4º Congresso Pós-Graduação do
IFSP - 2019
A contra cultura da arte urbana grafite no ensino de
Física
Admilson Luiz Navarro, Emerson Ferreira Gomes
Mestrando em Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências e Matemática, IFSP Câmpus São Paulo
Emerson Ferreira Gomes, professor EBTT – Física, IFSP Câmpus Boituva
Apresentado no
4º Congresso de Pós-Graduação do IFSP
27 e 28 de novembro de 2019- Sorocaba-SP, Brasil
RESUMO: Este resumo busca apresentar um projeto de pesquisa em andamento que tem
por objetivo demonstrar a interrelação da Arte Grafite no Ensino da Física da
Teoria da Relatividade. O conhecimento da Física no Ensino Médio, segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais se caracteriza na construção e na formação do
cidadão. Em que esse se torna atuante em seu mundo, ou seja, consiga
compreender e participar de forma mais clara e objetiva com a sua realidade. A
Arte é a manifestação das ideias e filosofias, sendo a representação do mundo
sob cada olhar, o Grafite nasceu dessa forma para manifestar o pensamento dos
artistas que, historicamente, foram colocados à margem da sociedade. A
construção interdisciplinar entre a Física e a Arte trazem as abordagens entre
as relações que construíram a nossa sociedade, ou seja, a Física e a Arte estão
ligadas direta ou indiretamente na formação social. A escola é um espaço
provocador de possibilidades reflexivas e que promove o diálogo, trazendo a
interação discursiva em sala de aula para a construção do conhecimento. Esta
pesquisa procura compreender e tomar ciência das múltiplas relações que podem
ser estabelecidas entre as disciplinas de Física e Arte, por meio da interação
dos conteúdos da Arte Grafite e da Física Relativística através das
experiências dos alunos, pretende-se, com isso, fortalecer a formação dos
estudantes superando os obstáculos epistemológicos e pedagógicos para que o
espírito científico se estabeleça, sendo esta uma sugestão de aplicação para
aulas no enfoque de ciências para o ensino médio. Dessa maneira, o projeto
deste estudo visa analisar e compreender quais são as interações possíveis para
a aprendizagem interdisciplinar entre o Grafite e o Ensino de Física aplicados
no Ensino Médio através de uma sequência didática auxiliando o professor nessa
abordagem verificando suas problemáticas e dificuldades.
PALAVRAS-CHAVE: Arte; Ciência; Física; Interação Discursiva;
Grafite;
The counterculture of
urban graffiti art in physics education
ABSTRACT: This
abstract aims to present an ongoing research project that aims to demonstrate
the interrelationship of graffiti art in the teaching of relativity theory
physics. The knowledge of Physics in High School, according to the National
Curriculum Parameters is characterized in the construction and formation of the
citizen. In which this becomes active in your world, that is, can understand
and participate more clearly and objectively with your reality. Art is the
manifestation of ideas and philosophies, being the representation of the world
under each glance, the graffiti was born this way to manifest the thinking of
artists who, historically, were placed on the fringes of society. The
interdisciplinary construction between physics and art brings the approaches
between the relationships that built our society, that is, physics and art are
directly or indirectly linked in social formation. The school is a space that
provokes reflective possibilities and promotes dialogue, bringing discursive
interaction in the classroom to the construction of knowledge. This research
seeks to understand and become aware of the multiple relationships that can be
established between the disciplines of Physics and Art, through the interaction
of the contents of Graffiti Art and Relativistic Physics through the students'
experiences. student formation overcoming the epistemological and pedagogical
obstacles for the scientific spirit to be established, which is a suggestion of
application for classes in the science approach to high school. Thus, the
project of this study aims to analyze and understand what are the possible
interactions for interdisciplinary learning between Graphite and Physics
Teaching applied in High School through a didactic sequence assisting the
teacher in this approach verifying their problems and difficulties.
KEYWORDS: Art;
Science; Physics; Interaction Discursive; Graphite;
INTRODUÇÃO
A abordagem e a preocupação com temas atuais de Física no Ensino Médio,
vem sendo cada vez mais necessária na medida em que os avanços tecnológicos
estejam presentes no cotidiano dos alunos (OSTERMANN, 2002). Os grafites
conseguem produzir e transmitir aspectos particulares de um determinado local
através de uma estética específica própria deste lugar. Barcellos diz que,
diferentemente de um espaço, um lugar tem nome, tem uma face, “...uma
particularidade, uma lembrança, um projeto, uma profundidade absorvente
tornando possível o nosso reconhecimento” (BARCELLOS, 2006 p. 103). Segundo
Martín-Barbero (1998) o Grafite é uma construção de luta e de debate
ideológico, uma ação de contracultura que demonstra a relação da consciência
através de suas denúncias.
Pichadores e grafiteiros, ao ocuparem os espaços sacralizados pela
cultura, estão transgredindo as convenções e colocando em crise os aparatos da
cultura. Ambas, como linguagens de transgressão, são movimentos de contracultura
e têm seu processo centro no ritual de risco, pois violam as expectativas da
cultura que pré-determina, num texto como o da cidade, como e quando o seu
espaço e tempo podem ser utilizados. Tanto é assim que, escrever, desenhar, ou
colocar cartazes, em qualquer espaço ou por qualquer indivíduo ou grupo, só é
permitido com licença prévia do departamento de urbanismo da prefeitura.
Qualquer violação a essas regras que compõem o contexto da cidade põe seu
praticante em estado de alerta e risco, pois este passa a estar sujeito a
multas e até cadeia. Por isso, grafiteiros ou pichadores, ao se apropriarem
desses espaços, sem autorização prévia, suportam uma carga emocional muito
grande. ( RAMOS, 1994, p. 44) .
O objetivo de se trabalhar com o grafite como método de ensino é que ao
longo do processo o aluno vá se descobrindo, e perdendo o medo de se expressar.
O conhecimento humano do tempo passado deve estar atrelado com a produção de um
ensino contemporâneo que leve em conta as manifestações da arte que estamos
vivendo, do cotidiano social, cultural, individual de quem ensina e aprende.
(PIMENTEL, 1999, p. 165). O discurso argumentativo criado nas interações
discursivas em sala de aula, geram situações de conflitos, envolvendo os alunos
na busca por respostas sobre o conteúdo. Os alunos acabam através dessa
interação social construindo um conceito sobre o assunto abordado trazendo a
aprendizagem como enculturação (CAPECCHI, 2002). O ensino de física tem que
proporcionar aos alunos a oportunidade de desenvolverem capacidades que neles
despertem a inquietação diante de fatos desconhecidos, buscando explicações que
aconteceram através do contato social estabelecido pelas interações discursivas
em sala de aula. Dessa maneira a física e a arte devem servir como uma
ferramenta na formação cidadã do aluno favorecendo a socialização do saber.
MATERIAL E MÉTODOS
A formação do cidadão é o pilar mais importante para que todos os outros
estejam em harmonia. O indivíduo por meio da educação e dos conhecimentos em Física
através da interdisciplinaridade da Arte com o Grafite tem que ter as bases
necessárias para conseguir viver em sociedade. A educação no Ensino Médio tem
como dever inserir o aluno em seu contexto de mundo e realidade.
Como responder essa questão?
Propomos a elaboração de uma sequência didática para ensinar conteúdos
de Física da Relatividade que contenham atividades relacionadas à Arte do
Grafite – para tanto, serão selecionadas obras que tenham potencial de
demonstrar a Física da Teoria da Relatividade.Os limites e possibilidades do
uso do Grafite serão investigados a partir da análise das interações
discursivas estabelecidas em sala de aula, ou seja, essas análises trarão as
abordagens para a fundamentação metodológica sobre os estudos na perspectiva da
Análise do Discurso, de modo a verificar em que medida os estudantes se
apropriam ou não dos conhecimentos da Física da Teoria da Relatividade, ao
trabalharem com a linguagem do Grafite.
Enquanto no construtivismo tradicional o enfoque principal das pesquisas
era o desenvolvimento de atividades de ensino que pudessem gerar conflitos
cognitivos nos indivíduos, numa análise sob perspectiva social, ganham uma
maior atenção os contextos em que tais conflitos são gerados e a forma como as
explicações são construídas e compartilhadas entre estudantes em sala de aula
(CAPECCHI, CARVALHO, 2002).
A sequência didática será apresentada e realizada em sala de aula com
alunos do Ensino Médio da Escola Pública.
O principal objetivo é montar uma sequência didática para pesquisar,
compreender e analisar, quais são as interações entre o Grafite e o Ensino de
Física da Relatividade através de intervenções estabelecidas em sala de aula
entre os alunos e o professor-pesquisador. A relação na formação do professor-pesquisador
no desenvolvimento do conhecimento possibilitará aos alunos o entendimento da
proposta abordada.
Dessa forma, mostraremos aos estudantes que a Ciência Física está
inserida na sociedade e principalmente no cotidiano, deixando para a escola
mostrar esses conhecimentos por meio de experiências do dia a dia, com uma
visão mais ampla e científica, ou seja, trazendo à tona a Arte Urbana do
Grafite com as suas críticas sociais.
Sobretudo, buscaremos entender o desenvolvimento através da
interdisciplinaridade da Ciência Física e o e da Arte com suas ligações diretas
e indiretas, ou seja, ao término da pesquisa que aluno consiga estabelecer as
relações de vida com o seu mundo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentaremos 2 obras pré-selecionadas e seus resultados esperados, e
discutiremos as possibilidades da interação entre o Grafite e o Ensino da
Física da Teoria da Relatividade. Espera-se que os alunos consigam (através das
interações e intervenções) produzirem argumentos convincentes relacionados as
suas concepções de mundo, e compreendam a construção do conhecimento físico, em
relações estreitas com as condições sociais, políticas e econômicas da
sociedade.
As 2 obras selecionadas serão dos seguintes artistas:
Figura 1: Guerra no Olimpo produzida pelo brasileiro e Artista Plástico
e Grafiteiro Mauro Dib.
Obra elaborada dentro das três dimensões espaciais (altura, largura e
profundidade), isso ajuda na construção do conhecimento da Teoria da
Relatividade ao apontar as relações em cada referencial.
O estudante perceberá que a construção e elaboração da obra na
perspectiva do artista é diferente da dele, porque cada obra ao cair em domínio
público tem a sua própria interpretação e relação com a realidade social de
cada indivíduo. E esse é um dos argumentos que devem ser utilizados para
apontar na Análise do Discurso, como a construção do conhecimento físico sobre
a Teoria da Relatividade vai superando os obstáculos pedagógicos e
epistemológicos encontrados.
Figura 2: Musa produzida pelo espanhol e Artista Plástico e Grafiteiro
Belin.
O artista é uma das referências do realismo na atualidade, desenvolvendo
um estilo de cubismo conhecido como postneocubismo.
Essa obra apresenta todos os referenciais sobre a Teoria da Relatividade
que conseguiremos demonstrar e apresentar a partir de algumas perguntas.
Qual é a posição da musa?
Qual a posição da face da musa?
Qual a posição do corpo da musa?
A resposta dependerá sempre do referencial adotado.
Figura 1 |
Figura 2 |
CONCLUSÕES
As duas obras escolhidas dos renomados artistas possuem grande
capacidade para levar os estudantes a compreensão da Teoria da Relatividade
através do desenvolvimento do conhecimento, superando os obstáculos encontrados
e trazendo a Análise do Discurso como ferramenta essencial para essas
abordagens.
A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento e será submetida ao
comitê de ética de pesquisa para aprovação e intervenções necessárias. Foram feitas algumas análises que embasaram o nosso
problema de pesquisa através da Análise do Discurso. Ao pesquisarmos teses,
dissertações e artigos científicos em diversas plataformas, encontramos
inúmeras dificuldades e a limitação entre a relação do Grafite e o Ensino da
Física da Teoria Relatividade. Devido a essas dificuldades chegamos à conclusão
da necessidade da relevância da pesquisa, pois a mesma promoverá uma análise
reflexiva e discursiva entre a Interdisciplinaridade da Arte e o Ensino de
Física.
REFERÊNCIAS
BARCELLOS, G. Vôos e Raízes. São Paulo: Agora, 2006.
CAPECCHI, M. C. V. M. , CARVALHO, A.M.P.. Argumentação dos alunos e o
discurso do professor em uma aula de física. Ensaio. Pesquisa em Educação
em Ciências, Belo Horizonte, Brasil, v. 2, n.2, p. 189-208, 2002.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Jóvenes: des-orden cultural y palimpsestos de
identidade. In: MARGULIS, Mario; URRESTI, Marcelo. Viviendo a toda:
jóvenes, territorios culturales y nuevas sensibilidades. Santafé de Bogotá:
Siglo del Hombre; Universidad Central, 1998. p. 22-37.
OSTERMANN, F. Tópicos de Física Contemporânea em escolas de nível
médio e na formação de professores de Física. 2002. Tese (Doutorado) -
Instituto de Física, UFRGS, Porto Alegre.
PIMENTEL, L. G.. Limites em expansão: licenciatura em artes visuais. Belo
Horizonte: c/ Arte, 1999.
RAMOS,
Célia Maria Antonacci. Grafite Pichação & Cia. São Paulo: Annablume, 1994.
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