, mataram você também.

Novamente Regina ficar de boca aberta e sem reação novamente.

  Não fica chocada não, deixa de contar o resto, você havia sido sequestrada pelos assassinos e segundo o coronel o irmão dele, eu no caso, paguei pelo seu sequestro, cumprindo com a minha parte, mas eles não cumpriram com a deles e te mataram, o que destruiu o irmão do coronel , que não descansou enquanto não encontrou os culpados, mas antes deles vingar a sua morte, eles o mataram primeiro, antes que ele pode—  se se vingar.

   Nossa eu não sei o que dizer, não podia imaginar uma coisa dessa até você aparecer na minha vida, eu era uma menina que morava em uma casa simples de aluguel no fundo de uma vila, nunca iria imaginar uma coisa dessa.

  O Coronel, falou também para o Wagner, que só eu sei quem era esses assassinos e eles só vão descansar quando conseguirem se vingar da alma desses assassinos e é aí onde eu e você entra, porque você também sabe quem eram, porque os filhos deles não viram os rostos deles.

— Porque quando foram sequestrados os homens estavam  encapuzados e depois os abandoaram para morrer no barraco.

   Eu não acredito em nada disso, tudo isso é uma loucura, aquele homem está se aproveitando e inventado tudo isso, ele deve ter te hipnotizado e arrancado um pouco das histórias do seu sonho.

   Não você estava no meu sonho também e você viu uma parte disso que ele está falando, nos nossos sonhos.

   Eu sei, mas ainda não acredito em nada disso.

   Você viu as lesmas no mercado e na cerca.

   Eu sei, mas tudo isso é loucura.

A conversa deles é interrompida pelo João.

— Donizete vai lá no mercado buscar cigarro para mim e traz também duas garrafas de cervejas e uma garrafa de pinga, pega aqui o dinheiro a sacola com as garrafas e toma cuidado para não quebrar no caminho.

— Vamos comigo Regina?

— Vou sim.

Eles vão de mãos dadas até o mercado e compram o que o João mandou e no caminho de volta, Doni tira um pacote de chocolate do calção e diz.

   Quer um pedaço?

   Eu não acredito, você é uma trombadinha mesmo e nem vi que horas que foi que você pegou isso, mas me dá um pedaço.

   Você vai ter que pegar da minha boca.

— Isso é fácil, vou roubar duas coisas gostosas ao mesmo tempo, chocolate e o seu beijo.

Ela coloca a sua boca com a dele e dá um beijo nele e rouba o pedaço de chocolate da boca dele.

   Um que delícia, quem rouba ladrão tem cem anos de perdão.

Eles voltam para casa o Donizete entrega as bebidas e o cigarro para o João.

A sua mãe avisa que o almoço estava quase pronto, que não era para ele demorar.

   Ele desce e a Regina estava sentada no último degrau da escada.

   Pronto sou todo seu.

   Sabe o que eu estava pensando, com essa história toda eu me esqueci de perguntar para você onde você foi parar ontem.

Ele olha para ela coça a cabeça e diz.

   Depois que você entrou eu quis esperar na rua um pouco mais, mas me empolguei e esqueci de voltar para casa, fui brincar em um parquinho de diversão novo e depois fui para lá no centro nos desfiles das escolas de samba e lá eu fui pego pelo juizado de menores, quase fui parar na Febem.

  Meu Deus! Que susto me dá um beijo, na verdade eu devia te dar uns tapas, mas vocês está aqui agora e só quero te aproveitar, ela o beija e uma voz ecoa alguma coisa.

   Parabéns você terminou comigo para ficar com esse pirralho. Diz o Ex. Namorado da Regina.

— O que você quer aqui?

— O que eu quero aqui? Eu vi vocês dois com pouco vergonha e se beijando no meio da rua e segui vocês, eu não acreditei no que vi, mas confirmei agora, eu não acredito que você me deixou para ficar com uma criança.

— Não fala o que você não sabe e que nunca vai entender, você não sabe nada de amor, você só queria se aproveitar de mim, tirou a minha virgindade e só me machucava, você pensava que um pinto grande é tudo é não me fazia um carinho só colocava essa coisa em mim e me machucava eu nunca gozei com você, só sentia dor, não sentia nenhum prazer com você  e não te amava eu achava que te amava, porque não conhecia o amor de verdade, amor não é só sexo, amor é espiritual, são duas almas que nunca se separam.

— Nossa que palavras lindas, você está vendo muita novela, para de besteira e vem comigo, vamos conversar em outro lugar.

— Eu não vou em nenhum lugar com você, você deve de estar na secura e veio atrás de mim para querer tiram uma casquinha, não sou sua puta e não quero mais nada com você já te falei, eu amo o Doni e o nosso amor é mais poderoso do que você possa imaginar.

— Para de besteira e vem comigo.

Ele a pega pelo braço e começa a arrastar ela, ela se defende dando socos nele, Donizete pega um pedaço de pau e dá uma paulada nele, ele se vira e solta a Regina pega o pau e corre atrás do Doni que corre para o fundo da vila e sobe no muro.

O rapaz corre atrás e sobe no muro atrás dele também e o encurrala entre o muro e a parede e do lado direito do Doni era um corredor que não adiantava ele tentar correr por ali e dó seu lado esquerdo era alto e no quintal haviam os dois cachorros da raça Dobermann.

O rapaz continua indo na direção do Doni rindo.

— Agora você vai ver Pivete, vou te dar uma surra.

Mas ele estava enganado quem iria levar uma surra era ele e do corredor começam a brotar lesmas e subir no muro na direção dele que pensa e voltar, mas quando ele se vira a Regina estava atrás dele e mais lesmas brotavam formando uma onda para cima dele o derrubando do muro do lado mais alto onde haviam os dois cachorros ele bate com a cabeça e desmaia e os cachorros o mordem pegando no pescoço, matando-o.

Donizete olha para a Regina que estava com uma fisionomia diferente e olha para cima de onde a sua mão o observava da varanda e ela havia visto tudo.

Donizete pula do muro no corredor e vai na direção da Regina que estava em choque e dizia.

— De onde veio isso? —  Eu não sabia que podia fazer isso.

— Vem vamos sair daqui antes que a Polícia chegue.

— Faz o seguinte entra na sua casa e fica lá, não comente com ninguém.

A Regina entra para a casa dela e o Donizete volta para a casa dele.

Quando ele entra a sua mão olha para ele e olha para o João que terminava de beber a segunda garrafa de cerveja e um copo de caipirinha, a sua mãe lhe chama no quarto e pergunta:

   O que foi aquilo, eu consegui ver também aquele monte de lesmas, mas agora não era comigo, por que aconteceu isso?

  Eu acho que foi por causa do contato que a senhora fez na casa do Wagner e agora deve de estar com o Don também.

A Conversa deles é interrompida pelo João que já estava de fogo.

  Estou com fome, para de cochichar aí e vem terminar o almoço logo.

A mãe do Donizete olha para ele e volta para a cozinha, ela coloca a comida na mesa e os três se sentam para comer.

— Donizete você precisa tomar juízo, você já é um homenzinho e agora tem uma grande responsabilidade, precisa parar com essas pipas e começar a fazer alguma coisa útil.

Donizete se servia com a comida e estava dando de ombros para o João, que dá um tapa no prato de comida dele e grita.

  Eu estou falando com você, você tem que me respeitar e prestar atenção enquanto eu falo.

— Você não é o meu pai!

João dá um tapa no Donizete e o joga no chão, Donizete se levanta e chuta o saco dele e corre para o banheiro.

O João vai atrás dele e esmurra a porta.

Donizete o xinga:

  Seu veado!

— João arromba a porta e se assusta com o que ele vê, ele fica parado na porta do banheiro olhando para dentro a Dona Zulmira vai até ele e olha para ver o que ele estava olhando e diz:

   Vai lá! Entra lá! você não é machão?

O banheiro estava todo tomado por lesmas, que não se via nada dentro do banheiro as lesmas formavam uma segunda porta no banheiro.

João fica com medo e corre para o quarto e se enfia debaixo das cobertas.

   Pronto pode sair Donizete ele não está mais aqui.

No momento que ela falava isso alguém batia na porta.

Ela abre o vitro da porta e se depara com dois policiais.

— Boa tarde senhora, nós podemos falar com a senhora um minuto?

Ela abre a porta.

— Pois não, pode falar.

— A senhora notou algum movimento no fundo da viela, nós percebemos da casa da vizinha lá do fundo que a senhora tem uma varanda que dá a vista para o quintal da casa dela.

— Não porque o que aconteceu?

— Os cachorros dela mataram um bandido que pulou no quintal dela, mas ele não estava armado e estamos investigando o que aconteceu?

Eu ouvi os cachorros latindo um pouco mais cedo, mas eles latem o tempo todo, achei que não fosse nada.

Ok, então, minha senhora, desculpe incomodar.

Ela fecha a porta e olha para o Donizete e gesticula com as mãos.

  Quem era aquele rapaz?

  Era ex—  namorado da Regina.

   Mas o que aconteceu? Aliás eu vi o que aconteceu, mas porque ele estava querendo te pegar?

  Por causa da Regina, ele estava com raiva porque ela trocou ele por mim.

  E agora a polícia está investigando, é lógico que não vão encontrar nada, mas eles vieram perguntar aqui, essa foi por pouco, vamos terminar de almoçar nos dois em paz agora.

— Posso ir empinar pipas depois do almoço mamãe?

— Pode, mas não vai longe.

Ele acaba de almoçar e sai para a rua e fica no portão olhando as pipas, uma pipa cai na construção em frente à casa dele ele corre e a pega e a deixa no canto do muro, porque logo em seguida estava caindo outra pipa, só que essa cai em cima da fábrica, ele sobe na fábrica pelo mesmo caminho do outro dia, só que essa pipa caí no chão da fábrica, ele escuta barulho de maquinas funcionando, mas entra assim pensando que devido ao feriado não teria ninguém trabalhando, mas para surpresa dela estava tendo um plantão justamente dos homens que outro dia tentaram pegar ele. Ele corre pega a pipa e assim que ele tenta voltar ele não consegue subir no muro de volta devido à altura do muro e um dos operários o agarra.

  Olhem quem eu peguei o garoto do outro dia que quebrou o nosso telhado e agora o que a gente vai fazer com ele?

  Vamos amarar ele e encher ele de graxa. Fala um dos operários

  Não vamos jogar ele dentro da caldeira. Fala um terceiro operário.

Eles agarram o Donizete e fingem que vão joga-lo na caldeira para colocar medo nele, mas eles não imaginavam o que poderia acontecer.

Eles chegam bem perto da caldeira que o rosto do Donizete começa a esquentar e queimar e neste momento a Caldeira começa a fazer um barulho e os operários estranham aquele barulho que a caldeira nunca havia feito, e daquele barulho que vinha de dentro dela começam a pular lesmas pegando fogo, a caldeira se enche de lesmas até abafar todo o oxigênio e apagando o fogo temporariamente, a pressão dentro da caldeira continua a aumentar e a sirene de emergência soa.

Os operários correm para a rua e o Donizete corre atrás, assim que ele sai pelo portão as lesmas somem da caldeira e a pressão volta muito forte explodindo a caldeira e grande parte da fábrica.

Donizete desce a rua em direção a sua casa e entra dentro de casa para ficar quietinho como se nada tivesse acontecido.

E na rua era ouvido barulho de sirenes de bombeiros e ambulâncias, carros de reportagens chegam junto com os Bombeiros.

O que está acontecendo na rua? Fala Zulmira.

Eu escutei uma explosão, você não ouviu? Fala o João.

Eles vão até o portão e olham para cima da rua onde estava toda interditada, eles voltam e ligam a televisão no momento que entrava a chamada de emergência.

  Boa tarde, estamos aqui em frente a uma fábrica que acabou de explodir, estamos aqui com alguns operários que estavam de plantão e Graças a Deus, eram poucos funcionários que estava trabalhando hoje na fábrica e aparentemente todos saíram ilesos, vamos conversar com alguns deles.

— O que aconteceu, o que originou essa explosão? Pergunta a repórter.

— Estávamos trabalhando normalmente e de repente a caldeira começou a fazer um barulho e começou a cair alguns bichos de dentro dela pegando fogo e logo em seguida o alarme sou, nós corremos e a caldeira explodiu. Fala um dos operários.

— O senhor sabe dizer que tipo de bicho era esse? Pergunta o repórter

— Pareciam cobras, mas era menor, acho que eram lesmas.

— Ele disse lesma? Afirma o João.

— Donizete!! O que você aprontou dessa vez? Grita a mãe dele

— Eu só fui pegar uma pipa que caiu lá.

— Pipa? Você e essas pipas, o que eu vou fazer com você menino?

— Deixar você de castigo não adianta, eu acho que vou levar você para morar com o seu pai, os meus irmãos vieram me dizer que ele está te procurando e querendo te ver, acho que vou fazer isso.

— Isso, boa ideia Zulmira. Fala o João

— Você fala isso porque para você é muito cômodo, ele não é o seu filho né.

— Justamente não sou obrigado a ficar aturando ele e não suporto mais essas pipas esparramadas pela casa. Ele fala isso e começa a quebrar e rasgar s pipas.

— Não faz isso. Grita o Donizete enfrentando o João, que o arremessa na parede, ele volta e morde a perna dele e corre para a varanda e desce pelo cano e corre.

Quando ele sai na rua e dá de frente com a Regina que tinha ido ver o que estava acontecendo na fábrica.

   Onde você está indo fujão? Diz a Regina.

   Não sei, só quero sair daqui.

   Vamos lá nas meninas, porque nós temos muito que conversar.

— A polícia foi lá em casa perguntar para a minha mãe se ela tinha visto alguma movimentação, por causa do meu ex. Fala a Regina.

— Eles foram lá em casa também e a minha mãe falou que não viu nada, apesar de ter visto. Fala Doni.

— Como assim ela viu?

— Depois do encontro com o Wagner ela consegue ver tudo que está acontecendo agora, ela consegue até ver as lesmas.

— Sério, então ela viu tudo o que nós fizemos.

— Viu, mas não falou nada.

— Que bom.

— É, mas eu tenho uma má notícia para você.

— O que é?

— A minha mãe está querendo me levar para morar com o meu pai.

— Como assim, onde o seu pai mora?

— Não sei dizer, mas é longe daqui.

— Eu não quero ficar sem você isso não pode acontecer.

— É, mas não depende de mim, o namorado da minha mãe mudou muito e eles estão brigando muito e ele até me bateu.

— Ele te bateu?

— Bateu, agora não sei o que vai acontecer, acho que a minha mãe vai me levar para morar com o meu pai.

— Se eu ficar sem você, não sei o que eu vou fazer, acho que vou enlouquecer.

— Tive uma ideia, não vamos nas meninas não, vamos voltar e tentar agradar a sua mãe e convence-la a mudar de ideia.

— Vamos, mas como vamos fazer isso?

— Deixa comigo.

Eles vão até a casa dele e a Regina bate na porta.

   A vocês. Diz a mãe do Donizete.

   Posso falar com a senhora?

   Pode falar.

— O Doni falou que a senhora está pensando em levar ele para morar com o pai dele.

— Sim, e o que você tem com isso?

— Eu estava pensando em ajudar a senhora a cuidar dele e não deixar ele se envolver em mais confusão, a senhora mudaria de ideia?

— Pode ser, posso pensar nisso.

— Que bom, já é um começo.

— Então vamos começar a partir de agora, entra Donizete e vamos conversar.

Donizete olha para a Regina, que olha para ele e diz.

— Vai entra! Depois a gente se vê.

Donizete entra procurando onde estava o João, que estava trancado no quarto, ele senta na cadeira na sala, a sua mãe fecha a porta e senta ao seu lado e os dois ficam ali assistindo televisão, até ir tomar banho jantar e dormir.

Donizete está na entrada da campa no cemitério e entrando na mesma e saindo na fazendo do Coronel, que estava diferente, ele procura pelo coronel e vai andando até encontrar com o Wagner.

— Que bom nós encontramos novamente aqui, espero que possa te ajudar.

— A Regina aparece ao seu lado e segura a sua mão e os três sandam pela fazenda.

— O que nós estamos procurando? Perguntando o Wagner.

— Não sei, mas geralmente quando estamos aqui o Coronel ou os filhos dele aparecem rapidamente. Diz o Donizete.

— Olhem aquela cabana os cavalos estão parados do lado de fora, vamos até lá ver se eles não estão lá. Diz a Regina.

— Eles andam até a cabana e o Donizete abre a porta e olha dentro da cabana.

— Entra Donizete, estávamos esperando por você mesmo. Diz o Coronel.

Ele entra na cabana e percebe que havia uma pessoa sentada na cadeira onde as crianças foram encontradas mortas.

A Regina que entrava atrás dele reconhece a pessoa primeiro que ele.

   Ricardo!! Grita ela.

Wagner que entrava atrás dela, pergunta.

— Quem é Ricardo?

— É o meu ex. Namorado. Diz a Regina.

E assim que ela entra, ele direciona o olhar para ela e a xinga.

— Vagabunda!

O Coronel intervém e dá uma chicotada nele.

   Vocês dois reconhecem essa pessoa?

   Sim é o meu ex. Namorado.

   Isso mesmo. Confirma Doni.

  Não, se concentrem e resgatem nas suas vidas passadas, o nosso amigo Wagner vai ajudar vocês.

Eles sentam em volta do Ricardo de mãos dadas e ficam ali por um tempo.

  Alguma coisa? Pergunta o Coronel.

Donizete balança a cabeça em sinal que não.

A Regina ia dizendo a mesma coisa, mas ela se apoia no Ricardo para levantar do chão e a sua memória é ativada, ela fica em transe.

Ela vê o Ricardo, que não era o Ricardo acertando ela com uma faca e sente uma dor, como se estivesse sendo esfaqueada aquele momento.

   Foi ele que me matou na outra encarnação, foi ele, como pode isso, estava próximo de mim novamente, e já havia me feito mal nessa vida, ele tirou aminha virgindade e só me machucava, o engraçado que toda vez que fazíamos amor a sensação que eu tinha era estava levando um facada, por isso sentia tanta dor, será que tem alguma coisa haver?

— Sim minha querida, é isso mesmo, por isso precisávamos de você só você iria conseguir identificar, agora dós três assassinos, só faltam dois, um nós já o encontramos e a nossa vingança só estará completa quando pegarmos os três. Diz o Coronel.

Regina estava chocada e não conseguia acreditar naquilo.

  Eu poso dizer, que me vinguei nele em vida, porque fomos nós que mandamos ele para cá. Diz a Regina.

— Vocês vão sempre ter que ficarem atentos, porque essas pessoas sempre vão cruzar a vida de vocês, é uma sina, mas na forma terrestre vocês nunca vão conseguir descobrir ou saber quem é, mas elas sempre vão tentarem te fazer mal e ai que capturamos eles, agora só faltam dois, os meninos também reconheceram ele, mas não sentiram nada porque eles os deixaram para morrer à mingua. Diz o Coronel

— Acorda menino! Hoje você tem aula.

— Ah! Cadê todo mundo?

— O que você está falando?

— Nada não, só estava sonhando.

— Ele se arruma e a sua mãe o acompanha até a escola.

Já na sala de aula e encontra a Cátia Irmã da Regina, ele estava na mesma sala que ela, a professora apresenta ele para a sala e ele senta atrás da Cátia.

A professora começa a chamar os alunos um por um para ler na frente da sala, fileira por fileira, vão se levantando, quando o da frente volta o de trás se levanta, assim a Cátia volta e chega a vez do Donizete, ele vai até a frente da sala e começa a ler meio enroscado, gaguejando um pouco.

— Você ainda não sabe ler? Pergunta a professora.

— Mais ou menos, só estou com um pouco de vergonha.

— Então tenta de novo, mas agora sem gaguejar. Diz a professora.

— E ele lê muito rápido.

— Não, agora lê mais devagar respeitando as vírgulas, respira na hora da vírgula.

— Ele lê um pouco mais devagar.

— Não está perfeito, mas está bom, pode voltar para o seu lugar.

Ele volta para o seu lugar e quando ele senta ele percebe um menino do seu lado esquerdo desenhando, ele se interessa pelo desenho que o menino fazia e puxa assunto com o menino que responde as suas perguntas e ele pede para o menino ensina-lo a desenhar.

O menino o ensina e explica que ele iria precisar de uma régua, para medir os detalhes do desenho, ele quase não havia levado material, então ele resolve pegar emprestado da Cátia, que acha ruim e fica pedindo a régua de volta, ele a ignora e  continua o seu desenho, mas a Cátia era insistente pedindo a régua de volta e ele perde a paciência e dá com a régua na cabeça dela quebrando a régua na cabeça da menina, que chora e vai reclamar para a professora.

A professora vem na sua direção e o coloca de castigo no fundo da sala em pé virado para a parede.

Os meninos do fundão ficam tirando sarro dele e ele xinga os meninos, que o ameaçam dizendo que iriam pegar ele na hora da saída.

Ele fica ali até a hora do intervalo e a professora o leva até a diretoria, e explica que ele havia quebrado a régua da amiguinha na cabeça dela e anota o nome dele no caderno de ocorrência, como uma advertência e o libera para o intervalo.

Ele sai correndo pelo pátio e esbarra em um menino que estava lanchando derrubando o lanche do menino no chão.

O menino era bem maior que ele e estava junto com outros meninos que o agarram, o menino do lanche pega o lanche do chão e diz para ele.

Agora você vai comer e esfrega o lanche na cara dele,  os outros meninos o derruba no chão, para o outro menino ficar em cima dele, e tentar enfiar na boca dele, o resto do lanche.

De repente o menino que estava em cima do Donizete, começa a tossir e a engasgar e vomita uma lesma e depois outra, as crianças gritam de susto e nojo e o inspetor de alunos vem na direção deles.

O inspetor que havia visto tudo de longe, pega o Donizete pelo braço e o levanta e pega o outro menino e os levam até a diretoria e os entregam para a diretora que diz.

   Você acabou de sair daqui, não faz nem cinco minutos. Diz a Diretora para o Donizete.

   E o que aconteceu agora? Porque esse menino está passando mal parece que vai vomitar, não vomita na minha sala não.

Mas antes dela terminar a frase o Menino vomita mais uma lesma.

O que causa nojo e ânsia na diretora que a faz vomitar também.

   O que é isso? Isso é lombriga? Que nojo.  Diz ela com mais ânsia.

A Diretora pega o livro de anotações e coloca o nome do Donizete, mais uma vez e avisa.

   A próxima vez, vai ser suspenção. Diz a diretora o alertando.

O alarme do intervalo soa e a diretora o manda de volta par a sala e o outro menino para a enfermaria.

Ele entra na sala de aula e olha bem nos olhos da Cátia e se senta atrás dela.

  Magrela! Diz ele para ela.

— Professora o Doni me chamou de magrela.

— Vocês dois dá para se entenderem.

Donizete faz fusquinha para a Cátia imitando ela.

A professora começa a aula matemática.

Muito bem crianças, vamos rever as tabuadas, vamos começar pela sequência de costume.

Vamos começar com a tabuada do três.

E aluno por aluno foi respondendo o resultado que a professora pedia até chegar no Donizete.

   Sua vez Donizete, quanto é três vezes sete?

Donizete pensa, pensa e diz.

Quinze.

A sala toda ri e os meninos do fundo chama ele de burro.

A professora chama a atenção das crianças e fala para o Donizete.

   Não Donizete, três vezes sete é vinte e um.

— Eu ainda não aprendi a tabuada do três, só havia aprendido até a do dois.

— Tudo bem, eu vou te passar a tabuada e você via fazer de lição de casa e me trazer amanhã uma folha cheia de tabuada do três copiada na folha do caderno.

Ele balança a cabeça confirmando que sim.

A professora se volta para outro aluno, que acerta a resposta e o próximo até chegar no ultimo da outra fileira que era a resposta e todo mundo ri e o Donizete ri junto e diz.

— Me chamou de burro e não sabe também.

O menino olha feio para ele e faz sinal de briga para ele e aponta para a janela na direção da rua.

Donizete faz chacota como se estivesse morrendo de medo dele.

A professora corrigi o aluno e continua até o último aluno da última fileira do canto e a aula termina.

As crianças pegam as suas coisas e saem como uns doidos, a professora pede calma e cuidado, mas eles a ignoram e saem rápido da sala.

Já no portão do colégio Donizete vai saindo e não vê a sua mãe, ele resolve ir andando e na esquina da rua o menino que havia ameaçado ele o cerca com mais outros meninos.

   Quem é burro agora? Pergunta o menino.

  Você. Diz o Donizete.

O menino não acredita na resposta dele.

   O que você disse, que eu sou burro? Vou e mostrar quem é burro.

o Menino parte para cima do Donizete que se defende, mas os outros meninos ajudam o menino e eles batem no Donizete, que fica no chão.

Uma bolinha marrom em formato de bola de tênis cai ao lado do Donizete e em seguida aparecem outros e o número vai aumentando, e abrindo em forma de lesmas e cercam o corpo do Donizete protegendo-o.

As crianças ficam com medo e nojo e fogem.

Uma pessoa vem na direção do Donizete e o ajuda levantar.

Era a Regina que havia vindo buscar a Cátia.

Você está bem amor?

— Sim, estou, não foi nada.

— Que bom, cadê a sua mãe?

— Não sei.

— Então veem, vamos embora juntos.

A Cátia faz que não com a cabeça.

Donizete a chama de magrela e mostra a língua para ela.

   Ele quebrou a minha régua na minha cabeça hoje, vou contar tudo para a mãe quando chegar em casa.

— Você fez isso Doni? Pergunta a Regina.

— Sim fiz. Responde ele.

— Isso vai dar uma confusão, quando ela contar para a minha mãe, conhecendo ela. Diz a Regina

Donizete olha para ela e olha para a Cátia e dá de ombros.

Eles vão embora juntos até chegar a Vila onde a Cátia entra correndo e vai direto contar para a mãe dela pelo telefone.

—Regina tenta impedir a sua irmã, mas já era tarde, agora era só aguardar e ver o que iria acontecer.

Eles passam a tarde juntos até a mãe da Regina entrar pelo portão furiosa.

— Esse menino bate e xinga a sua irmã e você ainda fica de Ti  ti ti com ele?

— A minha irmã que é uma chata

— Chata, mas isso não dá o direito de ele quebrar um objeto na cabeça dela, onde está a sua mãe?

— Está lá em cima.

—Vai chama-la eu quero falar com ela!

Donizete chama a sua mãe que vem secando a mão em um pano de prato.

   Pois não?

   O seu filho contou o que ele fez com a minha filha na escola?

   Eu já falei que a sua filha é muito velha para ficar andando com ele.

— Eu não estou falando dessa minha filha não, estou falando da caçula.

— O que aconteceu?

— Ele quebrou a própria régua dela na cabeça dela e fica chamando ela de magrela.

— Você fez isso Donizete? Pergunta a mãe dele para ele.

— Foi sem querer, fui bater devagarzinho, mas acabou quebrando.

— Viu, como eu falei e vou querer outra régua. Fala a mãe da Cátia.

Nesse momento a Cátia escutando a voz da mãe sai da casa dela e vem na direção da mãe dela, ele a escuta a conversa entre as duas mães e fala o que não deveria falar.

   E tem mais ele e a Regina, ficam namorando lá em casa enquanto a senhora vai trabalhar, se beijam na boca e tudo mais.

Regina olha para a irmã com um olhar fulminante.

   Que história é essa Regina? pergunta a mãe dela.

   Eu também quero saber dessa história fala a mãe do Donizete.

   Ela está inventando, está com ciúmes. diz a Regina.

   Mentira! Então pergunta para as outras meninas quando elas vierem aqui, eles já até transam. Diz a Cátia.

   O que! Falam as duas mães juntas.

   É mentira dela, eu não sei porque ela está fazendo isso.

   Se é mentira ou não, eu não quero saber, eu não quero mais ver você com esse menino. Diz a mãe da Regina.

   Eu digo o mesmo, eu não quero ver mais o meu filho com a sua filha, eu não dou queixa porque os dois são de menores, mas ela que o induziu a fazer isso, se fizeram, porque ela é bem mais velha. Diz a mãe do Donizete com uma fúria no olhar.

   Olha o que você fez. Grita a Regina para a Cátia.

   Eu te odeio por isso. Continua a Regina gritando para a irmã e corre para a casa dela chorando.

As mães se entre olham e a mãe da Regina, vai em direção da casa dela puxando a Cátia pela mão.

Donizete olha para a mãe dele, que estava olhando para ele e diz.

   E agora?

   E agora o que menino? Você é uma criança para ter um relacionamento sério.

  A senhora esqueceu o que o Wagner falou, que não podemos nos separar.

   Isso é bobagem, esquece isso.

   Não é bobagem. Grita Donizete correndo para a rua.

Ele corre pela rua até encontrar o Michel e o Eduardo, que estavam na rua brincando com uma bola.

— Oi posso brincar com vocês?

— Não aquele dia você nos zuo e cortou a nossa pipa. Diz Eduardo.

— Ah, foi brincadeira.

— Tá bom quer brincar então fica no gol, na entrada da garagem, nós estávamos precisando de um para brincar.

— Mas do que exatamente vocês estão brincando? Pergunta Donizete.

— Três entra três fora.

— Como que brinca disso?

— Se nós fizermos três gols em você em três toque sem deixar a bola cair, você continua no gol, agora se nós chutarmos três bolas para fora, quem chutar a última bola ou você agarrar ele vai para o gol.

Eles começam a brincadeira e os meninos acertam dois gols e o Donizete pega dois gols, estava empatado, então o Eduardo levanta a bola passa para o Michel que devolve para o Eduardo, que dá um chute forte que bate no portão com tudo, o que faz a dona da casa sair brava xingando eles, eles correm e procuram outro lugar para brincar, mas começa a chover e eles brincam no meio da rua de drible embaixo de chuva, a chuva fica mais forte e formam enxurradas forte e dos telhados formam pequenas cachoeiras, eles brincam nas cachoeiras e nas enxurradas.

Eles brincavam em um uma calha de água que saia um jato forte de água, Donizete chutava a água que sai e acerta a ponta da calha que corta o seu pé e sai muito sangue.

— Acho melhor eu voltar para casa. Diz Donizete.

Enquanto ele voltava para casa o João também voltava para casa e o pega no caminho e o pega pela orelha e o leva para casa, chegando os dois juntos em casa.

A mãe do Donizete se assusta com o sangue que saia da perna do menino.

  O que você fez com o menino?

  Euu sh, não fiz nada, ooo encontrei brincando na chuvaaa.

— Você bebeu de novo?

— Bebi e daiii.

— Espero que não dê show essa noite.

— É só não encher o meu saco ou esse moleque dá trabalho, que não brigo com ninguém, porque não aguento mais as travessuras desse moleque.

  Tá, então vai tomar o seu banho e tira essa roupa molhada. Fala ela para o João.

— Agora deixa a mamãe ver esse machucado, nossa está feio, você machucou por cima do outro machucado que estava sarando, mas vamos precisar limpar antes, você precisa tomar banho antes, corre entra antes do João no banheiro.

— Ele corre entra no banheiro e deixa um rastro de sangue, pelo chão, João vinha saindo do quarto e vê que ele entrou primeiro, fala um palavrão e volta para o quarto.

Donizete sai do banheiro e a sua mãe lhe faz um curativo, eles jantam e ele adormece assistindo televisão.

— O Coronel aparece ajudando ele a andar.

— Eu não estou tão machucado assim, não precisa disso.

— O coronel olha para ele e olha para a perna dele e o solta, ele tenta apoiar o pé no chão e sente uma dor tremenda e cai no chão.

— O Coronel o levanta e o ajuda a andar até a cabana, onde o Ricardo ainda estava preso amarrado em uma cadeira e ria do Donizete.

— Você não se lembra de como você se machucou, quando o comparsa desse malandro te machucou.

— Não, não lembro.

— Você tentou correr e alguém te acertou com uma faca no tornozelo e você caiu e foi aí que te mataram, na traição.

— Cadê a Regina? Porque ela não apareceu ainda. Pergunta Donizete.

— Ela ainda não deve de ter dormido, porque ela parecia muito triste e não estava conseguindo dormir. Diz o Coronel.

E acho que hoje não vamos conseguir fazer muita coisa, você machucado, a Regina acordada e o Wagner também não vão aparecer, eu sinto a presença de uma pessoa, mas essa pessoa ainda está no plano espiritual e ao mesmo tempo no plano terrestre, essa pessoa vai ser fundamental para nós mas eu não sei onde encontra-la, queria saber se você por acaso sabe de alguma pessoa , um bebê ou alguém que esteja grávida?

Eu não sei, a Regina não pode estar grávida, porque eu ainda não produzo esperma.

Eu só vejo lembranças e vultos não consigo ver o rosto, só sinto a presença e está bem perto de você, era isso que eu precisava falar com você.

Donizete sente uma dor forte na perna e o Coronel corre na sua direção e vai desaparecendo aos poucos.

Donizete acorda na sua cama sentindo muita dor, ele tenta levantar e não consegue colocar o pé no chão, o seu pé estava tão inchado, que  estava parecendo o pé do Hulk.

Ele grita pela sua mãe, que sai do quarto e vai ver o que ele estava querendo, ele vê o pé dele e se assusta.

   Precisamos ir para o hospital agora, Levanta João, vamos com a gente, vamos pegar um taxi.

Eles saem de madrugada pegam um taxi e vão até o Hospital.

Chegando no hospital ele dá entrada na emergência, o médico o examina e diz:

   Isso está muito infeccionado, a anestesia não vai pegar, vamos ter que mexer sem anestesia, vai doer um pouquinho; você vai precisar aguentar um pouquinho, você é um homenzinho, né?

Donizete faz que sim com a cabeça.

O médico começa a mexer no pé dele e abre a ferida com um bisturi, e uma mistura de pus com sangue escorre, o enfermeiro limpa e o médico pega uma pinça e retira um pedaço de lata enferrujada e espirra pus, o enfermeiro limpa e o médico examina e diz:

   Tem mais alguma coisa.  ele pega a pinça e retira um pedaço de galho de árvore.

— É um pedaço de galho? Diz a mãe dele.

— Sim. Responde o médico.

— Quanto tempo isso estava aí? Pergunta o médico.

— Eu acho que dês do dia que ele se machucou caindo da árvore atrás de casa. Responde a mãe.

— E quanto tempo tem isso? Pergunta o médico.

— Algumas semanas. Responde a mãe.

  Nossa! Por isso que está assim tão infecionado, esse menino podia perder o pé por causa disso. Diz o médico dando uma bronca na mãe do Donizete.

A mãe do Donizete não fala nada e tem que ficar quieta por vergonha. O enfermeiro dá alguns pontos no buraco formado no pé d menino, Donizete fazia careta de dor, o enfermeiro faz um curativo e ele dispensado.

Eles saem do hospital e a mãe dele começa a chorar e dizer.

   Eu sou uma péssima mãe, você viu como estava o pé desse menino? Estava podre, eu sou uma péssima mãe, como eu vou cuidar de outra criança agora.

   De outra criança? Pergunta João.

— Sim outra criança, estou grávida, eu ia fazer uma surpresa, mas agora com essa situação acabei contando dessa maneira.

— Eu vou ser pai?

— Sim, e você vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha Donizete.

Donizete estava olhando para eles, sem saber o que dizer.

O taxi chega eles entram no carro e vão embora.

Donizete fica na cama na sala e o João e Mãe dele voltam para o quarto.

Dentro do quarto o João fala para ela assim:

   Agora você vai ter um filho meu e não pode passar por sustos ou qualquer transtorno, você não vai conseguir cuidar do Donizete eu acho melhor você levar ele para o pai dele agora, ainda mais ele sendo do jeito que ele é, e toda a história esquisita dele, eu não quero ele perto de você e do nosso filho, some com esse moleque daqui , você mesma disse que não viu quando ele se machucou e negligenciou a saúde do menino, eu não quero isso para o meu filho.

— Eu sei realmente, estou sendo uma péssima mãe, ontem eu até esqueci de ir buscar ele na escola a menina do fundo que trouxe ele para mim, esqueci do menino e estou com medo dele depois do que vi.

— Eu também, agora nós vamos ter que pensar nesse bebê, vai lá saber do que ele é capaz de fazer por ciúmes.

— Amanhã eu vou falar com os meus irmãos, combinar com o pai dele para nós encontrarmos e conversamos sobre isso, o pior que o menino nem começou na escola direito e já vai ter que mudar de escola novamente, é isso só mostra ainda mais, que sou uma péssima mãe que não consigo nem cuidar da educação do meu filho, acredito que ele nem sabe ler direito ou escrever, vou levar ele para o pai dele, por pior que o pai dele seja, acho que vai ser melhor do que eu, e tem mais se o pai dele não cuidar dele, tem a avó dele que é louca por ele, ela deve cuidar dele com certeza, amanhã eu falo com os meus irmãos para resolver isso.

— Eu acho bom, assim poderemos ser uma família de verdade, eu você e o meu verdadeiro filho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Livro Três. “O Retorno”.

 

Donizete está olhando as frutas na barraca de fruta na feira, e os seus tios estão ao seu lado.

Um dos seus tios, chama a sua atenção e avisa.

   Donizete ela chegou!

Donizete olha para o lado em antes que ele terminasse de virar o rosto, uma senhora chorando o abraço e o beija, gritando e dizendo:

   Que saudade, que saudade, meu coração estava partido, nossa parecia uma eternidade.

A feira havia parado para observar aquela cena, estavam várias pessoas em volta observando, algumas pessoas até batiam palmas e se emocionavam com a cena.

A avó do Donizete apertava o seu rosto e dá uma olhada para ele, juntando as duas mãos esmagando as suas bochechas. Donizete olhava para ela assustado e sem entender nada.

   Pronto está entregue. Diz o outro tio entregando uma mala para a senhora, que o agradece limpando o molhado da lágrima com a costa da mão e com a outra mão pegando a mala e colocando em cima do carrinho e feira em cima das compras.

   Vem menino, vamos! Diz a senhora.

Donizete olha para os seus tios que se afastavam no caminho oposto de encontro onde a sua mãe estava e os esperavam. De longe Donizete percebe que a sua mãe chorava e era confortada por um dos irmãos.

   Você quer um pastel? Pergunta a senhora.

  Sim eu quero.

  Vem vamos comprar para nós, que estou morrendo de fome, estava tão ansiosa que não sentia fome e não tomei café antes de sair de casa, não gosto de fazer isso, por que não é bom sair de casa sem nada na barriga, mas agora me deu uma fome, você quer pastel do que?

  Palmito.

A senhora pede dois pastéis para o atendente da barraca de pastel, um de palmito e um de queijo.

   Eu só peso de queijo, porque não sei a origem da carne que eles usam, só gosto de pastel de carne do que eu faço, você quer caldo de cana também?

   Sim eu quero.

   Mais dois copos de caldo de cana, por favor! Diz a avó para o vendedor.

Os pastéis e o caldo de cana são servidos, Donizete comia sobe o olhar da avó que não tirava os olhos dele, não parava de olhar apara ele, parecia que não acreditava no que estava acontecendo.

Donizete termina o seu pastel.

   Quer mais um? Pergunta a avó.

   Sim quero! Responde ele

   Do mesmo, ou quer de outro sabor? Pergunta ela .

   Eu quero um de queijo, agora.

A avó pede para que o atendente faça mais um pastel de queijo.

Enquanto o pastel era frito a avó fazia carrinho no cabelo do Donizete e dizia.

   Menino você não sabe como eu senti a sua falta, mas agora nós vamos fazer um montão de coisas gostosas juntos, o que você quer fazer primeiro?

Donizete dá de ombros enquanto o atendente entregava o pastel.

  Tá bom acaba de comer o seu pastel depois a gente planeja o que fazer. Diz a avó.

  Vêm, vamos andando e você vai comendo o resto do seu pastel. Diz a Avó.

Eles andam alguns metros e a avó para em uma barraca de frutas.

O cheiro das frutas perfumava o ar, Donizete dá uma respirada e suspira.

A avó cumprimenta o dono da barraca que era um velho conhecido dela e diz:

  Esse é o meu neto que te falei. A Avó o apresenta ao dono da barraca, que corresponde dizendo.

  Prazer menino, a sua avó sempre me falava muito de você, dizia que estava com muita saudade e e te procurava por todo lugar.

Donizete fica só olhando para o homem, sem dizer nada, só sorrindo sendo simpático.

   Você quer morango? Eu posso fazer uma torta de morango para comermos a tarde.

   Sim , quero. Diz Donizete.

   Leva essa caixa inteira de morango, é um presente meu para vocês hoje, hoje é um dia especial. Diz o feirante entregando a caixa grande de morango para a avó.

   Obrigado Manuel, muito obrigado, agora deixa eu ir, estou ansiosa para chegar em casa e mostrar ele para o pai dele, mas antes ainda vou passara na barraca de doces. Diz a Avó.

   Vamos menino!

Eles andam mais alguns metros, pelo meio da feira que estava cheia, o carrinho de feira batia nas sacolas e nos carrinhos das outras pessoas eles passavam exprimidos entre as pessoas e a Avó segurava forte a mão do Donizete em um determinado momento, a mão dele se solta da mão da avó que grita.

   Donizete!!, dá licença deixa eu pegar o meu neto. Dizia era gritando para as pessoas.

  Não solta da minha mão, não quero te perder de novo pelo amor de Deus, Creio em Deus pai.

Quando ela diz isso Donizete sente uma coisa estranha, mas continua indo junto com ela, ela segura a mão dele mais forte para não ter mais perigo de escapar.

Eles param em uma barraca de doce e novamente ela diz para todo mundo da barraca que ele era o neto dela. Todo mundo olha para ele e sorri e brincam.

   Quer algum doce? Eu vou levar uma goiabada e um queijo Minas

Ele olha para a barraca, tinha muita coisa boa, ele pensa e diz.

   Eu quero doce de leite.

   Coloca mais um vidro de doce de leite nas minhas coisas. Diz a avó para o atendente.

Ela pega a compra levanta a mala do Donizete e coloca dentro do carrinho.

   Vamos, vou passar na barraca de peixe e de lá nós vamos para casa.

No caminho para a barraca de peixe Donizete avista um rapaz vendendo pipas.

Ele cutuca a sua avó e que para e pergunta.

   O que foi, quer alguma coisa?

   Eu queria uma pipa.

   Vamos lá comprar, só preciso ver se o dinheiro vai dar para comprar o peixe depois.

   Quanto custa a pipa menino?

   Cinco Cruzeiros senhora.

   Tudo bem, qual que você quer Donizete.

   Eu quero a raia de plástico com o símbolo do Corinthians. Diz ele.

   Boa escolha o seu pai vai adorar essa sua escolha. Diz a avó pagando o rapaz que vendia pipa.

   Agora vamos. Diz ela.

Eles chegam em uma parte da feira mais aberta, onde havia mais espaço onde havia um cheiro muito forte de peixe, que chegava a feder, devia ser por isso que não haviam muitas pessoas por ali.

  Acho que vou levar camarão em vez de peixe, você gosta de camarão?

  Sim eu gosto.

  Então, está bem, vou levar para comermos agora no almoço.

Ela conta o que sobrou do dinheiro, separa cinco Cruzeiros e pede vinte cruzeiros de Camarão.

O vendedor pesa quase um quilo e completa para um quilo, por vinte reais, embrulha e entrega para ela.

Ela pega o pacote de camarão e retira a mala do Donizete, mas percebe que não iria conseguir levar tudo no caminho de casa e pede ajuda para um menino que estava no fim da feira, com um carrinho de Carreto.

 Menino, quanto você cobra para me ajudar a levar a feira?

  Cinco Conto senhora. Diz o menino.

  Ok, você leva para mim.

O carrinho do carreto era feito de madeira e tinha mais ou menos um metro e meio de comprimento e oitenta centímetro de largura e formava um caixote com uma guia feita de madeira, por onde o menino o guiava e as suas rodas eram de rolamentos de carro ou como os meninos mesmo chamavam de rolimã e ele usava um pedaço de pneu de carro como freio pisando em cima para parar.

O menino coloca a compra e a mala do Donizete dentro do Carrinho de carreto e ainda sobra um espaço.

   Sobrou um espaço, quer ir sentado dentro segurando as compras? Pergunta o carreteiro para o Donizete.

  Não é perigoso? Pergunta a Avó.

— Não, pode ficar tranquila eu estou acostumado, eu desço aqui toda hora e assim ele desce comigo e nós ficamos esperando a senhora lá embaixo.

  Tudo bem, mas vai com cuidado, que ele é muito precioso para mim, demorei muito tempo para encontra—  lo e não quero perde-lo.

Donizete entra no carrinho de carreto e se ajeita.

  Tudo bem senhora, pode deixar. Diz o rapaz embalando o carrinho e descendo muito rápido, desviando dos carros que subiam e desciam, quase matando a Avó de enfarto que assistia de longe.

Donizete se divertia com o vento na cara e levava tudo como brincadeira e ria até o rapaz chegar no fim da ladeira, pisando no freio feito com um pedaço de pneu.

   Pronto, agora vamos esperar por ela aqui no canto da calçada, porque eu não sei onde ela mora, você sabe? Pergunta o carreteiro para o Donizete, que faz com a cabeça que não.

   Você não sabe? Estranha o menino.

   Não, eu acabei de encontrá-la.

O menino acha estranho e se cala.

   Você é doido menino, precisa descer naquela velocidade toda, quase me mata do coração. Diz a senhora.

   Eu estou acostumado Vó. Diz o carreteiro rindo.

   Ela é sua avó também? Pergunta Donizete para o carreteiro.

   Não, é só jeito de falar. Diz o carreteiro rindo e embalando o carrinho pela rua acompanhando a senhora.

   Pronto chegamos, pode colocar a compra aqui na garagem que eu levo para dentro. Diz a Avó.

O menino descarrega a compra e a mala do Donizete e a Avó paga o menino com os últimos cinco Cruzeiros restantes.

O carreteiro se despede e vai embora.

Assim que o Donizete ia pegar a a sua mala, um cachorro surge do corredor abanando o rabo.

   Bidu! É o Bidu? Eu lembro dele, ainda está vivo?

   Sim é ele mesmo, acho que ele sentiu mais falta de você do que você dele.

O cachorro faz uma festa, reconhecendo ele, ele pulava em cima do Donizete e lambia e latia, no momento que uma sombra aparece no portão.

Donizete olha para a sombra contra o sol e não reconhece quem era, a sua sombra vem na sua direção e o abraça com força.

   Filho é você mesmo? Eu não acredito, obrigado meu Deus.

Era o pai do Donizete que estava bem diferente da última vez que ele o havia visto, ele parecia sóbrio e não tinha mais cheiro de álcool, como ele lembrava do pai.

   Você não está cheirando álcool e está bastante diferente.

O Senhor Valter olha para a mãe e olha pra ele e diz.

  É meu filho depois que q sua mãe foi embora, eu sofri tanto que decidi parar de beber.

Donizete fica olhando para ele e não diz nada.

  E essa pipa do Corinthians, que pipa bonita? Pergunta o pai.

   Foi a vó que comprou para mim. Diz Donizete.

   Por falar em comprar vamos comigo aqui no mercadinho comprar um doce para você, você quer?

   Sim eu quero.

Ele deixa a pipa com a avó e eles vão até o mercado, o Bidu vai atrás deles.

Chegando no mercado o seu pai diz:

   Escolhe o doce que você quer aí , pode escolher!

Donizete olha os doces e escolhe um tubo de pastilhas doces, que tinha a cabeça do pato Donald na ponta, que era por onde saiam as pastilhas coloridas da boca do Pato Donald. O seu pai paga o doce eles voltam para casa, chegando na casa do seu pai ele percebe dois meninos no portão, eles estavam segurando cada um, uma bola de dente de leite, que estava dentro de um saquinho plástico, quando o Donizete se aproxima deles, eles veem na sua direção e o abraça e entrega as bolas para ele dizendo.

   Tom é para você. Diz o menino que parecia mais velho.

   Quando você foi embora, você foi brigado com a gente, a nossa mãe comprou e pediu para te entregar como uma forma de desculpa e de boas—  vindas ou bom retorno.

Donizete, pega as bolas e fica tentando se lembrar do que eles estava falando.

   Ah lembrei!! —  A brincadeira com os carrinhos nós túneis, agora eu lembrei, obrigado.

Os meninos entregam as bolas e a sua mãe os chama para voltarem e eles vão embora.

Donizete estava com as mãos ocupadas segurando o doce e as bolas e vai entrando na casa da avó.

Ele vai observando e percebe que aquele lugar era muito familiar, ele vê o vaso no canto da sala, estava  exatamente como o dia que ele foi embora, ele se recorda daquele dia, que ele havia escondido o dinheiro da sua mãe nele, o que teria causado toda a briga daquele dia. Ele balança a cabeça e levanta o vaso e o coloca de ponta cabeça, para ver se o dinheiro ainda estava ali.

   Você não vai achar nada ai.  Diz a sua Avó.

Ele olha para ela e coloca o vaso no lugar.

  Eu encontrei o dinheiro quando fui limpar o vaso e o achei escondido aí alguns dias depois que vocês foram embora, foi você que tinha escondido né?

Donizete não diz nada com vergonha.

   Mas está bem, isso já foi, agora é outra história. Diz a avó.

   Veem me ajuda guardar a feira, por favor e depois colocar a sua mala no quarto onde você vai dormir.

Eles guardam as compras da feira.

   Agora vamos até a sua cama.

Eles sobem para o quarto e quando ele entra no quarto, o quarto era exatamente o mesmo quarto , estava do mesmo jeito que ele havia deixado. Os desenhos de foguetes estavam colados na parede ao lado da sua cama e alguns brinquedos estavam no canto do quarto, como se ele nunca havia saído dali.

O seu pai entra no quarto atrás dele, ele estava com lágrimas nos olhos e diz com a vós embargada.

  Está exatamente como você deixou, não mexi em nada. Diz o pai.

Donizete senta na cama.

   Nossa que macia. Ele sobe na cama e começa a pular em ciam dela.

O seu pai olha ele pulando e dá risada, como se não estivesse acreditando que o seu filho estava ali de novo, difícil de acreditar parecia um sonho.

— Pai!

— O que filho?

— Vamos empinar a pipa que a vovó comprou, mas eu não tenho linha, será que a vovó teria alguma linha.

— Vamos perguntar para ela.

Eles descem as escadas e perguntam para a avó se ela tinha alguma linha para o menino empinar a pipa.

— Eu tenho uma linha de nylon marrom, deve de estar aqui na gaveta, deixa eu dar uma olhada. Ela abre a gaveta, levanta alguns panos de prato.

— Aqui está, toma pode usar, tem bastante linha aí.

Donizete pega a linha e amarra na pipa.

   Pronto agora é só empinar, vamos lá na rua papai?

   Vamos.

Assim que eles saem no portão, o sobrinho do Valter vinha chegando trazendo um presente para o Donizete e estava vindo brincar com ele também.

Pronto o seu primo chegou agora ele brinca com você.

— Oi primo quanto tempo.

Donizete olha para o primo e não diz nada.

   Você não lembra mais de mim primo?

— Não.

— Você era muito pequeno quando foi embora, eu costumava brincar muito com você ou judiar de você, brincadeira.

Ah! —   Agora eu lembrei, é, você judiava bastante de mim, me batia só porque você é maior e mais velho que eu.

— Mas não vou mais judiar de você não, prometo.

Está bom, então vamos empinar a minha pipa comigo.

— Que pipa bonita do Corinthians, quem te deu?

— A vovó.

— Ela te deu, eu também quero uma, mas vamos brincar com a seu primeiro, depois eu peço para ela, vamos lá do fundo na Lage, lá é melhor para empinar pipa.

Eles vão para o fundo do quintal pelo corredor e o primo ajuda o Donizete a subir na laje, como ele era mais baixinho, o seu primo faz cadeirinha e empurra ele para cima da laje.

Eles sobem na laje e colocam a pipa para voar.

— Deixa eu empinar primo. Diz o Donizete.

— Espera já te dou, só mais um pouquinho.

Donizete fica esperando e nada do primo passara a pipa para ele.

— Vai chega, deixa eu empinar um pouco que a pipa é minha. Donizete tenta pegar a linha da pipa da mão do primo, mas o primo o empurra e ele cai para trás da laje e cai em cima de uma caixa d´agua na laje de baixo, a tampa da caixa d´agua arrebenta, com a pancada da cabeça e ele cai desmaiado dentro da caixa D´agua.

O primo fica olhando ele afundar, mas de repente a água começa a borbulhar e a caixa d´água fica toda tomada por lesmas, que levantam o corpo do Donizete, deixando a sua cabeça fora d´água.

O primo não acredita no que estava vendo.

O pai do Donizete e a Avó dele aparecem na janela do quarto que dava acesso a laje, para verificar o que tinha acontecido por causa do barulho que tinham escutado.

O pai vê o filho boiando na caixa D ´água, rapidamente ele pula a janela e vai de encontro ao filho para retira-lo d´água, ele pede ajuda ao sobrinho, que se recusa a ajuda-lo dizendo.

   Eu não vou pôr a minha mão aí não. Diz o sobrinho.

Então sozinho o pai puxa ele para fora da caixa d´agua e o coloca deitado na laje.

O primo fica olhando para o Donizete e olha para a Avó que estava ao prantos gritando.

— Meu Deus, não deixa ele morrer, pelo amor de Deus. Ela gritava e chorava desesperada.

O pai do Donizete, fica agachado ajoelhando ao lado do filho calado só olhando para ele, como medo de constatar o pior.

Donizete começa a tossir e desperta xingando o primo.

— Porque você me empurrou? —  Eu podia ter morrido.

O Pai e a avó olham para o primo que estava calado e assustado.

  Você empurrou ele e porque não o ajudou? Pergunta a avó.

  Vocês não viram o tanto de lesmas que estavam na caixa d´água, eu fiquei com medo.

  Lesmas? Perguntam juntos o Pai e a Avó.

  É, vocês não viram?

  Não vi nada. Diz o pai.

  Olha aqui. Diz o primo.

Que aponta para a água, que estava limpinha e transparente e não havia nada ali.

  Eu juro, estava cheio de lesmas.

— Isso é desculpa sua, você ainda continua judiando do seu priminho, mesmo ele estando todo esse tempo longe, você ainda não aprendeu e fica agora inventando história, mas fique sabendo, que eu vou contar para a sua mãe, para ela te dar um corretivo.

  Não foi de propósito e juro que fiquei morrendo de medo, eram lesmas gigantes, pareciam um monte de cobras.

— Chega Eduardo, para de mentir e vai para a sua casa agora, eu não quero mais que você machuque ele.

— Mas tio estou falando a verdade.

  Vai embora!

O primo desce da laje por onde ele subiu, mas antes ele olha para o Donizete, que estava com uma fisionomia diferente, ele acha estranho e fica com medo e desce rapidamente.

O pai do Donizete ajuda ele a entrar pela janela e a sua avó o ajuda.

  Não machucou meu amor? —   Não está doendo? —  Quer ir para o hospital?

— Não, está tudo bem vó.

  Pai não esquece de pegar a minha pipa!

Eles descem para a sala.

  O almoço está quase pronto. Diz a Avó

  Depois que eu almoçar, posso ir empinar a minha pipa na rua.

  O menino você e essa pipa, na rua pode ser perigoso, já não basta de susto por hoje? Fala a avó

  Depois do almoço eu fico com você na esquina. Diz o pai.

O almoço é servido, Camarão ao molho de tomate, arroz, salada e de sobremesa doce de leite com queijo branco.

  Nosso que delicia de comida vó.

  Gostou, a gente faz coxão duro virar Filé Mignon.

  Gostei, está uma delícia.

  Acabei de comer, posso ir brincar com a minha pipa?

  Vamos filho eu fico com você, lá na esquina.

Eles saem pela porta e o menino coloca a pipa no alto, o pai fica ali só observando o filho, não demora muito outras crianças se junta a ele e o pai achando que ele estava seguro e já tinha companhia e resolve entrar.

  Cadê o menino? Pergunta a mãe do Valter.

  Está brincando com outras crianças. Responde ele

  Não tem perigo homem?

  Se me acontece alguma coisa com esse menino eu te mato, depois de tudo que passamos.

— Também não é assim mãe, o menino tem vontade própria, não vamos poder ficar protegendo ele para sempre.

  Se acontece alguma coisa a primeira coisa que a mãe dele vai dizer, vai ser que: "Alá deixei o menino com eles e já deixaram o menino se machucar".

  Não vai acontecer nada.

  O menino retorna com um monte de amiguinhos e diz.

  Pai vou brincar com os meus amiguinhos aqui no quintal.

 Tudo bem filho e quem são os seus novos amiguinhos?

  Na verdade, alguns eu já conhecia de antes, mas esse é o Galo, esse o Cabeção, Zoião, Sapão, Bomba, Alemão, Macaco, coelho, Barata, barriga, japa e o morcego.

  Nossa, o que é isso um Zoológico de insetos?

Todos riem.

— O Valter olha para a mãe, pisca e diz.

  Viu!

V Eu ganhei duas bolas, nós podemos jogar bola no quintal.

  Vamos lá na rua é melhor, nós fazemos dois gols com pedras. Fala o Testa.

— Está bom. —   Pai Vó eu vou lá na rua jogar bola.

A avó olha para o pai e balança a cabeça.

As crianças correm para a rua, montam dois gols feitos com pedra, dividem dois times de seis, um no gol e cinco na linha, assim eles começam a jogar bola, mas a brincadeira era interrompida toda hora que passava um carro, quem estava com a bola gritava.

  Carro!! Ficando assim com a bola no pé até o carro terminar de passar e assim que o carro passava a brincadeira continuava.

Um dos meninos dá um chute forte na bola que cai na casa do japonês.

  Chii, acabou a nossa brincadeira, o japonês vai furar a bola. Fala o Cabeção.

  Furar a minha bola?

  Sim, toda bola que cai lá ele não devolve e leva para dentro da casa e fura com a faca. Fala o Galo.

  Não mesmo, eu vou lá pedir para ele devolver.

Donizete aperta a campainha e aparece um senhor oriental.

  Moço o senhor pode devolver a minha bola, ela é novinha acabei de ganhar.

O Japonês, faz um sinal para esperar com a mão e entra novamente na casa.

Donizete olha para os meninos que olhavam para ele surpresos.

O Japonês sai novamente com a mão atrás da costa e vai na direção da bola e defere uma única facada na bola, que estoura como uma bexiga.

  Filha da puta. Xinga Donizete.

  Vai embora sai da minha porta. Diz o japonês com um sotaque oriental.

Donizete sai xingando.

  Eu tenho outra bola eu vou lá buscar.

Donizete corre até a casa da sua avó pega a outra bola.

Eles continuam com a brincadeira até um carro que passa por cima de um dos tijolos que marcava o gol.

— O carro esfarelou o tijolo, agora não tem outro. Diz o Sapão.

— Vou pôr o meu tênis no lugar. Diz o Donizete tirando o tênis e colocando no lugar da pedra esmagada, ficando só com o pé esquerdo no pé.

Assim eles continuam a brincadeira, até em uma dividida o Donizete chutar a guia com o pé descalço arrancando um tampão do dedão.

— Aí! Aí, aí.

Os meninos param a brincadeira e o cabeção oferece a casa dele para o Donizete lavar o sangue do dedão.

A mãe do cabeção faz um curativo no Donizete, colocando umas gazes com esparadrapo, ponta do dedo dele.

— E agora o que a gente vai fazer? Fala o Sapão

— Não dá mais para eu jogar bola. Diz o Donizete.

— Vamos nós vingar do Japonês. Fala o Galo.

— Vamos, mas como? Pergunta o Cabeção.

— Eu tenho alguns bombas morteiros em casa, vamos colocar na caixinha de correio do japonês. Diz o Galo.

— Boa ideia. Exclama do Donizete.

Galo vai na casa dele e pega as bombinhas.

— Pronto, aqui está, quem vai colocar? Pergunta o Galo.

— Eu coloco. diz o Donizete.

Donizete pega um morteiro e vai até a caixinha de correio, ele abre a plaquinha de entrada da caixinha de correio e prende a bombinha, com a pressão da mola da abertura da caixa de correio, ele risca o fosforo e acende o pavio da bomba e a empurra para dentro da caixa de correspondência e corre.

Ele dá alguns passos e uma explosão muito forte acontece atrás dele arremessando a frente da caixa de correspondência para o outro lado da rua.

As crianças correm cada uma para a sua casa.

Donizete corre pega o seu tênis que ainda estava na marca do gol e vai para a sua casa.

Entrando na sua casa, o seu pai e a sua avó estavam sentados na sala assistindo televisão.

— O que você está aprontando? Pergunta o pai dele rindo.

— O que você fez no pé, que curativo é esse? Pergunta a avó assustada.

— Esse curativo foi a mãe do cabeção quem fez. Diz ele.

— Sim, mas o que aconteceu? Pergunta a avó.

— Eu arranquei o tampão do dedão, chutando a guia.

— Menino de Deus! —   Isso não está doendo?

— Um pouquinho, só doeu na hora, agora só está latejando um pouco.

— Você vai ver na hora que for tomar banho, como isso vai arder.

Donizete fica olhando para fora, verificando se alguém havia seguido ele.

  O que foi menino, fecha essa porta e vai tomar banho. Diz a Avó.

Ele obedece a avó e entra no banheiro.

Ele tenta tirar o curativo, mas estava grudado, ele pensa em molhar e coloca o pé debaixo do chuveiro e como a avó havia lhe dito.

  Aí, ardeu de mais como doí.

Depois de molhado ele vai tirando o curativo aos poucos fazendo caras e caretas.

Quando ele sai do banheiro a sua avó pede para ele deixar ela ver o machucado.

  Uh, isso está feio em.

  Vamos colocar um Band aid.

Eles jantam assistem um pouco de televisão e ele dorme deitado no colo da avó.

Donizete está na Fazendo do Coronel Zuquim .

Mas estava tudo confuso, Donizete falava com o Coronel, mas ele não o ouvia, e a Regina estava dormindo dentro da cabana, Donizete a chamava, mas nada dela esboçar uma reação, o único que o ouvia era o ex. Namorado da Regina e seu assassino, que ria e dizia.

  Vocês estão enfraquecendo, se não acharem o restante e não completar o ciclo eu vou voltar e vocês não vão poder fazer nada.

O Coronel dá um tapa nele.

— Com quem você está falando?

O assassino olha para ele e olha para o Donizete e dá uma risada.

— Donizete, se você estiver me ouvindo, procure os meus filhos e principalmente o escravo, nesse momento ele é a pessoa que vai te proteger, para você não ficar desprotegido, nesse momento estamos desconectados, tem alguém na vida real perto de você, que está interferindo.

— Só pede para ele não ser tão violento.

Donizete deixa a cabana e sai pela fazendo procurando pelas crianças e pelo escravo.

A fazenda estava diferente, parecia outra época e isso faz o Donizete imaginar onde procurar pelo escravo.

Ele deve de estar na senzala.

Ele vai até a senzala, mas a fazenda ia ficando mais velha como uma fotografia antiga que vai ficando amarelada.

Ele sente um cansaço e pensava em desistir, mas uma as crianças aparecem montadas em cavalos e o resgatam.

— O seu pai me pediu para encontrar o escravo.

— Eu sei ele nos avisou. Fala o menino com a voz trotando dos solavancos do cavalo.

— Ele deve de estar na Senzala. Acrescenta a menina.

— Eu estava indo para lá, mas alguma coisa estava me impedindo.

Uma ventania tentava impedir os cavalos de chegarem na Senzala.

A silhueta de um home negro alto e forte aparece na porta da Senzala e a ventania dissipa.

— Olá meu Senhorzinho, eu já estava esperando pelo sinhô.

Diz o homem negro com uma voz grossa.

— Olá! — O coronel pediu para eu te procurar.

— Eu sei senhorzinho, já estava sabendo, eu estou sentindo a presença desse mal, mas ele não está aqui nesse plano, e a presença dele nós enfraquecemos.

— Mas de onde vem isso? Pergunta o menino.

— Do mundo dos vivos. Diz o Escravo.

Mas como? Pergunta a menina.

— É a presença de um mal, que vai ter que se acertar comigo e não terei piedade, serei violento com esse ser.

— O Coronel pediu justamente, para te avisar para você não ser violento.

— Isso eu não posso prometer Senhorzinho.

O homem diz isso começa a sumir.

Donizete acorda assustado no colo da avó.

— Que isso menino, quem é Coronel e Regina que você chamava no seu sonho? Pergunta a avó.

— São do meu sonho. Donizete percebe que tinha alguém sentado na poltrona ao lado do pai dele.

— Esse é o Alexandre, meu sobrinho e primo do seu pai, você não conhecia ele.

— Oi Donizete, tudo bem?

Donizete se levanta e dá a mão para o homem cumprimentando ele.

No momento que ele dá a mão para o homem ele sente um choque e puxa a mão rapidamente.

— Que foi? Pergunta o Primo do pai.

— Deu choque, que estranho. responde o Donizete.

O pai dele ri.

— Esse é um grande amigão do papai, ele vai dormir aqui hoje com a gente o papai trabalha com ele e vamos juntos para o trabalho.

Donizete ainda estava sonolento e não presta muita atenção no que o pai dizia e sobe para o seu quarto, para dormir.

No dia Seguinte.

Ele acorda e não vê o seu pai na cama ao lado, ele desce para tomar café, a sua avó prepara o café para ele, ela coloca café com leite quentinho em uma caneca de alumínio que tinha o símbolo do Corinthians impresso nela.

— A sua mãe vai vir aqui hoje.

Ele olha para a vó enquanto mastigava o seu pãozinho e não fala nada.

Ele vai para a sala e fica assistindo desenho esperando a sua mãe chegar.

Passado algum tempo alguém bate palma no portão.

A sua avó vai atender e verifica que era a mãe do Donizete.

— Entra. Convida a avó.

— Não obrigado, estou com pressa, só quero falar com o meu filho. A mãe dele não entra e fica no portão esperando por ele.

A sua mãe quer falar com você Donizete e ela não quer entrar.

Donizete vai ao encontro dela até o portão.

A sua mãe o abraça e o beija e pergunta.

— Vamos embora?

— Não, não quero ir não, quero ficar aqui.

— Vamos, vamos voltar para casa o João falou que vai te tratar melhor, ele prometeu.

— Não, não quero, quero ficar aqui.

A sua mãe começa a chorar e fala.

— Está bem então, chama a sua avó eu preciso passar os seus documentos para ela e acertar a transferência da escola, chama ela para mim por favor.

Ele entra e chama avó.

Elas se conversam e o Donizete fica só olhando.

Elas acabam a conversa.

— Ok, agora deixa eu me despedir do meu filho, se ele quer assim, fazer o que né.

A sua mãe chorando o abraça e pergunta mais uma vez.

— Você tem certeza disso?

Donizete faz que sim, balançando a cabeça.

Ela o solta, se vira e vai embora chorando.

Donizete e a avó ficam no portão olhando ela ir embora, que antes de virar na esquina, olha para trás e acena dando tchau e dobra a esquina.

Vem, vamos entrar. Diz a avó.

No momento que aparecia no portão alguns meninos, pedindo a bola emprestada chamando o Donizete para jogar bola.

— Posso ir jogar Vó?

— Mas como você vai jogar com esse pé machucado?

— Ele fica no gol Vó. Fala o Alemão.

— Se assim está bem então, mas cuidado para não se machucar mais.

Antes que ela terminasse a frase ele já estava pegando a bola e se mandando para a rua.

Eles dividem o time e começam a jogar.

Donizete fica no gol e em uma jogada o Coelho vem com tudo e o Donizete o bloqueia, e o coelho acha ruim, dizendo que ele o havia machucado e o empurra e o dois começam a trocarem socos, os outros meninos separam a briga e eles continuam a jogar. Só que agora o Coelho estava no mesmo time do Donizete, para não ter mais briga.

A brincadeira acaba quando novamente o Cabeção dá um chutão na bola, que cai na casa do Japonês.

Como o barulho da bola caindo no seu quintal, não precisou nem chamar o Japonês.

Ele aparece no portão xingando e gesticulando apontando para a caixinha de correio, mas por causa do sotaque ninguém entendi o que ele dizia.

Então ele pega a bola e diz uma frase que todos entenderam.

— Acabou a "brincadela". Diz ele com um sotaque oriental.

Os meninos só olham, mas o Donizete não se conforma e ataca pedras no Japonês que corre para dentro de casa.

Donizete não contente, pega um pedaço de pau e dá pauladas no portão do Japonês quebrando as pontas das lanças do portão.

Os meninos vibram e gritam.

— Estamos vingados.  gritam todos comemorando.

— Agora vamos comer goiaba no Marreco.

— Isso vamos.

A criançada pula o muro no final da rua onde ficava a chácara do Marreco, onde haviam várias arvores de pé de Goiaba.

As crianças sobem nos pés de goiaba e se esbaldam de tanto comer goiaba.

— Ih, acho que comi um bicho de goiaba. Grita o Barriga.

As crianças todas riem.

— Agora está me dando dor de barriga e não vai dar tempo de descer, se não vou fazer na calça, vou cagar aqui de cima da árvore mesmo.

Ele abaixa a calça se ajeita no galho e forquilha e faz cocô, dali mesmo.

Só se escutava o barulho dos troços caindo no telhado do galinheiro, parecia tijoladas no telhado.

As crianças riam, que não se aguentavam, achando engraçado o Barriga sentir dor de barriga e fazer cocô de cima da árvore.

O Cabeção chama alguns meninos de canto longe do Bomba, mas rindo ainda do Barriga.

   Hoje é aniversario do Bomba, vamos dar ovada nele. Diz o Cabeção.

— É mesmo. Confirma o coelho.

— Nós podemos pegar os ovos no galinheiro do Marreco. Diz o Cabrito irmão da Peninha.

—Mas deve de estar fedendo tudo lá depois da cagada do Barriga. Fala o Donizete.

— Vamos ver. Fala o Cabeção.

Eles entram no galinheiro.

— Que fedor, está muito fedido. Diz o Testa.

— Tampa o nariz com a gola da camiseta e coloca os ovos na parte de baixo da camiseta. Fala o Cabeção.

Eles pegam alguns ovos e quando estavam saindo, eles escutam latidos de cachorros.

— Correm o Marreco vem vindo! Grita o Coelho.

Todos correm desesperados e pulam o muro no momento que os cachorros aparecem e o Marreco atrás xingando.

Eles correm para a rua.

— Segura o Bomba. Fala o Cabeção.

Todos seguram o Bomba que se debate em vão.

O coelho passa alguns ovos para o Testa que deixa cair um.

O Ovo se espatifa no chão.

— O que é isso? Pergunta o Testa.

— É um pintinho. Responde o coelho.

— Credo que cheiro horrível. Reclama o Coelho tampando o nariz e deixando cair o restante dos ovos, onde todos estavam chocados e com pintinhos dentro.

— Nossa que cheiro horrível.  reclamam todas as crianças.

Credo! —  Que nojo, vocês iriam jogar isso em mim. Diz o Bomba.

Nossa que dó. Diz o Donizete.

Nunca mais na minha vida vou comer ovo. Fala o Cabeção.

Aquele cheiro vai ficando pior e dá ânsia de vomito em algumas crianças, principalmente no Donizete.

As crianças vão para o outro lado da rua, longe daquele cheiro.

— Nossa vomitei todo o meu café da manhã e as goiabas que comi. Fala o Donizete.

— Agora me deu até fome. Fala o Donizete.

— Vamos lá roubar chocolate no mercadinho. Fala o cabeção.

— Vamos! fala o Testa.

As crianças vão até o mercadinho e finge que vão comprar alguma coisa.

uma pega um pacotinho de alguma coisa e enfia dentro dos shorts e saem como se nada estivesse acontecendo.

Eles param em frente da casa da Avó do Donizete e contabilizam o que eles roubaram.

— Eu peguei um pacote de Dadinho de amendoim. Fala o Cabeção.

— Eu peguei um pacote de goma de mascar. Fala o Testa.

— Eu peguei chocolate. Fala o Bomba.

— Eu peguei uma caixa de Bombom. Fala o Donizete.

— Caracas como você fez isso? Perguntam os outros meninos.

— Legal agora vamos dividir. Fala o Cabeção.

O primo do pai do Donizete, o Alexandre ouvia tudo de trás da porta da Sala.

E pensa.

— Bom saber.

As crianças se esbaldam com os doces.

A avó do Donizete sai na porta e o chama para almoçar.

— Estou sem fome vó.

— Mesmo assim vem comer alguma coisa, não pode ficar sem comer nada, vem entra um pouco, chaga de rua.

— Vou ter que entrar.

Ele entra e as crianças vão embora.

Quando ele entra a sua avó estava na cozinha e o primo do seu pai fala para ele.

— Está sem fome, porque estava roubando doce, que coisa feia, vou contar para o seu pai. Fala o Primo do pai.

— Não por favor não conta. Pede o Donizete.

E o que eu ganho com isso? Diz o Primo.

— Eu não tenho nada para te dar.

— Então deixa eu ver a sua bunda!

Não isso é coisa de veado.

— Só mostrar não, mostra ou eu vou contar para a sua avó agora.

— Não.

— A é, vou lá contar.

— Tá bom eu mostro.

— Abaixa a calça.

Donizete abaixa os shorts deixando a abunda a mostra.

— Agora coloca a mão no chão, isso.

O homem fica olhando a bunda do menino e pegando no membro dele.

— Donizete!! Grita a avó da cozinha.

Donizete levanta a calça rapidamente.

O Homem o agarra no braço e ele estava como membro duro.

— Donizete!! Grita a avó de novo.

Donizete olha para o homem e para o seu braço e o homem o solta.

Ele vai em direção a cozinha e se senta na mesa.

A sua avó o serve um prato de comida, mas ele não estava com fome e fica só brincando com o garfo.

   Você está sem fome né menino?

— Sim. Diz o Donizete.

— Quer que frite um ovo?

Não. Ele lembra dos pintinhos no chão e lhe dá ânsia de vomito.

— Alexandre você não quer almoçar?

— Agora não tia, daqui a pouco.

Donizete fica olhando para a avó, pensativo.

— O que foi menino?

— Nada, só pensando.

Donizete volta apara a sala e o homem, tira o membro para fora e fica mostrando para ele, cochichando.

— Vó!

O homem guarda o membro rapidamente.

— Eu vou lá na rua brincar, ok.

— Vai, mais cuidado.

O homem tenta agarra ele, mas ele se desvencilha e sai para a rua.

Ele encontra o Morcego brigando com dois meninos e estava apanhando, ele chega de voadora e derruba um e dá soco no outro, os meninos correm e eles correm atrás do s meninos até a entrada da casa deles, onde o menino tenta abrir o portão e o Donizete dá outra voadora no menino derrubando no chão.

O pai do Menino grita para que eles enquanto tentava abrir o portão e o Donizete e o Morcego correm de volta, para a casa deles.

O pai do Menino pega o carro e vai atrás deles.

Eles correm e entram na casa do morcego e ficam ali escondidos.

O carro passa diversas vezes na rua procurando por eles.

— Nós vamos ter que ficar aqui escondido em casa, não vamos poder sair, dizem que o pai desses meninos é louco e anda armado.

— Ok, e o que nós podemos fazer para distrair.

— Eu tenho umas folhas de ceda, vamos fazer um balão.

— Você sabe fazer balão?

— Sim, você me ajuda.

E assim eles ficam a tarde toda fazendo balão e quando escurece eles escutam um barulho de bombinhas.

Depois de alguns minutos, aparecem vários carros de polícia e o pessoal correndo para socorrer um homem que havia sido baleado pelo vizinho e esse vizinho que baleou o outro, era o pai dos meninos que estava atrás deles.

Eles vão até a rua de baixo e ficam observando no momento que chega a notícia que o homem havia morrido, a população estava revoltada e depois que a polícia foi embora a população invade a casa do assassino e destroem tudo, arrastam um carro que no mesmo dia estava procurando pelo Donizete e Morcego e o capotam, deixando o carro virado com as quatro rodas virado para cima.

Mas o Assassino havia fugido deixando tudo para trás.

A população tenta atear fogo na casa, mas a polícia volta e impede.

Donizete e o Morcego sobem de volta para as suas casas e o Donizete vai direto para a casa dele.

   Menino onde você estava?

   Eu estava preocupada, você não viu o maluco que matou o vizinho?

— Vi sim vó.

— Você viu, que perigo um doido desse solto ai pela rua.

— Pois é.

— Graças a Deus que você chegou, agora vai tomar banho, para você jantar.

Ele toma banho e a sua avó coloca a comida no prato para ele.

Ele dá a primeira garfada e senti uma dor no dente.

— Que foi menino, está sem fome de novo?

— Meu dente está doendo.

— Coloca vinagre no dente que está doendo.

Avó coloca uma colher de vinagre na boca dele.

— Agora vai no banheiro e faz bochecho.

Ele faz o que a avó manda e vai para a sala assistir tv.

Estava passando Esquadrão Classe A.

— Eu gosto do Murdock, de quem você gosta vó?

— Eu gosto do BA, acho ele engraçado quando tem que tomar avião.

— O Murdock é louco e é mais engraçado Vó?

O seriado acaba.

— Eu vou dormir vó, o meu dente ainda está doendo um pouco.

Ele sobe para dormir, e tenta dormir, mas a dor de dente vai aumentando ele acorda reclamando que estava doendo muito.

O seu pai e a sua avó, tentam fazer alguma coisa, dá remédio para a dor o que alivia um pouco, ele consegue dormir, mas a dor persistia.

Ele tinha flashes de sonho, onde o escravo tentava dizer alguma coisa para ele, mas a dor de dente o acordava e o escravo não conseguia terminar a frase, o máximo que ele entendeu foi:

— "Você está correndo peri.." mas ele acordava com a dor de dente.

Vó!!! —   Não para de doer, está doendo muito.

— Valter nós vamos ter que levar esse menino cedo no dentista para ver esse dente.

O menino rolava de dor na cama.

O dia amanhece.

Donizete e o seu pai estão no consultório do dentista, que examina o dente.

Esse dente não tem mais jeito, ou coloca uma prótese ou arranca.

— Uma prótese custa cara né doutor?

Sim um pouco.

— Então arranca.

— Pode arrancar o dente então?

— Sim pode.

O Dentista arranca o dente   e dá algumas instruções.

— O menino tem que ficar quieto para não dar hemorragia, evitar agitações.

O pai faz que sim com a cabeça e os dois deixam o consultório.

Chegando em casa o pai avisa.

— Você escutou o que o dentista, falou né?

Donizete faz que sim com a cabeça.

— Nada de estripulias para não sangrar.

O garoto faz que sim com a cabeça novamente.

 

 

 

 

 

O Garoto permanece quieto, mas não por muito tempo.

— Vó eu posso ficar lá fora?

— Sim, mas não esquece nada de estripulia.

Ele sai para a rua e encontra o Sapão e o seu irmão mais novo o Perereca.

— Vamos lá na casa da guardinha que matou o vizinho, o pessoal estão querendo saquear a casa.

— Vamos.

Eles dessem até a casa havia um grupo de pessoas aglomerada na porta da casa, mas os policias haviam trancado o portão.

—E moleque vem aqui.

Donizete vai até o homem que estava chamando.

Era o tio do Barriga que diz para ele.

Você consegue subir na laje e passar por aquele vão e descer e abrir o portão por dentro para nós?

Donizete olha e diz:

— Sim consigo, só me levanta para subir na laje.

O Homem e mais um levantam o Donizete que sobe na laje, passa por uma fenda da janela e desce para a garagem, onde ele abre o portão.

A multidão invade a casa arrombam a porta da casa e saqueiam a televisão, bicicleta, roupas e tudo o que podiam carregar.

Donizete sobe novamente na parte de cima onde uma construção estava inacabada e começa a jogar tijolos para baixo, destruindo todo o material de construção, outros moleques sobem e se juntam a ele e começam a quebrar a parede que estava sendo erguida.

Eles quebravam a parede pelas laterais o que faz a estrutura de cima despencar e quase matando todos ali, a parede toda se despedaça batendo na laje e o restante no chão, foi por pouco, a parede de toneladas passa centímetros da cabeça do Donizete.

— Ufa! — Essa foi por pouco. Diz aliviado o Donizete.

Que deixa ele assustado e resolve sair dali e vai para o fundo da casa onde ele encontra uma bicicleta.

Ele puxa a bicicleta para cima da laje e depois desce pela escada carregando a bicicleta.

As pessoas estavam indo embora porque o bombeiro e a polícia haviam sido chamados porque atearam fogo na casa e não tinha mais quase ninguém ali, todos estavam fugindo, só estavam o Donizete o Perereca e um homem mal encarado que vai na direção do Donizete e diz.

— Vai moleque me dá essa bicicleta!

Donizete se recusa entregar dizendo:

— Não, eu achei é minha.

O homem dá um soco no Donizete e a sua boca começa a sangrar muito por causa do dente que ele havia arrancado e ele cospe o sangue no homem, que dá um chute nele.

Mas de repente da caixa de força de energia, começam a brotar lesmas, eram umas lesmas diferentes da que o Donizete estava acostumado a ver, essas eram negras e maiores e muito mais agressivas, elas saiam da caixa de força soltando faíscas de energia e agarram o homem levantando-o e o puxando para a caixa de força já eletrocutando o homem, e o seu corpo chacoalhava todo.

O homem se debatia e as lesmas o segurava até o seu corpo parar de tremer, só assim elas desaparecem e deixando o corpo do homem já morto cair no chão.

O Perereca estava assustado olhando o que tinha acabado de acontecer, estava em choque e não se mexia.

— Vamos Perereca, está ficando cheio de fumaça aqui, anda moleque. Donizete dá um grito com ele.

Eles saem da casa e encontram o Sapão e o Cabeção fora da casa.

  Vamos andar de bicicleta. Diz o Donizete para mudar de assunto.

O Perereca vai contando para o irmão o que tinha acabado de acontecer.

— O homem foi agarrado por umas coisas gosmentas pretas e o matou eletrocutado, não foi Doni?

— Não, foi nada disso não, ele estava roubando os fios e pegou em uma parte descascada. Desconversa o Donizete.

— Não eu tenho certeza do que eu vi.

— Não era isso não, por causa da fumaça, você imaginou coisas. Diz o Donizete.

— É maninho você está imaginando coisas, e porque a sua aboca está sangrando Doni? Pergunta o Sapão.

— Eu arranquei um dente e deve de ter aberto o ponto. Responde ele.

— Você precisa lavar a boca, está sangrando muito.

— Deixa para lá, vamos andar de bicicleta. Fala o Doni.

— Mas os pneus estão murchos. Fala o Cabeção.

— A gente anda assim mesmo. Fala o Sapão

Perereca fica ali parado tentando refletir e dá de ombros.

Eles se divertem com a bicicleta, como se nada tivesse acontecido, a polícia e os bombeiros chegam e o fogo havia se alastrado, eles retiram o corpo do homem eletrocutado achando que ele havia falecido devido ao incêndio, sem suspeitar de nada.

Mandou bem em moleque. Diz o Tio do Barriga para o Donizete.

— Esse é dos meus, quem mexer com ele vai estar mexendo comigo. Grita o tio do Barriga para todo mundo ouvir.

— Eu vou precisar que você faça, o que você fez hoje de outro jeito em outras ocasiões, mas eu te aviso quando for para fazer isso, garoto esperto.

Donizete fica olhando para ele.

— Ei é aminha vez de andar na bicicleta. Diz o Donizete para o Sapão.

As crianças brincam com a bicicleta até o pneu se soltar e a roda ficar no só no aro, eles arrancam o pneu e continuam a brincadeira.

Os Bombeiros vão embora e fica só um carro de polícia na porta da casa, para evitar novos ataques.

Os Policiais vão até a padaria para tomarem um café e os moradores aproveitam e pedem para o Donizete escrever no muro da casa: “Casa do Assassino”.

Os moradores dão as tintas para ele.

Ele vai até o muro que estava preto chamuscado pela fumaça e com a tinta branca: “Assasino” com um “S” e as pessoas gritavam: Tem mais um “S” está faltando outro “S”.

Ele volta com a tinta e encaixa mais um “S”, e continua brincando como se nada tivesse acontecido.

O policial volta, olha a inscrição e dá de ombros.

Donizete volta empurrando a bicicleta com a roda no ferro derrapando no asfalto.

— É isso moleque. Elogia o tio do Barriga.

— Quando escurecer nós vamos fazer aquele esquema. Diz o Amigo do Tio do Barriga, o Arquimedes.

O dia passa e as crianças destroem a bicicleta, até o ponto de a bicicleta não ter mais jeito de andar com ela e eles abandonam em frente da casa do assassino.

E o dia Escurece.

O Tio do Barriga e o Arquimedes chamam o Donizete.

— Vem com a gente moleque esperto.

Eles vão andando por alguns quarteirões e chegam em uma casa onde estava tudo escuro.

Eles olham em volta na rua, pulam o muro da casa e explicam para o Donizete.

— Nós vamos te levantar aqui no vitro, para você entrar dentro da casa e abrir a porta dos fundos para nós, mas não acende a luz.

Eles levantam o Donizete, enfiando as pernas dele pelo vitro, deixando a cabeça por último.

Donizete pula dentro da cozinha da casa, onde estava tudo escuro, ele vai tateando e esbarra na mesa da cozinha derrubando alguma coisa que estava em cima da mesa no chão, fazendo muito barulho.

— Não faz barulho e vai nessa direção, a chave da porta deve de estar na fechadura.

Ele vai tateando pela parede e chega na porta, ele abre a porta.

— Pronto está aberta.

— Ok, agora você fica aqui fora olhando se não vem ninguém.

O Tio do Barriga e o Arquimedes entram na casa e reviram tudo procurando coisas de valores, roupas, tênis. E outros objetos.

Eles fazem a limpa.

— Vamos Moleque esperto, só me ajuda aqui segura um pouco das coisas aqui para mim enquanto eu pulo o muro.

— Pronto pode jogar!

Eles jogam as coisas aos poucos.

— Pronto agora pode vir também.

O Arquimedes ajuda ele a subir no muro e passa as coisas dele para o Tio do Barriga, para poder pular o muro.

Todos terminam de pular o muro e fogem em direção a casa do tio do Barriga.

— Conseguimos, não falei que esse moleque era esperto. Diz o Tio do Barriga para o Arquimedes.

— Agora vamos dividir as coisas. Diz o Arquimedes.

Elas separam os tênis, algumas roupas, algumas joias e relógios.

— Moleque esperto, depois que a gente vender esses outros a gente te dá um dinheiro, por enquanto toma fica com esse Game boy com o jogo do Don king Kong para você, o que mais você quer?

— Eu acho que esse agasalho serve em mim, parece um pouco grande, mas dá para usar.

Ele pega o Game boy e o agasalho para ele e o tio do Barriga diz.

— Amanhã tem mais, nós vamos pegar umas peças de carro.

— Tudo bem, posso ir embora, não estou me sentindo muito bem. Diz o Donizete.

— Lógico, mas o que você está sentindo?

— Um mal—  estar.

— Quer alguma coisa?

— Não, só ir para casa.

— Ok, mas cuidado com o vídeo game e a blusa, não diz para ninguém onde você conseguiu isso, ninguém pode saber.

— Eu vou esconder quando chegar em casa.

Chegando na casa dele ele entra pelo o corredor ele coloca a blusa no meio da roupa suja e esconde o vídeo game atrás de uma pedra.

Quando ele se vira toma um susto.

O primo do seu pai estava atrás dele.

— O que você está escondendo aí?

— Nada? —  Deixa eu ver então?

— O que é isso? Nada?

— Você roubou isso também né, está muito suspeito, entrou de fininha pelo corredor, eu vi um vulto no vidro da porta e vim ver o que era e peguei você com a boca na botija.

— Não estou com a boca em lugar nenhum, só quis esconder aí.

— A é, se não deve nada, então vamos lá mostrar para o seu pai e para a sua avó.

— Não, enche.

— Está vendo, se não deve não iria ficar com medinho, agora eu quero ver a sua bundinha para não te entregar para o seu pai.

— Não, eu não estou me sentindo bem.

— Ou você mostra ou eu te entrego.

— Rapidinho?

—Isso, só um pouquinho.

Doni abaixa os shorts e o homme tira o seu membro para fora e se masturba olhando a bunda do menino.

— Está muito seco, coloca na boca para lubrificar um pouquinho.

— Eu não vou por nada na minha boca, não sou veado, que nojo, eu vou vomitar em você se fizer isso, olha o tamanho disso, nem cabe na minha boca é muito grande, você é louco?

O homem estava com os olhos vidrados como um viciado e tremia, com o membro ereto e segurava o Donizete pelo braço.

— Eu não estou me sentindo bem, me deixa em paz, me deixa entrar, outro dia eu deixo você ver a minha bunda, por favor.

— Está bem, mas eu vou cobrar.

O homem sobe a calça e fica um volume na calça e diz.

— Vai entra você que depois eu vou, não posso entrar assim, com esse volume.

Donizete entra e deita no sofá.

A sua avó vem ver quem tinha entrado e vê que é ele.

— Onde você estava menino?

— Estava morrendo de preocupação, o seu pai e o Alexandre saíram atrás de você.

— O que você tem, está vermelho?

A avó coloca a mão no menino.

   Nossa você está queimando em febre.

No momento que o seu pai entrava pela porta da sala.

— Valti o menino está queimando em febre.

— Também o dentista falou que era para ele ficar quieto em casa, mas ele sumiu, só pode ser por causa do dente.

— Vamos dar um banho nele, para baixar a febre.

Eles colocam o menino debaixo do chuveiro.

Depois coloca ele de volta no sofá.

— Precisa ir comprar Nevolgina, para baixar a febre Valti, você vai lá buscar eu vou fazer uma sopinha para ele, porque ele não pode mastigar.

O pai sai para comprar o remédio.

— Alexandre você coloca o menino no quarto para mim na cama dele, eu não aguento com ele, eu vou preparar a sopa para ele.

O homem sobe coloca ele na cama, mas dá uma olhada para baixo na escada, volta até a cama do menino abaixa os shorts dele e começa a se masturbar, olhava para baixo para ver se não subia ninguém.

O Homem tremia e ejacula muito rápido espirando tudo no menino.

Ele limpa rapidamente deixando alguns vestígios e vai para o banheiro para se limpar e disfarçar e fica um tempo dentro do banheiro.

O Pai chega com o remédio e a avó termina a sopa, eles pingam o remédio em um copo com água, coloca a sopa em um prato e sobem, para cuidar da criança.

— Acorda menino, toma o remédio. Dia a avó puxando a coberta e sente algo melado.

— Nosso menino você está resfriado também, suou o nariz na coberta, essa sopa vai te fazer bem para a gripe também, é uma sopa muito boa.

Alexandre já estava ao lado dela arregala os olhos e fica tenso.

Mas a senhora era inocente e nem imaginava que não era gripe nenhuma.

Donizete toma a sopa e adormece.

Ele está andando na Fazendo, mas está chovendo muito forte e ventando muito forte, onde formava um remoinho levando partes do telhado do barraco, ele tentava chegar no barraco, mas o vento não deixava ele desvia e vai em direção a Senzala a ventania aumenta e começa tirar ele do chão também, uma mão forte o agarra e  puxa para dentro da senzala, era o Escravo que parecia mais forte e mais alto e a sua voz estava mais grossa e ele estava muito bravo.

Mas ele dizia alguma coisa que não dava para entender, por causa do barulho do vento e dos trovões e a sua voz estava mais grossa como um trovão.

Mas uma única palavra ele consegue entender.

— Cuidado!

O vento arranca o telhado.

A sua avó puxa a coberta, acordando ele dizendo, você está todo molhado de suor, vamos trocar essa roupa.

Ela troca a roupa dele e coloca um lençol limpo e ele volta a dormir tranquilamente, mas não sonha com mais nada.

Na manhã seguinte.

 

Ele desce as escadas pulando.

— Pelo jeito, já está bem. Diz o pai dele.

  Sim, estou bem melhor.

  Esses pimpolhos se recuperam muito rápido mesmo, impressionante. Diz a avó.

Ele desce toma café preparado pela avó e vai para a sala.

No momento que o Alexandre chega na porta pedindo para ele vir até o quintal.

Ele e o pai dele vão até o quintal e o Alexandre havia trago, algumas madeiras, dizendo que iria construir um carrinho de rolimã para ele, como se quisesse aliviar alguma culpa.

   Você me ajuda? Pergunta o Primo do Pai.

 Sim. Diz o Donizete empolgado, mas desconfiado com a situação.

— Como você quer o seu carrinho, que modelo.

— Quero igual ao do Speed Racer. Diz a criança.

— Eles desenham em uma tábua, um modelo de carrinho, com três pontas, duas pontas menores nas laterais e uma maior no meio.

O Alexandre serra a madeira.

  Pronto o desenho do Speed Racer, está pronto agora falta os eixos e as Rolimãs.

  Talvez a gente consigo as rolimãs no desmanche de carro, mas para isso nós temos que ir lá pedir, mas vamos terminar a parte das madeiras e deixamos tudo pronto só fica faltando colocar o principal, porque são as rolimãs que fazem o carrinho andar.

Donizete olha para ele pensativo e diz.

 — Eu tenho alguns amigos que moram perto do ferro-velho desmanche de carro, talvez eles possam me ajudar.

  Ok, depois então você tenta com eles, mas vamos terminar aqui.

Eles furam a madeira para colocar o eixo de guia pregam o eixo traseiro e pintam o carrinho todo de branco, com duas faixas, uma azul e uma vermelha e colocam o número cindo no meio do carrinho.

  Ficou igualzinho, obrigado.

Donizete abraça o Alexandre que o abraça, mas acaba apalpando a bunda do menino.

  Desculpa, foi sem querer.

Donizete olha para ele, ainda estava com um sorriso no rosto e não dá atenção para o que tinha acontecido, ele estava muito empolgado com o carrinho.

  Só fica faltando rodas de rolimãs, depois você vai lá ver se os seus amigos te ajudam.

  Pai o Alexandre terminou o carrinho, posso ir lá na rua debaixo se os homens me dão as rodas de ferro.

A avó que escutava a conversa diz.

  Menino, vai e volta logo, você estava queimando em febre, não quero nenhuma surpresa de novo, já chega as duas noites passadas.

  Deixa o menino se divertir, quem sabe isso não o ajude a melhorar,

— Então vai, mas não demore.

Donizete sai como um furacão e desce a rua correndo.

  E aí garoto esperto, está tudo bem com você?  Pergunta o tio do Barriga

  Sim, estou bem melhor, estou precisando de rodas de rolimã.

O homem não entende muito bem a resposta.

  Eu estou precisando de rodas de rolimã, será que a gente consegue lá no desmanche que você falou.

  Hoje está fechado porque é domingo, por isso nós vamos ter que pular lá para pegar.

  Vamos lá no caminho a gente chama o Arquimedes e ele nós ajuda.

Eles vão até a casa do Arquimedes que já estava saindo e o Tio do Barriga fala para ele.

  O menino está precisando de rodas de rolimã eu falei para ele que nós podíamos ajudar ele a pegar lá no ferro velho e assim a gente aproveita e faz aquele esquema que combinamos.

Eles vão até a entrada do desmanche e batem no portão para ver se o cachorro aparecia.

  Acho que o cachorro não está solto, vem Garoto que a gente te levanta e você desce pelas emendas do portão do outro lado e abre o trinco do meio do portão para nós.

Eles levantam a criança e ela se agarra no ferro e vai descendo e chega no chão e tentava puxar o trinco para cima, que estava muito duro.

Os homens de fora chacoalhavam o portão para ajudar a abrir o portão, mas o barulho que portão fazia chama a atenção do cachorro que aparece e avança no menino.

Antes do cachorro alcançar a crianças lesmas brotam do chão, formando em um lobo gigante, que abocanha o cachorro e o joga longe, o cachorro foge chorando.

  O que foi isso garoto, que barulho foi esse?

O portão se abre.

— Pronto, consegui.

Os dois homens olham um para o outro e dão de ombros e entram no desmanche.

  Vamos pegar as suas rolimãs.

Elas vão até um galpão e pegam algumas rodas de rolimã que estava em uma caixa de madeira.

  Pronto pegamos o que você queria, agora só ajuda a gente com outra coisinha, igual ao que você fez ontem.

Eles vão até o escritório onde havia um vitro.

  Eles levantam o garoto que passa através do vitro.

— Vai até a mesa e abre a primeira gaveta, dentro dela vão ter várias chaves, pega todas elas e dá aqui para a gente,

Ele enche a mão com as chaves e entrega para o Tio do Barriga pelo vitro.

O tio pega as chaves e as testam uma por uma, até conseguir a porta onde o Donizete estava.

  Pronto conseguimos! Exclama o Tio.

  Agora deixa com a gente, mas antes só pega aquele carrinho para nós.

O menino entrega o carrinho para os homens, que levam o carrinho para dentro do escritório e saem com algo sobre o carrinho coberto por um pano.

  Vamos sair daqui rápido, vamos! Diz o Tio do Barriga.

Eles saem do Ferro velho, carregando algo muito pesado no carrinho e o Donizete sobe para a sua casa dele feliz com as rodas de rolimãs e as entregam para o Alexandre, que as encaixam no carrinho.

  Pronto agora você já pode brincar com ele.

Donizete, se prepara na descida e solta o carinho na ladeira abaixo, tirando um fina de um carro que subia, o que faz o Alexandre quase ter um infarto de susto.

  Menino você é doido, não viu o carro?

  Eu vi, mas não tem freio.

  Vou ter que colocar um freio, nesse carrinho, se te acontece alguma coisa o seu pai me mata.

Mas isso não impede ele de descer outras vezes e o garoto se diverte.

Ele estava subindo puxando o carrinho pelo eixo e escuta uma vós dizer.

  Deixa eu ir uma vez?

Ele olha para trás e era uma menina ruivinha cheia de sardas.

  Sim, eu deixo, mas você sabe andar?

  Nunca andei.

  Tenta, vamos daqui do meio da descida.

Ele coloca o carrinho no chão a menina sobe em cima, mas fica com medo.

— Tenho medo, vem comigo, senta atrás e vai guiando.

Ele senta atrás dela.

  Coloca o seu pé em cima do carrinho para não atrapalhar e deixa que guio. Diz o Donizete.

A menina coloca o pé em cima do carrinho.

— Está pronta?

— A menina faz que sim com a cabeça e eles descem.

— Hu, que gostoso, quero ir de novo, mas agora quero ir lá de cima.

Eles sobem e descem.

— Só que agora eu vou ter que segurar você mais forte para a gente não cair.

  Pode me abraçar

Ele abraça ela bem forte e descem com toda velocidade.

— Agora deu medo, mas foi gostoso.

Eles descem várias vezes e começa a escurecer e um senhor começou a reclamar para que eles parecem porque ele queria ouvir a televisão.

Eles xingam o homem e saem correndo rindo.

— Guarda o seu carrinho e vamos lá na rua do meio brincar.

Ele guarda o carrinho e vai com ela até a rua do meio onde estavam outras meninas e alguns meninos.

  Onde você estava Vania? Pergunta outra menina mais velha.

  Estava na rua de cima brincando de carrinho de rolimã com ele.

A menina mais velha mede ele dos pés a cabeça e pergunta.

  E quem é ele?

  Eu também não sei, como é o seu nome mesmo menino?

  Donizete, mas pode me chamar de Doni.

  Eu sou a Vania e essa é aminha irmã Rute, aquela sentada é a Elaine do lado dela é a Vera, e os meninos são o Marcio e o Marcelo.

Ele balança a cabeça.

  O que vocês estão fazendo? Pergunta a Vania.

  Nós vamos dançar musica lenta na garagem.

  A gente pode dançar com vocês?

  Sim, só que são quatro meninas para três meninos, vai dar certinho a brincadeira, porque quem ficar sem par, vai ficar com a vassoura e tem que contar até dez para poder passara a vassoura para outra pessoa e quem ficar com a vassoura na hora que a música acabar, recebe um castigo.

  Entendeu? Pergunta a Rute para o Donizete.

  Sim. Responde ele.

A música começa e os pares estavam divididos da seguinte maneira:

Vania e Donizete, Marcelo e Elaine, Marcio e Vera e a Rute começa com a vassoura, ela passa a vassoura para a Vania que conta até dez e passa para a Elaine, que conta até dez e passa para a Rute, que conta até dez e passara para a Vera, que conta até dez e passa para a Elaine e a música acaba antes dela contar até dez.

  Castigo, castigo, castigo!

  O castigo vai ser beijar o Marcelo de língua. Diz a Rute.

A Elaine sem perder tempo dá um beijão no Marcelo.

Eles colocam a música de novo e a Elaine começa com a vassoura, que passa para a Rute, que passa para a Vania, que passa para a Elaine, que passa para a Vera e que passa para a Vania e a música acaba com ela com a vassoura na mão.

  Castigo, castigo, castigo.

  Você vai ter que beijar o menino novo. Diz a Elaine.

E a Vania dá um beijo de língua nele.

As meninas riem, mas Vania fica meio sem graça.

Eles colocam a música, mas a brincadeira era interrompida pelo irmão mais velho da Rute e dá Vania.

  Agora chega eu quero usar a vitrola e a mamãe que escutar a novela que com a brincadeira de vocês não está conseguindo ouvir a televisão, vão brincar lá na frente e você Vania, daqui a pouco você entra, não quero você na rua até tarde.

  Do que a gente brinca agora? Pergunta a Vera.

  Vamos brincar de beijo abraço e aperto de mão. Sugere a Elaine.

  Não, primeiro vamos brincar de esconde- sconde, que a gente pode ir mais longe, porque depois que ficar mais tarde não vou poder ir muito longe.

Todos concordam e a brincadeira começa.

  Vai começar com quem foi a última a ficar com a vassoura a Vania.

— Vai Vania começa a contar para a gente se esconder.

Ela começa a contar e a brincadeira começa, cada um se esconde em um lugar diferente e a brincadeira demora bastante porque a Vania demora a encontrar.

  Agora é você que conta Vera, você foi a única que eu encontrei.

A Vera começa a contar e eles correm para se esconder.

— Vem comigo Doni eu sei um lugar legal para a gente se esconder.

Eles correm até um carro velho do desmanche e entram dentro do carro e ficam ali quietinhos por um tempo.

A Vania vira para o Doni que estava bem pertinho dela boca com boca e os dois se beijam e o beijo fica quente e eles não param de se beijarem e eles ficam ali dentro do carro e até esquecem que estava brincando e o tempo passa e as pessoas procuravam por eles.

A porta do carro se abre bruscamente e alguém puxa o Donizete pelo cabelo tirando ele de cima da Vania, que se assusta ao ver quem era.

Moleque eu vou te matar de porrada, se aproveitando da minha irmãzinha.

A Vania gritava para o irmão soltar o Doni e a Rute vem na direção deles.

  E você Rute era para cuidar da sua irmã e a deixou aqui se esfregando nesse moleque, leva a sua irmã daqui agora, que eu vou dar um jeito nesse moleque.

A Rute leva a Vania chorando.

E todo aquele barulho chamou a atenção do tio do Barriga e do Arquimedes que percebem, que o moleque que o irmão mais velho da Vania estava segurando era o Donizete.

  E, não vai bater no moleque esperto não, esse moleque é nosso parceiro.

— Eu peguei ele amassando a minha irmã.

  E daí ele é homem, você não pega as irmãs dos outros.

  Isso não tem nada a ver, mas você falou que ele é seu parceiro, que tipo de parceiro,  de crime?

O Tio do Barriga puxa ele para o canto, fazendo ele soltar o Doni.

Eles conversam longe do Doni e quando o Boy irmão da Vania volta olha para ele e fala.

  Beleza moleque, depois a gente conversa para acertar isso.

O Tio do Barriga chega perto do Doni e passa a mão na cabeça dele e diz.

  Pronto moleque esperto, vê se não apronta mais nada, mas depois ele vai te procurar para fazer um esquema igual o nosso, eu falei para ele que você iria ajudar ele e por isso ele não vai te fazer nada.

Donizete olha para ele e olha para o Irmão da Vania indo embora, dá de ombros e vai para a sua casa, no caminho ele encontra os meninos da rua de cima, que brincavam em uma construção de uma casa.

  O Que vocês estão fazendo? Pergunta Doni.

  Estamos pulando do segundo andar da construção na areia. Responde o Testa.

  Mansão dá medo? Pergunta Donizete.

  De pular não, o que dá mais medo e o escuro para chegar até o segundo andar. Fala o Galo.

  Quer tentar? Pergunta o Cabeção.

  Sim, quero. Responde ele.

— Então vamos. Fala o Galo.

Os meninos formam um fila, e um por um vão entrando na casa em construção onde as escadas ainda estavam prontas e no lugar dos degraus, só haviam os ferros transversais para ser concretado depois e por esses ferros eles sobem correndo com medo do escuro, alguns tropeçam no final, se levantam rapidamente e pulavam na areia, as vezes caindo uns por cima dos outros.

— Muito bom, vamos de novo? Pergunta o Donizete.

  Vamos, mas você vai na frente agora. Diz o Galo.

Assim eles entram novamente em fila e o Donizete liderando a fila.

Eles sobem correndo gritando e o último da fila tropeça e causa um efeito dominó derrubando o Doni, que liderava a fila, fazendo com que ele batesse a cabeça na quina da porta. Ele leva a mão na cabeça e vai em direção da luz na sacada da casa, quando ele tira a mão o Galo grita.

— Sangue!

O sangue escorre pelo rosto do Donizete caindo na sua camisa.

— E agora, você vai voltar pelos ferros na escuridão ou vai pular? pergunta o Galo.

  É mais rápido pular. Diz Doni já pulando na areia.

  Você é louco. Grita o Cabeção.

  Você pulou mesmo. Fala o Galo rindo

  Vamos a gente te acompanha até a sua casa. Diz o Galo.

As crianças vão até a casa do Donizete e a sua avó leva um susto ao ver o neto todo ensanguentado.

  Calma vó não foi nada.

A avó ainda assustada pensa rápida.

— Vamos lá na casa da Marines ela é enfermeira e vai saber o que fazer.

A avó o leva até a casa da vizinha de frente que pede para eles entrarem e ela examina o menino.

— Parece só superficial, não teve trauma, mas vai ter que levar ponto.

— Ponto? Pergunta Donizte.

  É, mas na cabeça vai ser difícil dar ponto com linha e agulha, então a gente pode dar uns pontos falsos com esparadrapo.

  Más vamos ter que raspar uma parte da cabeça para poder conseguir fazer esse curativo.

Ela raspa em volta da ferida, onde o corte media mais ou menos três dedos estanca o sangue e coloca um pedaço de esparadrapo de um lado, fecha o corte com os dedos e prende o esparadrapo do outro lado, rapidamente coloca outro pedaço de esparadrapo para segurar melhor.

  Pronto, acho que ficou bom e vai segurar, agora fica quieto para não soltar e não molhar a cabeça.

  Obrigado Marines, quanto te devo?

  Não é nada, está tudo certo.

— Obrigado mais uma vez, vamos santinho, vamos que você ainda vai ter que tomar banho e limpar todo esse sangue, você ainda me mata de susto, cada dia é uma história diferente.

Marines dá risada e se despede.

— Vamos colocar uma sacola plástica na sua cabeça, para não molhar o curativo para você poder tomar banho.

  Pronto ficou parecendo um cozinheiro com essa sacola na cabeça, agora vai toma banho para poder jantar.

 

 

 

 

Donizete está na Fazendo do Coronel Zuquim e a fazenda estava abandonada, todas as plantações estavam secas, as arvores e o chão estava rachado como no sertão.

— O que será que aconteceu como Coronel e as crianças? —   A Regina também sumiu, onde será que está todo mundo?

Ele vai até a Senzala e procura pelo Escravo, que aparece de trás da casa, ele parecia maior e mais forte.

  Está me procurando meu senhorzinho? Diz o escravo com a voz grossa.

  Não, mas queria saber onde estão todos? O Coronel e as crianças? Pergunta Doni.

  Só sei que eles estão em outro lugar, mas não estou entendendo o que está acontecendo, eles estão precisando de mim, eu escuto eles, mas não os vejo, só sinto a presença deles, como se eles ainda estivessem aqui, mas não os vejo.

  Por isso não consegui te proteger antes de você se machucar, não senti perigo no senhorzinho, parecia que estava brincando, quando vi o senhorzinho machucado, fiquei muito triste e preocupado, se o Coronel descobre que deixei algo te acontecer ele iria ficar muito bravo comigo, me perdoa senhorzinho.

  Calma meu amigo você não podia fazer nada, como você iria saber, que eu iria cair.

  Mas você está se machucando muito senhorzinho, isso é porque estou sozinho cuidando do senhor, enquanto o Coronel estiver ausente, mas só me desculpe o meu jeito, não sou muito jeitoso e acho que as vezes sou até bruto de mais.

  Obrigado meu amigo, por cuidar de mim...

  Acorda Menino você tem que ir para a escola hoje, anda logo se troca que o seu café já está em cima da mesa.

  Eu tenho que ir mesmo?

  Sim, ou você quer puxar carroça quando crescer?

  Pega aqui o seu material que eu já preparei e coloquei dentro dessa mochila.

A inspetora acompanha o Doni até a sua sala e o apresenta para a professora.

  Seja bem vindo.

Pode se sentar nessa carteira.

A professora agradece a inspetora e continua a aula.

Donizete estava longe dá aula, pensando no nada.

  Menino estou falando com você!

  Oi desculpa.

  Você sabe o que é Antônimo?

  Marido da Dona Antônia.

A sala toda ri.

A professora não gosta muito da brincadeira, por que ela era uma professora linha dura e gostava dos costumes tradicionais de educação.

— O que, temos um engraçadinho aqui, o que fazemos com engraçadinho sala.

  Vai para pau de arara! Responde a sala.

  Você só não vai agora para o pau de arara porque acabou de chegar, mas uma próxima gracinha você, vai ficar de castigo lá fora em pé.

Donizete fica olhando para ela sem dizer nada. A professora se vira e ele remeda ela gesticulando, mas ele não tinha visto o espelho que a professora usava para observar a sala quando ela estava escrevendo na lousa.

Ela se vira e pega uma régua comprida e dá com a régua na barriga do menino e grita.

  Já para o castigo, agora.

  Ele se levanta e ela o pega pela orelha e o coloca na parede de castigo.

  Fica aqui até aprender a ser gente.

Ele esfrega a orelha, aliviando o puxão e fica olhando para ela que entra e fecha a porta.

Ele fica em pé por alguns minutos no sol e ele observa alguma coisa se movendo na parede.

Era uma aranha grande, ele se afasta da parede de costa olhando a aranha e tropeça em uma pazinha de lixo que estava ao lado do cesto de lixo.

Ele olha para a pazinha e para Aranha, apanha a pazinha e coloca na frente da aranha para que ela suba na pá.

Quando a aranha sobe na pá e movimenta com cuidado, para ela não se assustar, vai até a porta da sala de aula a abre a joga a aranha dentro da sala de aula e fecha a porta e segura.

Dentro da sala de aula começa uma gritaria e forçavam a porta tentando sair.

O que ele não sabia é que aquela professora tinha pavor de aranha e ela passa mal e desmaia.

Donizete está sentado na diretoria esperando a sua avó vir busca-lo.

A avó aprece na entrada da secretária e comunica que ela estava ali porque ligaram para ela.

A diretora é chamada e vai até a ela e explica o que havia acontecido.

A avó levanta a cabeça e olha para ele e balança a cabeça.

  Vamos moleque! —   No primeiro dia de aula e já foi parar na diretoria.

No caminho de casa ele encontra a Vania no caminho.

— Oi!! O que aconteceu na sua cabeça?

  Cai brincando na construção.

  Quem é essa ruivinha linda, parece um anjinho, com esses cachinhos e essas sardas?

  E a minha amiga, mas o irmão dela não gosta muito que a gente seja amigos.

  Verdade até pensei que tinha sido ele que tinha te machucado, o meu outro irmão é mais bravo que ele, se fosse ele, não sei o que poderia ter acontecido.

  Do que ela está falando menino?

  Que os irmãos dela não gostam muito que ela fique comigo.

— Que besteira, isso é ignorância. Diz a avó.

— Também acho. Diz a Vania.

— E por falar nisso, vamos brincar com o seu carrinho de rolimã?

Donizete olha para a avó que, que olha de volta para ele e dá de ombros.

— Vamos, só preciso deixar as minhas coisas em casa e pegar o carrinho.

Ele guarda o seu material, pega um pedaço de pão e sai comendo, puxando o carrinho pelo eixo dianteiro.

— Quer um pedaço?

— Eu quero.

Ele divide o pão com ela

E começam a brincar com o carrinho de rolimã.

Ele senta atrás do carrinho e ela senta na frente, ele a abraça e dessem abraçadinhos.

Eles dessem duas vezes e o senhor que reclamou outro dia, sai no portão na terceira vez que eles desciam e reclama.

— Já vai começar logo cedo com essa porcaria, aqui você vocês não passam mais, se passara eu vou meter o machado no carrinho.

O homem exibe o machado que iria usar.

Eles sobem correndo.

— E agora, o que a gente faz?

— Tem umas descidas nas ruas de trás vamos lá. Sugere a Vania.

— Vamos.

Eles carregam o carrinho e vão até a rua que ela falou.

A rua era bem melhor, o asfalto era novo e liso e o carrinho descia bem mais rápido.

Eles se divertem até o Donizete avistar um boné, na traseira de um Carro.

Ele vai até o carro, aperta a maçaneta e o carro tampão traseiro se abre.

— Está aberto! Diz ele olhando para a Vania.

Ele levanta a porta do porta malas e apanha o boné, e só encosta o tampão para não fazer barulho.

— Vem vamos sair daqui. Colocando o boné na cabeça.

Então vamos lá na outra rua, para a gente continuar brincando.

Eles vão até a outra rua, onde já haviam alguns moleques brincando.

Eles se juntam com as crianças e se enturmam.

E assim o dia escurece um dos meninos sugere.

— Agora que escureceu, fica legal fazer um trenzinho, para fazer faísca.

— Trenzinho? Pergunta Doni.

— Faísca? Exclama a Vania.

— Sim, a gente tira o eixo dianteiro e prende o carrinho no carrinho da frente.

— Mas e as faíscas?

— Você vai ver, mas precisamos de pregos e martelo.

— Eu tenho lá em casa. Diz o Donizete.

Assim eles vão até a casa do Doni.

Eles tiram os eixos da frente dos outros nove carrinhos e o menino fala.

— Deixa o eixo do seu carrinho, como vocês dessem em dois o peso é melhor para controlar.

Eles pregam um prego na traseira de carrinho por carrinho, menos no último.

Cada moleque pega o seu carrinho e sobem até o final da ladeira.

Donizete coloca o seu carrinho na frente e um por um, eles encaixam os carrinhos nos pregos dos outros carrinhos, formando assim um trenzinho.

Todos encaixados, eles se posicionam, cada um no seu carrinho, Donizete sentado no seu com a Vania na frente.

— Todos prontos. Grita o menino que organizou.

Todos respondem que sim.

— Então, Já!

Eles embalam empurrando com a mão e depois, que estava bem rápido, todos se seguravam, com força no carrinho para não cair.

Donizete Segura a Vania com força e o trenzinho desse a ladeira com toda velocidade, fazendo muito barulho e o ultimo carrinho o menino forçando ele derrapar para sair faíscas.

Os meninos e a menina, se divertem.

Muito bom, vamos de novo. Fala a Vania

Eles começam a subir a rua, cada um carregando o seu carrinho e quando eles estavam passando em frente à casa do senhor que havia reclamado mais cedo, ele estava no portão segurando o machado.

— Se vocês descerem mais uma vez aqui eu vou meter o machado em todos os carrinhos, vão andar no inferno, não dá nem para ouvir a televisão.

Os meninos sobem correndo pelo outro lado da rua.

  E agora? —   Vamos lá na outra rua? Pergunta o Donizete.

  Não, vamos descer e entrar nessa rua a esquerda, antes da casa do velho do machado, vai ser bem legal, vai dar mais emoção, tem que abrir bem na curva, para o carrinho não derrapar.

Assim eles sobem até o topo, encaixam carrinho por carrinho.

— Pronto?

— Pronto!

Eles embalam os carrinhos, que embala muito rápido, chegando rapidamente na curva.

Donizete faz a manobra abrindo bem na curva para entrar na rua.

ele manobra o carrinho, puxando todo comboio atrás dele com todo aquele peso, ao passar com tudo na valeta, o eixo se arrebenta, deixando o carrinho desgovernado, porque não suportou todo aquele peso, e o carrinho do Donizete vira ao contrário sendo arrastado pelos os outros, que ao passarem também pela valeta se descarrilham, batendo uns nos outros, fazendo muito barulho e muita faísca,  destruindo os carrinhos.

Donizete percebendo que iria se machucar e Machucar a Vania, ele a agarra para protege-la e o seu carrinho vai de encontro de ré om tudo na guia da sarjeta, fazendo ele bater a sua costa na guia, mas ele não solta a Vania.

Com a pancada ele sente uma dor muito forte e fica estatelado no chão se contorcendo de dor.

A Vania se levanta e tenta ajuda-lo.

— Está doendo de mais, ai, ai, ai.

A menina não sabia o que fazer, outros meninos também reclamavam de dor.

Alguns meninos já iam se levantando, com alguns hematomas.

Mas o Donizete, não se levantava.

— Acho que vamos ter que chamar uma ambulância. Sugere um dos meninos.

A Vania olha para ele e olha para o Donizete, que se contorcia de dor no chão.

Um senhor que viu tudo acontecer, vai ao encontro do Donizete no chão e tenta ajuda-lo.

— O que está doendo menino?

— A minha coluna.

— Consegue mexer o pé?

— Ele mexe os pés.

— Menos mal, consegue se levantar ou se sentar?

Com a ajuda do senhor e da Vania ele se senta na guia.

O homem examina a costa do menino.

— Um! Se ralou feio e vai ficar tudo roxo.

— Consegue ficar em pé?

E com a ajuda do senhor e da Vania novamente ele se levanta.

— Menino você poderia ter ficado tetraplégico, que perigo, vocês são doidos?

— Obrigado senhor, mas está melhorando, foi só a pancada mesmo. Fala o Donizete andando devagarzinho.

O Homem vai embora.

Donizete olha para o seu carrinho, estava destruído, só tinha as rolimã inteiras.

Os outros meninos também estavam pegando pedaços que sobraram dos carrinhos e indo embora.

Donizete coloca as rolimã ainda presas nos pedaços dos eixos no quintal.

— Que susto Doni, que você me deu.

— Mas você não me soltou, me protegeu.

— Fiquei com medo de você se machucar.

— Eu tenho que ir embora, daqui a pouco os meus irmãos vão vir atrás de mim.

— Vamos eu vou com você.

Eles vão andando.

— Vamos entrar no carro abandonado de novo?

— Vamos. Fala ele.

Eles entram no carro e ficam conversando.

— Você está melhor?

— Está doendo e ardendo um pouco.

— Se eu te der uns beijinhos melhora?

— Bastante.

— Eles se beijam e se empolgam.

— Tira a roupa, vamos se beijar pelados, igual na novela.

Ela abaixa os shorts e tira a camisa.

Ele tira a roupa dele.

— Agora vem se deita por cima de mim.

Ele se deita em cima dela.

Eles se esfregam.

— Mas você é virgem, não quero te machucar.

— Vai de vagazinha, se eu conseguir aguentar.

Ele tenta penetrar ela devagarzinho.

— Aí doeu, para tá bom, chega.

Donizete fica olhando para ela.

Eles se vestem e saem do carro.

Os dois vão andando calados um do lado do outro.

— Onde você estava menina?

Grita o outro irmão mais velho o metaleiro pegando ela pela orelha.

— E quem é esse moleque?

— Não precisa machucar ela. Diz o Donizete.

— Porque você vai fazer o que?

Donizete pega uma pedra e ameaça ele.

Que se abaixa e pega uma pedra grande também.

— Você não é homem de atacar essa pedra? Diz o Irmão da Vania.

Donizete joga a pedra no chão e diz para ele.

— Você que não é homem jogar essa pedra, você não tem coragem, seu covarde que bate em mulher.

Ele terminou a frase e o homem ataca a pedra que acerta e espatifa no quadril do Donizete.

Ele tenta correr e corre alguns metros e cai no chão gritando de dor.

Novamente no mesmo dia, lá estava ele rolando no chão de dor.

A Vania se desvencilha do irmão e corre para chamar a sua mãe.

— Mãe o Vagner deu uma pedrada no meu amigo.

— O que, como assim?

A mãe sai no portão e vê o menino rolando no chão de dor.

— Você está maluco, machucando a criança. E dá vários tapas nele.

— Ele me ameaçou primeiro.

— Não interessa. E dá mais uns tapas nele.

— Oi minha criança, deixa a tia ver?

Donizete se vira e levanta a camisa mostrando onde a pedra havia acertado estava em carne viva.

— Meu deus! —   você machucou mesmo o menino, seu bruto.

— Vamos, consegue andar?

— Não está doendo muito.

— Ajuda a carregar o menino aqui agora seu cavalo.

O Metaleiro irmão da Vania, pega o Donizete no colo e o leva até a sala da Casa.

Onde aparece o outro irmão mais velho e a irmã da Vania.

— Esse moleque estava beijando a Vania ontem. Diz o outro irmão o Boy.

— Tá vendo mãe.

— Não interessa, eles são crianças. E dá mais uns tapas no Metaleiro.

— E você cala boca também e você sai daqui, não quero ver a sua cara, espero que não tenha que levar o menino em um hospital, se tiver que levar você que vai pagar.

— Deixa eu ver o que consigo fazer menino, eu sou enfermeira, se não quebrou nenhum osso eu consigo fazer um curativo.

— Pronto aparentemente não quebrou nenhum osso, tenta andar.

— O menino levanta e anda e dá uma volta.

— E esse machucado na costa sangrando foi agora também?

— Não ele caiu de carrinho de rolimã.

A mãe olha para filha e balança a cabeça.

— Vamos dar um jeito nisso, vira ao contrário na cadeira.

Ele senta de costa para ela que faz outro curativo.

— Pronto tem mais algum lugar?

Ele tira o boné, só para coçar a testa e aprece o curativo da cabeça.

— E esse da cabeça, foi hoje também?

— Não foi ontem.

— Que isso menino você está todo estropiado.

Todo mundo ri.

— Eu preciso ir embora, obrigado.

Ele dá tchau para todo mundo e o Boy faz sinal para ele que precisa falar com ele depois, girando os dois dedos indicadores.

Ele entra de mansinho na sua casa, toma um banho rápido, evitando molhar os curativos colando pedaços da sacola de plástico que usou para proteger o curativo da cabeça.

Coloca o pijama dentro do banheiro e sai para jantar disfarçando como se não tivesse nada.

 

 

Nessa noite ele não tem nenhum sonho.

— Acorda menino, para ir para a escola!

— Eu não quero ir para a escola. Ele grita e se tranca no banheiro.

— Para com isso menino, você precisa ir para escola.

— Não vou!

A Vó insiste, mas nada dele sede.

A Avó busca ajuda com as vizinhas, para tentar convence—  lo.

E três senhoras ficam na porta do banheiro tentando convence—  lo, até que ele desiste.

— Está bem, eu vou para a escola.

— Mas corre que você já está atrasado.

Ele se troca e sai comendo um pão e chega bem na hora que estava fechando o portão. Ele entra e se senta, mas a professora o muda de lugar.

— Não quero você perto de mim, por favor juliana troca de lugar com ele!

Ele vai para o lugar da Juliana e ela para o lugar dele.

— Oi eu sou o Jorge.

Ele olha para o menino e só balança a cabeça.

— Foi muito engraçado ontem, o que você fez.

Ele dá uma risada.

   Vamos para com a conversa aí no fundo. Grita a professora.

As crianças se calam e aula começa.

Donizete luta para não dormir na aula, abre um olho, vira para um lado e para o outro e luta até o sinal do intervalo.

— Vem Donizete, fica com a gente. Diz o Jorge.

Ele sai junto com o menino e logo outras crianças se juntam a eles.

E o Jorge pergunta para outro menino.

— De quem é esse lanche?

— E meu. Responde o menino.

Ele dá um soco no braço do menino e dá outro até o menino gritar.

— É da violeta! Grita o menino dono do lanche.

Só então o Jorge e os outros amigos param de bater no menino.

Donizete fica olhando para o menino e acha aquilo estranho.

— Você não conhece essa brincadeira?

— Não. Diz ele.

— A brincadeira é assim, se você estiver comendo ou com alguma coisa na mão e alguém perguntar de quem é?

— Você tem que responder que é da Violeta, se você responder que é seu, toma um monte de porrada.

— Entendeu?

— Acho que sim.

— Então vamos lá cantina, que hoje é dia de cachorro quente.

Jorge pega dois lanches e o Donizete faz igual a ele e pega dois também.

Eles se sentam no palco e comem o primeiro lanche.

Jorge acaba primeiro e de sacanagem, pergunta:

— De quem é esse lanche?

— É meu.

O Jorge dá alguns socos devagar nele.

— É Seu.

O Jorge continua batendo.

— É da Julieta.

Jorge ri e continua batendo, mas para e diz.

— Não é Julieta é Violeta. Diz o Jorge rindo.

Donizete ri também.

Eles acabam de comer os seus lanches, conversam um pouco o sinal do termino do recreio soa.

Eles voltam para a sala de aula.

Donizete começa a sentir sono de novo e luta contra o sono, enquanto a professora pedia para eles copiarem um texto da lousa, ele resolve brincar com o Jorge.

  Empresta a borracha.

Jorge empresta, ele finge que apagou algo e a devolve.

  Que borracha legal, de quem é?

É minha. Responde Jorge.

Donizete esquece que estava com a caneta na mão e dá um soco no Jorge, com a caneta que perfura a lateral da cabeça do Jorge, que tentava se corrigir da brincadeira dizendo:

— Violeta! Ainda grita ele.

Mas o sangue da cabeça dele pinga na sua carteira e um outro aluno grita.

— Professora o Jorge está sangrando.

A caneta fez um furinho na cabeça dele, mas saia muito sangue.

A professora vem correndo ao encontro dele e pergunta o que aconteceu.

— Foi o menino novo que furou ele professora. Diz a mesma aluna.

A professora olha para o Donizete com muita raiva e diz.

— Seu animal! Ela corre com o menino para a enfermaria.

Donizete é chamado na Diretoria e fica lá de castigo até a sua avó o vir buscar de novo.

A sua avó chega e a Diretora conta a versão da professora, de que ele feriu o amigo de sala com a caneta, porque queria machucar o amigo e acrescenta mais alguns detalhes.

A mãe do Jorge chega também, porque eles a chamaram e o Jorge, conta para a mãe exatamente o que tinha acontecido.

A mãe examina o filho, para ver o que tinha acontecido.

E vai até a Avó do Donizete e da diretora e diz.

  Meu filho falou que eles estavam brincando e o seu neto esqueceu que estava com a caneta na mão e o acerto sem querer, que ele não queira machucar ele não, e não foi nada, foi só um furinho de nada, o jeito que me ligaram pensei que o meu filho tinha sido esfaqueado, que exagero, são só crianças.

A diretora olha para a mãe e olha para a avó e fica sem graça, mas diz.

— Tudo bem então, mas só tem um problema essa professora não quer mais o Donizete na sala dela, nós vamos precisar mudar ele de sala e só temos vaga a tarde.

A avó faz uma expressão de que: “Fazer o que né”.

A avó pede desculpa mais uma vez para a mãe do Jorge, que a abraça e diz.

— Não se preocupa, não foi nada.

— Vamos Donizete!

No caminho de casa, ele encontra o Tio do Barriga que o chama.

— Quem é esse homem que está te chamando?

— É um amigo, deixa eu ver o que ele quer, só um minuto vó.

A avó fica desconfiada.

O Tio do Barriga faz um sinal de olá para a avó do Donizete.

— E aí garoto esperto, tenho um presente para você, pega a sua parte do último esquema.

O Homem entrega um pacotinho de dinheiro discretamente para o Donizete sem que a avó visse, Donizete pega o dinheiro e coloca no bolso.

— Depois eu te dou um alô, acho que nós vamos ter mais um esquema, depois te aviso, vai agora que a sua avó está desconfiada, fala que é sobre pipa.

O que esse homem queria com você?

— Ele quer empinar pipa depois.

— Empinar pipa, esse marmanjo?

— Não sei não, isso não está me cheirando bem.

— Olha a sua amiguinha de ontem, ela está no nosso portão.

— Oi, estava te esperando.

— Oi, que bom, deixa só eu guardar uma coisa e já saio, você espera?

— Sim, vou sentar aqui no muro para te esperar.

Ele entra deixa a mochila no sofá e vai para o fundo do quintal, olha para ver se a avó não estava olhando e pega o maço de dinheiro tira algumas notas e guarda o restante atrás da pedra junto com o Game Boy.

Ele volta para a frente da casa onde a Vania o esperava e no rádio da casa do vizinho, tocava Marvin Gay, a música “let´s get it on”.

— Essa música é linda, vou ter essa música como a nossa música, vem vamos dançar aqui no quintal.

Diz a Vania pulando e descendo no murinho.

Ela chega perto dele o abraça e o tira para dançar.

Os dois dançam até a música acabar, quando a música acaba eles olham para a porta da sala onde estava a sua avó olhando para eles rindo.

Eles olham para ela e dão risada.

— Vó eu vou ali com ela e já volto.

— Cuidado em menino.

— Onde nós vamos?

— Gosta de sorvete?

— Se gosto, eu amo sorvete.

— Então vamos lá comprar na padaria.

Eles entram na padaria, abrem uma das tampas preta do congelador amarelo e ele diz para ela:

— Escolhe o que você quer?

— Eu adoro esse de saquinho que não tem palito de creme com casquinha de chocolate.

Eles pegam dois sorvetes e mais alguns chocolates.

— Vamos nos sentar aqui nesse degrau para chupar o sorvete e comer os chocolates.

— Vamos jogar fliperama?

— Vamos, mas onde você arrumou tanto dinheiro?

— Ajudei um cara, com um favor.

— A menina acha estranho.

— Vem vamos lá jogar fliperama.

Eles entram na loja de fliperama e compra vinte fichas.

Ele dá dez para ela, mas eles colocam nas mesmas maquinas para jogarem juntos.

A primeira máquina que eles jogam é na chamada: Oba, Oba das mulatas do Sargentele, depois eles vão para a máquina do Cavaleiro Negro, essa era muito difícil, e eles perdem as fichas muito rápido nela.

— Deu Tilt, e perdi a minha bola, desceu direto, não tinha o que fazer os flipers travaram, essa é muito rápida e qualquer solavanco ela da Tilt.

A Vania ri.

— Vamos nas telas de vídeo eu gosto dessa de carrinho de corrida que solta fumacinha, “Rally—  X”.

— Eu gosto dessa do Aviãozinho que mata essas naves de mosca. Fala ela colocando a ficha na máquina.

Eles perdem e vão para a outra máquina.

— Essa aqui também é muito legal, Moom Patrol. Fala o Donizete

— Ah, eu vou na do Popye, eu adoro esses coraçõezinhos que a Olivia solta para ele.

Donizete dá uma conferida na máquina ao lado que a Vania se referia e dá risada.

— Agora chegou a minha preferida, Come come, Miss Pac Man, nessa eu sou bom, quer mesmo jogar comigo, você vai ter que esperar eu perder e vai demorar.

— Não me importo eu gosto de ficar olhando ver você jogar.

Ele coloca a ficha e começa a tocar uma musquinha e aparece na tela o Mr. Pac Man correndo atrás da Mrs Pac Mam e no final eles se trombam e se beijam solta um coração.

O Jogo começa e o Donizete está concentrado e realmente ele era bom no jogo, e não perdia nunca.

A Vania cansa de esperar a vez dela e pega outra ficha e brinca em uma máquina que era um cemitério que o cavaleiro tinha que matar alguns esqueletos.

E assim eles passam o dia inteiro no fliperama.

Quando começa a escurecer, o fliperama começa a encher com uma rapaziada mais velha, que estava saindo colégio que ficava na rua de trás.

Donizete estava concentrado no jogo de Come come.

Quando um desses rapazes chega por trás dele e pega o boné da cabeça dele dizendo.

— Onde você pegou esse boné?

Donizete põe a mão na cabeça e não diz nada.

— Esse boné é o que roubaram do carro do meu pai.

Donizete continua jogando, mas a pessoa o faz perder e o puxa.

— Então foi você que roubou esse boné do carro do meu pai.

Donizete olha para a Vania, que estava olhando o que estava acontecendo.

O menino era bem mais velho que ele e estava com mais outros meninos.

— Espera eu te conheço, estou me lembrando de você, é o filho da putinha.

— Lembra do meu cachorro, que te deu uma mordida na costa, ele está com saudade de você.

— Filha da puta é você. Grita o Donizete empurrando o menino e fugindo.

Ele corre e os meninos corriam atrás dele, ele corre em direção ao terreno baldio para tentar cortar caminho para a casa dele.

Mas ele percebe que tinha fogo no terreno, alguém estava queimando alguma coisa ali e tinha muita fumaça, os meninos estavam alcançando-o.

Então ele decide pegar algumas pedras e atacar nos meninos, ele acerta um dos meninos, mas também leva uma tijolada na cara de volta.

Ele cai no chão e o menino corre até ele e dá um soco por cima de onde ele havia levado a tijolada.

— Agora você vai ver, vamos matar saudade, você lembra o que a gente fazia com você?

— Vamos arrancar os seus sapatos e jogar no fogo.

O Menino arranca os tênis do Donizete e joga no fogo.

Os meninos afrouxam e o Donizete pega uma pedra e dá em um dos meninos e tenta fugir, mas ele pisa em um caco de vidro que corta o seu pé profundo e ele cai no chão com o pé sangrando.

— Segura ele forte agora, você esqueceu do ritual, ainda está faltando um detalhe, nós vamos rasgar os seus shorts e deixar ele como uma saia.

Um menino segura uma mão, o outro a outra mão e mais dois um em cada perna e o quinto menino rasga as pernas dos seus shorts, deixando igual a uma saia.

Os meninos riam.

— Isso é muito pouco, vira ele de bruços.

Eles viram ele de bruços o menino abre a bunda.

Eles dão risadas.

— Cospe no cu dele. Diz um dos meninos e ri.

— É falta o recheio. Diz o menino que o estava segurando.

—Abrindo a bunda do Donizete ele puxa uma encatarrada e cospe no cu do Donizete.

Eles se acabam de rir.

— Mas ainda não suficiente, nós recheamos, mas agora falta assar, vamos jogar ele na fogueira.

Eles levantam ele para atira-lo na fogueira, mas antes deles darem um paço.

O Fogo da fogueira aumenta, junto com uma fumaça espeça e de dentro começam a sair lesmas negras gigantes incandescentes de dentro do fogo.

Eles ficam olhando aquilo em choque sem acreditar e eles tentam correr no meio de toda aquela fumaça, mas as lesmas pareciam tentáculos, que agarram os cinco meninos e os arrastam para dentro do fogo.

Eles gritavam e esperneavam até morrerem queimados.

Assim que os meninos morrem o fogo e a fumaça desaparecem.

Donizete se levanta e tenta pisar no chão, ele sente uma fisgada do corte do vidro que deixa uma mancha de sangue na terra onde ele pisou, ele levanta a cabeça e do outro lado, de onde estava a fogueira, havia um morador de rua, que devia de ter sido ele que acendeu aquele fogo, estava espantado com os olhos arregalados olhando para o Donizete.

Donizete olha para ele faz um sinal com a cabeça cumprimentando o homem e vai saindo, assim que ele estava chegando no muro ele dá de frente com a Vania que estava em cima do muro.

— O que você está fazendo aqui. Pergunta ele para ela.

— Eu segui os meninos que estavam correndo atrás de você e fiquei com muito medo deles te machucarem, mas o que foi aquilo?

— O que aconteceu o que era aquilo no fogo?

— Não sei, eu estava caído no chão.

Aquilo puxou os meninos para dentro do fogo.

— Acho que você está vendo coisas, eu acho que eles caíram no fogo e os braços deles se debatendo parecia algum monstro.

— Não sei o que vi, pareci um polvo em chamas, mas não tinha o corpo.

— Você está vendo coisas, me ajuda aqui, machuquei o pé.

— Nossa o seu rosto também está sangrando e está roxo, a sua roupa também está toda rasgada, vamos lá em casa que a minha mãe faz outro curativo para você.

Ele vai andando mancando, e onde ele pisava ficava uma mancha de sangue.

Chegando na casa da Vania a Rute estava no portão.

— Onde você estava menina, agora deu para sumir todo dia com esse menino.

— Vichi! o que aconteceu com ele, foi atropelado?

— Não estava brigando com uns meninos.

E quem ganhou a briga?

— Aparentemente foi ele.

Carraca, se ele ganhou, imagina como ficou o outro menino.

— Ficaram, eram cinco.

— Cinco, quem é esse menino o Bruce Lee?

— Você não iria acreditar se eu te contasse, chama a mãe para ela dar uma olhada nele, para não sujar o chão com sangue.

A menina chama a mãe que vem correndo.

  Menino do céu, o que foi agora, você vai acabar se matando desse jeito.

  Coloca ele aqui no quintal, vamos lavar esse pé para ver como está, Vania busca gelo para colocar no olho dele.

Ela lava o pé dele e examina.

  Vamos precisar dar pontos, o corte está muito fundo.

— vou pegar o material para fazer um curativo.

Ela entra e a Vania saia com o gelo e coloca no rosto dele.

Os irmãos saem na porta para ver o que estava acontecendo.

  Apanhou moleque?

— Não foi briga. Responde a Vania.

— Apanhou?

— Pior que não.

  Ele ganhou? Como ficou o outro menino?

— Os outros cinco meninos, estão mortos.

— Mortos! falam os dois irmãos e a irmã juntos.

  A mamãe vem vindo depois eu conto a história.

  Vamos lá menino, vamos ver o que dá pra fazer nesse pé.

Ela passa água oxigenada para limpar, passa mais um remédio.

  Agora se vira e levanta o pé para ficar melhor para eu poder dar os pontos.

Ela enfia a agulha no primeiro ponto e ele se contorce de dor, a cada ponto ele gemia de dor. A mulher dá sete pontos e fecha a ferida.

  Pronto agora deixa eu dar uma olhada no seu rosto.

  Mas antes, Rute empresta um short seu para esse menino, porquê os dos seus irmãos vai ficar muito grande para ele.

  Hum! Isso está feio, vai ficar roxo, não tem muito o que fazer, menino vê se se comporta e não se machuca mais.

  Mãe só tenho short feminino.

Donizete faz que não com a cabeça e a agradece pelo curativo.

  Eu preciso ir, muito obrigado. Ele se despede de todos e sai andando descalço e mancando.

A mãe da Vania entra.

  Conta agora Vania o que acontece? Pergunta os irmãos.

— Vocês não vão acreditar, nós estávamos no fliperama e esses meninos apareceram lá e começaram a ameaçar ele e xingar ele de Filho da putinha.

  Filho da putinha, eu sabia que conhecia esse moleque, eu lembrei dele agora, diz o irmão mais velho.

  Continua, desculpa.

  Então ele empurrou o menino e correu, os meninos foram atrás dele e eu fui atrás também, ele correu até o terreno da antiga fábrica que foi demolida, os meninos pularam atrás.

  Eu corri até o muro e quando eu subi no muro os meninos estavam judiando dele, mas de repente, vocês não vão acreditar.

— Tá, mas conta, termina a história.

— O fogo da fogueira ficou maior e saiu uma fumaceira e da fumaceira saíram tentáculos que agarrou os meninos e os arrastou para a fogueira, matando eles queimados.

Os irmãos estavam todos em silêncio e todos juntos soltam uma gargalhada.

  Não falei que vocês não iriam acreditar. Diz a Vania com um cara de contrariada.

Donizete chega na casa dele, e ele nem tenta disfarçar, porque sabia que não tinha como desfaçar o roxo do rosto e andar sem mancar.

  O que foi isso menino, o que aconteceu?

— Eu cai.

— Caiu ou foi atropelado, tira essa roupa toda estropiada, parece que está usando saia e vai tomar banho.

  Nossa você está todo estropiado, na costa, na barriga nos dois pés, na cabeça e na cara, que isso menino se a sua mãe te ver assim vai falar que estamos judiando de você e que não estamos cuidando de você direito.

O pai e o primo, também estavam assustados, com todos aqueles machucados.

  Como dizia o meu pai: “Vaso Ruim não quebra”. Fala a Avó para ele balançando a cabeça.

Ele toma banho, era um festival de: —  ” Ai, Ai, ai”. Quando a água e o sabão pegavam nas feridas.

Ele sai do banho janta e se senta para assistir o que passava na televisão: Estava passando “A praça é nossa” O personagem da Velha surda, ele assistia o programa e dava risada. Ele fica até tarde assistindo televisão, a sua avó sobe para dormir e depois o pai dele, ficando só ele e o Alexandre na sala.

O Alexandre levanta da poltrona e vai até ele e diz.

  Quer ganhar cinquenta Cruzeiros?

  Para fazer o que?

  Mostrar a bundinha para mim e bater uma punhetinha para mim.

  Não, não quero. Diz o Donizete olhando para ele com um olho só porque o outro estava fechado e roxo por causa da pedrada e do soco.

— Você não se esqueceu que você me deve, eu não esqueci e se você não fizer eu vou contar para o seu pai.

  Eu não estou conseguindo me mexer direito estou todo dolorido, outro dia eu deixo você ver a minha bunda.

  Eu quero agora, não precisa da punheta, só deixa eu ver a sua bunda, fica de ladinho.

O menino concorda com a cabeça e abaixa a calça do pijama, deixando a bunda amostra.

O homem tremia e se masturbava olhando a bunda do menino e ejacula espirando na bunda do menino.

— Porra meu, você gozou em mim, me sujou tudo caralho, que nojo.

Donizete se levanta vai até o banheiro pega um pedaço de papel higiênico e se limpa e sobe bravo para o quarto.

O Homem fica com vergonha na sala.

Donizete tem flashes de sonho com a Fazenda, que estava em chamas e o Escravo estava mais forte e estava com um par de chifres, o sonho fica falhando aparecendo o escravo e sumindo, aparecia e sumia em pequenos Flashes.

Donizete acorda se senta na cama e sente uma casca seca no seu pijama ele passa a mão e lembra do que foi.

Ele tira a calça e a coloca para lavar, se troca e desce.

Ele tomava café e o Alexandre entra e pergunta.

  O que aconteceu com o seu carrinho está todo destruído?

  Foi brincando. Diz o Doni olhando para a avó, para não dizer mais nada.

  Quer que construa outro carrinho de rolimã, para você?

  Eu queria um fliperama de madeira, você consegue fazer?

  Acho que sim, posso tentar, eu posso usar pregador no lugar dos flipers, elástico nas laterais e chapinha de pilha para as bandeirolas, faço uns buracos, na madeira e uso um pedaço de cano de PVC. para fazer uns tuneis, por onde a bolinha passara e poço usar uma bolinha de ferro, desmontando um rolimã.

  Valeu, parece que vai ficar legal.

  Menino não esquece, daqui a pouco você vai ter aula, agora vai ser à tarde. Avisa a avó.

  Ah é, eu tinha esquecido. Responde ele.

  Já fica pronto, porque almoçar eu acho que você não vai, depois de tomar café a essa hora.

Donizete entra na secretaria e a monitora o leva até a sua nova sala.

  Pronto, está entregue. Diz a monitora rindo.

Ele não entende o riso, mas quando ele olha para a sua nova professora ele acaba entendendo.

A professora tinha cara de brava e não era só cara de brava, ela era realmente, extremamente brava.

Os Alunos a chamavam de Sargento Bruno.

  Senta logo, e não vai ter a frescura de te apresentar para a sala, vocês vão se conhecer no dia a dia, escolhe uma carteira logo, e já anota a lição que está na lousa, que já vou apagar.

Donizete anota a lição e quando ele estava terminando a professora apaga.

  Quem não anotou, pega depois com o “amiguinho”, que copiou tudo.

Ela coloca um novo texto na lousa.

E a lição não parava, até o último minuto para o intervalo.

O sinal do intervalo toca, mas ninguém se levanta, Donizete ansioso fica olhando e os alunos só se levantam depois que a professora autoriza.

  Podem sair e não preciso avisar né, voltar antes do horário terminar, quem não voltar no horário vai ficar para fora. Algumas crianças não saíram da sala e outros só vão até o banheiro e volta correndo para a sala.

Donizete estava deslocado, dá uma volta e retorna para a sala.

Um minuto para terminar o intervalo, a professora levanta e fecha a porta da sala, algumas crianças ainda tentam bater na porta, mas sem sucesso.

A lousa estava cheia de lição.

  Copiem rápido, porque vou colocar mais.

Donizete copiava a lição e a professora apaga novamente sem ele ter terminado de copiar.

Ele desiste e começa a desenhar no caderno.

A professora percebe que ele não estava copiando a lição, ela se levanta e vai até o Donizete.

  Bonito! Diz ela.

  Gostou? Pergunta ele inocentemente.

  Não, isso foi uma metáfora. Praticamente rosnando a professora.

  Não, isso não é o Meta.. isso que a senhora disse, é  o He Man em cima do gato guerreiro.

  Seu estupido, não estou perguntando, o que é, a minha aula não é aula de educação artística. A professora toma caderno dele e o joga no lixo.

Donizete se levanta.

  Onde você pensa que você vai rapazinho?

Donizete não diz nada a ignora e vai até a mesa dela e pega as coisas dela e joga no lixo também.

  Seu insolente, quem você pensa que é? Fala ela tentando impedi—  lo.

  Sai da minha sala, agora!!

Ela abre a porta e manda ele sair.

  Vocês podem entrar, agora e deixa esse atrevido aí fora sozinho.

As outras crianças entram rapidamente.

Donizete encosta na parede e apanha um negócio que havia caído da arvore que parecia um chacoalho, era uma folhagem dura com sementes dentro, o que fazia parecer um chocalho.

Ele vai até a arvore e apanha outros, vai até a porta da sala, há abre e joga dentro da sala.

A professora se levanta e tranca a porta com chave. Donizete olha para cima e vê um vitro ele ataca pelo vitro a professora fecha o vitro.

Ele pensa e dá a volta e ataca pela janela, a professora há fecha também.

Donizete fica sem opção e resolve enfiar pedaços de pedra na fechadura junto com pedaços de pau, entupindo a fechadura impossibilitando de funcionar, e fica ali quietinho até o sinal de termino da aula soar, ele vai embora e sai normalmente pela saída deixando a professora e todos os alunos trancados dentro da sala de aula.

  E moleque esperto! Grita o tio do Barriga.

Donizete procura de onde vem o grito e avista o Tio do Barriga junto com o Boy irmão da Vania. Eles carregavam uma bicicleta de corrida.

  E aí garoto esperto, estamos precisando de uma ajuda para esconder essa bicicleta, será que dá para colocar no fundo do quintal da casa da sua avó.

  Sim, vamos lá.

Donizete entra na porta da frente e pede para o Boy e o Tio esperar do lado, ele deixa o material no sofá ao lado de onde o Alexandre estava sentado, o que chama a atenção dele e sai atrás do Donizete que estava indo para o fundo do quintal junto com o Boy e o tio.

  Nó vamos precisar pintar essa bicicleta. Diz o tio.

Quando ele termina de falar o Alexandre aparece atrás deles.

Eles se entreolham e o tio diz.

  Nós vamos pintar essa bicicleta aqui, estávamos precisando de um lugar para fazer isso.

Alexandre só observa e não expressa nenhuma reação e volta para dentro de casa.

O tio e o Boy se entreolham e olham para o Donizete.

Que dá de ombros.

Eles escondem a bicicleta e voltam para a rua.

  E garoto esperto tem esquema para mais tarde, depois te dou um alô.

Donizete faz que sim com a cabeça.

Os dois homens vão embora.

Donizete se junta ao grupo de crianças que começavam uma brincadeira.

  Vem Donizete estamos precisando de mais uma para completar a equipe, você quer ser ladrão ou Policial? Pergunta o Bomba.

 Quero ser ladrão. Responde ele.

  Então já fica aqui comigo do meu lado e vamos esperar quem mais vai ser ladrão.

Os outros meninos tiram Dois ou um, para ver quem queria ser ladrão ou polícia e para ver quem começava.

— Aqueles que tirarem número um, vai ser policial e número dois Ladrão. Explica o cabeção que era o chefe do time da polícia.

  Pronto deu certinho, comigo e com o Donizete completou sete ladrões:

Eu o Donizete, o Perereca, Testa, Mi, Macaco e o Sapo. Diz o Bomba.

Grupo da polícia ficou eu, o Morcego, o Japa, Galo, Piolho, Alemão e o Coelho. Diz o Cabeça.

  Vocês começam como ladrão e começam fugindo, nós vamos ter que capturar vocês e deixar aqui na cela, onde pode ser resgatado por um ladrão que ainda não foi preso e quando todos estiverem sido capturados, nós invertemos e vocês correm atrás de nós. Só vale até o limite das Avenidas, entenderam. Explica e pergunta o Cabeça.

Todos balançam a cabeça.

— Então vamos começar, vou contar até dez para vocês fugirem depois disso os policiais vão atrás de vocês.

Ele começa a contar e os ladrões fogem.

— Nove, dez, pronto! —   Aqui vamos nós.

E assim começa a perseguição e a brincadeira.

Eles dão a volta no quarteirão e depois de algum tempo eles capturam alguns da turma dos ladrões, sobrando só o Donizete e o Bomba.

Donizete dribla e escapa, mas o Bomba e capturado. Donizete se esconde e espera perto da cela, que os outros meninos saíssem para procura- lo, deixando só um menino vigiando a cela.

Donizete sai do esconderijo e vem correndo o menino tenta agarra-lo, mas ele desvia e salva o Bomba, que salva o Mi, que salva o Testa e o Sapo e toda turma foge e praticamente começa tudo de novo. E assim a brincadeira demora para acabar.

Donizete corria na rua de baixo e o Tio do Barriga o chama.

  E aí garoto esperto, vamos lá no esquema?

  Agora não dá estou brincando.

— Não vai demorar, é rápido.

  É, mas eu preciso me esconder.

— Então vamos até lá que ninguém vai te ver, vem aqui por dentro da minha casa e a gente já sai na avenida.

Donizete concorda entra na casa no momento que os meninos passavam correndo procurando por ele e passam direto sem vê-lo.

— Vamos Boy, já está na hora.

Boy se levanta de onde ele estava sentado o Arquimedes se junta a eles e eles vão até um escritório de arquitetura.

— Pronto chegamos, eu e o Arquimedes te levanta enquanto o Boy vigia para ver se não vem vindo ninguém.

— Depois que a gente te levantar, você vai até aquele quadro de força e desliga puxando para baixo e depois só abre o portão para gente da garagem.

Eles levantam o menino que faz exatamente o que eles falaram.

  Pronto agora deixa com a gente, se você quiser voltar a brincar, vai lá depois a gente se fala.

Donizete retorna para a brincadeira ele pula o muro da casa do Tio do Barriga e sai na rua. Ele vai correndo até o lugar onde eles estavam fazendo de cela.

  Onde você estava? —  Ninguém te achava, te peguei, pronto agora é a nossa vez. Grita o cabeça.

Mas a mãe do Coelho veio chama-lo para entrar para casa.

  Pronto agora estamos com um a menos.

  Eu também tenho que entrar. Diz o Japa.

— Pronto acabou a brincadeira, vamos fazer outra coisa agora então?

  Vamos fazer uma fogueira. Sugere o Perereca.

  Boa. Diz o Galo.

— Vamos pegar lenha na Veia Helena.

Eles pegam as lenham e acedem a fogueira e ficam ali curtindo a fogueira conversando até que aparece o tio do Barriga o Arquimedes e o Boy, eles traziam uma garrafa de vinho seco.

  E aí molecada, quem quer Vinho?

Cabeção pega a garrafa e dá um gole, depois o Perereca e por último Donizete.

  Vai ficar bêbado desse jeito, divide essa garrafa entre vocês, nós temos mais duas garrafas aqui, que roubamos lá naquele esquema.

As outras crianças não entendem nada e só olham para o Donizete, que fica na dele.

  Essa fogueira está chata, vamos pegar uns milhos e umas batatas lá no caminhão da rua da Feira? Diz o Tio.

— Vem com a gente garoto esperto.

  E molecada segura o vinho para nós até a gente voltar.

Donizete dá de ombros e vai com ele juntamente com o Perereca.

Eles vão até a rua da feira onde o caminhão estava estacionado.

O Tio do Barriga e o Boy soltam a corda da lona que cobria a carga, já pronta para a feira. Donizete e o Perereca sobem no caminhão e pegam uma melânica.

O Boy segura a melancia.

Depois eles puxam um saco de milho e o Arquimedes segura o saco na cabeça e o leva embora.

  Procura Batata! Pede o Tio.

  Achei morango.

  Serve, dá aqui, vai rápido só olha, para ver se acha batata.

  Achei, mas o saco é muito pesado.

  Rasga ele.

Ele rasga o saco e pega algumas batatas entrega para o Tio, volta e pega mais.

Assim que ele estava pegando mais, um homem grita.

— O que vocês estão fazendo aí?

Donizete pula do Caminhão e o Perereca também, eles correm.

Donizete olha para trás e percebe que conhecia o homem dono do caminhão.

Donizete corre junto com o Tio, eles despistam o homem e vão até a fogueira.

Chegando na fogueira.

— Pronto molecada, vamos comer, milho assado na fogueira, batata com vinho seco e de sobremesa morango. Diz o Tio dando risada.

Eles jogam a abatata na brasa da fogueira e espetam o milho com um graveto e ficam ali tostando o milho dando gole no vinho.

Donizete sente a cabeça girar e começa a falar mole.

— O Moleque está bêbado. Diz o Boy rindo.

Eles dão risadas.

— Agora só falta fumar? Diz o Arquimedes oferecendo um cigarro acesso para ele. Ensinando como que faz para fumar.

Donizete tenta tragar e engasga.

Ele tosse, tosse sem parar.

Todo mundo ri.

— Eu quero água a minha garganta está ardendo muito, acho que vou para casa.

Assim que ele termina a frase, ele vomita tudo que ele comeu e bebeu.

Todo mundo ri e zoa ele.

Ele resolve ir embora.

Ele entra na casa dele.

Só estava o Alexandre sentado no sofá, o pai dele estava no banheiro.

Alexandre tenta falar alguma coisa para ele.

— Não enche o saco. Diz ele para o Alexandre e sobe para o quarto.

Os flashes do sonho continuam como os das noites passadas.

O Escravo aparece no meio de fogo.

  Menino acorda!

  Você andou bebendo e fumando?

Ele faz que não com a cabeça

— Você está inalando álcool e a sua roupa está cheirando a fumaça de cigarro.

  É a fumaça é da fogueira.

— O meu amigo da feira, disse que viu você ontem roubando fruta do caminhão dele.

— Que amigo?

— Aquele que te apresentei, na feira.

— Ele deve de estar me confundido.

— Também achei, mas ele insistiu que era você.

— Não era você, era?

— Não eu estava brincando de polícia e ladrão com os outros meninos.

— E quem deu bebida para você?

— O Galo pegou um restinho da casa dele, a gente só experimentou.

— Você quem sabe, olha o seu pai o que aconteceu com a vida dele por causa da bebida, você é muito criança para esse tipo de coisa, depois eu vou querer falar com a mãe desse menino, para saber a verdade.

— Agora levanta e vai tomar banho que você está fedendo, nem tomou banho ontem e vou deixar o seu café na mesa, ou você quer almoçar?

— Pode ser almoço vó.

— Está bem, vê se toma juízo, a minha irmã Mercedes estava comigo e já queria e eu te colocasse na Febem.

Donizete arregala os olhos. E faz que não com a cabeça.

  Lógico que não, não é porque o outro da sua mãe não te quer mais lá e a minha irmã acha que você é um problema para mim, falei que nunca faria uma coisa dessa com você, que sofri tanto para te ter você de volta e agora não vou desistir de você assim tão fácil.

Donizete se sente mal, pelo o que a avó estava falando, ela pegou no psicológico dele. Ele levanta toma banho, almoça e vai para a escola sem reclamar.

Na entrada da escola a Inspetora já o segura.

— Tenho ordens de só deixar você entrar, só se for acompanhado do seu pai.

Ela o acompanha até a Diretoria.

  Menino onde já se viu? — Trancar a professora na sala de aula, a professora não, a turma toda, você não tem juízo, eu quero o seu pai aqui, não quero a sua avó, você só vai entrar na aula se trouxer o seu pai, pode voltar para trás e voltar com ele, que hoje você não frequenta aula.

— Mas ele está trabalhando.

  Não interessa, ou traz ele ou você não assisti aula.

Ele dá meia volta e retorna para casa.

  Já voltou? — Não teve aula?

— Não, eles querem que o meu pai vai na escola.

  Não pode ser eu?

— Não tem que ser ele.

— O que você aprontou, agora?

  Eles que são chatos.

— Eles são chatos? Essa é boa.

  E o que você vai fazer o dia inteiro agora?

  Nada.

— Nada?

  Só não se envolve em mais confusão!

Donizete sai e se senta no murinho e fica ali sem fazer nada.

  E aí garoto esperto?

— E aí tio e aí Barriga?

— Tá de boa?

— Sim.

  Quer ir caçar passarinho com a gente na chácara e a gente aproveita e come umas jabuticabas lá.

— Vamos, mas eu não quero matar passarinho.

— Eu fiz esse estilingue, ontem, usei uma tripa de mico mais grossa, isso daqui mata até Urubu.

I! —   Fecharam a entrada, nós vamos ter que pular o muro.

Eles pulam o muro.

— Olha lá a molecada nadando no laguinho, não adianta nada fechar o muro, todo mundo pula, para vir nadar ou pegar jabuticaba nessa Chácara, porque aqui deve de ter mais de mil pés de Jabuticaba, fora os pés macho, que são dá Jabuticabas gigantes, que cercam a chácara, é jabuticaba para entupir até o fiatã.

Eles dão risada.

— Vamos nadar Barriga?

  Vamos e tio vai indo que depois a gente te alcança.

Os meninos se juntam com as outras crianças, eles tiram o short e a camiseta e pulam na água.

Havia um homem sentado na pedra só observando as crianças.

Eles se divertiam com as outras crianças até aquele homem, abaixar os shorts dele.

O homem estava com o membro duro e depois de abaixar a calça, ele diz.

— Quem quer dez Cruzeiros para pegar no meu pinto?

Dizia o homem exibindo o pinto.

As crianças se afastam dele, Donizete tenta correr e o homem o agarra.

— Vai moleque dá uma pegadinha que te dou dez Cruzeiros.

Donizete joga água no homem, que acaba soltando ele, e assim ele consegue ir mais para o meio do lago, fugindo para o outro lado onde estava a roupa dele.

Donizete sai da água vestindo os shorts e chamando para que o Barriga fosse rápido, mas o Barriga demora e o homem consegue pegar ele.

Donizete corre para chamar o tio dele.

— Tio, tio, tem um homem querendo que o Barriga pega no pinto dele.

— Onde isso?

  Lá no lago.

O Tio corre e de longe ele arma o estilingue e acerta o homem no pinto, que estava para fora forçando o Barriga segurar o menbro dele, ele grita de dor e solta o Barriga e tenta fugir.

O tio do Barriga vai atrás dele e dá uma rasteira fazendo o homem cair.

O Tio junta o homem pelo colarinho e dá uma cabeçada no nariz do homem, que faz expirar sangue, o tio dá mais um soco no homem e o solta, deixando ele no chão chorando de dor.

  Se eu te ver por aqui de novo molestando a molecada eu vou te arrebentar na porrada, agora some daqui. Diz o tio dando um chute na bunda do homem.

O homem dá um pulo com o chute e corre, pulando o muro.

  Esses tarados nojentos, vamos e vê se agora não sai do meu lado. Diz o tio bravo para o Barriga.

Vamos comer jabuticaba depois eu tento caçar passarinho.

Eles se esbaldam nos pés de Jabuticaba, era muita jabuticaba.

  Essas jabuticabas estão muito boas, mas as dos pés macho são maiores e melhores, porém é muito perto da casa do dono da fazenda e ele e a mulher são muito bravos e correm atrás da gente com facão.

— Vamos lá, mas nós temos que ter cuidado, eu levanto vocês na árvore e vocês vão jogando as frutas que eu vou guardando no saquinho para a gente comer depois sem perder tempo.

— Vem garoto esperto, sobe você primeiro no pé perto do brejo.

— Pronto, agora você sobrinho.

Os meninos sobem nas arvores e vão jogando as frutas para o Tio, que não resiste a suculência daquela fruta gigante vai comendo e colocando outra no saco plástico.

O Saco estava quase cheio, quando o casal dono da chácara aparecem gritando.

— O que você está fazendo aqui eu vou cortar o seu bucho. Gritava o senhor seguido da esposa.

O tio estava mais próximo do sobrinho e pede para ele pular rapidamente e o agarra sem deixa- lo cair.

  E o Donizete tio, o que a gente vai fazer, agora?

— Eles já estão debaixo da árvore que ele subiu, não dá mais tempo.

— E agora? —  Eles vão matar ele. Exclama o Barriga desesperado.

  Nós vamos ter que esperar, para ver o que a gente possa ajudar ele. Diz o tio.

O casal batia os facões no tronco da arvore e gritavam.

  Eu vou cortar o seu pinto fora.

O senhor busca uma escada para subir na arvore a coloca no tronco da arvore.

Donizete fica com medo e analisa a distância do galho da arvore para o brejo.

Conforme o homem vai subindo na arvore, Donizete se arrasta no galho em direção ao brejo.

O Galho começa a entortar e o Donizete pula no brejo, os seus pés atolam a alguns metros da margem e ele não consegue se mexer, para fugir.

— Homem desce da árvore e vem na sua direção para se juntar a mulher que já tentava acertar o Donizete com o facão.

O Homem tinha o braço mais longo e se equilibra na margem do brejo tentando acerta-lo.

O homem percebe que não vai acerta-lo, volta e pega a escada e a joga no brejo chegando bem perto do Donizete.

O Homem se preparava para bater nele com o facão e do brejo brotam lesmas negras, como se fossem raízes do chão, se enrolando no homem e o arrastando até onde estava a mulher, se enrolando nela também, levantando do chão, tomando os facões deles e direcionando para o pescoço deles.

Donizete pensa rápido e grita.

  Não os mates!

Os facões param centímetros do pescoço do casal.

— Só tire eles daqui.

Algumas lesmas, tiram o Donizete do brejo carregando ele para fora do brejo.

— Acho que preciso parar de fumar maconha. Diz o tio do Barriga para ele.

— Eu nem comecei e já parei. Diz o sobrinho.

As lesmas arrastam o casal até a casa e desaparecem.

Donizete estava todo sujo de lama de brejo até a cintura.

Donizete estava com uma expressão diferente e vai na direção do Tio e do Barriga e diz.

— Vou ter que entrar de novo no lago para me limpar agora.

O Tio e o Barriga estavam em choque e não esboçam nenhuma reação.

  Vamos e não esquecem o saco de jabuticaba, que deu trabalho para pegar.

O tio se abaixa pega o saco e pergunta.

  O que foi aquilo?

  O que?

— Aquelas coisas que saíram do brejo e agarraram o casal?

  Você está fumando maconha de mais, foi lama que eu joguei neles e eles correram.

— Não eu também vi, pareciam cobras em forma de raízes. Diz o Barriga.

Donizete ri.

— Era o galho que eu estava usando, para me defender, você deu maconha para o seu sobrinho também?

  Não. Diz o tio com cara de bobo e com a boca aberta.

Donizete entra no lago e o Barriga se junta a ele.

— Eu podia jurar no que vi. Diz o Barriga para o Donizete.

Esquece isso e vamos nadar, que agora nós temos o lago só para nós.

O Tio do Barriga fica sentado na pedra e coloca a mão no bolso, tira um pacotinho de maconha, ele cheira a maconha e a joga fora no lago.

Donizete sai do lago, pula para se secar.

— Chio! —  Não faz barulho. Diz o Tio.

Ele arma o estilingue se aproxima de um beija-flor que voava na mata e solta a pedra acertando o passarinho.

— Acertei!

Ele vai até onde o passarinho caiu e o pega e mostra par ao Donizete.

— Que dó, você matou ele para nada, é tão pequenininho, não tem nem carne, será que não dá para ressuscita-lo, eu vou leva-lo comigo, que dó.

Ele abre as asas do passarinho tão pequenininho e fica admirando a beleza daquele ser, que era de um degrade que ia do roxo ao verde, quase um amarelo, com o peito branco.

Ele pula o muro levando com ele o passarinho, o coloca em uma caixinha e o deixa no jardin.

A sua avó abre a porta.

— O que você está fazendo aí menino?

  Salvando um passarinho.

  Passarinho?

— Deixa pra lá, o seu pai foi lá na escola, você trancou a professora junto com todos os seus amiguinhos dentro da sala de aula?

Donizete não fala nada.

— Tiveram que chamar um chaveiro, para tirar a professora de dentro da sala e cobraram os custos do chaveiro do seu pai.

— Não vai falar nada?

— Vou falar o que?

— Tá bom, amanhã você já está liberado para assistir aula, parece que a professora quer, que você continua na sala dela, porque ela quer me ajudar a educar você.

Donizete olha para ela se abaixa e abre a asa do passarinho.

— Solta esse passarinho, ele já está morto.

Donizete, embrulha o passarinho e o enterra no jardin.

— Você está esburacando todo o meu jardim, por causa desse passarinho. Diz ela empurrando ele.

Com o empurrão ele se desiquilibra e cai para o lado.

Ele olha para ela se levanta e sai para a rua.

Donizete vi até a casa da Vania, ela estava sentada no muro.

— OI! Estamos brincando de mãe da rua, quer brincar com a gente?

Donizete faz que sim com a cabeça.

— Então, você fica no meu time, só deixa terminar essa partida, só falta a Vera.

A brincadeira termina e eles começam uma nova partida.

Eles tinham que atravessar a rua de uma calçada a outra, pulando só em um pé, não podia colocar os dois pés no chão e sem deixar que o outro time que ficava no meio da rua, encostasse neles.

Donizete e a Vania atravessam com sucesso dando risada.

— Vamos de mão dadas agora?

Eles atravessam pulando em um pé só de mão dadas.

— Conseguimos. Diz ela dando um beijo nele, que corresponde o beijo dela.

— Vamos parar com essa putaria, estamos brincando de Mãe da rua e não de Beijo abraço e aperto de mão. Diz a Rute irmã da Vania.

Eles continuam a brincadeira, até enjoarem.

— Chega! —   vamos fazer outra coisa? Pergunta Vania.

— Já sei vamos brincar de: “estreia nova cela”. Diz a Vera.

— Boa, mas sem passada de mão. Diz a Elaine.

— Ha!! exclama os meninos.

— Marcio como vocês perderam na mãe da rua, você começa como mula. Diz a Vera.

O rapaz se posiciona colocando a mão nos joelhos, para que os outros pulassem por cima dele fazendo o que o primeiro mandasse.

A vera pula ele com uma mão fechada e a outra aberta dizendo:

— Um bife e uma bata!

E todos atrás dela fazem o mesmo.

   Coice de mula. Diz ela pulando por cima do Marcio e batendo com o pé na bunda dele.

Alguns acertam. E a Elaine erra.

— Você errou Elaine agora, você fica de mula na cela.

Marcio pela ela batendo a bunda na costa e diz:

  Amassa tomate!

E todos fazem, alguns faziam com tanta força que chegava a derrubar a Elaine.

Rute cochicha alguma coisa na orelha dele.

Marcio pula passando a mão na bunda dela dizendo:

   Passadinha de mão.

A Elaine se levanta reclamando.

— Eu falei que não era para fazer essa.

— Se você se recusar, vai ter que tomar castigo. Diz a Rute.

Elaine reclama, mas vota para posição e todos pulam ela passando a mão na bunda dela dando risada.

— Não quero brincar mais. Fala a Elaine brava e se sentando na calçada.

— Para de ser estraga prazer. Diz a Vera.

— Não quero mais e pronto.

— Chega vai, também cansei e já está tarde. Diz a Rute.

Eles se sentam na calçada aos pares, só a Rute fica sozinha.

Vania puxa o Donizete.

  Vamos dar uma volta, vem.

Eles vão andando de mãos dadas e ela o arrasta para dentro de um dos carros para o desmanche.

— Ontem você não apareceu senti a sua, estava morrendo de saudade e agora eu quero te beijar muito.

Eles ficam dentro do carro se amassando e as coisas esquentam.

— Eu quero que você tire a minha virgindade, mas deixa eu ir por cima, que eu acho que assim eu consigo.

Ela senta por cima dele, puxa a calcinha de lado e se ajeita nele e vai se entregando devagarzinho.

— Conseguimos, doeu um pouquinho, mas agora está gostoso.

Ela abraça ele e o beija e continua por cima dele.

Alguém abre a porta do carro bruscamente e a puxa ela de cima dele.

Era o Boy irmão dela.

— Eu sabia que isso iria acontecer, eu sabia, vocês são crianças e agora?

— Vamos para casa eu vou contar para a mãe e você depois a gente conversa.

Diz o Boy bravo com o Donizete.

Donizete sobe para a casa dele, ele entra na sala onde estavam o pai dele e o Alexandre sentados na poltrona e a sua avó sentada no outro sofá sozinho.

— Apareceu a margarida. Diz o Pai dele.

  O que você aprontou na escola menino? —  Trancou a professora e os seus amiguinhos na sala de aula, onde você estava com a cabeça?

Donizete dá de ombros.

— Menino você não pode fazer essas coisas, a sua avó também falou que você aprontou outras coisas, você precisa se comportar, você já é quase um homenzinho.

Donizete não fala nada e só olha para o pai dele e não escutava mais nenhuma palavra que o pai dizia.

  Vai tomar, banho para você jantar, vai, a vó fez pizza quadrada para você.

Donizete estava com dor de barriga de tanta jabuticaba que havia comido, mas ele não conseguiu fazer cocô, ele fazia força e caia só alguns caroços de jabuticaba, mas não aliviava.

— Vó estou entupido, não consigo fazer cocô.

— O que você comeu menino?

— Eu comi muita jabuticaba, hoje lá na chácara.

O pai e o primo do pai e avó, dão risada.

  Então é isso, você vai ter que tomar óleo de rícino, deixa eu pegar uma colher para você.

A avó vai até o armário e pega um tubo de óleo e uma colher, ela a enche com óleo e dá para ele beber.

Ele faz uma cara feia.

Agora espera alguns minutos para fazer efeito.

Ele fica sentando na privada esperando fazer efeito por alguns minutos.

Ele sente um cólica muito forte e a dor de barriga fica pior, ele se desespera faz força e faz força até conseguir, ele fez tanta força que chegou a sair sangue.

  Ufá! —  Que alívio.

— Conseguiu menino?

— Sim.

— Toma banho logo para a gente jantar!

Ele toma banho come a pizza, assisti “Esquadrão classe A” que passava na televisão, se aconchega no colo da avó e adormece.

No seu sonho, estava a Regina e a Vania, a Regina era bem mais alta que a Vania, eles carregavam flores de um jardim, as flores pegavam fogo e sumiam,  ele começa a cair em um rodamoinho sem fim e o Escravo aparecia dizendo palavras incompreendidas e sumia.

Na manhã seguinte ele acorda na sua cama e sente uma ardência na bunda, acha estranho, mas dá de ombro, vai para o banheiro, lava o rosto e toma café.

  O seu pai esqueceu de te falar, que hoje você precisa ir mais cedo para a escola, parece que vai ter um evento.

— Vichi, faltam 20 minutos.

— Então corre. Diz a Avó.

Ele sai correndo e chegando na escola, haviam dois ônibus parados na entrada.

Um dos amiguinhos, grita para ele.

  Vem, sobe no ônibus, nós vamos no programa de televisão.

Ele sobe no ônibus e se senta ao lado do amigo.

A professora sobe no ônibus, olha para ele e diz.

— Você não, você não vai, pode descer, criança mal-educada que não sabe se comportar, não pode ir, porque vai fazer a escola passar vergonha.

A professora retira ele do ônibus e pede para a inspetora o levar até a sala de aula dela, onde já estavam as outras crianças que não iriam participar do programa, porque não haviam se comportado direito.

Donizete se senta na carteira e a inspetora diz.

— A professora pediu para copiar a lição que está na lousa e depois que terminar é para você resumirem esse livro, para a lição de português, depois que terminarem, para matemática é para escrever dez vezes a todas as tabuadas do um ao dez.

Ele olha para a lousa, procura pela sua mala, que estava no mesmo lugar que ele havia deixado a dois dias atrás, ele a abre pega o caderno e o estojo de lápis e começa a lição.

A inspetora se senta na mesa da professora e os monitora.

AS crianças começam um burburinho e a inspetora pede para ficarem quietos.

E assim eles permanecem até o horário do almoço, as crianças almoçam na Cantina da escola e tiram um intervalo de uma hora.

Eles jogam bola na quadra, brincam de pega-pega.

Uma pipa enrosca no alto da tela, que tinha aproximadamente sete metros de altura e era a tela que separava a quadra da rua.

Um menino da rua, já começava a subir na tela para pegar a pipa.

Donizete sobe mais rápido que o menino e pega a pipa na frente dele.

O menino fica bravo e tenta chutar a mão do Donizete encaixada na tela para descer, Donizete desvia e desce tão rápido como subiu.

Donizete fica tirando sarro do menino, que começa a xingar.

A inspetora que tinha visto tudo, toma a pipa do Donizete e devolve para o menino da rua, que sai tirando sarro dele.

Donizete não gosta nada, mas acaba deixando pra lá.

A sirene do intervalo soa e a inspetora pede para que todos voltassem para a sala.

E assim continuam as atividades.

O tempo passa e o pessoal que havia ido para o programa de televisão, retornam fazendo algazarra, só parando quando a Sargento Bruno, aparece na porta e todos se calam.

— Nós ainda temos uma hora e alguns minutos, por isso eu quero que vocês copiem a lição da lousa.

— Professora.

— O que foi?

— A minha caneta sumiu. Diz uma menina.

— A minha lapiseira também. Diz outra menina.

— A minha borracha também. Diz um menino.

— A minha caneta também. Mais um menino.

— O que está acontecendo aqui? —   Sumiram todas as coisas, nós temos um ladrão entra a gente?

— Quem foi que pegou as coisas dos outros amiguinhos?

Ninguém responde.

— Se ninguém se manifestar e não devolver, eu vou pedir para chamar o policial lá da frente da Ronda da escolar.

— Quem foi, Donizete eu aposto que foi você, você ficou aqui na sala enquanto os seus amigos foram para o programa de televisão, deixa eu ver as suas coisas.

— A professora pega a mala dele e tira tudo de dentro e vira a mala de ponta cabeça e a chacoalha, a mala faz um barulho, mas não cai nada.

— Não tem nada aqui e o barulho que faz deve de ser dessas fivelas.

— Mas como? —   Só pode ter sido você.

A sala ficou aberta na hora do intervalo e alguém pode ter entrado e ter pego. Se defende o Donizete

— Se não aparecer as coisas das crianças eu vou pedir para chamar o policial, porque isso é caso de polícia.

Novamente fica um silêncio e a professora pede para a inspetora chamar o policial da ronda escolar.

Os policiais aparecem na porta da sala.

— Pode entrar. Diz a professora

Assim que o policial, a professora vai ao encontro dele e fala alguma coisa no ouvido dele, e automaticamente ele olha para o Donizete.

— Boa tarde, crianças! — Como a professora já havia falado, precisamos que o material doas amiguinhos sejam devolvidos, caso contrário teremos que revistar um por um e se for o caso até ir para a delegacia.

O silêncio novamente permanece na sala.

— Pois bem, vamos começar por esse rapaz aqui.

O policial vai até o Donizete e faz a mesma coisa que a professora fez e nada consta. O policial vai o armário que tinha no fundo da sala e olha em cima e olha em baixo e constata que não tinha nada ali, olha novamente embaixo da carteira do Donizete e balança a cabeça.

O policial anda pela sala e vai até a professora e diz.

— Não encontramos nada senhora, o que a senhora quer que a gente faça?

— O menino tem razão, a sala ficou aberta na hora do intervalo, tinha até uns meninos que pularam na escola atrás de pipa, pode ter sido um deles. Relembra a inspetora.

— Pode ser, vou dar uma volta no quarteirão para averiguar. Diz o Policial.

O Policial Sai da sala de aula e a professora, ainda olhava desconfiada para Donizete e o sinal da saída dos alunos soa.

Donizete vai saindo e o Alemão se junta a ele.

— O programa de televisão foi muito legal, tinha muitas brincadeiras e prêmios, vai passara domingo na televisão, vou assistir para ver se apareço.

Donizete não dizia nada, só olhava para o amigo contando sobre o passeio.

Eles vão andando e quando já estavam bem perto de casa, Donizete pede para ele esperar.

— Essa lapiseira é sua?

— Sim, carraca, foi você mesmo, não acredito, você enganou todo mundo. Diz o alemão rindo.

— É, mas não fala nada para ninguém, não vai me caguetar.

— É lógico que não.

— Você é louco, mas como você conseguiu esconder dentro da mala, porque a professora e o policial viraram ela de ponta cabeça e não caiu nada.

— Essa mala tem um compartimento secreto no forro, se você enfia a mão por dentro, consegue esconder o que quiser e não vai cair porque, o forro não deixa. Diz ele rindo.

— Do que vocês estão rindo? Pergunta o Morcego no caminho deles.

— Esse louco aqui, se eu te contar você não vai acreditar no que ele fez?

O Alemão conta a história para o Morcego, que dava risada da história.

— Vamos chamar os caras, pra gente brincar de polícia e ladrão.

Eu quero ser o ladrão. Diz o Donizete rindo.

Os três dão risada.

— Eu só preciso ir guardar a minha mala, vamos lá comigo.

— Eles vão até a casa do Donizete e estava tudo fechado.

— Acho que a minha avó saiu e agora?

— Já sei, vocês me ajudam a entrar pelo vitro da cozinha?

Os dois meninos ficam olhando para estranhando o que ele tinha acabado de dizer.

— Vem comigo, eu vou segurar no vitro e vocês dois só tem que levantar a minha perna, vai cada um segura uma.

Eles levantam ele e o Donizete começa a entrar pelo vitro enfiando primeiro a cabeça, o morcego achando aquilo engraçado perde a força e solta a perna dele e o alemão não aguenta e solta também, deixando o Donizete pendurado pelo pescoço, quase quebrando o pescoço dele. Donizete se debate e grita:

— Me ajuda. Os meninos riam muito, mas levantam a perna dele rapidamente antes que ele se machucasse.

Ele entra pelo vitro, se apoia na pia e pula para o chão, abre a porta da cozinha dizendo.

— Porra meu, vocês queiram me matar, quase quebrei o pescoço, vocês me deixaram pendurado pelo pescoço.

Os dois riam que não se aguentavam.

Donizete guarda a mala e só encosta a porta da cozinha e vai para a rua.

Eles encontram os outros meninos dividem- se em dois times, Polícia e Ladrão e começam a brincar.

Donizete corria pela rua de baixo e dá de frente com o Boy.

— E aí pirralho, vamos fazer aquela fita hoje.

— Que fita?

— Aquela que você estava me devendo.

— Ah tá.

— Me encontre aqui na esquina daqui duas horas, Diz o Boy.

— Ok, combinado.

Donizete continua a brincadeira, mas perdeu a concentração e foi capturado.

 

O tempo passa a brincadeira acaba e o Donizete vai de encontro com o Boy na esquina combinada.

— Chegou na hora pirralho.

Donizete faz que sim com a cabeça.

  Vamos nessa então.

— O esquema vai ser o seguinte, nós vamos pegar duas bicicletas dentro de uma garagem de uma casa, eu vou te descer dentro da casa por um terreno que fica ao lado dessa casa, você vai encaixar a roda da bicicleta nesse gancho e guiar a bicicleta para que ele suba sem fazer barulho ou enroscar.

— Chegamos, a casa é essa.

Eles pulam no terreno e vão até o muro que separava a casa.

— Eu vou te descer segurando os seus braços.

Donizete se pendura no muro e segura na mão do Boy que o desce até próximo do chão., ele anda devagarzinho pega a primeira bicicleta, leva até o muro, o Boy abaixa a corda com gancho e juntos eles levantam a bicicleta, sem fazer barulho, Donizete vai até a segunda bicicleta, a pega e a coloca no gancho.

Quando a bicicleta estava sendo alçada, o pedal da bicicleta roda e bate no telhado fazendo muito barulho, a luz da varanda lateral da casa se acende e uma mulher abre a porta e vê o Boy e o Donizete dentro do quintal e ela começa a gritar.

— Ladrão, ladrão!

Um homem aparece na porta gritando também e correndo na direção do Donizete.

O Boy termina de puxar a bicicleta e o Donizete gritava para ele:

— Me dá a mão, me dá a mão.

O Boy aparece no muro e diz para ele.

— Agora estamos quites, pela minha irmã.

E desaparece deixando o Donizete naquela situação dentro do quintal.

Donizete olha para o homem que já descia o segundo lance de escadas e na parede aparecem lesmas formando degraus para ele subir, ele agarra nos degraus e quando o homem chega perto dele, uma mão formada de lesmas o impede de segurar o Donizete, que consegue subir rapidamente, pulando no terreno onde o boy havia deixado a segunda bicicleta. Ele joga a bicicleta por cima do muro na rua, pula o muro e dispara com a bicicleta, um segundo homem já estava saindo pelo portão da casa tenta correr atrás do Donizete, que pedalava a bicicleta rapidamente para tentar fugir, ele atravessa avenida com a bicicleta, sem olhara para os lados, os carros freavam e buzinavam quase sendo atropelado e se distância do homem que vinha correndo atrás dele, mas um a carro para ao lado do homem, que abre a porta para ele e ele entra, continuando a perseguição.

Donizete já descia a rua da sua casa, mas ele avista a sua avó e o seu pai e o Alexandre no portão e passa direto tentando não ser percebido por eles.

Mas o Alexandre o vê e vai até na esquina verificar o que estava acontecendo e verifica o Donizete entrando com a bicicleta no terreno baldio do final da rua se escondendo.

Logo em seguida passa um carro procurando alguém.

Alexandre percebe que tinha algo de errado e vai até onde o Donizete havia se escondido.

— Porque você está se escondendo? —  O que você está aprontando?

— Nada, e essa bicicleta de quem é?

— É de um amigo.

— Mentiroso, você roubou, essa bicicleta, daquele pessoal do carro que passou te procurando.

— Não é não.

Não é?

  Eles estão voltando vou perguntar para eles então.

Não! —  Não faz isso, por favor!

— Então eu tinha razão, você sabe o que quero agora né.

— Não por favor.

— Ou você faz o que quero ou eu vou chamar os homens, eles estão parados lá na esquina procurando você, e na noite passada eu enfiei um dedinho no seu cuzinho, na hora que te carreguei para a cama, me deixou louco, quero ver esse cuzinho.

— Por isso que estava ardendo, seu filho da puta.

— Vai mostra a bunda para mim ou vou chamar os homens e ainda vou contar par o seu pai que você anda roubando bicicleta.

Está bem. Donizete concorda e abaixa a calça e vira de costa para ele.

Alexandre começa a se masturbar e tremer, mas ele não se contenta e agarra o Donizete por trás.

Donizete gritava para ele soltar ele, mas o Alexandre já era um homem forte e segurava ele com força e começa a penetrar no menino usando a força.

— Me solta, aí está doendo muito, me solta.

Mas o homem sem dó penetrava com mais força no menino, e o sangue já escorria pela perna dele.

— Aí está doendo muito, está me rasgando, está me machucando, tira eu não aguento mais, está doendo a minha barriga.

O homem sem dó dá uma estocada mais funda e começa a tremer ejaculando dentro do menino.

Donizete perde as forças e o homem o solta e ele cai no chão se contorcendo de dor, abraçando e juntando os seus joelhos.

O Homem estava com os olhos fechados, ainda com as calças arriadas e do chão, começam a brotar lesmas formando um homem forte com o membro gigante ereto.

Quando Alexandre abre os olhos e olha aquela figura na sua frente, ele pergunta.

— Quem é você?

Mas aquele vulto de um homem formado por lesmas, não responde e o ataca se enroscando nele, a figura de um homem forte de lesmas o agarra por trás e uma lesma gigante penetra no homem, que gritava.

— Me perdoa, não por favor.

Mas, quando mais ele gritava mais lesmas penetravam no anus dele e outras entravam pela boca, não deixando ele gritar.

E mais lesmas estavam entrando no homem, que começava a rasgar ele no meio, separando ele em duas partes espirando tripas e sangue para todos lados.

Donizete recupera as suas forças e vê todo aquele sangue e tripas no chão e o Alexandre dividido em dois no chão.

Ele tenta andar e sente muita dor, ele olha para a sua perna que tinha sangue e quando ele andava, descia mais sangue, mas ele vai andando até a sua casa a sua avó e o seu pai estavam na cozinha.

Ele entra no banheiro e senta na privada, que é tomada por sangue, ele estanca o sangue com papel higiênico, joga o papel dentro da privada, para não deixar amostra e dá descarga, ele liga o chuveiro se limpa e limpa a privada também, ele lava a sua roupa no chuveiro e o se sangue corre para o ralo.

Ele fica alguns minutos com a água do chuveiro caindo no seu corpo pensando, no que tinha acontecido e se ensaboa várias vezes, se sentindo sujo.

Ele desliga o chuveiro, se enxuga e na toalha ainda fica uma pequena mancha de sangue. Ele abre a porta rapidamente e pega uma cueca e o pijama na roupa para passar, ele pega um pedaço de papel higiênico e coloca junto com a cueca e veste o pijama e sai normalmente.

  Vem jantar. Grita a avó.

— Estou sem fome, e estou cansado vou para o quarto.

A avó vem até a sala conferir e ele já havia subido para o quarto.

Ele deita na cama e fica olhando para o teto, relembrando o que tinha acontecido e chegava a sentir cólicas.

Ele se contorce na cama e encolhe o seu corpo e fica assim até adormecer.

Fazia um dia lindo na fazenda, a grama se estava se recuperando, mudando de carvão para verde, o céu estava azul e brilhava um sol lindo, os passarinhos voltavam a cantar e alguns animais voltavam a surgir.

O Coronel surge na colina atrás dele vinham as crianças e no cavalo ao lado estava a Regina e trazia alguém na garupa dela, era alguém de cabelo vermelho, que dali não conseguia ver o rosto.

Eles chegam até o Donizete rapidamente.

— Donizete, Donizete. Gritava a Regina descendo do cavalo e abraçando ele sem parar.

— Que saudade, que eu estava de você, eu não te vejo mais na casa da sua mãe e também não conseguia falar com você nos sonhos.

Donizete estava olhando para ele sem acreditar e sem entender o que estava acontecendo, ainda mais quando ele olhou para o cavalo de onde a Regina desceu era a Vania que estava na garupa dela.

— Estou confuso, não estou entendendo. Fala ele olhando para a Vania e para a Regina, tentando entender.

— Calam eu te explico. Fala o coronel chegando perto dele.

— As crianças também correm para abraçar ele.

— Nós estávamos sendo bloqueados pela ira do escravo, ele estava obcecado a se vingar do primo do seu pai, o Alexandre, porque ele era um dos capangas do Coronel Garcia e foi ele que armou toda aquela armadilha para ele, além de dar muito chicotada no escravo, quando ele tentou pedir ajuda e a cada vez que você se machucava, ele se sentia culpado e a sua decepção o deixava mais ansioso para se vingar e não deixar nenhum mal te acontecer, mas ele também foi ficando alguns segundo bloqueados, devido as transformações que foram acontecendo com ele, a cada ato de violência exagerado que ele ocasionava, uma parte dele se transformava um pouco em demônio, era por isso que eu pedi para você pedir para ele não ser tão truculento e violento, a cada pessoa que ele matava com extrema violência, uma parte dele se tornava demônio .

— Então era por isso que ele estava cada vez, ficando mais forte e a voz dele também mudou e nasceram chifres nele.

— Sim, e isso fez com que todo o nosso mundo desse lado ficasse do jeito que ficou, a fúria e ódio que ele sentia pelo Alexandre, foi transformando tudo aqui e só acabou quando ele o matou.

— E onde ele está agora?

— Ele está naquele lugar que não gostamos de pronunciar e levou a alma do Alexandre junto com ele, a missão dele foi concluída, mas da maneira errada e o seu destino foi ir parar no lado escuro e agora acho que nunca mais nós vamos velo novamente, a não ser que sejamos como ele foi e assim teríamos o mesmo destino.

— E você como está meu amor, aquele monstro te machucou?

Donizete olha para a Regina com um pouco de vergonha.

— Não tenha vergonha, você não teve culpa era mais um da quadrilha do Coronel Garcia, que tinha o propósito de só te machucar.

— Mas e ela?

— A ruivinha, ela é linda né.

— Você não está com ciúmes dela? Pergunta Donizete.

— Ciúmes, não o coronel me explicou que isso só nos fortalece, quanto mais amores nós tivermos, mas forte ficamos e não acontece com a gente o que aconteceu com o escravo que alimentou o seu ódio e a sua fúria e se tornou, no que se tornou, o perdão nós salva, mas precisamos de justiça, para poder evoluirmos e o seu amor por ela é carnal e atual e terreno, o nosso é espiritual, quando tudo isso terminar, nós voltaremos a ficar juntos novamente.

A Vania desce do cavalo, ela estava um pouca confusa também e com medo.

— Mas como ela chegou aqui? Pergunta Donizete

— Eu fui busca-la. Diz a Regina.

— Ela apareceu no meu sonho e dizia que era sua amiga também e me dava a mão para subir no cavalo. Fala a Vania ainda um pouco assustada.

   Calma meu anjo, agora está tudo bem, fala a Regina abraçando ela e o Donizete.

A fazenda estava se modificando rapidamente, quase não tinha mais sinais de queimado.

  E o ex. namorado da Regina, o que aconteceu com ele Coronel?

  Infelizmente ele se aproveitou da situação e fugiu para o lado negro, também não sabemos o que pode ter acontecido com ele, se será um escravo ou se vai reencarnar, se ele reencarnar, teremos que começar tudo de novo, porque agora faltava pouco, só Coronel Garcia e eu já até suspeito de quem seja, mas teremos que ter calma esse é o mais perigoso.

— Mas chega de falar disso, vamos nos divertir, vamos aproveitar, estava com saudade disso tudo, vamos cavalgar pelos campos para que as flores voltem a florir, vamos espalhar o nosso amor.

Donizete sobe no cavalo, a Regina sobe na garupa dele e diz.

  Coloca a Vania na frente.

Ele dá a mão para ela e ela se encaixa entre o pescoço do cavalo e o colo dele, ele a abraça segurando a rédea e a Regina abraçava ele forte e assim eles começam a cavalgar e por onde eles passavam flores, árvores e relva nasciam.

Donizete acorda com a sua avó chorando ao lado da cama dele.

— Porque a senhora está chorando?

— O Alexandre morreu, encontraram ele aos pedaços.

Donizete faz uma cara de tanto faz.

— Quem faria uma coisa dessa com ele, ele era um homem tão bom, não fazia mal para ninguém.

Donizete faz uma cara de até parece e vira os olhos, e pensa como se quisesse dizer para ele.

— Se a senhora soubesse da verdade.

A avó estava aos prantos e desse as escadas.

Donizete se senta para levantar e sente uma fisgada de dor, ele vai até o banheiro e retirar o pedaço de papel higiênico que estava sujo de sangue e pensa.

— Não faz mal para ninguém?

Ele não queria saber sobre nada relacionado ao Alexandre.

A sua avó o chama e mostra para ele o fliperama que o Alexandre tinha construído, depois que a avó entra ele joga o fliperama na rua.

Quando ele estava voltando, ele percebe que a terra do jardim onde ele havia enterrado o beija -flor, estava se mexendo e surge o passarinho todo sujo, se sacode para tirar a terra, ele estava vivo, são e salvo, voa e vai embora, ele fica olhando o passarinho voar até sumir de vista, ele entra e se senta no sofá,  ele estava pensativo e quieto, não queria sair para a rua, estava com vergonha como se alguém soubesse o que tinha acontecido e assim ficou o final de semana trancado dentro do seu quarto.

Como a sua avó estava chateada com a morte do sobrinho, deduziu que ele estava daquele jeito pela morte do sobrinho dela e não interferiu no comportamento dele.

A semana recomeça e ele vai para a escola normalmente, estava quieto na sala de aula, não aprontava nada, mas também não participava da aula.

Em um determinado dia desses, os alunos se manifestam dizendo:

— Professora eu achei a minha lapiseira, estava dentro da minha mochila.

— Eu achei a minha caneta estava debaixo da minha carteira no fundo.

— Eu também achei a minha caneta, estava no meu estojo de lápis de cor.

E assim as crianças acharam os seus pertences.

A minha lapiseira estava em casa. Diz o alemão piscando para o Donizete.

A semana do Donizete foi dessa maneira, triste para ele e feliz para os outros, a professora até estava estranhando ele e se sentindo vitoriosa, acreditando que ela que havia dado um jeito nele.

O final de semana chega e a sua avó pede ajuda para a vizinha, para que os filhos dela brincassem com o Donizete para ver se ele se animasse.

E assim o marido da vizinha o leva de carro para um parque para que eles brincassem.

Donizete vai na janela sentindo o vento na cara, e aquela sensação de liberdade, lhe dá uma animada

Donizete leva a pipa dele e no parque eles brincavam com as pipas, mas eles estavam brincando muito perto da área onde era reservado para a prática de aeromodelismo e em uma dessas escapada com a sua pipa, a pipa se enrosca na guia de em um desses aviãozinho que arrebenta a linha do Donizete levando a pipa dele na guia do avião.

O homem estava bravo e briga com ele dizendo que ele podia ter derrubado o avião dele, mas devolve a pipa para ele.

Donizete conserta a sua pipa e a coloca novamente no ar.

Ao longe haviam vários paraquedas no ar.

Donizete manobra a sua pipa e corta um desses paraquedas.

Ele festeja muito, mas o que ele não sabia era que aqueles paraquedas era para vender e o vendedor vem na sua direção e a empurra no chão quebrando a linha da sua pipa e a soltando.

O pai dos seus amiguinhos vendo o que estava acontecendo, vai tirar satisfação com o homem, que gritava de volta para ele.

— Quem que vai pagar pelo meu prejuízo?

O pai dos amigos dizia para o homem.

— Se era para vender, você não deveria coloca-los no ar, deveria deixar embalados.

O homem resmunga alguma coisa incompreensível e vai embora reclamando.

— E agora, do que a gente vai brincar? Pergunta um dos meninos.

— Eu quero ir no pula-pula inflável. Diz o filho menor.

— Vamos lá, que eu vou pagar para vocês brincarem.

O pai paga para homem, e eles entram dentro do pula-pula e se divertem.

Mas o homem fala que o tempo acabou.

— Mas já! fala o Donizete.

— Já, se quiser brincar mais fala para o seu pai, pagar se novo.

Ele não é meu pai.

Não interessa, que quer brincar mais, em que pagar de novo. Fala o homem bem estupido com eles.

O filho menor vai até o pai chorando, dizendo que queria brincar mais.

E o pai também estranha que o tempo foi muito curto.

— Moço, você marcou o tempo certo? — Isso foi muito rápido.

— O brinquedo é meu e eu marco o tempo que quiser, se as crianças quiserem brincar mais, vai ter que pagar de novo. fala o homem curto e grosso.

Enquanto o pai discutia com o vendedor, Donizete encontra um prego no chão e o coloca no bolso.

O pai dos amigos se acerta com o vendedor e acaba pagando de novo.

— Aproveitem bastante, porque não vou pagar de novo, essa é a última vez. diz o pai para o filho menor.

Eles entram novamente no brinquedo e junto com eles entram outras crianças, eles pulam se divertem e o Donizete tira discretamente o prego do bolso e fura o brinquedo, que se rasga pelo furo e esvazia rapidamente prendendo todas as crianças lá dentro e vira uma gritaria e correria para sair do brinquedo.

Donizete sai rindo.

— Vem crianças agora vamos embora, chega, vamos para o carro que já vou pagar o estacionamento, já que estou aqui.

Eles entram no carro e o Donizete abre a janela instantaneamente e quando o carro passa perto do homem do brinquedo inflável, Donizete joga o prego perto do homem do brinquedo.

O pai dos meninos viu ele jogando alguma coisa de ferro, que fez um barulho de metal ao cair no chão, ele olha pelo retrovisor e vê o Homem olhar para o chão e olhar para o Donizete que mostrava a língua para ele gesticular e xingar, ele acelera o carro e olha pelo o retrovisor central, de dentro do carro, ele olha para trás, para o Donizete e dá um sorrisinho para ele querendo dizer, “—  Bom trabalho, bem feito”.

Eles entregam o Donizete na casa dele e a avó pergunta;

— Ele melhorou, se divertiu e não deu trabalho?

— Melhorou sim, brincou bastante, aprontou bastante, mas não deu trabalho não. Diz o pai dos meninos piscando para ele.

— Que bom, muito obrigado.

— Nada, que isso, para isso que serve os vizinhos.

Donizete estava um pouco mais animado realmente, já estava falando um pouco mais, ele janta com a avó assisti televisão com ela, eles jogam baralho, jogo Escopa e vai dormir.

Ele sonha que está cavalgando com a Vania na frente e a Regina a trás, o coronel ao seu lado estava sorrindo e dizia: “—  Vamos nos divertir, esquece o que aconteceu, já foi julgado, faça como esse nosso novo amiguinho, esse passarinho, um beija—  flor que perdoou e agora está aqui com a gente, aproveitando esse paraíso”.

Donizete olha para o passarinho, que era exatamente o beija-flor que ele levou para casa, o passarinho acompanhava eles, dando pequenas paradas para beijar algumas flores.

As crianças também sorriam e se divertiam cavalgando no meio das flores.

— Levanta vamos na missa comigo, e quero ver se te coloco para fazer primeira comunhão, para ver se você toma jeito.

Chegando na igreja eles vão até a catequese e a avó pede benção para o padre.

— Deus que te abençoe e que é esse anjinho?

Pergunta o padre colocando a mão na cabeça dele e tirando rapidamente, porque ele toma um choque.

— O que foi padre? Pergunta a avó.

— Tomei um choque, deve de ter sido eletroestática do corpo dele, mas quem é esse menino?

— É meu neto.

— Sei, e o que eu posso fazer por vocês?

— Quero que ele faça primeira comunhão.

— Inscreve ele lá na secretária com a Maria e vamos ensinar os ensinamentos de Deus para esse moço. Diz o padre, mas sem tocar nele com medo de tomar outro choque.

A avó o inscreve na catequese e depois eles assistem a missa.

Donizete fica olhando os detalhes da igreja e ela havia ficado com a caneta da secretária, então ele começa a desenhar a Santa do altar da igreja na folha de canto da missa.

a sua avó lhe toma a folha e faz cara feia para ele no momento que o padre dizia.

— Oremos. E todos se levantam.

O padre falava algumas palavras e as pessoa se sentavam e novamente ele falava.

— Oremos. E todos se levantavam de novo.

Donizete acha graça e se senta e se levanta.

O padre vendo ele de longe diz.

— Estamos precisando de um voluntário para ajudar a pegar água benta na fonte, acho que esse rapazinho que está com bastante energia pode nos ajudar, vem aqui rapazinho.

Donizete olha para avó, que faz sinal com as mãos dizendo.

— Vai!

Ele sobe até o altar e o padre lhe entrega uma jarra para que ele a enchesse de água para colocar no benzedor.

O padre estava ao seu lado e quando o Donizete coloca a jarra na água e a sua mão entra na água, a água borbulha e aparecem um monte lesmas se contorcendo dentro do reservatório.

O padre dá um pulo para trás, mas assim que o Donizete tira a jarra tudo fica normal.

O Padre ao tirar os óculos ele a limpa e o coloca de novo e olha dentro do reservatório, para constatar que não tinha nada.

Ele retoma a missa, benze as pessoas jogando água benta, mas continuava desconfiado olhando para o reservatório.

O padre faz sinal para ele voltar para o seu lugar e fica olhando ele de longe.

A missa acaba e a avó vai de despedir do padre, que foge dela percebendo que ela ia de encontro dele.

— Poxa vida queria me despedir do padre, e ele foi embora parecia que estava fugindo de mim.

Donizete só fica olhando para ela sem dizer nada.

— Vem vamos para casa, deixa pra lá, outro dia eu falo com ele.  fala ela.

Chegando em casa.

— Vó posso ir brincar na rua?

— Ochii, o que está acontecendo? — Nunca pediu, para sair, mas está bem, prefiro ver você assim, animado, vai e se diverte.

Ele pega o resto do dinheiro e o Game boy escondido atrás da pedra e sai.

— Oi, apareceu a margarida. Grita a Vania.

— Oi!

— Está sumido, tem mais de uma semana que não te vejo, está fugindo de mim.

— Não, só estava em casa de boa.

— Eu até sonhei com você.

— Eu sei.

— Como você sabe?

— Quero dizer, não sei.

— Ah bom.

— Um sonho louco, eu estava andando de cavalo com você e mais uma menina mais velha, que insistia em dizer que era a sua namora, como era o nome dela?

— Regina.

— Isso mesmo, mas como você sabe?

— Eu chutei um nome.

— Você está me assustando, já não basta o meu irmão ficar perguntando de você e ficar dizendo que: se você não tinha aparecido, era porquê tinha ido parar na FEBEM.

— O seu irmão falou isso é?

— Você sabe porque ele quis dizer isso?

— Nem imagino.

— E esse joguinho deixa eu brincar com ele um pouquinho?

— To, pega.

— Joga um pouco, mas eu tenho uma ideia melhor, vamos lá jogar fliperama, ainda tenho um pouco de dinheiro.

— Legal vamos.

Ele compra algumas fichas e se divertem a tarde inteira até escurecer.

Alguns policiais entram no fliperama, perguntando sobre os meninos que haviam morrido.

A Vania olha para ele e ele diz.

— Não vi não.

O policial pergunta para outra pessoa e o Donizete pega a mão da Vania e sai sem ser percebido.

— Eles estão investigando o que aconteceu com aqueles meninos do terreno, será que não encontraram nada ainda?

— Talvez não identificaram os corpos ainda e não descobriram nada.

Donizete falava com ele e percebe um homem olhando para ele, no primeiro momento ele não reconhece o homem.

Eles vão descendo para a casa deles e ele percebe que o homem perseguia eles.

Ele para e dá um beijo na Vania olhando para ver quem era o homem.

— É o Guarda.

— Quem?

— Aquele homem que matou o vizinho

— Ah tá e agora?

— Vamos até a sua casa, quem sabe tem alguém na frente.

Eles descem e viram uma, duas ruas.

— Ele continua vindo atrás de nós. Fala a Vania.

— Continua andando estamos quase na rua da sua casa.

   Não tem ninguém no portão e agora.

— Você entra e deixa que eu resolvo com ele.

— Entra comigo?

— Não quero, por causa do seu irmão, não quero ver ele.

— Verdade.

A Vania entra para a casa dela e o Donizete aperta o passo e assim que ele vira a esquina ele entra na primeira casa e sobe na laje e fica ali escondido.

O Guardinha aparece correndo e passa correndo por ele e vai até a outra esquina, ele não continua porquê alguém poderia reconhece-lo ele resolve voltar, mas não vai embora, ele fica escondido na esquina da rua da casa da Vania.

Donizete dá uma espiada por cima do homem e consegue ver o revólver na cintura nas costas do homem.

O Homem não ia embora e o Donizete estava imóvel, sem saber o que fazer.

O homem decide ir embora e sobe a rua por onde ele veio e vai embora.

Donizete desce e corre para a casa dele, mas no caminho ele encontra o Tio do Barriga o Arquimedes e o boy, que fica incomodado com o encontro.

— E aí garoto esperto, porque sumiu?

— E porque você está assustado?

— O Guardinha voltou e ele estava me perseguindo.

— Que Guardinha?

— O que matou o vizinho.

— Onde ele está?

— Já foi embora.

— Que safado, se eu pego esse cara, mas deixa pra lá, estamos indo para um esquema, vamos lá com a gente.

   Não.

— Não porque?

   Porque ele me deixou para se ferrar na última fita e não quero mais, só eu sei a consequência que tive por causa disso e acho que isso não é certo de fazer com as pessoas.

— Espera você está dizendo que ele te deixou, te abandonou?

   Como assim?

— Ele me deixou dentro da casa, não me deu a mão para eu subir de volta, por vingança por causa do que tinha acontecido com a irmã dele.

O tio olha para o Boy.

— Você fez isso como meu parceirinho?

— Não foi bem assim. Diz o Boy.

— Foi assim, sim. Diz o Donizete.

O Arquimedes dá uma gravata no Boy por trás e o segura.

— Moleque esperto me desculpa, toma pega o meu estilingue para você como uma forma de desculpa e deixa a gente aqui com ele, que vamos ensinar ele o que acontece com quem trai um parceiro do crime, agora vai para a sua casa, pode ir.

Donizete vira as costas e só escuta um barulho de pancada e o Boy gemendo e ele olha para trás e vê o Boy ainda desabando no chão e o Tio e o Arquimedes enchendo ele de chutes.

Donizete entra na casa dele estava com uma cara de assustado.

  Está assustado porquê? — O que você está aprontando?

  Nada, só subi correndo.

— Sei, quem que não te conhece, que te compre, esse é irmão desse. Diz a avó apontando para o olho esquerdo e depois para o olho direito.

— Donizete está com o beija-flor empoleirado no seu dedo e o passadinho brinca com ele a Vania e a Regina se juntam com ele.

— O meu amor, que saudade de sentir o seu cheiro. Diz a Regina

A Vania só olhava para ele e para ele.

— Eu estou preocupada com você, queria saber o que aconteceu, você conseguiu despistar aquele homem?

  Sim consegui.

   Fiquei preocupada, o meu irmão chegou sangrando em casa todo machucado e isso me deixou mais aflita.

— Eu vi.

— Como você viu, estou confusa, você está no meu sonho e parece tão real, não estou entendendo nada, não sei mais o que é real e o que é sonho.

  Calma, quando eu poder realmente confiar em você eu te conto tudo o que você precisa saber.

  Me contar o que?

  Calma amiga, você vai entender tudo um dia. Diz a Regina.

  Eu nunca te vi na vida real, de onde eu te conheço?

  Você me conhece pelo que sente no coração e na alma.

  Como assim, eu estou ficando louca?

  Não você não está ficando louca, pelo contrário, agora você faz parte da nossa família e será protegida por nós também a partir de agora, vermelhinha. Diz o coronel de cima do cavalo.

A Vania olha para ele, olha para o Donizete e olha para a Regina e corre para o meio das flores.

Donizete pensa em correr atrás dela, mas o coronel o impede e diz.

— Deixa ela ir, ela vai entender depois.

Donizete fica olhando aqueles cabelos vermelhes esvoaçando no meio de todas aquelas cores daquelas flores e o vermelho do cabelo dela se destacava.

 

No dia seguinte.

Donizete estava indo tranquilo para a escola, passa pela rua da Vania dá uma espiada para verificar se ela estava por ali, certifica que não e ele continua a sua caminhada para a escola, ele para na faixa de pedestre para atravessar a avenida e quando ele olha para o outro lado da rua o Guardinha estava de frente para ele olhando para ele.

O farol fecha e os carros param o Donizete ameaça voltar correndo na direção da sua casa e o homem corre pelo outro lado tentando cerca-lo, como planejado Donizete volta engendrando o homem e atravessa sentido a escola e corre bem rápido, mas a mala atrapalhava ele um pouco e o homem corria atrás dele, ele entra correndo no estacionamento da escola joga  a mala por cima do portão que separava o estacionamento do pátio e pula o portão, batendo o pé na tela e virando o corpo para dentro do pátio.

O Homem chega na tela do portão bate a mão na tela xingando e saca a arma.

A inspetora vendo que só o Donizete havia pulado o portão e não sabia o que estava acontecendo, vai na direção do Donizete perguntando.

— O que estava acontecendo?

Quando ela chega no raio de visão e vê o homem sacando a arma, ele ase assusta e o Donizete corre na direção dela empurrando de volta encostando na parede.

O Homem esmurra o portão tentando enxergar onde eles estavam se escondendo.

— Quem é esse homem menino?

— É o maluco que matou o vizinho.

— Porque ele está querendo te matar, o que você fez para ele?

— É uma longa história, depois te conta, agora corre e avisa os policiais que estão no portão principal do que está acontecendo.

A inspetora corre e avisa os policiais do portão principal, que correm até o outro portão, mas o homem já havia fugido.

— Menino, ele foi embora, o que ele queria com você?

A Diretora e algumas professoras já se juntava com a inspetora tentando entender o que estava acontecendo.

— Ele é louco, eu tive uma briga com os filhos dele, briga de criança e ele queria me matar e matar o meu amigo, no primeiro momento eu pensei que ele só queria dar um susto na gente, mas naquele mesmo dia ele matou o vizinho e fugiu levando a família e  aí a coisa ficou séria e eu e  o pessoal lá da rua, destruímos a casa dele o carro dele, porque ele é policial aposentado e não foi preso, alegando desacato e legitima defesa, assim fizemos vingança com as próprias mãos e agora ele fica me cercando,, tentando me pegar.

Nossa que perigo, hoje eu vou pedir para os policiais da ronda escolar te levar até a sua casa, agora vai para a sala de aula que já vai começar, você está bem para assistir a aula? Pergunta a Diretora

Donizete faz que sim com a cabeça e diz.

— A minha aula é com a Sargento Bruna e ela não vai me deixar mais entrar, porque já passou um minuto do horário.

— Eu te acompanho até a sala e falo com ela.

A Diretora o acompanha até a sala explica para a professora o que tinha acontecido e a professora só mexia a cabeça dizendo que tinha entendido.

A Diretora se retira da sala a professora olha para o Donizete e diz.

— Estava aprontando né capeta?

Donizete balança a cabeça, dizendo que não.

— Demorou para aprontar, quem que não te conhece que te compre, porque o seguro morreu de velho.

Donizete pensa a minha avó diz a mesma coisa, mas não fala nada e dá de ombros.

A aula começa e o silêncio, só era interrompido pelo barulho dos lápis escrevendo nos cadernos.

— Dá o horário do intervalo e as crianças cercava o Donizete querendo saber o que tinha acontecido.

Ele conta meio que por cima para alguns amigos que contam para outros e assim o assunto se espalha pela escola e mais pessoas cercavam ele, que foge e volta para a sala.

A professora olha e estranha ele voltando antes que todo mundo.

— Que bicho que te mordeu?

— Nenhum. Responde ele.

— É só uma expressão, mas deixa eu te falar uma coisa, eu acredito em você e acho que você, vai ser um grande homem, sabe porque eu penso isso?

Ele balança a cabeça dizendo que não.

A professora muda a postura de durona para uma pessoa amável.

— Quando você aprontou todos aquelas bagunças, jogou o meu material no lixo , depois ficou atacando coisas, me trancou na sala, pegou as coisas dos amiguinhos, é eu sei que foi você, mas depois você devolveu e foi aí que eu percebi que eu percebi que estava certa a respeito de você é do que eu tinha feito, eu não quis desistir de você, me perguntaram se eu queria que te trocasse de sala, eu disse que não que queria te educar, que você era um desafio, eu não sei o que te aconteceu mas você mudou bastante e estou ficando orgulhoso de você.

Os outros alunos começam a entrar na sala e ela retoma a postura de durona e pisca para ele.

Os alunos se sentam e o silêncio retorna.

Eles saem alguns minutos antes para cantarem o hino Nacional e todos os alunos de todas as salas formavam uma final em volta do pátio.

Donizete estava brincando com um amiguinho que havia pego o boné dele e ele pegou o boné do amiguinho e os dois jogavam os bonés na coluna do telhado para tentar deixar o boné preso na viga. O amiguinho joga e não consegue, Donizete tenta e acerta em cheio, bem na hora que a professora estava olhando para ele, ela vem na direção dele e diz.

— Não pode elogiar né, e agora para pegar esse boné eu não alcanço, vai buscara aquela cadeira no fim do pátio, para eu tentar alcançar.

Donizete corre e pega a cadeira e volta correndo, mas ele se enrosca com a cadeira e cai fazendo muito barulho. A escola inteira ri, ele nem sente dor por causa da vergonha e se levanta rapidamente e vai na direção da professora que diz.

— Machucou? Deixa eu ver.

Ele tinha ralado o cotovelo e o joelho.

— Foi só um pequeno arranhão. Diz ele.

A professora pega a cadeira e pega o boné do menino devolve para ele.

Eles cantam o Hino Nacional e o Donizete cantando fazendo careta de dor.

Assim que eles terminam de cantar, são liberados para ir embora.

A Diretora vem na direção dele e o leva até os policias pedindo para que eles o levassem até a sua casa.

Ele chega de carro de polícia na sua casa e a sua avó que estava limpando o quintal, leva um susto.

— O que você aprontou agora?

O policial a acalma dizendo.

Calma senhora, ele não aprontou nada, na verdade ele foi uma vítima, nós o trouxemos para que ele chegue em segurança em casa.

O policial explica para ela o que tinha acontecido e ela fica mais assustada.

  Meu Deus!

— Que susto, que loucura.

— Agora vê se fica quieto dentro de casa, com um maluco desse à solta pôr aí.

— Aqui na região ele não vêm, com medo do pessoal linchar ele, mas tem que ter cuidado mesmo. Diz o Donizete.

Alguém bate palma no portão. A avó vai verificar quem era.

— É a sua amiguinha de cabelo vermelho.

Donizete sai para falar com ela.

— Oi, minha anjinha!

— OI, meu anjo, me ajuda estou toda confusa, esses sonhos estão me deixando maluca, me ajuda.

Calma, eu sei o que está acontecendo e você saiu correndo no meio das flores toda brava.

— Pronto, como você sabe disso?

— Eu estava lá também.

— Sim, no meu sonho, como pode isso, isso não pode ser. Diz ela quase chorando e toda confusa.

— Calma, senta aqui vamos conversar, eu vou te explicar tudo o que está acontecendo para você, só não sei se você vai acreditar e se tem idade ou maturidade para entender, eu sou jovem de corpo, mas sou velho de espirito.

A menina já não estava entendendo nada e ficando mais confusa.

— Deixa eu começar, tudo começou quando eu morava com a minha tia Olga e acabei caindo dentro de um tumulo...

A conversa foi longa e amenina prestava atenção em cada palavra que ele pronunciava, contando para ela tudo o que tinha acontecido.

— Lesmas?

— Aí você forçou. Diz ela rindo.

— Você lembra daquele dia do terreno que você me perguntou o que era aquilo?

— Então, era isso.

— Não pode ser, eu só acredito vendo.

— Você vai ter a sua oportunidade, pode esperar.

— Você disse que eu era muito jovem e que não iria entender, mas eu me acho até que evoluída pela minha idade, eu acredito que seja pela convivência com a minha irmã que é bem mais velha, ela não percebe, mas eu aprendo muita coisa com ela.

Eles ficam horas juntos, duas crianças que pareciam dois adultos.

Eles estavam abraçadinhos e de repente alguém os separa bruscamente.

Eram os irmãos da Vania e o Heavy Metal a puxa pelo braço e o Boy só fica olhando para o Donizete com o olho roxo e não diz nada.

Eles vão levando ela a força.

Donizete corre até o beiral da janela onde ele havia deixado o estilingue que o tio havia lhe dado, pega o estilingue e corre atrás deles.

— Solta ela! Grita Donizete esticando as borrachas do estilingue e mirando no Heavy Metal.

O Heavy Metal solta a irmã que corre para trás do Donizete e ele diz.

— Você não é homem, não tem coragem, como aquele dia que você me desafiou.

— Vai atira quero ver se você é homem, você é só um moleque...

Antes que ele terminasse a frase o Donizete solta a pedra que acerta o Heavy Metal bem no meio da testa.

O sangue escorre pelo rosto.

— Eu vou te matar moleque!

Ele corre para cima do Donizete e para a surpresa dele aparecem três rodamoinhos formados por lesmas, um desses rodomoinhos protege o Donizete e os outros dois rodeiam o Heavy Metal e o Boy, que estava horrorizado e gritava de medo.

A Vania estava olhando tudo aquilo maravilhada e olhando tudo sem acreditar no que estava acontecendo.

A lesmas atacam o Heavy e o Boy.

— Para. Grita Donizete.

As lesmas param.

  Não machuque eles.

Os dois estavam em choque.

— Vai, vai embora e se vocês tocarem em um fio de cabelo dela depois, vocês vão se ver comigo.

Eles correm sem olhar para trás.

A Vania olha para os irmãos correndo e olha para o Donizete, as lesmas já haviam desaparecido.

— Agora você acredita? Pergunta ele para ela.

— Sim eu vi, mas é tão difícil de acreditar.

— Como funciona, você que as chama ou tem algum poder sobre elas?

— Não elas só aprecem, quando elas percebem que estou em perigo, não tenho controle, não sei controlar uma vez ou outra consigo usar o poder delas.

— Vamos eu vou te levar até a sua casa, para a sua mãe não ficar preocupada.

Eles vão até a casa dela e a mãe dela estava no portão rindo.

— Os seus irmãos, chegaram dizendo que um monte de lesmas atacou eles.

A Vania e o Donizete também dão risada, disfarçando.

Vê se pode? — Agora lesma está atacando as pessoas na rua.

— É melhor você entrar senhorita antes que alguma lesma te ataca. A mãe diz isso e dá risada.

Lesmas, cada uma. Diz a mãe entrando e rindo.

— Me dá um beijo agora que a minha mãe entrou.

Ele beija ela.

— Tchau! Diz ela e entra.

Ele volta para a casa dele, toma banho janta, conversa com a avo que dá alguns conselhos, assisti televisão e dorme no colo da avó.

— Oi! Parece que acabemos de nós ver? Diz a Vania rindo.

Donizete olha para ela e o passarinho que estava na sua mão voa.

— Que bom que você já apareceu.  Diz ele.

— Olha a cabelo de fogo voltou e está mais animada, espero que não fuja de novo. Diz o Coronel para a Vania.

Ela fica com as bochechas vermelhos da cor do cabelo.

— Agora além do cabelo vermelho ela está com as bochechas também. Diz a Regina abraçando ela, que retribui o abraço.

— O que aconteceu ela acredita em nós agora? Pergunta o Coronel.

— Acredito que sim, assim está se acostumando, mas aparentemente está se adaptando.

— Eu só vejo vocês em sonho, o Doni, me contou tudo sobre vocês e eu vi hoje quando vocês apareceram para nos proteger na forma de.

— Lesmas. Fala um doas filhos do Coronel.

— Isso mesmo, confesso que fiquei com um pouquinho de medo, mas eu percebi e me senti protegida e abraçada por vocês naquela forma, ainda não acredito no que os meus olhos viram, mas estou me acostumando.

— Não precisa se assustar, agora nós vamos te proteger também. Falam os filhos do Coronel.

A Vania estava rodeada por todos, ela dá uma rodada olhando para cada um, parando no Donizete e o abraçando.

Alguns meses depois.

— Vó eu vou com os meus amigos no Cemitério lavar tumulo ou tomar conta de carro, para ganhar uns trocados, tudo bem se eu pegar um balde velho e uma vassoura velha, um pano da senhora e um pouco de sabão?

— Pega esse balde aqui que não vou usar mais e tudo o que você levar, não traz de volta, por que não é bom trazer para casa coisas do cemitério.

— Pode deixar, seu eu ganhar bastante dinheiro eu compro outro para a senhora.

A avó dá risada.

  Quem vai com você?

  O Alemão, o Testa e o Perereca.

Chegando na entrada do cemitério.

— Vamos revezar eu e o Donizete começamos tomando conta dos carros e vocês vão lavar tumulo, depois a gente troca. Diz o Perereca.

Eles pedem para tomarem conta de alguns carros e ganham alguns trocados.

E o Alemão e o Testa retornam para trocarem.

Eles juntam o dinheiro que ganharam.

— Nós ganhamos quarenta Cruzeiros, vamos comprar Iogurte e chocolate e depois a gente troca. diz o Perereca.

Eles tomam o iogurte e comem o chocolate.

— Pronto agora é a nossa vez de lavar Tumulo Doni. Fala o Perereca.

Eles pegam a vassoura o balde com o sabão e os panos dentro e entram no cemitério, eles passam pelos policiais que faziam a ronda do cemitério, que alertam eles.

— Sem bagunça, hein molecada!

E eles balançam a cabeça concordando.

Já dentro do cemitério eles oferecem serviço para os familiares que visitavam as campas dos seus entes queridos.

   Uma senhora, uma moça e um rapaz, aceitam o serviço deles, para limparem a campa do marido, e outros parentes que estavam enterrados ali. Eles começam a limpar a campa o Perereca vai buscar água.

O rapaz chega perto do Donizete e diz.

  Te dou cinquenta Cruzeiros se você entrar e descer para limpar lá embaixo da campa.

O Donizete olha para a cara dele e pensa.

  Eu já entrei uma vez, na verdade eu cai, descendo se segurando, não vai ser difícil. Então ele diz para o rapaz.

— Eu aceito.

Eles abrem a porta de bronze da campa, Donizete olha para baixo.

— Eu te ajudo. Diz o homem dando a mão para ele.

Donizete segura na mão dele e vai descendo ele segura no vão da laje onde ficavam os caixões.  A campa tinha três andares de caixões dos dois lados.

Ele continua descendo até chegar no fundo, onde a luz não entrava.

— Joga a vassoura e um saquinho por favor!

O rapaz joga e ele varre e recolhe todo o lixo.

Ele agarra no vão da laje para subir e ele sente alguma coisa mole e gosmenta.

Ele puxa a mão rapidamente e verifica o que era.

Uma lesma, me desculpa amiguinha.

Ele desvia da lesma e sobe levantando a vassoura para que o rapaz pegasse.

Assim ele termina de subir mais fácil, quando ele sai de dentro da campa o Perereca que havia voltado com a água estava olhando para ele assustado.

— Pronto, feito, você me deve mais cinquenta, além da limpeza.

Eles lavam a parte de cima da campa que era feita de pedra de mármore, limpam os nomes de bronze encravado na pedra.

— Doni nós vamos precisar de mais água, agora é a sua vez de ir buscar.

Ele pega o balde e vai buscar.

Na volta o caminho por ele havia ido estava muito cheio ele desvia pela ruela lateral e vai carregando o balde cheio de água.

No caminho ele olha para uma campa e a reconhece o Anjo em cima dela.

É a Campa do Coronel Zuquim.

Ele vai andando olhando para a campa sem olhar para a frente e bate em alguém, derrubando água na pessoa.

— Desculpa moç..

Antes que ele termina-se a frase, ele reconhece a pessoa, que também o reconhece.

— Você não olha para frente?

— Ora, ora, o que temos aqui?

— Que mundo pequeno, agora você não me escapa. Diz o Guardinha sacando uma arma.

Donizete pensa em correr, mas vai andando para trás.

O Homem aponta a arma para ele.

Um zumbido muito forte começa a vir do tumulo do Coronel Zuquim e sai uma onda de lesmas do tumulo rodeando o Guardinha, que começa a atirar para todos os lados.

Um desses tiros acaba acertando o Donizete que cai sangrando.

O Barulho dos tiros chama a atenção dos policiais que estava na entrada, que  correm para verificar o que estava acontecendo e encontram o Guardinha se debatendo do nada e atirando, eles dão ordem para que ele baixasse a arma, mas ele continuava a se debater no vento e atirar e acaba atirando na direção dos policiais, que revidam e acertam o Guardinha na cabeça, matando ele.

As lesmas rodeiam o Donizete e retornam para o tumulo.

Os policias corem e encontram o Donizete caído sangrando e desacordado, eles o carregam para tentar socorre-lo.

 

Donizete está caído no mesmo lugar do cemitério no passado na fazendo do Coronel Zuquim.

Havia um Flash de luz forte sobre ela, que estava ofuscando a sua visão e ele vê alguns vultos chegando perto dele i ajudando a levantar.

Era o Coronel e os seus filhos.

— Me desculpa meu irmão, tentei te ajudar, mas ele acabou te acertando, me perdoa.

— Você não teve culpa, porque se você também não tentasse ele iria atirar em mim de qualquer maneira.

— O estranho é que não estou sentindo dor, eu morri?

— Não sei te dizer meu irmão, porquê a nossa missão acabou e não tenho mais o poder de te ajudar, a partir de agora você está sozinho.

— Porquê o que aconteceu?

— Você me ajudou a concluir a nossa missão, toda dor que você passou, tudo que você sofreu, não foi em vão estava tudo amarrado, realmente tudo estava focado em você, o seu destino era ser o nosso chamariz, em corpo tão moço.

— Eu não estou entendendo?

— Vou te explicar rápido porque não tenho muito tempo e tenho que partir para concluir o meu destino também.

— Então explica, continuo sem entender.

— O Coronel Garcia era o Guardinha que atirou em você, ele era o Coronel reencarnado, era o último que faltava para completar o fim da nossa história.

— Não acredito.

— Verdade, por isso não tenho muito tempo a nossa missão foi concluída e a nossa justiça foi feita, estamos livres desse carma, estamos livres para partir para o outro plano e espero te encontrar depois meu irmão, nós conseguimos.

Ali naquele plano parecia que o tempo não passava e o que era horas no plano terrestre, naquele momento ali segundos eram contados e preciosos.

A Regina aparece ao lado direito do Donizete colocando a mão no seu ombro e do lado esquerdo a Vania chega e segura a sua mão esquerda.

   Que bom que vocês chegaram a tempo, assim nós vamos poder se despedir de vocês também, porquê depois que nós partimos esse encontro não vai acontecer mais e vocês também não vão mais poder se encontrarem aqui, acaba tudo hoje depois que partimos.

O Coronel abraça a Regina e diz:

— Até breve minha Cunhada querida.

Ele se vira para a Vania.

— Espero um dia também poder reencontra-la cabelinho de fogo.

As crianças também se despedem, deixando para se despedir por último do Donizete, se abraçando os quatros e a Regina e a Vania também participam do abraço.

Eles se viram e o coronel pega na mão dos filhos e juntos caminham na direção da luz até sumirem de vista.

Donizete se vira para a Regina que estava desaparecendo e ela ainda consegue dizer algumas palavras para ele.

— Até breve, te amo, ela beija a ponta dos dedos e assopra para ele desaparecendo.

Ele olha para a sua mão esquerda e a Vania continuava a segura-la e escuta no fundo um choro de uma criança.

Ele desperta com uma luz forte e ao seu lado segurando a sua mão esquerda, estava a Vania sentada e dormindo com a cabeça apoiada no seu coxão, com a cabeça encostada nele, ele puxa a mão dela e dá um beijo ela desperta e dá um grito, o que chama a tenção de todos que estavam no quarto.

A sua mãe estava ao seu lado direito e ninava um bebê que chorava ao lado dela estavam o padrasto e nós pés da cama estava a sua avó e o seu pai e na entrada do quarto estava a mãe da Vania, vestida de enfermeira.

A Vania o abraça e ele dá um grito de dor.

   Desculpa. Fala ela.

   Cuidado menina, assim você machuca ele. Diz a mãe da Vania puxando ela.

   Ela vem comigo todos os dias do meu plantão e ficava aqui com você.

Ele olha para a Vania que fica corada da cor do cabelo dela.

   Vem menina deixa ele sozinho com a família de um pouquinho, vem comigo.

A sua mãe se aproxima e mostra para ele o bebê que segurava dizendo.

— Essa é a sua irmãzinha.

— Que linda, olha todos esses cachinhos, como ela se chama?

— Maria aparecida.

— Ela é linda.

A sua avó vem pelo outro lado e o enche de beijo e o seu pai só observava.

Ele olha para o seu padrasto que sorria e na janela pousa um passarinho, que chama a sua atenção.

Ele olha para o passarinho, era o beija-flor, que pousa na Floreira da sacada, o passarinho cheira as flores, paira no ar e vai embora.

Fim.

 

Escrito  Mauro A .M. Santos, Vulgo Dib.

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