segunda-feira, 9 de julho de 2018

Mão Vermelha Livro 01. O orfanato.


Mão Vermelha  

Livro 01. O orfanato. 



Donizete esconde o dinheiro dentro do vazo, atrás do sofá e fica ali quieto, assistindo o desenho que passava na televisão. 
Dê repente se ouve gritos. 
- Cadê o dinheiro que estava na minha bolsa? (Grita a mãe do Donizete a senhora Zulmira). 
- Aquele pinguço vagabundo, pegou o dinheiro para gastar em cachaça! 
Neste exato momento “ O pinguço Vagabundo” que a senhora Zulmira se referia, adentra pela porta (era o Sr. Valter, pai de Donizete e consequentemente esposo da dona Zulmira). 
- Quem é que você que você está chamando de pinguço? Quem éeé esse pinguço que você está se referindo?
– Por acaso ele se chama Valtiiii?
 – O único que conheço sou euu  shshshshsh. 
- É você mesmo, seu ladrão! 
- Ladrão eu? Porque? Eu não roubei nada de ninnnguém shhhshsh. 
- Você pegou todo o dinheiro da minha bolsa, eu não aguento mais essa vida de escrava e mal remunerada, trabalho como uma condenada nesta casa, na bilheteria daquele Cinema, enquanto você, fica o dia inteiro bebendo no boteco, jogando Sinuca ou apostando quem acerta o número de palitinhos tem na mão do outro vagabundo. E ainda por cima, rouba todo o dinheiro da minha bolsa. 
- Mulher, eu estou falando a verdade: Eu não peguei nada, não peguei merda de dinheiro nenhum da maldita da sua bolsa sua desgraçada, maldita. 
- Se não foi você?
– Quem foi que pegou então?
- Me fala, me diz, seu pingai ado mal acabado!
– Foi o Donizete? Este menino de seis anos.
- Ou melhor; a Puta da sua irmã ou a caduca da sua mãe? 
- Minha mãe não, não fala assim da minha mãe não, exijo respeito quando você citar o nome dela, você não tem moral para falar uma virgulaaaa, sshshshs, que seja da minha mãe, sua maldita arrombada, que me traí com o primeiro macho que tem a coragem de encarar, seu tribufu, olha o que que você se tornou, é por isso que bebo, para esquecer os chifres que você me colocou, sua maldita vagabunda. 
- Maldita hora que viemos morar aqui nesta casa caindo aos pedaços, onde a nossa vida só foi para traz, mas é lógico, se você não tivesse, perdido tanto dinheiro no jogo e queimado o dinheiro que você ganhou que de pirraça de tão bêbado que você estava, porque nem lembrava que havia ateado fogo no dinheiro e ainda por cima ficava me acusando, que tinha sido eu que peguei o seu dinheiro e havia escondido.
- Quem me dera se isso tivesse acontecido, hoje eu não estaria morando aqui nesse antro de serpentes e escorpião.
- O que você fez eu te provei, te mostrei o resto do dinheiro queimado que tentei apagar, mas infelizmente foi em vão, apesar que o inferno seria o mesmo, aqui ou na nossa casa, você ainda estaria fazendo as mesmas presepadas, como você ainda continua fazendo, perdendo o restante do nosso dinheiro que era para pagar o nosso aluguel, você quis provar que você era o sabe tudo e iria recuperar aquele dinheiro, mas o que você fez, foi perder o resto de tudo, os aparelhos eletrônicos, moveis e até o amor que sentia por você, quando você me apostou, você apostou a sua mulher no jogo e perdeu, você fala que bebe para esquecer as minhas traições, mas quem me traiu primeiro foi você, me colocando como um troféu em um jogo e ainda por cima, perdeuuuu!! Você pensa que é fácil relembrar aquele dia: Aqueles homens entrando na nossa casa onde já não havia mais nada para ser levado a não ser a nossa cama e o berço do nosso filho e aqueles homens vindo na minha direção maliciosos, eu tentava me defender, gritava o seu nome por ajuda. Até que um deles falou assim:
 - “O seu marido perdeu você como aposta no jogo e agora nós viemos buscar o nosso prêmio, caso contrário nós vamos matar ele”. 
-  Eu falei inalando a fumaça do cigarro que aquele homem baforava no meu rosto, aquele homem sujo e fedido de cachaça, cheirando muito cigarro de última categoria, com as pontas dos seus dedos amarelos, de tanto que devia fumar, devia fumar  até o filtro do cigarro, machucando e segurando as minhas bochechas
– Que através dos seus dedos mal cheirosos eu ainda consegui gritar: “Mata” mata ele mas me deixe em paz eu não tenho nada a ver com isso, mata esse maldito, resolve os problemas de vocês entre vocês e deixe eu e meu filho fora disso.
- Foi nesse momento que aquele maldito sussurrou por entre aqueles dentes podres.
 -Você não está entendendo.
- E o homem apontou para você junto de outro homem em pé na porta da cozinha, onde esse homem estava com uma arma apontada para a sua barriga e ele sussurrou mais uma vez, com aquele bafo de dente podre bem perto do meu nariz, que me deu ânsia de vomito, mas a minha ânsia foi contida pelo o que ele apontou e falou.
 – Se você não se importa que matemos o seu marido, tudo bem, ele não serve para nada mesmo, agora o meu amigo aqui gosta muito de criança, mostra o brinquedo que você trouxe para o filho dela. Foi quando a minha ânsia voltou, eu olhei para aquele homem forte musculoso e grande, que vestia uma camiseta regata e uma calça jeans desbotada de onde ele sacou uma arma da costa e retirou cinco balas do tambor, deixando apenas uma bala no revolver, ele rodou o tambor e fechou e disse assim para o nosso filho... (Zulmira grita com Valter Chorando)
 - Seu desgraçado, como eu te odeio por aquela noite.
Ela soluçava muito e continua relembrando os motivos pelos quais a vida deles estava daquele jeito.
- Pegue criança olha o presentinho que o titio trouxe para você.
- O homem falou isso engatilhando o revolver apontado para a criança, mostrando onde a criança tinha que apertar.
- Pega bebe, aperta aqui com esse dedinho pequenininho o gatilho Zinho, toma brinca com o presentinho que o titio trouxe para você.
 – E eu vendo aquela cena as minhas pernas amoleceram eu senti o meu mundo rodar e concordaria com qualquer coisa para aquele homem, sair dali de perto do meu filho e tirando uma força lá do fundo da minha alma eu gritei.
– “Tá eu faço o que vocês quiserem”, mas deixa o meu filho em paz. E um homem Afro dessedente que estava a minha direita sorriu e disse:
- Qualquer coisa é?  Disse ele gargalhando mais uma vez.
- Foi então que eu baixei a minha guarda e o homem do dente podre me beijou, o afro descendente beijou o meu pescoço e o homem forte cheirou o outro lado do meu pescoço por trás, eles rasgaram a minha blusa deixando o meu sutiã a mostra, o homem forte soltou o meu sutiã, liberando assim os meus seios para aqueles homens, que ao perceberem os meus seios nus, eles sussurraram (HUUMM) enquanto o homem de dente podre desabotoava a minha calça, o homem forte a abaixou até o chão a minha roupa, estourou o elástico da minha calcinha e começou a me chupar me lubrificando e me preparando para o que ele tinha em mente, eu inocente até então só conhecia a posição papai e mamãe, porque  só havia tido um homem na vida, você seu desgraçado!!
Zulmira grita um pouco mais alto que o som da televisão, chamando a atenção de Donizete que assistia o seu desenho sem se incomodar com o que estava acontecendo.
 Valter que escutava tudo aquilo de golpes baixos e meio sonolento por causa do efeito da bebida não se manifestava só observava.
- Você é mesmo um corno eu estou aqui falando tudo isso e você está ai como um morto vivo, mas eu me vinguei de você naquele mesmo dia, quando aquele homem forte me levantou por trás segurando as minha coxas, ele me levantou e quando ele me abaixou me penetrou sem dó, ele bombeou um pouco depois me levantou de novo para o dente podre me penetrar e  o dente podre me penetrou em pé, enquanto o fortão segurava as minhas coxas, as lagrimas escorriam pelo meu rostos , eu olhava para o meu filho no berço e chorava, mas foi ai que eu senti um ódio e é nessas horas, que você entende que o amor vira ódio, eu olhei para você sentindo as lagrimas escorrerem pelo meu rosto até pingarem nos meus seios e eu transformei as minhas lagrimas em sorriso, eu olhei para você com tanta raiva, que o homem forte estava abrindo a minha bunda e me penetrando por trás, ele deu uma estocada tão forte que eu senti me rasgando por dentro e o meu sangue escorrer pelas minhas coxas, é por isso que que eu digo que transformei a minha dor em sorriso, a dor foi tanta que tive vontade de gritar bem alto, mas como eu estava olhando nos seus olhos eu aguentei aquela dor e sorri , sorri eu gargalhei e cavalguei pedindo mais, puxei o afro descendente e o beijei enquanto os outros dois me fodia.
- Sabe porque eu fiz isso?
- Por que eu percebi que você estava excitado, como você está agora seu maldito, seu corno, você me culpa, mas você gosta de imaginar eu dando para outros homens, a partir daquele dia eu virei uma puta mesmo, porque o homem que eu amava e suportava qualquer coisa por ele, me vendeu, aliás, vendeu não, me perdeu mesmo, a partir daí nós viemos morar aqui e o inferno só aumentou, você fica todo dia bêbado.
 –Eu só concordei em vir morar aqui porque além de não termos dinheiro, o nosso filho quase morreu duas vezes naquela casa, era muita perigosa para ele, por pouco ele não morreu quando, tivemos que ir falar com o dono da casa no deposito de materiais que ficava no mesmo quintal, só separado por um muro de acesso a nossa casa e deixamos o Donizete no lado do nosso quintal brincando com o seu triciclo e o caminhão do deposito bateu no muro e esmagou o seu triciclo, foi pura sorte ele ter saído do triciclo para fazer sabe-se lá o que, foi Deus e o seus anjos que o protegeram de ser esmagado pelo muro.
 –Você lembra como ficou o triciclo?
- Ou então no dia seguinte que ele sentiu falta do seu triciclo e resolveu brincar com aquele carrinho de pedal que estava velho e enferrujado porque ficava na chuva em cima da laje, eu subi para estender a roupa no varal, levando ele comigo para que nada perigoso acontecesse com ele, porque você não nunca me ajudou a olhar o menino a não ser aquela vez que eu deixei ele com você e você o deixou dentro do carro do seu irmão, com mais duas crianças praticamente da mesma idade.
- E o que aconteceu?
- Eles soltaram o freio de mão do carro, que desceu aquela ladeira com tudo, a sorte foi que não bateu em nada e o seu irmão conseguiu entrar no carro pela janela e puxar o freio de mão rapidamente, mas quase que ele morreu esmagado, e eu não posso deixar ele com você porque você está sempre bêbado, e o que aconteceu naquele dia na laje?
– Você lembra?
- Ele pulou da laje, pulou não, ele saltou, voou longe com o embalo que ele deu no carrinho de pedal, eu quase tive um treco, quando eu avistei aquele carrinho do exército voando para fora da laje, as minhas pernas ficaram bambas, e por Deus, é só ele mesmo para não deixar nada de mal acontecer a essa criança, porque o seu carrinho aterrissou no monte de areia do deposito, foi o que amorteceu a queda.
- E você acha que eu tinha paz naquela casa, onde era uma roleta russa para o nosso filho, aliás roleta russa na vida dessa criança parece doce né?
- Mas uma coisa eu sei, eu nunca vou te perdoar, por ter deixado acontecer o que aconteceu com o nosso filho, espero que isso nunca afete a sua vida, que mundo é esse que vivemos?
- Onde as pessoas só pensam nisso e não perdoam nem uma criança inocente, que nojo, isso me dá náuseas, eu espero que ele um dia possa nos perdoar por tamanha negligência, eu e você vamos ter que sobreviver com isso, pelo resto das nossas vidas, coitado tão inocente e já é vítima da podridão desse mundo cruel.
- Deixamos o menino brincar com o irmão mais novo do Rodolfo e o Rodolfo que já é quase um adolescente se aproveitou do nosso filho dizendo para ele sentar no colo dele e do amigo dele que estava com ele e ficava fazendo nosso filho pegar no pinto deles e depois sentar no colo deles sem roupa, eu tive que levar o nosso filho no médico depois disso, sem ter dinheiro para pagar, mas consegui fazer um favor para o médico você sabe muito bem o que uma mãe é capaz de fazer para cuidar do seu filho e depois que o médico examinou o nosso filho e disse que ele não teve nenhuma lesão anal, eu fiquei mais tranquila, mas ai eu tive pagar a consulta com favores sexuais e enquanto eu pagava a consulta para o médico, atrás da cortina o nosso anjinho se pendurou na janela e gritava: "Olha mamãe como é alto daqui de cima", e quando eu puxei a cortina sobre estocada do médico, eu vi o nosso filho debruçado na janela do décimo segundo andar, eu dei um grito que o médico até se assustou eu me desvencilhei dele e corri para agarrar o nosso filho que estava preste a cair daquela altura, agarrei o nosso filho e o médico ficou com dó de mim e não quis mais nada comigo porque havia acabado o clima e ainda me deu alguns supositórios para aplicar no nosso filho, agora imagina se o nosso filho cai daquela janela, eu nunca iria me perdoar, me perdoar não, eu nunca iria perdoar você, porque você não presta nem para me acompanhar com o seu próprio filho ao médico, se você estivesse comigo, talvez o médico até me comia para pagar a consulta e você não iria falar nada, mas pelo menos o nosso filho não tinha o risco de cair do décimo segundo andar, pelo menos assim eu acho que você não iria deixar o menino cair, vai lá saber, vai saber se você não iria ir querer espiar o médico me fodendo enquanto você se masturbava  e podia deixar o nosso filho cair assim mesmo, eu tive que ir no médico e passar pelo que passei, por que eu deixei você cuidando do menino por um minuto e já deixou o menino ir na casa de estranhos onde abusaram de um menino de cinco anos de idade, que mundo é esse que vivemos, essas pessoas são doentes, só pensão em sexo o tempo todo, menos o meu marido que prefere ver outras pessoas me foder, porque bebe tanta cachaça que a sua coisa não funciona mais. 
- Agora me devolve o dinheiro que você pegou da minha bolsa, me devolve que eu preciso pagar a condução com este dinheiro, eu preciso chegar no meu serviço para poder dar para alguém e ganhar um dinheiro. 
-Eu já te disse eu não peguei nada.
 – Não?
- Como que você me explica essa bebedeira, você vai me dizer que pagaram toda essa pinga que você bebeu, ou você está dando o cú para o dono do bar, há, há, há há, está dando o cú para o dono do bar.
- Eu não peguei merda nenhuma.
- Agora você vai ser mentiroso também, já um pinguço, virou veado e mentiroso também, você vai continuar afirmando que não foi você, então se não foi você, foi a caduca da sua mãe ou a biscate da sua irmã. 
Neste exato momento a Cátia irmã do Valter, que saia do banho escuta o nome dela na confusão e desce as escadas para tirar satisfação e logo atrás dela desce a Dona Rosa, Cátia quer tirar satisfação e gruda no cabelo da Zulmira, partindo literalmente para a briga, as duas se pegam e o Valter e a Senhora Rosa, tentam separar as duas, mas a briga fica séria e de repente elas se enroscam e caem sobre o Donizete que estava assustado e se escondendo no cantinho atrás do sofá ao lado do vaso, com a queda da mãe e da tia, o vaso tomba e quebra em pedaços e entre os cacos lá estava o dinheiro que foi o motivo da briga. 
- O dinheiro! (Grita Zulmira) – Donizete foi você quem pegou esse dinheiro e colocou dentro do vaso? 
- Não, não, fui eu.  
- Você está aprendendo a roubar e mentir? Só pode estar puxando esse lado podre da família do seu pai. Ela diz isso, pegando uma cinta que estava em cima do sofá e defere diversas cintadas na criança a avó tenta defender a criança, para que a mãe não machuque a criança, mas a Mãe empurra a avó e continua dando lapadas na criança, Valter pula para amortecer a queda da mãe, que já era uma senhora.
Cátia vendo a mãe sendo empurrada, parte para agressão mais uma vez e defere diversas pauladas com o cabo da vassoura na Zulmira, com isso Donizete se esquiva e escapa, ele corre para a porta da rua, mas ante de sair ele vira para a usa mãe e grita
– Agora eu sei porque os meninos me chamam de “filho da puta”.
 Ele corre para a rua sem nem sequer olhar para trás, ele estava com as suas sandálias novinhas do desenho Pégasos e ele imaginava que poderia correr tão rápido quanto o cavalo, ele desse a rua correndo em disparada sem olhar para os lados até o final da rua, onde haviam alguns meninos maiores que estavam fazendo uma fogueira e esses meninos gostavam de judiar ou aborrecer dele, os meninos ofendem ele.
 – Olha lá o filho da putinha. 
Donizete ignora mas fica sem saber o que fazer e titubeia um pouco e pensa em voz alta.
 – E agora a capa do Guardião Trovão ficou lá em casa como vou me defender desses meninos.
Mais uma vez os meninos ofendem ele.
 – A lá o Filho da Puta e retardado também, fica falando sozinho, é louquinho.
E todos riem dele em um grande coral, Donizete fixa o seu olhar em um menino que segurava um cachorro pela coleira, ele se abaixa apanha uma pedra e atira no menino, acertando-o bem no meio da testa.
Com a pedrada o menino solta a coleira e o cachorro parte para cima de Donizete que tenta correr o mais rápido que pode pensando.
– Eu estou usando a minha as minhas Sandálias do Pégaso, este cachorro nunca vai me alcançar.
Pequeno inocente, o cachorro não só o alcançou como também o mordeu na costa, com a mordida, Donizete dá um grito de dor e cai no chão, o cachorro também se desequilibra o que fez com o que os meninos que vinham logo atrás do cachorro, segure o cachorro para que não o mordesse mais, mas como aquele velho ditado diz, saiu da “panela para cair no fogo” os meninos agarram Donizete pelos braços sem se importarem se a mordida estava doendo e o levam até onde o menino dono cachorro estava.
 – Olha o que você me fez “Filho da Puta”.
- E agora o que eu faço com você? Os meninos colocam Donizete sentado no chão, ele passa a mão na costa para tentar amenizar a dor da mordida do cachorro e percebe que o seu sangue está escorrendo pela sua perna até o seu pé, sujando as suas sandálias de sangue, ele tenta limpar o sangue da sandália e isso chama atenção do dono do cachorro que exclama:
 - Sandálias novas?
– Já sei o que vou fazer com você. –
 Tirem as sandálias dele!
Dois meninos seguram os seus braços, mais dois seguram as suas pernas e mais dois retiram as sandálias, Donizete tenta impedir de que os meninos retirem as suas Sandálias e se debate, mas era em vão o menino dono do cachorro pega as Sandálias e as jogam na fogueira, Donizete tenta escapar para impedir, e acerta um dos meninos com um chute  o que torna as coisa mais complicadas para ele, os meninos ficam mais bravos e rasgam a roupa dele, deixando o short dele igual a uma saia e o viram de bruços e abrem a bundinha dele, e cospem dentro da bunda dele e dão risadas, depois disso eles o soltam e deixam ele ir embora, Donizete corre em direção a sua casa, mas ele lembra que não pode entrar em casa a sua mãe está muito brava com ele, então ele vai até a casa de uns amiguinhos que ele costumava brincar, ele chega no portão da casa desses amiguinhos e fica olhando eles brincarem de carrinho do lado de fora e pergunta.
- Posso brincar com vocês ?
- E um dos meninos dono da casa onde eles brincavam responde.
– Não, você não tem carrinho e está usando saia, meninos não usam saia. E todas crianças riem dele. 
- Você não tem carrinho para brincar e também, você não nos ajudou a cavar estes túneis, que ficamos a manhã inteira cavando, para que pudéssemos brincar agora.
E os outros meninos também falam.
– É isso mesmo, você não nos ajudou.
Donizete abaixa a cabeça e se senta do lado de fora e fica observando os meninos brincarem.
Os meninos brincam com os seus caminhozinhos basculantes, tratores e outros carrinhos, pelos buracos cavados por eles na terra.
Donizete fica ali por horas só observando as crianças brincarem, ele passa a mão na mordida do cachorro e faz uma cara de dor, a sua mão fica cheia de sangue, o que chama a atenção do dono da casa, que  o chama para se lavar na mangueira.
- O que foi isso? pergunta o dono da casa.
 – Foi mordida de cachorro. Responde Donizete. 
– isso deve de estar doendo eu morro de medo de cachorro. Responde o menino que tinha o apelido de cabeção.
Donizete faz que sim com a cabeça.
O dono da casa liga a mangueira e molha bem onde a estava a mordida do cachorro, o que faz com que Donizete, faça uma careta de dor.
 -Pronto tá melhor, mas tá feio essa mordida, vai ficar uma cicatriz feia, agora você pode ficar aqui, mas não mexa nos nossos brinquedos.
As outras crianças repetem o mesmo.
 – No meu também. – Nem no meu.
– E muito menos no meu.
- Muito menos no meu. 
Donizete se senta no degrau da escada e fica só olhando as crianças brincarem, mas isso só dura alguns minutos, até que de repente um dos carrinhos de uma das crianças, foi para bem próximo de Donizete, após uma das crianças impulsiona-lo com força.
Donizete fica todo contente e sorridente e pega o carrinho na mão para devolver ao dono.
Subitamente o dono do carrinho, chega perto de Donizete e toma o carrinho da sua mão com toda brutalidade e dizendo:
 - Eu não falei para você não nos nossos brinquedos.
Donizete fecha o sorriso e abaixa a cabeça e se vira para onde estava a torneira com a mangueira, ele liga a mangueira como não quer nada e depois liga a torneira no máximo e vira o jato de água para onde os meninos brincavam e molha todos eles, os meninos xingam ele e vão se afastando para o fundo quintal, para fugir do jato de água, com os meninos longe dos túneis, Donizete corre para cima dos túneis e pula e chuta destruindo tudo, todo o trabalho deles da manhã toda e sai correndo, os meninos correm atrás dele.
Donizete corre pela rua com o seus pés descalços evira na esquina a direita sentido a sua casa e se depara com um caminhão estacionada na porta da sua casa, ele olha para o caminhão e rapidamente se esconde embaixo do eixo, atrás da roda.
Os meninos que corriam atrás dele passam desapercebidos e não o enxergam embaixo do caminhão, os meninos correm adiante e percebem que o perdeu de vista e desistem de pega-lo e vão embora. 
Donizete sai debaixo do caminhão e se depara com dois homens carregando a geladeira da sua mãe, para cima do caminhão e quando ele olha para cima da carroceria do caminhão, ele avista seu pai ajudando os dois homens a carregar a geladeira para cima da carroceria e lá já estavam quase todos os pertences da sua mãe: a penteadeira, o armário azul de ferro, uma parte o guarda-roupa e uma porção de caixas abarrotadas de utensílios.
 Ele entra na casa e vê sua mãe arrumando algumas malas com as suas roupas e atrás dela havia mais algumas caixas com louças, como ele ainda estava com medo que sua mãe fosse lhe bater ele passa rapidamente para a cozinha e encontra sua avó chorando, que se vira ao velo e o abraça e lhe dá um monte de beijos, como se nunca mais fosse velo novamente. Ele não entende nada e fica ali até que os homens terminassem de carregar o caminhão. 
De repente sua mãe lhe chama.
-  Vamos Donizete, não temos mais o que fazer aqui, vamos sair desse inferno, vamos para a casa da sua tia Olga, que qualquer lugar no mundo é melhor que aqui. 
Sua avó o abraça mais uma vez, desta vez bem mais forte sua mãe o arranca dos braços dela e levando ele direto para a boleia do caminhão, seu pai desse do caminhão e dá a mão para ele pela janela, sua mãe pede para que o motorista acelere.
 – Vamos moço, vamos logo quero sair daqui o mais rápido possível.
O motorista liga o motor e acelera o caminhão.
Donizete questiona a mãe dele sobre o seu cachorro de estimação.
- E o Bidu mamãe ele não vai com a gente?
Sua mãe responde ríspida.
 – Não, ele não vai, deixa esse vira-lata ai, ele está no lugar certo junto com os outros da raça dele.
O caminhão parti e ele olha através da janela e vê o seu pai parado ali, sem camisa no portão da casa e ao seu lado o Bidu sentado, conforme o caminhão se movia, mais aquela imagem se distanciava, até sumir de vista.
Ele olha para sua mãe, que quando um pouco mais aliviada, olha para ele e repara as condições como ele se encontrava.
– O que é isso menino?
- Oque aconteceu com as suas roupas?
 E as suas sandálias?
-E que sangue é esse? 
 Donizete tenta explicar, mas a sua mãe estava tão nervosa, que não consegue entende-lo.
– Tá bom quando a gente chegar na sua tia , você me explica essa história melhor e o pior é que agora nem dá para pegar uma muda roupa para você, você vai ter que esperar, a casa da sua tia não fica muito longe, mas o pior vai ser ouvir ela falar, que ela estava certa a respeito do seu pai e coisa e tal e ainda por cima chegar com você lá desse jeito, ela vai falar que eu não sei cuidar de você direito, e que a melhor coisa e colocar você em um internato de Padre, vai falar por dias isso.
Enquanto o caminhão percorria algumas ruas, sua mãe já estava arrependida do que estava fazendo, sabendo que a sua irmã iria julgá-la e falar até dizer chega. 
Chegando na casa da sua tia Olga, o caminhão teve dificuldades para manobrar e entrar na viela que ela morava, depois de algumas manobras, finalmente o motorista conseguiu colocar o caminhão de ré na viela, para facilitar a decida da mudança da carroceria.
Ao escutar o barulho do ar do freio do caminhão acionar, eles descem da boleia e passam espremidos pela lateral que ficou entre a parede e a carroceria do caminhão, e vão andando de lado igual caranguejo até a traseira do caminhão, que estava bem no portão de entrada da casa da sua tia Olga, que já os esperavam no portão.
A sua tia Olga Usava um lenço na cabeça, para cobrir os bobs que ela estava usando, ela era bem magrinha e estava segurando um cachorro Pequinês velhinho no colo e a primeira coisa que ela disse foi:
- O que aconteceu com esse menino, olha o estado dele, esse short virou uma saia, e tudo rasgado, descalço e deixa eu ver, o que é isso?
- Uma mordida de cachorro!!
– Zurmildirss de DEus. (Zurmildirss essa palavra inscritível era a maneira como ela chamava a mãe de Donizete, Como eles eram do interior de São Paulo, ela tinha um sotaque muito carregado em alguns “L e R” se tornavam “Rs” bem carregado).  Você não está cuidando desse menino direito, eu já te falei para colocar ele em um convento. 
– Mas Convento não é só para meninas? Pergunta Zulmira.
– Sei lá. (Responde Olga).
- O importante é ser educado por Padres, só assim vai ser gente nessa vida.  
Eles carregam a mudança e já vão ajeitando tudo o que dá, pôr que a casa da Tia Olga era simples, mas era muito organizada e limpa, ela era muito chata com isso, ela colocava capa em tudo, no sofá, no botijão de gás, no liquidificador, na máquina de lavar, no relógio de mesa, em cima da televisão, até o cachorro usava, uma capinha de croché.  
Depois de tudo guardado Olga vira para Zulmira e diz:
- Precisamos ter uma conversinha.
Donizete ouvindo aquilo, olha para as duas que juntamente viram para ele e dizem e com você também rapazinho, elas se aproximam mais de Donizete e falam:
- Precisamos que você coopere conosco, porque agora não temos mais para onde ir, você precisa se comportar e cooperar com a sua tia, quando a mamãe for trabalhar.
– Trabalhar uf! (Ironiza Olga).
 – Trabalhar sim Olga, então como a mamãe estava dizendo, quando a mamãe for “trabalhar” você precisa se comportar, hoje a mamãe já perdeu o dia de serviço, mas amanhã você vai ficar com ela. 
- Já te falei Zurmildirss, você tem que fazer igual o que eu fiz, com as minhas duas filhas, tem que internar este menino em um Convento - Colégio interno, praticamente um orfanato, só o que diferencia e que ele não pode ser adotado. (Corrige Zulmira).
– Que seja, um colégio de Freira, só assim ele vai se uma criança educada e comportada, por mim eu já tinha matriculado ele lá e falo mais, na primeira que ele aprontar aqui, se você não interna-o eu mesmo interno, logo para a minha amiga que trabalha em um Desse Colégios Internos e peço para ela arrumar uma vaga para ele. 
Zulmira olha para sua irmã, que não parava de falar coisas não muito agradáveis para ela naquele momento e olha para Donizete que não dizia uma palavra se quer e que só ficava observando tudo aquilo com aqueles olhinhos castanhos brilhantes e diz. 
- Tá escutando a sua tia falar, eu não quero ficar longe de você, mas se você não se comportar eu vou ter que concordar com ela e te colocar nesses conventos.
– Mãe convento não é para meninas? (Pergunta Donizete)
 – Há, Há, Há, eu já estou igual a sua tia, convento não, Internato ou orfanato. 
Donizete morria de medo da casa da sua tia Olga, porque ela morava nos fundos de um Cemitério, a parede do Cemitério era o muro que separava a casa do Cemitério e o Donizete tinha calafrios só de pensar nesse assunto, ele evitava de olhar para o lado do Muro onde ficava o Cemitério quando escurecia. 
- Vamos mamãe, vamos entrar, está escurecendo. 
- Do que esse menino tem medo? Pergunta Olga. 
 - Do Cemitério Olga. Olga pisca de volta para a sua mãe diz.
– Vamos jantar a janta está quase pronta. 
Donizete pisa na varanda e escorrega; o chão da casa da tia Olga era todo de vermelhão e ela o mantinha impecável, encerava quase que todo dia aquele chão. 
Eles passam pela varanda e entram na casa pela cozinha, porque a mudança estava broqueando a entrada da sala, Donizete observa o telhado que não havia forro, porque era uma casa simples, bem parecida com as casas do interior, onde até o banheiro ficava para fora da casa.
 Ele olha para uma das suas primas, que havia acabado de preparar a janta, cumprimenta ela e entra na sala, onde estava a outra prima, elas eram bem mais velhas que ele, já eram quase adultas, a outra prima estava sentada no sofá assistindo novela e fazendo as suas unhas ao mesmo tempo, ao seu lado, haviam mais dois cachorros da raça Pequinês, ele tenta chegar perto da sua prima, mas os cachorros rosnam e latem para ele e sua a prima avisa.
– Não chega muito perto eles mordem.
Donizete balança a cabeça, para cima e para baixo, como sinal de positivo e vai para o quarto onde sua mãe se encontrava, ela estava arrumando as roupas que estavam nas malas, ele se senta na cama e fica observando a sua mãe arrumar todas as roupas, na cama onde ele estava sentado havia uma boneca, muito estranha, era uma boneca de uma das suas primas, essa boneca era muito antiga, ela havia pertencido a avó da sua prima, porem está boneca parecia muito real, realmente parecia um bebê, ela era toda envolta com um tecido azul, que deixava os olhos mais azuis e brilhantes e quando você a girava ou tirava da sua posição, a boneca mexia os olhos, se você meia para cima os olhos se fechavam, se você mexia para baixo eles se abriam, se mexia para os lados, parecia que estava te acompanhando, igual gente e se você batesse nela com força ela chorava. 
- Deixa isso ai menino, não mexe nas coisas da sua prima, ela não gosta ainda mais dessa boneca, se você me quebra ela, nunca mais vamos encontrar outra igual.
 Donizete solta a boneca na cama de uma altura que fez com que a boneca soltasse um chorinho.
-“EEE”.
Donizete fica imóvel e permanece quieto sem mencionar nenhuma palavra, de repente a sua mãe se senta ao seu lado e coloca as mãos na cabeça e se abaixa até a altura dos joelhos e permanece assim, como quem queria que sua vida acabasse ali naquele momento.
O silencio do quarto foi de uma maneira assustadora, que dava para ouvir o tic-tac do relógio, despertador, que estava em cima de uma penteadeira, aquele tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, permaneceu por minutos, até o que o Tic, tac, foi interrompido pelo ranger da porta, Reeerrrrr, se abrindo, sua mãe levantou a cabeça rapidamente enxugando as lagrimas e pergunta. 
- O jantar está pronto? - Estou morrendo de fome.  
E a silhueta da tia Olga que nem chegou adentrar no quarto, responde.
– Sim, está, mas vocês não vão tomar banho primeiro? 
- É mesmo, tinha até me esquecido, vamos Donizete, você toma banho, eu tomo banho e depois você, que ai dá tempo de eu separar uma roupa para você, nós nem tiramos esse trapo de você ainda e você ainda precisa se limpar desse sangue. 
-Lá para fora agora? Pergunta Donizete.
– Sim. Responde a sua mãe. 
-Mas está escuro. Retruca Donizete.
– Para de Bobagem menino, nós temos que tomar banho e o banheiro fica lá fora.  
Donizete não gosta muito da ideia, mas vai assim mesmo, ele passa pela sala e pela cozinha e sai pela porta da cozinha, o banheiro ficava a direita da porta da cozinha em direção do muro do Cemitério, logo depois do tanque, que tinha que tomar muito cuidado para não bater nele naquela escuridão, realmente estava escuro e pelo fato da casa ficar ao lado do Cemitério, estava um silêncio ensurdecedor, o silêncio só era rompido pelo canto dos Grilos. 
Donizete corre para o banheiro evitando olhar para o lado do Cemitério e se tranca no banheiro ele olha para o chuveiro, que era aquelas duchas de plástico, que tinha um chuveirinho que descia pela parede, havia uma Bucha pendurada no registro do Chuveiro e um sabonete em um suporte ao lado, um tubo de Neutrox no chão e um tubo de pasta de dente Amarelo de Alumínio da marca Kolynos ao lado de uma escova de dente no suporte da parede.
O banheiro estava gelado o chão era do mesmo vermelhão da varanda e as telhas eram a vista também, como os da casa toda.
Rapidamente ele liga o chuveiro tira o resto daquela roupa, a sua mãe bate na porta do lado de fora e diz.
– Não demora é só um banho rápido.
Ele se ensaboa e a mordida do cachorro arde, ele dá um gemido e fica um tempinho imóvel, ele passa um pouco do Neutrox no cabelo e deixa a espuma descer pela ferida para aliviar um pouco e fica aquele cheiro de creme de cabelo no ar.
Quando ele termina ele se troca dentro do banheiro molhado mesmo, só tomando cuidado para não molhar as barras da cueca e do pijama, ele abre a porta e a sua mãe que o esperava do lado de fora, sente aquele cheiro de creme de cabelo no ar.
– Eu não falei para você não mexer nas coisas da sua prima, vai sai logo! - Deixa eu tomar banho agora.
A sua mãe entra para tomar banho e fecha a porta, a luz que havia no quintal fica praticamente zero, ele sente um frio na espinha que sobe até a nuca, ele olha para a porta da cozinha que estava fechada, o que deixou o quintal mais escuro ainda e essa porta ficava uns cinco metros do banheiro, ele olha para o caminho e lembra que tinha um tanque no caminho e para não tropicar no tanque ele vai tateando pela parede devagar para não bater no tanque até a porta da cozinha, mas sem olhar para o lado do cemitério, ele sente alguma coisa gosmenta na parede, tira a mão rapidamente, porque ele não sabia o que era e continua até chegar na porta da cozinha sem pôr a mão na parede.
 Quando ele chega na porta da cozinha e tenta abrir a porta, ele não consegue, e tenta mais uma vez, mas a porta estava trancada e ele empurra novamente e nada, ele escuta risos vindo de dentro da cozinha, ele se desespera e volta correndo para o banheiro, onde a sua mãe estava e bate na porta.
- Mãe deixa eu entrar a porta da cozinha está trancada.
– Que isso menino, espera eu terminar agora.
– Não mãe, eu estou com muito medo. 
- O que você quer, que eu saia pelada e cheia de espuma de sabão, espera! Ele se desespera, estava morrendo de medo, o vento parecia assobiar e soprava mais frio que o comum e o silencio ficou mais assustador, nem os grilos se ouvia mais e ele tinha medo de olhar para o muro do Cemitério, porque tinha a impressão que havia alguém o observando, mas ele não resiste e perde o medo e olha e vê, um vulto em cima do muro, mas o vulto não se mexia e ele gela e tenta chegar mais perto para ver , mas a escuridão era tamanha que ele não consegue enxergar o que era aquele vulto, ele observa uns traços luminosos no muro, que brilhavam e ele acompanha aqueles rastros passando a mão na parede e percebe que alguma coisa se mexia ali, parecia que a parede estava viva e ele tenta tocar no que se mexia e percebe que era a mesma coisa que havia tocado alguns minutos atrás na parede do tanque e sente aquela coisa fria e gosmenta e pensa. 
- O que será isso? 
Quando a sua mãe abre a porta do banheiro e a luz ilumina o muro ele dá um berro.
– Lesmas!! Ahahh! 
Eram lesmas gigantes maiores que as comuns que se vê por ai e eram montes que andavam pela parede, Lesmas que pareciam cobras de tão grandes e elas eram vermelhas um pouco roxeadas. 
Ele dá mais um grito e corre, para encontro da sua mãe. 
- O que foi menino?
– Que nojo mãe, aqueles bichos na parede, são Lesmas. 
- Aqui tem muito desse ser, por causa do Cemitério, vem vamos lavar a sua mão de novo e vamos jantar.  
E eles caminham até a porta da cozinha, que agora estava destrancada, eles entram e se sentam para jantar. 
Naquela noite Donizete não conseguia dormir, sua mãe havia arrumada a sua cama no chão ao lado dela, ele não entendia muito bem o que estava acontecendo e estava estranhando tudo e sentindo falta da sua cama e dos seus desenhos de foguetes colados na parede ao lado da sua cama e as horas passavam e nada dele dormir, parecia que o barulho de tudo lá fora e de dentro do quarto só aumentava, o barulho do despertador era ensurdecedor, Tic, Tac, tic, tac, tic, tac e quando ele se acostumava com o barulho do despertador, parecia que os grilos cantavam mais alto, Cri, Cri, CRI ,CRI, os cachorros latiam e uivavam, uuuuuuuuu, os gatos brigavam nos telhados, mas o mais assustador era o vento que soprava, aquele zumbido, parecia querer dizer alguma coisa, Donizete levanta a cabeça e vê um monte de sombras  de lesmas na janela, de repente a sombra das Lesmas se transformam em uma silhueta de um homem de capuz igual o vulto do muro, ele segura o grito, mas se levanta e acaba dando um grito.
– AAAAAAA! 
Todos acordam xingando.
– O que foi menino?
- Pergunta a mãe dele.
– O que esse menino tem?
- Pergunta a tia.
- Ele não Parou de se mexer a noite toda. Fala a prima mais velha. 
- Tinha alguma coisa aqui do seu lado prima, com uns olhos brilhantes me encarando. 
A prima verifica o que estava ao seu lado e levanta a boneca.
– Era isso, por acaso? 
- Acho que sim, no escuro, não dava para ver direito. 
- Vai vamos dormir, apaga a luz! Pede a tia. 
Sua mãe abraça ele e ele se aconchega na sua mãe e aquele calorzinho gostoso faz com que ele relaxa e durma. 
Na manhã seguinte, ele abre os olhos e procura pela sua mãe, tateia a cama ao lado e estranha o local e fica pensando onde estou?
- Que lugar é esse?
Ele olha para aquele telhado sem estuque, que permitia ver os raios solares, o que mostrava que já era dia, ele olha para um lado olha para outro lado e se apoia na cama a sua direita para se levantar, quando ele levanta a cabeça se depara com um focinho de um cachorro, que sempre subia na cama da prima todas as manhas para acorda-la.
E o cachorro morde o seu nariz.
-  Aiiiiiiii, esse cachorro me mordeu, ai, ai, ai.
A sua prima acorda e olha para o seu nariz que sangrava.  
- O que foi que você fez para o meu cachorro te morder moleque? Pergunta a prima. 
- Eu não fiz nada, só estava levantando e este cachorro com cara de japonês me mordeu. 
- Meu cachorro não tem cara de japonês e sai logo daqui, deixa eu dormir mais um pouco. 
Donizete vai para o banheiro lavar o rosto e o sangue que escorria do nariz e pensa.
- Cachorro maldito, segunda mordida de cachorro que levo em menos de um dia.
Quando ele sai pela porta da cozinha o sol brilhava e a paisagem era bem diferente da noite passada o céu estava azul anil e ele olha para o quintal e olha para o lado do cemitério, era um lugar lindo, todo arborizado, com grandes Pinheiros e haviam grandes esculturas que passavam a altura do muro e uma dessas estatuas de Anjo, que era de um Mausoléu de uma pessoa muito famosa e importante que estava enterrada ali e pensa.
 – então era isso, era a silhueta dessa estatua, que parecia estar me olhando ontem, ufa ainda bem que não era nada demais.  
Ele lava o rosto e os dentes com o dedo mesmo, colocando a pasta do tubo amarelo de alumínio nos dedos e esfrega os dentes com as pontas dos dedos, ao terminar a sua higiene ele volta para cozinha e pergunta pela sua mãe.
–Tia cadê a minha mãe?
 Sua tia que estava fumando um cigarro de palha, tira o cigarro da boca, fita ele com aquela aparência de bruxa, não tinha como não olhar para aquela verruga enorme preta do lado direito da boca e aqueles olhos fundos, com aquele lenço na cabeça cheio de bobs no cabelo.
Ele pensa.
– Putz será que ela dormiu com esses bobs no cabelo?
– Ela foi trabalhar, acabou de sair. Responde a sua tia.
Ele corre no portão e ainda avista a mãe dele no finalzinho do beco e grita.  
- Mãe, me espera, quero ir com a senhora.
A mãe para no final do beco e espera por ele que vinha correndo em sua direção.
– mãe, mãe, deixa eu ir com a senhora, não quero ficar aqui, só hoje.
 – Você está fazendo igual o seu primeiro dia de aula, eu deixava você na sala de aula e quando eu estava quase saindo pelo portão, lá vinha você correndo atrás com a professora atrás de você e eu tinha que voltar e ficar com você até a hora do lanche, depois você se distraia com as crianças e eu ia embora, eu imaginei isso agora,  por isso sai devagarzinho, porque sabia que você iria vir atrás e a sua tia atrás de você igual na escola, deixa Olga, eu vou leva-lo comigo hoje, eu acho que consigo deixar ele com a zeladora do cinema, ela tem um filha da idade dele e talvez os dois possam brincarem juntos.
– Você que sabe, eu acho que você vai arrumar para sua cabeça e se aparecer algum cliente o que você vai fazer?
Pergunta a tia. 
- Não vai aparecer cliente nenhum, vamos Donizete eu tenho que compensar o dia de ontem e tenho que fazer dois turnos hoje.
Eles entram no ônibus sentido centro da cidade, Donizete senta na janela e observa o cenário que o ônibus percorre.
– Olha mãe o ônibus vai subir a ponte, olha tem um Rio, olha lá na frente tem uma Roda gigante é aquele parquinho que a senhora me levou uma vez junto com aquele homem naquele dia né, a senhora me leva de novo, lá?
- Leva mamãe?
 – Vou pensar, aquele dia você me fez passar muita vergonha, saiu correndo para entrar em um brinquedo que não era para sua idade, quase morreu, se você me cai naqueles trilhos, só Deus sabe, depois ainda ficou mais nervoso e não queria esperar a sua vez na fila entrava na frente das outras crianças, as outras mães ficavam me xingando e falando se eu não dava educação para o meu filho, e depois você andou naqueles brinquedos que gira e me passava mal e depois vomitava, o coitado do homem que estava comigo, tentava me ajudar e você chutava a canela dele, dava soco nele.
 – É lógico mamãe aquele homem queria roubar você do papai e eu não gostei dele, ficava querendo ficar te beijando e você era muito linda para ele, você é linda mamãe, meu pai falou que a senhora é feia, porque ele estava bêbado e não estava enxergando direito, a senhora é linda parece um anjo, só que de cabelo preto.
– De cabelo preto porque, não existe anjos morenos? Pergunta a mãe.
– Ah eles são sempre loirinhos de cabelos escarolados.
A mãe ri, como não fazia a dias. 
- Mãe.
 – O que foi meu filho?
– Não estou me sentindo muito bem.
– Chi você não pode andar de ônibus que você vomita, vou pedir para o motorista parar.
– Não dá tempo mãe.
 – Rápido põe a cabeça para fora do ônibus, rápido.
– UUGGOOOOOOOO.
Donizete vomita para fora da janela, mas expira tudo nas pessoas que passavam na rua, que xingam e gesticulam e dentro do ônibus sobe aquele cheiro de vômito, que dava para ouvir algumas pessoas com anciã.
– ainda bem que o motorista não parou o ônibus, aquelas pessoas ficaram bravas mamãe.
– Está melhor meu filho?
– Sim mamãe.
– Aguenta mais um pouco já estamos chegando, já é no próximo ponto depois do farol. 
Eles se levantam para descer e o Donizete pede para a mãe dele deixar ele dar o sinal na cordinha da campainha.
 – Você não alcança, como você vai fazer isso?
– Vou fazer igual o que eu vi em um gibi de histórias em quadrinhos, quer vê.
 – É mais vai logo o sinal vai abrir.
 – Moço me empresta o seu guarda-chuva?
O homem olha para ele sem entender muito o que ele queria com o guarda-chuva, mas empresta um pouco desconfiado, Donizete pega o guarda-chuva pela ponta e encaixa a curva do cabo na cordinha da campainha e aciona a sina leta, todos no ônibus riem, Donizete devolve o guarda-chuva para o homem e a sua mãe olha para o homem agradecendo também e fazendo uma cara de “vê se pode uma coisa dessa”, o ônibus para na Avenida Rio Branco no centro de São Paulo, eles descem e a sua mãe dá uma olhada onde o menino vomitou na lateral do ônibus que era azul estava toda suja e chuviscada de Vômito.
O ônibus deixou eles bem em frente o cinema onde a sua mãe trabalhava, eles atravessam a rua e sua mãe cumprimenta a moça que estava na bilheteria, ela aponta para Donizete como querendo dizer “’ e o seu filho?”
A mãe faz que sim com a cabeça e entra para colocar o seu uniforme e vai direto para o vestiário, Donizete a acompanha e faz uma pergunta.
 – Mãe porque as fotos daquelas moças têm aquela coisa preta?
– É porque não pode ser mostrado explicitamente.
 – E o que é Ex, ex, ex . Donizete tenta falar a palavra complicada para a idade dele. 
 – Explicito, a palavra vem de explicito. Diz a mãe dele.
– E o que quer dizer mamãe?
– Que não é para a sua idade, entendeu?
 – Você não pode entrar em nenhuma dessas salas hoje, principalmente aquela sala que tem aquele homem usando cartola, aquela sala é de filme de terror, para maiores de 18 anos, se você entrar lá, depois não vai conseguir dormir à noite e as outras salas também não são para o seu bico, você me entendeu?
– Sim mamãe. 
– Então tá, vamos vou te deixar no apartamento da zeladora. 
Chegando no apartamento da zeladora, a mãe dele explica a sua situação e pergunta se ela poderia deixar o seu filho lá com ela, a Zeladora toda simpática, diz que sim.
- Vai ótimo a Aninha ter alguém para brincar, Aninha tem um amiguinho para você brincar. Ana aparece no corredor e vem toda sorridente de encontro a Donizete, eles já se conheciam, mas fazia tempo que não se encontravam.
Ana era um ano mais velha que Donizete, ela era magra e um pouco mais alta que ele também, ela estava usando o cabelo bem curtinho, o que deixou o Donizete um pouco confuso.
– O que aconteceu com o seu cabelão, era tão bonito.
 – Piolho. Gritou a mãe dela.
– Para mãe. Ana estava com vergonha.
– Vêm vamos brincar.
A mãe de Donizete desse para trabalhar e a Zeladora fecha a porta.
– Que cheiro é esse?
– Ah, eu passei mal no ônibus e vomitei.
– Eca a, há, há, há, vem lavar a boca. Donizete lava a boca e escuta uns barulhos de vozes gemendo.
– O que é isso? É dos filmes que passam agora.
– A minha mãe falou para eu não entrar nas salas dessa vez, você lembra, quando nos conhecemos?
- Estava passando Branca de Neve e os setes Anões. Exclama Ana.
– Foi tão legal e agora a gente não pode nem entrar nas salas. Responde Donizete.
– Mas eu conheço uma entrada secreta, mas eu não gosto de assistir esses filmes não, eles fazem umas coisas esquisitas, as mulheres ficam gritando de dor e os homens continuam machucando elas e só fica nisso é muito chato.
– E o outro filme como é? Pergunta Donizete. 
- Esse dá medo é assustador, tem uns mortos que saem dos seus túmulos, ai só de lembrar dá medo. Fala a Ana.
- A gente pode dar uma olhada depois pelo seu caminho secreto?
– sim mas tem que esperar a minha mãe ir fazer alguma coisa no prédio. Alerta Ana.
– Não vejo a hora. Diz o Donizete rindo.
Eles brincam de um monte de coisas, já haviam almoçado, comido um monte de doces do estoque do cinema e quando se passavam um pouco mais das 17:00 horas, a mãe da Ana avisa.
- Eu vou ter que dar uma saidinha, vê se vocês se comportam e não aprontam nenhuma arte.
 – Está bom mamãe.
 – E você também Donizete eu conheço a sua fama.
 Donizete só balança a cabeça concordando. 
A zeladora desse as escadas e Ana dá uma verificada se ela realmente havia saído. 
- Vem Donizete, podemos ir, nós vamos ter que abrir esse portão com a chave da mamãe e colocar de volta sem que ela perceba e depois subir essa escada que dá no telhado, ai agente sobe na laje em cima do retroprojetor e levanta uma das chapas do assoalho, que de lá dá para ver todo o cinema.  
- Então vamos. Fala Donizete.
Ana pega a chave da mãe, abre o portão e volta para colocar no mesmo lugar e avisa Donizete:
- Segura o portão não deixa ele fechar. Ana guarda a chave e volta.
– Vamos encostar o portão bem devagarzinho para parecer que está fechado, mas não deixa bater, se não a gente fica preso aqui dentro, agora vamos eu vou na frente para te mostrar.
Eles sobem e chegam na laje.
– É aqui onde o Ree.. reto..  “Retopojetor” fica, o que você falou?  
Ana ri e confirma.
– Sim e se chama retroprojetor, vem nós temos que levantar o isopor com cuidado para não cair na cabeça dos clientes.
Ana levanta o isopor e a luz do Cinema invade a laje e o som do filme, fica mais alto, Donizete olha para a tela e Ana comenta.
– Não falei que era esquisito.
– Ele é um bebezão e está com fome, ele está mamando no peito dela, ele já não é muito grandinho para mamar no peito, iiii, olha agora ela está pondo o pipi dele na boca, eca que nojo. Fala Donizete.
– Deve de ter gosto de xixi. Comenta Ana e os dois dão risadas.
- Olha agora ele vai começar a machucar ela, fica vendo.
– Vixii ele vai matar ela, ele furou ela, mas não saiu nenhum sangue.
- Agora eles vão começar a lutar até sair uma gosma ai eles param, fica vendo, todos os filmes são sempre iguais, eu gostava mais quando passava os desenhos animados, eu não precisava fazer todo esse esforço para assistir.
– É verdade Ana, é muito besta e a outra sala, dá para ir lá também?
– O outro filme é assustador, você quer mesmo ver?
– Depois do susto que tomei ontem na casa da minha tia, eu acho que nada mais me assusta.
– Então está bom vem vamos, nós temos que contornar essa laje é na próxima laje. Eles andam pelo telhado com cuidado até a próxima cabine de retroprojetor.
 – Vamos com cuidado de novo. Ana levanta o isopor e Donizete fica de olhos vidrados, as cenas que estava passando era de um Zumbi comendo o cérebro do outro e um monte de Lesmas, iguaizinhas a que ele viu no cemitério, saindo pelo corpo do Zumbi, aquela cena deu uma certa repulsa em Donizete, porque ele pensou:
- Credo eu toquei em uma coisa que come morto.
 E no filme havia também uma grande bola de carne humana que  vinha rodando e juntava os restos mortais, deixados para trás pelo Zumbis e aquela bola ia crescendo conforme ia juntando mais restos e os policiais tentavam matá-la e atiravam nela, mas nada acontecia e os policiais morriam também e quando amanhecia  todos eles voltavam para os seus túmulos, e quando eles pensaram que estava tudo calmo, que os Zumbis tinham ido embora , uma cena daquelas de susto forte, que te pega desprevenido, aconteceu no filme e Donizete e Ana se assustam e deixam a tampa cair dentro do cinema, A chapa de isopor atravessou a projeção do filme e uma grande escuridão tomou conta do cinema e os clientes começaram a reclamar, assobiar e gritar.  
Os dois rapidamente corem dali e voltam pelo mesmo caminho, mas quando eles chegam no portão, o portão havia se fechado.
– E agora Ana?
– Nós vamos ter que voltar e sair por dentro da sala de cinema. 
- Mas qual sala, eu não quero ir na sala dos Zumbis.
– Não, a saída é na outra sala, a da moça do xixi. 
- Menos mal, então vamos logo, antes que alguém venha atrás da gente. 
Eles fazem o caminho de volta para a primeira sala e dessem por uma escada que havia na lateral da sala do retroprojetor e entram na sala de sexo explícito, as cenas agora eram diferentes e Donizete fica olhando e vai descendo as escadas, até que um homem o puxa pelo braço e fala para ele assim:
- Segura aqui. O homem mostra o seu membro para Donizete e ele tenta se debater e o homem puxa ele de volta, forçando ele a segurar o membro dele, o homem solta ele e fala.
- O que é isso subindo pelas minhas pernas? Ele se abaixa e pega uma coisa vermelha e roxeada na mão.
– Lesma. Grita o homem e outras pessoas dentro do cinema também começam a gritar e correrem para saída da sala do cinema, que vira uma correria.
Ana puxa Donizete pelo braço.
– Vem vamos sair daqui.
Eles correm para a saída e Donizete dá de frente com a sua mãe.
– Eu sabia que você estava por de traz disso, quando eu escutei as pessoas falando em Lesmas eu imaginei, isso está me parecendo familiar, eu não acredito que você pegou as lesmas que você estava falando ontem e trouxe as para cá, como você fez isso?
– Eu não fiz nada mamãe, eu não trouxe lesma nenhuma.
– E o que você estava fazendo lá dentro, eu não falei para você não entrar lá!
– Falou mas nós entramos por engano, estávamos brincando de esconde-esconde e o portão fechou lá de cima e nós tivemos que sair por aqui.
– Tá eu acredito, e eu sou a Mulher Maravilha agora, tá bom, vamos sair daqui logo, que devido a denúncia das Lesmas, todas as sessões foram canceladas e eu fui dispensada, ainda bem porque eu ainda tenho que passar no mercado e comprar algumas coisas para a dispensa da Tia Olga, antes que ela jogue na nossa cara que estamos comendo toda as coisas dela.
– Mãe você compra Sucrilhos?
– Vamos ver, se você merece, se não me aprontar mais nenhuma. 

Algumas horas depois.
- Essa caixa está pesada filho, como nos faz falta um carro agora. 
Nesse exato momento um carro para ao lado deles e buzina e diz:
- A Rainha está precisando de ajuda?
– Vai oferecer ajuda para a sua avó bocó. Grita Donizete.
– Fica quieto menino. Fala a mãe dele, mas o motorista desiste de ajudar. 
- É você não está me ajudando muito, vamos ter que ir de ônibus com essa caixa pesada cheia de mercadorias.
O ônibus chega e eles entram, Donizete tenta ajudar a mãe a carregar a caixa para dentro do ônibus, eles colocam a caixa nos pés deles e se sentam, colocando os pés sobre a caixa.
– Pronto mãe conseguimos.
– Agora só vamos precisar descarregar lá na casa da tia Olga. 
Os dois ficam calado por um tempo, porque ambos estavam cansados e com o balanço do ônibus eles pegam no sono até que Donizete chama a mãe dele.
– Mãe eu não estou me sentindo bem.
– Ah o que?
- Só não vomita nas nossas, tarde demais, você vomitou nas nossas compras.
– Desculpa mãe.
– Que droga menino.
E aquele cheiro de vomito toma conta do ônibus, e os sons de anciã vira uma orquestra. 
- Pronto chegamos, ainda bem estava morrendo de vergonha.
 Ela carrega as compras com a caixa molhada até a casa da irmã, donizete vai revezando com ela.
– Pronto chegamos, graças a Deus.
- Nossa Zulmira que cheiro é esse?
– O santo do meu filho vomitou em cima de toda compra que eu fiz, agora tenho que verificar o que dá para salvar ainda, que nojo, o que esse menino comeu?
Depois de um dia Alucinante e cansativo Donizete senta no sofá e adormece.
Ele acorda no sofá na manhã seguinte e fica confuso mais uma vez.
 – Caramba onde eu estou agora, cadê a minha mãe?
Ele sai para o lado de fora da casa e se depara com a sua tia na mesma cena do dia anterior: fumando cigarro de palha, com a sua verruga preta no canta da boca, os bobs na cabeça, uma cena nada motivadora para uma bela manhã.
- Tia você viu a minha mãe.
– Ela foi trabalhar. Donizete pensa em correr atrás dela, mas a tia já adianta.
– Nem adianta tentar encontra-la ela já foi cedo.
– Ela já foi e parece que o que você aprontou ontem, teve consequência hoje e você não deixou ninguém dormir, teve pesadelo a noite inteira, gritava que um Zumbi iria te pegar, que a bola de carne humana iria devorar os seus restos, que iriamos todos morrer, ai gritava, as Lesmas elas são minhas amigas e vão me salvar.
Donizete abaixa a cabeça e vai voltando para dentro da casa e se senta na cadeira e se ajeita na mesa de formica azul, a sua tia serve café com leite em uma caneca de ferro branca e um pedaço de pão com manteiga.
Ele comia tranquilamente, mas ele escuta uma voz cochichar alguma coisa.
 – O que você falou tia?
A sua tia tira o cigarro de palha da boca e diz.
– Eu não falei nada você está doido?
Ele dá de ombros e continua a terminar o seu café da manhã, ele estava tentando fazer as coisas certas e seguir as regras da casa da tia e por isso ele coloca a caneca e o prato na pia, e vai direção a geladeira guardar a manteiga e o leite e é quando ele escuta uma voz mais uma vez e se assusta e derruba o leite, fazendo muito barulho e sujeira, sujando todo o chão com leite.
A Sua tia dessa vez grita sem tirar o cigarro da boca.
– Está com a mão furado ou é retardado?
– Só faz bagunça, sai daqui.
– Tia você ouviu uma voz também?
– que mané voz o que, está ficando louco é, eu vou falar para sua mãe te interna em um Hospício e não em um Internato e sai daqui antes que eu te dou uma canecada.
Donizete sai pulando pela porta da cozinha e saia para ficar no quintal e decide ficar na varanda, assim que ele põe os pés na varanda os Pequinês rosnam para ele, que dá meia volta e fica sem saber para onde ir, ele fica procurando o que fazer e novamente ele escuta aquela voz, ele procura de onde vem e nada, olha para os lados, olha para cima e avista uma linha de pipa, ele corre tira o bambu que segurava o varal com as roupas da sua tia, onde  as barras das calças e a ponta dos lenções e toalhas caem no chão, sujando tudo.
Ele apanha a linha com o Bambu e a abaixa, ele pega a linha do pipa e começa a puxar, vai puxando, puxando até que aparece o pipa, ele pega o pipa para ele e fica brincando com a pipa no alto. Um menino aparece no portão dizendo que a pipa era dele e que era para ele devolver a pipa dele.
– Você pegou a minha pipa, me devolve ou eu vou pular ai e te dar uma surra e ainda pego de volta a minha pipa, quer ver.
O menino ameaça pular o portão e com o barulho, os cachorros latem e avançam no menino no portão, que desiste de tentar entrar no quintal, com esse barulho todo a tia Olga sai para ver o que estava acontecendo. – O que você aprontou agora?
– Eu nada, só apanhei essa pipa aqui no quintal e esse menino está dizendo que eu peguei a pipa é dele.
 – Pegou mesmo, essa pipa é minha, ele puxou a minha linha com esse bambu de varal. 
– Varal?
– O pau do meu varal, as minhas roupas estão sujando tudo no chão, vou ter que lavar tudo de novo.
 Donizete olha para as roupas raspando no chão e a tia grita.
– Seu Capeta!!
- Você não é um menino é um capetinha, me dá essa merda aqui.
A tia arrebenta a linha e solta a pipa que vai embora e grita com o menino do portão.
– E você some daqui antes que eu te dou umas pauladas ou solto os cachorros em cima de você ou vou chamar a sua mãe.
O menino sai correndo.
– Donizete se você me aprontar mais uma hoje eu juro que eu mesma te coloco e m um colégio interno, onde já se viu, eu não passei isso com as minhas filhas, agora vou ficar passando nervoso com o filho dos outros, que desaforo.
Donizete fica só fitando a sua tia e esperando ela entrar, porque Donizete acompanhou onde a pipa ficou enroscada e ele vai tentar pegar de volta, ele caminha até o muro do cemitério, mede a altura do muro, procura por algo que o ajude subir no muro e avista uma cadeira, ele tenta mas ainda não dá a altura, ele avista um balde da sua tia e coloca em cima da cadeira, dessa vez dá a altura do muro, ele sobe no muro  e verifica que do outro lado era bem alto, mas ele percebe que a linha enroscou em umaa estátua de anjo, a mesma que ele se assustou a noite retrasada, mas percebe que vai precisar o pau do varal da tia novamente, ele volta para o quintal retira o pua do varal novamente, deixando as roupas rasparem no chão novamente e sobe no muro mais uma vez, ele mede a distância do muro para a Lage de um Mausoléu e pula para cima no mausoléu, pula para laje de outro mausoléu até chegar na estátua, que parecia estar brincando com a linha do pipa, porque a linha estava presa na mão da estátua e ele não iria conseguir subir na estátua para apanhar naquela altura, ele apanha o bambu e tenta apanhar o pipa na estátua e se estica todo, quase se desequilibrando, ele se equilibra e tenta de novo, e quando ele estava na pontinha do pé concentrado em baixar a linha.
– O menino o que você está fazendo ai? Grita o guarda do cemitério. Donizete se assusta e cai do muro em cima da tampa de um tumulo, que com a queda se rompe deixando o Donizete cair dentro do tumulo, era uma altura considerada alta, mas parecia que alguma coisa havia amortecido a queda dele.
Dentro do tumulo ele se depara com aquela escuridão.
E ele ouve aquela voz novamente e naquela escuridão ele não vê ninguém a única luz que existia ali era a luz do sol que vinha da parte quebrada da campa, ele olha pra cima e avista o segurança que grita.
– Menino você está bem?
Donizete não responde nada com medo e fica calado.
– Menino? – Menino? O segurança sai para buscar ajuda.
Os raios solares iluminam mais forte dentro do tumulo e Donizete tem a impressão de que as paredes estavam vivas como na noite retrasada no muro da divisa com o quintal da sua tia , os seus olhos se acostumam com a escuridão e ele percebe que as paredes estavam repletas de Lesmas.
– Ele dá um grito e se joga no chão, quando ele cai no chão e sai totalmente de uma fonte de luz, alguma coisa parece que transpassa por ele e sente um vento balançar os seus cabelos e de repente tudo fica mais frio e gelado fazendo com ele trema e bata os dentes de frio, mas  ele percebe uma luz bem fraquinha no fim de um túnel, que era da largura do seu corpo e talvez ele conseguiria se arrastar por ali até alguma saída, ele se arrasta pelo túnel que estava todo úmido e tinha um cheiro que era insuportável de carne podre, o que faz com Donizete vomite e ele continua se arrastando passando pelo seu vomito, mas alguma coisa começa se mexer em baixo dele e carregá-lo em direção a luz ele olha para baixo em direção a sua barriga e enxerga um exército de lesmas, todas enfileiradas uma a uma do lado da outra  e elas carregam Donizete que dessa vez não se assusta e percebe que elas não queria lhe fazer mal algum e que pelo contrário estavam ajudando-o e elas levam ele até a saída do bueiro, até onde não batia sol e vão embora, Donizete grita por socorro.
 Aparece o Segurança e alguns homens e eles retiram a tampa de concreto e ajudam Donizete sair do bueiro.  
- Menino que sorte você ainda estar vivo, cair de altura daquela e não se machucar gravemente é um milagre, ou é a lenda que contam da Tumba do Coronel Zuquim, vocês conhecem?
O segurança pergunta para os homens e para o menino.
Um dos homens já havia ouvido falar os outros não e o menino fala que não.
– Onde você mora menino?
– Do lado da parede do Cemitério de onde eu cai.  
– Ok vamos andando até lá e eu vou te contando a Lenda do coronel Zuquim, Dizem que este Cemitério pertencia à fazendo do Doutor. – Mas ele não era Coronel? Interrompe o menino.
- Naquela época Doutor, Coronel era tudo a mesma coisa , era como eles chamavam uma pessoa importante dono de terras, esse título, não era porque ele era médico ou que tinha servido a força armada, era por questão de respeito das pessoas humildes e ignorantes daquela época, isso aconteceu mais ou menos no ano de 1845 a 1850.
- O Coronel Zuquim era um homem muito bom, ele era Um Homem poderoso diferente, ele era muito humilde, mas muito inteligente e amava a sua família, os seus filhos eram tudo para ele, ele adorava aquelas crianças e isso foi a desgraça dele, algumas pessoas perseguiam ele, porque ele tratava os seus escravos bem diferentes dos outros fazendeiros e isso causava prejuízos aos outros fazendeiros, mas era justamente isso que fazia a fazenda do DR. Opa Coronel Zuquim prosperar, em sua fazenda não existia Senzala, os negros moravam em casas como todo mundo, ele não usava chicote ou qualquer outro tipo de violência com o seus escravos, ele usava o amor ao próximo o carrinho e isso fazia com que os seus escravos fossem sempre muito fiéis a ele o que também foi a sua desgraça porque:
- Em umas das escavações para plantação de algodão, os escravos encontraram pepitas de ouro e levaram até ele, como ele era muito rico e humilde não entendia nada de como garimpar ouro e não precisa daquele dinheiro e sendo assim ele autorizou que quem encontrasse ouro nas terras dele entre os seus escravos, poderiam ficar com elas, desde que continuassem trabalhando para ele.
Ele não entendia de Garimpar ouro, mas entendia de pessoas e como motiva-las e isso realmente motivou muito os seus escravos, eles escavavam fileiras e fileiras e onde não era encontrado ouro era plantado cana de açúcar, era assim que ele aproveitava a motivação e o terreno, porque a plantação de cana de açúcar prejudicava muito o solo e só poderia se plantar poucas vezes, devido ao método de queimadas que eles usavam na época e assim tudo isso funcionou por um bom tempo,
- Mas dentro de um cesto de maça sempre tem uma maça podre e um dos seus escravos que se destacou e encontrou mais ouro que os outros, quis ser dono de si e isso naquela época era muito complexo, tinha que ter dinheiro ou poder.
Esse escravo tinha dinheiro mas não tinha sabedoria, malicia da vida, fora da fazenda do Coronel Zuquim e o que aconteceu, ele achou que fora da fazenda eram todos felizes, todos “Honestos” e o que aconteceu?
Esse escravo bateu na porta errada, ele foi até um cartório que existia na cidade para saber como ele deveria proceder para conseguir a sua carta de Alforria.
 – O que é isso? Pergunta Donizete.
– Era o seu documento de libertação, quem tinha a sua carta de alforria era considerado um homem livre, mais ou menos assim quando a gente chegar na sua casa agora e eu não contar para a sua mãe, você quebrou a tampa do Tumulo da Família Zuquim, porque eu sei que o cemitério tem funcionário para consertar isso, você não vai ficar de castigo e vai ser um homem livre.
 – Mãe não, é a minha tia e eu vou estar ferrado de qualquer jeito nem essa carta poderia me salvar agora, mas o que aconteceu com o Escravo? 
- Onde eu estava mesmo?
- Ah tá, o cartório que o escravo procurou para pedir informação era de um fazendeiro rival do Doutro Zuquim e estava querendo roubar as terras dele, para garimpar o ouro existente ali e quando o escravo se pronunciou, o Coronel Garcia como era conhecido, acusou o escravo de fujão, dizendo que ele era um escravo fugitivo e que ele iria ficar preso e que agora ele pertencia a fazenda do Coronel Garcia por encontra-lo e assim esse escravo foi parar na fazendo do Coronel Garcia onde levou muita chicotada e sofreu muito até que o coronel Garcia lhe fez uma proposta, de que se ele fizesse tudo o que ele mandasse, ele devolveria o ouro dele e o documento de libertação.
Mas que prontamente o escravo concordou.
E assim  o Coronel Garcia lançou um boato que este escravo que pertencia à fazendo do Coronel Zuquim estava na fazenda dele, ele sabia que o coronel Zuquim era uma pessoa muito boa e que veria atrás do seu escravo e dito e feito.
Um dia o Coronel Zuquim apareceu na fazendo do Doutor Garcia reclamando pelo escravo.
O coronel Garcia para não deixar o Coronel Zuquim perceber que estava sendo vítima de uma traição, pediu uma quantia em troca do escravo, Coronel Zuquim, que pagou sem titubear e assim o Coronel Garcia colocou o seu plano em ação e a traição foi mais ou menos assim:
Tinha uma data marcada para que o Coronel Zuquim caísse na armadilha sem perceber, eles marcaram um assembleia onde todos os fazendeiros participassem, mas só os homens e assim as esposas teriam que ficarem em casa sozinhas e assim o Coronel Zuquim, foi até a assembleia e a reunião foi atrasada para que escurecesse para que o plano do Coronel Garcia funcionasse e assim o plano foi continuado e  o que aconteceu foi o  seguinte, o escravo que retornou teria que ajudar os capangad do Coronel Garcia a esconder os filhos do Coronel Zuquim e dizer que eles foram sequestrados, o escravo enganou as crianças e as trancou  em uma cabana e foi fingir que alguns homens haviam sequestrado as crianças e que deixaram um pedido de resgate para devolverem as crianças, mas o coitado do escravo estava sendo enganado mais uma vez e assim que ele entrou na casa da Patroa, ele levou um golpe na cabeça e quando ele acordou o Coronel Zuquim sacudia ele pelo braço, pedindo esclarecimentos do que tinha acontecido na casa dele, o escravo estava nu e a esposa do Coronel estava nua também e morta em cima da cama do casal. Ele tentou explicar que não tinha sido ele, e que ele era inocente e que as crianças estavam salvas na, mas antes que ele terminasse a frase um tiro de espingarda atravessou a sua cabeça e o Coronel Zuquim, ainda tentou salva-lo em vão, o tiro tinha vindo de fora da casa, mas na escuridão ninguém pegou o assassino e assim tentaram incriminar o Coronel Zuquim de assassinato, dizendo que ele havia pego a sua esposa com um escravo na cama traindo ele e assim ele teria matado os dois filhos e as suas terras seriam leiloadas, porque não haveria mais herdeiros, sendo que as crianças estava desaparecidas e o coronel Zuquim perguntava pelo seus filhos, mas ninguém sabia onde ele estava sendo que o único que sabia havia morrido na sua frente no seu quarto e até que a inocência do Coronel Zuquim fosse provada ninguém conseguia encontrar as crianças e o Coronel ofereceu recompensas altíssimas para quem encontrasse os seus filhos, mas quando os encontraram já era tarde demais elas haviam morrido de frio e fome e estavam amarradas em cadeiras  e dos seus corpos brotava lesmas quando as encontraram em uma cabana afastada da fazenda.
Isso para o Coronel Zuquim foi praticamente a morte ele não durou muito depois disso, dizem que ele morreu de tristeza, mas que antes de morrer ele deu uma lição de Humanidade no Coronel Garcia e dou o terreno deste cemitério onde ele foi enterrado com honras na campa mais bonita do cemitério, onde ele comprou a estátua daquele anjo de um artista renomado e mandou construir covas para ele, para a sua esposa e para os seus filhos e a grande surpresa, uma cova para o escravo causador disso tudo, porque ele sabia que ele era um inocente,   que é a cova onde você caiu  e diz a lenda que ele sempre ajuda os injustiçados e protege os desprotegidos.
Donizete pensa Lesma brotavam dos corpos.
Eles chegam na casa da sua tia.
 Quando a sua tia avista ele do lado de fora do portão, todo sujo e sendo acompanhado por aquele segurança, ela olha para o muro do cemitério e vê a cadeira com o balde em cima e as suas roupas arrastando no chão mais uma vez ela grita.
 – Eu não acredito.
Ela corre para o portão para bater no Donizete o segurança a impede e conta para ela tudo o que Donizete acabara de passar, ela escuta atentamente as palavras do segurança e quando e quando ele termina de falar.
– Você não é uma criança, você é um Demônio, eu não quero nem saber de você aqui, amanhã mesmo eu vou com a sua mãe te matricular no Colégio interno.
Ela agarra nos braços dele e o puxa para dentro vem antes que você apronte outra e vamos tomar Banho você está fedendo e vai ficar trancado dentro de casa até a sua mãe chegar. 
A noite quando a sua mãe chega do serviço carregando uma caixa pesada de compra, a tia Olga nem espera ela entrar direito e já vai contando tudo o que aconteceu e afirma no final.
– Aqui ele não fica. 
No dia seguinte.
Donizete carrega a sua mala vermelha por uma rua de paralelepípedo que dava acesso ao Colégio Interno, ao seu lado iam a sua mãe e a sua tia Olga, na entrada do Colégio Havia uma placa onde se lia “Orfanato Cristóvão Colombo”, na recepção do Colégio Interno eles são recepcionados por uma Freira. 
- Bom dia Jesus te ama em que posso ajuda-los. Diz a Freira. E a tia Olga toma a dianteira. 
- Eu já havia ligado e falado com a Madre superior e ela reservou uma vaga para esse Capetinha aqui. 
- Não se diz essa palavra aqui minha senhora, se a senhora não percebeu aqui é uma igreja também ou seja aqui é tudo casa de Deus e aqui quando se referimos a crianças peralta, costumamos dizer Santinhos e não o que a senhora acabou de dizer.
Donizete mostra a língua para a tia.
E a Freira chama a atenção de Donizete.
– Que isso menino, respeita os mais velhos, ela é sua tia.
Agora quem mostra a Língua é a tia Olga. A Freira olha para tia Olga e dá de ombros.
A freira começa explicar os procedimentos e fala sobre o dia de visita.
– A visita aqui só é de duas em duas semanas no Domingo.
– Só duas vezes por mês? Pergunta a mãe de Donizete.
– Sim e vocês tem que estarem aqui as 08:00 horas para seguir a missa dos alunos e só depois os alunos são liberados para a suas mães, os alunos ficam no lado direito da Igreja, para não haver fugas.
– Haver fuga? Pergunta a mãe de Donizete. 
- Sim eles costuma querer fugir por diversas razões, vocês querem conhecer as dependências, nós podemos dar uma olhada rápida os alunos estão em aula, aqui eles estudam de manhã e de tarde, eles acordam as 06:00 horas, tomam café da manhã as 06:30 horas porque as 07:00 horas eles já estão na sala de aula, tem um intervalo as 09:30 horas retornam as 10:00 horas e param para o almoço as 12:00 horas e voltam para sala de aula as 14:00 horas, alguns dias da semana a sala de aula e substituída por educação física, com atividades na piscina.
– Piscina? Pergunta Donizete.
– Sim, piscina ou atividades com bolas nas duas quadras que possuímos, eles jantam as 18:00 horas, porque as 20:00 horas eles já estão na cama, para a rotina do dia seguinte, alguma pergunta mais? 
- Não, aqui é um convento ou um  exército?
- Quero dizer escola de período integral? Né, podemos conhecer a igreja? A Freira mostra para eles onde ficavam os dormitórios e o que era o que até chegarem na Igreja. 
Era uma igreja Românica com alguns detalhes Rococó, com vitrais lindos, e um grande órgão, atrás do altar, o altar tinha um púlpito em mármore e um depósito em ouro, o teto havia alguns afrescos com querubins nas pontas e Donizete faz uma comparação.
– Olha tia o seu cabelo está igual a desses anjinhos, igualzinho.
Sua tia o olha com reprovação e a freira solta uma risadinha, mas logo toma a postura séria.
A igreja não tinha muitos bancos e do lado direito não havia bancos, porque era onde deveria ficar os alunos como a Freira dizia, era uma bonita igreja que ainda mantinha alguns objetos de valores a mostra, com a segurança de hoje em dia isso era raro, porque a qualquer momento um ladrão poderia entrar ali e levar aqueles objetos de ouro. 
- Bom chegamos ao fim do nosso tour, vocês podem se despedir do aluno, por favor seja breve, que ele ainda vai frequentar a aula da parte da tarde depois de acomodar as suas coisas e se familiarizar-se com o ambiente e realizar mais alguns procedimentos. 
A mãe de Donizete se ajoelha aos pés dele e olha nos seus olhos e diz:
- É para o seu bem meu amor, eu sinto muito, mas está doendo muito mais em mim do que em você, eu prometo que vai ser por um curto período.
Ela se levanta dá um beijo na testa dele, a sua tia também se despede.
 – Tchau Pestinha, vou sentir a sua falta, mas não muito e ri.
A Freira o leva embora pelos corredores em direção ao quarto, Donizete dá uma última olhada para traz e vê sua mãe abraçando a sua tia e chorando muito até a freira virar em outro corredor e entrar em uma porta que dava acesso ao pátio que eles tinham que atravessar para chegar ao quarto, onde ele iria ficar. 
Ele vê as outras crianças com as suas cabeças raspadas e fica olhando para eles enquanto era puxado pela mão pela freira.
Eles sobem as escadas que dava acesso aos quartos, eles chegam em um corredor comprido que dava acesso a três quartos.
A Freira leva ele até ao último quarto do corredor, que era maior quarto de todos de cor cinza.
– Como a sua tia informou que você não é santo, esse quarto deve de ser o deu perfil, porque aqui nós temos três quartos de três cores: o cinza que é esse onde fica os problemáticos, depois nós temos o de cor branca com mais 100 camas que é onde fica os meios termos e por último e nosso orgulho o quarto cor de rosa, com 200 alunos, que é onde ficam os nossos exemplos de educação dos nossos alunos.
No quarto cinza haviam cem camas divididas em cinco fileiras de vinte era um quarto gigante, que parecia um grande alojamento, a Freira leva ele até a cama de número quarenta e quatro e coloca os seus pertences em cima dela, abre um pequeno armário que ficava a esquerda da cama, como se fosse um criado mudo e coloca as roupas da sua mala ali dentro. – Agora vamos cortar o seu cabelo.
A Freira o leva a até o Barbeiro, e algumas crianças correm para ver o barbeiro raspar o cabelo de Donizete pelas janelas, fazendo um alvoroço. Aquele barulho da máquina de raspar cabelo, era ensurdecedor e as crianças das crianças do lado de fora era abafado por aquele barulho, EEEEEEEEEEEE. 
E o Barbeiro usa a máquina sem nenhum tipo de pente, deixando a no zero o que faz machucar pela brutalidade com que o Barbeiro fazia e Donizete reclama.
 – Vai com calma ai, está doendo! 
E o Barbeiro o ignora e continua passando na cabeça dele fazendo cair os fios de cabelo castanhos brilhantes no chão, algumas crianças dão risadas através da janela e quando o barbeiro termina, Donizete passa a mão na cabeça e constata que não havia mais nenhum cabelo e algumas partes da cabeça ardia, porque a máquina havia machucado e  deixado alguns caminhos de ratos, como as crianças costumavam falar, eram falhas ou cicatrizes, antigas e um menino grita.
– Ficou um caminho de rato. E a criança cai na gargalhada.
Donizete vai saindo e dá um soco no nariz do menino que sangra muito. A Freira briga com Donizete e  leva ele e o menino até um bebedouro de azulejos, onde haviam muitas torneiras e faz Donizete lavar o sangue do nariz do menino, feito isso ela diz:
- Aqui é assim, sujou você limpa, machucou alguém tem castigo e você não vai tomar o seu castigo agora porque temos que ir para o banho, mas você já tem um castigo de crédito comigo.
– Vamos crianças é hora do banho. Gritavam as Freiras.
As crianças correm para formar uma fila, na entrada do prédio dos dormitórios e conforme as crianças iam chegando na entrada do prédio onde haviam duas Freiras entregando sabonetes toalhas e roupas, para cada criança especifica, existia um número para ela, na vez do Donizete a Freira que o acompanhou informa.
– Quarenta e quatro.
E a outra freira fornece os seus pertences, Donizete estranha e verifica que em todas as suas roupas existia um número em vermelho “quarenta e quatro” estava na cueca, na camisa, no short e na toalha.
As crianças tinham o costume que de que assim que pegasse a cueca limpa, elas a colocavam na cabeça como se estivesse usando uma toca e o que se via era uma grande fila de meninos com cuecas na cabeças de todas as corres e formatos, bege e branca eram as cores que mais tinha, mas tinha azul, vermelho, xadrez, listrada, de bichinho, o pior que quem tinha de bichinho era tirado sarro deles pelos outros meninos.
– Olha a cuequinha dele é de patinho. Há, há, há, há.
– olha a cuequinha deles é de ursinho, há, há, há.
Mas coitados, eles não tinham como trocar, porque quem não tinha mãe, não tinha escolha e quem tinha mãe, uma vez que a sua mãe tivesse feito a sua mala com elas , era para um ano inteiro e toda vez que no dia do banho aparecia uma cueca de algum desenho na mão da Freira, o menino já sabia que iria ser motivo de chacota e eles iam assim com as cuecas nas cabeças até o chuveiro, cada criança imaginava uma fantasia, um dizia que era um marciano: Pelo jeito de colocar a cueca na cabeça com os buracos para frente, deixando parecido com dois olhos de marcianos, outra criança dizia que era uma formiga, deixando a cueca em formato de uma cabeça de formiga usando os dedos como antena, algumas iam mais além e diziam.
– Eu sou o Cueca mascarrado.
– Eu sou o Homem cueca.
E as crianças riam,e assim seguiam uma fila indiana de 400 crianças, por dois lances de escadas até chegar no banheiro onde 10 Freiras monitoravam o banho dos meninos em 10 chuveiros, dividido em duas fileiras de cinco  chuveiros, cinco de um lado e cinco  do outro lado.
Chega a vez do Donizete tomar banho, a Freira coloca ele debaixo daquela ducha de água gelada, o que saia daquilo não era água era cubos de gelo, aquilo  que eles chamavam de chuveiro.
As Freiras tinham prática e como de costume, a primeira coisa que a Freira conferia eram as orelhas, depois o pescoço e se estivesse sujo, elas usavam uma bucha com força e o Donizete reclama.
– Ai! Está machucando!
– Fica quieto menino! Isso não doí.
E continua a esfregar, atrás do joelho e no calcanhar ela usa os dedos, para tirar o cascão que fica na curva do calcanhar para os pés.
E assim cada menino que ia terminando o seu banho, continuava na fila, se trocava na próxima sala e já descia uma escada que dava acesso ao refeitório, para almoçar, e do grupo de dez, eles iam se sentando na mesa do refeitório, um do lado do outro, as Freiras traziam a comida já colocadas em pratos de plásticos sobre em um carrinho, e assim elas distribuíam as refeições.
Naquele dia foi servido arroz, feijão, carne com batata e salada de agrião e um suco de uva (Ki suco) desses artificiais de pó.
Donizete pega a colher que era oferecida para comer e come a sua comida, mas ele não gostava de salada de agrião e deixa a salda de lado, o menino ao seu lado o avisa:
- Se você não comer tudo eles não te deixam sair, enquanto você não comer o último grão ou a última folha.
Donizete encha a mão com a salada e enfia na barra da blusa e coloca dentro dos shorts e vai saindo, mas quando ele vai saindo e chega na porta de saída do refeitório onde havia um padre que pergunta para ele.
– O que você tem ai dentro? 
E puxa a blusa fazendo com que toda a salada escondida caísse no chão. – É o seu primeiro dia aqui né?
Donizete faz que sim com a cabeça e o Padre pega ele pela orelha e o leva de volta para dentro do refeitório e o coloca na parede de castigo, vai até a cozinha e volta com uma bacia cheia de agrião sem tempero e diz:
- Enquanto você não comer toda essa bacia até a última folha, você não sai daqui hoje.
Junto com Donizete haviam mais outras crianças que também não gostavam de agrião estavam todas com uma bacia na mão e comiam as suas folhas fazendo careta e empurravam as folhas garganta abaixo e assim Donizete começa engolir as suas folhas a seco, o que lhe dava ânsia de vômito.
As outras crianças iam deixando o refeitório e saiam rindo do Donizete imitando-o que iria vomitar também.
Donizete é o último a sair do refeitório ele come a última folha da bacia e ele mostra para o Padre, que o deixa sair e o acompanha até a sala de aula onde já estavam todas as outras crianças e o apresenta para a professora informando que ele era um novato e que não havia comido a sua verdura e por isso o atraso dele.
A professora que era uma freira o encaminha para o seu lugar e pergunta o seu Nome?
– Donizete. 
- Bom, crianças esse é o nosso novo aluno Donizete, falem para ele “Vamos dar as boas-vindas para ele?”.
E todos falam – “Bem-vindo”. 
- Bem, vamos começar a aula peguem as suas cartilhas e vamos começar hoje pela letra “B” de baleia ou “B” de bola e assim foi a tarde de Donizete que não estava entendo nada e também não estava prestando atenção em nada, porque a sua mente estava muito longe dali  e tudo aquilo para ele era novidade ou ele ainda estava assimilando o que estava acontecendo com a sua vida e ele estava em uma sala de aula sem a sua mãe para acompanha-lo pelas primeiras horas, mas aquelas horas passaram rápido para ele e a professora informa:
- Meninos amanhã nos vamos começar pela letra “I” de igreja.
E quando a professora terminava de falar uma sirene muito alta soou e as crianças saíram correndo da sala de aula e formavam uma fila na entrada do refeitório para o jantar as 18:00 horas, foi servido cachorro quente, Donizete adorava cachorro quente e devorou o seu jantar e um outro menino que não gostava muito de salsicha, estava deixando uma salsicha no prato, Donizete pega a salsicha do  prato do menino que agradece e começa  roer a pele da salsicha, saboreando e deixando só o recheio por último e vai saindo pela porta, chegando perto do padre que olha para a sua mão, ele enfia o resto na boca, lambe os dedos, como quem quer dizer estava uma delícia, o padre balança a cabeça e dá de ombros. 
Ele caminha em direção do playground, onde algumas crianças brincavam no Gira-gira, ele se enturma e começa a brincar com as crianças e ajuda a rodar bem rápido o gira-gira e eles rodam bem rápido, mas muito rápido até ao ponto de uma das crianças não ter força para se segurar e sair voando do gira-gira e se estatelando no chão e se machuca, e um dos meninos mais velhos fala para ele.
– Vai levanta sem chora, porque se você chorar e Freira vier aqui você vai apanhar.
O menino se levanta rapidamente, mesmo com muita dor e todo ralado e vai se sentar na marquise dos corredores das salas de aulas, onde alguns meninos assistiam o desenho do Vira-lata na televisão que ficava no final da marquise e chora baixinha no meio dos meninos para que ninguém perceba que ele estava chorando.
Os meninos maiores acompanham o menino com os olhos e dão de ombro e um deles vira para Donizete e diz.
 - Você é bastante forte para sua idade, nos ajudou a empurrar muito forte, vem vamos mais uma vez e quem não conseguir se segurar forte é melhor sair porque agora vamos empurrar mais forte ainda e não vamos parar se alguém cair.
Eles começam a empurrar o gira-gira forte e mais forte, cada vez mais forte até o ponto de não conseguirem empurrar mais e todos se penduram no ferro mais alto e soltam as suas pernas no ar gritando muito e ficam curtindo o corpo rodando com a ação da força da gravidade, até que a velocidade diminuísse, eles riam muito, um dos meninos dá uma ideia.
 – Vamos lá na gaiola?
Todas as crianças se calam e olham para a criança que disse aquilo.
– Você é louco? Diz um menino que tinha as orelhas de abano.
 -  Uma hora dessas, já está escuro e vocês sabem o que pode acontecer. 
– Eu é que não vou lá a noite, nem ferrando.
Diz um menino gordinho que usava blusa listrada, que o deixava mais gorda do que já era e assim mais algumas crianças retrucam.
– Nem eu.
– Muito menos eu.
Até que um dos meninos da quarta série que era um dos maiores, fala:
 – Vocês são uns Bunda moles, eu vou e vou mostrar para vocês que não tenho medo de nada do que dizem que tem lá e você vem comigo José e você também novato, você tem cara de que é corajoso, como é o seu nome?
 – Donizete.
– Coincidência o meu também é Donizete, aposto que nós vamos nos dar muito bem xará, vem vamos e quem não for com a gente vai ser chamado de medroso para sempre. Donizete dá de ombros, mas José que era um menino mirradinho estava morrendo de medo e mesmo assim ele vai, e lá vão os três na frente com o restante atrás já querendo voltar ou correr no primeiro barulho.
– A gaiola fica lá embaixo no pátio de baixo no final dos degraus, perto da piscina onde deve de estar bem escuro.
– Porque os meninos estão com medo de ir nessa gaiola, o que tem de mais lá?
 – Eu vou te contar. Fala José morrendo de medo.
 - Onde fica essa gaiola é perto das piscinas, mas também é perto do fundo da cozinha, onde as freiras matam os bichos, é um matadouro e é de onde elas levam as carnes para preparar a nossa comida, lá elas matam galinha, porco e uma vez elas mataram uma vaca e essa vaca foi a que deu origem a toda essa história, que todo mundo tem medo.
– Mas porquê? Pergunta Donizete.
– Dizem que quando um dos Padres deu o golpe de foice na vaca para cortar o seu pescoço, espirrou muito sangue, e um desses expiro de sangue atingiu a parede e o sangue que espirrou na parede, formou a forma de uma mão, perfeita com todos os cincos dedos, tem até a forma certinha do dedão com unha e tudo.
 - Mas e daí? O que tem isso?
– Dizem que as vezes a noite eles escutam o mugido dessa vaca e é quando essa mão sai da parede para se vingar, daqueles que comeram dá sua carne e daqueles que profanam o lugar sagrado, que ela considera que é onde a vaca morreu. 
Donizete olha para José - e diz.
– Você não acredita nisso né?
Eles descem os degraus que dava acesso ao playground inferior, anda na escuridão até a gaiola e se penduram e brincam até que um dos meninos que trazia uma lanterna diz.
– Olha o que eu trouxe!
E ele mostra uma lanterna e acende e brinca com os flashes de luz e aponta para cima da gaiola e grita.
– O que é aquilo? 
- A Mão Vermelha!!!! Grita José. 
 – É a Mão Vermelha mesmo.
– Onde? Pergunta Donizete.
– Ali, olha em cima da gaiola. Donizete olha e agora também vê e se assusta, começando a acreditar no que estava acontecendo e José se agarra a ele.
O Menino mais velho grita. – Correm!
 Mas puxa o pé de Donizete que cai porque José estava agarrado nele e bate com a cabeça e cai por cima do José que fica gritando e chorando.
 – Me solta, me solta!
E o Donizete começa a delirar e lembrar de quando havia caído no tumulo e como se estivessem sentindo as lesmas andando por ele, ele desmaia. As freiras escutando a gritaria correm até onde eles estavam para ver o que estava acontecendo e o socorrem levando os até a enfermaria.  
Já na enfermaria, Donizete desperta e se assusta e vai agarrando a freira que estava perto dele dizendo:
-  As Lesmas!
– Calma menino, calma menino, foi só uma brincadeira de mau gosto dos meninos mais velhos, não existe mão vermelha nenhuma, era só uma “Luva Vermelha” que os meninos colocaram em cima da gaiola.
Donizete olha para a Freira e suspira.
– Ufá! Que susto.
Donizete olha para a cama ao lado e avista José deitado na cama ao seu lado e pergunta.
- E ele o que aconteceu?
E a Freira responde.
– Ele estava mais em pânico do que você e gritava que tinha Lesmas no corpo dele, que era castigo da mão vermelha e que havia enviado todas aquelas lesmas que estavam por toda parte, tivemos que dar um sedativo para ele relaxar e acredito que ele só vai acordar amanhã de manhã, parece que o susto que os meninos pregaram em vocês foi bastante forte.
- Você pode ir embora, se quiser, mas se sentir dor de cabeça ou tontura você procura uma freira rapidamente.
Donizete sai da Enfermaria e vai até a sala de televisão e se senta em um quanto, estava passando Ultra Sevem na televisão, era um dos seus programas prediletos e quando acabou o Ultra Sevem, começou a passar Speed Racer.
– Oba!! Speed Racer. Speed Racer era o seu desenho predileto, mas assim que acaba a música de abertura do desenho uma sirene soa, a mesma do intervalo das aulas e os meninos começam a se levantarem e sair, Donizete ainda fica mais um pouco com outro menino, que ficam vidrados na televisão até uma freira chegar e acabar com a diversão deles desligando a televisão e dizendo.
 – Vamos, andam, vamos para a fila, está na hora de ir para a cama, já se passaram cinco minutos das oito horas.
Os meninos formavam três filas e os meninos do quarto rosa sempre entravam primeiro, todos comportados um atrás do outro depois os meninos do quarto branco, também entravam comportados um ou outro fazendo uma gracinha e por último os do quarto cinza, que pareciam um bando de loucos, gritando e fazendo muita zoeira, parecia uma torcida de time de futebol, Donizete os acompanha, achando tudo aquilo novo para ele e chega na sua cama de número quarenta e quatro e que aquela cama seria a sua cama por um bom tempo, ele tira a sua toalha que estava na cama e vê o número quarenta e quatro escrito bordado nela.
- Quarenta e quatro em tudo.
Tudo que pertencia a ele estava com o número quarenta e quatro, tudo que pertencia a ele até o saquinho de doces que a mãe dele havia deixado estava com o número quarenta e quatro.
 A freira grita. 
 – vamos apagar as luzes em cinco minutos.
E um dos monitores do quarto que era um dos alunos mais velho, grita.  
- Quem deitar por último vai dormir no corredor junto com a mão vermelha.
E todos riem, porque todos já sabiam o que tinha acontecido com Donizete. Donizete se deita e as luzes são apagadas. 
Ele não tem um pingo de sono e fica olhando para o teto, que tinha o pé direito bem alto, tinha mais ou menos uns sete metros do teto ao chão, as janelas no fundo do quarto eram grande e tinham um estilo românicas, (Arcos) e na parede de trás da cama do Donizete havia uma saída para os banheiros.
Donizete sente falta da sua mãe e quando ele estava quase chorando ele escuta um chiado e de repente uma mão cutuca ele, ele se assusta e procura pela mão que o cutucou, era Alfredo o mesmo menino que ficou com ele na sala de Televisão até a freira desligar a tv, que pergunta para ele.
– Quer jogar xadrez?
– Jogar Xadrez? Pergunta Donizete sem entender nada.
– Sim. Responde Alfredo.
– Mas como e eu nem sei jogar Xadrez? Pergunta Donizete.
– Isso não tem importância a gente pode jogar Dama e eu vou te ensinando as funções das peças de Xadrez, o meu jogo de Xadrez é de imãs elas não caem fácil  e as peças são redondas com os desenhos de cada peça, o rei tem o desenho de uma coroa de rei, a rainha uma coroa de rainha, o cavalo o desenho de um cavalo, o bispo desenho de um chapéu de bispo, a torre um desenho de uma torre de castelo e os piões são as bolinhas, o tabuleiro é vermelho em acrílico iluminado  por luzes internas e vai uma bateria embaixo e em cima das peças ela  refletem no escuro os seus desenhos e dessa maneira a gente consegue visualizar no escuro e não precisamos das luzes, eu sou o azul e você fica com o vermelho.
 - Mas está muito escuro aqui eu acho que gente não vai conseguir.
 – Você não entendeu eu vou te mostrar.
Alfredo liga uma chave na lateral do tabuleiro que media mais ou menos uns dezoitos centímetros e o tabuleiro fica todo iluminado.
– Que legal. Exclama Donizete.
– Isso é a coisa mais legal que vi até agora. 
Outras crianças também conversavam e brincavam fazendo algazarra no quarto e o monitor do quarto dá um grito.
– Quietos, vão dormir ou amanhã eu vou entregar vocês para a Madre superior. 
Todos tinham medo da Madre superior e rapidamente se calam. 
– Espera um pouco agora, deixa ele dormir. Diz o Alfredo cochichando..
Eles esperam um pouco e Donizete fica observando o teto os seus olhos se adaptam com o escuro e o quarto parece mais claro agora e o Alfredo aparece abaixado ao lado da sua cama agora e diz.
– Pronto acho que agora nós podemos jogar, mas precisamos falar bem baixinho, para ele não nos escutar, então funciona assim:
- O cavalo anda em “L”.
– como assim em “L”. Pergunta Donizete.
– Simples, você sempre anda quatro casas, mas nunca pode ser reto, você tem sempre que virar para um dos lados, assim:
- você conta a casa onde você está e conta mais a segunda casa, conta a terceira e a quarta casa você tem que virar ou então você pode fazer ao contrário, contar a primeira casa e virar o “L” e contar o restante das casas, o Bispo anda nas linha inclinadas, a casa do rei nas linhas inclinadas  é a parte clara da pintura do do tabuleiro e o Bispo da Rainha nas linhas inclinadas escura, as torres andam em linhas retas tanto para frente como para os lados, a Rainha faz todos os movimentos das outras peças, menos os movimentos do cavalo e o Rei anda para todos os lados também , mas só que de casa em casa, ele só pode andar uma casa de cada vez, mas não esqueça o rei é a principal peça do jogo, você tem sempre que defender ele porque se você perder ele acaba o jogo e o que você tem que fazer é atacar o rei do seu adversário, tentando dar um Xeque Mate nele.
– Xeque Mate? Mas eu nem tenho conta no banco para ter cheque e onde é que eu vou arrumar mate essas horas da noite? Até que seria bom um chazinho de mate. Brinca Donizete.
– Que piada mais besta Donizete e não se preocupa, que você vai tomar o seu chá de mate amanhã cedo, as freiras sempre servem mate no café da manhã, deixa eu continuar os peões são a linha de frente, eles podem saírem de duas casas, mas depois só pode andar uma de cada vez e você só pode comer a peça do adversário que estiver inclinado uma casa próxima do seu peão na sua direito ou esquerda e caso você consiga chegar do outro lado do tabuleiro do seu adversário você pode trocar o peão por qualquer peça ou pegar uma peça sua de volta que o seu adversário tenha comido.
Donizete fica olhando para a cara do Alfredo que diz. 
– Você não entendeu nada né?  
Donizete faz que sim com a cabeça.
– você sabe jogar Dama?  
Donizete faz que sim com a cabeça, então tá bom, vamos jogar Dama e eu vou te ensinado aos poucos xadrez até você se familiarizar.
– Ah só mais uma coisa Donizete, com a sua piadinha eu esqueci de dizer: quando você cerca o rei do seu adversário, você tem que dizer “Xeque Mate”.
– Porque eu tenho que dizer isso?
– É o que se diz quando se cerca o seu adversário e ele não tem mais saída, é assim que você se torna o vencedor do jogo. 



Na manhã seguinte.
- Vamos acordar! Gritavam e batiam na porta do quarto as Freiras as 06:00 horas em ponto, era uma correria para o banheiro, para escovar os dentes e lavarem o rosto, feito isso eles corriam para o corredor para formarem a fila, para o refeitório para o café da manhã. 
 E como sempre os meninos do quarto rosa saem primeiro, todos muito bem comportados, depois era a vez do quarto branco e por último o quarto cinza dos bagunceiros e eles atravessam o corredor se agarrando uns nos outros, empurrando um ao outro na escada as vezes chegando a machucar um ao outro.
Donizete levava com ele um carrinho de bate e bate de polícia, que havia uma cabeça que ficava em cima do carrinho e girava quando o carrinho andava e acendia luzes e uma sirene tocava.
Um dos meninos toma o carrinho da mão dele e o solta no corrimão da escada, o carrinho desliza pela pedra lisa e se espatifa na parede. Donizete bate no menino que fez isso com o seu carrinho e uma das freiras pega ele pela orelha e leva ele para o castigo.
Que era ficar de castigo ajoelhado no milho de cara para a parede, até que todos terminassem de tomar o seu café da manhã e só depois que todos fossem embora para as salas de aula ele poderia tomar o seu café da manhã e a freira o libera para se sentar e tomar o seu café de manhã o mais rápido possível, porque ele também tinha que ir para a sala de aula.
Ele pica o pão no prato e joga o café com leite por cima fazendo uma sopa de pão.
Na porta da sala de aula a freira o apresenta a professora e ele entra na sala de aula, era o seu primeiro dia de aula na parte da manhã e o seu segundo dia de aula na vida.
A professora pergunta a Donizete.
– Você sabe ler alguma coisa?
-Não eu só conheço algumas letras do meu nome e que a letra ‘L’ que é como o cavalo anda no jogo de xadrez.
Algumas crianças dão risadas, pelo o que ele tinha falado, que: O cavalo anda em forma de “L” e algumas delas não sabiam ao que ele estava se referindo e que era do jogo de Xadrez e não um cavalo de verdade. –
 Tá, tá bom chega meninos! Peguem as suas cartilhas. 
E assim foi a rotina de Donizete no colégio, estudava o dia inteiro, parava para uma pausa as dez, depois voltava e ficava na sala de aula até meio dia, depois parava para o almoço e retornava as 13:30 horas, para sala de aula, parava as 15:30 horas para o lanche da tarde e retornava para a sala de aula e ficava até as 17:00 horas, ia para o banho, jantava e brincavam, assim foi a semana toda, porque aos sábados e domingos eram livres para brincarem, mas no domingo só depois da missa e um domingo sim e outro não a sua mãe vinha visita-lo  e ela sempre trazia doces para ele comer, mas ele tinha que comer antes da sua mãe ir embora, porque depois que a sua mãe ia embora as freiras tomavam os doces de todas crianças, para dividir com as outras crianças.
Muitas vezes ele chegava a ficar doente porque a sua mãe ia embora e ele queria ir com ela, não queria ficar ali sozinho e chorava e pedia.
– Por favor não me deixa aqui sozinho, me leva com a senhora, eu prometo ser bonzinho.
Mas isso não fazia diferença e a sua mãe ia sempre embora sem olhar para trás até que ele se acostumou com aquilo e com a solidão, uma solidão materna e paterna. 
Nos sábados e domingos que não era dia de visita as crianças brincavam na piscina do Internato, onde haviam duas piscinas, uma eram bem grandes, ela começava rasa e terminava fundo com aproximadamente cinco metros de profundidade, onde só as crianças que sabiam nadar iam até lá, a outra piscina era uma piscina olímpica e tinha um trampolim de cinco metros de altura, essa piscina era reservada para os padres e professores.
Com o passar do tempo, Donizete ia se adaptando e acostumando-se com aquela rotina, ele fazia bastante amiguinhos, mas nem todos eram tão amigos assim e muitas vezes se faziam de amigos para aprontar alguma com ele, principalmente os mais velhos, que gostavam de judiar dos mais novos.
Teve uma vez que em uma dessas brincadeiras de mal gosto na piscina, um dos meninos mais velho, fingiu que estava se afogando e gritava por socorro, Donizete inocentemente pulou na água mesmo não sabendo nadar direito, para ajudar o menino acreditando no pedido de socorro, assim que ele pulou, o menino se agarrou nele e o arrastou para o fundo da piscina, outros meninos que estavam mancomunados o seguraram no fundo da piscina deixando ele praticamente sem folego, ele se debate e escapa por uns segundo e respira desesperado, mas os meninos o puxam para baixo novamente segurando a sua cabeça não deixando ele escapar dessa vez, Donizete já estava sem folego e o ar que ele tentou recuperar foi muito pouco, o que faz com ele beba muita água e o faz perder os sentidos, mas antes dele desmaiar, os flashes das lesmas do túmulo vem na sua lembrança e rapidamente os meninos o soltam e tentam sair da piscina, Donizete desmaia e uma mão o retira rapidamente do fundo da piscina, era o Padre Domingos, que o coloca de costa no chão na lateral da piscina e faz massagem peitoral para retirar a água dos seus pulmões. Donizete despertar tossindo água e vê o outro padre fazendo respiração boca a boca em um dos meninos mais velho caído no chão, o padre tenta por diversas vezes e nada o garoto não respondia, rapidamente os padres correm com o menino no colo para o ambulatório, o médico rapidamente faz massagem em conjunto com o Padre que fazia a respiração boca a boca e o menino despertar tossindo água e gritando.
– Lesmas!!
E um dos padres fala. – Lesmas?
– É as outras crianças disseram a mesma coisa de que a piscina ficou toda cheia de lesmas, mas eu não vi nada quando resgatei os dois meninos na piscina.
– E o outro menino está tudo bem com ele? Pergunta o médico.
– Sim ele se recuperou rapidamente. Responde o padre Domingos. Donizete ainda tossia um pouco por causa da água e ainda estava com o corpo mole e não conseguia se levantar e sair da área da piscina, isso faz ele lembrar dos seus pesadelos que ele tinha quando bebia muita água antes de dormir e vomitava na cama, toda a água que ele bebia e essa lembrança o faz vomitar a água que ele bebeu da piscina.
As crianças ainda comentavam que tinham visto a piscina toda cheia de lesmas, e depois sumiu, mas não foram todas as crianças que viram só as que estavam tocando no Donizete, tentando afoga-lo.
Os padres perguntavam se todos tinham visto, mas só os meninos envolvidos no incidente tinham visto.
O padre pergunta para Donizete. – Você também viu as Lesmas?
Donizete faz que não balançando a cabeça em sinal de não.
O padre pergunta. – Você está bem?
- Quer ir para enfermaria? Donizete faz que não com a cabeça.
- É meu rapaz vai aprendendo existem crianças muito ruins.
Donizete percebe que realmente algumas crianças eram muito ruins e ele foi aprendendo a se defender até mesmo dos garotos maiores, porque ele já havia apanhando tanto de outros meninos maiores, que já não tinham mais medo.
 Depois deste acontecido na piscina ele estava brincando com o seu amigo Alfredo de bolinha de gude e um dos menino maiores chegou e chutou as bolinhas, ele se levantou e deu um soco certeiro no nariz deste menino, que fez com que o sangue jorrasse, que parecia uma torneira de sangue e que para a falta de sorte do Donizete, o monitor Leão viu ele batendo no menino, e do monitor Leão, Donizete tinha medo, aliás todos os meninos tinham medo do Inspetor Leão, as crianças o chamavam assim porque ele era muito bravo que ninguém tinha coragem de perguntar o seu verdadeiro nome, ele era um homem grande gordo loiro e cabeludo o que fazia lembrar também um juba de leão, ele sempre usava um chapéu atolado na cabeça, o que fazia os seus cabelos levantarem como uma juba e ele também usava uma barba branca igual a de um papai Noel, mas de papai Noel ele não tinha nada, pelo contrário ele não parecia que falava, ele literalmente rosnava e em uma dessas rosnadas,  ele pegou o Donizete pelo braço e deu-lhe um beliscão no braço, beliscão que  parecia que tinha sido feito por um alicate e no local onde o padre beliscava crescia um carroço vermelho dolorido e além do beliscão ele pegou o Donizete pela orelha e o outro menino que estava com o nariz sangrando, pela orelha também e os levou até o lavabo do banheiro as crianças, outras crianças vinham atraz gritando, só para ver o que iria acontecer.
O senhor Leão para em frente ao bebedouro e o obriga o Donizete a lavar o sangue do nariz do menino com a mão.
E o Donizete com nojo limpa o sangue do nariz menino, como ele já havia feito algumas vezes,  o bebedouro fica todo vermelho com o sange do menino, e eles ficam ali até o nariz ser limpo por completo, depois de limpo, o senhor Leão coloca os dois de castigo em pé no meio do pátio embaixo do sol por um longo período e quando eles pensavam que o castigo já estava bom, o senhor Leão chegava perto deles e dava mais um beliscão, que parecia que doía na alma, chegava doer os ossos. 
No colégio haviam duas Araras azuis e uma vez Donizete estava admirando as por um longo período, distraído e só olhando as s araras azuis , quando um grupo de meninos se aproximou por traz dele e colocaram uma bola no chão e se afastaram rapidamente, Donizete distraído não percebe nada e um dos meninos grita.
– Ei !! Chuta a bola aí para a gente!
Donizete se vira e sem malícia, vai com toda vontade para chutar a bola;  Ele dá um chute tão forte na bola e logo em seguida se joga no chão dando um grito de dor.
-Aii, meu pé!!! As crianças dão gargalhadas e apontam para Donizete gritando.
- Trouxa !!!! 
Aquela bola não era uma bola comum, era uma bola feita de concreto e pintada como se fosse uma bola comum, alguém havia pintado os pentágonos pretos em uma bola de concreto, que a deixou igualzinha a uma bola de verdade. 
Donizete foi levado para a enfermaria e teve o seu pé enfaixado e ficou com o pé assim por um longo período.
Quando o seu pé sarou a primeira coisa que ele fez, foi ir atrás do menino que fez aquela brincadeira com ele, ele  pega um pedaço de pau da cerca do jardim e acerta um monte de pauladas no menino que gritava para parar, mas para o azar do Donizete, a Freira chefe escuta os gritos do menino e corre ao encontro do Donizete, que continuava dando pauladas no menino, ela o agarra e toma o pau da sua mão e o arrasta pela orelha até a sala dela, ela tranca a porta e apanha um pedaço de pau pendurado na parede, ela desencaixa o barbante do prego e diz:
- Estende a mão ! Donizete estende a mão e a freira, lhe dá uma palmada, a madeira estrala.
E a freira acrescenta. - Você gosta de der pauladas nos outros ?
 E o Donizete dá uma gargalhada e diz. -Não doí nada !
E dá mais gargalhadas. Ele já havia tomado tantas palmatórias, que a sua mão já estava calejada e não sentia mais dor.
Aquilo irrita a Freira que defere vários golpes, que o barulho da palmatória dava para ouvir lá de fora, estralava tão alto que chegava a fazer eco.
Ele ria como se tivesse possuído e dizia: - Não dói nada.
 Aquilo deixa a Freira com muita raiva que bate com mais força e bate de novo com mais força até a madeira quebrar, ela joga o resto da madeira no chão e pega outra madeira na gaveta e dessa vez bate por todo o corpo do Donizete, mas ela concentrava os golpes na bunda e na cabeça dele, ele  se agacha para se proteger  dos golpes, até que ele percebe que a Freira, estava parada olhando fixamente para a parede e começa a se debater e a gritar .
-  Tira isso de mim! -Tira!!Ai meu Deus !!
A freira se debatia e tentava sair, mas ela havia trancado a porta e tirado a chave, o que fez com que ela entrasse ainda mais em pânico e cada vez mais gritava:
- Tira essas Lemas de mim !!!!!a Freira se debatia tanto, que bate na parede e um crucifixo pesado e grande que estava na parede, se solta e acerta a freira na cabeça, que cai já sem vida, e todo o chão fica tomado de vermelho, tomado pelo sangue da Freira que escorre por debaixo da porta, onde estavam um aglomerado de pessoas que assistiam pelo vidro tudo o que acontecia, alguns padres tentavam arrombar a porta e gritavam para o Donizete abrir a mesma, mas o Donizete estava assustado e em uma espécie de Transe  ou choque, ele não se mexia. 
 Algum tempo depois.
Na Pascoa a mãe do Donizete veio lhe visitar e lhe trouxe um grande ovo de Pascoa, como ele sabia que não iria conseguir comer todo aquele chocolate, então ele já estava planejando onde ele iria esconder todo aquele chocolate, depois que a mãe dele fosse embora, porque todas as guloseimas que as mães traziam para os seus filho eram recolhidos pelas freiras depois que as mães iam embora, para serem divididas entre todas as outras crianças. Donizete não concordava com aquilo e assim que a sua mãe saiu pelo portão e a Freira veio pegar o seu doce, ele saiu correndo driblando as Freiras que tiveram que pedir ajuda para as outras crianças, para ajuda-las a pega-lo, assim que conseguiram pega-lo a nova Madre Superior veio na sua direção e pegou ele pela orelha, mas rapidamente soltou e segurou no braço dele,  e o levou até a sua sala a mesma onde outrora havia acontecido o acidente com a antiga Madre superior, o crucifixo havia sido retirado e no seu lugar só havia a marca do crucifixo deixada pelo tempo na parede, a Freira mexe em uma gaveta, Donizete já estava imaginado que ela  iria retirar de lá um pedaço de madeira, mas ao invés disso ela retira um grande pacote pesado e embrulhado e começa e desembrulha-lo e fala com Donizete, que observava o que a Freira desembrulhava e ele arregala os olhos ao perceber que se tratava de um grande ovo de pascoa, dez vezes maior do que o dele, era um ovo de pascoa de cinco kg, e a freira que terminava de desembrulhar vira para o Donizete e diz: 
 - Se você me der o seu Ovo para eu poder dividir com as outras crianças e assim não vamos arrumar confusão, e eu te dou um pedaço do meu, e ninguém precisa saber que eu te dei, olha a grossura do meu ovo, um pedaço desse, (diz a freira quebrando a grossa casca de chocolate) equivale a dois ovos do seu.
Donizete olha a para aquele pedaço de chocolate que mais parecia um pedaço de casca de arvore , de tão grossa que era, e rapidamente concordando com a cabeça ele entrega o seu ovo para a Freira e apanha o outro pedaço da mão dela. 
A freira ri e fala: - Eu te quero bem , não se esqueça.  
Na verdade a freira estava cabreira e com um pouco de medo dele. 
Depois que ele saiu da sala  parecia que ele tinha ganho na loteria , com um sorriso no rosto, ele se senta no primeiro degrau da escadaria que dava acesso as piscinas e saboreia aquele pedaço imenso de chocolate e ele ri sozinho lembrando que, a Freira havia tentado puxar o seu cabelo e não havia conseguido, porque ele não tinha cabelo para puxar, porque estava recém raspado e por isso ela pegou na orelha dele e soltou rapidamente com medo. Ele desfaz o sorriso e corre para o dormitório e esconde o resto do chocolate no seu armário ao lado da sua cama. 
Ele volta para o pátio para brincar e vai até a quadra onde os meninos do terceiro jogavam bola, a bola vem para o seu lado e um dos meninos grita. 
- Joga a bola ai! 
Donizete reconhece o menino, era um dos que o enganou, fazendo ele chutar a bola de concreto. Donizete chuta a bola com muita força em direção ao menino do terceiro, a bola de futebol de salão acerta o rosto do menino com tanta força, que o derruba no chão, o menino do terceiro fica no chão um pouco com a mão no rosto, mas se recupera rapidamente. Donizete percebe que o menino estava se levantando rapidamente e corre dali, o menino corre atrás dele, Donizete corre o mais rápido que pode para tentar escapar e sobe as escadas do corredor que dava acesso aos dormitórios e no fundo da igreja, e se esconde debaixo da igreja.
Os meninos sobem a escada pensando que ele havia subido para os dormitórios.
Donizete fica ali quietinho e percebe dois homens carregando alguma coisa, saindo pelo fundo da igreja, mas ele não consegue ver exatamente o que era, mas ele consegue reconhecer o homens, um era o marceneiro e o outro era o professor de estudo religiosos.
Donizete acha aquilo muito suspeito e resolve seguir os homens, para ver para onde eles estavam levando aquele volume que parecia ser muito pesado.
E com muito esforço e eles tentam colocar o volume no porta malas do carro e o pano que cobria o volume, o descobre e aparece um brilho dourado como de ouro e o pano cai por completo revelando o objeto.
- É o cofre do altar da igreja. Sussurro um pouco alto o Donizete, o que faz com que os homens reparem nele e pergunta para ele. 
- O que você quer aqui menino? – Não tem nada para você aqui não , sai daqui! 
O o professor cochicha algo na orelha do marceneiro e olhando para o Donizete ele fala.
– Esse menino é aquele encrenqueiro, eu tive uma ideia para despistarmos os seguranças e assim conseguimos sair sem que ninguém perceba, está vendo aquela caminhonete velha, que não anda a anos.
 – sim o que tem. Responde o marceneiro. 
- Então nos ateamos fogo nela e colocamos a culpa no menino. 
- Boa ideia! 
Os caminham até a caminhoneta velha e ate-a fogo que se espalha rapidamente. 
Donizete corre para chamar alguém e ele encontra o padre Domingos. 
- Padre, padre, tem dois homens colocando fogo na camioneta abandonada. 
- Onde isso menino?
– No fundo da igreja, vamos logo.
O padre o acompanha até o local onde o fogo e a fumaça, já haviam tomado todo o local, os corredores e tudo ao redor não se enxergava mais nada.
Com isso os bandidos já haviam se mandado e o fogo vai se alastrando, todos correm com baldes e mangueiras de incêndio e tentam apagar o fogo, que já havia destruído toda a camionete que queimou até o fim, eles molham tudo ao redor, as paredes retiram coisas que poderiam alimentar ainda mais o fogo, coisas que poderiam ser inflamável e assim evitam que o fogo se alastre. 
A Caminhoneta fica ali queimando por horas  
 Depois de um tempo os bandidos retornam para o prédio e com uma cara de pau perguntando o que tinha acontecido. 
- Nossa o que aconteceu aqui? E o Padre responde . 
- Isso que vocês estão vendo , essa caminhoneta pegando fogo até o fim ? 
-Mas como ? faz de dissimulado o Professor. 
- Só Deus sabe. Responde o Padre. 
- Eu vi esse menino aqui antes de sair . aponta o professor para o Donizete. 
- Donizete moleque atentado foi você? Pergunta o Padre. 
- Não fui eu não padre, foram eles, eles estava roubando alguma coisa da igreja levando para o carro e eu os vi, por isso eles fizeram isso, pode olhar o porta mala do carro dele. 
- Que história absurda menino atentado, você acha o professor iria fazer uma coisa dessa. Fala o Padre. 
- Esse menino tá maluco, primeiro põe fogo no carro e agora inventa essa história. Diz o professor caminhando até o carro e abre mostrando o porta malas. 
- Olha aqui! Não tem nada, viu . O Padre olha só para conferir e confirma balançando a cabeça. 
- Você já descarregaram o carro em outro lugar. Grita o Donizete.  
- Menino não inventa história e não fica querendo colocar a culpa em outras pessoas, pela sua maluquice que você fez.  
- Mas não fui eu padre. 
O padre olha bravo para ele e diz. Você vai pagar pelos seus atos , para aprender a assumir responsabilidade, vai ficar de castigo por vários dias. Até assumir o seu erro e contar a verdade. 
O Padre pede para outro menino ir buscar milho na cozinha. 
- Você vai ficar de joelho no milho, vai ser uma da suas penitências, porque depois que o fogo esfriar , você  também vai limpar toda essa bagunça. 
O outro menino volta com o milho. 
O Padre espalha o milho em um canto e manda o Donizete se ajoelhar no milho e diz. 
- Você vai ficar ai até contar a verdade.  
Ele fica ali ajoelhado por um tempo sem falar nada, passado um tempo o Padre manda um dos coroinhas ir buscar ele. 
-então resolveu contar a verdade? 
-Eu juro padre que não fui eu, estou falando a verdade. 
_ Não jure em falso, não use-o  nome de Deus em vão, isso é pecado. 
Donizete ainda tenta argumentar e lembra do cofre, mas quando ele aponta para o altar onde estava o cofre, o cofre estava lá, ele fica sem entender coça a cabeça e vira para o padre que o observava com um olhar de decepção e indignação. 
- O que tem o cofre?
O cofre ainda está aqui, você ainda vai querer insistir nessa história, você vai ficar de joelho no milho aqui dentro da igreja e só vai sair depois de rezar em voz alta cem Pai nosso, Cem Ave Maria, para aliviar um pouco o seu pecado. 
O Padre sai e deixa ele ali rezando, ele fica ali rezando até tarde da noite. O padre retorna e pergunta.
– Terminou ?
– Terminei.
– Muito bem, agora vai direto para o seu dormitório.
Ele se levanta com o joelho todo marcado do milho, reclama um pouco da dor, estica o corpo para trás e antes de sair ele olha novamente para o altar , não acreditando que cofre ainda estava lá e sai sem entender o que havia  acontecido, como o cofre ainda estava lá, depois de ter visto os bandidos carregando-o. 

Ele entra no dormitório  e todos já estavam dormindo, estava tudo escuro, ele anda no escuro até a sua cama e se deita, der repente um monte de garotos aparecem na sua cama fazendo perguntas. 
- Foi você que colocou fogo na caminhoneta? Todos riem. 
- Não, não fui eu não. 
- Tudo bem , pode falar a verdade para nós, graças a você e essa loucura, nós não tivemos aula hoje e depois da educação física, todas as aulas foram suspensas.
 – Valeu!! 
Donizete tenta dizer mais uma vez, que não foi ele, para o menino no escuro , que ele não sabia bem quem era, porque não conseguia ver o rosto dele. 
Mas ele deixa pra lá e se vira para tentar dormir. Os garotos voltam para as suas camas. 
- Só o Alfredo que se aproxima e pergunta . 
- Você está bem ? – Posso fazer alguma coisa por você ? – Quer jogar Xadrez? 
E o Donizete responde. 
-Não hoje não amigo, eu só quero dormir, os meus joelhos estão doendo muito, parece que tem alfinetes enfiados neles. 
Alfredo balança a cabeça no escuro e volta para a sua cama. 

Capitulo 9. 

Donizete  desperta com os gritos das Freiras. 
- Vamos levantar! – Vamos levanta! 
A mesma correria de sempre, como se nada tivesse acontecido.  
Donizete sai do dormitório após escovar os dentes entra na fila para o refeitório e todos estava olhando para ele como se ele fosse um extraterrestre e foi assim por toda manhã. 
O menino do terceiro que havia levado uma bolada na cara do Donizete vai até ele. 
Donizete se assusta e o menino fala.  
- Calma não vou te bater não, só quero te agradecer pelo o que você fez ontem, tó toma esse guaraná como gratidão. 
- Donizete sem desconfiar de nada pega o guaraná da mão do menino e dá uma golada e logo em seguida ele cospe.
 – Ah! – O que é isso?  
Aquilo não era guaraná era urina os meninos haviam mijado dentro da latinha de guaraná e enganavam os meninos dizendo que era guaraná. 
 O menino do terceiro e seus amigos, dão risadas  que gargalhavam e diz. 
- Pronto agora estamos quites.  
Donizete corre para o bebedouro para lavar a boca, ele enxagua a boca diversas vezes, mas parecia que aquele gosto amargo não saia da boca dele.
Ele vai até uma das Freiras e conta o que tinha acontecido, mas a Freira o ignora, então ele se isola e fica quieto em um canto até a hora da janta e depois vai para a cama. 
- Vamos jogar Xadrez hoje Donizete? 
- Hoje não, não estou me sentindo muito bem Alfredo, acho que vou tentar dormir. 
No dia seguinte as Freiras vão até ao quarto como de costume e acordam as crianças, mas Donizete não se levanta.
A Freira caminha até a cama dele  e grita e bate com a régua nele. –  
- Levanta vagabundo preguiçosos, anda levanta! 
A Freira o chacoalha e manda ele se levantar, quando a Freira coloca a mão nele, ele constata que ele estava quente e queimando em febre. 
- Ele está queimando em febre, vamos ter que levar ele para a enfermaria, elas o pegam no colo e o levam até a enfermaria, na enfermaria o médico examina ele e dá o diagnostico.  
- Esta criança está com Sarampo, ele precisa ficar isolado das outras crianças, tem que ficar isolado se possível ele tem que ficar em casa, não pode ficar no colégio por uns tempos é contagioso. 
- Chamem a mãe dele e avisa ela que ela tem que vir buscar ele! Fala a Madre superior. 
Depois de algumas horas a mãe do Donizete aparece na enfermaria junto com um homem grande e forte que o pega no colo  e o leva para um carro parado na saída do colégio. 
Chegando na casa da sua tia Olga, que não estava gostando nada da ideia dele voltar para a casa dela, ela abre a porta e diz. 
- Coloca ele na cama. Ele coloca  a mão nele. 
- Nosso esse menino está queimando em febre, eu nunca vi Sarampo dar febre desse jeito, esse está muito doente, deve de estar com outra doença. 
- O médico disse que ele está medicado, por mais algumas horas , depois pode dar mais algumas gotas de Novalgina para ele. 
Aquela noite Donizete Suou a noite inteira com febre, tinha alucinações e dizia que as paredes estavam cheias de lesmas, e que havia um homem e duas crianças ao sue lado chamando ele para sair e brincar, ele gemeu a noite inteira até pegar no sono profundamente.  
O Barão dono das terras ajuda ele a subir no cavalo e depois ajuda a sua filha, o menino já estava montado em um cavalo branco, os observava enquanto esperava.
 – vamos cavalgar pelos campos floridos, hoje o dia está muito bonito para cavalgar . dizia o menino para o Donizete.
Ele não sabia cavalgar direito e estava com medo.
– Esse cavalo é mansinho, ele é muito bonzinho ele não vai te derrubar. Dizia a menina para ele.
O Barão sai em disparada e o seu filho o acompanha, Donizete e a menina ficam para trás só observando eles se distanciarem, o Barão ganha a corrido e do alto da colina ele empina o cavalo, como em um filme do zorro e acena para eles. 
- Meu pai é exibido. Diz a menina para o Donizete, que responde para ela . 
- É bem legal , eu achei muito legal, parecia o zorro. Ele olha para o lado e o menino voltava, agora ele estava usando um chapéu que era um guaxinim igual do filme Daniel Boom, o menino voltava todo sorridente e dá um pulo do cavalo fazendo golpes de Kung Fu, agora ele parecia o personagem do seriado Kung fu, o Barão do alto da colina dá um grito igual do Tarzan e ele estava vestindo um sunga igual a do Tarzan e depois de soltar o grito do Tarzan ele corre e pula da colina que tinha se transformado em uma arvore alta e o chão havia se transformado em um lago, o barão atravessa o lago a nado até ele, e quando ele sai do lago um chimpanzé estava ao seu lado, a menina que estava ao seu lado, fala alguma coisa, ele se vira para ela .
- O que você falou?
– Essa música que parece um relógio está muito alto e não consigo te ouvir, esse tic – tac-tic-tac. 
- Experimenta a menina estava vestida de Ultraseven. 
- Experimentar o que ? 
- Que personagem você gosta? 
- Eu gosto de vários, gosto do vira-lata. E der repente ele se transforma no vira- lata, ele se assusta e acha engraçado.
- Eu gosto do Gato Félix. Ele se transforma no gato Félix.
- Viu você  pode ser o que você quiser. Diz a menina. 
- Eu quero ser o speed Racer . E ele se transforma no Speed Racer e o cavalo se transforma no carro Match cinco, ele entra no carro de corrido e corre como  Speed Racer, a menina se transforma no irmão caçula do Speed Racer e entra no carro com ele, o Irmão dela se transforma em outro corredor e o Barão se transforma  no Corredor –x , eles apostam corrida e musica do relógio fica mais rápida, tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac até cruzar linha de chegada onde  Barão se transforma no Fantomas e vira um esqueleto com capa, Donizete se transforma no Rintitin a menina na Lasie e o menino no Benge, os três se transforma nos cachorros das series e perseguem o Barão, Donizete alcança ele e morde o osso da canela dele, der repente os seus ossos caem no chão e a menina também vira esqueleto e o menino também, Donizete está com um osso humano na boca, dentro de uma cabana, onde haviam dois esqueletos e agora do lado de fora o Barão estava na forma de um esqueleto e montava um cavalo de esqueleto também, o chão da cabana estava forrado de lesmas amontoadas.
Ele acorda assustado . 
- Acordou a Margarida? Diz a sua tia Olga. 
- Onde estou ? 
- Você está na minha casa, você dormiu por dois dias direto, deixou todo mundo preocupado, você quer alguma coisa?
– Está com fome?  
- Está tudo escuro. 
- É porque ainda são 04:00 horas da madrugada, você quer alguma coisa? Se não vou voltar a dormir . 
Donizete faz que não com a cabeça e se deita, o silêncio tomava conta do quarto é quebrado pelo barulho do relógio. Tic, tac, tic, tac, tic, tac. 
Uma voz sussurra no seu ouvido, ele se assusta  e procura de onde veio aquela voz, verifica se a sua tia já estava dormindo.
 - É não foi ela, ela já está até roncando.  
A voz sussurra novamente e agora ele entende o que a voz dizia: “Muro, Muro” ele se levanta e sai pela porta da cozinha, caminha até o muro do quintal que fazia divisa com o cemitério.
O muro estava tomado pelas lesmas , que estavam muito agitadas, ele coloca a mão nelas e elas o carregam até o topo do muro onde a voz ficou mais auditiva, ele não estava com medo, sentia que podia confiar naquela voz, bruscamente ele sente um tranco no corpo que o arremessa longe do muro, jogando –o no jardim do quintal desmaiado. 
A dona Zulmira sai na porta da cozinha procurando pelo Donizete, como ela não havia encontrado ele na cama e encontra a porta da cozinha aberta  e o encontra inconsciente no meio do jardin.
 A sua mãe grita pela irmã, para que ela a ajude carregar ele para dentro da casa, elas o carregam para dentro da casa e quando ela o deita na cama, percebe que na sua testa havia uma mancha, como se alguma coisa o havia queimado, ela passa a mão para limpar.
– Ah não é nada é só sujeira. 
- Ufá que susto , eu não vou trabalhar hoje de novo e vou ficar aqui com ele, cuidando dele o dia inteiro, mas porque ele estava no quintal? 
A irmã balança a cabeça não sabendo uma resposta para a pergunta da sua irmã, mas comenta. 
- hoje de madrugada ele despertou por volta das 04:00 horas , eu perguntei se ele queria alguma coisa ele disse que não, então voltei dormir e só acordei agora com os seus gritos. 
- Estranho, será que ele saiu e desmaiou no jardim , só pode ter sido isso.  
Dona Zulmira falta no serviço, para não ficar com peso na consciência e faz todas as vontades dele, o paparica e é muito carinhosa com ele durante todo o dia.  
Anoitece e sobre a música do relógio, todos tem uma noite tranquila . 
Capítulo X 
Na manhã seguinte. 
Sua mãe o beija e abraça ele e diz: 
- Se comporta e obedece a sua tia, que hoje eu tenho que ir trabalhar sem falta, se eu faltar mais um dia, ele vão me mandar embora. 
Donizete faz que sim com a cabeça e acompanha a sua mãe até o portão, ela o beija novamente e dai para a rua.
Ele fica olhando até ela sair da viela. 
Quando ele olha para trás a sua tia o observava, ela estava usando um lenço, que encobria os bobs enrolados no seu cabelo, presos com grampos.
Ela dá uma tragada no cigarro de palha e a luz da brasa do cigarro ilumina o seu rosto, destacando a verruga preta em cima da sua boca. 
- Vem cá menino!
– vamos conversar, senta aqui na varanda com a tia.
Ela se senta em uma cadeira de balanço e os cachorros se deitam ao seu lado, Donizete se aproxima e senta no degrau da varanda e a sua tia pergunta para ele. 
- você gosta da casa da tia.  
- Antes eu tinha medo daqui, tinha medo, da boneca que a senhora coloca em cima da cama, tinha medo do barulho do relógio despertador, medo dos cachorros e principalmente, tinha medo por ser do lado do cemitério, mas agora eu gosto daqui, tem alguma coisa que me faz muito bem. 
- Você tinha medo porque fica ao lado do cemitério? 
- você tem que ter medo dos vivos e não dos mortos. 
- Não é só por isso não, eu não sei se a senhora lembra?
- Mas quando eu era criança eu vi um fantasma aqui , a senhora não se lembra disso?  
- Para de besteira menino, lá vem você de novo com essa história, você estava sonhando. 
- Não era sonho não, a senhora mesma disse que o antigo dono dessa casa, se matou enforcado lá na lavanderia. 
- Isso realmente aconteceu, porém não tem nada haver com o que você acha que viu? 
- A senhora fala isso porque não foi com a senhora, eu me lembro como se fosse ontem e eu tinha dois anos de idade, quase três.
- Eu estava no meu berço brincando e o meu pai e a minha mãe, dormiam na cama ao lado, de repente surgiu um homem ao lado do meu berço, ele era todo colorido e se aproximou de mim, ficou me olhando por um tempo e de repente ele abriu a boca bem grande e me atacou, mas eu dei um soco nele e a minha mão entrou pela boca dele e ele sumiu e foi ai , que eu me assustei, pulei do meu berço e acabei caindo de cara no chão e me machuquei e ficou essa cicatriz em cima do meu nariz, o resto a senhora já sabe. 
- Onde já se viu, até parece que você iria se lembrar disso tudo, assim com tantos detalhes daquele dia. 
- O que você teve foi um pesadelo e achou que aquilo fosse real. 
Donizete coça a cabe e olha para a sua tia que o chama para entrar. 
- Vem eu tenho que preparar o almoço e para não perder você de vista, fica aqui no sofá assistindo desenho. A sua tia liga a televisão que demora um pouco para aparecer a imagem, porque a televisão era de válvulas e tinha que esquentar um pouco para aparecer a imagem. 

Capitulo XI 

A Imagem aparece e a sua tia coloca no desenho do Pica-Pau. 
- Isso deixa ai tia, obrigado. 
Ela o deixa ali assistindo o desenho e vai para a cozinha preparar o almoço.  
Donizete assistia o desenho vidrado e começa a escutar uma voz sussurrar, ele imagina que aquela voz vinha do chiado da televisão e ignora, mas a voz sussurra novamente e ele começa procurar de onde vinha aquela voz, vai até a cozinha olha para a sua tia que estava ouvindo música no seu radinho e imagina.
– Acho que é o radio dela. mas assim que ele se vira a voz sussurra mais forte, e ele percebe que a voz vinha do lado de fora da casa, ele sai pela porta da cozinha e assim que ele chega no quintal e avista um alinha de pipa caída no quintal, ele pega a linha e começa a puxar e sente que tinha alguma coisa na linha, a linha estava passando por cima da rede elétrica, pelo fio de alta tensão que passava em frente a saída da viela da casa da sua tia, ele vai acompanhando a linha até o portão, ele abre o portão e vai chegando, cada vez mais perto do fio de alta tensão da rua.
Quando ele fica bem perto do fio, o mesmo menino da outra vez, aparece e toma a linha da mão dele. 
- Me dá aqui essa linha, agora esse pipa vai ser meu, vai ficar no lugar daquele que você pegou. 
 O menino começa a puxar a linha e nada do pipa sair e os fios começam a balançar, cada vez que o menino puxava a linha para o pipa sair, os fios balançavam .
– É eu acho que não vai sair não, vou ter que laçar com laça gato com uma pedra amarrada em outra linha, vou usar essa linha de pesca que é mais forte e puxar com força.
O menino amarra um pedra na ponta da linha de pesca, que era mais forte, e arremessa a pedra em direção do pipa enrolado no fio e começa a puxar, até quase arrebentar o fio de alta tensão, ele balança o fio com tanta força que encosta um fio no outro que dá um estouro na rua deixando algumas casa sem força.
A Tia do Donizete escuta o barulho e o seu radio parou de funcionar, ela procura pelo Donizete na sala e percebe que ele não estava lá , ela sai para o quintal e vê o portão aberto e corre atrás dele, ela o avista na calçada.  
- Menino !
– O que você está fazendo na rua, entra já! 
Donizete dá de ombros para ela. 
- Ah !! – Espera só que você vai ver uma coisa.
Ela arranca três folhas do vaso de Espada de São Jorge e vai na direção dele. 
Quando a tia dele se aproxima, ele corre e se esquiva da tentativa dela de acertar ele com a folha de espada de são Jorge.
Os cachorros saem do quintal também e avançam no Donizete, que tentava chutar eles. 
A sua tia vira para o outro menino que estava puxando o fio e diz:
- Você de novo? Me dá essa linha aqui e some daqui! 
O menino não solta a linha e a tia Olga puxa a linha com força para arrebentar a linha mas o que arrebenta é o fio de alta tensão, que se solta do poste e desce chicoteando, soltando faísca para todo  , eram faíscas de 12000 volts , e a sua Tia tenta correr, mas quando ela se vira o chão a sua frente está tomado por lesmas, ela se assusta e dá um passo para trás e uma das chicoteadas a acerta ela e paralelamente acerta o menino também que estava encostado nela e ainda segurando a linha junto com ela e os dois são eletrocutados, os corpos dos dois vibravam com a força da energia, os cachorros vendo o fio balançando avançam no fio e ficam grudados também, a força do choque era tão forte, que os bobs da cabeça da tia Olga, começam a ser  lançados como fogos de artifícios, um por um e o cabelo dela ficou todo em pé e um cheiro de queimado ficou no ar  e os corpos começaram a pegar fogo.
Neste exato momento o segurança do cemitério que passava na rua do outro lado da calçada, vê aquela cena e avista o Donizete muito perto do perigo, ele corre em direção dele para salva-lo, quando o segurança dá dois passos na rua uma moto que descia em alta velocidade o atropela, o corpo do segurança sai voando alto e o motoqueiro cai e sai arrastando pelo asfalta e atrás dele vinha a moto rodando pela rua e quando o corpo do motoqueiro parou, mas a moto que vinha atrás o acertou com força. Donizete acompanhava com os olhos aquela cena do atropelamento, volta a colocar os olhos na sua tia, que agora estava escura como carvão, o corpo dela estava carbonizado colado com o corpo do menino e os cachorros também já estavam todos queimados, estavam pretos, de repente o transformador do poste explode acabando assim de vez com a energia elétrica, e o corpo da tia e do menino caem carbonizados no chão. As pessoas correm para tentar socorrer ainda , mas não tinha mais o que fazer, outras pessoas corriam para tentar socorrer o segurança e o motoqueiro, as pessoas levantam o motoqueiro, que pelo fato de estar bem equipado, teve só algumas escoriações, mas quando as pessoas se aproximam do segurança, constatam que também não tinha mais o que fazer, ele estava morto, o para lama da moto havia feito um corte muito profundo na sua cabeça, que dava para ver o cérebro , através do corte, o estranho é que não saía nenhum sangue pela ferida branca.  

Capitulo XII 
No enterro da sua tia Olga, todos choravam e naquele mesmo cemitério, três corpos eram enterrados, Tia Olga, O menino e o segurança. 
Mas de tudo aquilo, o estranho era que todos estavam sendo enterrados na região onde eles viviam, a Tia Olga o cemitério era praticamente no quintal dela, porque o muro do cemitério fazia divisa com a casa dela, o menino tinha o cemitério como  o quintal da sua casa também, estava o tempo todo no cemitério, ora brincando de esconde-esconde, policia e ladrão ou empinando  pipa e o segurança, o cemitério era a sua segunda casa ele mais vivia ali do que na sua própria casa, porque era o seu trabalho e todos se conheciam, o segurança sempre deseja bom dia para a tia Olga, as vezes bom dia e boa tarde, na ida e na volta do trabalho,  o menino e o segurança eram velhos conhecidos, aquele menino estava o tempo todo aprontando no cemitério, hora pegando resto de vela para fazer tocha de balão ou pegando crânios, para vender para roqueiros, que curtiam esses tipos de coisas e o segurança vivia pegando ele no flagrante e o levando para os seus pais, para resolver aquela situação, teve uma ocasião, que a família estava desenterrando o seu ente querido, e o menino estava no meio como se fosse da família, o coveiro retirava os restos mortais e os ossos do caixão todo podre enquanto eles conversavam como ele havia morrido e no comentário feito pela mãe do defunto, que havia morrido por traumatismo Craniano, o coveira retira  a cabeça do caixão e mostra para a família, eles pediram para ele virar a cabeça e atrás tinha uma rachadura e a mãe do defunto comenta:
-“Foi por aqui que ele morreu, ele caiu com essa parte da cabeça para trás e rachou o crânio bem aqui atrás” o menino viu aquela rachadura e achou interessante para vender para os roqueiros e ficou ali no meio da família e até fez uma pergunta, como se não quisesse nada:
- “E depois do senhor fazer esse serviço, o senhor consegue comer normalmente” e o coveiro respondeu para ele “Sim como normalmente , se tivesse uma maionese aqui agora eu a comeria” respondeu o coveiro retirando uma costela e colocando no saco de ossos.
O menino esperou a família ir embora e tentou pegar aquele Crânio, mas para o azar dele o coveiro havia avisado o segurança que o menino estava lá e o segurança ficou só de longe observando e esperando ele tentar fazer alguma coisa e dito e feito, quando o menino tentou sair do cemitério com o crânio em uma sacola o segurança pegou ele pelo braço e o levou até os seus pais, que ficaram horrorizados com aquela situação.
O menino e o coveira eram velhos conhecidos devido a essas peraltices dele.  
As primas do Donizete choravam muito no velório da mãe, na sala do velório ao lado escutava-se os gritos da mãe do menino, na sala do velório do segurança, haviam poucas pessoas, eram mais os funcionários do cemitério que estava velando o corpo do amigo de trabalho, porque ele não tinha família.
O caixão da tia Olga estava lacrada, por causa das condições que o corpo se encontrava, e o caixão usado para o enterro dela, foi um caixão de criança, porque o corpo dela estava pequeno por ter sido eletrocutado, o que facilitou o serviço dos coveiros, que não precisaram de corda para descer o corpo na cova, porque estava muito leve e assim o enterro foi rápido.
Donizete estava agarrada na mão da sua mãe, que chorava muito e eles observavam os coveiros terminarem o serviço colocando cimento nos tijolos lacrando a sepultura, assim que os coveiros terminam, as pessoas vão saindo uma por uma, dona Zulmira se vira e vai saindo também de mão dada com o Donizete, eles caminham vagarosamente até que o Donizete escuta aquela voz sussurrar no seu ouvido, ele olha para a mãe, para ver se ela também havia escutado, a sua mãe o olha com lagrimas nos olhos sem entender nada e dá de ombros, um vento forte arranca o lenço da cabeça dela e leva para longe. 
- Eu pego para a senhora mamãe. Ele solta da mão da mãe e a sua mãe grita. 
- Donizete! Querendo segurar ele. 
Ele corre pelos espaços entre os túmulos até pegar o lenço, quando ele levanta o lenço toma um susto, haviam varias lesmas embaixo do lenço e ele reconhece a cova que estava a sua frente, era a mesma cova que ele havia caída dentro dela, a tampa já estava consertada, e nas fotos do tumulo, lá estavam a família do barão em pequenas fotos separadas, A foto do barão,  da sua esposa, do seu filho, da filha e também tinha ali a foto de outros parentes, que foram enterrados na mesma cova, as lesmas entram na cova, Donizete as observa entrarem na cova até que a sua mãe o chama. 
Capitulo XIII 
Dona Zulmira avisa Donizete na recepção do Colégio interno. 
- Agora eu preciso que você se comporte, porque eu não tenho mais com quem te deixar. 
Donizete confirma balançando a cabeça, a sua mãe lhe dá um beijo na testa e o entrega para freira, que o leva para o corredor . 
Ele chega no pátio do colégio e é abordado por um monte de crianças que perceberam que ele chegou carregando uma sacola cheia de doces e ele tenta fugir indo de um lado para o outro, mas a molecada continuava indo atrás dele até que a Freira superior interfere e pega a sacola dele .  
- Deixa a sacola comigo que eu vou dividir com as outras crianças .   
A Freira pega a sacola da mão do Donizete e acaba com a festa, ela o leva para sua sala e fecha a porta.
Donizete olha a porta fechada e dá de ombros, as crianças se dispersam e a freira começa o seu sermão. 
- Espero que você esteja melhor de saúde e de comportamento, não quero ver você envolvido em confusão, o Padre Domingos, quer que eu vigie você de perto, não quer que eu te perca de vista por nenhum minuto, então o que eu te peso é que não faça nada errado que eu vou estar no seu encalce, ou você prefere o Sr. Leão? 
Donizete passa a mão no braço, só lembrando dos beliscões, e balança a cabeça em sinal de reprovação.  
A Freira abe a porta e ele caminha até o seu quarto para deixar a sua mala no armário ele se deita um pouco para relaxar  e adormece, ele acorda já está tudo escuro, as crianças a sua volta já dormiam, ele sente uma sede muito forte e vai no banheiro beber água da torneira do banheiro, ele estava com muita cede e bebe muita água, mas parecia que a sua cede não passava e assim ele bebe mais água e fica com a barriga bem cheia e volta para a cama, ele tenta dormir, mas se sente enjoado e dá ânsia de vomito, ele corre para o banheiro e vomita só água. 
Ele pensa:
- Puxa vida será que vou ficar doente de novo, o pior foi o que a minha mãe me avisou, ela não tem mais com quem me deixar, vou ter que fingir que estou bem, não posso deixar que ninguém perceba e assim ele fica num vai vem do banheiro a noite toda, sem deixar que alguém perceba. 
Na manhã seguinte ele acorda com um dor de cabeça e estava uma falação no quarto as crianças estavam excitadas, era o dia que antecedia o dia das crianças e nesse dia a comunidade e as empresas e instituições se uniam e faziam uma grande festa no Colégio, as crianças adoravam, eles levavam brinquedos, pacotes de doces.
A festa acontecia no período da manhã até a hora do almoço, como o feriado era só no dia seguinte, eles tinham que ter aula no período da tarde.
Donizete fica encantado com tantos doce e brinquedos que até melhora, ele se encanta com tantas pessoas e faz amizade com uma menina chamada Ana, ela era linda Loirinha de olhos azuis, parecia uma anjinha, ele fica encantado com ela, eles brincam muito, se divertem dão muitas risadas.
A Ana era filha de um dos coordenadores da festa e por esse motivo ela estava lá, mas o tempo passa rápido e logo depois do almoço  eles tiveram que se separar e o Donizete vai para sala de aula. 
Ele se despede dela com muito pesar.
-Agora tenho que ir para aula, a minha sala é aquela de numero quatro, antes de você ir embora passa na porta para me dar um tchau. 
- Tá bom eu vou e ainda vou pedir para a professora deixar eu falar com você, quem sabe ela deixa né. 
- Legal , faz isso! 
Ele entra na sala todo esperançoso comendo os últimos docinhos que estava dentro de um saquinho de papel, ele se senta na carteira de costa para a porta e não a vê a professora chegando, ele limpa a mão suja de açúcar enche o saco de papel com ar como se fosse uma bexiga e o estoura, batendo com a outra mão.
Boom!!
A professora se assusta.   
- O que é isso menino? – nem bem voltou e já está aprontando, já pro castigo, anda fica de cara para a parede atrás da porta.
E a professora pega ele pela orelha e o coloca atrás da porta, que estava entre aberta e deixava assim um fresta entre a porta e parede e por essa fresta ele avista a Ana se aproximar da sala de aula.- 
- Psiu!! Ana , aqui !  
- O que você está fazendo ai?  
- Estou de castigo.  
A professora escuta a conversa deles.  
- Com quem você está conversando ai? 
A professora abre a porta totalmente e se depara com a Ana, que estava junta com uma outra menina. 
- O que você quer menina?  
- Eu posso me despedir do Donizete professora? – Ou posso falar com ele. 
- Não, não pode, ele está de castigo e você  não fica ai cochichando com ele, porque está atrapalhando a minha aula, ou vou pedir para ir chamar o teu pai . 
A professora fecha totalmente a porta, fechando a fresta do canto da parede, mas fica uma pequena fissura entre a porta e a parede e por essa abertura, Donizete ainda conseguia ver um olho azul olhando para ele e ela fala baixinho para ele. 
- Tchau amiguinho, espero um dia te encontrar novamente, um beijo. 
Donizete pisca e manda um beijo que estrala e a professora escuta e o puxa para colocar ele do outro lado da sala, mas antes da professora puxar ele, ele ainda conseguiu ver a Ana mandando um beijo para ele assoprando.
 A professora coloca ele do lado oposto da sala e ele fica ali com a imagem da Ana te mandando um beijo. 
A aula acaba e a professora o dispensa do castigo e quando ele se vira, havia uma das freiras na porta da sala, e em todas salas havia uma freira na porta e elas pedem que saíssem todos em fila e que entregasse os sacos de doces ou o que sobrou, para que elas guardassem.  
Quando chega a vez do Donizete a freira pergunta.  
- Cadê o seu saco de doce?  
- Eu comi tudo.  
Ele olha para a professora que levanta o saco estourado da mesa dela. 
A freira balança a cabeça e o deixa sair.  
Ele sai rápido na esperança de encontrar a Ana e corre até o portão principal, mas já era tarde, e ela já havia ido embora, ele volta para junto das outras crianças, que caminhavam em fila para o refeitório, para o chá da tarde. 
Ele caminhava como se estivesse nas nuvens, ele achava que ela era um anjo e ficava recordando o beijo soprado. 

Capitulo XIV 
Quando de repente ele é subitamente empurrado por um menino negro, que estava junto de mais quatro meninos. 
- Por causa de você nós não conseguimos fugir no dia do incêndio, os Padres e as freiras ficaram nos vigiando o tempo todo, é só dava para fugir aquele dia, já estava tudo planejado, estava tudo certo para fugirmos pela floresta da Mão Vermelha. 
Os meninos chamavam assim uma pequena reserva de arvores que tinha atrás do colégio, porque para chegar nela, tinha que passar pela parede sagrada, onde havia a mancha de sangue que parecia com uma mão.  
- Pela floresta da mão vermelha? Pergunta o Donizete. 
- É pela floresta da mão vermelha. Responde o menino. 
- Mas vocês não tem medo?  Pergunta o Donizete.  
- Medo?
– Não me faça rir, essa história da mão vermelha é só para os otários como você.  
E o Menino dá um soco no Donizete, dois meninos seguram o Donizete e o menino negro que era mais velho que ele, ele era da terceira série e o Donizete ainda era da primeira série.   
Agora para recompensar essa mancada, você vai ter que fazer troca a troca comigo. Diz o menino. 
- Troca-troca, mas eu não quero trocar nada com você. Diz o Donizete. 
Os meninos dão risada. 
- Muito engraçado, hoje a noite você vai me encontrar no final das escadas, depois que todo mundo estiver dormindo. 
Os meninos soltam ele e ele passa a mão no nariz, para limpar o sangue e usa a gola da camisa para limpar o resto.
Donizete entra no refeitório procurando pelo Alfredo, que estava no segundo ano e sabia mais das coisas do que ele, ele o encontra sentado em um canto do refeitório, se aproxima dele e diz. 
- Preciso falar com você. 
Alfredo olha para ele  e diz . 
- Pode falar. 
- O que é troca-troca? Pergunta ele sem malícia. 
Os meninos que estavam sentados na mesma mesa que eles dão risada e o Alfredo ri também e diz. 
- Porque você está perguntando isso?  
Donizete percebendo que todos ouviam a conversa e riram quando ele falou troca-troca. 
- Deixa depois a gente conversa. 
Ele pega a sua caneca plástica cheia de chá e meia dúzia de bolachas  e volta para a mesa do Alfredo, que agora só estava ele e mais um menino, que já estava saindo. 
Donizete se senta ajeita o seu chá e as suas bolachas . 
O Alfredo estava olhando para ele dando risada, quando o outro menino já estava bem longe.  
- Então Alfredo o que é fazer troca- troca? 
Alfredo da risada de novo e pergunta. 
- Mas porque você quer saber?  
Donizete conta toda a história para ele  e o sorriso do rosto do Alfredo desaparece. 
- Aquele menino da terceira série ? 
Donizete confirma balançando a cabeça. 
- Tinha que ser ele.  Afirma o Alfredo e explica par ao Donizete o que era troca-troca. 
- Troca –troca é quando dois meninos se beijam. 
- Faz o que? – que nojo!!  
- Mas não é só beijo, eles também faz igual o que o seu pai faz com a sua mãe. 
- Como assim ? 
Você não sabe, o que os seus país fazem quando ficam sem roupa  e começam a se esfregar um no outro. 
Vem na lembrança do Donizete, uma vez que ele escutou um barulho no quarto dos seus  pais  e parecia que a sua mãe estava chorando, mas não era choro era mais para um gemido, e ele espiou pelo buraco da fechadura e viu a sua mãe de bruços  e o pai dele se esfregando nela  e cada vez que o pai dele se esfregava mais forte nela, mais ela chorava mais alto, fazendo aquele barulho estranho, parecia uma gata miando.  
- Ah então é isso? – Credo que nojo!! 
Alfredo fica olhando para o Donizete rindo muito e lembra de mais um detalhe. 
- Ah tive uma ideia, no troca-troca começa primeiro quem ganha no par ou impar, ou.. 
- Ou o que?  
- Ou no cara e coroa.  
- E daí? 
- E daí que eu tenho uma moeda no meu kit de mágico que funciona da seguinte maneira, elas são de ima com os polos negativo e positivo. 
- Ah? 
- Ou seja, quando elas estão separadas são moedas comuns, com cara e coroa, mas quando juntadas a moeda pode ficar com duas caras ou duas coroas. 
- E daí? 
- Como e daí ?
- É simples tudo o que você tem que fazer e ganhar no cara e coroa, juntando as moedas sem que o menino do terceiro veja e escolha o lado que você deixar para fora, assim você começa primeiro na posição do papai  e podemos ganhar tempo para dar um susto nele ou avisar o inspetor Leão, que tem alguns meninos fora da cama e você sai ileso, vocês tem que ficar bem debaixo da escada, na ponta, quando você avistar a lanterna do seu Leão, como você vai estar por cima, você consegue fugir fácil, porque até o outro menino levantar e vestir a roupa dele o Leão já o pegou , como você vai estar na saída do corredor da parede da mão vermelha. 
- No corredor da mão vermelha de madrugada, não inventa, nem a pau Juvenal. 
- É coisa rápida, fecha os olhos e sobe as escadas que dá acesso aos quartos correndo, tá bom medroso?  
Donizete balança a cabeça dizendo que sim, mas foi um sim meio que dizendo não. 
Os dois saem do refeitório e sobem em direção da sala de televisão, quando eles passam pelo Gira-gira, o menino do terceiro aponta para o Donizete e para o relógio do pulso, sinalizando para que ele não esqueça da hora e diz. 
- Não esquece hoje você tem um compromisso comigo. 
- Alfredo como você sabia que era esse menino? 
- ele vive fazendo isso, ele já tentou comigo também e eu escapei, por isso tive essa ideia para te ajudar, eu também estava na primeira série na época e ele na segunda, ele me abordou e disse que me daria uma surra se eu não fizesse isso com ele, então nos marcamos de se encontrar atrás da escada da quadra , e foi nesse dia que eu fiquei sabendo o que era fazer troca-troca, e havia um menino que não sabia também o que era fazer troca-troca e este menino queria um brinquedo meu, eu disse para ele, você vai no meu  lugar e eu te dou o meu brinquedo que você quer, se a troca que ele quiser fazer, for melhor, você pode trocar com o brinquedo que eu vou te dar.
E como o menino queria muito aquele carrinho e não sabia o que era ele foi no meu lugar, na manhã seguinte esse menino apareceu sangrando na bunda, tiveram que levar ele para enfermaria, e o menino do terceiro, que na época era do segundo ficou um mês sem visita, foi só ai que eu entendi o que era isso e que não era nada bom, eu achei estranho ter que fazer um troca escondido de madrugada e eu tinha muito medo de sair de madrugada pelo colégio e isso me salvou, era para ser eu naquele dia e descobri que isso não era nada bom dessa maneira. 
Donizete fica pensativo e depois de assistirem alguns desenhos, já estava na hora da janta e  eles retornam para o refeitório e depois de jantar eles subiram para o quarto para pegar a moeda. 
- Eu vou te ensinar como funciona a moeda  e te ensinar para não fazer errado esse lado que tem o relevo é a cara, e parte lisa é a coroa, tudo o que você tem que fazer e disfarçar a atenção dele para a mão que você vai jogar a moeda, enquanto ele se distrai, você prepara a outra com a outra mão tateando, e depois para a moeda desgrudar caso ele queira ver o outro lado é só empurrar esse pequeno pino no meio da cara, está vendo bem discreto, você também sente com o tato,  entendeu? 
- Entendi .  
- Então treina.  
Donizete treina, varias vezes e enquanto isso eles ficam ali conversando, até que as crianças começam a chegar no quarto para dormirem. 
- Está chegando a hora. Diz o Alfredo. 
Eles se deitam como de costume  e esperam o horário. 
De Madrugada no horário combinado Donizete se levanta e vai até a cama do Alfredo. 
- Vamos Alfredo!  
- É vamos lá Donizete. 
Donizete espia pela porta o corredor para ver se o inspetor Leão estava por ali, fazendo o turno dele, ele verifica. 
- Tudo limpo vamos ! 
Alfredo vai logo atrás dele até a ponta da escada para esperar a hora certa de avisar o inspetor Leão.  
Donizete Desce as escadas até o final e toma um susto com um vulto que estava no escuro.  
- Aqui, estou aqui.  
Pelo fato do menino ser negro, só se enxergava os dentes e o branco dos olhos dele no escuro, parecia que estava camuflado. 
O menino vem para a luz da escada na direção dele e diz. 
- Perfeito, agora nós temos que tirar par ou impar para ver quem começa. 
- Não vamos no cara e coroa, eu tenho uma moeda. 
- Mas ai está muito escuro não dá para ver nada. 
- Vem mais para cima, sobe mais um degrau aqui vem aqui na luz da escada, aqui tem um pouco mais de luz e dá para ver  a moeda.
O menino sobe no degrau onde estava mais claro.  
Donizete pega moeda e mostra para o menino e pergunta para ele. 
- O que você quer? – Cara ou Coroa? 
- Quero coroa. Diz o menino 
- Ok. Donizete estende o braço esquerdo se preparando para jogar a moeda, ele coloca a mão direita atrás da costa, tateando para sentir o relevo da moeda, se o relevo mais alto estava dos dois lados, ficando assim cara de ambos os lados da moeda, conferido que estava tudo certo, Donizete joga a moeda para o alto rodando a pega e a bate no antebraço esquerdo. 
- Cara !
– Eu ganhei, eu começo.
Donizete puxa a moeda do braço já apertando o pino no meio da cara da moeda e as separa, segurando  uma com a mão direita e a outra com a mão esquerda separando-as.  
- Deixa eu ver essa moeda. Fala o menino. 
Donizete mostra a dá mão esquerda e coloca a da mão direita no bolso, o menino confere a moeda e constata que a moeda tinha coroa e cara e concordando com a cabeça ele fala. 
- Tá certo você ganhou.  
Donizete dando um sorriso amarelo, levanta a sobrancelha e diz uma palavra monossilábica. 
- É. 
- Então vamos, vem aqui embaixo dessa escada, você  começa. 
- Essa não, vamos na outra, lá ninguém vai nos escutar.  
Eles caminham até a outra escada e o Donizete dá uma verificada entre os vãos da escada para conferir se o Alfredo estava lá e sinaliza a para ele, que era a hora de chamar o Inspetor Leão. 
O Alfredo bate no quarto do inspetor Leão, que abre a porta na primeira batida. 
- O que você quer? 
- Eu acho que alguns meninos saíram do quarto. 
-como ? 
- Eu fui no banheiro e vi dois vultos descer pela escada da Cozinha, tomei um susto  
achando que era fantasma. 

- Que fantasma o que menino, isso não existe, deixa eu ir verificar isso, na escada da cozinha né? 
Alfredo balança a cabeça dizendo que sim. 
O menino entra debaixo da escada e o Donizete logo atrás.  
- Aqui está bom. 
_- Não vem mais para a ponta, que daqui eu consigo vigiar. 
Diz ele planejando a sua fuga. 
O menino abaixa a calça do pijama e se deita de bruços no chão.  
Donizete fica olhando até que o menino replica. 
- Você vai,  ou não vai? 
Donizete abaixa a calça e se deita em cima do menino sem fazer nada, não fazia nada só ficava ali parado enconchando a bunda do menino, só esperando o aviso do Alfredo . 
O menino retruca . 
- Chega agora é a minha vez. 
- Ainda não, fiquei pouco tempo, quero mais tempo. 
Donizete enrola o menino até a hora que aparece a luz da lanterna do inspetor Leão no final da outra escada, ele se levanta já puxando a calça rápido, mas sem deixar o menino perceber.  
O menino diz. 
- Pronto agora é a minha vez. 
Quando o menino vai se levantar o inspetor dá um grito . 
- Quem está ai? 
Donizete rapidamente sobe a escada correndo deixando o menino lá despreparado, que tenta correr com as calças arreadas e cai ele tenta se levantar e vestir  a calça, mas o Inspetor entra no corredor e coloca o facho de luz da lanterna no menino que tentava se levantar, e sai correndo tentando levantar a calça.
O Inspetor Leão focaliza a o flash de luz na bunda do menino e identifica que se tratava de um menino Afro descendente, que havia corrido para a escuridão. 
Donizete sobe correndo todos os lances de escadas até chegar no corredor que dava acesso aos quartos, ele tenta ser o mais rápido possível e não fazer barulho, porque no quarto branco e rosa, sempre ficava um freira para cuidar deles, mas na verdade eles ficavam ali para proteger esses meninos dos meninos do quarto cinza, que era vigiado pelo Inspetor Leão, mas eles revezavam e quando isso acontecia, elas ficavam responsável pelo quarto cinza também e naquela noite antes do Inspetor Leão descer para verificar quem estava fora da cama, deixou as Freiras em alerta e o Donizete percebe uma das Freiras na porta do quarto rosa, ele estava de costa, então ele vai pelo canto da parede até a porta do quarto cinza e tenta abrir a porta sem fazer barulho, ele a abre sem fazer barulho mas na hora de fechar a porta bate, ele pensa rápido e em vez de ir para a cama dele ele vai para o banheiro para disfarçar espera um pouco e aperta a válvula da descarga para disfarçar que estava usando o banheiro, lava as mãos o rosto e sai do banheiro, ele dá de frente com a Freira, que estava na porta do quarto rosa . 
- O que você está fazendo fora da cama? 
- Nada, eu só vim no banheiro. 
- Então volta para a sua cama, que parece que tem alguns garotos estão fora da cama. 
Ele caminha até a sua cama se deita e faz sinal de OK para o Alfredo, que também já estava na sua cama. 
A Freira sai do quarto e os dois dão risadas, mas não se levantam para conversar. 

Capitulo XV 
Na manhã seguinte, todos dormem um pouco além do horário de costume, como era feriado, eles não iriam ter aula, por causa do feriado do dia das crianças e da Nossa Senhora de Aparecida. 
Todas as crianças formavam a fila na saída dos quartos para o refeitório e o inspetores procuravam pelo menino negro, que não havia voltado para a sua cama e até aquele momento ninguém havia conseguido encontra-lo.  
O Inspetor Leão havia flagrado ele fora da cama na noite passada e sabia que era ele, porque ele era o único menino negro do quarto cinza e quem  ele havia visto embaixo das escadas era um menino negro. 
O Inspetor Leão estava nervoso querendo encontrar ele. 
Todas as crianças descem para o refeitório, para tomarem o café da manhã . 
O Inspetor Leão e as Freiras procuravam pelo menino que até aquele momento não havia parecido. 
Todos estava acomodados nas mesas tomando os seus desjejum, uma Freira entra gritando e chorando. 
- Ele está morto, o menino morto está morto. 
As Freiras a abraçam e algumas crianças saem correndo para ver o que estava acontecendo, quando elas chegam na arquibancada de onde dava para ver a piscina, eles avistam o corpo do menino negro pelado boiando na piscina. 
As crianças começam a se agrupar ali na arquibancada, até que as Freiras os tiram dali para que não vejam aquela cena.
Os padres tiram o corpo do menino da piscina e quando eles o colocam no chão lateral da piscina, do seu corpo começa a sair lemas da sua boca e do  seu anus dele.
As crianças são dispensadas para o outro lado do colégio e a policia é chamada para investigar o que estava acontecendo.
A policia chega investiga tudo anota tudo, tiram fotos e o IML é chamado para levar o corpo do menino, conforme eles iam transportando o corpo até uma gaveta de zinco, lesmas iam caindo pelo chão, eles colocam o corpo do menino na gaveta, onde já havia alguma lesmas se debatendo para sair da gaveta.  
A policia leva o corpo do menino embora e as crianças estavam todos agitados, as Freiras tentavam distraí-los , para que não ficassem traumatizados com aquela cena e levam todos para a igreja, para rezarem, eles rezam até a hora do almoço. 
No almoço foi servido espaguete com salsicha, o preferido do Donizete que estava muito tranquilo; ele se senta junto do Alfredo para tentar conversar, sobre o que poderia ter acontecido com o menino, mas eles não conseguem conversar porque a mesa estava cheia de outras crianças e eles iriam demorar para saírem da mesa. 
Donizete come a macarronada dele e  deixa a salsicha por ultimo, para ele comer do ela do jeito que ele gostava de comer, comia primeiro a casca deixando o recheio por ultimo. 
Aquele dia como era dia das crianças e da Nossa Senhora de aparecida, as Freiras haviam preparados uma sobremesa especial para eles, haviam feito saquinhos com doces que eles haviam apreendidos e separado igualmente, os doces eram colocados nas mesas em potinhos. 
Quando a Freira coloca o doce do Donizete na sua frente ela percebe que no pote de doces do Alfredo havia mais doce que no dele e era os doces que a Freira havia aprendido dele outro dia e pede para que o Alfredo não comesse aqueles doces  e que trocasse com ele de potinho, Alfredo vendo que o pote do Donizete tinha um doce que ele gostava, troca com ele. Donizete pega o seu pote se levanta e vai na direção do menino que havia dado urina para ele beber.
Quando ele chega perto do menino ele finge que a tropeça e derruba todos os seus doces no pote do menino que tinha dado urina para ele, o menino o empurra e diz. 
- sai fora que agora esses doces são todos meus, quem mandou você derrubar aqui na minha mesa, vai sai fora.
Donizete pega o seu pote vazio e o coloca para lavar e sai do refeitório, Alfredo vinha logo atrás enchendo a mão com o s doces e o deixa para levar também. 
Já fora do refeitório no pátio, Donizete e o Alfredo conversam . 
-  O que será que aconteceu com o menino ontem?
 – quem será que fez aquilo com ele? Diz o Alfredo. 
- Eu não sei, eu fiz como nos combinamos, no momento que o Inspetor Leão apareceu corri pelas escadas e fui direto para o quarto e fiquei esperando para ver o que iria acontecer e fiquei esperando o menino aparecer, para dar a desculpa que nos combinamos, mas ele não aparecia, então eu pensei que o Inspetor Leão tinha colocado ele de castigo em outro lugar . 
- É mas o castigo dele foi bem ruim, você viu que coisa horrível? ´ 
É  foi horrível mesmo. 
Capitulo XVI 

A conversa dos dois é interrompida, porque as freiras estava gritando pedindo ajuda, porque tinha alguma crianças passando mal, as crianças gritavam de dor na barriga, e gritavam e cada vez mais crianças reclamavam de dor na barriga , algumas vomitavam e as Freiras corriam com eles para o ambulatório, algumas andando outras sendo carregadas pelas freiras, depois alguns foram  encaminhados para o hospital enquanto alguns conforme vomitavam melhoravam, outro ficaram em um estado crítico, no hospital as Freiras descobrem que as crianças foram envenenadas com naftalina. 
- Mas como essas crianças enjeriram naftalina? Pergunta a Freira chefe para uma noviça, enquanto outra freira trazia na mão pedaços de algumas bolinhas coloridas que as crianças haviam vomitado e outras ainda inteiras e  entrega para a Freira superior. 
A Freira pega a bolinha ainda inteira na mão e a examina e  ela conclui. 
- Isto e uma bolinha de naftalina envolvida com uma camada de açúcar colorido, onde vocês encontraram isso?  
- Encontramos no refeitório, uma das crianças cuspiu isso reclamando que tinha um gosto horrível, depois que ela mordeu, dizendo que tinha um gosto de comida de rato e cuspiu no chão do refeitório, a Freira Maria ainda brigou com ele, porque ele tinha cuspido no chão, ainda bem que ele cuspiu a tempo, se não tivesse cuspido, poderia ter mais uma criança passando mal. 
A Freira olha novamente aquelas bolinhas e pensa com os seus fios de cabelos. 
- HUNN, eu acho que sei quem foi quem trouxe isso, mas antes que algo mais aconteça, pede para esvaziarem as piscinas, já tivemos muitos acidentes aqui hoje e não quero mais nenhuma surpresa, assim espero e todo cuidado é pouco.
Nesse exato momento outra Freira entra correndo na sala da Freira Superior dizendo que alguém havia coloca fogo na fenda da grande árvore do pátio. 
- Meus Deus o que falta acontecer aqui hoje? Diz a Madre superior. 
Elas correm para o pátio onde o inspetor Leão tentava apagar o fogo, com extintor e as crianças ajudando ele com baldes de água e assim eles conseguiram apagar o fogo, mas o fogo já havia feito um grande estrago no tronco da árvore, na fenda onde as crianças sempre colocavam bolas de papéis e foi justamente por onde o fogo se propagou afetando a estrutura daquela árvore de quase 100 anos e vinte metros de altura e quase dois metros de largura. 
O Seu João examina a árvore e conclui. 
- Não tem jeito, vamos ter que derrubar esta árvore, ela está perigosa e pode cair a qualquer momento. 
- Mas como vamos fazer isso, sem que ela caia por cima das salas de aula ou para o lado da recepção. Pergunta a Madre superior. 
- O que temos que fazer, é amarrar uma corda bem forte nela, na parte alta e a puxamos para o outro lado enquanto  uma pessoa especializada usa uma serra elétrica cortando do lado que ela tem que cair, fazendo um “V” deitado, a corda serve para garantir que ela caia para o lado certo. 
- Manda chamar o Marceneiro e peça para que ele traga a Serra elétrica e providenciem uma corda forte e grande . Ordena a Madre superior.  
O Marceneiro aparece com a serra elétrica e as Freiras chegam com alguns homens carregando uma grande corda, dois homens sobem na árvore e amarram o mais alto que podem.
Depois que os homens descem o Marceneiro começa a cortar a árvore tirando pedaços em forma de “V”, e os Homens começas a puxar a árvore, mas a árvore nem se mexe, então a Madre superior pede para que as crianças ajudassem os homens a puxarem, quase 100 crianças se juntam com os homens e começam a puxar, eles puxam com tanta força que a corda se arrebenta e as crianças e cinco adultos, caem uns por cima dos outros, todos se levantam rindo, eles medem as cordas, que ainda dava três  vezes o tamanho da árvore e amarram novamente a corda, agora em duas cordas e mais  crianças vem para ajudar a puxar .  
Donizete entra no meio dos meninos da segunda turma para ajudar, mas ele vem bagunçando e o Inspetor Leão dá um beliscão nele , Donizete grita de dor e fica olhando para o inspetor, que organizava as crianças, para que eles não se machucassem. 
Donizete entra na fila da corda para puxar com uma cara brava. 
O Marceneiro corta mais um pedaço da árvore e a Madre superior estava ao lado da árvore gritando para que puxassem.  
- Puxem !! – Puxem !!! 
O Marceneiro forçava mais um pouco a serra que atinge a parte afetada, a árvore estala e começa a cair no momento que o Donizete olha para o inspetor Leão que olha no olho dele e começa gritar. 
- Tira isso de mim, tira isso de mim!! Tira essas lesmas de mim .  
Ele começa a se debater e vai em direção onde a árvore estava caindo, a árvore vinha caindo rapidamente para um lado, mas ela muda um pouco a sua direção, a madre superior Vê o Inspetor Leão na direção onde a árvore estava caindo e gritava e corre na direção dele.
Os galhos da árvore já começavam a tocar o chão e a Madre superior coloca a mão na cabeça para se proteger e de repente ela sente um tranco que a jogou fora do raio de onde a árvore estava caindo, a irmã Maria havia empurrado ela, mas ela mesmo não consegue escapar, a árvore cai com tanta força no chão, que estremece tudo e esmaga o inspetor Leão e a Freira Maria como se fossem papéis, as pessoas tentavam ver o que tinha acontecido , mas os galhos cobriam todo o pátio e ninguém sabia o que tinha acontecido.  
A Madre superior grita por socorro e o Marceneiro e alguns homens correm para socorre-la, eles a socorrem e procuram pela Freira Maria e pelo inspetor e percebem que eles não tiveram a mesma sorte era tarde de mais.. 
Um dos professores alerta. 
- Precisamos chamar os bombeiros e a polícia. 
O professor da primeira serie se prontifica em ir chamar a polícia e os bombeiros, porque com a queda da árvore, na queda rompeu todos os cabos de telefone e alguns de energia que passavam por ali. Eu vou pegar a minha moto e vou até o orelhão mais próximo, ele caminha até o estacionamento, monta na sua moto, coloca o capacete e acelera a moto em direção do portão de saída, mas ele não percebe um linha de pipa que estava esticada ali, a linha tinha cortante (Mistura de vidro e cola passado na linha) der repente o seu capacete escurece, com lesmas aparecem na sua viseira e sem enxergar nada ele vai em direção da linha que  que esta na altura do seu pescoço acelerando a moto na direção da linha  e quando ele consegue limpar a viseira e vê a linha, já era tarde a linha corre pelo seu  capacete em direção ao seu pescoço cortando a sua jugular, a moto se desgoverna  e bate na coluna do portão da saída da igreja do colégio e o sangue da veia do pescoço do professor expirava como um chafariz de jardim, o seu sangue expirava, igual o sangue da vaca que as freira matavam no corredor da mão vermelha, algumas pessoas escutam o barulho da moto batendo e correm para ver o que tinha acontecido  e encontram o professor agonizando e o sangue jorrando já perdia força diminuindo, por coincidência ou não, na parede tinha uma mancha de sangue que parecia uma mão. 

Capitulo XVII 

O Padre Domingos rapidamente corre para o seu Landau, estaciona o carro ao lado do corpo do Professor e com a ajuda das Freiras, colocam o professor no banco de traz na esperança de conseguir salva-lo, duas freiras vão atrás com o professor e o outra Freira no banco da frente junto com o Padre Domingos que acelera o carro em direção a saída, mas o carro engasga e para  entre as duas colunas do portão da saída, o motor do carro apaga e desesperado o Padre tentava dar a partida no carro, por diversas vezes, e aquele barulho do motor de arranque tentando girar o motor, nhã, nhã, nhã  e isso se repete diversas vezes , de repente a Freira que estava no banco da frente comenta. 
- Para de afogar o carro, que já está cheirando gasolina, está um cheiro muito forte. 
 As Freiras do banco de trás olham pelo vidro e percebem que algo estava escorrendo pelo chão  e estava saindo do carro e elas gritam. 
- É gasolina! Gritam as Freiras em coro. 
- Vamos saem do carro! Diz o Padre, mas as portas não se abriam, não tinha espaço suficiente entre as colunas, a parede e o carro suficiente para a porta abrir, o Carro era muito largo e estava entre as duas colunas a parede e o do portão da saída, que estava aberto para dentro. 
- Não consigo sair, a porta não abre. Grita o Padre já nervoso. 
- Fogo!! Gritam as Freiras em coro novamente do Banco de trás. 
- Está vindo pelo rastro da gasolina. Agora grita só uma delas em pânico. 
- Eu não quero morrer!! Grita a outra, mas antes dela terminar a frase, o fogo alcança o tanque daquele carro que tinha capacidade para mais de 100 litros de gasolina, mas já estava quase na reserva  e o que tinha mais no tanque, era gás de gasolina, transformando assim o carro em uma bomba e quando o fogo atinge o tanque, o carro explode tão forte que a laje da saída e as colunas, caem em cima do carro, a explosão foi tão forte, que o Padre, as Freiras não sentiram nem dor, foi muito rápido. 
O colégio ficava em uma estrada um pouco afastado da comunidade e ninguém percebe a explosão ou a fumaça, o carro pega fogo até o fim , queimando o padre e a chave do portão central da saída da secretária do colégio, que derrete com o calor  e deixando assim todos presos dentro do colégio, as duas saídas estava lacradas, uma pelo carro em chamas e a outra uma porta de aço trancada e sem chave e a única cópia uma estava com o Padre domingos e a outra no pescoço da Freira do banco da frente. 
E o Pânico foi inevitável, as crianças choravam, dizendo que não queria morrer, os homens que estava ali ajudando não sabiam o que fazer, e as Freiras tentavam acalmar as pessoas. 
Capítulo XVIII 
Depois de horas as Freiras conseguem controlar a situação já estava escurecendo, as crianças estava mais calam e jantavam e em seguida eram encaminhadas para as suas camas.  
Alfredo cutuca o Donizete e diz. 
- Estou com medo. 
- calma meu amigo, nada vai te acontecer. 
Donizete acalma o amigo e pede para ele se deitar e descansar. 
Passado algumas horas, alguns meninos tentavam fugir pela floresta da Mão Vermelha, usavam um pau apoiado na parede da piscina para pular o muro para o outro lado da floresta, assim achavam as crianças, que aquela mata era uma floresta, mas na verdade era um sítio particular do Sr. Maneco, onde haviam  varias plantações e um imenso galinheiro onde alguns anos atrás andaram roubando ovos e algumas galinhas e depois disso ele colocou alguns cães de guarda, para proteger as suas galinhas, os cães de guarda eram quatro Dobermann, que ao perceberem o barulho que vinha do muro do lado do colégio, correram para lá e atacaram os meninos que haviam pulado, pegando os de surpresa, um dos Dobermann ataca um dos meninos que vinha na frente no pescoço dando um bote certeiro e os outros cachorros mordem pelo corpo do menino e logo em seguida atacam o resto dos outros meninos, que tentavam fugir pulando o muro de volta, um dos meninos não consegue subir no muro tenta fugir correndo para o outro lado, para o muro que dava acesso para a rua, mas o muro era muito alto para pular, ele tenta alcançar um poste de luz para tentar descer por ele e tenta alcança-lo, mas ele é surpreendido por um dos cachorros que o ataca e o derruba do muro, caindo ele  e o cachorro, sobre o fio de alta tensão, eletrocutando o menino e o cachorro  e a energia da região é derrubada pela explosão do transformador, deixando toda a região no escuro e deixando a situação dentro do colégio mais complicada. 
Os garotos que tentaram fugir voltam para o Colégio e ficam sem saber o que fazer, procurando alguém que os ajudasse ou para  avisar o que tinha acontecido com os outros meninos que ficaram no sítio, mas as Freiras estavam incapacitadas de fazer alguma coisa, trancadas dentro do colégio, sem chave e agora sem luz, então eles ficaram ali ao redor da piscina vazia, tentando decidir o que fazer. 
Para as outras crianças a madrugada estava silenciosa e elas dormiam tranquilamente como se nada estivesse acontecendo, mas logo cedo os meninos que não conseguiram fugir entra no quarto procurando uma das Freiras gritando e dizendo que mais duas crianças haviam morrido, tentando fugir pela floresta da mão vermelha, as Freiras o cercam e pede para que eles se acalmassem e conta-se para elas a história, dês do começo e  pedindo para que eles se sentarem em uma das camas que estava vazia. 
Nós estávamos tentando sair pela floresta da mão vermelha e o muro do outro lado é muito alto, nos improvisamos uma madeira e conseguimos pular para o outro lado do muro nós e mais dois meninos da terceira série, só que para subir de volta um tinha que segurar a madeira em baixo para ela não escorregar, para os primeiros foi fácil haviam dois segurando, mas quando o quarto terminou de subir no muro a madeira escorregou e eu não consegui mais subir porque não tinha ninguém para segurar a madeira para mim, então eu fiquei do lado de cá e foi quando eu dei graças a Deus por ter ficado do lado de cá, porque do outro lado do muro cachorros começaram a latir e as crianças que tinham pulado a gritar, eles dois pularam de volta e os outros dois não voltaram porque os cachorros pegaram eles  e der repente ficou um silêncio, nós ficamos ali quietos sem saber o que fazer com muito medo eu praticamente estava em choque, e enquanto estávamos ali quietos decidindo o que fazer porque estávamos com medo de passar pelo corredor da mão vermelha e nós nos sentamos no canto do muro no fim da piscina olímpica que tem o trampolim e ficamos ali por horas esperando o dia amanhecer para poder voltar para cá e foi um pouco antes de amanhecer, que a Madre superior apareceu de roupão com os machucados da árvore enfaixados na entrada da piscina, nós ficamos com medo porque achamos que ela iria brigar com a gente se nos pegasse ali, e pensamos estamos ferrados. 
Mas ela parecia que estava em algum tipo de transe, porque ela nos viu e foi quando eu percebi que ela estava usando um maio por baixo do roupão e estava colocando uma touca de natação e um óculos de natação também, ela tirou o roupão e subiu no trampolim da piscina olímpica que estava vazia, ela subiu no trampolim mais alto, nós ficamos olhando sem entender o que ela pretendia fazer, porque a piscina estava vazia e foi aí que eu me toquei e tentei impedi-la, nós começamos a gritar, mas parecia que ela não nos ouvia e pulou de cabeça do trampolim na piscina vazia, ela pulou com vontade, chegou a fazer pouse no alto, deu um mergulho clássico e se esborrachou no fundo da piscina vazia e foi essa hora que saímos correndo parando só aqui.  
- Vamos lá ver se o que eles estão falando é verdade! Comenta uma das Freiras. 
E duas freiras vão até a piscina onde encontram o corpo da Madre superior, em uma poça de sangue, o fundo da piscina, que tinha sete metros profundidade e o trampolim tinha mais cinco metros de altura, o que totalizava doze metros de altura , e a queda dentro daquela piscina vazia de azulejo azul estava vermelha de sangue e haviam muitas lesmas andando em volta do corpo dela e outras espalhadas pela piscina. 

Capítulo XIX 
As Freiras estavam horrorizadas e apavoradas e correm em direção aos quartos pelo corredor da mão vermelha que era o acesso mais rápido, a primeira freira passa, mas a segunda é arremessada por um vento forte que bate no peito dela e a joga a uma altura de dez metros de altura, jogando o seu corpo de encontro a uma pilha de entulho e  o seu corpo é atravessado por uma viga de aço que estava no meio dos entulhos, matando a freira na hora e o corpo dela fica ali com o seu habito cinza e branco e agora também vermelho e o seu crucifixo balançando na ponta da viga , a outra freira entra em pânico e corre desesperada daquele local porque o corpo da sua amiga estava sendo tomado por um enxame de lesmas, lesma não é abelha, mas era um enxame de lesmas, porque lesmas não tem coletivo, esses moluscos pegajosos de lugares úmidos  . 
A freira gritava ao chegar no pátio. 
- Nós vamos morrer! – Todos nós vamos morrer. 
Algumas freiras tentava aclama-la, até que a freira mais experiente que sobrou dá uma ordem. 
- vamos todos para a igreja, lá estaremos protegidos.
 – Vamos todos, formem filas e vamos nos agrupar na igreja, as freiras restantes organizavam as crianças que estava apavoradas e as levavam até a igreja, onde todos iam  se acomodando e  sentando nos bancos da igreja, onde um padre novinho tentava organizar aquela situação.  
- Vamos orar, vamos rezar, fazer as nossas preces, só assim estaremos realmente protegidos.  
E eles começam a rezar, até que der repente a igreja se escurece, os vitrais estava tomados por lesmas e as paredes da igreja também estavam tomadas por lesmas, que não se conseguia mais enxergava as pinturas da paredes. 
As crianças gritavam e as Freiras tentavam impedir que as lesmas entrassem pelas fendas , porém uma das freiras exagera na força da vassourada e acerta uma das velas da celebração, a vela cai nos tecidos que envolvia o púlpito no altar e o fogo se propaga rapidamente, a fumaça toma conta de toda igreja, as crianças gritavam em pânico e o fogo já estava alcançando os bancos de madeiras, forçando com que eles saíssem da igreja, algumas crianças são pisoteadas e outras ficam entre o fogo e a saída, algumas já caiam asfixiadas. 

Capitulo XX 
Donizete e o Alfredo conseguem acesso a uma janela e escapam por ela saindo na marquise do Colégio.
 – Conseguimos mas  e agora como vamos descer daqui? Pergunta o Alfredo. 
- Podemos escorregar pelos pilares até o chão, mas o difícil será alcançarmos as colunas porque não dá para ver, nós temos que se pendurar e balançar as pernas para sentir onde as colunas estão. Fala o Donizete. 
- Eu vou tentar.  fala o Alfredo. 
Ele se debruça na beirada da marquise, que estava mais ou menos cinco metros de altura do chão e com as pernas sem conseguir enxergar procura pela coluna, ele sente a coluna abraça ela com as pernas, se pendura por um braço, agarrando a coluna com uma mão e solta a mão da marquise escorregando até o chão. 
 Alfredo grita pode vir deu certo. Donizete tenta mas o fogo estava muito próximo e ele não consegue descer devido o calor que estava aumentando. 
- Eu vou encontrar outra saída talvez eu consiga entrar pela varanda dos quartos e de lá, para o outro lado.
Donizete corre pela marquise até a varanda dos quartos e tenta alcançar o beiral da sacada, mas não consegue o beiral era muito alto para ele, ele avista um cabo de para-raios e o usa como corda descendo até o andar de baixo e estica a perna na mureta da varanda  e pula para dentro da varanda, ele pula para dentro da varando ele é surpreendido por dois homens que estava escondidos.
Era o Marceneiro e o Professor que haviam roubado o cofre e colocado fogo na camionete e botado a culpa no Donizete. 
- Ora, ora, olha quem apareceu para nos visitar uma hora dessas. Fala o professor empurrando uma sacola cheia de objetos que pareciam valiosos.  
- Mas dessa vez você não vai me escapar, vamos jogar você da escadaria  daqui de cima, aqui desta ponta que é mais alto, deve de ter uns vinte metros de altura, vai ser difícil sobreviver a uma queda dessa altura, pega ele! 
O Marceneiro corre ao encontro dele e o agarra por trás, o professor vai na direção dele, mas uma força o joga contra a parede, o marceneiro vendo aquilo acontecer fica sem entender , mas  saca uma arma, de repente ele começa a se debater gritando . 
- Tira isso de mim!! Tira essas lemas de mim!! E ele começa a atirar e acerta o professor que estava se levantando bem na cabeça, o Marceneiro descarrega a arma e nenhuma bala acerta o Donizete. 
Donizete caminha em direção do Marceneiro que se afastava dele gritando.  
- Fica longe de mim, seu Demônio , fica longe de mim.  
Donizete chegava mais perto dele a cada passo, até o marceneiro pular da varanda em direção as escadas, a mesma que ele queria jogar o Donizete e se estatela nas escadas.
Donizete pula a janela para dentro do quarto e percebe que o fogo já estava nos quartos, que estava todo tomado pela fumaça, o colégio inteiro já estava em chamas, ele corre no meio da fumaça em direção das escadas, que também já estava toda tomada pela fumaça, ele usa a camiseta para proteger a sua respiração e desce correndo até atingir a porta da saída onde ele desmaia. 
Ele é socorrido por uma freira que o arrasta até o meio do pátio de onde os sobreviventes observavam o fogo destruir todo o colégio de onde subia uma fumaça densa que dava para ver de longe e assim os bombeiros foram acionados.  
Capítulo XXI 

Donizete desperta no hospital e a primeira pessoa que ele avista é a sua mãe, que estava sentada em uma poltrona a sua direita. 
- Mãe !! – Onde estou ?  
- Você está em um hospital agora, está são e salvo, mas o colégio não existe mais , foi riscado do mapa virou cinzas. 
A conversa dos dois é interrompida por um enfermeiro que entra no quarto e avisa que o incêndio do colégio estava passando no noticiário e liga a televisão, para eles acompanharem.
Na imagem da televisão mostrava o Colégio em chamas e logo em seguido um delegado de polícia estava informando que os culpados por tudo aquilo e todas aquelas mortes, tinham sido causado por um dos professores, ajudado pelo marceneiro do colégio, que estavam cometendo furtos de objetos valiosos da igreja e do colégio, eles já estavam sendo investigados eles estavam usando nomes falsos, porque eles já eram procurados pela polícia, porém tiveram um fim trágico um matando o outro, o marceneiro matou o professor com um tiro na cabeça e depois se suicidou, pulando de uma sacada que tinha vinte metros de altura e morrendo na queda e assim dou por encerrado este caso. 
A mãe do Donizete olha para ele chorando e diz. 
- Nossa que perigo, a gente pensando que está deixando nossos filhos em um lugar seguro e olha isso, que perigo que você estava correndo meu filho.  
- É mamãe, está vendo, por isso eu não gostava de lá, eu até vi esses homens roubando, mas na época ninguém acreditou em mim e ainda eu que fiquei de castigo, ficando até doente, lembra que tive que ir para casa? 
Donizete fica olhando para a mãe dele que estava assustada olhando para ele e pensa. 
- Se ela soubesse a verdade, ela iria ficar muito mais assustada. 
Capítulo XXII 
Filho eu aluguei um quartinho para nós dois em uma pensão no centro da cidade, não é muito grande, é um quarto sem cozinha e com o banheiro coletivo do lado de fora no corredor da pensão, nesse quarto tem que ser, nosso quarto de dormir, sala e cozinha e a lavanderia é coletiva também como o banheiro para os vinte quartos. 
- O que é coletivo mamãe?  
- Como vou te explicar isso, deixa eu ver , é quando uma coisa ou um lugar é usado por várias pessoas, como lugares públicos, praças, parques, hospitais, entendeu? 
- Entendi mamãe.  
- Os médicos já o liberaram, já podemos ir embora para o nosso quartinho. 
Eles deixam o hospital e pegam um ônibus para o centro da cidade, Donizete passa mal dentro do ônibus como sempre que andava de coletivo e vomita. 
- Como sempre né meu filho, você ainda fica enjoado quando anda de ônibus. 
Uma senhora se oferece para ajudar, emprestando um lenço para ele se limpar, a dona Zulmira agradece, algumas pessoas reclamam do cheiro de vômito e a dona Zulmira fica com vergonha, mas retruca. 
- É uma criança gente, ele não tem culpa, o pior seria se ele fosse um marmanjo e vomitasse por bebedeira, ai sim vocês poderiam reclamar e queria ver se fosse com o filho de vocês, o que iriam fazer. 
A senhora que emprestou o lenço acalma a dona Zulmira. 
- Calma deixe que falem, a criança não tem culpa. 
Dona Zulmira olha para ela e não diz nada. 
- Vocês estão vindo do hospital? Pergunta a senhora do lenço. 
- Sim, como a senhora sabe? 
- Porque vocês subiram no ponto perto do hospital e o menino está com esparadrapo no braço, ele deve de ter tomado soro, dá para ver também que ele vomitou muita água, agora eu só não entendi, porque a roupa dele está cheirando fumaça. 
-  É porque ele estava naquele colégio que pegou fogo, que  passou no noticiário, a senhora viu? 
- Ah!! Vi sim , nossa!! Que perigo, que coisa horrível, as vezes nos pensamos que estamos fazendo a coisa certa para os nossos filhos e no fim o entregamos ao Diabo. 
Donizete arregala o olho para a senhora e a dona Zulmira exclama.  
- Entregar para o Diabo?
– Credo!! 
- Desculpa, eu quis dizer, que não sabemos se estamos fazendo a coisa certa ou a coisa errada, para cuidar e educar os nossos filhos , porque esse mundo é grande e pode ser muito perigoso, existe pessoas boas, mas são poucas, a maior parte das pessoas são más, por isso que quando colocamos uma semente, um filho ou filha nesse mundo, nos preocupamos em fazer o nosso melhor, mas não depende de nós, uma amizade ou algum detalhe pode influenciar e por tudo a perder.  
Donizete a Dona Zulmira e o restante do pessoal que estavam no ônibus, até o motorista pelo retrovisor do ônibus, prestavam atenção no que a senhora falava. 
- Levanta Donizete!
- O próximo ponto é o nosso, foi um prazer falar com a senhora, gostaria de ter mais tempo, para podermos conversar mais, porque acredito que a senhora faça parte dessa pequena porcentagem das pessoas que são boas nesse mundo.  
- E você pequeno espero que seja bom com as pessoas também, mas seja bom e não bobo, se alguém te fizer mal se defenda e revida, agora se alguém te fizer o bem retribua com a mesma moeda.
Orienta a Senhora do lenço falando para o Donizete, que concorda balançando a cabeça. 
Dona Zulmira Puxa a corda da campainha e se despede da senhora e na porta do ônibus pede desculpa para o cobrador e para o motorista pela bagunça. 
- Não se preocupa no ponto final eu bato uma água. Responde  o cobrador. 
Acho que a senhora do lenço contaminou todos dentro do ônibus estavam todos benevolente.  
Donizete entra na pensão, achando  tudo muito feio, havia na entrada algumas crianças, Donizete fica observando-as, quando ele entra no quarto juntamente com a sua mãe, havia um homem sentado na cama. 
- Ih!  Mamãe, estamos no quarto errado, esse aqui já tem gente.  
- Não meu filho é esse quarto mesmo, esse é o João amigo da mamãe. 
Donizete encara o homem dos pés a cabeça, era um homem forte grande e usava um relógio no pulso esquerdo, o que chamou a atenção do Donizete. 
- O que é isso ? 
- É um relógio digital. Responde o Homem apertando um botão do relógio, que tinha o vidro todo preto e no meio do vidro apareceu  as horas em vermelho, marcavam 16:58 horas no relógio. 
Donizete fica encantado com o relógio e pede para o homem deixar ele apertar o botão do relógio e aperta várias vezes até ser interrompido pela sua mãe. 
- Você vai acabar quebrando o relógio do homem. E puxa ele para trás, ele fica intrigado e sai do quarto para o corredor da pensão. Já no corredor ele se depara com algumas crianças, algumas eram mais velhas que ele e outras eram mais novas, ele se enturma com as crianças. 
- Quer  brincar com  a gente ?  
Donizete faz que sim balançando a cabeça. 
- Estamos brincando de Polícia e ladrão. 
- Legal! Exclama o Donizete abrindo um sorriso. 
- Então vamos lá na rua. Diz o menino mais velho . 
- Mas não é perigoso? Questiona o Donizete. 
Os meninos mais velhos dão risada da pergunta dele. 
- Perigoso? E dão risadas. 
- É nada, é só você não sair na rua, tem que ficar só na calçada, porque se você atravessar a rua um carro pode te pegar e aqui passa muitos ônibus que vem da rodoviária.  
- Sendo assim então vamos. Responde Donizete. 
Eles andam até a saída da pensão e ficam na calçada. 
Já na calçada um dos meninos mais velho explica a brincadeira para o Donizete e assim eles vão andando alguns quarteirões até avistarem um homem .  
- Pronto Tronquinho. 
- Tronquinho ? Pergunta Donizete achando graça. 
O menino apelida o Donizete de Tronquinho, devido a sua estatura e que para uma criança ele já era bem forte, já tinha músculos. 
- Está vendo aquele Homem ?  
- Sim ! 
- Ele é nosso amigo e está na brincadeira também, nós não podemos deixar ele nos ver ou deixa-lo nos pegar, o que você tem que fazer é pegar a carteira dele ou o relógio e correr o máximo que você poder, porque se ele te pegar você está fora da brincadeira e perde a sua vez, ai é você que tem que pegar ele. 
Donizete empolgado com a brincadeira e com inocência corre em direção ao homem, dá um bote no bolso do homem e pega a carteira dele e corre. 
- Pega ladrão!!! pega esse  punguista!!! – Pega!! 
Com isso outras pessoas tentavam pegar ele e tentavam segura-lo, ele se desvencilha das outras pessoas também e corre para o meio da avenida, atravessando no meio dos carros em movimento, em uma avenida perigosíssima do centro da cidade e corre, corre até perceber que não havia mais ninguém atrás dele, mas ele também percebe que estava perdido e que não conhecia nada daquele lugar e pensa. 
- Onde estou ?
- Ele se pergunta olhando para aqueles prédios altos, onde uma grande multidão andavam com pressa de um lado para o outro, estava começando a sentir medo e andava pelas ruas da cidade até chegar em uma praça onde havia um chafariz, ele fica ali parado olhando aquela água subir e cair e acha tudo muito bonito, fica em transe até ser interrompido por um solavanco, era um dos meninos mais velhos. 
- Nossa você está bem ?   
- Nós ganhamos a brincadeira ? Pergunta o Donizete. 
- Sim , cadê a carteira ? – Me dá ela aqui . o menino abre a carteira e constata que estava cheia de dinheiro. 
- Legal!! Exclama o menino. 
- Vamos para o parquinho ! 
- Parquinho ? pergunta o Donizete. 
- Sim, vamos gastar o nosso premio da brincadeira que ganhamos.  
Chegando no parquinho, eles compram várias entradas para os brinquedos, e também compram vários doces. Eles brinca no carrinho bate-bate, andam de roda gigante, no carrossel.  
- Pronto agora vamos no Trem Fantasma! 
- Trem fantasma não, eu tenho medo.  
- Ah para de ser medroso, vamos lá , é tudo de mentira, não precisa ficar com medo, pode confiar em mim, é tudo mentira o que tem lá dentro. 
- Mas só o nome dá medo.  
- É Só o nome, vamos !! Você vai ver que é bem legal. 
Donizete entra no carrinho do trem fantasma depois de entregar o ticket para a bilheteira e se senta no lado esquerdo do carrinho, ao seu lado se senta o menino mais velho e no carrinho de trás entram os outros dois meninos, o carrinho começa a andar e fica tudo escuro, Donizete fica com medo e na primeira curva uma caveira salta na sua frente ele dá um grito e logo em seguida um Morcego passa na sua cabeça e vira um vampiro, Donizete estava ficando apavorado e quando eles passam por uma cela onde um médico vira um Lobisomem e dá um susto muito grande nele, ele agarra no menino que grita. 
- Lesmas!! Nossa tem lesma para todo lado, no chão no teto, até dentro carrinho, que legal !! Isso é novo, não tinha antes, credo elas parecem muito real, que nojo.  
O carrinho termina o percurso depois de uma aranha gigante e sai no fim do Túnel da saída.  
- E ai gostou Tronquinho ? 
- Não, você falou que não dava medo, foi horrível.  
- Eu adorei.  
Os outros dois menino saem do carrinho e caminha até eles e o menino mais velho pergunta para eles.  
- E ai vocês gostaram da nova parte? 
- Que nova parte? Pergunta um deles . 
- A parte que as paredes ficam cheias de lesmas, e cai lesma do teto dentro do carrinho, vocês não viram essa nova parte? 
- Não. Respondem os meninos. 
- Como não, eu não estou ficando louco. Vocês estavam de olhos fechados, seu medrosos, por isso que não viram, é muito legal, parece muito real, as paredes parecem que estão vivas. 
Donizete percebendo do que ele estava falando fica quieto. 
- Ah ! Deixa pra lá e vamos no pula, pula . diz o menino mais velho. 
Eles vão no pula-pula e assim que o Donizete sai do pula-pula, depois de comer tanto doce, ele sente a sua barriga doer e começa a vomitar . 
Enquanto ele vomitava, um dos meninos começam a gritar. 
- Morre !! e dava risada. 
- Morre desgraçado!!  
Donizete vomita tudo o que ele comeu, limpa a boca e olha para os meninos que riam dele vomitar.  
Donizete lembra da sua mãe . 
- Quero ir para Casa. 
- Ah Tronquinho, vai amarelar agora que a brincadeira está ficando legal. 
- Quero ver a minha mãe . 
- Quer ir embora, então vai sozinho.  
- Mas eu não sei voltar . 
- Vai por aquela rua, que você vai sair na pensão.  
Ele sai do parque atravessa a rua e vai na direção que o menino falou, olha mas não reconhece o caminho.  
Ele dá uma volta no quarteirão e percebe que saiu no mesmo lugar e quando ele ia atravessar a rua um dos meninos que era um dos mais novos, vem atrás dele e para ajudá-lo. 
- Não é por ai não, o bobão do Zoio está te zoando ele é muito ruim, vem comigo eu te levo até a pensão. 
- Como você se chama, Tronquinho ?  
- Eu me chamo Donizete e você ? 
- Eu me chamo Alexandre, mas eles me chamam de Testa, porque o zoio, fala que eu sou testudo.  
Eles vão andando até a mãe do Donizete aparecer gritando com ele. 
- Onde você estava?
 Descuidei um minuto de você e você sumiu, eu estava desesperada, já não sabia mais o que fazer, já estava quase indo na policia, desse jeito você me mata, olha o meu estado estou muito nervosa, vem vamos voltar para a pensão eu ainda tenho que te dar banho e o pior que temos que esperar o banheiro ficar vazio, nós  temos que pegar a fila e esperar e não podemos demorar.  
- E quem é esse menino ? 
- É o Testa. 
- Testa? 
- Testa é o apelido dele, o nome dele é Alexandre e eles me deram um apelido também, o meu é Tronquinho. 
- Tronquinho? 
- Sim porque sou fortinho.  
O menino ri e dá tchau para eles e entra na primeira pensão, eles andam mais um pouco pela calçada e entram na terceira pensão.  
- Achou o menino? Pergunta o amigo da dona Zulmira 
- Eles estava lá no outro quarteirão, junto com outro menino. 
- É você  não vai poder descuidar dele, se não ele some.  
- Eu sei, porque você acha que eu fiquei desesperada.  

Pega a sua toalha e vamos para a fila. 
Na fila do banheiro haviam duas pessoas esperando a vez, o homem que era o próximo bate na porta pedindo para a pessoa que estava lá dentro saísse rápido, uma mulher que estava lá dentro, mandou ele a merda. 
O homem esmurrou a porta até a mulher sair com uma toalha enrolada na cabeça gritando. 
- Você não tem educação não? 
- Quem não tem educação é você, que não tem consideração com as outras pessoas, achando que só tem você no mundo e demorando desse jeito para tomar banho esquecendo que existem outras pessoas querendo usar o banheiro. 
- Ah cala a boca seu veado. 
- Veado, entra comigo aqui no banheiro que eu te mostro o viadão. 
A mulher dá as costas para o homem e sobe pelo corredor para o quarto dela. 
O Homem entra no banheiro e liga o chuveiro. 
- Mãe veado é palavrão? 
- Não é um bicho da selva. 
O Homem que aguardava e que era o próximo da vez, olha para o Donizete e olha para a mãe dele e dá um sorriso, o homem não tinha toalha, sabonete ou shampoo com ele, e estava ansioso, ficava se contorcendo, batendo a ponta do pé no chão, o outro homem não demora muito e sai do banheiro dizendo. 
- Pronto, tá vendo, assim quem tem que ser, lavei o que tinha que lavar e sai, agora aquela puta, entra no banheiro e esquece da vida. 
O Outro homem entra rapidamente no banheiro e lá de fora dava para escutar os peidos e a merda caindo na privada, nesse momento entra na fila atrás da mãe do Donizete um homem e uma mulher que trajava uma roupa curtinha e ela usava muita maquiagem e mascava chiclete com a boca aberta e nesse momento o Donizete pergunta para a mãe. 
- Mãe o que é puta? 
A moça que mascava chiclete como uma vaca mascando capim, olha para a mãe do Donizete parecia interessada na resposta dela. 
- Puta meu filho? 
- É, foi do que o homem chamou a mulher, isso não é palavrão? 
A mulher estica o pescoço, esperando uma resposta. 
- Se é palavrão? – Não, é uma palavra pequena é uma palavrinha. 
- Mas o que a Puta é? Insiste ele na pergunta.
A mulher estica mais ainda o pescoço e mascava o chiclete com a boca, aberta, que dava para sentir o cheiro de hortelã. 
- Ah, puta é uma mulher que trabalha muito, geralmente a noite. 
- Ah, então é por isso que os meninos, chamam os outros de filha da puta, quer dizer que a mãe dele trabalha muito. 
- A senhora trabalha bastante, então eu sou um filho da puta? 
- Não!! Olha a boca menino, que isso? 
A vaca mascadora da risada  
O Homem sai do banheiro e eles entram. 
- Nosso que fedor mãe, aquele homem está podre, ah! Dá anciã de vômito. 
- Vai abre o chuveiro logo, para o cheiro de sabonete tentar amenizar esse cheiro. 
Dona Zulmira tira a roupa e a do Donizete e entra no chuveiro, dá banho nele e toma banho junto. 
- Mãe porque a senhora tem cabelo na xoxota? 
- Porque sou adulta e todos adultos tem pelos na região da genitália. 
- O que é genitália? 
- É onde fica a xoxota e o pipi e chega de tantas perguntas, vamos tomar banho logo antes que alguém bata na porta reclamando dizendo que estamos demorando. 
Eles terminam o banho ela tenta enxugar ele, mas ele diz. 
- Deixa que eu me enxugo sozinho, eu fazia isso no colégio. 
Assim eles ganham tempo ela se enxuga e se troca e saem rapidamente do banheiro. 
Quando eles saem do banheiro, só havia a mascadora de chiclete e o homem que estava com ela esperando, assim que eles começam a subir Donizete olha para trás e vê o homem se esfregando na mulher e entrando no banheiro.  
- Olha para a frente menino para você não tropeçar! 
- Pronto agora você já está de banho tomado vou te dar a janta e deixar você assistindo desenho, vamos ver o que está passando a essa hora eu acho que só passa desenho no canal sete, pronto falei, está passando Pica-Pau. 
- Isso deixa aí mamãe, eu adoro o Pica-Pau. 
- Ok agora eu vou tomar banho com o João e você fica quietinho aí assistindo o seu desenho. 
- Ué vai tomar banho de novo. 
- Não só vou fazer companhia para ele não ficar sozinho na fila. 
- Ah tá! 

Donizete fica sozinho no quartinho assistindo desenho, a sua mãe demora e quando volta ele já estava dormindo, ela o ajeita na cama, deita do lado dele e o João do outro lado deixando o Donizete no meio. 
Na manhã seguinte a sua mãe o acorda e diz.  
- Eu tenho que ir trabalhar filho e vou ter que levar você comigo, porque não tenho com quem te deixar, o João já foi trabalhar também, por favor se comporte no serviço da mamãe, para que eles não proíbam eu de te levar lá. 
Eles vão andando até serviço da dona Zulmira que era em um cinema próximo da pensão, chegando no cinema ela vai até o vestiário onde a sua amiga de serviço e zeladora do prédio e do cinema estava se trocando também. 
- Trouxe o seu filho, eu trouxe minha filha também, que bom assim eles podem brincar juntos e passar um tempo juntos. 
Vamos deixa-los aqui no andar de cima, porque lá embaixo os filmes são para maiores de 18 anos.  
- Donizete se comporta que eu vou trabalhar. 
- Ok mamãe. 
A mãe dele nem acabou de dizer para ele se comportar, ele já estava procurando arte para fazer. 
- Vamos brincar de pega a pega Ana? 
- Vamos, está com você! 
Ela bate a mão nele e corre e ele corre atrás dela, como ele corria muito rápido, ele consegue pegar ela muito rápido. 
- Ah não tem graça, você corre muito rápido, não deu nem graça, não dá para brincar com você, vamos fazer outra coisa. 
- Vamos ver o que está passando na sala de cima, a minha mãe falou que nessa sala a gente pode entrar. 
- Está passando a branca e neve, que legal, vamos assistir. Fala a Ana. 
Eles assistem o filme duas vezes e enjoam. 
Vamos ver na outra sala. 
- É filme de bang-bang. 
- Legal! Donizete vibra. 
O homem no filme sacava a sua arma muito rápido e matava todos no seu caminho. 
Donizete estava vidrado na tela de cinema, quando o filme acaba ele vira para a Ana e fala. 
- Estou com fome, vamos lá falar com as nossas mães e ver o que tem para comer. 
- Vamos elas estão lá embaixo. 
Eles descem as escadas de carpete correndo. 
A mãe do Donizete estava sentada em banquinho, pegando os ingressos das pessoas e colocando dentro de uma caixa de vidro. 
- Mãe estou com fome. 
-Está bom só me dá um minuto, deixa só eu acabar de atender essa fila. 
Ela acaba de atender a fila e fala para ele? 
- Quer comer um sanduíche? 
- Não quero pipoca. 
- Pipoca não vai te sustentar. 
- Depois a gente come outra coisa. 
- Está bom. 
Eles vão até a lanchonete do cinema onde ela o apresenta para o atendente. 
- Este é o meu filho. 
- Ah!! Você que é o filho da Mira? 
- Mira? 
- É, aqui a gente a chama de Mira e que menino forte, aposto que gosta de Bang-bang. 
- Sim, eu gosto. 
 - Então eu tenho um presente aqui para você. 
O atendente vira para trás do balcão se abaixa e pega um saquinho e dá para o Donizete. 
- Toma é um presente promocional do filme que está passando. 
- É uma cartucheira igualzinha a que o herói usa no filme. 
- Isso mesmo. 

- Que legal, Donizete rasga o saquinho e coloca na cintura a cartucheira. 
- Me dá um saco de pipoca para ele também. Fala a Dona Zulmira para o atendente, que pega um dos maiores sacos de pipoca enche e entrega para ela. 
- Toma Donizete dividi com a Ana, que eu tenho que voltar para o serviço. 
Donizete e a Ana voltam para a sala de cinema do bang-bang e comem a pipoca juntos. 
Um menino que estava na cadeira ao lado puxa assunto com Donizete porque ele estava com uma cartucheira igual. 
- Vamos brincar de Cowboy e índio? 
- Vamos, mas eu prefiro Xerife e Bandido. 
A mãe do menino pede para ele ficar quieto ou ir brincar fora da sala de cinema. 
E eles vão brincar fora da sala de cinema. 
- Eu sou o Xerife e você é o bandido diz o menino. 
- Tudo bem, você tem que me pegar. 
Eles correm pelos corredores do cinema fingindo que um atirava no outro a Ana ficava só olhando e eles diziam que ela era a donzela que tinha que ser protegida ou raptada. 
- Agora eu vou me esconder e você tem que me achar. 
Donizete corre pelos corredores desce por uma escada interna do cinema e sai na sala de cinema do andar de baixo que estava passando filme para maiores de dezoito anos. 
Ele olha para a tela, o homem e a mulher estavam pelados, e o homem estava machucando a mulher, porque ela não parava de gemer e ele pensa. 
- Eles estão fazendo troca-troca. 
A lanterninha do cinema percebe a presença dele ali e chama a atenção dele mandando ele sair dali ele corre e sem que ninguém veja ele entra na sala ao lado. 
Onde estava passando um filme de terror, quando ele entra na outra sala, ele vê na tela uma bola gigante de carne que rolava e engolia as pessoas, as pessoas corriam, mas a bola de carne humana, sempre as alcançava, enquanto a bola seguia e matava as pessoas tocava uma música sinistra que estava deixando ele com medo,  mas quando a bola começou a destroçar uma mulher expirando sangue e tripa para todo lado dentro da tela do cinema, Donizete fica com muito medo e nas paredes do cinema começam a aparecer lesmas, que parecia que as paredes estavam se mexendo, as lesmas se espalham pelo chão do cinema e as pessoas começam a gritar e sair correndo de dentro da sala, as pessoas entram em pânico e pisoteiam as que estavam na frente tentando sair daquela sala.  
A mãe do Donizete perceba o tumulto e corre para ajudar assim que as pessoas são retiradas da sala ela entra e vê o Donizete em pé olhando para a tela imóvel, rapidamente ela o agarra e o tira dali e o leva para o vestiário. 
Devido a confusão o cinema foi fechado naquele dia para investigar o que as pessoas estavam dizendo sobre lesmas, mas nada foi encontrado. 
Dona Zulmira volta mais cedo para casa e no caminho ela vai brigando com o Donizete. 
- Eu não falei para você se comportar e se alguém te machuca naquela confusão, o que eu iria dizer se pegam ali dentro, poderia até perder o emprego, porque se chega o juizado de menores e te pega ali dentro, eles multam o cinema, ai o dono do cinema ia querer saber quem era a mãe da peste que estava dentro da sala proibido para menores de dezoito anos, ai pronto estava demitida, amanhã eu tenho que te deixar trancado no quartinho e vir trabalhar sem você . 
Chegando na pensão, Donizete avista o Testa. 
- Mãe posso brincar um pouco com o Testa? 
- Pode, mas cuidado, não vai atravessar a rua ou ir muito longe. 
- Está bom. 
- Oi Testa, vamos brincar? 
- Vamos, mas vamos lá no parquinho em frente a igreja, lá tem balanço e outros brinquedos. 
- Vamos, tem gira-gira, eu sou muito bom em empurrar no gira-gira. 
Já contrariando o que a mãe havia dito, eles atravessam a rua e andam até o parquinho, chegando no parquinho eles encontram outros meninos de outras pensões. 
- Esse é o Minhoca e o irmão dele é o Lagartixa. 
O menino não gostou muito do jeito que o Testa o chamou e xinga o Testa. 
- Vai o Testa de amolar facão. 
Eles vão até os balanços e se balançam bem alto, eles competiam para ver quem balançava mais alto e pulavam no alto do balanço caindo na areia. 
Alguns meninos que estavam ao lado de uma estatuam de um anjo, os chamam. 
- Vocês querem mel? Aqui dentro dessa placa da estátua tem uma colmeias de abelha e está cheia de mel. 
Donizete faz que sim com a cabeça. 
- Você quer diz o menino? é só você colocar o canudinho aqui dentro dessa placa e chupar. 
O menino mostra como e dá o canudinho para o Donizete. 
Donizete coloca o canudinho dentro da placa e chupa, vem um gosto horrível e amargo, um gosto que era familiar. 
Os meninos dão risada. 
- Ah!! Bebeu Xixi, chupou xixi achando que era mel.  
Donizete cospe e corre para uma torneira que havia ali, o Testa o acompanha. 
- Esses caras são uns trouxas, depois a gente se vinga deles. 
Donizete olha para os meninos, que ainda estavam rindo, ele balança a cabeça e vai em direção ao balanço. 
É vamos balançar, deixa esses otários para lá. 
Eles começam a balançar e competem para ver quem balançava mais alto até a corrente começar a dar tranco e quando ele já estava quase parando uma menina de três anos de idade passa correndo atrás do balanço do Donizete que acerta com o balanço na cabeça da menina, que começa a sangra na hora e amenina gritava de dor. 
Donizete fica assustado com o sangue que saia do corte da cabeça da menina e a mãe da menina começa a xingar ele, mas ele não teve culpa a menina passou atrás do balanço, ainda bem que ele já estava quase parando.  
Donizete vai até a menina e coloca a mão nela, a menina para de chorar e olha para ele com dois olhos lindos, que eram azuis da cor do céu, a menina se acalma como se a dor tivesse passado. 
Mas a mãe da menina não queria saber e queria bater no Donizete, que corre para a pensão. 
Quando ele estava quase chegando na pensão a mãe dele aparece no portão procurando ele. 
- Vem entra, vem assistir o Pica-pau já começou, porque você está com essa cara de assustado? – O que você aprontou agora? 
- Nada, eu só fui no parquinho. 
- Eu não falei para você não atravessar a rua, vem entra logo, que ainda vamos ter que pegar a fila para tomar banho  

Eles entram no quartinho, João estava sentado na cama assistindo o desenho do Pica-pau, Donizete senta ao lado dele. 
Donizete fica ai assistindo o desenho que eu vou tomar banho com o João. 
Donizete estava concentrado no desenho que não responde para a mãe, que sai juntamente com o João levando duas toalhas, sabonete e shampoo. 
No desenho do Pic-Pau o episódio se passava no velho oeste, O Pica-Pau e o seu cavalo Pé de pano, lutavam contra um assaltante de banco. Donizete pega a sua cartucheira e coloca na cintura, mas ele não tinha nenhum revolver para colocar na cartucheira, ele olha em cima da pia e vê o martelo de amaciar carne da sua mãe, ele o coloca na cartucheira, usando o martelo como revolver e brinca sozinho, sacando o martelo e fingindo que estava tirando, fazendo o barulho de tiro com a boca, começa outro episódio do Pica-Pau ele senta e presta atenção no novo episódio onde agora o Pica-pau era um motorista maluco e termina esse e começa outro e mais outro e a sua mãe não voltava do banho, depois de quase uma hora a sua mãe aparece de cabelo molhado na porta do quarto e o João atrás dela que diz .  
- Pronto agora vamos assistir outra coisa, deixa eu ver o que está passando nos outros canais. Ele muda o seletor e no próximo canal estava passando um filme de Bang-bang. 
- Deixa ai João! Pede o Donizete.  
Ele assisti o filme e se empolga, e ficava imitando o filme usando o martelo da mãe dele como revolver, sacando da cartucheiro igual no do filme. 
A sua mãe que estava preparando o jantar, pede o martelo para ele, dizendo que estava precisando do martelo, ele a ignora e continua brincando com o martelo, ela pede mais uma vez e e vai na direção dele toma o martelo da mão dele e bate com ele na cabeça dele . 
Donizete grita de dor leva as mãos na cabeça, onde a sua mãe havia lhe dado uma martelada e se joga na cama em baixo dos cobertores. 
Até que o João puxa o cobertor para ver se havia machucado mesmo e vê o lençol cheio de sangue e exclama! 
- Você machucou ele de verdade! 
A sua mãe olha e diz. 
- Mentira, eu bati sem força, bati com o martelo devagarzinho na cabeça dele. 
- Então olha aqui! 
João levanta o Donizete e o rosto dele estava cheio de sangue. 
A sua mãe se desespera e o leva para fora do quarto até o tanque de lavar roupa, naquele momento havia uma senhora lavando roupa e o banheiro estava ocupado.  A senhora se assusta com o sangue no rosto dele e rapidamente ela ajuda a limpar o sangue da cabeças dele. 
Depois de limpo a sua mãe verifica, onde ela havia ferido ele e estanca o sangue com um algodão, depois de limpo eles voltam para o quarto, Donizete fica segurando o algodão na cabeça no canto da cama e lembra da menina de hoje a tarde, que ele tinha batido o balanço na cabeça dela e como o rosto dele também havia ficado cheio de sangue e ele pensa. 
- Foi castigo por eu ter machucado a menininha hoje a tarde.  
 Como a sua mãe queria agrada-lo, como um pedido de desculpa ela prepara milho para ele comer, que era um dos seus pratos prediletos. 
A mãe dele dá um milho no parto para ele  e na primeira mordida que ele dá no milho, ele sente gosto de sangue e passa a linguá no dente que estava mole e grita. 
- Engoli, engoli. 
- Engoliu o que menino? 
Engoli o meu dente que estava mole e agora?  
- Agora tem que esperar sair. Diz a mãe dele. 
- O Sei cocô vai sair sorrindo. Brinca o joão. 
E todos dão risada.  
- Por falar em cocô, me deu vontade de ir no banheiro.  
E a sua mãe o lembra. 
- E você não tomou banho ainda também , aproveita e toma banho, ainda bem que você que não tinha tomado banho aproveita e lava a cabeça para tirar o sangue, você consegue tomar banho sozinho, que eu preciso terminar aqui. 
- Sim consigo mamãe.  
Ele pega a toalha o sabonete e desce pelo corredor até o banheiro, ele chega no banheiro não havia fila, mas a porta estava fechada e lá dentro não se ouvia barulho do chuveiro, só se ouvia um gemido igual ao do filme que ele tinha assistido hoje de tarde e pensa. 
- Tem alguém fazendo troca-troca ai dentro. Ele se aproxima da porta e coloca o ouvido, mas a porta não estava trancada e ele cai dentro do banheiro e vê a mulher com a mão na pia, a mesma mulher, a mascadora de chiclete, só que o homem que estava atrás dela, não era o mesmo, agora era um senhor e os dois gritam para ele. 
- Sai daqui muleque !! 
Ele sai e a mulher empurra a porta com o pé batendo com força. 
Donizete fica do lado de fora sem saber o que fazer e a sua dor de barriga aumenta, então ele fica ali esperando até que os dois saiam.  
O barulho dentro do banheiro aumenta fica intenso no momento que a senhora que estava no lavando roupa entra atrás do Donizete, para esperar a vez dela de usar o banheiro.  
A senhora pergunta para o Donizete o que estava acontecendo, quem estava dentro do banheiro. 
- É a mascadora de chiclete, que está com outro homem. 
- Mascadora de chiclete ? 
Ele ia responder e nesse momento ele percebe que na porta da pensão haviam outras mascadoras de chicletes, algumas estavam quase nuas e ele responde para a senhora. 
- É igual aquelas moças ali na saída. 
- Ah espera só uma coisa. 
A senhora empurra aporta e expulsa  a mascadora de chiclete e homem xingando. 
- Suas vagabundas, vão dar a buceta em outro lugar, aqui é uma pensão familiar , não para vocês ficarem usando o nosso banheiro para os seus fins. A mascadora de Chiclete passa pelo Donizete e o cham de cagueta e dá um tapa na cabeça dele bem no machucado da martelada. 
Ele sente uma fisgada de dor e olha para ela, que pisca para ele e manda um beijo e dá uma mascada no chiclete e diz. 
- Depois eu te pego muleque. 
A senhora defende ele. 
-  Deixa o menino em paz, sua vagabunda. 
As outras mascadoras de Chiclete xingam a senhora e davam risadas altas gesticuladno e dizendo para a senhora.
- A senhora está precisando de rola e de alguém que te coma.  
A senhora vira para o Donizete e diz. 
- Não escuta o que elas estão dizendo, vai entra no banheiro e toma o seu banho! 
Ele entra no banheiro e como estava com dor de barriga, senta na privada e demora um pouco a senhora percebendo que e ele não ligava o chuveiro, bate na porta. 
- Anda menino, anda logo. 
Ele olha o cocô para ver se o seu dente havia saído, verifica que não e dá descarga e entra no chuveiro e assim que a água cai na ferida da cabeça , começa a arder, e o sangue que estava grudado no cabelo dele corre para o ralo, a senhora bate mais uma vez na porta e ele desliga o chuveiro e sai. 
As Dama da noite que estavam na entrada da pensão, mexe com ele assobiando . 
Na manhã seguinte a sua mãe avisa para ele. 
- Hoje eu não vou poder te levar comigo, porque eu não sei como estão as coisas lá no meu serviço por isso, você vai ter que ficar aqui no quartinho, eu vou fechar a porta e deixar você aqui dentro trancado assistindo desenho. 
Ele olha para a mãe que fecha a porta e o barulho da chave trancando a porta invade o quarto, ele liga a televisão e começa assistir um desenho chato que estava passando se desinteressa e muda de canal e não acha nada legal para assistir , ele mexe nas coisa da mãe dele, procurando alguma coisa para fazer ele olha para a janela e tenta abrir e consegue, ele olha altura e percebe que é muito alto para ele pular, mas ao lado da janela, tinha um cano de água de ferro que vinha da caixa d´agua, ele sobe na janela estica o braço e se pendura no ferro escorregando até o tanque, de onde ele pula para o chão. 
Ele anda até o parquinho, onde ele encontra o Testa. 
- E ai Tronquinho! 
- OI Testa, você lembra aquele Xafariz que vocês me encontraram outro dia ? 
- Sim, era dentro do Parque da Luz. 
- O que tem Parque da Luz?  
Pergunta o Zoio, que estava chegando no parquinho junto com o Minhoca e o Largatixa e mais três meninos, eles estavam com um saquinho cheio de cola na mão, ele dá uma baforada no saquinho e pergunta novamente. 
- O que tem o Parque da Luz? 
- Nada o Tronquinho estava perguntando onde era o Xafariz que ele viu aquele dia. Responde o Testa. 
- Você que ir em um xafariz mais legal Tronquinho? 
- Sim. 
- Nós vamos hoje em um bem maior, lá na praça da Sé, que ir com a gente? 
- Sim quero .  
Testa olha para o Donizete em reprovação, mas ele não entende. 
- Então vamos, vamos que está calor e vai ser legar nadar no Xafariz. 
- Nadar ? pergunta o Donizete. 
- Sim nadar responde o Zoio. 
- Legal. 
Eles vão andando até a praça da Sé e entram no Xafariz de roupa e tudo. 
Donizete fica maravilhado com o tamanho do Xafariz e fica embaixo de uma cascata de água, ele sse divertem até aparecer os seguranças do Metrô. 
- Corre Tronquinho, que vem vindo os seguranças . 
Eles saem pelo outro lado todos juntos despistando os seguranças que ficam do outro lado com os cacetetes na mão .  
O zoio fica xingando os seguranças de longe, pega o saquinho de cola que estava dentro do shorts e dá uma baforada. 
Os seguranças tentam dar a volta e enquanto isso eles se mandam . 
- Vamos lá para o Xafariz da Luz, que aqui sujou. Diz o Zoio. 
Ninguém fala nada, Só o Donizete se empolga com a ideia. 
- Mas no caminho vamos brincar de pólica e ladrão de novo Tronquinho, igual aquele dia? 
- Sim , mas aquele dia nós ganhamos, hoje tem que ser outro, eu quero ser polícia hoje.  
- Tronquinho está certo, hoje vai você minhoca, ou você ou o seu irmão. 
Minhoca não gosta muito, mas faz que sim com a cabeça. 
- É minhoca hoje vai você. Diz o Donizete. 
- Minhoca é a minha rola, você é menor do que eu e não vou deixar você me chamar assim. 
Ele vai para cima do Donizete e dá um soco nele, mas o que ele não esperava era que o Donizete iria revidar mesmo sendo menor que ele, e o acerta com outro soco, eles trocam socos, até o irmão do Minhoca vendo que o irmão estava apanhando de um menino menor que ele , então o Largatixa entra na briga e segura o Tronquinho e o Minhoca dá um monte de soco nele enquanto o Largatixa o segurava, ele dá um soco forte no estomago do Donizete que se curva com o soco e o Zoio manda eles pararem . 
- Deixa o muleque Minhoca e vamos fazer o que nós temos que fazer, vamos procurar um vacilão. 
Donizete fica um pouco no chão tentando recuperar da dor e recuperar o fôlego e se levanta com raiva e olha dentro do olho do Minhoca, que sozinho fica com medo, mas não faz nada.  
- Ali minhoca, tem um cara com a carteira embaixo do braço, é perfeito, a gente passa correndo e esbarra nele do lado direito e você pega a carteira do lado esquerdo. 
Eles correm em direção ao homem, todos correm na frente e o minhoca por ultimo, eles fazem como o planejado e o Minhoca pega a carteira do Homem e corre, o homem corre atrás deles. Donizete para na ponta da saída da ponte e olha para trás para o Minhoca, que estava na entrada da ponte ele também para, a ponte estava toda coberta por Lesmas e o Minhoca começa começa a se debater gritando. 
- Tira isso de mim, tira, tira essas lesmas. 
O homem dono da carteira, chega nele e o agarra, ele continuava a se debater e o homem tentando segurar, atrás do homem vinha correndo também alguns policiais que viram a correria e prendem o Minhoca .  
O Largatixa assistia a tudo de longe e se lamentava. 
- O meu irmão e agora, o que vou falar para a minha mãe . 
Enquanto o Largatixa se lamentava, os policiais vinham na direção deles. 
Eles correm e despistam a os policiais.  
Eles vão até o Parque da Luz e o Largatixa fala. 
- Eu vou embora para casa avisara a minha mãe, antes que a polícia leve el para a Febem.  
- Vai lá Largatixa, que a gente vai ficar aqui nadando e cheirando cola.  
O  Largatixa vai embora e eles entram no Chafariz. 
- Pronto Tronquinho aqui a gente pode ficar de boa, que nínguem enche o saco, nós podemos ficar nadando o dia inteiro aqui, antigamente aqui nesse chafariz tinha um jacaré, mas eles retiraram ele daqui e levaram para o Zoológico. 
-  Tinha Jacaré aqui ? 
- É mas relaxa que não tem mais.  
Eles brincavam nadavam até aparecer outros amigos do Zoio e entram na água também.  
Um dos meninos começa a zuar o Donizete porque ele era um dos menores que estava ali e jogava ele para o alto até que o menino afunda a cabeça do Donizete brincado de afogar e assim que ele afunda a cabeça do Donizete ele solta gritando. 
- Credo o que é isso ? 
O Chafariz todo na cabeça do menino estava cheio de lesmas.  
- Socorro me tira daqui, me tira daqui, tira essas lesmas de mim ! 
O Zoio e os outros meninos que estavam na grama deitados cheirando cola, olham apara o menino se debatendo no Chafariz e dão risada e comenta. 
- Alá o Caca cheirou muita cola, tá doidão gritando. Comenta o zoio e dá risada.  
Nesse momento  o menino sai gritando do Chafariz e corre sem parar, o resto dos meninos dão risada sem parar . 
- Tá doidão. 
Donizete se senta perto do Zoio e pergunta. 
- O que é ficar doidão? 
Zoio dá risada e oferece o saquinho de cola para ele. 
- Ficar doidão é você inalar isso aqui, você coloca a boca e o nariz e respira dentro do saquinho.  
- Nossa mas tem um cheiro forte. 
- Justamente é isso que te deixa doidão. 
Donizete fica inalando o saquinho até perceber que parecia que ele estava sonhando, tudo estava girando e em câmera lenta e ele dava risada atoa. 
Até olhar para o xafariz e perceber que estava cheio de lemas, o chão que ele pisava estava cheio de lesmas, nas árvores e o Zoio rindo, estava deitado em cima das lesmas, ele fia meio confuso e anda pelo parque meio desorientado até chegar em um bebedouro onde ele bebe água e passa água na cara e tudo volta ao normal, ele volta para junto do Zoio, que estavam combinando de irem brincar no antigo moinho.   
- Vamos Tronquinho brincar no Moinho Abandonado, la na linha do trem? 
Donizete ouvi “linha do Trem” e fica empolgado. 
- Vamos, Vamos!! 
Eles estavam em sete meninos, sendo quatro já mais velho e três menores incluindo o Donizete, e os menores precisavam da ajuda dos meninos mais velhos para pularem o muro, e assim que eles pulam o muro da companhia de trem que dava acesso ao Moinho Abandonado, naquele  momento passava um trem, Donizete fica olhando detalhe por detalhe do trem, admirando aquela maquina imensa, e assim que o tem termina de passar, os sete meninos que haviam pulado o muro e o trem acabou de passar por completo, eles atravessam os trilhos e entram no Moinho abandonado. 
Dentro do Moinho havia muito lixo e entulho, entre os lixos haviam muitas seringas descartáveis, dos usuários de drogas que frequentavam aquele lugar, eles sobem as escadas e brincam de pega a pega e esconde e esconde, até o momento que os quatro meninos maiores agarra um dos meninos menores e tira a sua roupa e o deita no chão de bruços, Donizete lembra que já tinha visto essa cena e um por um dos meninos  maiores vão deitando em cima dele, encochando-o, parecia que o menino já estava acostumado com aquilo, mas ele chorava e gritava de dor cada vez que trocava de menino e o encochava, Donizete estava assustado não consegui para de olhar e os meninos devolvem a roupa dele e pegam o outro, que esperneava e eles diziam.
– Se você não fizer por bem, vai fazer por mal, a gente vai usar o cao de vassoura em você, se não cooperar, Nessa hora Donizete pensou em fugir, mas ele lembra que não iria conseguir pular o muro de volta sem a ajuda dos meninos mais velhos.
 Os meninos fazem o mesmo com o outro menino, um por um, encochava o menino que também chorava e gritava, depois de todos terem abusado do menino, eles  o dispensam e vão na direção do Donizete, ele se agarra ao seu shortinho que ainda estava molhado do parque, para que eles não o abaixem, mas os meninos puxam com força rasgando o cavalo do shorts, transformando o shorts dele em uma saia, os meninos tentavam joga-lo no chão, mas como ele era forte para o tamanho dele, ele resistia e se debatia, até que quando só um menino estava tocando nele, começa gritar. 
- O que é isso, tira isso de mim, elas estão por todos os lados, vocês não estão vendo?
– Tem lesmas por todo lado!! Socorro. 
Donizete aproveita o vacilo deles e foge, mas foge para o andar de cima do moinho. Os outros terês meninos dão risada vendo ele subir e dão risada do amigo dizendo.  
- Ele está doidão ainda, des dá hora do chafariz não dá mais cola para ele cheirar hoje mais não. Diz o Zoio 
- E Deixa o Tronquinho aí e os amiguinhos dele também, já já´vai escurecer e eles não vão conseguir pular o muro de volta mesmo, vai ter que ficar aqui com os viciados, com as prostitutas e com os fantasmas do Moinho, vamos embora deixa eles ai. 
Os meninos vão embora e o Donizete fica olhando pela janela, os outros dois meninos estava chorando no andar de baixo, Donizete fica com medo de ficar sozinho e desce as escadas no escuro, assim que ele desce os meninos que fingiram que haviam ido embora voltam e tentam agarrar ele e pega um pedaço de pau e ameça os meninos que se afastam, Donizete pede para que os outros dois meninos venham com ele, eles descem e um dos meninos mais velhos pensa em correr atrás deles e o Zoio diz. 
- Relaxa eles não vão conseguir pular o muro de volta, deixa eles pensarem que vão conseguir sair, aí a gente os pega desprevenidos.  
Donizete chega com os outros dois meninos no muro e lembra de como os meninos do colégio faziam para subir no muro alto.  
- Nós precisamos de um pau. 
- Você está com uma na sua mão. 
- Esse não tem que ser maior e mais forte, ali tem um me ajuda a pegar. 
Os três carregam a madeira até o muro, os meninos mais velho percebem o que eles iriam fazer e correm para impedi-los , mas para a sorte dos meninos menores vem passando um trem naquele momento no trilho oposto, mais próximo do Moinho e impedre que os meninos mais velhos consigam atravessar, assim os três menores sobe a instrução do Donizete encosta a madeira no muro.  
- Vai sobe um de vocês dois primeiro que eu seguro, Diz o Donizete, e o primeiro sobe usando a madeira como apoio se agarra no muro e pula para o outro lado. 
- Vai agora é você eu seguro, vai logo que o trem está quase acabando. O menino sobe e quando ele dá impulso para agarrar o muro ele agarra no muro e derruba a madeira. 
Donizete levanta a madeira sozinho e a encosta no muro rapidamente e começa a subir na madeira com cuidado e o menino que ainda estava no muro dá a mão para ele e o ajuda a agarrar no muro, o trem acaba de passar e um dos meninos correm e agarra o pé do Donizete, que se debate, apoiando o outro pé na madeira que estava escorada no muro e que não tinha caído ainda; der repente o menino que estava segurando o pé dele, solta e começa a se debater gritando. 
- Tira isso de mim, tira, tira! 
- De novo isso. Fala o Zoio. 
- O que ele está fazendo, ele vai deixar eles escaparem. Diz o outro menino que estavam um pouco distantes acreditando que o que estava se debatendo iria conseguir agarrar o Donizete no momento que vinha vindo um trem.  
- Sai do trilho maluco você vai morrer! 
Donizete pula rápido o muro, no momento que o trem arranca e arremeça longe a madeira que estava apoiada no muro e ao mesmo tempo atropelando um dos meninos mais velhos que estava no meio do trilho se debatendo. 
Donizete só escuta o barulho do trem passando pertinho e o barulho das rodas passando nas emendas dos trilhos, mas no pulo para o outro lado ele cai de joelho e machuca o joelho, mas ele se levanta rapidamente chamando os outros meninos. 
- Vamos sair daqui! 
Eles sobem a rua em direção a pensão, chegando próximo a pensão havia um carro de pólica parado na segunda pensão e uma mulher chorando, o Largatixa estava ao lado dela  e o Donizete deduz que ela deveria de ser a mãe do Minhoca, ele entra na pensão e vai em direção ao tanque, onde havia uma mulher lavando roupa, ele espera um pouco e assim que a mulher se vira para carregar as roupas até o varal ele sobe pelo cano e entra novamente no quarto, ele pega uma toalha a molha na pia e limpa o sangue do joelho para que a sua mãe não visse, ele se limpa liga a televisão que estava passando Ultrman  e deita na cama, que ainda rodava um pouquinho por causa do efeito da cola e pega no sono. 
Ele acorda com a conversa da sua mãe com o João, que estava comentando que um menino da segunda pensão havia ido parar na Febem hoje e um outro menino havia sido atropelado por um trem e as duas mães estavam desesperadas. 
- Acordou bela adormecida? 
- Não quer jantar? A comida já deve de estar fria da hora que fiz. 
- Sim quero comer. 
- Você tomou banho? 
- Não. 
- Então aproveita que essa hora não deve ter mais ninguém no banheiro e vai tomar banho enquanto eu requento a comida para você.  
A mãe dele não percebe o machucado no joelho dele, mas vê a toalha suja de sangue. 
- Que sangue é esse na toalha? 
- Deve de ser de ontem ainda. 
Dona Zulmira, concorda. 
- É Verdade. 
Donizete deixa uma parte da toalha na altura do joelho para que a sua mãe na veja a ferida, pega o sabonete e sai para tomar banho. 
Chegando no banheiro ele tenta empurrar a porta, mas percebe que tinha gente, ele fica ali parado esperando e começa a escutar gemidos dentro do banheiro e pensa. 
- Deve de ser a mascadora de chiclete de novo. 
Ele bate na porta e uma voz lá de dentro grita. 
- Já tó terminado. 
Passa mais um tempinho e a porta se abre e de dentro do banheiro sai um homem e atrás dele a mascadora de chiclete, que olha para o Donizete e diz. 
- Orá, orá, olha quem é, cadê a sua protetora para te ajudar agora. 
- Não vai machucar a criança, deixa ela em paz. diz o homem, 
Ela olha para ele se vira para o Donizete e diz. 
- Pronto pode usar o banheiro agora. 
Ele entra no banheiro e fecha a porta, o banheiro estava com um cheiro esquisito e no chão perto da pia tinha pequenas poças de uma gosma branca que o Donizete pisou e deixou o seu pé melado, ele liga o chuveiro e se limpa e quando a água cai no machucado do Joelho e dá um gemido de dor, oque  faz com que ele não demorasse no banho, ele se enxuga e assim que ele destranca a porta para sair a porta é empurrada na sua direção e a mascadora de chiclete entra no banheiro dizendo para ele. 
- Agora eu te peguei, só estamos nos dois, agora você vai aprender a não atrapalhar o esquema dos outros e me fazer perder cliente.  
A Mascadora de chiclete saca um estilete e aponta na direção dele e o encurrala, na parede, mas assim que ela pega no pescoço dele a expressão dela muda e começa a se debater e começa a gritar.  
- O que é isso, tira isso de mim, tira me ajuda.  
Ela começa a se debater com o estilete na sua mão  e onde ela batia a mão ela se cortava e acaba cortando a veia horto do pescoço, Donizete sai rapidamente dali e a deixa dentro do banheiro sangrando, ele volta para o quaro com uma cara de assustado e a sua mãe pergunta.  
- Que cara de assustada é essa? 
- Nada, é só medo do corredor escuro. 
- Você tem medinho do escuro é, tá bom o seu prato já está pronto aqui janta. 
Na manhã seguinte eles acordam com barulhos de passos e um falatório na pensão logo cedo. 
Dona zulmira sai para ver o que estava acontecendo e pergunta para a senhora que a ajudou a limpar o sangue da cabeça do Donizete. 
- O que está acontecendo? 
- Encontraram uma prostituta morta no nosso banheiro, até que isso demorou para acontecer. 
- Mas como ela foi morta? 
- Uma coisa horrível, parece que ela foi cortada toda com um estilete e colocaram lesmas na boca dela, na vagina e no anús dela. 
- Credo, crem Deus pai, quem faria uma coisa dessas. 
- Quem que sabe. 
Ela agradece a senhora e volta para o quarto e comenta o que aconteceu com o João que fica horrorizado e comenta. 
- Você não pode mais deixar o seu filho sozinho aqui nesse hospício, precisa matricular ele na escola rápido. 
- Vou fazer isso agora tem uma escola lá perto da Rodoviária, vou ver se consigo matricular ele lá já. 
Ela consegue fazer a matricula dele na escola e como as aulas já haviam começado sendo assim a diretora já pede para ele frequentar a aula para se enturmar e não perder mais nenhum dia de aula, ela o deixa na escola e vai para o serviço, avisando que voltaria na hora do almoço dela para buscar ele. 
Naquele dia um político estava visitando a escola e passa pelo Donizete e faz um chamego na cabeça dele pegando bem na ferida da martelada, ele puxa a cabeça para o lado, mas o político insisti em querer pegar nele, para fazer uma média para a mídia, o político sente uma sensação estranha e tem a impressão de ter visto alguma coisa, forma alguns flashes rápidos ele tira a mão da cabeça do Donizete, fica pensativo e continua a entrevista. 
Donizete entra na sala de aula e procura um lugar para ele se sentar, acha um ligar quase no fundo da sala, as crianças estavam curiosas olhando para ele, logo em seguida a professora entra e se ajeita a mesa dela, abre o livro de chamada e diz: - Bom dia turma, hoje temos um menino novo na sala, vocês repararam? 
E sala em coro diz: - Sim.  
- E como diz para ele? 
- Seja bem-vindo!! 
A professora começa a aula e pergunta para o Donizete: 
- Qual tabuada você já aprendeu? 
- Oque é isso 
A sala toda ri.  
A professora pede que parem e comenta. 
- Pelo jeito nenhuma, né? 
Um menino que estava um pouco mais para trás diz: 
- Burro! 
Donizete vira e encara o menino que diz: 
- Que foi, gostou? 
Donizete dá de ombro e aula prossegue, mas o Donizete não estava entendendo nada. 
E alguém jogou uma bola de papel nele, ele se vira e avança no menino que estava mexendo com ele e soca o menino, a professora separa os dois e os leva para a diretoria. 
A diretora explica para ele que no próximo dia ele só poderá entrar na escola acompanhado da sua mãe e diz o mesmo para o menino. 
Depois que eles saíram da sala da diretora o menino ameaça ele dizendo: 
- Eu e a minha turma vamos te pegar lá fora. 
Donizete dá de ombros, ele volta para a sala pegar o seu material, que como era o seu primeiro dia ele só tinha levado um caderno uma caneta e um lápiz e uma borracha e vai saindo, o político ainda estava na escola, fazendo a sua propaganda e quando o Donizete passa por ele ele fica olhando para ele.  
N a saída da escola o menino estava esperando por ele. 
- E ai Burro!! Agora você vai apanhar. 
E o menino mais outros quatros partem para cima dele, Donizete se defende, tomava soco e dava soco até que um menino o derruba por trás e outros dois montam em cima dele um segurando as pernas e o outro a parte superior e um terçeiro começa a soca-lo, no momento que o político estava saindo da escola que grita: 
- Parem com isso!! 
E corre para separar agarrando um dos meninos que estava segurando a sua perna e como um choque todos que estavam tocando no Donizete incluindo o político através do menino. 
Ficaram parados e não se mexiam. 
- O político vira para os meninos e pergunta: 
- Você também está vendo o que eu estou vendo? 
Os meninos balançam a cabeça dizendo que sim com medo de se mexerem e um deles diz: 
- Estamos cercados por lesmas, a rua toda virou um rio de lesmas e nós estamos ilhados, é isso? 
Agora quem balança a cabeça é o político. 
Donizete se levanta pega o seu caderno no chão que ainda estava com a caneta e o lápis dentro do espiral e sai daquele circulo de lesmas, que abrem caminho para ele passar e fechando logo em seguida deixando os meninos e o político ilhados, uma repórter de um canal de televisão que estava acompanhando o político , acha estranho o comportamento do político ali parado no meio da rua, mais quatro crianças sem se mexer e as vezes mexendo as mão como se quisesse espantar alguma coisa e pede para o seu câmera filmar aquela cena. 
Donizete volta para casa sozinho porque havia saído mais cedo do que o horário combinado com a mãe dele, ele reconhece o caminho que era o mesmo do que fizera na tarde anterior para ir no parque, mas ele volta pelo caminho que dava no moinho na região que estava sendo demolida e no momento que ele passava por uma dessas demolições, alguém o agarra e o arrasta para dentro de um resto de sala e o sola no canto da parede. 
Era o Zoio que dando risada, fala para o Donizete. 
- Você conseguiu escapar ontem Tronquinho, e o meu amigo até morreu por sua causa, mas hoje você não me escapa. Assim que ele termina a frase ele tenta arrancar a roupa do Donizete que já estava nervoso por causa da briga na saída da escola, começa a gritar de raiva e as lesmas começam a sair de todos os lados e subiam na parede chegando até o teto e caindo no Zoio, que fica em pânico e corre para a direção da rua gritando: 
- Lesmas, lesmas!! 
E sem olhar para os lados ele atravessa a rua no momento que passava um ônibus de viagem que acabara de sair da Rodoviária que o atropela. 
Donizete sai da construção devagar para que ninguém o notasse, porque se formava uma grande aglomeração em volta do menino atropelado, os passageiros desceram para tentar socorre-lo e a equipe de televisão que estava na escola estava passando bem na hora do acidente, também parou para ver o que estava acontecendo.  
Ele sai de fininha e caminha em direção a pensão, chegando no cortiço ele entra pelo corredor e vai até o seu quarto e a porta estava fechada, ele escuta um barulho lá dentro e pensa a minha mãe, já voltou ou veio almoçar, ele bate na porta e escuta:”-Espera um pouco” ele espera mas estava demorando muito então ele resolve olhar pelo buraco da fechadura  e vê a sua mãe pelada se vestindo as pressas que diz novamente “-espera mais um pouco”, ele fica ali em frente a porta do quarto aguardando, até que a porta se abre e a sua mãe pergunta: 
- Não era para você sair as 13;00 da escola, nós não combinamos que eu ia te buscar, eu até pedi para a minha chefe me liberar um horário maior hoje no meu almoço para eu te buscar e estava aqui com o João esperando dar o horário, porque você saiu mais cedo, o que foi que você aprontou agora? 
- Eu briguei com um menino que me chamou de burro e amanhã eu só entro na escola acompanhado da senhora. 
O João Ri e pergunta; 
- Pelo menos você ganhou a briga? 
- Eu sabia que nesse angu tinha carroço, agora amanhã eu tenho que ir na escola de novo, já arrumou confusão no primeiro dia.  
Agora entra e almoça com a gente que depois do almoço eu e o João nós temos que voltar para o serviço, já que não vou precisar mais ir te buscar, vou voltar a trabalhar eu havia contado para a minha chefe que tinha te dado uma martelada sem querer e ela ficou com dó de você, por isso ela havia me liberado para ir te buscar, agora o João vai ter que voltar rápido para o serviço ele só tem uma hora e almoço.  
Eles almoçam e logo em seguida o João e a sua mãe saem e tranca a porta. 
Donizete espera um pouco dentro do quartinho, abre a janela se certifica que a sua mãe foi embora e desce pelo cano da água e sai para a rua e vai até a pracinha onde ele encontra o Testa. 
- Ficou sabendo Tronquinho um ônibus atropelou o Zoio. 
Donizete faz cara de surpresa e diz: 
- É onde e quando 
- Foi hoje porque ontem eu fiquei sabendo que ele queria te comer e comeu o sabiá e o bochecha, mas você conseguiu escapar e o Sobrancelha morreu atropelado por um trem na hora que tentou te pegar. 
Donizete Balança a cabeça confirmando a história. 
- Que loucura ontem o Sobrancelha morreu e hoje o Zoio. 
- Mas quem te contou de ontem? 
- Foi o bochecha eu encontrei ele chorando muito e no seu shorts atrás havia sangue, o Zoio machucou ele ontem , tirou sangue da bunda do menino magrinho que só tem bochecha, por isso eu acho que o que aconteceu com ele hoje , foi bem feito, ele era muito ruim e fazia muitas maldades para as pessoas, agora o sobrancelha ele era legal, era louco mas era legal ele ia muito no embalo do Zoio, por isso que as vezes ele fazia umas merdas também.  
Os meninos que disseram para o Donizete que tinha mel na estatua e mijaram nela e deixaram ele beber outro dia, aparecem no parque e zoam o Donizete. 
- Olhem o bebedor de xixi!! 
E dão risada. 
Donizete já estava nervoso, não aceita desaforo e vai em direção do menino que diz: 
- O que você quer tampinha, você acha que pode comigo, então vem. 
Donizete parte para cima dele, mas o menino era muito mais velho e mais e forte que ele e dá uma rasteira nele o derrubando no chão depois pisa no pescoço dele rindo, mas ele se engasga e começa a tossir e em uma das tosses ele tosse uma lesma e depois mais uma até que ele fica roxo, porque não consegui respirar e se debatia tentando respirar e desmaia e cai próximo da estatua e não se mexe mais. 
Os outros meninos chegam perto e um deles diz: 
-  Será que ele morreu? 
O Testa se abaixa para ajudar o Donizete e quando ele toca nele, ele se assusta perguntando: 
- De onde saiu isso, o que é isso, o que são essas coisas e vai andando de costa para a rua se afastando indo para trás. 
Donizete se levanta rapidamente e grita: 
- Para Testa, não precisa ficar com medo, cuidado!! Mas já era tarde e só se escuta um freada muito forte de um dos ônibus da rodoviária e a testa do Testa se espatifar no chão com tudo matando-o na hora. 
Donizete se lamenta muito pelo seu amigo ter morrido daquele jeito e fica inconsolado, dizendo para ele mesmo.
– Foi minha culpa!
- Ele morreu porque me tocou na hora errada, mas eu também não tenho culpa eu não controlo essas coisas, elas acontecem querendo me proteger e eu nunca sei o que vai acontecer, não depende de mim, agora o meu único amigo confiável está morto, como eu paro isso, ele volta para a pensão e pensa: 
- Eu não vou mais sair do quarto. 
E sobe pelo cano a senhora que ajudou alimpar o sangue dele outro dia o vê subindo e grita. 
- Cuidado menino você vai se machuca eu vou contar para a sua mãe. 
Ele entra no quarto liga a televisão e fica esperando a sua mãe chegar, mas quando a sua mãe estava quase para chegar ele sente uma dor de barriga e não iria aguentar esperar a sua mãe chegar então ele resolve ir no banheiro e sai pelo cano no momento que a sua mãe estava chegando e o pega no fraga. 
- Bonito né! Parabéns agora você se superou. 
- Estou com dor de barriga, preciso ir ao banheiro e a senhora me deixou trancado não tinha o que fazer, só me restou sair assim.  
- Então vai logo no banheiro. 
Ele se vira e vê mulher do tanque atrás dele que estava escutando o que a sua mãe falava, mas ela não fala nada e ele passa por ela e corre para o banheiro. 
Ele faz a suas necessidades se levanta e olha nas fezes para ver se o  seu dente estava lá e dessa vez estava, do jeito que o João havia imaginado, parecia que o cocô tinha um dente de coelho, um só bem no meio, ele sai do banheiro e volta correndo para contar para a sua mãe que estava assistindo o noticiário que estava mostrando a imagem do Político e mais quatro crianças  paradas  em frente a escola dele, como um idiota e depois o próprio político dando entrevista comentando que talvez ele estivesse imaginando e vendo coisas, porque ele e os meninos haviam visto um monte de lesmas pela rua, mas só eles que viam nas imagens da televisão não aparecia nada. 
A repórter termina essa reportagem e emenda outra: 
- Hoje dois meninos foram atropelados por dois ônibus diferentes nas mediações da Rodoviária, testemunhas de um dos atropelamentos, disseram que viram o menino gritando “lesmas, lesmas”, muita coincidência com a história do político, acho que estamos sendo atacados por Lesmas. 
A mãe do Donizete acha muito estranho aquela história e se recorda de tudo o que ela já havia visto o Donizete sonhar com lesmas, o medo que ele tinha da casa da irmã dela e que ele tinha visto o muro cheio de lesmas e por coincidência, os acidentes estavam acontecendo sempre onde o filho dela estava e ela pensa: 
- Será? 
João olha para a mãe do Donizete e comenta.  
-  Vou distrair o Donizete um pouco, eu trouxe algumas varetas e vou fazer um pipa para ele, para que depois possamos conversar com mais calma, porque você está me parecendo muito nervosa, eu acho que sei porque. 
- Você sabe? E ela pensa será que ele descobriu o mesmo que eu.  
- Vem Donizete vou te fazer uma pipa de plástico com as varetas que trouxe, vem me ajudar!  
Donizete fica todo empolgado com a ideia do pipa e fica rodeando o João, querendo ajuda-lo, João faz a armação do pipa com a linha de costura da Mãe do Donizete que não gosta muita da ideia, mas como ela estava querendo distrair o Donizete para poder conversar com o João, achando que ele achava o mesmo que ela, ela só fica observando eles a construírem uma pipa. o João passa cola de arroz nas varetas e finaliza com fita adesiva para não soltar, depois ele enrola outro saco plástico e cortar pequenas fitas para a rabiola, ele pega o tubinho de linha de costura e tira mais um pedaço.  
- Donizete eu vou fazendo os nós para colocar a fita da rabiola e você  me ajuda enfiando a fita no nó, ok? 
Donizete faz que sim com a cabeça.  
E uma por uma, fita por fita eles constroem um rabiola para a pipa. 
- Pronto agora você já pode brincar com ela, é só correr para que ela suba.  
- Vai lá na calçada filho , mas na calçada nada de sair para a rua, cuidado para não correr para a rua e um desses ônibus de viagem te atropele também, igual o seu amiguinho.  
Donizete olha para a mãe e sai arrastando a pipa pela porta saindo pelo correndo da pensão .  
- Pronto ele saiu o que você tinha para me contar? 
- Eu estou vendo um casa para nós maior que essa com quarto, cozinha e banheiro, sem precisar dividir com ninguém , porque eu acho que o ambiente daqui não está sendo muito bom para o seu filho e daqui a pouco ele pode acabar se machucando ou até coisa pior. 
- Ah tá, achei que fosse outra coisa mais séria. 
- Outra coisa mais séria, o que pode ser outra coisa mais séria que a vida do seu filho. 
- Não, não foi isso que eu quis dizer, sabe o que eu estou achando? 
- Não, não sei. 
- Para de ser bobo, eu estou achando que o meu filho tem alguma coisa haver com esses acidentes que tem acontecido. 
- Para de ser boba, ele é uma criança inocente, porque você acha isso? 
- Todas as coisas que aconteceram, o incêndio no Orfanato, a morte da minha irmã, agora todos esses meninos morrendo, e ele sempre está perto, o agravante que me deixou com  a pulga atrás da orelha. 
- Que agravante? 
- Lesmas! 
- O que tem Lesmas? 
- Em todos os acidentes as pessoas mencionaram que as pessoas gritavam lesmas, eu eu me lembro que uma vez ele me falou sobre lesmas no quintal da minha irmã, não sei acho que tem alguma coisa haver. 
- Para de besteira, como lesmas iriam fazer mal para alguém? 
- Não sei.  
Enquanto isso Donizete corria com a sua pipa de plástico pela calçada do quarteirão tentando fazer ele subir e corria de um lado para o outro . 
Quando ele chega na esquina do quarteirão, no limite para a rua ele para e enrola a linha que ele havia descarregado para poder correr para o outro lado, der repente um barulho faz ao seu lado, ele se assusta e verifica o que havia caído ao seu lado , ele constata que era um caminhãozinho de plástico, que com a queda as suas rodas havia sido arrancadas, ele se abaixa pega o caminhãozinho e recolhe as rodinhas uma por uma, uma das rodas havia ido parar no meio da avenida, ele coloca o pipa no chão e coloca o caminhãozinho em cima do pipa, ele olha para os lados e corre até o meio da avenida para pegar a rodinha que havia ficado ali e volta correndo. 
Quando ele volta correndo um senhor de pele escura com uma barba branca estava segurando o carrinho no colo e deixando a pipa dele voar, ele corre em direção do homem e grita. 
- Solta que é meu! Eu achei primeiro. 
- Não é nada seu, eu sei de quem é esse brinquedo e vou devolver para o dono. 
-É mentira sua , você que rele para você me devolve! 
Donizete agarra no carrinho e tenta puxar do homem que segura com força e não solta, até ele dar um grito. 
- Lesmas !! – A Caçamba do caminhãozinho está cheio de lesmas. 
O homem solta o carrinho no chão. 
Donizete olha para o homem sorrindo e pega o carrinho e as sua pipa e sai andando.  
O homem vira para o lado para as pessoas que estava no bar  e pergunta  
- Vocês também viram as lemas? 
Ninguém se manifesta. 
O Homem olha para todo mundo a sua volta e diz. 
- Eu não estou ficando louco, tenho certeza do que eu vi. 
Ele corre atrás do Donizete, Donizete deixa a sua pipa cair e ele volta para pegar, se abaixa rapidamente pega a pipa e corre o homem segura na rabiola do pipa.  
- Vou arrebentar a rabiola da sua pipa se você não me entregar o carrinho.  
Donizete olha para trás com cara de bravo para o homem que estava puxando a rabiola do seu pipa.  
E O Homem grita. 
- Lesmas. as fitas da rabiola haviam se transformado cada uma em uma lesma pendurada e se mexiam.  
O Homem solta a rabiola e o Donizete entra correndo na pensão e se tranca no banheiro.  
O Homem vai até  a entrada da pensão e começa a gritar. 
- Esse menino é o Demônio, eu vi com os meus próprios olhos, ele é o Demônio, ele transformou a rabiola do pipa em um monte de lesmas, eu vi com os meus próprios olhos, vocês não viram. 
O homem estava dirigindo a palavra para as garotas de programas que estavam na entrada da pensão que respondem para o homem. 
- A única lesma mole que eu sei que está aqui agora, é essa coisa mole que você tem dentro da calça.  
As outras garotas dão risadas. 
- Deixa a criança em paz, você não acha que está muito velho para querer ficar roubando pipa de uma criança. 
- Ele não é criança ele é o demônio, estou falando para vocês. 
O Homem gritava tanto que a Mãe do Donizete escuta aquela gritaria e ela e o João saem para ver o que estava acontecendo.  
O Homem continuava a gritar na entrada da pensão sendo impedido de entrar pelas garotas que estava protegendo o Donizete e o o homem Gritava transtornado, com os olhos arregalados como se realmente havia visto o Demônio.  
O João vai até o homem e pergunta. 
- De que criança o senhor está falando? 
Ele está ai dentro do banheiro trancado. 
João olha para banheiro e vê o restinho da rabiola do pipa que ele havia feito para o Donizete e olha para a mãe dele que a olhava com os olhos arregalados.  
- Eu vi com os meus próprios olhos, o caminhãozinho ficou cheio de lesmas e depois a rabiola da pipa se transformou em lesmas também. 
O João vendo o homem dizer aquelas palavras, olha para a mãe do Donizete assustado e tenta tranquilizar o homem dizendo.  
- Pode deixar ele é meu filho, não e 'Demônio nenhum, o senhor que está cheirando a álcool deve de estar imaginando coisas.  
- É isso mesmo seu bêbado deixa a criança em paz e vai embora daqui que você está atrapalhando o nosso negócio. Diz uma das garotas. 
O Homem xinga ela e xinga o João e vai embora, gesticulando. 
João olha para o homem e depois olha para a garota que xingou o homem, que pisca para ele e estoura um bola de chiclete. 
João bate na porta do banheiro e diz. 
- Pronto Donizete pode sair o homem já foi embora. 
Donizete destranca a porta, sai e abraça o João que olha para a mãe do menino e diz. 
- É nós precisamos nos mudar urgente. 
Assim no dia seguinte, João contrata um serviço mudança. 

Fim do primeiro livro.
Escrito por DIB. (Mauro Antenor M. dos Santos).

Nenhum comentário:

Postar um comentário