sábado, 8 de março de 2025

Heroína ou Ironia? Capítulo VIII

Capítulo VIII Nesse dia o meu primo estava feliz, ele sorria e me olhava e fazia sinal de positivo para mim, dizendo silabicamente: - Esse é o meu primo! Ficamos ali no meio da pista curtindo, bebendo, dançando, beijando, curtimos muito essa noite, o meu primo era conhecido, as pessoas passagem por ele e o comprimentavam, alguns comprimentos de mão eram estranhos e demorados outros discretos, mas um deles que eu deveria ter reparado mas não percebi um momento crucial, sempre abraçado com uma das garotas, as vezes duas, era muita intimidade, beijos e abraços entre eles.enquanto as outras garotas me abraçavam também, uma delas brinca comigo. Vamos fazer igual? E antes que ela terminasse a frase, já havia enfiado a língua dentro da minha boca, eu só fechei os olhos e curti o momento, foi uma loucura, o Dj mudou a música bem naquela hora e colocou para tocar um clássico dos Ramones, “Surfin bird” e uma sequência de playlist punk rock, California Uber alles do Dead Kennedys, Nellie the Elephant do Toy dolls, a galera foi a loucura e cantavam juntos, pulavam e faziam roda de Punk se batendo uns nos outros, simulando uma dança indigina, muito legal eu queria que aquela noite não terminasse nunca, foi muito divertido, mas o tempo passa e tudo que bom se acaba. Vamos embora. disse o meu primo. As garotas já estavam indo também e ainda ganhei mais um beijo de despedida, de cada uma delas, era boca de todo sabor, chiclete de hortelã, halls de cereja, gosto de cerveja, whisky, cigarro, amarga, doce e uma com um gosto químico que não soube distinguir o que era, essa garota era a mais agitada de todas, estava alucinada, agitada com um olhar inquieto, eu me lembro do meu primo gritar. - Chega de beijo porra! - vamos logo porra! Ele estava diferente, como se algo o perturbasse ou que estava cansado porque acabou a energia, algo assim. Eu tentava me despedir das garotas, mas elas estavam tão bêbadas, alucinadas, que voltavam para dar outro beijo e eu tentava sair mas não conseguia, saia uma, voltava outra e dizia. Só mais um beijo de saideira. A outra dizia. É o último, eu prometo. Dizia ela, mas não era. Fiquei ali, estava adorando, ser água benta na saída da igreja, onde as pessoa passam a mão na água e se benzem, até o meu primo me puxar Uma das garotas nos deu uma carona e nos deixou perto de casa, na hora de se despedir, foi mais beijo, essa era a garota mais bonita de todas, usava um perfume maravilhoso e a sua boca tinha gosto de mistura de Halls com algo químico, eu desci do carro e dei a volta no carro e ganhei mais um beijo pela janela do carro, o meu primo me puxou e deu tchau para a garota, que antes de partir ela me olhou e disse. Tchau meu Anjo. e me mandou um beijo beijando a mão e assoprando, ela ligou o carro e partiu dando tchau com a mão fora da janela do carro. Estou apaixonado. Eu disse e o meu primo me abraçou pelo pescoço, e fiquei preso no seu suvaco com a cabeça entre o seu peito e a sua barriga, com a cabeça virada para cima, eu olhei para cima e percebi que as narinas dele estavam brancas, com resto de cocaína, eu me desvencilhei do seu abraço e olhei nos seus olhos, que estavam vidrados, ele estava com a boca seca, o que o forçava a colocar a língua para fora para tentar umedecer e ele disse. E aí, gostou? disse ele olhando para o vazio,tentando se concentrar, mas sem esperar uma resposta direta, como se já não lembrasse mais da pergunta que fez. Eu fiquei fitando ele, demorei para responder para ele ali parado na minha frente como um Zumbi, pensei comigo, que foi que deu Cocaína para ele e não percebi, e parece que não foi pouco, pelo estado que ele está, misturou várias bebidas e droga, olha o estado que ele está, foi aí que juntei as coisas, lembrei da menina que tinha gosto químico na boca, que perguntou quando chegamos, se ele tinha alguma coisa, eu lembro dele falar que não, mas na hora não havia entendido a sua resposta, agora eu entendi e faz sentido o que ela disse, que na hora não consegui ler os seus lábios, que disse: - Eu tenho. Agora faz sentido, as pessoas que comprimentavam o meu primo e que deravam para soltar a mão estavam entregando para ele os papelotes pagos pelas meninas, por isso estava tão agrupados para disfarçar, e agora a menina do carro, tão linda mas também estava com gosto químico misturado com Halls na boca, ela deve de ter cheirado com ele no momento que me esperava enquanto as outras meninas tiraram uma casquinha comigo, eu percebi que tinha hora que ela dirigia estranho, e tinha momentos de lucidez e outras horas, parecia que estava dirigindo no céu sobre nuvens, devia de estar viajando com o efeito da droga e por isso que o beijo dela, não terminava, ela beijava gostoso como se não queria mais parar de beijar, devia estar achando que eu era um anjo do céu, e queria beijar sem parar, viajando no efeito da droga, mas que beijo gostoso que foi, espero que ela chegue em casa bem e não se envolva em nenhum acidente. Sim, adorei! Respondi para o meu primo, que já não sabia mais do que eu estava falando, ele me olhou, fechou e abriu os olhos tentando entender o que eu estava falando, ele deu um sorriso e descemos andando a rua de casa, entramos pela porta da sala tentando não fazer barulho, porque já era bem tarde, e qualquer barulho menor que seja nesse horário parece uma orquestra sinfônica tocando, eu subi para o meu quarto e ele ficou no sofá da sala que ficava embaixo da escada sentado como um Zumbi, mas antes de eu subir ele me chamou em um momento de lucidez e me disse tirando a minha blusa e descalçando o par de tênis. Toma guarda isso. Naquele momento achei estranho aquela atitude, peguei o meu tênis e a minha blusa e subi, deixei o tênis entre a minha cama e a do meu pai, me deitei para dormir, mas o meu pai roncava e ainda estava com o rádio ligado ao lado do travesseiro, eu demorei para dormir, pensava na noite que havia acontecido e no gosta que estava na minha boca, era uma mistura de whisky, cigarro, cerveja, bala sabor de cereja e um gosto estranho que não sabia identificar na hora, mas agora eu já sabia o que era, fiquei me lembrando do que havia acontecido até adormecer. Por volta das 05:00 hrs da manhã escutei uma barulheira, barulho de porta fechando e sofá arrastando a minha tia e a minha avó gritando, pulei da cama rapidamente e desci as escadas correndo, pulando os degraus para chegar mais rápido lá embaixo e me deparei com uma cena, que se tornaria rotineira naquela época da minha vida. O meu primo havia empurrado o sofá até a porta da entrada da sala como se quisesse bloquear a passagem de alguém, se apoiava no sofá fazendo força para impedir que alguém entrasse, a minha tia estava de pijama e tentava segurar o meu primo, pedia para ele parar, que nem tinha ninguém ali, era tudo da imaginação dele, ela falava chorando e gritava. Porque? Como se ela já tivesse visto isso e que iria começar tudo de novo. A minha avó, que estava ainda estava de camisola cor de rosa, chorava também, sem saber o que estava acontecendo. o Meu primo olhava para elas e pedia silêncio colocando o dedo no meio da boca. Chii ! eles estão aqui e vão me pegar, - OH! , estão aqui, escuta, são eles, - oh! Não tem ninguém aqui, para com isso, por favor! dizia a minha tia chorando. E ele abria a parte do vidro e espiava, olhava, olhava e se passasse um carro ou alguém andando na rua, ele trancava rapidamente o vidro e dizia, Oh! oh! estão aqui. E fez isso por um bom tempo. Eu e a minha avó estávamos estáticos, observando aquela cena medonha sem entender nada e sem saber o que fazer. De repente passa um carro na rua, o meu primo pula a poltrona rapidamente, derrubando o vaso e os objetos que estava na mesa de centro, ele corre e sobe as escadas correndo e entra dentro do guarda-roupa, podíamos escutar o barulho das madeiras dentro do guarda-roupa quebrando. A minha avó gritava. Você vai quebrar todo o meu guarda-roupa. mas era em vão ele não escutava uma palavra do que ela dizia. Eu não sabia o que fazer, só fiquei ali sem saber como ajudar ou o que atitude tomar. A minha tia estava envergonhada, era a primeira crise de Paranóia que acontecia na casa da mãe dela, que estava tentando ajudá-los dando abrigo e suporte, naquela noite ninguém mais conseguiu dormir, era um tal de subir e descer escada, trancar e abrir porta, empurra sofá e coloca no lugar e volta a empurrar novamente na direção da porta, era a minha tia tentando acalmá-lo a minha avó sem saber o que fazer gritava. Para com isso menino, não tem nada aqui. E foi assim até passar o efeito da droga, ele estava com a boca mais seca, uma gosma branca ressecada nos dois cantos da boca, ficava colocando a língua para fora e para dentro da boca e depois de conseguir acalmá-lo e ele dormir. A minha tia se virou para mim e para a minha avó, enquanto o meu pai dormia desmaiado. Onde ele conseguiu dinheiro para comprar droga? Eu lembrei que ele tinha usado no baile e mencionei com ela o que eu havia percebido e que poderia ter acontecido, e ela balançando a cabeça respondeu. Não foi isso, esse tipo de droga não deixa ele assim, foi algo mais forte, mas essa droga que você falou só abriu o apetite dele, fazendo com que ele ele quisesse mais, algo mais forte, a droga injetável. disse a minha tia apontando para o braço dele onde havia um pequeno burraco, que ainda sangrava na veia no meio do braço na dobra do cotovelo, era possível ver resquícios de sangue seco em volta enquanto no buraco gotejava sangue. Vai dar uma olhada, se não está faltando nada de vocês mãe. disse a minha tia olhando para a minha avó, ele não olhou para mim com vergonha do que estava acontecendo e já sabendo que o que tinha sumido provavelmente era meu, ela disse sem me olhar. Você também, vai olhar as suas coisas! Eu pensei e lembrei do tênis e subi correndo para o meu quarto, já no quarto, não encontrei o tênis, não estava mais lá, me deu uma raiva e desci com vontade de bater nele, a minha tia me pediu calma implorando e disse que me daria outro. Calma? a senhora sabe quanto custou esse tênis? Foi quase um salário mínimo, parcelei em várias vezes para pagar. Está bem , eu te dou outro assim que receber o meu décimo terceiro. Fiquei com tanta raiva que sai para a rua sem comer nada depois de trocar e disse. Não quero nem saber, eu quero outro, se não eu vou matar esse filho da puta, vou pegar a arma do meu amigo emprestada e dou um tiro nele. mas falei aquilo da boca para fora. a minha tia coitada estava apavorada e a minha avó preocupada comigo só dizia. Não sai assim , sem comer nada em jejum, faz mal. E sai assim mesmo, batendo a porta, a noite quando voltei para casa, estava todo mundo apreensivo, pensando que eu iria cometer algum ato impensado. A minha avó e a minha tia vieram na minha direção, assim que abri a porta. Você não está armado, está? perguntaram praticamente juntas as duas enquanto um barulho vinha do guarda-roupa do quarto da minha avó, o meu pai estava na ponta da escada segurando um pedaço de pau, com os olhos arregalados. O que está acontecendo? eu perguntei. Ele está drogado de novo. disse a minha avó. Como ele conseguiu mais droga? Não sei, olha se não está faltando mais nada seu. disse a minha tia. A minha blusa. subi correndo e procurei por ela, mas nada, ele havia pego. Ele pegou a minha blusa que comprei com o dinheiro que vendi a minha moto. Vamos dar um pau nele. disse o meu pai com um pedaço de pau na mão, com muita raiva, que até gaguejava para falar. A minha avó pedia calma, e a minha tia se desculpava e pedia para não fazer nada também, elas ficam na frente da subida da escada nós tentando impedir de subir, impedindo de tirar ele de dentro do guarda-roupa, que estalava e dava para ouvir o barulho lá de baixo. Deixa filho, outra hora a gente pega ele. disse o meu pai colocando a mão no meu ombro. Assim desistimos de bater nele e fomos jantar na cozinha, na cozinha percebi que havia muita comida gostosa, em cima da mesa e do fogão, a minha tia e a minha avó para me agradar fizeram várias coisas que eu gostava, eu estava faminto não havia comido nada o dia inteiro, em cima da mesa havia, pão de brioche recheado de presunto e queijo, pão de maçã, coxinha, bolo, no fogão, havia arroz de forno, panqueca, purê e suflê de batata, na geladeira tinha e uma torta de morango e uma de pêssego e no congelador um sorvete caseiro que a minha tia costumava fazer. eu não sabia por onde começar e peguei um pedaço do Brioche recheado de presunto, queijo e tomate. Cuidado ainda está quente acabei de fazer.demorei para fazer por causa do show do seu primo, me atrasou toda eu e a vovó, não me deixava terminar , ficava me chamando e gritando, que iriam pegar ele, eu tentei ignorar, mas tem hora que não dá. disse a minha tia, mas já era tarde, queimei a boca com o tomate quente, não sei porque mas o tomate sempre demora para esfriar. Assoprei com a boca cheia tentando esfriar na boca e querendo mastigar por causa da fome que estava e do sabor que instigava a engolir quente mesmo, enquanto mastigava assoprando a minha tia veio até a mim pedindo mil desculpas, que iria me devolver tudo o que o meu primo me roubou, a minha avó também veio ao meu encontro pedindo calma, mas eu estava com tanta fome, que só queria comer e balançava a cabeça concordando com elas. Está vendo todo mundo passava a mão na cabeça dele, se tivesse tomado uma atitude diferente. Disse a minha esposa e tive que concordar com ela. Você tem razão, tenho que concoradr com você dessa vez, fui burro e estupido, acreditando que as coisas poderiam ser diferente, essa foi a primeira vez que ele roubou uma coisa minha, se eu tivesse tomado uma atitude diferente, naquela época não teria chegado onde chegou Está vendo, foi o que disse, tinha que ter dado um pau bem dado nele, mas não todo mundo só passava a mão na cabeça dele, aí se fosse comigo, eu dei uma paulada no meu pai, imagina o que não teria feito com ele se fosse comigo? Disse a minha esposa vermelha de raiva.

terça-feira, 4 de março de 2025

Heroína ou Ironia. Capítulo VII

Capítulo VII. Uma semana depois o meu primo entrava por um portão de ferro, que parecia a entrada de uma cadeia, a mãe eo pai o assistiam de longe encostados no carro, na Belina vermelha, ele entrando e sumir dentro da instituição até perdê-lo de vista, ele entrou por um corredor comprido e gelado que cheirava a mato, tinha um ar puro e gelado devido a proximidade da Serra do Mar, onde haviam vários janelões através do corredor de onde ele pode observar o seu pai abraçar a sua mãe que chorava e depois abrir a porta da Belina vermelha para ela, entrar no carro e partir, ele sentiu um frio na espinha, medo e uma vontade de chorar, mas não demonstrou nenhuma fraqueza para a pessoa que se aproximou e se identificou. Bom dia eu me chamo José, eu sou responsável pelos candidatos a se curarem do veneno que destrói vidas, nós vamos te ajudar a se livrar dessa maldição, olha pra você rapaz, um jovem bonito que tem toda a vida pela frente ainda, não pode desperdiçar a vida assim, por causa desse vício. O meu primo só balançava a cabeça e não falava nada, só concordava com a cabeça. O Senhor José o levou até um quarto, colocou a sua mala sobre a cama e avisou. Aqui nós temos regras, que precisam ser obedecidas para poder dar certo, esse é o nosso objetivo, o respeito é a primeira das regras, respeitar para ser respeitado, a confiança também é uma regra, quando se perde a confiança, se perde o tudo, por isso não nos faça perder a confiança em você, é ela que vai trazer esperança, dignidade e cura, se perder isso, tudo está perdido e voltamos a estaca zero. O meu primo só balançava a cabeça. E assim ele se adaptou o local ou pelo menos tentou, os dias foram se passando na instituição, nos primeiros dias ele resistiu bem, mas logo teve uma recaída, se contorcia a noite por não conseguir dormir, por falta da droga, e o vício querer falar mais alto, teve febre, crises de vômito, calafrios e dormia de cócoras no chão segurando os joelhos junto ao corpo na tentativa de aliviar aquela dor, foi uma fase difícil para superar a abstinência, passando essa fase, parecia que tudo iria dar certo, começou a trabalhar na horta, depois na cozinha, fez amizades com outros pacientes, jogavam bola, praticavam atividades físicas e artística, rezavam em uma pequena capela que ali havia, aos domingos um padre vinha administrar uma missa para eles, preparavam a própria comida e justamente na cozinha foi onde ele aprendeu a ludibriar a vontade de tomar alguma coisa que o tirasse da sobriedade, ele conheceu o cozinheiro chefe, um viciado também que estava tentando se curar, ele tinha uma cara de poucos amigos, não era muito de falar, calado, mas quando falava se notava um hálito etílico perfumado. o meu primo percebeu que tinha algo estranho ele pensava o que poderia ser aquele cheiro? O Bafo do cara cheirava a desodorante pensou o meu primo. O cozinheiro lhe passou as tarefas diárias e assim eles foram se envolvendo e aprendendo tudo o que lhe passava as coisas boas e as coisas ruins, e foi assim que o meu primo descobriu porque o cozinheiro tinha o hálito cheiroso, o Cozinheiro o ensinou a preparar uma bebida com desodorante líquido, esses do tipo Rexona, que tem grande parte formada por álcool, o cozinheiro pegou duas laranjas e as espremer em uma caneca, depois tirou debaixo da bancada um tubo de desodorante, tirou o bico dosador e derramou todo o líquido dentro da caneca, jogou o tubo vazio no forno a lenha para que ninguém percebesse, o que deixava um cheiro de plástico queimado e o cozinheiro dizia que tinha esquecido de tirar a embalagem de plástico da carne ou do que quer que fosse, quando alguém percebia, então ele colocava açucar e gelo na caneca mexia e bebia normalmente como se estivesse bebendo uma laranjada, ele serviu o meu primo que recusou balançando a cabeça dizendo que não iria beber aquilo, o cozinheiro deu de ombros e deu um gole e novamente dizendo. Experimenta! Então ele pegou o copo, levou até a boca e deu uma golada, ameaçou cuspir, o cozinheiro o repreendeu e o fez engolir, ele fez uma careta após engolir e devolveu o copo para o cozinheiro. Gostou? perguntou o cozinheiro. Não, é horrível, como você consegue beber isso? respondeu o meu primo. OK, vou colocar mais gelo, costumava ficar mais suave e mentolado. O cozinheiro pegou uma forma de gelo, tirou algumas pedras de gelo e colocou na caneca acrescentado algumas folhas de hortelã. O meu primo bebeu e continuou achando ruim,balançando a cabeça e respondeu, Está menos ruim, um pouco melhor , mas é estranho o perfume agarrar na garganta é horrível parece que estou bebendo álcool puro, desce queimando, parece pimenta. O cozinheiro dava risada e o meu primo também, já sentia o efeito do álcool agindo no seu organismo e disse. Pelo menos dá uma brisa, vale a pena pelo resultado e agora eu entendi, porque você tem esse hálito perfumado e esse cheiro de Cecê, até parece um cozinheiro Francês, só não levanta o braço se não você mata um. disse ele bebendo e rindo. Hi-Fi de desodorante, você se acostuma, quer que coloque um guarda-chuvinha para decorar o copo missie? Disse o cozinheiro rindo imitando um sotaque francês. Faltou uma porção de camarão para acompanhar. Disse o meu primo já bêbado de desodorante rindo. Chiuuu! se não vão nos descobrir, não dê pala, age naturalmente! Pede o cozinheiro com o dedo na boca fazendo sinal de silêncio e rindo por cima. E assim foram se passando os dias,sempre que chegava a compra com desodorante era uma festa, e as pessoas pensavam se gasta tanto desodorante mas o cozinheiro continua fede a suor e agora o meu primo também, hálito perfumado como suvaco fedido,mas isso não ajudou o meu primo em nada, só piorava as coisas, aquilo só estava fazendo ele querer algo mais forte e regredir, e assim ele começou a querer fugir dali , mas sempre lembrava o pai falando. Nesse lugar eles só te aceitam uma vez, eles tem um lema, Respeito e confiança, se perder um desses não tem cura, por isso anda na linha até você se curar, caso você queira sair antes ou fugir eles não te aceitam mais, dá você como um caso perdido sem solução, o método deles só funciona uma vez, quem não aceita essa primeira fase , não pode chegar a segunda fase, o fim dessa pessoa é caixão e vela preta. Ele só pensava no que o pai havia dito e isso não saia da sua cabeça e era a única coisa que o segurava ali, mas ele não resistiu e em uma noite enquanto todos dormiam, ele saiu pela janela, subiu em uma árvore que dava acesso a rua, se pendurou e pulou o muro para fora da instituição, estava uma escuridão no meio da serra e daquele matagal, mas ele fugiu assim mesmo, até sem sabe para que lado ir. Na manhã seguinte ele entra pela porta da cozinha da casa da sua mãe, que estava cozinhando. Que cheiro bom! diz o meu primo para a minha tia que se assusta e deixa cair a panela que estava na sua mão derrubando todo o molho no chão. O que você está fazendo aqui? Eu fugi mãe, não aguentava mais. Não, você não pode ter feito isso, você tinha que ter ficado lá até se curar totalmente, você tem que voltar. Eles não aceitam mais quando a gente foge. Como você fugiu daquele lugar? Eu esperei todo mundo dormir, pulei o muro por uma árvore e depois andei por uma estrada de terra por alguns quilômetros, até chegar na Rodovia onde havia alguns ônibus dos torcedores do Corinthians parados, eles estavam voltando do jogo de Santos e se envolveram em uma briga de torcedores, estava muita correria eu aproveitei entrei no ônibus e fiquei quietinho lá até o ônibus começar a andar, o ônibus parou em santana e eu vim a pé de lá até aqui. A mãe estava incrédula olhando para ele sem acreditar que era ele que estava ali, que aquilo não era uma miragem, a única coisa que trazia a realidade era o cheiro que exalava dele. Pelo cheiro que você está inalando eu acredito, parece que não toma banho a um mês. Essa é outra história. O seu pai vai ficar uma fera e agora o que vamos fazer? Ele olha para a mãe, pega uma banana na fruteira e sai comendo indo para a rua e só voltando tarde da noite, bêbado e drogado. A sua mãe ainda não havia contado para o marido o que havia acontecido e assim que ele atravessa a porta, naquele estado o seu pai dá um grito. Você fugiu? Eu não acredito, foi difícil de conseguir uma vaga para você e você me apronta mais uma dessa, ah não, quer saber, aqui você não fica, pode juntar as suas coisas e ir embora, aqui você não fica. A mãe ainda tentou dialogar com o pai que estava irredutível e ele voltou para ela e gritou. Se você quiser pode ir junto também. E assim voltamos onde havia começado o meu pesadelo, como já havia contado, a minha tia sem ter para onde ir, foi morar com o meu primo na casa da minha avó, onde ela dormia no quarto da minha avó e eu e meu pai no quarto da frente o meu primo na sala, no sofá, onde ele tinha total liberdade para fazer o que ele bem entendesse, entrar e sair a hora que quisesse, usar droga, beber, furtar, etc. Hi-Fi de desodorante, credo! Imagina o gosto que horrível. disse a minha esposa fazendo uma careta, após escutar a história, incrédula da bebida de desodorante. Entendeu agora meu amor, que as coisas não são tão fáceis como você imaginou e isso é só o começo, tenho histórias muito mais chocantes para te contar. Tá, tá, já entendi, mas tomar tiro foi merecido, devia ter morrido, assim, não dava trabalho para ninguém, tentaram de tudo para ajudá-lo, até espiritismo ou macumba sei lá o que é. Mesa branca, Candomblé, disse eu rindo dela. Que seja, até no Budismo, e mesmo assim ele fez o que fez e você acha que isso não é motivo para matar ele? - Se a irmã o matou, até que demorou, eu já tinha matado ele a muito tempo, acabou com o casamento dos pais dela e com a vida de todo mundo que o rodeava. Eu não duvido da minha esposa, até fiquei com medo do que ela acabou de dizer agora. Sim, eu acredito que ela não fez isso, tomara que não, mas quem que sabe? Na verdade a irmã estava saturada de todos tentarem ajudar, tinham paciência, e diálogos noturnos, eram vários diálogos, o meu primo gostava da noite, ele era Boêmio era como um gato, dormia de dia e era ativo a noite em todos os sentidos, longas conversas regadas a bebidas e cigarros, ele não era de comer muito, ele até dizia que havia visto uma pesquisa de quem comia demais tinha mais probabilidade de morrer mais cedo e quem comia pouco viveria mais, eu lembro dele dizendo isso, estranho, nessa época era o que mantinha o seu corpo em forma , ele era magro, mas não esquelético, mesmo usando tanta droga como ele usava, para a sua altura, ele até que tinha um corpo ideal, alto e não tão magro, algumas pessoas até o apelidaram de Magrão, mas em um futuro esse apelido poderia ter sido Gordão antes de falecer. Nas primeiras noites na casa da minha avó, onde agora era a sua casa, estava tudo indo muito bem, dentro dos conformes, a paz estava instaurada, o meu primo estava tentando resistir ao vício, então quando ele se sentia na paranoia, tínhamos vários diálogos longos, eram diálogos noturnos como falei, as vezes saiamos a noite para passear e espairecer, em uma dessas noites nós fomos juntos , para uma danceteria, ele não tinha mais o que vestir, só alguns trapos, ele havia vendido quase toda a sua roupa para um tênis e uma blusa para ele e falei. Cinco “V” em. O que é cinco V? perguntou a minha esposa com cara de ué e gesticulando os braços. Vai e volta viu viado. Ah, seu besta e eu ainda caio nessa. Mas você riu, eu vi, o meu primo também deu muita risada ele fez a mesma pergunta que você na época. Voltando para o que eu estava contando, então eu emprestei o meu tênis e a blusa ele calçou o tênis e vestiu a blusa, eu ainda avisei , cuidado com esse tênis, eu paguei uma nota dele e não foi fácil achar, é um modelo exclusivo, comprei ele em uma galeria lá no centro de São Paulo e essa blusa também , não foi barato, custou quase meio salário mínimo, depois de pedir cuidado com as minhas coisas, saímos, andamos até o ponto de ônibus na direção de Santana, dentro do ônibus estava lotado, era sabado de carnaval e as pessoas estavam indo para o Sambódromo, se esprememos para passar e acabamos sentando na tampa do motor do ônibus, meu primo me olhou e me abraçou, sorriu e disse. É nessas horas que o Jipe faz falta. Eu olhei para ele e dei de ombros, não quis dizer nada, mas a minha vontade era dizer, também você depenou o carro, só sobrou a carroceria e o pneu magrelo, pensei com o meu botões e disse. É aquele Fusca Baja que tinha a pintura personalizada da bandeira do Brasil? Meu primo me olhou pensando e eu ainda dei mais detalhes de como era o carro. Era um fusca transformado em Baja, tinha os pneus para barro, todo transformado, mas a pintura da bandeira do Brasil era o máximo, o círculo da bandeira ficava no meio do teto, o losango amarelo descia pelas loterias e a parte de baixo a frente e a traseira eram verde formando o resto da bandeira, esse carro era seu e do seu amigo Paulão, você mataram juntos antes de você se envolver com as drogas pesadas , porque maconha vocês usavam como água , dentro do carro já cheirava maconha estava impregnado com o cheiro da erva e da fumaça, você fumavam tanto dentro dele, que parecia que a mata da bandeira estava pegando fogo, a parte verde parecia estar em chamas, de tanta fumaça que saia de dentro do carro, parecia a amazônia pegando fogo, tinha tanta fumaça que devia atrapalhar até a visibilidade para dirigir, e coitado do carro, vivia todo amassado não saia do funileiro de tanto vocês baterem ele dirigindo muitos loucos, a bandeira tinha que ser retocada toda hora. Meu primo me olhou balançou a cabeça e falou. Está bem, eu já entendi, depois de tudo isso que você falou, que memória hein, eu vendi a minha parte para o Paulão por uma mixaria, em uma noite de loucura. Na verdade ele queria dizer em uma noite de paranoia e trocou por droga, não é isso? falou a minha esposa sarcástica. Sim foi isso, em uma noite de fissura e vontade de se drogar, não conseguindo nenhum dinheiro ele praticamente trocou o carro por droga. Mas deixa eu terminar a história. A minha mulher fez uma careta de criança entortando os olhos ficando vesga e mostrando a língua, eu olhei para ela e dei risada. Então quando eu eo meu primo chegamos no nosso destino, já na entrada o meu primo conhecia todo mundo, consegui pagar a minha entrada e adele com desconto porque ele conhecia o cara da bilheteria e assim entramos no baile, ele comprimentnado quase que todo mundo, ficamos alí na parte debaixo da danceteria, que tinha dois ambientes , na parte de baixo era escuro, sendo iluminado só pelas luzes de efeito coloridas e pelos lasers do salão, a luz de estrondo me deixava enjoado, ficamos ali curtindo a música e de repente a música parou e do teto desceu um lustre de luzes formando uma espaçonave, girando e se abrindo ficando maior girando mais rápido fazendo um show com efeito de luzes , era luz para todo lado, de todas as cores e tamanhos, rios, estrondo, lasers, tudo ao mesmo tempo, ao som de uma batida forte misturada ou um remix de uma música clássica, o Mc da festa, pegou o microfone e gritou. - Boa noite Vênus! A galera foi a loucura e respondiam ao boa noite aos gritos, o Dj começou a fazer Scratch nas pickups, como um alucinado tocando pedaços de músicas de sucesso, obedecendo o pit da batida, ele trocava a música sem perder a agitação. a galera não parava de dançar e formavam rodas e grupos de danças de passinhos, outros que assistam dançavam sozinhos, como eu e o meu primo, mas ninguém ficava parado. ele me deu um toque no ombro apontou para cima, querendo dizer para subirmos, porque o som estava tão alto que não iria conseguir entender o que ele estava dizendo, nós fomo s na direção da escada e subimos, na parte cima ficava o bar e a parte do pessoal que gostava mais de rock e clássicos da época, quando acabamos de subir já no final da escada, algumas garotas avistaram o meu primo e vieram na nossa direção gritando. Nenê,Nenê, ela o abraçaram e o beijaram e eu só de lado olhando, uma delas ofereceu um copo de cerveja para o meu primo, que aceitou sem titubear e perguntou para ele. - tem alguma coisa aí? Mesmo com aquele som alto deu para entender e ler os lábios dela perguntando. Tem alguma coisa aí? O meu primo balançou a cabeça e olhou para mim tentando disfarçar e disse. Não estou de boa. A moça acompanhou o olhar dele para mim juntamente com outra garota e perguntou para ele. Quem é esse gatinho? disse a moça da cerveja. É o meu primo. Nossa que família, só tem homem bonito nela. disse a moça passando a mão no meu rosto e apertando as minha bochechas.enquanto a outra passava a mão pelo os meus ombros e me abraçou. Ai! Ela fez assim na sua bochecha? pergunta a minha esposa apertando as minhas bochechas, ciumenta. Modéstia à parte, mas o meu primo era bonito e consequentemente eu também era e sou. A minha esposa fez fusquinha para mim, entortando os olhos e mostrando a língua e puxando uma corda imaginária dizendo que iria se enforcar. Na minha família somos bonitos e charmosos, o meu primo era quatro anos mais velho que eu, mas eu já estava se tornando um homem deixando de ser adolescente, e puxando a beleza da família e realmente eu sou bonito, eu disse aquilo já esperando um beliscão da minha esposa, que deu de ombro. Mas voltando a história eu também era bonito junto com o meu primo onde as garotas o rodeava ele me puxou para junto delas e dele e fiquei no meio deles, alguma me abraçando querendo me beijar. Calma isso faz tempo, não me belisca. Tá bom convencido, termina logo essa história.disse a minha esposa com cara de poucos amigos. as garotas traziam mais bebidas, caipirinha, Whisky, cerveja. Vamos para o meio da pista adoro essa música, disse uma delas que segura um copo de whisky com bastante gelo em uma mão e na outra segura a minha mão e me arrastou junto com ela e formaram uma rodinha em volta da gente, o meu primo agitava, Dança vai, dança ! E a garota com o copo de Whisky era a mais agitada. Dança vai, você está muito duro, mexe esse corpo, tá dá um gole para se soltar. Está vendo não sou só eu que te acha duro para dançar, disse a minha esposa rindo. Eu sabia que você iria dizer isso, mas deixa eu terminar, a garota colocou o copo com Whisky na minha boca, senti um gosto forte de Malte Escoces na língua enquanto um líquido gelado descia pela minha garganta, depois de tirar o copo da minha boca, só senti uma língua quente se contrastar com o da bebida, procurando a minha língua e se enroscando nela, a garota estava dançando com o copo na mão por cima do meu ombro e me beijando ao mesmo tempo, aquilo foi muito bom e foi assim que comecei a gostar de whisky. Eu não devia de estar contando esses detalhes para você, está ficando emburrada. Tô nada, isso foi no passado, estou pouco me lixando. Até parece, se você visse a cara que ela está fazendo, mas está bom , pelo menos não me beliscou mais.

Heroína ou Ironia ? Capítulo Vl.

Capítulo Vl. Na manhã seguinte a mãe do meu primo, levou café da manhã para ele na cama, o leite com achocolatado batido, que ele tanto adorava, uma xícara de café[e um misto quente e ovos mexidos, o cheiro do quarto se misturava com o cheiro de café e essências de candomblé. Toma meu Nenezão, a mamãe trouxe o seu café da manhã. O apelido do meu primo era Nenê, porque a minha tia o chamava assim,mesmo ele já adulto e a minha prima o chamava do mesmo jeito, na rua, na escola e assim levando esse apelido para a vida. A minha tia se senta na cama ao seu lado e pergunta. Como você está? mas antes que ele respondesse, se ouve um grito da cozinha. Cadê o meu dinheiro ? Eu não estou achando, eu não o acho, aposto que foi o Nenê que pegou. gritava a Avó por parte de pai. A mãe dele ainda no quarto olhou nos olhos dele, bem dentro dos olhos com uma fúria vontade de dar uns tapas nele, mas ele não teve coragem de encarar a mãe, assim ela entendeu tudo e a sua cara de decepção foi instantânea, da alegria de mimar o filho a decepção de ser enganada mais uma vez. A avó entrou no quarto questionando sobre o dinheiro, mas ele negava de pé junto que não tinha pego dinheiro nenhum, mas neste momento a mãe dele se tornou cúmplice, no mesmo momento que a tia por parte de pai chegava para visitá-lo cheia de idéias e boas intenções. O que está acontecendo? perguntou ela sem entender o que estava acontecendo, mas já suspeitando dos velhos e atuais hábitos de desaparecer as coisas. O dinheiro que eu havia guardado para a ceia de Natal, sumiu. Não Sogra a senhora deve de ter colocado em e outro lugar, o Nenê não foi, ele não saiu desse quarto, eu vou ajudá-la a encontrar, quanto que tinha, qual era o valor? Acho que eram Cr$100,00. Deixa ver se eu acho. no desespero a minha tia sai do quarto deixando a avó e a tia por parte de pai, no quarto, sai discretamente pela porto dos fundos, abrindo a porta de tela com proteção para mosquito com cuidado para não fazer barulho, mas a mola da porta dá uma rangida, ela encolhe os ombros e fecha os olhos ficando estática e espera alguns segundos, para ver se ninguém aparência, ela observa que ninguém percebeu e vai até a sua casa, dá um pulo superando os três degraus da escada para chegar mais rápido na porta da sua casa que ficava na edícula dos fundos, quase porta com porta, abre a porta da sua casa bruscamente, pega a bolsa virando ela de ponta cabeça jogando tudo que havia dentro dela em cima da mesa e pega o dinheiro que cai na mesa, volta correndo para acasa da frente, abrindo a porta de tela bruscamente que range e demora para fechar, ela se assusta porque esqueceu que não podia fazer barulho e finge que estava procurando pelo dinheiro, abrindo as portas do armário. Quanto que era mesmo? CR$100,00, grita a Sogra. A minha tia conta o dinheiro rapidamente, separa uma nota de cinquenta e cinco notas de dez e grita. Achei!! Está aqui. grita ela fechando a porta do armário e assusta com a cunhada que já estava ao seu lado. Onde você achou? pergunta a Sogra atrás da cunhada. Aqui no armário. responde a minha tia. Sim, mas que lugar ? pergunta a Sogra. Aqui embaixo dos pratos, responde a minha tia. Mas eu olhei tudo aí e não achei, mas eu acho que não achei porque estava procurando um volume maior, pensei que eram dez notas de dez e não uma de cinquenta e cinco de dez. A minha tia titubeia por alguns segundos, procurando por uma desculpa, olha para a mesa onde haviam rabanadas em uma forma e diz. Nossa eu adoro a Rabanada da senhora. ela enfia uma inteira na boca e fala de boca cheia, que sai um som abafado que quase não deu para entender.. A senhora deve ter se enganado, por isso não encontrava, nossa! A senhora precisa me dar a receita dessa Rabanada, hum que delícia! A cunhada, vendo o que estava acontecendo e observando tudo, entendeu o que tinha acontecido, no mesmo momento que a porta da cozinha de tela verde contra mosquitos, estalou, e assim terminando de se fechar, devido a pressão da mola da porta. Eu vim aqui hoje porque tive uma idéia, estava pensando que podíamos fazer a cabeça do Nenê Fazer a cabeça? perguntou a avó tentando entender. Hum, hum, hum, hum. A minha tia, ainda de boca cheia, estava tentando emitir um som querendo entender o que era. Sim, fazer a cabeça no candomblé é: prepará-lo para ser um cavalo e estar preparado para receber entidades. Mas dá para ensinar isso? Não tem que ter um dom? perguntou a minha tia terminando de engolir a rabanada em uma engolida seca, tentando limpar a garganta. Sim e não. respondeu a Cunhada. Sim é possível ensinar, mas pode dar algo errado se a pessoa não tiver realmente o dom . Mas isso não é perigoso? perguntou a minha tia. Perigoso porque, o que pode acontecer é ele receber um santo do mal, com más intenções, que queira se aproveitar da situação e do cavalo, para prazeres carnais, como sexuais, vícios em jogos, cigarro, bebidas e drogas, etc. assim que ela terminou de falar e mal acabou a frase, começou a gritar e rodar colocando a mão direita na testa e a esquerda na costa, de repente parou e disse: Eu mulher de sete maridos e comigo ninguém pode. A minha tia ficou encarando ela e a Sogra disse. Laroyê. saudou a Sogra e disse. É a Pombajira, vou buscar o champanhe e o charuto. A Pombajira ficou parada, se balançando para frente e para trás com as duas mãos nas costa, e de vez em quando batia no peito com a mão fechada, a sogra retornou com uma taça de Champanhe e o charuto e entregou para ela, colocou colares e uma saia rodada nela, passou batom e colocou um brinco enorme, a Pombajira deu uma tragada e o cheiro do charuto dominou o quarto, se misturando com o cheiro das essências de candomblé e do café, a Pombajira deu uma tragada no charuto e um gole no Champanhe deu gritou bateu no peito, deu mais uma tragada forte e falou. Donde está o rapaz que precisa da ajuda da Pombajira, mulher de sete maridos? falou ela com um sotaque Cigano afriacano. A mãe do meu primo apontou para a cama, enquanto a avó corria para sair do quarto e deixá-los à vontade, ela vai na direção da cama faz sinal para que o meu primo se levantasse, comprimenta ele batendo o ombro direito no esquerdo dele e depois o esquerdo no direito dele várias vezes soltando gritos que pareciam indígenas, quando iam caçar, dá uma baforada no charuto e solta a fumaça pelo corpo do meu primo, dos pés a cabeça, ela se curva bate no peito se levanta e diz: - Ocê que tá precisando largar este vício de fumar droga? diz ela olhando para ele e depois olhando para a mãe e avó. O meu primo só balançou a cabeça dizendo que sim. Então tá bom, Pombajira vai te ajudar, primeiro você coloca este colar com as minhas cores em torno do corpo para sempre ter a minha proteção. falou ela o ajudando a colocar o colar preto, dourado e vermelho pelo pescoço e por baixo do braço, cruzando o corpo e forma de proteção fechando o seu corpo. Pronto agora vamos começar a senhora pode se retirar e nos deixar sozinhos para trabalhar. a minha tia se retira do quarto e avó estava do lado de fora do quarto curiosa, e fez sinal como se perguntando o que estava acontecendo, a minha tia só balançou a cabeça como que não sabia o que dizer. A cunhada, ou melhor agora representada pela Pombajira ficou sozinha com o sobrinho, do lado de fora só se escutava a pomba gira falar e falar sem parar, as vezes subia um cheiro mais forte da fumaça do charuto e outras vezes se ouviam gritos de igual que os indígenas fazem quando estão se preparando para a guerra, a voz da Cunhada havia mudado, agora era a voz de um homem. É o Sete flechas. disse a sogra para a minha tia para ela com o ouvido colado na porta, ela abriu a porta e já sabia o que fazer, colocou vários colares coloridos no pescoço da filha agora incorporado pelo Sete Flechas, retirou a saia e os brincos se não a entidade ficava brava, colocou um cocar nele e acendeu várias velas coloridas, preparou uma poção com a bebida e o charuto, mais umas ervas e entregou para a entidade, que deu um gole e assoprou pelo quarto e pelo corpo do meu primo, da cabeça aos pés, de cima a baixo, no peito ,na barriga, nas pernas, deu uma tragada no charuto e várias baforadas na rosto do meu primo, que fechou os olhos e franziu a cara para se proteger da baforada do charuto, o Sete flechas preferia cachaça em vez de Champanhe, a Avó entregou para ele um copo de cachaça, ele ou ela deu um gole fez bochecho e cuspiu no meu primo fazendo um spray de cachaça no corpo dele e gritou em uma língua incompreensível. E novamente a voz mudou, agora era uma voz calma de um senhor que falava baixinho. É o Preto Veio. afirmou a Sogra olhando para a minha tia que assistia todo aquele ritual do lado de fora do quarto pela porta aberta agora. A Sogra tirou os colares coloridos e colocou um preto e branco, colocou um chapéu na cabeça da filha, deu uma bengala, acendeu um cachimbo e colocou uma cadeira perto do neto, para que o pretoVeio pudesse se sentar. Não se conseguia escutar o que ele dizia, ele falava muito baixinho, mas dava para perceber que eram conselhos, porque o meu primo só balançava a cabeça, de repente o preto veio parar de falar, se levantou e deu grito. Eu sou mulher de sete maridos e comigo ninguém pode, ela pegou a taça de champanhe e a Mãe lhe deu o charuto, deu uma golada e uma tragada se virou para o sobrinho e disse. Vós suncê vai preparar este cavalo, ele vai galopar e se armar desse vícios. falou ela girando e cantando uma canção que parecia Cigana ou Africana. dito isso ela parou na porta do quarto e ficou balançando para frente e para trás, com os olhos fechados, ficou parada em frente a minha tia, balançando para frente e para trás, de um lado para o outro e de repente abriu os olhos e perguntou. O que aconteceu? A minha tia ia começar a falar, mas a sogra lhe tomou a frente e explicou o que tinha acontecido, que haviam se manifestado as entidades Pombagira, Sete flechas e o Preto Veio e o que eles fizeram. A Cunhada olhando a mãe explicar o que tinha acontecido,aparentava estavar muito cançada e sonza pela bebida que as entidades consumiram Mas deu certo? perguntou a cunhada para a mãe. Não sabemos vamos ter que esperar. disse a Avó no momento que a porta da cozinha se abriu, era o pai do meu primo que entrou deu um beijo na mãe, na esposa e na irmã e falou. Eu consegui um lugar para internar o Nenê, um amigo do serviço que conseguiu na verdade, é uma casa de recuperação para dependentes químicos, que fica no Riacho Grande, no meio da mata e no meio do nada, bem longe da cidade. Todos ficaram em silêncio só ouvindo o que o pai dizia e explicando como funcionava.